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Dos conceitos de regulação às suas

possibilidades
From the concepts of regulation to their possibilities

Robson Rocha de Oliveira Resumo


Coordenador do Internato do curso de graduação em Medicina.
Escola de Ciências da Saúde. Universidade Anhembi Morumbi. O termo regulação tem sido utilizado de forma
E-mail: robson.oliveira@anhembimorumbi.edu.br muito diversa. Há uma variedade de significados,
abordagens e objetivos, ora inter-relacionados, ora
Correspondência divergentes. Foi realizada uma revisão dos conceitos
Rua Dr. Almeida Lima, 1.134, Mooca, CEP 03164-000, São Paulo, de regulação a partir das seguintes disciplinas: ciên-
SP, Brasil. cias da vida, direito, economia, sociologia e ciência
política. O termo regulação apresenta significados
múltiplos e é utilizado em distintas disciplinas.
Nota-se que a evolução da noção de regulação não
ocorreu de uma maneira linear, uma vez que as
ideias relacionadas a esse termo não tiveram lugar
em fases sucessivas de desenvolvimento e melhoria.
No entanto, o que diferencia os conceitos de regula-
ção é precisamente a definição das diversas formas
de intervenção. Por fim, qualquer projeto consciente
de intervenção para a melhoria da situação de saúde
requer conceitos fundamentados sobre regulação.
Justamente para romper com possíveis monopólios
de interpretação. A partir dessa reflexão crítica, é
possível aproximar-se tanto do contexto polissêmico
que constitui os conceitos de regulação e de suas
consequências para a análise de políticas públicas.
Palavras-chave: Regulação; Direito Sanitário;
Economia da Saúde; Regulação Social; Regulação
Biológica.

1198 Saúde Soc. São Paulo, v.23, n.4, p.1198-1208, 2014 DOI 10.1590/S0104-12902014000400007
Abstract Introdução
The term regulation has been used in very different O status epistemológico do conceito de regulação é
ways. There is a variety of meanings, approaches, pouco estabelecido e a sua definição varia muito de
and objectives, sometimes interrelated, sometimes acordo com os autores. Ainda hoje, parece muito di-
divergent. A review of the concepts of regulation was fícil propor uma definição unificada desse conceito
conducted by means of the following disciplines: life (Prévost, 2000).
sciences, law, economics, sociology, and political Portanto, o conceito de regulação, ou melhor, os
science. The term regulation has multiple meanings conceitos de regulação são de difícil precisão, pois
and it has been used in several disciplines. It is no- são conceitos complexos. A partir do surgimento da
ticed that the evolution of the notion of regulation ideia de regulação foram desenvolvidos diferentes
did not occur in a linear way, since the ideas related conceitos e abordagens. Destaca-se que a conceitua-
to this term did not take place in successive stages ção de regulação se faz por referência a tantos outros
of development and improvement. However, what conceitos: o conceito de homeostase (biologia), de
makes the concepts of regulation different from controle (mecânica), a ideia de poder e dominação
each other is precisely the definition of various (ciências políticas), autorregulação (economia).
intervention ways. Finally, any conscious interven- A origem dos conceitos de regulação é de difícil
tion project to improve the health situation requires sistematização, pois a compreensão da origem da
grounded concepts of regulation. Precisely to break denominação regulação depende de uma “conceitu-
with potential interpretation monopolies. By means ação progressiva” (Canguilhem, 1977).
of this critical reflection, it is possible to get closer O conteúdo conceitual da regulação tem se tor-
both to the polysemous context that constitutes nado cada vez mais vago e impreciso, apesar de ser
the concepts of regulation and its consequences for cada vez mais utilizado (Chevallier, 1995). O termo
analyzing public policies. regulação apresenta significados múltiplos e é uti-
Keywords: Regulation; Health Law; Health Econo- lizado em distintas disciplinas. “O próprio termo é
mics; Social Regulation; Biological Regulation. moderno e os dicionários aceitam-no, ainda, com
prudência, buscando suas origens no século XV onde
ele expressava, muito mais, a ideia de dominação”
(Lemoigne, 1988, p. 6).
A consulta aos dicionários do século XIX revela
que o uso do termo regulador (régulateur) precedeu
o de regulação (régulation). No século XVIII, regula-
dor era um termo da relojoaria, economia, política
e também da mecânica celeste. Somente durante o
século XX, na biologia e nas ciências sociais, o termo
regulador passou a ter um emprego privilegiado
(Canguilhem, 1968).
