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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia

Influência do planeamento dos recursos humanos no sucesso de um projecto

De:
EDVALDO ALBERTO LEAL MARCOS
EVELINE PAULO JUNI NGUIRAZE
NAFTAL JUSTICIO ZEFANIAS

Trabalho submetido para avaliação no Módulo de Ciclo de Projectos do Curso de Mestrado em


Gestão de Projectos e Desenvolvimento por orientação do docente Agostinho Macane.

Tete
Setembro de 2022
RESUMO
Este artigo tem como tema influência do planeamento dos recursos humanos no sucesso de um projecto e como
objectivo geral avaliar a influência do planeamento de gestão de recursos humanos para o sucesso dos projectos. O
problema que se coloca é que os gestores de projectos quer por falta de conhecimento da importância da gestão de
recursos humanos, quer por focar-se apenas em questões técnicas, ignoram a gestão de pessoal envolvido perdendo
assim a oportunidade de obter maior sucesso nos seus projectos. Perante o objectivo e o problema foi levantado o
seguinte questionamento: como é que a gestão de recursos humanos pode influenciar o sucesso de um projecto? A
pesquisa de abordagem qualitativa, quanto aos objectivos explicativa e aos procedimentos bibliográfica, discutiu
diferentes pontos de vista e argumentos de vários dos autores. Como resultados, quando planeado estrategicamente e
considerando objectivos do projecto e objectivos pessoais dos colaboradores, estes são mais motivados e alinhados
influenciando assim para o sucesso do projecto.

Palavras-chave: projecto, recursos humanos, gestão, planeamento.

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1. INTRODUÇÃO

No passado não havia um cargo específico de gestão de recursos humanos, estava integrado nos
processos de gestão. Esta gestão era vista como um custo, os funcionários eram apenas mão-de-
obra, deveriam ser um custo reduzido para a organização e obter deles o máximo rendimento. As
pessoas deixaram de ser meros recursos da organização e passaram a ser elementos
impulsionadores. Com a globalização e a procura constante pela qualidade e inovação começa a
surgir a ideia de que a principal vantagem competitiva das organizações são as pessoas. Surge
então uma nova visão das pessoas dentro das organizações: são sujeitos pró-ativos,
empreendedores e criadores da inovação (Gomes, 2017).

Nesse sentido cabe destacar que a globalização e a internacionalização dos negócios surgem
como elementos externos. E estes pressionam os profissionais de recursos humanos a repensarem
seus conceitos e a entenderem que suas acções estão fortemente correlacionadas e têm impacto
no desenvolvimento da organização (Teixeira, 2002 cit. Arboite, 2006).

Contudo, para que essa questão motivacional se faça cada vez mais presente é necessário que se
desenvolva um plano de gestão dos recursos humanos com vista a identificar os papéis e
responsabilidades de cada integrante envolvido no projecto baseando-se nas suas competências,
habilidades e relações hierárquicas bem como desenvolvimento do plano de gestão de pessoal.

1.1. Objectivos
1.1.1 Objectivo geral
O principal objectivo é avaliar a influência do planeamento dos recursos humanos para o sucesso
de um projecto.

1.1.2. Objectivos específicos


 Descrever o planeamento dos recursos humanos e sua utilização dentro de um projecto;
 Analisar os vantagens da gestão de recursos humanos dentro de um projecto;
 Explicar as principais fontes de financiamento para um projecto;

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1.2. Metodologia
Para abordagem da presente pesquisa fundamenta-se em uma abordagem de natureza qualitativa.
De acordo com Markoni e Lakatos (2006) as pesquisas qualitativas envolvem a observação
intensiva e de longo tempo num ambiente natural, o registo preciso e detalhado do que acontece
no ambiente, a interpretação e análise de dados utilizando descrições e narrativas.

Quanto aos objectivos a pesquisa é explicativa, que segundo Gil (2007) esse tipo de pesquisa visa
identificar os factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos.

Quanto aos procedimentos da pesquisa, esta caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica, que
segundo Gil (2007), a pesquisa bibliográfica é aquela que é desenvolvida a partir de conteúdo
existente livros e artigos científicos.

2. APRESENTAÇÃO DO CASO-PROBLEMA

Embora vários autores (Rider & McCandless, 2010; Santos, 2008; Bezboruah, & Oyun s.d. Cit
em Gomes, 2017) considerem que as pessoas são o recurso mais importante de qualquer
organização, é de costume pensar que o departamento de recursos humanos se limita em
contratar, gerir a folha de salário e fazer despedimento numa organização.

