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METODOLOGIA VERBIVOCOVISUAL
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Cabe-nos ressaltar que, em função da vasta produção dos artistas, a delimitação do corpus encontra-se em
andamento, podendo ser alterada conforme a necessidade da pesquisa.
SCHNAIDERMAN, 1971, p. 14). Por conseguinte, delimitamos os nomes do poeta
Maiakóvski, do pintor Kandinsky e do musicista Chostakóvich.
Para o desenvolvimento do trabalho, do ponto de vista da fundamentação teórica e
metodológica, por um lado, calcamo-nos no método sociológico, assim como propõe tanto
Bakhtin (2011) quanto Medviédev (2012) e Volóchinov (2017; 2019) para alicerçar nossa
pesquisa, no qual os pensadores russos consideram a relação eu-outro em contínuo
movimento, de modo dialético-dialógico, pois retoma e repensa o movimento proposto por
Marx:
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É evidente, claro, que, de acordo com o método explanado aqui, a depender da circunstância e em favor dos
objetivos de pesquisa, relacionaremos as questões tratadas com outros períodos e com outras áreas. O que
pretendemos destacar é que nos deteremos com mais atenção dispensada para a delimitação realizada na tese.
período. Cabe-nos ressaltar, em tempo, o termo “certa medida”, pois não temos o propósito de
homogeneizar a visão sobre essa época e dizer, com isso, que os trabalhos eram “iguais” ou
não possuíam diferenças entre si. Certamente, segundo é possível constatar, cada
pensador/círculos – e incluímos nessa categoria os artistas – desenvolvia suas formulações
partindo de distintas visões teóricas, algumas com ênfase em uma abordagem mais
cognitiva/psicológica, outras sob o viés marxista ou formalista, dentre outras. Contudo, o que
temos podido constatar é que havia uma unidade no fazer (método) desses estudos, a qual era
pensar as linguagens em relação umas com as outras.
Essa primeira ideia nos conduz, por sua vez, ao nosso segundo eixo: o diálogo entre as
pesquisas soviéticas com os trabalhos dos autores estudos por nós. Aqui, pretendemos tratar a
maneira como os trabalhos dos estudiosos da linguagem destacados no contexto contribuíram
um com os outros para elaborar suas construções conceituais, seja por meio da convergência
ou divergência teórica. Assim, teremos condições de estabelecer as aproximações e
distanciamento dos trabalhos desse período e compreender como colaboraram tanto para a
concepção de linguagem delimitada pelo Círculo, Maiakóvski, Kandinsky e Chostakóvich
quanto para o percurso metodológico na abordagem do problema do signo. Tal exame nos
permitirá identificar possíveis ocorrências de processos metodológicos que poderão auxiliar
em nossa proposição a respeito de análises verbivocovisuais.
Por fim, no terceiro vértice, apoiar-nos-emos nos textos teóricos do Círculo, bem como
dos artistas que compõem nosso corpus, a fim de encontrarmos encaminhamos metodológicos
que possibilitem a proposição de uma metodologia e análise tridimensional de enunciados
feita a partir das obras estéticas selecionadas.
Após uma extensa – e necessária – situacionalização do percurso de pesquisa e os
direcionamentos a serem tomados. Nesse texto, faremos um recorte de nosso trabalho, a fim
de apresentarmos dois pontos em específico que temos nos dedicados e desenvolvidos até o
presente momento: 1) o contexto histórico; e 2) a questão musical no Círculo. Para tanto,
organizamos a escrita da seguinte maneira, para tratar a respeito da contextualização
retomaremos algumas ideias principais que temos apresentado ao decorrer de nossos estudos e
acrescentaremos descobertas recentes pertencentes a essa nova etapa de pesquisa.