O termo regulação aparece no dicionário Littré
em 1872 relacionado à mecânica. Ainda, destaca-se
que a noção de regulação foi historicamente prece-
dida por mais de um século por outra que designava
dispositivos técnicos integrados em diferentes
máquinas, ou seja, regulador (Rumelhard, 1994).
Portanto, as ideias iniciais sobre regulador e ação
reguladora são derivadas predominantemente da
concepção sobre sistemas de controle.

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Nas obras de Leibniz e Newton, do século XVIII, lação surgiu nas disciplinas em que os sistemas de
podem ser apreendidas algumas das ideias prin- transformação se desenvolveram no sentido de uma
cipais que influenciaram a concepção moderna équilibration majorante.
de regulação. Para Leibniz o mundo conserva-se Com efeito, a aplicação do conceito de regula-
imutável, originalmente regulado. Ele defendia a ção pode ser classificada em três categorias, por
ideia de uma lei da conservação, que está implícita referência ao nível de controle que apresentam. A
em seu conceito de Deus como a regulação de todas primeira define a regulação como um conjunto de
as coisas. Para Leibniz, Deus é entendido como o regras imperativas que são executadas por uma
ajustador inicial de um mecanismo seguro, fiável. agência estatal. Nessa definição, regulação pode
Ele, com toda sua potência, previu todos os acidentes ser econômica ou social, mas não inclui o sistema
possíveis e já os remediou. jurídico-criminal. A segunda categoria, geralmente
Por seu turno, na cosmologia newtoniana, Deus encontrada na literatura de economia política, con-
não é o ajustador inicial de um mecanismo seguro. É, templa os esforços desenvolvidos pelas agências
antes, um Zelador permanente que a todo o momento estatais para orientar a economia. Por fim, a terceira
percebe as falhas e as corrige. Após ter criado o mun- considera que na regulação estejam incluídos todos
do, Ele ainda deve continuar a vigiá-lo e a retificá-lo. os mecanismos de controle social, tanto os intencio-
Observa-se que a partir de Leibniz a noção de nais quanto os involuntários (Baldwin e Cave, 1999).
regulação é expressa como conservação de constan- Devido a essa ampla gama de possibilidades de se
tes iniciais. Esse conceito é aplicado na fisiologia, conceituar regulação, objetiva-se explorar esse con-
na economia e na política, a partir dos princípios ceito a partir de disciplinas que apresentam tradição
de conservação leibnizianos, ou seja, a regulação no seu uso: i) ciências da vida; ii) direito; iii) econo-
é inicialmente concebida nessas áreas do conheci- mia e iv) sociologia/ciência política. Desse modo,
mento como função de conservação e restituição de pretende-se explorar as possibilidade de ampliação
sistemas fechados (Canguilhem, 1977). do campo de análise das referências teórica para o
Disso apreende-se que a regulação inicialmente estudo de políticas públicas de saúde e áreas afins.
definia-se como uma capacidade de manter um
ambiente equilibrado, a partir de um conjunto de
ajustamentos. No entanto, no século XIX, os biólogos
Regulação: ciências da vida
passaram a conceber a regulação também a partir O termo regulação é utilizado na biologia desde o
de uma nova referência: como adaptação. final do século XIX, a partir de trabalhos de em-
Notadamente, a regulação lida com duas difi- briologistas. Ao reconhecerem nos primeiros blas-
culdades principais: uma é a incerteza e a outra, a tômeros de um ovo uma “potencialidade total”, os
dificuldade em se delimitar os campos de atuação da pesquisadores estavam elaborando a ideia de uma
própria regulação. A primeira refere-se à imprevisi- “capacidade de impor ou de transformar uma parte
bilidade, tanto de comportamento dos componentes em uma regra de conformidade com a estrutura de
reguladores quanto dos resultados da utilização um todo” (Canguilhem, 1977, p. 73). Desse modo,
desses mecanismos de ajustamento. A segunda, os embriologistas estariam confirmando o que os
por sua vez, deve-se à incerteza da definição das fisiologistas já haviam proposto no século XVIII
fronteiras de atuação dos diferentes componentes sobre as funções reguladoras.