Em muitos projectos não se planeiam seus recursos humanos e nem possuem um departamento
para o efeito, sobretudos os pequenos e médios projectos.

Outra realidade vivida em muitos projectos é a de o gestor de projectos preocupar-se com os


quesitos técnicos deixando de lado a questão da gestão de pessoas envolvidas no projecto. Na
maioria das empresas o lugar que a gestão estratégica de recursos humanos ocupa na organização
é bastante reduzido. Com a pressão do quotidiano, não dedicam muito tempo à reflexão de
práticas estratégicas. Acabam por centrar-se no produto/serviço da empresa e esquecerem-se do
mais importante, as pessoas (Gomes, 2017).

Segundo Okuta (2016) a dificuldade em mensurar a vantagem de reter e desenvolver o


conhecimento como resultado do gerenciamento eficaz, faz com que muitas empresas não

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percebam e não reconheçam a importância da gestão dos recursos humanos para o sucesso dos
projectos.

Da realidade aqui contextualizada este artigo tem intuito de responder a seguinte questão: Como
é que a gestão dos recursos humanos pode influenciar para o sucesso de um projecto?

3. DISCUSSÃO TEÓRICO EMPÍRICA

3.1. Definição de conceitos: gestão de recursos humanos, plano de recursos humanos, fonte
de financiamento

a) Gestão de recursos humanos


Segundo Storey (1995, cit. em Gomes, 2017), a gestão de recursos humanos é uma abordagem
característica da gestão dos trabalhadores, que busca alcançar uma vantagem competitiva através
do desenvolvimento estratégico de uma força de trabalho, altamente capaz e empenhada, usando
um conjunto integrado de técnicas culturais, estruturais e pessoais.

Para Anderson, Finkelstein e Quinn (1996, cit. em Gomes, 2017), o sucesso das organizações
depende mais da capacidade intelectual dos recursos humanos do que dos seus activos físicos
(p.5). Por isso, é indispensável o planeamento dos recursos humanos para uma gestão adequada.

b) Plano de Recursos Humanos

Segundo Camargo (2014) o plano de recursos humanos é um documento que serve para
identificar e definir de forma clara as funções, responsabilidades de cada colaborador, estabelecer
relações hierárquicas, auxiliar na resolução de conflitos e as tomadas de decisões durante um
projecto. O plano de gestão de pessoal, que faz parte do plano de recursos humanos, é actualizado
para reflectir as alterações na estrutura organizacional do projecto e nas aplicações de recursos
motivadas pelas respostas aos riscos. Isso pode incluir alterações na tolerância ou no
comportamento relativas à alocação de pessoal, assim como actualizações na alocação de
recursos (PMBOK, 2013).

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c) Fontes de financiamento

As fontes de financiamento são o conjunto de capitais internos e externos à organização


utilizados para financiar aplicações e investimentos da mesma.

Segundo Chiavenato (2005) financiamento é uma operação em que a parte financiadora, que em
geral costuma ser uma instituição financeira, fornece recursos para a outra parte que esta sendo
financiada de modo que esta possa executar algum investimento específico previamente
acordado. Ou seja, é a compra parcelada de um produto ou serviço em que se acrescenta uma taxa
de juro ao montante inicial que variará conforme o tempo de duração do mesmo.

3.3. Planeamento de recursos humanos e sua utilização dentro de um projecto

Todo e qualquer projecto, seja de pequeno, médio ou grande dimensão que tenha como objectivo
alcançar resultados de qualidade, conquistar novos mercados e obter vantagem competitiva deve
ter como aliado a gestão dos recursos humanos que é feito através do seu planeamento.

O planeamento de recursos humanos é da responsabilidade do gestor do projecto pois ele


determina quantas pessoas são necessárias para realizar o projecto e quais tipos de conhecimento,
habilidades e competências que essas pessoas devem ter.

Segundo Camargo (2014), o plano de gestão de recursos humanos é feito a partir de actividades
que devem ser executadas, monitoradas e controladas, a saber:
 Identificar as habilidades necessárias para que os recursos participem do projecto;
 Adquirir os recursos necessários à execução bem-sucedida do projecto;
 Documentar a hierarquia do projecto;
 Identificar e documentar papéis e responsabilidades;
 Providenciar treinamento e desenvolvimento das habilidades do pessoal do projecto;
 Acompanhar o desempenho da equipe, dar feedback, resolver conflitos e gerenciar
mudanças.

