Brasil

Por que Bolsonaro se recusou a assinar decreto que reduziria IPI

em 33%
O governo editou hoje um decreto prorrogando por mais 30 dias o corte de 25% que havia sido anunciado em
fevereiro

Por Lu Aiko Otta e Matheus Schuch, Valor — Brasília

01/04/2022 16h21 · Atualizado há um dia

Irritado com as reações políticas contrárias à redução de 25% das alíquotas do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI), o presidente Jair Bolsonaro recusou-se a assinar, na noite de ontem, o decreto que
aprofundaria o corte para 33% e, ao mesmo tempo, deixaria fora das reduções parte dos produtos da Zona
Franca de Manaus. A informação é de fonte da área econômica.

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Por causa disso, o governo editou hoje um decreto prorrogando por mais 30 dias o corte de 25% que havia sido
anunciado em fevereiro.

A equipe econômica espera que, ao fim desse prazo, seja possível prosseguir com o plano original: aprofundar o
corte das alíquotas para 33% e retirar da redução parte dos produtos da Zona Franca de Manaus.

Bolsonaro expressou sua irritação na live que realizou no início da noite de ontem. “O partido Pros está contra a
redução de IPI de automóveis, motocicletas, produtos da linha branca. E está na mão do prezado ministro
Alexandre de Moraes se vai mandar arquivar esse meu decreto ou vai dizer que está valendo. Se mandar
arquivar, atenção, pessoal, vai subir IPI de carros, motocicletas, geladeira, fogão.”

Bolsonaro: Presidente se recusou a assinar decreto que reduziria IPI em 33% — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

O Pros ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) contra o Decreto 10.979/2022, que fez o corte de 25%. Argumenta que a medida “cessa a existência” da
Zona Franca.

“Ora, com a redução genérica da alíquota a nível nacional, as empresas situadas na

Zona Franca deixarão de ter vantagens competitivas frente a outras regiões mais
industrializadas, permitindo a evasão do setor industrial da região, ante os elevados
gastos com a logística, e passarão a se deslocar para as cidades que possuem maior
concentração de industriais, e facilidade de escoamento da produção”, argumenta
o partido.

O corte no IPI foi ponto de negociação com a bancada amazonense durante a discussão do projeto de lei que
alterou a tributação dos combustíveis, matéria de interesse do governo. A pressão era no sentido de deixar os
produtos da Zona Franca de Manaus fora do corte.

O projeto dos combustíveis foi aprovado em 11 de março. Nesta semana, fonte da área econômica revelou que
apenas parte dos produtos da Zona Franca seria excepcionalizada do corte.

Contra o argumento da indústria amazonense, o ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que o corte do IPI seria
um primeiro passo na transição da região para negócios nas áreas verde e digital. Seria também o início da
“reindustrialização” do país.

Guedes tem dito também que o corte foi de 25% justamente para proporcionar uma queda suave das alíquotas e
preservar a Zona Franca. Do contrário, a redução teria sido de 50%.

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