reguladores (Fadul, 2002). Ainda, é a partir do conceito de economia animal,
Contudo, a noção que se destaca no conceito de apresentado no século XVII, que os fisiologistas
regulação como função de adaptação é a de equi- introduziram o vocábulo regulador na biologia. A
líbrio dinâmico, pois visa à melhoria possível de economia animal era entendida como a coordenação
sistemas de transformações. A partir de um ponto de atividades diferentes que asseguravam um bem
de vista epistemológico, Piaget (1977) demonstra que comum, assumindo o animal como uma máquina, ou
da física à termodinâmica, da biologia às ciências uma fábrica, “governada” por reguladores. Lavoisier
cognitivas, da política à economia a ideia de regu- foi o primeiro a comparar as propriedades de manu-

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tenção, conservação e regeneração dessa “máquina também seria uma função de adaptação (Cangui-
animal” como efeitos de estabilização e, portanto, lhem, 1977).
regulação mecânicas. Assim, a ideia lavoisieriana Por fim, a regulação biológica é concebida como
sobre os reguladores fundamentou-se no princípio uma função da relação formal entre partes e de
de ação conservadora (Canguilhem, 1977). coordenação que permite compensar a priori, mas
A partir das ideias de Claude Bernard sobre o também corrigir a posteriori os distúrbios e as
milieu intérieur o conceito de regulação foi deci- variações. Assim, ela possibilita a integração das
sivamente importado da física para a biologia. A partes e a integridade da forma. Além disso, retarda
regulação bernardiana baseou-se não somente no a degradação e favorece a adaptação, a fim de anteci-
princípio dos reguladores da economia animal de par as alterações e os distúrbios (Rumelhard, 1994).
Lavoisier, mas também na noção de estabilidade
interna, a homeostase. Considerando, desse modo,
a regulação como um mecanismo de compensação
Regulação: direito
de desequilíbrios (Prévost, 2000). No meio jurídico o termo regulador também prece-
A regulação biológica compreende muitas deu ao termo regulação, apresentando suas primei-
ideias, dentre as quais se destacam: i) relação de ras aplicações tanto no campo do direito de Estado
interdependência ou interação criada entre diversos como no do direito financeiro (Autin, 1995).
parâmetros estranhos uns aos outros, variáveis O vocábulo regulação é muitas vezes utilizado
ou simplesmente instáveis de maneira regular ou como sinônimo de regulamentação. As relações
acidental; ii) função de reparação ou de detecção entre regulação, direito e regulamentação não são
de um efeito; iii) função de detecção de um desvio sempre entendidas da mesma maneira, pois a re-
ou de uma diferença, em relação a um dado ponto gulação aparece concebida ora como um gênero do
de referência; e iv) função de correção de um efeito qual o direito seria uma espécie, ora como um tipo
(Rumelhard, 1994). de direito. Portanto, a regulação, nessa concepção,
Os fenômenos de regulação existem segundo seria uma variedade de processo jurídico com ação
diferentes níveis de organização do mundo vivente sobre a sociedade. Entretanto, a regulação ainda
(ecossistema, organismo, célula e molécula, entre poderia ser concebida como oposta ao direito, no
outros). O uso de um determinado conceito de regu- sentido de ser mais rígida do que o próprio direito
lação biológica supõe conceber o ser vivente como (Jeammaud, 1998).
um sistema. Pois o próprio termo sistema indica Duas ideias principais se ligam ao conceito eti-
estar se falando sobre vários mecanismos que estão mológico de regulação no direito. Uma refere-se ao
em relação de dependência, a fim de se alcançar um estabelecimento e implantação de regras e normas;
efeito determinado (Schneeberger, 1994). e outra à manutenção ou restabelecimento do fun-
No entanto, o conceito de regulação biológica cionamento equilibrado de um sistema (Moreira e
também fez o caminho inverso e foi exportado para Maçãs, 2003).1
a física no início do século XX. Os fenômenos da Desse modo, o conceito de regulação no direi-
regulação biológica também forneceram modelos à to pode ser considerado essencialmente sob dois
teoria cibernética. O modelo cibernético é baseado pontos de vista: no primeiro, o direito é conside-
principalmente na ideia de retroação (feedback) e rado como um meio de regulação (regulação dos
sua aplicação em muitos campos científicos permi- comportamentos); no segundo, o direito é visto
tiu a difusão das ideias do conceito de regulação bio- como um sistema. A regulação, então, refere-se aos
lógica fora do campo da biologia (Rumelhard, 1994). meios de eliminação de contradições e de reforço de
A retroação não explicaria, desse modo, todos coerências (Brasil, 2003).
