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Determinismo Geografico PDF
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  ORGANIZAÇÃO PARA ESTUDOS CIENTÍFICOS


ESCOLA SUPERIOR DE GEOPLÍTICA E ESTRATÉGIA
ESGE DETERMINISMO GEOGRÁFICO  Profº Fernando G. Sampaio
1. MOTIVAÇÃO - Um documento, intitulado “A1ém da Economia”, foi publicado pelo
Banco Interamericano de Desenvolvimento em maio do ano passado, provocando grande polêmica
mundial que, infelizmente, não repercutiu no Brasil, pela superficialidade de nossa imprensa, mesmo
os jornais mais abalizados.
De autoria do economista-chefe do BIRD, na época, o venezuelano Ricardo Hausman, o
estudo só conseguiu ser liberado depois de sofrer fortes criticas, que levaram a atenuação de certas
 posições.
De fato, à primeira vista, parece estranho que o Banco encarregado de empréstimos para o
desenvolvimento, publique uma tese sobre o determinismo geográfico que diz, em última análise, que
o meio geográfico é um fator fundamental na capacidade de um país alcançar o estágio de pleno
desenvolvimento.
Os críticos diriam que mesmo que isto seja verdadeiro, não é conveniente ao Banco,
 justamente encarregado de auxiliar o processo de desenvolvimento, reconhecer tal realidade.
O resultado da profunda discussão sobre o tema foi a demissão de Husmann, que saiu do
BIRD em julho do ano 2000, dando lugar a um mexicano, o economista Santiago Levy, da equipe
econômica do Presidente do México, Ernesto Zedillo.
Agora lecionando em Harvard, na Escola de Governo John Kennedy, pode ser que Hausman
consiga externar melhor e com mais profundidade suas idéias sobre o “além da economia” e sobre o
determinismo geográfico como fator que influencia poderosamente o desenvolvimento de países
tropicais.
2. ARGUMENTOS - O documento de Hausman, publicado pelo BIRD, apresenta a par de
seus argumentos, que logo veremos, algumas lições, que também abordaremos, sobre a insuficiência
de nossa imprensa para debater os grandes temas mundiais, o que acarreta despolitização e
insuficiência de circulação de informações e idéias, que é, justamente, do que mais precisamos, para
vencer nossas dificuldades.
Diz Hausman que é profunda e persistente a influência da geografia na constituição das
sociedades latino-americanas e diz que é a geografia, primordialmente, a responsável pela má
distribuição de renda, pelas condições precárias de saúde pública e, até mesmo, pela escravidão negra
Dizem que isto decorre do fato de a geografia caber um papel central para determinar quais
 países seriam colonizados e quais colonizadores. E avança: “o clima tropical era apropriado para
certos cultivos propícios para a produção em grande escala, enquanto as zonas temperadas do Novo
Mundo eram propícias para o cultivo de grãos por pequenos agricultores.” Seria, portanto, o fator
geográfico, especialmente seu lado climático, que iria determinar que as regiões tropicais fossem
exploradas pelas grandes “plantations”, voltadas para o mercado exterior e com a mão-de-obra
escrava, primeiramente indígena e, falhando esta, com importação de escravos da África. Seria a não
adaptabilidade quer dos índios quer dos brancos que teria provocado a regressão cultural e sociológica
que foi a introdução da mão-de-obra escrava e negra nas grandes plantações não só do Brasil como de
outras partes das Américas, incluindo o sul dos Estados Unidos.
Sobre a questão das doenças, afirma Hausman que a falta de invernos rigorosos, como nas
regiões temperadas, facilitou a expansão de epidemias, como a da malária, pois os mosquitos podiam
se reproduzir durante todo o ano.
As doenças, incapacitando ou diminuindo em muito a capacidade de produção das
 populações, em especial os brancos e a existência de escravatura, explicam, segundo Hausman e de
forma satisfatória, a concentração de renda e sua má distribuição ao longo da história, levando ao
quadro de hoje, em que uma minoria controla, no caso do Brasil, quase 50% da renda de todo o país
(metade de seu produto bruto interno)

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“A influência da geografia é onipresente no desenvolvimento econômico da América Latina,
explicando uma parte substancial das diferenças entre as famílias, as regiões, os países e inclusive a
diferença entre o crescimento econômico da região em comparação com o resto do mundo.”
