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INTRODUÇÃO À

BIOMEDICINA

autora
VIVECA ANTONIA GIOGO GALVÃO DA SILVA

1ª edição
SESES
rio de janeiro  2019
Conselho editorial  roberto paes e gisele lima

Autora do original  viveca antonia giogo galvão da silva

Projeto editorial  roberto paes

Coordenação de produção  andré lage, luís salgueiro e luana barbosa da silva

Projeto gráfico  paulo vitor bastos

Diagramação  bfs media

Revisão linguística  bfs media

Revisão de conteúdo  joyce pereira dos santos muniz e danielly cantarelli de


oliveira

Imagem de capa  elnur | shutterstock.com

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2019.

Diretoria de Ensino – Fábrica de Conhecimento


Av. das Américas, 4.200 – Barra da Tijuca
Campus Tom Jobim – Rio de Janeiro – RJ – CEP: 22640-102
Sumário
Prefácio 7

1. A construção da Biomedicina e o seu papel


na saúde no Brasil 9
Surge um novo curso superior para a saúde 11

Atualizando a definição de saúde 15

O Sistema Único de Saúde 18

O biomédico na Saúde Pública 21

A formação do profissional da área da saúde 22

Perfil do egresso e considerações sobre as habilitações 24

Quantos somos e o que fazemos 25

2. Os alicerces da Biomedicina 29
Os alicerces da Biomedicina 31

Atribuições do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais 33


Do Conselho Federal 33
Dos Conselhos Regionais de Biomedicina 35

Código de Ética do Biomédico 37

3. Habilidades do profissional biomédico 51


A importância da interdisciplinaridade para a Biomedicina 52

Diretrizes curriculares 54

Perfil do formando egresso/profissional 55

Competências e habilidades gerais do biomédico 56

Competências e habilidades específicas do biomédico 59


Currículo comum para a Biomedicina 61

Quando procurar um estágio? 62

Trabalho de conclusão de curso (TCC) 63

4. Mercado de trabalho e habilitações 65


O mercado de trabalho para o biomédico 66

Biomedicina hoje 68

Como obter a sua habilitação? 68

Habilitações da Biomedicina 69
Patologia Clínica (Análises Clínicas) 69
Hematologia e/ou banco de sangue 72
Acupuntura 73
Análise Ambiental 75
Análises bromatológicas 77

Microbiologia de Alimentos 78
Imagenologia, Radiologia e Biofísica 79
Informática em Saúde 81
Auditor 81
Biologia Molecular 82

5. Habilitações e inovações da Biomedicina 85


Inovações nas habilitações da Biomedicina 87
Biomedicina estética 87
Perfusão 88
Citologia oncótica 89
Histotecnologia clínica 89
Análise Forense – Perícia Criminal 90
Toxicologia 91
Reprodução humana 92
Genética 93
Sanitarista 94
Saúde pública 95
Fisiologia 95
Bioquímica 95
Virologia 96
Imunologia 97
Microbiologia 97
Parasitologia 98
Psicobiologia 99
Farmacologia 100

Novos campos de atuação do biomédico 100


Pós-graduação 101
Prefácio

Prezados(as) alunos(as),
A Biomedicina surgiu como uma nova proposta de curso de graduação para dar
apoio na formação principalmente de médicos. Os objetivos principais na década
de 1960, período embrionário da nossa profissão, foram a formação de docentes e
pesquisadores das disciplinas básicas, requisitos faltantes na época da expansão das
universidades públicas estaduais e federais. Com uma formação de base diferencia-
da, esses profissionais ocuparam inicialmente os postos projetados para essa profis-
são. Entretanto, e talvez pelo aumento da procura desse curso, rapidamente as vagas
em universidades ficaram saturadas, fazendo os novos profissionais migrarem para o
mercado privado, especialmente de análises clínicas. E nesse momento, começamos
a entender a verdadeira luta pelo reconhecimento da profissão de Biomedicina.
Desde o seu início, o profissional biomédico destacou-se pela grande aderên-
cia aos diagnósticos laboratoriais, aos estudos de caso envolvendo raciocínio lógico
e crítico para solução de problemas. No entanto, a ocupação compartilhada em
laboratórios de análises clínicas com médicos e farmacêuticos resultou em uma
demora considerável do nosso reconhecimento como profissão da área da saúde.
Isso foi há mais de 30 anos, e desde então novas conquistas foram agregadas
ao nosso perfil profissional. Somos reconhecidos pela nossa formação humanista,
crítica e reflexiva em relação aos principais problemas de saúde, sempre
respondendo com propostas de soluções de forma a agir coletivamente na melhoria
das condições de vida da população humana.
Percebemos nos últimos anos um grande reconhecimento da população, e
assim seguimos cada vez mais especializados, e hoje temos mais de 35 habilitações
disponíveis para o aluno/profissional. Todas estão pautadas nos princípios éticos/
bioéticos e com a enorme responsabilidade de quem sabe como foi difícil chegar
até aqui. Como afirmou o presidente do Conselho Federal, Dr. Silvio Cecchi,
“não somos de status, somos de trabalho”. Sim, somos de trabalho, de inovações
tecnológicas, de pesquisas científicas, enfim, trabalhamos pela saúde, sempre.
Hoje habilitações como Acupuntura, Perfusão Extracorpórea, Reprodução
Assistida, Genética, Biomedicina Estética e Biotecnologia, entre outras, representam
tão bem a nova biomedicina que você vai começar a entender agora, e tenho certeza,
também sentirá o mesmo orgulho que nós. Bem-vindos, biomédicos!

Bons estudos!

7
1
A construção da
Biomedicina e o seu
papel na saúde no
Brasil
A construção da Biomedicina e o seu papel
na saúde no Brasil

A Biomedicina foi criada, em um primeiro momento, para formar


profissionais que pudessem suprir, na década de 1960, a carência por bons
profissionais na educação superior básica. Felizmente, essa profissão cresceu, se
especializou, e cada vez mais ocupa o mercado de trabalho com profissionais de
35 especialidades diferentes, tornando-se um importante pilar para o Brasil em
relação ao diagnóstico, à prevenção e ao tratamento. Hoje, nos deparamos com a
curiosidade e a admiração da população pelo nosso curso. A Biomedicina é uma
escolha essencial para o serviço de saúde público, privado e de formação científica,
podendo ser aproveitada nos diversos setores da saúde do país.
Para conhecer a nossa história, conseguimos vencer muitos obstáculos, e,
principalmente, convencer as várias esferas do governo e do Ministério da Educação
que estavam diante de uma nova profissão que ampliaria a qualidade dos serviços
de saúde. Por isso, essas instituições deveriam apostar e regulamentar as atividades
profissionais deste curso, e eles fizeram. Um resultado desse reconhecimento foi a
publicação, em janeiro de 2016, pela revista Exame considerando a Biomedicina
uma das carreiras mais promissoras do país, segundo profissionais de empresas de
recrutamento consultados pela reportagem.
Hoje, conhecemos o ato profissional do biomédico como todo procedimento
técnico-profissional praticado para dar apoio a diagnósticos, para auditoria de
serviços de saúde, assim como coordenação, direção, chefia, perícia supervisão e
ensino. São pertencentes também as atividades de pesquisa e investigação.
Para conhecer a Biomedicina, é preciso conhecer profundamente o conceito
de saúde, contextualizando com as atuais exigências no nosso século. Segundo
a Organização Mundial de Saúde, a saúde universal deve ser o foco por todo o
mundo por meio de medidas de controle e erradicação dos principais fatores de
desequilíbrio da população humana. Desde fatores fisiológicos até psicossociais
que devem ser combatidos e eliminados. Para isso, as atuações de equipes
multidisciplinares em saúde são cada vez mais evidentes. Neste momento de
renovação da saúde mundial, a Biomedicina vem contribuindo com gerações
de residentes em saúde pública, contribuindo de forma dinâmica na tomada de
decisões para melhorias da qualidade da saúde do brasileiro.

capítulo 1 • 10
OBJETIVOS
•  Conhecer a história da Biomedicina e os desafios enfrentados para a sua regulamentação;
•  Definir o ato profissional do biomédico e a visão geral das habilitações;
•  Conhecer o sistema de saúde do Brasil;
•  Definir os requisitos necessários para a formação de um profissional de saúde;
•  Compreender o papel atualizado do biomédico na rede de atenção à saúde da
população brasileira.