os fenômenos de regulação. Outros modelos, em A regulação é tradicionalmente concebida como
particular o de sistemas abertos, permitiram romper uma tarefa que consiste em assegurar, entre os di-
com a ideia de regulação biológica como uma função reitos e as obrigações de cada indivíduo, o equilíbrio
exclusivamente de conservação ou restituição. Ela pretendido pela lei. Nessa concepção é atribuído ao

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Estado o papel de comandar diretamente os atores das quais se destacam os serviços públicos exclu-
sociais, estabelecer as “règles de jeu” e garantir sivos e os não exclusivos do Estado. Além disso, a
que elas sejam respeitadas. Por conseguinte, a pri- autora reconhece a regulação como um novo tipo de
meira tarefa da regulação é propriamente política, direito, caracterizado como sendo negociado e sujei-
relevante diretamente ao legislativo e ao executivo. to às transformações ocorridas no objeto regulado. A
A segunda tarefa opera por meio das virtudes de regulação é um direito que, no entanto, convive com
neutralidade, de equidade e de humanidade, que outras formas tradicionais de produção legislativa
assemelham-se, de certo modo, com as tarefas espe- (imperatividade, generalidade e abstração).
radas de um juiz (Gazier e Cannac, 1984).
Num sentido restrito, Sanches (2000) demonstra
que a regulação é a criação de normas jurídicas que
Regulação: economia
vão disciplinar o exercício de certas atividades, ou É a partir da teoria econômica neoclássica que a
seja, é um acesso especial a determinados bens questão da regulação econômica relaciona-se com a
(exercício de algumas atividades comerciais, por existência de falhas de mercado. Para Posner (1974)
exemplo). Por assim dizer, a regulação é a negação a regulação consiste na imposição de regras e con-
da mão invisível de autorregulação do mercado, ou troles pelo Estado, suportadas por meio de sanções
seja, uma afirmação da mão confiscadora do Estado, e com a finalidade de dirigir, restringir ou altear o
que procura obter a resolução dos problemas sociais comportamento econômico de indivíduos ou empre-
por meio de uma ampla intervenção na economia e sas. O autor ainda destaca que a regulação também
na sociedade. Ainda nessa direção, Pessoa (2004) é a intervenção estatal, por meio de taxações, subsí-
propõe uma concepção mais ampla de regulação no dios e controles legislativos e administrativos sobre
âmbito jurídico. Trata-se de definir a regulação não as atividades econômicas.
apenas como correção de distorções do mercado, Silva (2002/2003) destaca que as falhas de mer-
mas como um instrumento político fundamental, cado constituem justificativas suficientes para a
de caráter social. formulação de políticas regulatórias. Essas falhas
Destaca-se que o vocábulo regulação surgiu no estão relacionadas com quatro fatores: i) diferen-
direito brasileiro a partir do movimento de reforma tes estruturas de mercado (concorrência perfeita,
do Estado, especialmente quando, em decorrência da concorrência monopolista, oligopólio e monopólio);
privatização de empresas estatais e da manutenção ii) existência de externalidades e a ausência de
da ideia de competição entre concessionárias na informações completas (informação assimétrica);
prestação de serviços públicos, entendeu-se como iii) existência de bens públicos (devido às caracte-
necessário regular as atividades objeto de conces- rísticas de não rivalidade e não exclusividade); e iv)
são, assegurando assim a regularidade na prestação monopólios naturais.
dos serviços e o funcionamento equilibrado da Nesse mesmo sentido, Baldwin e Cave (1999)
concorrência. Portanto, o conceito de regulação no defendem que a regulação econômica é justificada
direito brasileiro incide no âmbito das atribuições pelo fato de que o mercado não controlado falharia
do Estado e da sua interferência na economia (Di na produção de comportamentos ou resultados
Pietro, 2004). correspondentes com o interesse público. Assim, a
Embora esse conceito possa ser aplicado so- regulação é entendida como uma restrição exercida
bre qualquer objeto social, é especialmente no pelo Estado sobre a atividade de mercado.