Mas, Hausman é muito claro, igualmente, em apresentar as limitações do ambiente
geográfico diante da capacidade técnica, engenhosidade e desenvolvimento da ciência pela
humanidade.
De fato, ele coloca uma observação vital, que pode passar meio desapercebida: as
 probabilidades de crescer de forma sustentada e de conseguir altos níveis de desenvolvimento
econômico e humano são menores nos países tropicais mas, as limitações geográficas tendem a perder
relevância na medida em que os países da região superam um certo patamar de desenvolvimento
econômico. E ajunta: “a infraestrutura pode, em princípio, solucionar a maioria das limitações que a
geografia impõe, mas a um custo normalmente fora do alcance dos países pobres.”
Ou seja, o homem pode moldar o ambiente e adaptá-lo às suas necessidades, ao longo de um
certo tempo, longo, sem dúvida, para isto precisando, porém, de capitais. Ora, a função do BIRD é
 precisamente fornecer tais capitais aos países pobres e àqueles que, por outras razões, não
conseguiram, ainda, superar completamente o subdesenvolvimento.
A questão está naYou're
aplicaçãoReading a Preview
correta e contínua destes capitais para resolver os problemas
determinados pela natureza geográfica.
O documentoUpload your documents
de Hausman, to download.
pelo que nos foi possível depreender pelo publicado pela
imprensa (ainda não conseguimos que o BIRD nos enviasse uma cópia do “paper”), não é totalmente
negativo.
Ao contrário, ele alertaUpload to muito
para fatos Download
importantes e nos diz sobre a sua solução,
enfatizando, porém, que não se trata de tarefa fácil. Infelizmente, a nossa imprensa só soube criticar e
ver os lados negativos que o estudo de Hausman e seus colaboradores apresenta. Não houve
serenidade e capacidade de reflexão para ver OR aí, uma grande oportunidade para aprofundar o debate
sobre a nossa realidade e suas possíveis saídas.
3. POBREZA
BecomeDAa Scribd
IMPRENSA - Já se to
member temread
dito que
anda nossa imprensa é muito pobre, em
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nível local, mas o pior é que isto é também verdadeiro em nível nacional. Os grandes jornais
full documents.
mostraram isto ao tratarem o documento do BIRD com uma pasmosa falta de consistência e,
fundamentalmente, com uma amostra de desconhecimento das mais profundas.
Start Your
O sempre sério e esforçado 30 Day FREE
correspondente da Trial
Gazeta Mercantil em Washington, Paulo
Moreira Leite, atacou o trabalho de Hausman dizendo que ele ressuscitava um pensamento típico do
século XVIII e concluiu, grosseiramente: “o economista-chefe do banco que empresta bilhões para
tantos países, que teve um papel efetivo no combate ao atraso, acaba de publicar um papelório de 220
 páginas e isso não tem nenhuma importância” (sic). A correspondente do Estado de São Paulo nos
Estados Unidos, Monica Yanakiew, optou por ignorar a existência do documento de Hausman e só
comentou um outro relatório, sobre o estado atual do desenvolvimento econômico mundial, que foi
liberado ao mesmo tempo. Já o sempre superficial e enganoso jornal “Folha de São Paulo”, por seu
enviado Marcio Aith, depois de comentar o relatório geral sobre a situação econômica, abriu um
 pequeno cantinho para dizer que o “BID reabilita tese racista”. (sic.’) É necessário, antes de examinar
com alguns detalhes a questão do determinismo e do possibilismo em geografia, colocar as duas
questões que a nossa imprensa levanta em suas verdadeiras dimensões.