Surge um novo curso superior para a saúde

Se compararmos o curso de graduação em Biomedicina com outros da área


da saúde, podemos nos considerar jovens no mercado de trabalho. Projetada
em meados do século passado, a Biomedicina personifica uma época de grandes
avanços científicos e tecnológicos, marcas de mudanças importantes entre os anos
de 1960 e 1970.
A década de 1960 é marcada por importantes avanços na área da saúde. Novos
métodos de diagnóstico para doenças infecciosas começaram a surgir, além de
centros de pesquisa e universidades por todo Brasil. No final da década de 1960,
surgem mais cursos de Medicina, Biologia, Administração e Direito, especialmente
nas universidades públicas, apesar de várias escolas de Medicina também terem
surgido nas faculdades particulares e a visão geral na época era de um país em
franco desenvolvimento na educação superior.
No entanto, à medida que crescia a oferta, principalmente na Região Sudeste,
surgiram também críticas em relação à qualidade da formação profissional,
especialmente sobre o perfil dos docentes responsáveis por ministrar as disciplinas
do ciclo básico. Em outras palavras, as aulas ministradas por profissionais médicos
não tinham o mesmo aprofundamento em seus conteúdos se as mesmas fossem
ministradas por biólogos, por exemplo, na disciplina de genética.
A efervescência na educação superior no Brasil também foi responsável por
grandes mudanças nas estruturas das universidades publicas, culminando com o
aparecimento dos departamentos administrados por professores especializados.
Essas mudanças acabaram evidenciando ainda mais a carência de profissionais de
saúde para a formação básica, ou seja, as disciplinas comuns a todos os alunos,

capítulo 1 • 11
como a Histologia, Fisiologia, Microbiologia etc. Essa situação delicada desper-
ta, em alguns professores, liderados pelo Professor Doutor Leal Prado, da Escola
Paulista de Medicina, mudanças urgentes, e em 1966 esse grupo sugere a cria-
ção de um curso denominado de “Biologia Médica” ou “Ciências Biológicas da
Modalidade Médica”.
O embrião dessas mudanças aconteceu ainda em 1950. Durante um simpó-
sio sobre seleção e treinamento de técnicos, na Segunda Reunião da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o Dr. Leal Prado explicou sobre
a importância de um curso superior de graduação e pós-graduação para esse fim.

Figura 1.1  –  Prof. Dr. Leal Prado de Carvalho

Em dezembro do mesmo ano, em uma reunião histórica com representantes


da então Escola Paulista de Medicina, da Universidade de São Paulo, do Instituto
Butantã e do Instituto Biológico foram definidos os objetivos para o novo curso:
formação de profissionais biomédicos para atuarem como docentes especializados
nas disciplinas básicas das escolas de Medicina e Odontologia; formação de
pesquisadores científicos nas áreas de Ciências Básicas e Aplicadas.

capítulo 1 • 12
Figura 1.2  –  Integrantes da Escola Paulista de Medicina/Unifesp que contribuíram
para a formação do profissional biomédico. Entre outros se destacam os
professores A. C. M. Paiva, Eline Prado, J. Ribeiro do Valle e J. Leal Prado (primeira
fileira); Catharina Brandi e Zuleika P. Ribeiro do Valle (segunda fileira).

Essa proposta foi rapidamente colocada em prática e os primeiros cursos de


Ciências Biológicas da Modalidade Médica foram criados entre 1966 e 1968 na
Escola Paulista de Medicina (atual UNIFESP), na Faculdade de Ciências Médicas
e Biológicas de Botucatu (atual UNESP), na Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto (USP) e na Faculdade Nacional de Medicina do Rio de Janeiro (atual UFRJ).
Como previsto, os alunos formandos dessas instituições foram imediatamente
absorvidos como docentes de disciplinas básicas ou pesquisadores nas suas próprias
instituições de origem, ou em instituições de pesquisa, demonstrando que a
Biomedicina tinha um campo de atuação produtivo para o mercado profissional.
Entretanto, com o preenchimento das vagas disponíveis, principalmente
na docência, o que se verificou foi o número crescente de profissionais sem
possibilidade de emprego. Além disso, ficou claro que muitos formandos não
desejavam a docência e sim exercer o diagnóstico laboratorial. Essa situação levou,
felizmente, à ampliação da nossa atuação para as análises clínicas ou, se assim
preferisse o formando, a transferência para o curso de Medicina.
Dessa forma, o perfil biomédico atuante em análises clínicas foi predominante
nas faculdades particulares, como o surgimento de vários cursos pelo Brasil,
tornando-se rapidamente uma referência para as novas turmas a partir de 1970.
Contudo, na prática, o exercício do diagnóstico laboratorial não foi visto com

capítulo 1 • 13
entusiasmo, principalmente pelos laboratórios particulares dominados por
farmacêuticos bioquímicos e patologistas clínicos. Receosos com a possível perda
do seu campo de trabalho, eles começaram a impedir a participação de biomédicos,
inclusive em editais de concursos.
Como resultado, inúmeras campanhas pela regulamentação foram lançadas por
todo Brasil, fazendo com que, em 1979, a lei n. 6.684 (3/9/1979) regulamentasse
as profissões de Biólogo e de Biomédico, com a criação dos Conselhos Federais
e Conselhos Regionais de Biologia e Biomedicina, os Órgãos de Fiscalização e o
perfil do Exercício Profissional. Mesmo assim, algumas interpretações errôneas
de outras profissões fizeram surgir algumas ações que impediam a atuação
biomédica, exigindo muito dos nossos representantes, ou seja, a árdua tarefa
de discussões e conscientizações junto ao Ministério da Educação e por vários
gabinetes de deputados estaduais, federais e senadores, por todo o país. Essas
campanhas resultaram na lei n. 6.686, de 11 de setembro de 1979, que permitiu
aos portadores de diploma da então Biomedicina, denominada de Ciências
Biológicas, a modalidade médica, a realização de análises clínico-laboratoriais,
assinando os respectivos laudos.
Em 1982, a Biomedicina é desmembrada da Biologia por meio da lei n. 7.017
de 30 de agosto e no ano seguinte, sob o Decreto n. 88.439, de 28 de junho
de 1983, ficou regulamentado que o exercício da profissão do biomédico seria
dado somente aos portadores de carteira de identidade profissional expedida pelo
Conselho Regional de Biomedicina da juridisção.5 Somente em 1985, o exercício
das atividades do biomédico, incluindo o exercício pleno em análises clínicas, foi
finalmente reconhecido pelo Acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) em
face da Representação n 1.256-5/DF, de 20 de novembro de 1985 – que por essa
razão é comemorado o Dia do Biomédico. O projeto de lei foi apresentado pelo
biomédico e deputado federal Lobbe Neto.
Em 2007, o Conselho Federal de Biomedicina, pela Resolução n. 145
(30/8/07) definiu o Ato Profissional do Biomédico como:

“todo procedimento técnico-profissional praticado por biomédico, na área em que esteja


legalmente habilitado/capacitado, a saber: – Atividades que envolvam procedimentos
de apoio diagnóstico; – Atividades de coordenação, direção, chefia, perícia, auditoria,
supervisão e ensino; – Atividades de pesquisa e investigação.”

capítulo 1 • 14
Atualizando a definição de saúde

Quando a palavra “saúde” está inserida em algum texto, ou algum termo é


associado a ela, isso nos chama a atenção, imediatamente pensamos em um estado
físico livre de doenças ou qualquer interferência que nos impede de exercer as
nossas tarefas ou compromissos do dia a dia, não é verdade?
Até certo ponto, sim. Sob os parâmetros fisiológicos, qualquer doença poderá
afetar a nossa sobrevida ou até mesmo levar-nos à morte. Saúde seria, então, por
lógica, a ausência de doença. No entanto, a definição de saúde não é a mesma em
todos os lugares. Na realidade, a saúde representa uma conjuntura social, cultural
e até religiosa de uma população em determinado período de tempo, varia sob
muitas influências e mais complexa ainda é a definição de doença.
©© EVERETT HISTORICAL | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 1.3  –  Pintura medieval de uma bíblia alemã (1411) representando


um casal com a peste negra (peste bubônica) com bubões pelo corpo.
A sua forma de transmissão é por pulgas infectadas por Yersinia pestis,
presente em ratos e com a proximidade, também em humanos.

Desde os primeiros registros de civilizações, o homem esteve empenhado em


decifrar o que seria doença (e com isso saúde). Relatos da Roma Antiga salientam
o costume de se banharem por horas em saunas ou poços de água para controle

capítulo 1 • 15
de pragas, sendo a higiene considerada até um sinal de virtude entre os romanos.
Entretanto, foi durante a Idade Média, influenciada pelos novos conceitos
religiosos e pelo apoio bíblico, que o cuidado ao corpo foi substituído pela atenção
espiritual, e o conceito de saúde/doença/transmissões ganhou novo enfoque. Isso,
em parte, explica a forte associação da suposta cólera de Deus a grandes epidemias
que seguiram nos séculos seguintes. Desde punições até o aparecimento de um
cometa, em 1664, poderiam justificar o aparecimento da peste.
Atualmente, com os avanços tecnológicos para identificação de agentes causa-
dores de doenças e as novas abordagens da relação hospedeiro-parasito, certamen-
te o aparecimento de uma nova epidemia não ultrapassaria semanas para que ações
globais de controle fossem tomadas, como vimos no empenho mundial durante a
epidemia de Zika em 2016.

Figura 1.4 – Campanha do Dia Mundial da saúde, 7 de abril,


representando o acesso de toda a população a saúde universal.