âmbito da economia estatal que ele vem sendo Esses autores descrevem quatro modelos de ação
utilizado mais frequentemente no direito brasileiro. da regulação, considerando a intervenção direta do
Consequentemente, é na esfera do direito econômico, Estado: i) modelo eletivo – trata-se do modo menos
ou direito administrativo econômico, que esse tema intervencionista, em que o Estado impõe regulação
tem sido mais discutido. somente para corrigir as falhas de mercado; ii)
Di Pietro (2004) propõe que o conceito deve modelo diretivo – o Estado usa sua influência como
abranger, além do aspecto econômico, outras áreas comprador ou regulador para estimular certos ti-

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pos ou padrões de serviço; iii) modelo restritivo – o economia denota o processo dinâmico de adaptação
Estado limita o que é disponibilizado no mercado; da produção e da demanda social, resultante da con-
e iv) modelo prescritivo – o Estado define o critério jugação de ajustamentos econômicos ligados a uma
de oferta de serviços no mercado. dada configuração de relações sociais.
Possas e colaboradores (1997) postulam que o Bruno (2005) aponta que a concepção de re-
objetivo central da regulação é o aumento do nível gulação na abordagem regulacionista francesa
de eficiência econômica dos mercados nas suas distingue-se da definição de regulação derivada
três dimensões (produtiva, alocativa e distributiva). das análises anglo-saxônicas, de conteúdo microe-
Logo, defendem que a regulação não diz respeito conômico, ao atribuir ao conceito de regulação um
apenas ao estímulo da concorrência como um fim estatuto teórico macroeconômico, que é operado
em si mesmo e ressaltam que existem dois padrões a partir de formas estruturais que ultrapassam a
básicos de regulação: a regulação ativa, de caráter esfera do Estado. A noção de regulação, destarte,
mais interventivo (regulação de serviços públicos procura expressar a ideia de coerência e compati-
e de infraestrutura, utilities) e a regulação reativa, bilidade entre as estruturas de oferta e demanda,
destinada à prevenção e à repressão de condutas em interação dinâmica. Portanto, a regulação não
anticompetitivas (regulação de mercados em geral). é simplesmente um estado de equilíbrio estático,
Mitnick (1989) define que “[…] la regulación es alcançável por mecanismos de mercado, como é
la política administrativa pública de una actividad defendido nas abordagens tradicionais da teoria
privada con respecto a una regla prescrita en el inte- econômica.
rés público”, fundamentada partir de três elementos A questão fundamental levantada na teoria da
essenciais: intencionalidade, restrição e eliminação. regulação é compreender as dinâmicas econômi-
Desse ponto de vista, a regulação econômica consis- cas e sociais, considerando a variação do tempo e
te numa interferência dirigida, guiada e controlada, do espaço. Trata-se de um conjunto articulado de
ou seja, uma interferência deliberada, cujo efeito é conceitos que visam a explicar, de um lado, o cres-
intencional. cimento capitalista e, do outro, suas crises cíclicas.
Na década de 1970 surge uma teoria para a regu- O conceito de regulação direciona-se a um modo de
lação, a partir de trabalhos de economistas políticos regulação que contempla as seguintes propriedades:
franceses. Representa uma crítica da supervaloriza- i) reproduzir as relações sociais fundamentais, por
ção dos comportamentos individuais maximizadores meio de formas institucionais;1 ii) sustentar e dirigir
da abordagem econômica neoclássica da regulação. o regime de acumulação; e iii) assegurar a compa-
A teoria da regulação apresenta-se como uma teoria tibilidade dinâmica de um conjunto de decisões
que visa substituir aquela do equilíbrio econômico descentralizadas (Nascimento, 1993).
geral. Diante da nova macroeconomia clássica dos
anos 1980, a aposta dessa corrente é historiar a Regulação: sociologia e ciências
própria teoria econômica, restaurando a união entre
a esfera econômica e o campo de relações sociais.
políticas
Segundo Boyer e Saillard (2002), o conceito D’Hombres (2007) apresenta uma pesquisa do signi-
de regulação empregado nessa teoria é derivado, ficado da terminologia regulação na sociologia e na
fundamentalmente, do conceito de regulação da ciência política, a partir de uma perspectiva histó-
biologia. O modo de regulação descreve o conjunto de rica. Defende que a compreensão sobre a regulação
retroações positivas e negativas da regulação para a passa pela discussão sobre as questões relativas à
estabilidade de um complexo sistema de interações normatividade. Para tanto, são considerados três
(sistemas sociais). Assim, a regulação aplicada na pontos significativos.