4. DETERMINISMO - em primeiro lugar é importante salientar que a idéia do
Determinismo em geografia, como Escola de Pensamento Geográfico que, depois, transvazou para a
disciplina da Geopolítica, é devida a um grande geógrafo alemão, Friedrich Ratzel (1844-1904) e seu
livro de maior repercussão no plano das idéias geográficas, geopolíticas e da arte da guerra, datam até

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de 1902, pouco antes de seu falecimento, em 1904. São idéias, portanto, bem do final do século XIX e
que se solidificam, na verdade, já no início do século XX. É um grave erro informar ao público leitor ,
em jornal de responsabilidade, como e a Gazeta Mercantil, que as idéias ventiladas no documento do
BIRD são ridículas e provém do século XVIII. Mas, o pior é ignorar o assunto, como fez “O Estado de
São Paulo” e inqualificável a molecagem do jornalista da “Folha de São Paulo”, que confundindo
completamente o leitor, não analisou em nada o documento, mas o desqualificou como “racista”.
Isto nos leva a colocar, claramente, a natureza e a diferenciação entre as teses propriamente
racistas e as teses do determinismo geográfico. Tanto a idéia racista como a determinista tratam de
levar em conta, no desenvolvimento dos povos, a diversidade observada na conduta dita psíquica, isto
é, intelectual e filosófica de diferentes populações, ao longo do tempo e em diversos lugares.
Ambas admitem que a maneira de os povos pensarem e reagirem estão correlacionados, de
um lado, a uma pretensa diferença entre os homens, que seria inata, existindo povos “superiores” e
 povos ditos “inferiores” e que isto seria imutável, um dado da natureza que se reproduziria, pela
descendência (ou seja, seria genético).
Já a escola determinista ou do ambiente geográfico atribui a diversidade das reações e
evolução do homem às diferentes e diversas condições de clima, de solo, de localização espacial, em
que vivem as diferentes sociedades.
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Uma, a racista, diz que se trata de um dado imutável, que se transmite pela genética e a outra
diz que se trata de uma questão de localização no espaço geográfico, passível de ser modificada,
Upload
 portanto, por duas atitudes, ouyour documents
a modificação to download.
do ambiente geográfico, para de hostil se tornar
favorável ao homem ou a migração, ou seja mudança para uma outra área geográfica menos hostil.
Como se verifica, claramente, a chamada escola determinista nada tem de racista e diz que é
Upload to de
o ambiente que pode sufocar as possibilidades Download
progresso, mas isto é válido para todos os homens,
independentemente de sua cor, etnia ou povo a que pertençam.
5. COMO SURGE O DETERMINISMO - O determinismo surge pelas observações de
Ratzel, que foi profundamente influenciado OR por dois grandes estudiosos, o também geógrafo Karl
Ritter (1779-1859), que foi professor da Escola Militar de Berlim, terminou alguns trabalhos de
Alexander vonBecome
Hundbolt a e chamou
Scribd amember
atenção para uma correlação
to read entre a natureza inorgânica e
and download
orgânica e a história dos povos. O outro foi o naturalista e filósofo Ernest Haeckel (1834-1919), já que
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Ratzel estudou história natural, originalmente, antes de dedicar-se à geografia. Haeckel, como se vê, já
entra bem no século XX e foi um dos mais conhecidos defensores de Darwin, a quem visitava, para
Start YourHaeckel
troca de idéias. Materialista e anticristão, 30 Dayesboçou
FREE Trialhipoteticamente, árvores da evolução dos
 primatas ao homem, estudou a fauna dos abismos submarinos e realizou muitos outros trabalhos
importantes, que chamaram a atenção de Ratzel para o papel das forças da natureza na formação dos
 povos e até lhe sugeriram a idéia de comparar o desenvolvimento dos povos com o desenvolvimento
dos organismos vivos, daí surgindo a disciplina da Geopolítica, que ele denominava Antropogeografia,
em 1890 e poucos, deixando as idéias mais ou menos no ar, para serem, afinal, sistematizadas por
Rudolf Kjellen, um pesquisador sueco, professor de Teoria Geral do Estado na Universidade de
Upsala, que publica, em 1916, sua tese “O Estado como forma de vida.”
Ora, se o Estado é uma forma de vida, nada mais natural do que ser ele afetado pelas
condições gerais do ambiente em que nasce, cresce, atua e, eventualmente, acaba por perecer.
Foi, portanto, sé depois da Antropogeografia, mais tarde denominada de Geopolítica, por
Kjellén, que a Escola Determinista fez sua entrada em cena, no campo das idéias filosóficas, e
começou a gerar impressões políticas.