No século XXI, o conceito de saúde está amplo e real. Cada vez mais a saúde
está vinculada ao acesso de todas as pessoas a todos os fatores que podem, de
forma direta ou indireta, contribuir para o bem-estar. Chama-se Saúde Universal
pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e Organização Mundial de
Saúde (OMS). Veja na íntegra um texto sobre a Saúde Universal:

capítulo 1 • 16
“[...] garantir que todas as pessoas e comunidades tenham acesso aos serviços de saúde
sem qualquer tipo de discriminação e sem sofrerem dificuldades financeiras. Abrange
toda a gama de serviços de saúde, incluindo promoção da saúde, prevenção de doenças,
tratamento, reabilitação e cuidados paliativos, que devem ser de qualidade, integrais,
seguros, eficazes e acessíveis a todos.”

Hoje, o conceito de saúde alcança novos significados com valores sociais e


econômicos. Ainda pensando sobre novos conceitos para saúde/doença, nesse
contexto histórico, a depressão, antes tratada como “doença de rico”, hoje está no
topo da lista de causas de problemas de saúde. A OMS afirma que mais de 300
milhões de pessoas vivem com depressão e lançou a campanha “Depressão: vamos
conversar?”, pois é o preconceito contínuo, associado ao transtorno mental que
impede muitas pessoas de acessarem o tratamento.

Figura 1.5  –  Campanha da OMS para a depressão: “Depressão: vamos conversar?”

A saúde universal, comemorada no dia 7 de abril, exige que todos os setores


da sociedade estejam envolvidos para evitar que fatores biológicos e sociais possam
influenciar a saúde das pessoas.
A Organização Mundial da Saúde, uma das agências da Organização das
Nações Unidas (ONU), afirma que a saúde é um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não representa apenas a ausência de doenças ou de
enfermidade. Há décadas seus investimentos mudaram significativamente o curso
de muitas epidemias no mundo.

capítulo 1 • 17
A OMS é responsável por uma série de programas cujas atividades incluem
saneamento em áreas de risco, a capacitação de profissionais de saúde, o fortaleci-
mento dos serviços médicos e nas políticas de medicamentos, além de incentivar
as pesquisas biomédicas. Talvez um dos programas mais fáceis de lembrar é o
Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids (UNAIDS), que a OMS
participa desde 1986. É desse programa que são financiadas as ações que irão for-
necer as tomadas de decisões para o controle da aids.
E estamos diretamente envolvidos nisso? Para UNAIDS, o Brasil tem me-
recido destaque nas ações de promoção de saúde, pois os serviços de saúde,
os medicamentos antirretrovirais, os preservativos, a testagem e a genotipa-
gem são oferecidos sem qualquer custo aos pacientes pelo Sistema Único de
Saúde (SUS). No seu último relatório, a OMS elogia as ações do Ministério
da Saúde do Brasil na negociação da redução de 40% do medicamento antirre-
troviral Dolutegravir, e também a implementação, em parceria com a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), de um questionário eletrônico para
monitoramento da toxicidade (efeitos colaterais) ao medicamento, permitin-
do o monitoramento para respostas imediatas de controle da enfermidade.
Não podemos deixar de lembrar que isso envolve certamente a dedicação
de muitos profissionais da saúde, incluindo biomédicos para que essas ações
tenham êxito.

O Sistema Único de Saúde

Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a “Saúde é direito de


todos e dever do Estado”. Antes da CF-8, a assistência médica era reservada para
serviços hospitalares somente aos trabalhadores vinculados à Previdência Social
e muitos eram atendidos em entidades filantrópicas. Com a nova constituição,
e a Lei Orgânica da Saúde, de nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, os debates
sobre o conceito de saúde se intensificaram e a saúde não se limitava apenas a
ausência de doença. Ficou claro que a qualidade de vida da população, com novas
políticas públicas, promove a redução de desigualdades regionais e promovam
desenvolvimentos econômico e social. A gestão das ações e dos serviços de saúde
deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federação: a União, os
Estados e os municípios.
Assim, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) garantiu o acesso de
todos ao sistema público de saúde, da gestação e por toda a vida, com ações de

capítulo 1 • 18
atenção à saúde e qualidade de vida. É um dos maiores sistemas públicos de
saúde do mundo, tendo como base o acesso integral, universal e gratuito para
toda a população do país. Ou seja, segue os princípios da universalização – a
saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado assegurar o
acesso a estas ações e serviços, independentemente de sexo, raça ou ocupação; da
equidade – as pessoas possuem necessidades distintas e deve ser investido onde
a carência é maior e da integralidade – toda pessoa deve receber atendimento a
todas as suas necessidades.
Assim, é necessária a integração das ações de saúde com as políticas
públicas para que o ser humano possa ser contemplado em todos os aspectos
da sua saúde e qualidade de vida. Ela engloba a atenção básica, média e de
alta complexidade, os serviços de urgência e emergência, a atenção hospitalar,
as ações e os serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e
assistência farmacêutica.

Figura 1.6  –  Cartão digital do SUS – seus dados apresentam a


análise completa e histórico médico, fornecendo, dessa maneira, muitas
informações importantes do estado de saúde do paciente.

E como é a organização do SUS? Os níveis de direção são: Ministério da


Saúde, Secretarias de Saúde dos Estados e do Distrito Federal e Secretarias
de Saúde dos Municípios. Cabe ao Ministério da Saúde, entre outras
responsabilidades, a implementação da rede, articulando as três esferas de gestão
do SUS, a promoção da capacitação contínua dos profissionais envolvidos no
planejamento e na disseminação de conhecimento técnico-científico, além do
monitoramento e da avaliação do processo de planejamento em nível federal e
posteriormente, aos estados e municípios.

capítulo 1 • 19
Órgãos Colegiados
Ministro da Saúde • Conselho Nacional de Saúde
• Conselho de Saúde Suplementar

Gabinete Secretaria Execu�va

Departamento Nacional
Consultoria Jurídica
de Auditoria do SUS

Secretaria de Secretaria de Secretaria de Secretaria de


Secretaria de Gestão do Trabalho Ciência, Tecnologia
e da Educação Gestão Vigilância em e Insumos
Atenção a Saúde
na Saúde Par�cipa�va Saúde Estratégicos

Autarquias
Sociedades de
Fundações Públicas • Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Economia Mista
• Agência Nacional de Saúde Suplementar

Figura 1.7  –  Organograma dos níveis hierárquicos controladores


do sistema único de saúde pública do Brasil.

As responsabilidades das Secretarias Estaduais são, entre outras, de


implantação, monitoramento e avaliação sistemática do PlanejaSUS (Sistema de
Planejamento do SUS) nos estados e de assessoria aos municípios para estratégias
locais, promoção de políticas públicas de saúde de forma articulada. E no fim
da cadeia, as Secretarias Municipais que são responsáveis pelo planejamento
local com monitoramento e avaliação das propostas e divulgação dos resultados.
Nesse sentido, o fluxo de informações da rede SUS começa na base, ou seja, nos
ambulatórios e hospitais que enviam dados semanalmente através da Regional
de Saúde para as Secretarias Municipais de Saúde. Estas enviam as informações
para as respectivas Secretarias Estaduais, também semanalmente e as transmitem,
quinzenalmente, para o Ministério da Saúde.
Com isso, percebemos facilmente que cada profissional de saúde no nosso
país está envolvido, mesmo que de forma indireta, nas ações das nossas políticas
públicas de saúde.
Hoje a pós-graduação lato sensu ou Especialização em Residência
Multiprofissional em Saúde é uma referência para educação em serviços. Várias
categorias da área da saúde, entre elas a Biomedicina, fazem parte dessa residência
para preparação de ações de cooperação de profissionais nas áreas prioritárias do
Sistema Único de Saúde.

capítulo 1 • 20
Se você quiser conhecer um pouco mais sobre o SUS, acesse o e-book intera-
tivo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) através do site, disponível em: <http://
www.livrosinterativoseditora.fiocruz.br/sus/>. Acesso em: jul. 2019.

O biomédico na Saúde Pública

O biomédico possui muitas habilitações voltadas para a saúde humana, podendo


atuar nas áreas de microbiologia, biologia molecular, anatomia, virologia, fisiologia
e parasitologia, entre outras. Em alguns meios, a Biomedicina é citada inclusive
como a profissão do futuro, pois apresenta uma base robusta para a saúde. E para
a saúde pública, pois as pesquisas por novas vacinas e medicamentos, o controle
epidemiológico, os exames de diagnóstico de doenças fazem parte da nossa vida
profissional e devem ser utilizadas para os planejamentos em saúde pública.
©© ANGELLODECO | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 1.8  –  Biomédico utilizando equipamentos de proteção individuais


(EPI) para manipulação de amostras biológicas em um fluxo laminar.