1 As formas institucionais são as codificações e as regularidades que assumem importância e que regem as várias relações sociais no
capitalismo. Cinco formas institucionais são diferenciadas pelos regulacionistas: a relação salarial, a relação mercantil (de troca), a
forma monetária, o Estado e a modalidade de adesão ao regime internacional (Nascimento, 1993).

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O primeiro deles é de ordem prática: trata-se pregada para expressar os órgãos e as funções não
de saber o que deve ser norma ou princípio em da sociedade inteira, mas apenas de uma parte dela.
matéria de política econômica (intervencionismo Justamente aquela que constitui o sistema econô-
versus não intervencionismo estatal). Os seguintes mico exclusivamente. Assim, é somente o sistema
são questões de ordem teórica: de um lado, a com- econômico que partilha com o organismo vivo a
preensão do próprio conceito de regulação (definição característica de ser dotado de autorregulação, a
maximalista versus minimalista) e, de outro lado, a vis medicatrix naturæ.
identidade que deve ser conferida ao regulador (Es- Esse conceito de regulação biológica utilizado
tado regulador versus mercado autorregulado) e ao por Spencer no domínio da sociologia não é o mesmo
campo de intervenção (extensão sociológica versus empregado por Huxley e Durkheim, também organi-
econômica do conceito de regulação). cistas sociais. Estes acreditavam num Estado social
Ainda para esse autor, Spencer2 empregou o forte e intervencionista e defendiam como agente e
conceito de regulação social a partir do conceito objeto da regulação, respectivamente, o Estado, ou
de regulação fisiológica, sugerido pelo emprego da pelo menos uma instância pública, e a sociedade em
expressão hipocrática de vis medicatrix naturæ. A sua totalidade. E não apenas o sistema econômico,
sociedade é apresentada, desse modo, como um ser como manifestado por Spencer.
vivo, um organismo social. A expressão hipocrática Essencialmente, a discussão da regulação nas
apoia-se na ideia de uma imanência das normas or- ciências sociais está relacionada com uma das ques-
gânicas, de uma saúde própria aos corpos, sejam eles tões fundamentais da sociologia: como é possível
corpos biológicos ou sociais. Destaca que essa ideia existir grupos sociais ou sociedades relativamente
de saúde, de norma intrínseca à organização, encon- duráveis, apesar da grande variedade de interesses
tra correspondência com certos usos da terminolo- que seus membros possuem? Ou seja, a questão da
gia da regulação na sociologia e na ciência política, regulação está amplamente relacionada com a dis-
bem como na própria fisiologia. Pois a regulação cussão dos mecanismos sociais que assegurariam a
tornou-se uma palavra familiar aos sociólogos, não estabilidade e a inércia das regras sociais.
menos do que aos biólogos, economistas e juristas. Lauwe (1977) apresenta a regulação em relação
Do mesmo modo que o sistema nervoso seria o à teoria da mudança social salientando alguns de
regulador dos animais superiores, o Estado seria seus elementos: a noção de estruturas e função
o regulador das sociedades civilizadas, segundo o (emprestada da biologia) e as noções de contradição
pensamento de Spencer. Esses reguladores tornar- e de conflito, utilizadas em sociologia e economia.
-se-iam cada vez mais perfeitos à medida que se Destaca que as diferentes abordagens funcionalistas
alcançasse um estado mais avançado de desen- utilizam também de maneira mais ou menos direta
volvimento da organização. É patente que essas a noção de regulação nos estudos sobre a mudança
metáforas orgânicas ou biológicas vão ao encontro social.
do princípio de intervenção do Estado na vida Esse autor cita os estudos do sociólogo norte-
econômica. Evidentemente, isso representaria um -americano Talcott Parsons sobre a estabilidade da
paradoxo para o pensamento liberal de Spencer e sociedade e os fatores dinâmicos no sistema social
tantos outros organicistas sociais. (a noção de função). Na teoria parsoniana o desen-
No entanto, a ideia hipocrática sobre uma na- volvimento do sistema social se mantém em relação
tureza medicadora, que fundamenta a concepção a um modelo constante de orientação de valores. Isso
de regulação nessa corrente do pensamento social, leva a pensar num determinado conservadorismo,
sustenta que a terminologia da regulação seja em- contrário ao próprio pensamento de Parsons. Po-

2 Hebert Spencer (1820-1903), filósofo inglês, é considerado o fundador do darwnismo social, por defendera seleção natural na sociedade
(biologismo social). Autor de inúmeras obras, tais como: Estática Social(1851); Sistema de Filosofia Sintética (publicada em dez volumes
entre 1864 a 1892). Para mais informações consultar: Rumney, J. Herbert Spencer’s Sociology: A Study in the History of Social Theory.