Estamos, portanto, diante de idéias do século XX, que vão determinar ações político-
militares que se estendem até os dias de hoje e não se trata, em absoluto, de divagações dos filósofos-
naturalistas do século XVIII ou, muito menos, de idéias, em si, racistas. Trata-se, isto sim, de admitir

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que os povos e os Estados, vão se formar sobre espaços geográficos e que, portanto, é necessário
estudar cuidadosamente tal espaço geográfico, para indagar sobre as possibilidades de
desenvolvimento, de progresso e até de expansão.
E observe-se que de determinismo passamos, deslizando de forma quase imperceptível para a
noção de possibilismo, pois a verdade é que, analisando mais profundamente a questão, encontramos
tanto em Ratzel como em seus opositores da Escola Francesa, dita Possibilista (em especial Vidal de la
Blache) um misto de concepções que vão do determinismo ao possibilismo.
 Não existe, de forma rigorosa um ou outro extremo. Como veremos, pela análise rápida dos
autores, todos se inclinam pela conclusão que a geografia é um fator que não pode ser ignorado, para
estudar o desenvolvimento do homem.
E o nosso problema é, precisamente, a questão do desenvolvimento. Diríamos que este é o
fator fundamental e que angustia o brasileiro, desde já há décadas.
Afinal, não estava o futuro prometido e concretizado com o Plano de Metas de Juscelino?
 Não tinha chegado o futuro e Brasília não era a corporificação deste evento?
Depois, não foi o chamado “Brasil Grande” ou “Brasil Potência”, prometido pelos sucessivos
governos militares, tendo como ponto alto a repressão de um Médici e as realizações econômicas de
um Geisel? Finalmente, não You're Reading
foi o lendário em tornoa Preview
de Tancredo que nos levou a Constituição de
1988, a Constituição Cidadã, como dizia, demagogicamente Ulisses Guimarães, que, finalmente, faria
todos os brasileiros entrarem não sé da posse de sua plena cidadania, mas igualmente no gozo dos
Upload
direitos (sem deveres...) ao que ayour
Pátriadocuments to download.
tinha a lhes oferecer? E, finalmente, a estabilização monetária
não foi atingida, com o ousado Plano Real, tão combatido pela pseudo-esquerda?
E, no entanto, somos derrubados pela realidade, em que se destaca, mas os cegos não querem
Upload
enxergar, um fato geográfico pleno, máximo,to Download
esmagador: o clima e seu regime de chuvas está sofrendo
uma modificação secular e esta modificação, ao lado de outros fatores, como a recessão do Japão, o
refreamento do crescimento norte-americano, a profunda crise da Argentina, a política dos países da
OR
OPEP em diminuírem a oferta de petróleo e manterem os preços elevados e muitos outros, nos joga,
novamente, para o terreno das angústias e das incertezas.
ComoBecome a Scribd member
ignorar, olimpicamente, então, to read and download
o determinismo geográfico? Como não pensar,
seriamente, em combater as restrições que o meio-geográfico nos coloca, abrindo, então, caminho ao
Possibilismo ? full documents.
StartdaYour
Se quisermos tirar lições atual30 Day FREE
conjuntura, Trial
é necessário, então, recuperar, ao menos, as
idéias basilares destas Escolas Geográficas. Comecemos pelas noções que Ratzel introduziu no seu
estudo dos povos, pois é bom ressaltar que estamos, aqui, em plena Geografia Humana. Mas, como
advertem todos os estudiosos: não é possível um estudo conseqüente da geografia humana sem o
domínio da geografia física.