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Salientamos a íntima comunhão entre poesia e artes plásticas como uma característica acentuada nos principais
movimentos do começo do século XX.
relação com a poesia visual, sendo um dos principais representantes do Simbolismo e do
Cubo-Futurismo (SCHNAIDERMAN, 1971; 1997; 2010). Inclusive, a figura de Maiakóvski
parece-nos ser o melhor exemplo de integração de linguagens ao realizar atividades em
diferentes campos e em colaboração com diversos artistas.
De fato, trata-se de um amplo quadro de efervescente produção intelectual com vistas
à interrelação das linguagens, momento em que estavam inseridos o coletivo pensante
bakhtiniano, Maiakóvski, Chostakóvitch e Kandinsky, os quais participavam de forma ativa
da construção do espírito da época. A situação geral dos trabalhos na linguística, por exemplo,
como afirmou Ivanova (2011), também seguia essa tendência e havia uma intensa pesquisa
neste período e que vinha desde final do século XIX e começo do XX, tendo seu auge nos
anos 20. A linguística soviética buscou novidades em diferentes campos de criação do teatro a
belas-artes, passando pela música e literatura, com o intuito de criar objetos, materiais e
caminhos e metodologias. No entanto, segundo podemos notar, tal processo não se restringiu
a esse campo, mas caracteriza um modo de reflexão em torno da linguagem em todas as áreas,
com finalidade pensar a vida e suas relações éticas.
Esse movimento nas pesquisas soviéticas teve como elemento catalisador leituras que
contribuíram para a agitação e renovação cultural, a título de ilustração, destacam-se as obras
de Karl Marx e Friedrich Engels, Nietzsche, Baudelaire, Richard Wagner e Da Vinci (BRAIT;
CAMPOS, 2009). Cabe-nos apontar que consistem em autores os quais também apontavam
para a potencialidade expressiva da linguagem na relação entre os signos, conforme o fez o
músico alemão ao formular o conceito de drama musical, em que concebe os aspectos
dramático, literário e musical como um conjunto unitário na constituição da ópera ou como o
pensador italiano ao refletir sobre a unidade do homem em seus múltiplos trabalhos como poeta,
escultor, músico, arquiteto, anatomista, segundo postulava o próprio mundo renascentista.
A cena verbivocovisual exposta acima pode ser ainda evidenciada uma vez mais a
partir de registros fotográficos desse período, em que encontramos alguns dos artistas
supracitados, entre outros conhecidos na época. Ademais, as imagens abaixo intensificam os
três pontos levados por nós, a saber, a intersecção de linguagem; a colaboração entre artistas
de diferentes campos das artes; e a figura de Maiakóvski como um personagem que
unificavam as vertentes em torna do signo.
Figura 1 - De pé: Maiakóvski e Ródtchenko; sentados: Chostakóvitch e Meyerhold. No
ensaio para a peça O percevejo, de Maiakóvski. Aleksei Temerin, 1929.
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Disponível em: https://russiainphoto.ru acesso 13 de abril 2022.
Figura 3 - Vladimir Maiakóvski com amigos e conhecido no workshop de Nikolai Kulbin.
Sentado: Nikolai Kulbin5, Olga Rozanova6, Arthur Lourié 7, Wassily Kamensky8; em pé:
Maiakóvski, segurando o retrato de Georgy Yakulov 9 (1915)
5
Pintor futurista russo, músico e teórico.
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Artista visual ligada ao Suprematismo e ao Cubo-Futurismo.
7
Músico.
8
Poeta futurista.
9
Pintor, artista gráfico, decorador, cenógrafo e teórico da arte.
