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Política

Ex-integrantes do governo
Bolsonaro trocam setor
público por privado sem
quarentena
Pro!ssionais que integraram postos importantes
migram para empresas, o que pode resultar em
con"ito de interesse

Por Ivan Martínez-Vargas e Guilherme Caetano —


São Paulo
12/12/2022 04h30 · Atualizado há uma hora

Natália Marcassa, Mac Cord de Faria e Beatriz Millet:


Profissionais que integraram postos importantes migram para
empresas, o que pode resultar em conflito de interesse —
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado, Edu Andrade/Ascom/ME e
Valter Campanato/Agência Brasil

Ex-integrantes de altos escalões de


ministérios do governo Jair Bolsonaro
têm trocado o setor público pelo privado
em áreas nas quais atuaram sem fazer a
quarentena, o que pode configurar um
conflito de interesses. O GLOBO
encontrou ao menos três casos que
ocorreram no último semestre.

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· Obstáculo legal: Transição tenta saída


para cumprir promessa de revogaço de
sigilo de cem anos sem ferir Lei de
Dados

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um governo de união nacional’, diz ex
ministro de Bolsonaro

O mais recente deles é do mês passado,


quando a ex-secretária de Fomento,
Planejamento e Parcerias do Ministério
da Infraestrutura Natália Marcassa, que
ficou no posto até 30 de junho deste ano
e na ANTT até agosto, criou a MoveInfra,
associação setorial com gigantes do
segmento. Fazem parte da entidade
nomes como CCR, Ecorodovias, Rumo,
Santos Brasil e Ultracargo, todos
operadores com contratos públicos.

Repetir vídeo

Marcassa foi exonerada a pedido. Em


seguida, segundo seu currículo, exerceu
até agosto o cargo de especialista em
Regulação de Serviços de Transportes
Terrestres da ANTT. Em 1º de dezembro,
um decreto do presidente Jair Bolsonaro
que concedia a ela o grau de
comendadora da Ordem do Rio Branco
mencionava seu cargo na agência.

· Leia: Entre governos aliados e setor


privado, ministros de Bolsonaro já
planejam saída da Esplanada

· Entenda: Após negar ser ‘bolsonarista


raiz’, Tarcísio elogia Bolsonaro

Procurada, ela afirmou que consultou a


Comissão de Ética Pública (CEP), ligada
à Presidência da República, e que o órgão
deu aval a sua ida à iniciativa privada.
Ela justificou que está em um
“movimento setorial sem fins lucrativos”.

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Marcassa disse que, mesmo sem


exigência formal, ausentou-se das
atividades em Brasília pelo período
equivalente ao de uma quarentena — ela
afirma que foi exonerada em 6 de junho e
o MoveInfra foi lançado em 8 de
dezembro. No LinkedIn, porém, ela
informa ser presidente da associação
desde novembro, três meses após sair da
ANTT.

— Não há aproveitamento de
informações sobre projetos específicos
em benefício de nenhuma companhia.
Ninguém terá conhecimento a mais ou a
menos, para apresentar proposta em um
leilão, em função da minha presença no
MoveInfra — declarou ao GLOBO.

A ANTT afirmou em nota que Marcassa


“se desvinculou por licença por interesse
particular” e que a CEP não verificou
conflito de interesse.

Como regra geral, a legislação estipula


prazo de seis meses da chamada
quarentena nos casos em que haja
conflito de interesses. O advogado
Guilherme Amorim diz que a CEP é
responsável por fiscalizar os casos. São
os servidores que consultam o órgão
sobre a necessidade de fazer a
quarentena após saírem do governo.
Quando estão na quarentena, eles
recebem remuneração. A CEP é
composta por sete membros nomeados
pelo presidente da República e com
mandatos de três anos.

Mesmo se a CEP entender que não há


conflito, os ex-funcionários públicos que
iniciam atividades privadas antes do
prazo de seis meses podem ser
denunciados à CGU e ao Ministério
Público Federal, por exemplo, se houver
suspeita de conflitos, de acordo com o
advogado Renato Moraes, do escritório
Cascione.

Outros casos

A penalização em caso de irregularidade,


segundo o advogado Cristiano Vilela,
varia e pode envolver devolução de
recursos, suspensão dos direitos políticos
e pagamento de multa.

O ex-secretário Especial de
Desestatização do Ministério da
Economia Diogo Mac Cord de Faria
deixou o governo em 7 julho deste ano.
No dia seguinte, passou a ser sócio da
consultoria EY na área de infraestrutura.

Antes, foi secretário de Desenvolvimento


de Infraestrutura do Ministério da
Economia do início do governo
Bolsonaro até agosto de 2020. Atuou na
formulação do marco do saneamento e
na formatação da privatização da
Eletrobras.

Em nota, a EY diz que a CEP analisou o


caso de Mac Cord e apontou não haver
conflito de interesses: “Na ocasião da
saída do governo, o sócio Diogo Mac
Cord submeteu integralmente à comissão
a proposta recebida, com o detalhamento
das atividades que desempenharia na EY.
A comissão (...) entendeu que não havia
razões para determinar a quarentena. É
importante ressaltar que a área de
atuação do sócio Diogo Mac Cord não é a
mesma de quando ocupava uma posição
na iniciativa pública. Na EY, Mac Cord
também não possui contratos da área
pública em seu portfólio, nem atua como
intermediário de interesses privados
junto ao Ministério da Economia”.

Outra que não cumpriu quarentena foi


Maria Beatriz Palatinus Milliet,
exonerada do cargo de secretária de
Biodiversidade do Ministério do Meio
Ambiente (MMA) em 29 de setembro
deste ano. Em outubro, virou gerente
executiva de Sustentabilidade da
Copersucar.

Milliet havia sido designada pela pasta


para fazer parte da comitiva que
representaria o Brasil na COP-27, no
Egito, mas foi ao evento já como
funcionária da Copersucar. O caso foi
revelado pelo site The Brazilian Report à
época.

Procurada por meio da Copersucar,


Milliet não respondeu. Já a empresa
disse apenas que “cumpre rigorosamente
a legislação brasileira”. O MMA não
respondeu.

JAIR BOLSONARO

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