6. AS IDÉIAS DE RATZEL - Ratzel viu os homens como realidades que recobriam parcelas
da superfície terrestre e, logo, eram uma espécie de revestimento vivo, que alterava esta própria
superfície e, portanto eram dignos de observação pelo geógrafo físico, da mesma forma como devia
atentar ao revestimento vegetal ou ao povoamento animal. Estabeleceu, ainda, certas normas de
análise, partindo dos seguintes pontos: que os grupos humanos e as sociedades humanas (os grupos
mais organizados) se desenvolvem sempre dentro dos limites de um quadro natural (que ele chamava
Rahmen ). Este quadro natural é bem determinado, ocupando, sempre, um lugar preciso sobre o globo
terrestre (o Stelle ). Ora, neste quadro e neste lugar, os grupos humanos e as sociedades necessitam
sempre e forçosamente, para se alimentar, para subsistir, para crescer, para melhor se organizar de um
certo espaço (Raum). Esta noção de espaço necessário para crescer é que leva, posteriormente, ao
conceito do Lebesraum, o famoso “espaço vital” da Escola Geopolítica Nazista e se torna, desta
maneira, a fundamentação teórica da guerra de agressão do Terceiro Reich.

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Mas esta não é uma colocação em Ratzel. Ele diz, em suma, que o homem está centrado em
um lugar e que este lugar se apresenta como um quadro natural, isto é, o lugar está sujeito ao livre jogo
das forças ou fatos geográficos, principalmente, a água, o vento, as chuvas, mais a fertilidade do solo e
a conseqüente presença de plantas comestíveis e animais para caça. Contando com recursos primitivos,
limitados, inicialmente, os grupos humanos precisam extravasar o lugar e aumentar a área em que
atuam, quer para colher vegetais comestíveis quer para perseguir animais de caça e, em tal processo,
criam o espaço onde se organizam na forma de aldeamentos, acampamentos de caça, áreas de plantio,
áreas de caça, aguadas de reserva, no caso de secas, até mesmo, espaços de vida no inverno ou no
verão (nomadismo, transumância, etc).
Ratzel coloca, então, em questão, que é a natureza do lugar que ocupam, submetida aos
fatores geográficos, que vai permitir maior ou menor progresso aos grupamentos humanos. Muitos
responderão à hostilidade da natureza pela ampliação de espaço que ocupam, outros, talvez, migrarão
definitivamente e outros, finalmente, se adaptarão e, neste processo, limitarão sua capacidade de
crescimento, de progresso, a não ser em casos excepcionais, quando os locais eram tão privilegiados,
que ali nasceram centros de civilização.
E, é claro, estamos falando do Vale do Nilo, da região da Mesopotâmia, da região do Vale do
Indo ou, ainda dos rios chineses, como o Amarelo e o Azul.
You're Reading a Preview
Mas, os centros de povoamento que coincidem com quadros naturais tão favoráveis são
escassos e a maior parte da humanidade será obrigada a trabalhar a natureza ou migrar
Upload
incessantemente, em busca your documents
de melhores condições para to download.
poder prosperar.
 No final de sua carreira, já no século XX, Ratzel, em pequenos ensaios, coloca algumas
questões claramente de geopolítica, em que sugere a necessidade de uma expansão contínua para o
Upload
êxito nacional. Em “O solo, a sociedade e oto Download
Estado”, ele defende a estreita ligação orgânica do povo
com o solo e conclui, daí, que o Estado é um “organismo territorial”. Fazendo eco as idéias
malthusianas ele diz mais: o crescimento populacional leva a maiores necessidades para a subsistência
humana, logo, há que expandir o espaço, comoORnecessidade de êxito.
Estas idéias da relação orgânica entre povo e solo, necessidade de expansionismo, etc, é que
semeiam o campo para o nazismo
Become e suas
a Scribd doutrinas to
member de tornar
read aandEuropa um continente medieval, em que
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os alemães e demais “arianos” seriam senhores feudais, que reinariam sobre escravos ou servos
(provindos dos povos inferiores), quefull documents.
trabalhariam para eles o solo.
7. ESCOLA POSSIBILISTA FRANCESA - Coube ao geógrafo francês Camille Vallaux, em
Start (Paris,
“Geografia social: o solo e o Estado” Your 30 Dayrefutar
1911) FREEasTrial
noções de Ratzel, depois de sua morte, na
medida em que elas já estavam servindo para alimentar a filosofia imperial da Alemanha. Mas, como
veremos e isto é muito importante, os estudos da Escola Francesa, que pretendiam refutar, de todo, o
Determinismo fundado por Ratzel, acabam por levar a um Possibilismo que tem, ainda - e muito - de
Determinismo.