Por anos, gerações de biomédicos foram reconhecidas como cientistas na


pesquisa básica, ou seja, profissionais atuantes em projetos científicos voltados
para a elucidação de mecanismos envolvidos em fisiologia e patologia, vinculados
a universidades e institutos de pesquisa do Brasil. Em paralelo, muitos biomédicos

capítulo 1 • 21
especializados no diagnóstico laboratorial permaneciam associados a organizações
privadas, evidenciando a ausência de qualquer vínculo com aplicação para a saúde
da população. Como se a importância do biomédico fosse atrás de bancadas e não
em tempo real e na tomada de decisões.
Os biomédicos podem e devem participar de laboratórios de saúde pública,
fazendo parte de uma rede de programas de vigilância em saúde. Cabe ao
biomédico, por meio do seu trabalho, alertar as autoridades, como coordenador
e supervisor de laboratórios públicos. Hoje, o Ministério da Saúde tem ampliado
o incentivo aos laboratórios nacionais para produção de vacinas e medicamentos,
além de formação tecnológica.
Outro avanço importante são as parcerias denominadas Parcerias para o
Desenvolvimento Produtivo (PDPs) que ocorrem entre os laboratórios públicos
e privados. Essas ações incluem medicamentos, vacinas, insumos e incentivo à
pesquisa em desenvolvimento, contribuindo para uma economia e independência
considerável para o nosso país.
Quando se fala em profilaxia, o Brasil é referência em imunizações. Além
de participar da Cooperação Tripartite Haiti-Brasil-Canadá, para contribuir no
programa de imunizações do Haiti, o Brasil participa de várias cooperações e ações
estratégicas em países como a Palestina e Cisjordânia, além de ter cooperação
técnica com países como China, Estados Unidos, Paraguai, Uruguai e Argentina,
entre outros. Nesse sentido, a Fiocruz, Instituto Adolfo Lutz, Instituto Butantã,
Vital Brazil também são protagonistas nos intercâmbios de saúde global,
participando de conselhos da ONU e OMS.
Diante de tantos exemplos de qualidade, podemos afirmar que a concepção de
saúde para o profissional biomédico tem como foco a prevenção, o monitoramento,
a estratégia no cuidado da população brasileira.

A formação do profissional da área da saúde

Do que precisa um biomédico para ser um profissional em saúde? Com certeza,


aproveitar todas as atividades curriculares e extracurriculares, como semanas cientí-
ficas, simpósios, congressos do conselho federal é uma excelente opção. No entanto,
percebemos rapidamente que o biomédico trabalha muitas vezes em equipe. E é
provável que o trabalho em equipe concentre os pares, ou seja, outros profissionais
de especialidades bem próximas contribuindo para um diagnóstico. Essa visão de

capítulo 1 • 22
equipe, aliás muito comum, tem se mostrado ineficiente, e a causa disso é a falta de
novas abordagens em saúde e educação, ou seja, na formação humana.
Talvez a educação interprofissional (EPI) seja um campo novo para você, mas
essa prática tem se mostrado essencial para o futuro profissional. Especialmente
nos Estados Unidos e na Europa, essa prática, nos últimos trinta anos, tem apri-
morado o cuidado em saúde em todas as suas esferas.
A EIP se compromete com o trabalho de equipe e a discussão de papéis
profissionais para a solução de problemas e por isso é inovadora, evalorizando
a história de diferentes áreas profissionais. Parece simples, mas as formações
profissionais de hoje não estimulam as trocas de experiências.
Atualmente, essa metodologia é considerada urgente segundo organizações
de saúde, como a OPAS/OMS que lançou um marco para EPI, “Aprendendo
juntos a trabalhar juntos por uma saúde melhor”, afirmando que doenças como
aids, tuberculose e malária dependem da colaboração de todos os tipos de pro-
fissionais para adaptar a resposta aos programas e gerenciar as doenças, educar
e conscientizar.
Para que funcione, a educação deve ser ativa, com a participação do aluno em
diálogos críticos para a solução de problemas. São formadas situações interativas
com o professor, que passa a ser coadjuvante neste processo. O aluno assume o
controle da sua educação, e o professor é um participante tutor.
Acredito que já esteja reconhecendo alguma semelhança com a sua formação.
Sim, estamos falando das metodologias ativas, nas quais o aluno é convidado a re-
solver alguns conceitos, como observamos na Estácio. Cada atividade extraclasse
permite que você amplie a sua lógica de raciocínio e desperte a curiosidade por
novos conhecimentos, e na prática da sala de aula, novas abordagens surgirão com
os outros alunos. Essa nova metodologia de ensino busca justamente esse diferencial
para a sua formação. Uma base crítica e dinâmica para o profissional em saúde.
E quanto à nova abordagem em saúde, voltamos ao conceito amplo e real de
antes. Essa nova saúde aposta na concepção social-cultural, ou seja, abrangendo
o cuidado por todos os aspectos, a própria integralidade do cuidado. Com essa
integração, a troca de experiências substitui as visões mais estereotipadas das pro-
fissões e o conhecimento é coletivo e produtivo. Não devemos confundir com
multiprofissional, em que não existe necessariamente interação e sim conheci-
mentos paralelos.

capítulo 1 • 23
A educação interprofissional inverte a lógica da formação em saúde, com
cada profissão voltada para seus próprios objetivos.19,20 Todas aprendem em
conjunto as especificidades de cada profissão para o bem do paciente. Outro ponto
interessante nas experiências com educação interprofissional é o aparecimento de
turmas mistas, com todos os alunos dos cursos da saúde. Essa interação dinâmica
é fundamental para a primeira pergunta: “Afinal, o que é importante para um
profissional de saúde aprender?”.

Perfil do egresso e considerações sobre as habilitações

Egresso, enquanto adjetivo, significa alguém que não pertence mais a uma
sociedade. No caso do egresso biomédico ou profissional, segundo o Ministério da
Educação, é definido pela sua formação profissional generalista, humanista, crítica
e reflexiva, para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor
científico e intelectual, dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios
da ética/bioética.
O Ministério da Educação – MEC, amparado no Parecer do Conselho
Nacional de Educação/Câmara de Educação Superior (CNE/CES 104), em 18
de fevereiro de 2003 instituiu as diretrizes curriculares do curso e são documentos
importantes que definem o perfil técnico-profissional e gerencial desejado dos
egressos de Biomedicina. Diante desses documentos, o Conselho Federal de
Biomedicina (CFBM) passou a sistematizar as habilitações (especialidades ou
áreas de atuação) do biomédico, definindo suas nomenclaturas.
Habilitação, especialidade, área ou campo de atuação ou competência são
usadas como palavras sinônimas. É importante lembrar que para exercer uma
área de atuação, por exemplo, a área de Biomedicina Estética, o profissional deve
possuir habilitação em Estética.
Um ponto importante é a possibilidade de o biomédico poder acumular
habilitações. Para isso, ele deverá comprovar no currículo, além de estágio com
duração mínima de 500 horas realizada em instituições (oficial ou particular)
reconhecidas por órgão competente do Ministério da Educação; ou em laboratório
conveniado com instituições de nível superior; ou ter sido aprovado em cursos de
pós-graduação reconhecidos pelo MEC.
Depois da graduação, o biomédico pode ampliar suas competências realizan-
do cursos de especialização, mestrado ou doutorado cuja grade curricular tenha o
perfil de determinada habilitação. Para atuar em certa área, o decreto n. 88.439

capítulo 1 • 24
de 28 de junho de 1983, no artigo 1º cita: “Art. 1º. O exercício da profissão
de biomédico somente será permitido ao portador de Carteira de Identidade
Profissional, expedida pelo Conselho Regional de Biomedicina da respectiva ju-
risdição”, portanto, a inscrição profissional é obrigatória para o exercício legal da
Biomedicina.22

Quantos somos e o que fazemos

Hoje, somos mais de 50 mil profissionais biomédicos espalhados no Brasil e


no mundo, especializados nas mais de 35 habilitações, sendo a mais prevalente
a de análises clínicas. Diante de tantas possibilidades de atuação para a saúde
humana, a Biomedicina já é reconhecida como uma carreira promissora no país,
inclusive com atuações na indústria farmacêutica e pesquisa genética.
É um profissional vinculado à saúde, reconhecido pelo Conselho Nacional de
Saúde, por meio da Resolução 287/98, e na Classificação Brasileira de Ocupações
(CBO) sob o n. 2212 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Figura 1.9  –  Descrição Sumária do Profissional Biomédico


segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), disponível
em: <www.mtecbo.gov.br>. Acesso em: jul. 2019.

capítulo 1 • 25
Biomédicos residentes no exterior atuam principalmente em áreas de pesquisa
básica e clínica, mas muitos já estão inseridos em empresas de diagnóstico e bio-
tecnologia, demonstrando a sólida formação científica.

ATIVIDADES
01. Dentre as 35 habilitações possíveis para o exercício da profissão de biomédico,
algumas têm em comum o campo da pesquisa científica. Cite quais habilitações contribuem
diretamente para inovações e tecnologias que promovem a saúde humana.