Figura 4 – Diretor de teatro Vsevolod Meyerhold, compositor Sergei Prokofiev e o pintor
Alexander Tyshler em foto durante os ensaios da ópera Semyon Kotko, de Prokofiev (1939)
Fonte: Pinterest10
A efervescência cultural da época registrada nos exemplos acima por meio de imagens
e relato de pesquisadores marca também a presença de uma recorrente entre os intelectuais
desse período, denominada de “Terceiro Renascimento”11 (BRANDIST, 2002; MEDVIEDEV;
MEDVIEDEVA; SHEPERD, 2015), que dominaria o país no início dos anos 20. Esse
pensamento vinha desde o começo do século e foi idealizado por F. F. Zelinski e reelaborado
pelas visões dos simbolistas I. F. Annenski e V. I. Ivanov. A forma como se referiam à Vitebsk
comprova isso, pois esta cidade foi o terreno profícuo para o desenvolvimento dela. E é sobre
essa temática que pretendemos nos voltar agora a partir do trabalho de White e Peters (2017).
Sendo um lugar de refúgio da fome e da guerra num primeiro momento para diversos
intelectuais, Vitebsk tornou-se uma cidade de atmosfera criativa a densa, com muitas
atividades culturais de cunho vanguardista e uma notável variedade de princípios de
criatividade. Nela, encontravam-se, no início dos anos 20, coletivos, como Os Campeões da
Nova Arte (UNOVIS), escola de Kazemir Malevich, e o começo da formação do Círculo
“B.M.V.”, além da presença de artistas como Marc Chagall e Lissitski.
10
Disponível em: https://www.pinterest.ru/pin/427067977166644403/ acesso 13 de abril de 2022.
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A ideia consiste na compreensão de um relato cíclico da história em que o crescimento, declínio e
renascimento da cultura se repetem. Tornou-se uma nova forma de eslavofilismo, com defensores argumentando
que o primeiro Renascimento havia sido italiano e o segundo alemão, o terceiro seria eslavo.
Desse modo, o Círculo não se limitou à filosofia acadêmica, mas se envolveu
inteiramente com a vida cultural da cidade. Medviédev assumiu o cargo de reitor da
Universidade Proletária de Vitebsk, o qual serviu como equivalente de prefeito de Vitebsk por
um tempo, bem como se tornou editor do jornal cultural da cidade, Iskusstvo (Arte), no qual
ele e Volóchinov contribuíram com artigos. Bakhtin realizou palestras sobre Nietzsche,
ensinou literatura no Instituto Pedagógico e História, e Filosofia da música no Conservatório.
De acordo com White e Peters (2017), esse fato leva estudiosos e pesquisadores do
Círculo a, pelo menos, questionarem a possibilidade de encontro entre os coletivos. Haynes
(2013) afirma que tanto Chagall quanto Malevitch não chegaram a conhecer o Círculo,
enquanto Shakskikh (2007), Katsnelson (2006), e Hirschkop (1999) apontam para uma
aproximação. No entanto, não há registros que possam encerrar a questão, seja para um lado
ou para outro. Nesse sentido, compartilhamos com a posição dos pesquisadores de que,
independente de haver tido ou não uma troca física, é evidente – e isso é possível observar
pelos textos dos intelectuais – um compartilhamento de ideias entre o coletivo pensante
bakhtiniano e a vanguarda russa, sobretudo o interesse pela relação arte e vida.
Nesse período, havia a preocupação entre esses intelectuais viventes em Vitebsk de
examinar uma posição filosófica sobre criatividade e compreensão da responsabilidade
estética no contexto ideológico da vida, isto é, a função social da obra de arte. É dessa época,
por exemplo, o manifesto suprematista de Malevitch e o texto “O autor e o herói na atividade
estética”, de Bakhtin.
Sob a liderança de Chagall, a Escola de Arte do Povo direcionou-se para uma teoria da
arte consonante aos princípios contemporâneos, embora menos radical que Malevitch. Foi
aqui que o gênero agitprop12 se firmou como meio de disseminação de ideias políticas. A
escola de Chagall tinha como cerne em seu trabalho os objetivos democráticos de levar arte
para as massas através da educação e exposição de arte na experiência cotidiana. Com isso, o
coletivo vanguardista oferecia instrução a camponeses e ao povo, jovens e velhos, sem
barreiras à participação. Ao fazê-lo, o sujeito foi assim formado por meio de uma relação
genuína com a vida cotidiana, o que, inevitavelmente, levou a uma abertura para a
coexistência de visões de mundo de mundo ou, em termos bakhtinianos, para a presença de
uma plurivocalidade discursiva. Tal posicionamento converge com o Círculo, ao retomarmos
a ideia de que todo ato, neste caso estético, vive fundamentalmente na fronteira dialógica da
12
Abreviação de Departamento de Agitação e Propaganda. Termo aplicado aos meios de comunicação populares
que tinha como função a promoção e disseminação dos ideais soviéticos.