New York: Atherton, 1934(1966).

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rém, é preciso considerar que o desenvolvimento e integração em grupo quanto a sua continuidade,
a transformação social estão tanto em função de um aparecendo como uma condição de existência na
dado modelo quanto em relação às orientações de sociedade global (Miaille, 1995, p. 263-272).
valores, que dominam todo o conjunto da vida social. Corroborando essa referência, Gaudin (1995)
Por fim, argumenta que na mudança social é propõe que o poder político regula a sociedade, pois
possível constatar uma regulação que opera inde- realiza os ajustes necessários para a conciliação
pendentemente da vontade humana, uma regula- de interesses opostos e de estratégias contrárias.
ção latente, como os fenômenos demográficos e o Assim, a regulação é a função essencial do poder
equilíbrio entre os sexos nas pirâmides etárias, por político, entendido como a atividade de organização
exemplo. Assim, o autor aponta que não é possível dos processos decisórios. A análise das políticas
estudar a regulação no nível do conjunto da socie- públicas possibilitaria identificar os conflitos, os
dade concebida como um sistema do mesmo modo bloqueios, os processos de negociação e os com-
que é feito na biologia ou na cibernética (ideia que promissos, como manifestações empíricas de uma
se aproxima do pensamento de Spencer). Nas socie- regulação de desajustamentos entre as esferas da
dades industrializadas contemporâneas os grupos atividade social. Nesse sentido, a regulação seria
sociais estão mal definidos, os conjuntos humanos uma questão fundamental para a compreensão da
são difíceis de serem apontados e as estruturas não negociação e da agregação de conflitos.
estão precisas. Desse modo, é questionado se, apesar
de haver indícios de existir uma regulação latente,
as sociedades industrializadas estão submetidas
Regulação e suas possibilidades
a uma regulação consciente, ou seja, passível de Constata-se que a noção primordial do conceito de
intervenção. regulação surgiu a partir de uma metáfora tecnoló-
De acordo com essa posição, a posse dos meios gica, pois a sua ideia inicial é uma derivação do fun-
tecnológicos faz aqueles que estejam no poder acre- cionamento de dispositivos técnicos (reguladores).
ditarem ser possível estabelecer o equilíbrio de um No decorrer de sua história, foram incorporadas e
sistema social. Dito de outro modo, a posse dos meios desenvolvidas diversas outras ideias. Sua aplicação
tecnológicos faz crer que seja possível modificar as aconteceu em muitos domínios do conhecimento, o
relações sociais entre as classes, entre os grupos que resultou, progressivamente, numa polissemia
étnicos ou entre gerações a partir de medidas sobre conceitual. Assim, não é possível identificar apenas
o meio ambiente, os planos de urbanismo ou os tipos um conceito, o conceito de regulação, mas uma di-
de construção. versidade de conceitos que se fundamentam a partir
De modo semelhante, não há regulação por meio de diferentes ideias e referenciais teóricos (Oliveira
do desenvolvimento técnico, a não ser a regulação e Elias, 2012).
consciente produzida pelos governantes (tecnocra- Observa-se que a conceituação da regulação
cia), pois os modelos técnicos, transmitidos de uma biológica surge influenciada pela ideia de controle
sociedade para outra, são pretexto para a imposição de dispositivos mecânicos. A ideia inaugural é a de
de modelos normativos de comportamento e de siste- detecção e reparação de desvios, uma vez que o fun-
mas de representação e de valores ideológicos domi- cionamento dos organismos vivos era interpretado
nantes (hábitos de consumo, modelos de educação, por referência ao funcionamento de máquinas.
modos de informação), que não correspondem nem Apreende-se que desde a noção inicial até a for-
às necessidades nem às aspirações dos receptores. mulação dos conceitos de regulação no domínio das
Por sua vez, o termo regulação na ciência política ciências da vida um longo caminho foi percorrido.
surge como sinônimo de ordem, equilíbrio, isto é, a Partindo-se de uma ideia de controle mecânico e
partir de uma fundamentação na função normativa alcançando uma noção de equilíbrio e adaptação,
da regulação. Essa noção de regulação se confunde a regulação biológica influenciou e modificou
com a definição de poder político, porque esse é marcadamente o modo de conceituar e de entender
um modo de regular conflitos. Assegura tanto a a regulação em diversos campos do conhecimento.