02. Segundo a OPAS/OMS, é urgente a educação interprofissional para trabalharmos jun-


tos por uma saúde melhor. Como você interpreta essa informação, utilizando as informações
básicas adquiridas nesse capítulo sobre a profissão de Biomédico?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cf. Ciência e Cultura 2, 237, 1950.
Lei º. 6.684, de 3 de setembro de 1979. Regulamentação da profissão de Biomédico. Disponível
em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1970-1979/lei-6684-3-setembro-1979-377756-
normaatualizada-pl.pdf>. Acesso em: jul. 2019.
Lei nº 6.686, de 11 de setembro de 1979. Dispõe sobre o exercício da análise clínico-
laboratorial. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei-6686-11-setembro-1979-
365846-normatualizada-pl.pdf>. Acesso em: jul. 2019.
Lei n. 7.017, de 30 de agosto de 1982. Dispõe sobre o desmembramento dos Conselhos
Federal e Regionais de Biomedicina e de Biologia.,Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L7017.htm>. Acesso em: jul. 2019.
Decreto º. 88.439/1983. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de
Biomédico, de acordo com a Lei º. 6.684, de03 de setembro de 1979 e de conformidade com a
alteração estabelecida pela Lei nº 7.017, de 30 de agosto de 1982. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1980-1989/D88439.htm>. Acesso em: jul. 2019.
Artigo único da Resolução número 86 do senado federal, de 24 de junho de 1986. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Congresso/RSF/ResSF86-1986.htm>. Acesso
em: jul. 2019.
ASHENBURG, K. 2008. Passando a Limpo – O banho da Roma antiga até hoje. Editora Larousse,
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capítulo 1 • 26
IMPERATO, P. J. The convergence of a virus, mosquitoes and human travel in Globalizing the Zika
epidemic. 2016. J. Community Health. Jun; 41(3):674-9. doi: 10.1007/s10900-016-0177-7.
Review.
Organização Pan-Americana de Saúde, Dia Mundial da Saúde 2018. Saúde Universal. Disponível em:
<https://www.paho.org/bra>. Acesso em: 12 out./2018.
Organização Mundial da Saúde, campanha “Depressão: vamos conversar? Disponível em: <https://
www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5385:com-depressao-no-topo-
da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&Itemid=839>.
Acesso em: jul. 2019.
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Secretaria-executiva, Subsecretaria de Planejamento e Orçamento, Série B. Textos Básicos de
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Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo. Disponível (PDP) em: .http://portalms.saude.gov.br/
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BATISTA, N. A. 2012. Educação Interprofissional em Saúde: Concepções e Práticas Caderno
FNEPAS, ve 2, 25-28.
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education. J. Interprofessional Care. 1998; 12(2):181-8.
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Database Syst. Rev. 2008; (1):CD002213.

capítulo 1 • 27
capítulo 1 • 28
2
Os alicerces da
Biomedicina
Os alicerces da Biomedicina
Neste capítulo, conheceremos o papel do Conselho Federal e seus conselhos
regionais para garantir ao profissional biomédico o suporte para o exercício legal da
profissão. Distribuídos por todo o país, é importante para o aluno de Biomedicina
conhecer como esses órgãos orientam e dão suporte para todas as habilitações da
nossa profissão e, principalmente, as condições que são exigidas para o registro do
egresso na sua habilitação.
É também importante conhecer as competências da Associação Brasileira de
Biomedicina. Apoiada pelo Conselho Federal de Biomedicina, em concordância com
o princípio da educação continuada, ela assume papel fundamental na divulgação
da nossa profissão. Diante do novo perfil biomédico no mercado de trabalho, a
associação também é responsável pelo suporte para o biomédico empreendedor.
Há também o sindicato, que será apresentado nesse capítulo como representante
para discutir as questões laborais, como a insalubridade, ou seja, as condições de
exposição a fatores que possam afetar o bem-estar do profissional biomédico.
No capítulo 1, discutimos extensivamente o papel do biomédico na qualidade
da saúde humana e reconhecemos também o seu perfil histórico associado a
pesquisas científicas que resultam em melhorias no diagnóstico, nas vacinas e nos
tratamentos. Nesses campos, o comprometimento do biomédico com as questões
éticas e a bioética é prioritário, por isso mesmo é necessário que os eixos que
definem o código de ética profissional sejam conhecidos por todos, inclusive seus
direitos e deveres no exercício da profissão.

OBJETIVOS
•  Conhecer as competências do Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), dos Conselhos
Regionais de Biomedicina (CRBM), da Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM) e do
Sindicato dos Biomédicos;
•  Reconhecer as atribuições específicas do Conselho Federal de Biomedicina e dos Con-
selhos Regionais;
•  Conhecer o Código de Ética do Biomédico;
•  Identificar quais são os deveres e os direitos do profissional biomédico.

capítulo 2 • 30
Os alicerces da Biomedicina

Cada organismo representativo da Biomedicina dispõe de funções específicas


que fornecem suporte e conhecimentos para todos os seus profissionais. Do
Conselho Federal emanam as resoluções para os Conselhos Regionais, sendo
considerado o órgão hierarquicamente superior. Instituído pela lei 6.684, de
3 de setembro de 1979, é o órgão que regulamenta a profissão do biomédico
criando resoluções que normatizam a área de atuação, a habilitação profissional,
a responsabilidade técnica, a conduta profissional de acordo com o código de
ética, a documentação pertinente à inscrição da pessoa jurídica e o pagamento de
anuidade.
Cabe ao CFBM julgar, em grau de último recurso, procedimentos éticos e
administrativos, sendo por isso competente nas ações de orientar, disciplinar e
zelar pelo exercício biomédico

Figura 2.1  –  O Conselho Federal de Biomedicina é o órgão mais


importante na hierarquia das decisões do profissional biomédico.

Os Conselhos Regionais devem cumprir rigorosamente o que determina


a lei e as resoluções do Conselho Federal, fiscalizando e orientando o exercício
profissional. Hoje, somos representados por seis conselhos distribuídos pelo país.
A primeira região (CRBM-1) trata dos assuntos profissionais dos estados de São
Paulo (onde está a sede), do Rio de Janeiro, do Mato Grosso do Sul e do Espírito
Santo. A segunda região (CRBM-2) representa os estados de Pernambuco, da
Bahia, de Alagoas, do Sergipe, do Rio Grande do Norte, do Ceará, do Piauí, da
Paraíba e do Maranhão. O CRBM-3 comporta os estados de Goiás, do Tocantins,
do Distrito Federal, do Mato Grosso e de Minas Gerais. Na quarta região (CRBM-
4) estão os estados do Pará, do Amazonas, de Roraima, do Acre, do Amapá e de
Rondônia. A quinta região (CRBM-5) representa o Rio Grande do Sul e Santa
Catarina e a sexta região (CRBM-6) representa o Paraná.

capítulo 2 • 31
CRBm-4

CRBm-2

CRBm-3

CRBm-1

CRBm-6
N

CRBm-5 0 446 892 km

Figura 2.2  –  Distribuição geográfica dos Conselhos Regionais de Biomedicina (CRBM).

As associações são responsáveis pelas atualizações nos conhecimentos técnico-


científicos dos biomédicos, organizando cursos, simpósios, congressos e outras
atividades, tendo como objetivo atualizar o profissional diante de uma sociedade
que exige cada vez mais qualidade, especialização, excelência e competência. Cabe
também a ABBM o apoio ao profissional proprietário de serviços na sua gestão.

Figura 2.3  –  O principal objetivo da Associação Brasileira de


Biomedicina é a divulgação científica da profissão.

Já o sindicato deve assumir a atribuição específica de verificar jornada ideal de


trabalho do profissional, o piso salarial, os acordos anuais, fazendo prevalecer to-
dos os direitos trabalhistas dos profissionais biomédicos, direitos estes garantidos
pela CLT. Os sindicatos de biomedicina uniram-se em 2003 e criaram a Federação
Nacional da Biomedicina.

capítulo 2 • 32
CONEXÃO
Para mais informações, acesse: <http://www.fenabio.com.br/historia.html>. Acesso em:
jul. 2019.

Figura 2.4  –  Os sindicatos são especializados nas condições


de trabalho dos profissionais biomédicos.