vida e que abstraído dela, perde a alma, torna-se vazia, desintegra-se e morre (BAKHTIN,
2015)
A esse respeito, de maneira semelhante, mas com sua particularidade estilística e do
material semiótico, Maiakóvski busca estabelecer a relação arte e vida em seu projeto estético.
Em seus manifestos artísticos “Cartas sobre o futurismo” e “Nosso trabalho vocabular”, de
1922 e 1923, respectivamente, constatamos a procura do poeta russo pela derrubada dessa
barreira entre a função comunicativa da linguagem, a função da poesia e da prosa. Não há
mais distinção de temas, imagens e objetivos entres esses discursos. Os futuristas trabalham
“com a organização dos sons da língua, a polifonia do ritmo, a simplificação das construções
vocabulares, a precisão da expressividade lingüística, a elaboração de novos processos
temáticos” (MAIAKÓVSKI, 1971 [1923], p. 222), com a finalidade de melhor abordar os
fatos da atualidade. A arte, nas palavras de Maiakóvski (1971 [1924], p. 114), devia “ligar-se
estreitamente com a vida (como função intensiva desta). Fundir-se com ela ou perecer”.
Essa proposta de estudo estabelecida pelos intelectuais era uma forma de fazer a arte
penetrar na vida e esta na arte, de modo a construir novas possibilidades de apreensão das
experiências sociais que se constituíam naquele momento por meio da experimentação da e
com a linguagem. Nesse sentido, concordamos com a afirmação de White e Peters (2017, p.
926) a respeito dos acontecimentos em Vitebsk:
É por esta razão, nesta interseção crucial de Vitebsk, que nos demoramos –
entre uma coincidência dialógica do Círculo de Bakhtin e o movimento de
vanguarda neste momento histórico em que, embora mais tarde sufocado na
sociedade totalitária russa, esse coletivo criativo começou importantes
discussões filosóficas que iriam influenciar o mundo mais amplo de
maneiras profundas13.
Sem dúvida, diante dos apontamentos acima, a cidade de Vitebsk tornou-se um local
crucial para o intercâmbio de ideias e disciplinas em meio aos acontecimentos na União
Soviética. De maneira mais especial para a base da relação entre coletivo pensante
bakhtiniano e as vanguardas russas emergentes daquele momento, as quais contribuíram
fortemente para o desenvolvimento das ideias soviéticas no período dos anos 20. Elas
possibilitaram uma espécie de mistura fortuita de personalidades e práticas que foram
combustíveis para as energias criativas. Para o Círculo, especificamente, as trocas tidas
13
No original: It is for this reason, at this pivotal Vitebsk intersection, that we linger—between a dialogic
coinciding of the Bakhtin Circle and the Avant-Garde movement at this historical moment where, while later to
be stifled in totalitarian Russian society, this creative collective began important philosophical discussions that
were to influence the wider world in profound ways.
durante a estadia na cidade foram tão frutíferas que, neste momento, é quando os estudiosos
do Círculo “elaboraram as linhas mestras do que realizaram em Leningrado” (GRILLO, 2012,
p. 21). Linhas estas que, segundo Brandist, consistiam no desenvolvimento de uma filosofia
da linguagem e da significação em geral, com particular referência ao material literário, posto
que a vida se constitui tridimensionalmente e só possível apreendê-la e concretizá-la por meio
das, nas e pelas linguagens verbal, visual e verbal.