Ou seja, os geógrafos franceses não foram completamente cegos, diante da natureza dos fatos
geográficos.
Dizia Vallaux: “especialmente os geógrafos, que em seus estudos sobre o quadro natural em
que se movem as sociedades humanas e todos os organismos vivos, se habituaram a ter uma
consciência sempre clara da interpretação das formas de vida, não admitirão facilmente um divórcio
definitivo e sem esperança entre a biologia e a sociologia”.
Vallaux deixa claro, portanto, que admite a noção de um Estado como algo orgânico, que
deve ser estudado tanto sociologicamente falando como também como algo de biológico.
Assim, Vallaux, já em 1911, coloca claramente as seguintes questões: como o solo, como
meio natural e espaço físico intrinsecamente diferenciado, pode influenciar o desenvolvimento das

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Esta fatalidade geográfica nos tornará, se não adotarmos providências urgentes, totalmente
dependentes de grandes companhias armadoras mundiais, que carregarão o que bem entenderem, em
 prejuízo dos interesses nacionais. Por isto, os estudos para uma companhia de navegação do
MERCOSUL , de saída, são importantes. No estudo “As novas empresas mundiais de navegação
determinam a evolução dos portos”, que saiu na Revista do BNDE n 9 11, de junho de 1999, Luciano
Otávio Marques de Velasco e Erikson Teixeira Lima, ambos economistas do banco, alertam para a
concentração da atividade de transporte marítimo, Dizem eles que “os principais portos e as principais
rotas mundiais de comércio estão praticamente consolidados”. E nas mãos de cada vez menos
empresas: estima-se que apenas 10 grandes armadores controlem o tráfego mundial: O estudo refere-
se, já ao transporte de containers. E dizem mais os autores: “os navios post-panamax tem sido
utilizados somente em duas rotas: a transpacífica, entre os Estados Unidos e a Ásia e entre a Europa e
o Extremo-Oriente.” E informam: “nenhum operador até hoje se aventurou com navios porta-
cantainers post-panamax abaixo do Equador, principalmente pela reduzida participação dos países do
hemisfério sul no comércio mundial e também pelas deficiências operacionais e de equipamentos dos
 portos da região.”
Entre as conclusões assustadoras do estudo dos dois técnicos do BNDE ressaltamos que “não
há, no horizonte próximo, perspectivas para que os gigantescos navios post-panamx passem a escalar
nos portos da América doYou're Reading
Sul, da África a Preview
ou da Austrália.” Ou seja, estamos, por uma imposição
geográfica, nossa posição excêntrica no Oceano Atlântico Sul, fora das rotas mais ricas dos navios
mercantes mundiais. A situação é tanto mais preocupante quando se considera que “as análises
apresentadas apontam Upload your
que sobrarão documents
apenas três grandesto download.
portos ligando a Europa e os Estados Unidos,
com todos os demais sendo transformados em portos para serviços alimentadores. Os armadores
europeus também apontam para a sobrevivência de, no máximo, quatro grandes portos concentradores
(mega-hubs) em todo o Atlântico Norte”.
Upload to Download
São mega-tendências, que forçam o Brasil a adotar políticas geográficas, no sentido de
compensar sua deficiente posição no globo, face às principais correntes marítimas de comunicações,
 pelo incremento muito pesado de um ou dois OR portos, no máximo (Santos e/ou Sepetiba), como
 possíveis portos continentais, pois é muito possível que, em breve, uma das poucas operadoras
mundiais de transporte de containers decida concentrar toda a sua atividade em um só porto e neste
Become
caso, será necessário a Scribd
contar com um member tolocalização
porto em boa read and, download
muito bem equipado e operado de
forma altamente profissional.
full documents.
É mais um desafio, tendo na base um determinismo geográfico apontado pelo “pai” da
economia, Adan Smith, em plenoStart Your
século 30 Day
XVIII: FREE Trial
a localização em um ou outro ponto do globo terrestre
 pesa e muito sobre o progresso dos povos.
E haverá quem queira, ainda, combater o estudo (sério) do determinismo-possibilismo
geográfico?

Fernando G. Sampaio

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