Atribuições do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais

Do Conselho Federal

A importância do conselho profissional é de assegurar, entre outras atribuições


as suas funções normativas, ou seja, deliberar as normas a serem seguidas por
todos os profissionais biomédicos. Para isso, é fundamental a supervisão da
interpretação e a execução delas contidas no Regulamento e a fiscalização do
exercício profissional. Segue a íntegra das atribuições do CFBM.
Art. 11. O Conselho Federal será constituído de 10 (dez) membros efetivos
e igual número de suplentes, eleitos pela forma estabelecida neste Regulamento.
Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho Federal será de 4
(quatro) anos.

capítulo 2 • 33
Art. 12. Compete ao Conselho Federal:
I.  eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e
o Vice-Presidente, cabendo ao primeiro, além do voto comum, o de qualidade;
II.  indicar, dentre os seus membros, o Secretário e o Tesoureiro, a serem no-
meados pelo Presidente;
III.  exercer função normativa, baixar atos necessários à interpretação e a exe-
cução do disposto neste Regulamento e a fiscalização do exercício profissional,
adotando providências indispensáveis à realização dos objetivos institucionais;
IV.  supervisionar a fiscalização do exercício profissional em todo territó-
rio nacional;
V.  organizar, propor instalação, orientar e inspecionar os Conselhos Regionais,
fixar-lhes jurisdição e examinar suas prestações de contas, neles intervindo desde
que indispensável ao restabelecimento da normalidade administrativa e financeira
ou à garantia da efetividade ou princípio da hierarquia institucional;
VI.  elaborar e aprovar seu Regimento, ad referendum do ministro do trabalho;
VII.  examinar e aprovar os Regimentos dos Conselhos Regionais, modifican-
do o que se fizer necessário para assegurar unidade de orientação e uniformidade
de ação;
VIII.  conhecer e dirimir dúvidas suscitadas pelos Conselhos Regionais e pres-
tar-lhes assistência técnica permanente;
IX.  apreciar e julgar os recursos de penalidade imposta pelos
Conselhos Regionais;
X.  fixar o valor das anuidades, taxas, multas e emolumentos devidos pelos
profissionais e empresas aos Conselhos Regionais a que estejam jurisdicionados;
XI.  aprovar sua proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos adi-
cionais, bem como operações referentes a mutações, patrimoniais;
XII.  dispor, com a participação de todos os Conselhos Regionais, so-
bre o Código de Ética Profissional, funcionando como Conselho Superior de
Ética Profissional;
XIII.  estimular a exação no exercício da profissão, zelando pelo prestígio e
bom nome dos que a exercem;
XIV.  instituir o modelo das carteiras e cartões de identidade profissional;
XV.  autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis, obser-
vada a lei n. 6.994, de 26 de maio de 1982;
XVI.  emitir parecer conclusivo sobre prestação de contas a que esteja obrigado;

capítulo 2 • 34
XVII.  publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais,
os balanços, a execução orçamentária, e o relatório de suas atividades;
XVIII.  definir o limite de competência no exercício profissional, conforme os
currículos efetivamente realizados;
XIX.  funcionar como órgão consultivo em matéria de Biomedicina;
XX.  propor, por intermédio do Ministério do Trabalho, alterações da legisla-
ção relativa ao exercício da profissão de Biomédico;
XXI.  fixar critérios para a elaboração das propostas orçamentárias;
XXII.  elaborar sua prestação de contas e examinar as prestações de contas dos
Conselhos Regionais, encaminhando-as ao Tribunal de Contas;
XXIII.  promover a realização de congressos e conferências sobre o ensino, a
profissão e a prática da Biomedicina;
XXIV.  deliberar sobre os casos omissos.

Art. 13. O Conselho Federal deverá reunir-se pelo menos, uma vez por mês.

Art. 14. O Conselho Federal deliberará com a presença da maioria absoluta de


seus membros, exceto quanto às matérias de que tratam os itens III, V, VII e XII
do artigo 12 que deverão ser aprovadas por 2/3 (dois terços) dos seus membros.

Art. 15. Constitui renda do Conselho Federal:


I.  20% (vinte por cento) do produto da arrecadação de anuidades, taxas,
emolumentos e multas, em cada Conselho Regional;
II.  legados, doações e subvenções;
III.  rendas patrimoniais.

Dos Conselhos Regionais de Biomedicina

Os conselhos regionais de biomedicina distribuídos pelo Brasil têm, entre


outras funções, o controle regional do código de ética da profissão, devendo
processar e decidir as penalidades para os casos submetidos ao conselho. Além
disso, as constantes trocas entre o CRBM com o CFBM permitem que ocorram
atualizações para as ações necessárias de aprimoramento do exercício profissional.
Segue a íntegra da regulamentação destinada aos Conselhos Regionais
de Biomedicina.

capítulo 2 • 35
Art. 16. Os Conselhos Regionais de Biomedicina serão constituídos de 10
(dez) membros efetivos e igual número de suplentes.
Parágrafo único. O mandato dos membros dos Conselhos Regionais será de
4 (quatro) anos.
Art. 17. Compete aos Conselhos Regionais:
I.  eleger, dentre os seus membros, por maioria absoluta, o seu Presidente e o
seu Vice-Presidente;
II.  indicar, dentre os seus membros, o Secretário e o Tesoureiro, a serem no-
meados pelo Presidente;
III.  elaborar a proposta de seu Regimento, bem como as alterações, subme-
tendo à aprovação do Conselho Federal;
IV.  julgar e decidir, em grau de recurso, os processos de infração ao presente
Regulamento e ao Código de Ética;
V.  agir, com a colaboração das Sociedades de Classe e das Escolas ou
Faculdades de Ciências Biológicas – modalidade médica, nos assuntos relaciona-
dos com o presente Regulamento;
VI.  deliberar sobre assuntos de interesse geral e administrativos;
VII.  expedir a Carteira de Identidade Profissional e o Cartão de Identificação
aos profissionais registrados, de acordo com o currículo efetivamente realizado;
VIII.  organizar, disciplinar e manter atualizado o registro dos profissionais e
das pessoas jurídicas que, nos termos deste Regulamento, se inscrevam para exer-
cer atividades de Biomedicina na região;
IX.  publicar relatórios de seus trabalhos e suas relações das firmas e dos pro-
fissionais registrados;
X.  estimular a exação no exercício da profissão, zelando pelo prestígio e bom
conceito dos que a exercem;
XI.  fiscalizar o exercício profissional na área da sua jurisdição, representando,
inclusive, às autoridades competentes, sobre os fatos que apurar e cuja solução ou
repressão não seja de sua alçada;
XII.  cumprir e fazer cumprir as disposições deste Regulamento, das resolu-
ções e demais normas baixadas pelo Conselho Federal;
XIII.  funcionar como Conselhos Regionais de Ética, conhecendo, processan-
do e decidindo os casos que lhes forem submetidos;
XIV.  julgar as infrações e aplicar as penalidades previstas neste Regulamento
e em normas complementares do Conselho Federal;

capítulo 2 • 36
XV.  propor ao Conselho Federal as medidas necessárias ao aprimoramento
dos serviços e do sistema de fiscalização do exercício profissional;
XVI.  aprovar a proposta orçamentária e autorizar a abertura de créditos adi-
cionais e as operações referentes a mutações patrimoniais;
XVII.  autorizar o Presidente a adquirir, onerar ou alienar bens imóveis, ob-
servada a lei n. 6.994/82;
XVIII.  arrecadar anuidades, multas, taxas e emolumentos e adotar todas
as medidas destinadas à efetivação de sua receita, destacando e entregando ao
Conselho Federal as importâncias referentes à sua participação legal;
XIX.  promover, perante o juízo competente, a cobrança das importâncias
correspondentes às anuidades, taxas, emolumentos e multas, esgotados os meios
de cobrança amigável;
XX.  emitir parecer conclusivo, sobre prestação de contas a que esteja obrigado;
XXI.  publicar, anualmente, seu orçamento e respectivos créditos adicionais,
os balanços, a execução orçamentária e o relatório de suas atividades;
XXII.  aprovar proposta orçamentária anual;
XXIII.  elaborar prestação de contas e encaminhá-la ao Conselho Federal;
XXIV.  zelar pela fiel observância dos princípios deontológicos e dos funda-
mentos de disciplina da classe;
XXV.  impor sanções previstas neste Regulamento.

Art. 18. Constitui renda dos Conselhos Regionais:


I.  80% (oitenta por cento) do produto da arrecadação de anuidades, taxas,
emolumentos e multas;
II.  legados, doações e subvenções;
III.  rendas patrimoniais.

Código de Ética do Biomédico

O que entendemos por ética? Será que a ética e a moral tem o mesmo significado?
A expressão “se colocar no lugar do outro” resume muito bem as qualida-
des em relação à consciência, à solidariedade e à responsabilidade que exercemos
quando em sociedade. Assim, a moral define as leis e as normas adquiridas pela
família, pela educação e pela própria sociedade.

capítulo 2 • 37
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Figura 2.5  –  A ética define os valores relacionados ao comportamento de um indivíduo na


sociedade, está associada a valores humanos, valores internos do seu papel na sociedade.

No entanto, perceba que não estão dissociadas, pois sabemos que as normas
estão sujeitas a valores éticos, e por essa razão que geralmente se misturam na
discussão de comportamentos.
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Figura 2.6  –  Os valores humanos em perfeito equilíbrio com as


necessidades da sociedade definem a base da ética profissional.