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A regulação biológica também passa a ser Considerações finais
concebida a partir das ideias de compensação de
desequilíbrio e como interação entre partes (com- O modo como historicamente a regulação tem sido
ponentes), ideias influenciadas pela interpretação conceituada é resultado da evolução dos significados
do organismo enquanto sistema (teoria sistêmica). atribuídos a ela. Portanto, os conceitos de regulação
E, finalmente, são incorporadas as ideias de conser- abrigam ideias distintas e são utilizados em áreas
vação e de adaptação ao entendimento da regulação muito diversas.
biológica, inspiradas pelo campo da cibernética e As primeiras noções da regulação estavam liga-
pelas teorias sobre a complexidade. das à ideia de controle, derivada do funcionamento de
No direito os conceitos de regulação também se dispositivos reguladores. A partir da aplicação dessa
mostram ligados a diversas ideias, mas destacam-se noção nos diferentes domínios do conhecimento,
as de restrição e disciplinamento de comportamen- das ciências exatas às ciências da vida e às ciências
tos como as principais. A regulação é ainda apresen- sociais, inúmeros conceitos foram formulados.
tada enquanto uma forma de direito, ou seja, ela é No entanto, é preciso destacar que a evolução do
conceito de regulação não se deu de modo linear, pois
compreendida como o estabelecimento de normas
o desenvolvimento das ideias ligadas a ele não ocorreu
de conduta e de criação de instrumentos de coação,
em etapas sucessivas de incorporação e superação.
para que as normas sejam efetivamente cumpridas.
As novas ideias não substituíram as antecessoras,
As ideias de vigilância de regularidades e da regu-
ainda que pudessem tê-las transformado.
lamentação também estão ligadas ao conceito de
Os diferentes conceitos de regulação apresentam
regulação no domínio jurídico.
ideias que se inter-relacionam. As contidas nos
A partir do campo da economia não foi diferente,
conceitos de regulação biológica também são encon-
e os conceitos de regulação também abrigam uma
tradas tanto nos conceitos de regulação social como
variedade de ideias. Também se destaca a utilização
nos de regulação econômica. Da mesma forma, as
da ideia de controle exercido pelo Estado sobre o
ideias dos conceitos de regulação econômica estão
mercado. O emprego da ideia de equilíbrio também
contidas nos conceitos de regulação política e no
tem ênfase nos conceitos de regulação econômica,
campo jurídico.
especialmente no que diz respeito à função da re-
Em conclusão, qualquer projeto consciente de
gulação como correção de falhas do mercado. Essa
intervenção para a melhoria da situação de saúde vai
noção de equilíbrio parece ter sido importada das
requerer conceitos fundamentados sobre regulação,
ideias de adaptação e retroação da biologia.
justamente pela diversidade de sua extensão teórica
As ideias empregadas nos conceitos de regulação
e prática, em particular. Tal esforço se justifica como
apresentados no domínio da sociologia estão relacio-
estratégia para ampliar a crítica da ação da regulação
nadas principalmente com a normatividade, regula-
ao romper com possíveis monopólios de interpreta-
ridade e transformação. Também apresentam fortes
ção. A partir dessa reflexão crítica pode-se aproximar
influencias das teorias e dos conceitos do campo da
do contexto polissêmico que constitui a regulação e
biologia. Na regulação social destacam-se as ideias de suas consequências para a análise de políticas
de normatividade, estabilidade e continuidade como públicas. Por conseguinte, revela-se imperativo de-
as principais, enquanto a regulação política está senvolver métodos caracterizados pela pluralidade
alicerçada nas ideias de negociação, conciliação de de investigação e análise, propiciando compreensões
interesses e equilíbrio de poder. totalizadoras desses contextos que são complexos.
Destaca-se a importância de se refletir diante
das múltiplas linhagens das ideias que constituem
a história do conceito de regulação, nas diferentes Referências
disciplinas. Isso possibilitaria compreender os AUTIN, J. L. Reflexoins sur l’usage de la
marcos teóricos mais relevantes que fundamentam régulamentation en droit public. In: MIAILLE,
a ação da regulação num setor em particular, como M. La regulation entre droit et politique. Paris:
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Recebido: 13/03/2013
Reapresentado: 20/01/2014
Aprovado: 24/03/2014

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