Além disso, outro ponto pertinente para a nossa discussão é demonstrar como o
procedimento metodológico de reflexão se aproxima na formulação teórica dos autores. Para
isso, do mesmo modo que mostramos a convergência entre o Círculo e Maiakóvski acerca da
relação arte e vida e construção de um método que alie a análise formal e sociológica da obra
de arte (PAULA; LUCIANO, 2020c), neste momento estabeleceremos brevemente a relação
entre as ideia de Kandinsky e do coletivo pensante bakhtiniano acerca da manifestação e
interdependência dos signos.
Kandinsky pode ser visto como um multi-intelectual, uma vez que, durante sua
carreira, dedicou-se à música, à poética e à pintura, ainda que seja reconhecido quase
exclusivamente por esta última. Além disso, o pintor russo lecionou em Bauhaus entre os anos
de 1922 e 1933 (ano de fechamento pelos nazistas), escola de vanguarda que tinha como uma
de suas propostas a combinação entre a pintura, arquitetura, música, teatro e outras artes. Eis
que encontramos, aqui, as primeiras convergências que nos indicam para uma compreensão
interrelacional da linguagem.
Tal posição de Kandinsky e do Círculo se manifestará desde a abordagem que cada
autor14 desenvolverá em suas produções teóricas. O primeiro, ao analisar o movimento de
interiorização do homem na arte, debruça-se sobre o procedimento na literatura, na música e
na pintura, de maneira a compreender como ocorre em cada materialidade semiótica a partir
de suas especificidades técnicas. Por exemplo, em Maeterlinck, a palavra poética é
determinada na alma pela entonação em que é pronunciada, gerando uma complexa vibração
interior. Na música, isso ocorre por meio de leitmotiv puramente musical, no caso das obras
de Wagner. E na pintura aparece com as manifestações impressionistas, na quais tendem para
o abstrato (KANDINSKY, 1996).
Ao estudar as categorias de espaço e tempo, Bakhtin (2011) utiliza o mesmo recurso
tomado pelo pintor russo. O filósofo aponta o nível de abstração que há na categoria espacial,
14
Em relação ao Círculo de Bakhtin, compreendemos uma única autoria realizada coletivamente. Por isso,
referência ao grupo como “um autor”.
sendo plenamente realizada nas artes visuais devido ao material externo e menos concretizada
na música, que se manifesta mais plenamente na forma temporal do material externo.
Todavia, a aproximação efetiva entre Kandinsky e o Círculo B.M.V no que se refere a
uma concepção interrelacional da linguagem se dá explicitamente no entendimento da geral
da arte, e da linguagem, expostas por cada autor em seus textos. Assim encontramos em Do
espiritual da arte, do pintor, e em “O Problema do texto” do filósofo:
Todo sistema de signos (isto é, qualquer língua), por mais que sua convenção
se apoie em uma coletividade estreita, em princípio sempre pode ser
codificada, isto é, traduzido para outros sistemas de signos (outras
linguagens); consequentemente, existe uma lógica geral dos sistemas de
signos, uma potencial linguagem das linguagens única (que, evidentemente,
nunca pode vir a ser uma linguagem única concreta, uma das linguagens).
(BAKHTIN, 2011, p. 311, grifos nossos)
Nos excertos acima, observamos não apenas a possibilidade de uma unidade geral das
linguagens, mas também a independência de cada material semiótico, sem viabilidade de que
um seja capaz de substituir o outro, visto que cada materialidade - com seus meios, formas e
princípios - expressa diferentes aspectos da realidade interior e exterior do homem e juntas
constituem a existência do ser e do mundo. A linguagem encontra-se sua unidade no sujeito,
por meio dela ele ganha existência, assim como, o signo só passa a ter concretude ao ser
in-corporado pelo homem na busca pela expressão de si e da realidade que o circunda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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