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Outra ferramenta usada para planear os recursos humanos é a matriz Responsible, Accountable,
Consulted, informed (RACI) que é utilizada para documentar papéis e responsabilidades,
necessidade de contratações para reforçar a realização de trabalhos, evidenciar a participação de
todos os membros da equipe para que o projecto seja concluído com sucesso (Camargo, 2014).

O plano de gestão de recursos humanos é utilizado para fazer a gestão de pessoas que irá
trabalhar no projecto, por isso, o PMBOK (2013) aponta o plano de gestão pessoal como o
principal benefício do plano de gestão de recursos humanos pois este inclui cronogramas para a
mobilização e quitação de pessoal, identificação das necessidades de treinamento, estratégias para
formação da equipe, planos para programas de reconhecimento e recompensas, questões de
segurança e o impacto do plano de gestão de pessoal sobre a organização.

Um bom plano de recursos humanos deve considerar a disponibilidade e escassez de recursos


humanos, afinal uma boa gestão de recursos humanos pode fazer a diferença entre o sucesso e o
fracasso de uma organização. Há uma relação muito próxima entre as práticas de gestão de
recursos humanos e o desempenho organizacional, uma vez que a forma como os recursos
humanos são geridos influencia bastante o desempenho de uma organização (Okuta, 2016).

3.4. Vantagens da Gestão dos Recursos Humanos dentro do Projecto.

Alguns autores identificaram uma lista de práticas de gestão de recursos humanos, estando no top
as seguintes práticas: formação e desenvolvimento, prémios e recompensas, gestão de
desempenho (incluindo a avaliação) e recrutamento e selecção rigorosos. Ademais, as práticas
que revelem maior preocupação com os colaboradores levam ao desenvolvimento de atitudes e
comportamentos positivos em relação à sua actividade profissional (Paauwe & Boselie, 2005;
Chambel & Santos, 2009, cit. em Gomes, 2017).

Dentre as novas maneiras de gerir pessoas para auxiliar na busca do sucesso do projecto, pode-se
citar a gestão do conhecimento, a gestão por competências, a gestão do desempenho, a gestão da
mudança e a gestão de talentos (Fischer & Albuquerque, 2004 cit. em Okuta, 2016).
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As empresas que se empenham em atender às necessidades dos seus colaboradores podem
cultivar um ambiente de trabalho focado na produtividade, sendo a gestão estratégica de recursos
humanos o melhor caminho para alcançar esse propósito. Uma pesquisa bibliográfica e
documental de conclusão de curso de Pós-Graduação lato sensu MBA em Gerenciamento de
Projectos sobre o gerenciamento de recursos humanos aplicado à gestão de projectos como
ferramenta estratégica de sucesso, concluiu que sendo que as pessoas representam o elo entre a
organização e seu sucesso, logo, quando gerenciadas estrategicamente, alcançam seus objectivos
pessoais e consequentemente estão mais motivadas, preparadas e alinhadas a atingirem as metas
organizacionais. Este gerenciamento agrega valor às pessoas, ao projecto desenvolvido e às
propostas das organizações, por isso é uma gestão que se mostrou importante, diferenciada e
orientada a resultados na gestão de projectos (Okuta, 2016).

3.2. Principais fontes de financiamento de projectos

Em 2009, Simon disse que é importante destacar a necessidade da utilização das fontes de
captação de recursos (financiamentos ou empréstimos) pelos gestores, pois elas permitem
aumentar o nível de actividade das organizações, financiando projectos quando os recursos
internos não são suficientes. Este capital entra nas empresas de forma específica não podendo ser
utilizado para outro fim, já nas operações com empréstimos não há necessidade de especificar
para que fim se os recursos são captados.

Para um projecto, o financiamento é o montante de capital necessário para fazer face às despesas
de arranque e/ou funcionamento de determinada actividade.

De forma geral pode-se dizer que há duas fontes de financiamento: internas e externas.

a) Fontes internas

Destacamos o auto-financiamento que segundo Silva Júnior (2012, cit. em Coreia, Nkaima,
Iassine, Carimo e Cláudio, 2018) é uma forma de financiamento interno, que representa os fundos
financeiros libertados pela actividade da organização e que ficam disponíveis para financiar a
realização de novos projectos de investimento.
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b) Fontes externas

Segundo Coreia et al (2018) esta subdivide-se em financiamento através de capitais próprios e


através de capitais alheios.

 Os capitais próprios que correspondem as novas entradas de capital por parte dos actuais
ou de novos sócios ou acionistas.