A partir daí podemos entender a ética profissional? Sim, cada vez mais a ética
profissional é um diferencial a ser observado no mercado de trabalho. Ela corres-
ponde a valores e condutas que definem o comportamento profissional.

capítulo 2 • 38
Entendemos que a ética profissional permite garantir um ambiente de traba-
lho produtivo com profissionais motivados e satisfeitos, pois todos estão compro-
metidos com as ações do coletivo, do grupo em prol da sociedade, para a saúde e
para o ambiente.
Ética profissional significa credibilidade e confiança do profissional. Para
ela, o objetivo é fundamentar responsabilidade e atitudes frente a riscos e ao
ambiente, exercendo papel questionador das funções da profissão na sociedade.
Em profissões da área da saúde, como a Biomedicina, é obrigatória a contribuição,
a fim de garantir as condições para a qualidade da saúde humana em geral, e as
ações dirigidas à sociedade.
O Conselho Federal de Biomedicina, por meio do seu código de ética,
determina as normas a serem seguidas pelos profissionais no exercício da profissão,
independentemente do cargo ou da função que ocupem. Dividido em exercício
profissional da biomedicina, direitos do biomédico, divulgação e propaganda da
atividade biomédica, relacionamentos com colegas de profissão e relações com o
Conselho Federal e Conselhos Regionais de Biomedicina, o código abrange todas
as condutas da nossa profissão.
O Código Ético apresentado a seguir segue a Resolução do Conselho Federal
de Biomedicina n. 198 de 21/2/2011, denominado Novo Código de Ética do
Profissional Biomédico, e pode ser acessado na íntegra através do site do Conselho
Federal de Biomedicina.
Para início, podemos conhecer os deveres profissionais do biomédico expostos
no artigo 4º, pois essas orientações de conduta determinam o perfil ético do
biomédico. São eles:
I.  Zelar pela existência, pelos fins e pelo prestígio dos Conselhos de
Biomedicina, dos mandatos e encargos que lhe forem confiados e cooperar com
os que forem investidos de tais mandatos e encargos;
II.  Manifestar, quando de sua inscrição no Conselho, a existência de qual-
quer impedimento para o exercício da profissão e comunicar, no prazo de trinta
dias, a superveniência de incompatibilidade ou impedimento;
III.  Respeitar as leis e as normas estabelecidas para o exercício da profissão;
IV.  Guardar sigilo profissional;
V.  Exercer a profissão com zelo e probidade, observando as prescrições legais;
VI.  Zelar pela própria reputação, mesmo fora do exercício profissional;
VII.  Representar ao poder competente contra autoridade e funcionário por
falta de exação no cumprimento do dever;

capítulo 2 • 39
VIII.  Pagar em dia as contribuições devidas ao Conselho;
IX.  Observar os ditames da ciência e da técnica, bem como as boas práticas
no exercício da profissão;
X.  Respeitar a atividade dos colegas e de outros profissionais;
XI.  Zelar pelo perfeito desempenho ético da Biomedicina e pelo prestígio e
pelo bom conceito da profissão;
XII.  Comunicar às autoridades sanitárias e profissionais, com discrição e fun-
damento, fatos que caracterizem infração a este Código e às normas que regulam
o exercício das atividades biomédicas.
XIII.  Comunicar ao Conselho Regional de Biomedicina e às autoridades
sanitárias a recusa ou a demissão de cargo, função ou emprego, motivada pela
necessidade de preservar os legítimos interesses da profissão, da sociedade ou da
saúde pública;
XIV.  Denunciar às autoridades competentes quaisquer formas de poluição,
deterioração do meio ambiente ou riscos inerentes ao trabalho, prejudiciais à saú-
de e à vida;
XV.  Prenunciar por escrito ao CRBM todos os vínculos profissionais, com
dados completos da empresa (razão social, nome dos sócios, CNPJ, endereço,
horário de funcionamento e, se tiver, informar a responsabilidade técnica), manter
atualizado o endereço residencial, telefones e e-mail;
XVI.  Anunciar por escrito, com antecedência mínima de 10 (dez) dias ao
CRBM que estiver inscrito sobre o seu afastamento provisório e/ou definitivo dos
locais onde exercer a Responsabilidade Técnica.
XVII.  Confirmar por escrito ao CRBM que estiver inscrito sobre a sua inativida-
de ou transferência de Jurisdição, com antecedência mínima de 10 (dez) dias;
XVIII.  Confirmar por escrito ao CRBM sobre o aprimoramento profissional
adquirido para que lhe seja conferida a respectiva habilitação.

Dessa forma, entendemos que todo o profissional biomédico tem papel ativo
na representação da biomedicina para a sociedade, e por isso deve zelar pelo seu
reconhecimento e respeito na sociedade.
Em atenção especial está o Capitulo IX, artigo 15o que trata das infrações
disciplinares. São consideradas infrações disciplinares:
I.  Transgredir preceito do Código de Ética Profissional;
II.  Exercer a profissão quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer
meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;

capítulo 2 • 40
III.  Manter sociedade profissional fora das normas e dos preceitos estabeleci-
dos na legislação em vigor;
IV.  Valer-se de agenciador, mediante participação nos honorários a receber;
V.  Violar sem justa causa sigilo profissional;
VI.  Prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário
a lei ou destinado a fraudá-la;
VII.  Praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei define como
crime ou contravenção;
VIII.  Não cumprir no prazo estabelecido determinação emanada de órgão
de fiscalização profissional, em matéria de competência, dos Conselhos, depois de
regularmente notificado;
IX.  Faltar a qualquer dever profissional;
X.  Obstar, ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades sanitárias
ou profissionais;
XI.  Injuriar, difamar/caluniar qualquer profissional de maneira incivil, bem
como, a atividade de classe à qual pertence;
XII.  Assentar dúvidas através de qualquer meio de comunicação as atividades
dos Presidentes do Conselho Federal e Regionais;
XIII.  Revelar informações obtidas em função do cargo que ocupa e/
ou ocupou, sem autorização o do Presidente do Conselho Federal e Regional
de Biomedicina;
XIV.  Insinuar-se através de reportagens e/ou fazer declarações públicas
por qualquer meio de divulgação a respeito do Conselho Federal e Regional de
Biomedicina, sem a prévia autorização do Presidente do respectivo Conselho;
XV.  Considera-se falta grave as declarações/informações mediantes remessa
de correspondência e/ou mesmo por qualquer outro meio a uma coletividade,
salvo para comunicar a clientes e colegas a instalação ou mudança de endereço, a
indicação expressa de seu nome e de sua atividade laborial;
XVI.  Exercer a profissão biomédica quando estiver sob sanção disciplinar
de suspensão;
XVII.  Delegar a outros profissionais atos ou atribuições da profissão
biomédica.

Nesse sentido, as faltas deverão ser consideradas gravíssimas, graves, leves, ou


escusáveis conforme a natureza do ato e as circunstâncias de cada caso e compete
ao Presidente do Conselho Federal e Regionais de Biomedicina, bem como aos

capítulo 2 • 41
Conselheiros e membros de Comissões (segundo o Art. 17º do Capítulo X) as
seguintes ações:
I.  Instaurar, de ofício, o processo competente sobre ato ou matéria que con-
sidere passível de configurar, em tese, infração ao princípio ou norma de ética
profissional;
a) O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação
dos interessados, que não pode ser anônima;
b) O relator do processo ético pode propor ao Presidente do Conselho
Federal e Regional o arquivamento de representação, quando estiver desconstituída
dos pressupostos de admissibilidade, após parecer jurídico;
II.  Organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discus-
sões a respeito de ética profissional, em parceria com o Departamento Jurídico.

Em seguida, aos deveres do biomédico são apresentados os seus direitos


profissionais no artigo 6o os quais que abrangem as condições majoritárias de
exercício profissional:
I.  Exercer com liberdade e dignidade a Biomedicina em todo o território
nacional sem ser discriminado por questões de credo religioso, sexo, raça, nacio-
nalidade, opção sexual, idade, condição social, opinião política ou de qualquer
outra natureza;
II.  Indicar falhas nos regulamentos e nas normas das instituições em que
trabalhe, quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais à
coletividade, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigato-
riamente ao Conselho Regional de Biomedicina de sua jurisdição;
III.  Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde
as condições de trabalho sejam indignas ou possam prejudicar pessoas e mesmo a
coletividade;
IV.  Suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a insti-
tuição pública ou privada para qual labore deixar de oferecer condições mínimas
para o exercício da profissão ou não o remunerar condignamente, ressalvadas as
situações de urgência e emergência, devendo comunicar incontinente sua decisão
ao Conselho Regional de Biomedicina ao qual seja inscrito;
V.  Resguardar o segredo profissional;

capítulo 2 • 42
VI.  Ter respeitada, em nome da liberdade de profissão e do sigilo profissional,
a inviolabilidade de seu laboratório, ou local de trabalho, de seus arquivos e dados,
de sua correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins,
salvo caso de requisição judicial;
VII.  Requerer desagravo público ao Conselho Regional de Biomedicina
quando atingido no exercício de sua profissão;
VIII.  Usar os símbolos privativos da profissão de Biomédico;
IX.  Reclamar, por escrito, perante qualquer juízo ou autoridade, contra a
inobservância deste código e da legislação pertinente à profissão de biomédico;
X.  Dispor de boas condições de trabalho e receber justa remuneração por
seu desempenho;
XI.  Não se deixar explorar por terceiros seja com objetivo de lucro, finalidade
política ou religiosa;
XII.  O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito,
salvo grave ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o biomédico se veja
afrontado pelo próprio cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo,
porém sempre restrito ao interesse da justiça.