 Capitais Alheios que corresponde ao recurso a entidades externas para obtenção dos
capitais necessários à concretização dos investimentos tais como: crédito bancário,
leasing e factoring, empréstimos bancários, linhas de crédito;

Além destes também existem os incentivos financeiros ao investimento que corresponde aos
diversos programas de apoio criados pelo Estado para incentivar o investimento e a
competitividade.
Por fim, existem muitas instituições internacionais que financiam activamente projectos de
desenvolvimento e sociais, seja por meio de concursos ou por doações directas. Estas instituições
podem ser governamentais, ONGs internacionais, as agências internacionais que podem
representar governos estrangeiros, como por exemplo: USAID (Estados Unidos), GIZ
(Alemanha) ou órgãos internacionais como PNUD, UNICEF, Banco Mundial.

Perante a tantas fontes de financiamento e classificadas como de curto, médio e longo prazo, cada
uma com seus prós e contras, uma dúvida eminente é sobre qual é a melhor fonte para um
projecto. Sobre isso, Simon (2009), defende que as fontes de captação de recursos a serem
utilizadas por uma para financiar seus investimentos devem tomar em consideração a adequação
dos custos à capacidade de geração de lucros na empresa, sendo os recursos a curto prazo em
geral são mais arriscados que os de longo prazo.

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4. CONCLUSÃO

Neste artigo foram discutidos pontos de vista sobre influência da gestão de recursos humanos
para o sucesso de um projecto e concluiu-se que os planos de recursos humanos devem ser
planeados de forma estratégica, não devendo focar-se apenas nos objectivos do projecto, mas
também no desenvolvimento e satisfação dos colaboradores para que estes se motivem e
consequentemente realizem trabalho de qualidade e o projecto obtenha sucesso.

Especificamente, os planos de gestão de recursos humanos devem ser elaborados pelo gestor do
projecto e documentar como as funções e responsabilidades de cada colaborador, relações
hierárquicas estarão estruturados dentro do projecto. Lembrando sempre que o plano de gestão de
pessoal que inclui a gestão de desempenho, conhecimento, treinamentos, premiações e
recompensas faz parte do plano de gestão de recursos humanos.

Sobre a utilidade dos planos de gestão de recursos humanos, concluiu-se que estes são usados
basicamente para monitorar, controlar, gerenciar mudanças, gerir conflitos garantindo assim o
sucesso do projecto.

Em relação as fontes de financiamento, concluiu-se que existem várias e que podem ser de curto,
médio e longo prazo. A escolha da fonte de financiamento deve ser baseada em análise de
diferentes aspectos como garantias de autonomia financeira, juros aplicados e o prazo para a sua
restituição.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Arboite, M. R. S (2006). Gestão de Recursos Humanos com Base em Competências as


Percepções de Profissionais de Recursos Humanos (Dissertação de Pós Graduação).
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Brasil.

 Camargo, M. R (2014). Gerenciamento de projectos: fundamentos e prática integrada.


Rio de Janeiro, Brasil: Elsevier.

 Chiavenato, I. (2005). Administração Financeira: Uma abordagem Introdutória. Rio de


Janeiro, Brasil.

 Correia, H. A. S., Nkaima, F. E., Iassine, F. V., Carimo, J. A., & Cláudio, L. A. (2018).
Fontes de financiamento no cálculo financeiro. (Trabalho de pesquisa, Instituto Superior
de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande). Pemba. Recuperado em
https://pt.scribd.com/document/406799554/Fontes-de-Financiamento-pdf.

 Gil, A. (2008), Como elaborar projetos de pesquisa (4a ed.). São Paulo, Brasil: Atlas.

 Gomes, T. G (2017). A influência da gestão de recursos humanos na motivação dos


colaboradores. (Dissertação de mestrado). Instituto Superior de Contabilidade e
Administração do Porto.

 Markoni, M. A. & Lakatos, E. M (2006). Metodologia do Trabalho Científico:


procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projecto e relatório, publicações e
trabalhos científicos. São Paulo, Brasil: Atlas.

 Okuta, C. M. (2016). O gerenciamento de recursos humanos aplicado à gestão de


projectos como ferramenta estratégica de sucesso (Projecto de Pós-Graduação).
Programa FGV Management da Fundação Getúlio Vargas. São Paulo, Brasil.

 Project Management Institute (2013). Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de


Projecto (GUIA PMBOK). (5ª. ed).

 Simon, P. C. (2009). Captação de Recursos de Curto ou Longo Prazos: análise das


principais fontes de recursos disponíveis para as empresas. (Monografia) Departamento
de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Brasil.

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