No capítulo anterior, um dos pontos de maior destaque foi a concepção de


saúde, pois o entendimento do cuidado na saúde humana deve ser seguido por
qualquer profissional da área da saúde. Nesse sentido, o artigo 12 do código de
ética enumera os pontos críticos das relações do biomédico com a coletividade,
tais como:
I.  Praticar ou permitir a prática de atos que, por ação ou omissão, prejudi-
quem, direta ou indiretamente, a pessoa humana e a saúde pública;
II.  Recusar, a não ser por motivo relevante, assistência profissional a quem
dela necessitar;
III.  Ser conivente de qualquer forma com o exercício ilegal da profissão ou
acumpliciar-se, direta ou indiretamente, com quem o praticar;
IV.  Prestar serviço profissional ou colaboração à entidade ou à empresa onde
sejam desrespeitados princípios éticos ou inexistam condições que assegurem ade-
quada assistência;
V.  Revelar fatos sigilosos de que tenham conhecimento, no exercício de sua
atividade profissional, a não ser por imperativo de ordem judicial;

capítulo 2 • 43
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Figura 2.7  –  Ao biomédico é vedado qualquer tipo de relato de fatos


pertinentes ao diagnótico fora do ambiente profissional.

VI.  Unir-se a terceiros para obtenção de vantagens que acarretem prejuízos


ou inadequada assistência à saúde pública;
VII.  Recusar colaboração às autoridades constituídas, mormente autoridades
sanitárias nas campanhas que visem resguardar a saúde pública e o meio ambiente;
VIII.  Valer-se de mandato eletivo ou administrativo em proveito próprio, ou
para obtenção de vantagens ilícitas;
IX.  Discriminar o ser humano de qualquer forma ou sob qualquer pretexto;
X.  Participar ou auxiliar, a qualquer modo, da prática de tortura em relação à
pessoa ou formas de procedimento degradantes, desumanas e cruéis;
XI.  Silenciar sobre a prática de torturas às pessoas ou não as denunciar quan-
do delas tiver conhecimento;
XII.  Prover com instrumentos, substâncias, ou qualquer outro meio, aqueles
que pratiquem torturas ou outras formas de procedimentos degradantes, humi-
lhantes, desumanas e cruéis, em relação à pessoa;
XIII.  Utilizar dos seus conhecimentos, fornecer substância ou instrumentos,
participar de qualquer modo, na execução de pena de morte;
XIV.  Utilizar da profissão para corromper os bons costumes, favorecer ou
praticar delito;
XV.  Falsear dados estatísticos ou deturpar sua interpretação científica.

capítulo 2 • 44
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Figura 2.8  –  Ao biomédico é exigido o comprometimento da


veiculação dos resultados verdadeiros de seu trabalho.

Todas as condutas do código estarão sujeitas a sanções éticas e disciplinares


quando não forem seguidas. No artigo 20, do capítulo XI é considerada infração a
desobediência ou a inobservância ao disposto nas normas legais e outras, que, por
qualquer forma digam respeito às atividades do biomédico.
Para isso, as infrações serão classificadas em leves, graves e gravíssimas.
Segundo os artigos 21 e 22, do mesmo capítulo, as infrações leves são aquelas
em que o infrator seja beneficiado por circunstância atenuante; como a ação
não ter sido fundamental para a conquista do evento, situação em que o infrator
imediatamente, e por espontânea vontade, procurar reparar ou minorar as
consequências do ato que foi responsável, e ter sido ele coagido sem possibilidade
de resistência a tal prática. Também é considerado atenuante o fato de o infrator
ser primário e a infração considerada leve.
As infrações graves são aquelas em que for verificada circunstância agravante
e as gravíssimas, aquelas em que seja verificada a existência de duas ou mais cir-
cunstâncias agravantes.
Para entendermos o que são circunstâncias agravantes, o artigo 23 discorre
sobre as seguintes situações:
I.  Ter o infrator agido com dolo, ainda que eventual, fraude ou má-fé;
II.  Ter o infrator cometido a infração para obter vantagem pecuniária decor-
rente de ação ou omissão contrária ao disposto na legislação em vigor;

capítulo 2 • 45
III.  Tendo conhecimento do ato ou fato irregular, o infrator deixar de tomar
as providências de sua alçada, tendentes a evitá-lo ou saná-lo;
IV.  O infrator coagir outrem para a execução material da infração;
V.  A premeditação;
VI.  A acumulação de infrações, sempre que duas ou mais sejam cometidas no
mesmo momento;
VII.  Os antecedentes do infrator em relação às normas profissionais de regu-
lação da biomedicina;
VIII.  O conluio ou concussão com outras pessoas;
IX.  Ter a infração consequências para a atividade profissional, a pessoa huma-
na, saúde coletiva ou a categoria profissional biomédica;
X.  a reincidência.

Entende-se por reincidência quando após decisão definitiva do processo ao


qual foi penalizado, o infrator cometer uma nova infração ou até mesmo conti-
nuar na infração (artigo 24). Nesse caso, o infrator será enquadrado na penalidade
máxima e a caracterização da infração será gravíssima. A partir desses fatos, a
aplicação e o nível de penalidade ao infrator deverão ser levadas em conta as cir-
cunstâncias atenuantes e agravantes, e as consequências do fato para a classe de
biomédicos, para a saúde pública e coletividade.
No artigo 27, do capítulo XI o código penal apresenta as possibilidades
de penalidade ao infrator, podendo ser uma advertência; repreensão, multa
equivalente a até 10 (dez) vezes o valor da anuidade devida a este Conselho e até a
suspensão do exercício profissional pelo prazo de até 3 (três) anos e o cancelamento
do registro profissional, e da inscrição na sociedade, se for o caso.
No caso da pena de multa, a mesma será aplicada com publicidade, fazendo
constar dos assentamentos do profissional; e nos casos de pena de suspensão do
exercício profissional (no prazo de até três anos), o profissional será impedido
de exercer qualquer atividade profissional biomédica, de acordo com a gravidade
da infração, aplicável pelo CRBM com publicidade, fazendo constar dos
assentamentos do profissional.
A falta gravíssima resultará no cancelamento do registro profissional (parágra-
fo sexto) e será aplicada por falta gravíssima, essa ação deverá ser comunicada ao
Serviço de Fiscalização do Exercício Profissional dos Estados Membros, ao órgão
sanitário competente, ao empregador e publicado no Diário Oficial da União.

capítulo 2 • 46
Para o código de ética do biomédico, são consideradas infrações éticas e dis-
ciplinares a falta de comunicação as autoridades biomédicas, com discrição e fun-
damento de fatos de seu conhecimento que caracterizem infração ao Código de
Ética da Profissão Biomédica e às normas que regulam as atividades biomédicas,
ocasionando a pena de advertência. Se o profissional violar o sigilo profissional
de fatos que tenha tomado conhecimento no exercício da profissão, com exceção
daqueles presentes em lei que exigem comunicação, denúncia ou relato a quem de
direito, estará sujeito à suspensão de 3 (três) meses.
Segundo o CFBM, o profissional biomédico será advertido se exercer a
profissão biomédica sem condições dignas de trabalho e remuneração. Se aceitar
participar de qualquer tipo de experiência em seres humanos com fins bélicos,
raciais, eugênicos ou em que se observe desrespeito aos direitos humanos, sofrerá
multa e/ou cancelamento do seu registro.
Ao praticar ato profissional que cause danos físico, moral ou material, com-
provados mediante decisão judicial com trânsito em julgado, ao usuário do servi-
ço, caracterizado como imperícia, negligência ou imprudência, será suspenso por
até 3 (três) anos do exercício profissional ou será cancelado o seu registro.
No caso de permitir a utilização de seu nome por qualquer estabelecimento
ou instituição onde não exerça pessoal e efetivamente sua função, ou não prestar
assistência técnica ao estabelecimento com o qual mantenha vínculo profissional,
o biomédico estará sujeito à multa e/ou suspensão de até 6 (seis) meses do exercício
profissional. O mesmo ocorrerá se efetivar ou participar de fraudes em relação à
profissão biomédica em todos os campos de conhecimento e técnica biomédica.
Um dos pontos importantes discutidos no código é sobre a compreensão da
grande responsabilidade que o ato de emitir laudos técnicos e realizar perícias
técnico-legais exige. O Conselho Federal determina que se tal fato ocorrer sem
observância ou obediência à legislação vigente, será aplicada uma pena de multa
e/ou suspensão de 3 (três) a 12 (doze) meses.
Em contrapartida, se na visita dos fiscais do CRBM, e, portanto, se durante o
exercício da fiscalização for detectado que o profissional dificulta a própria ação, a
pena é de repreensão e/ou multa.
As penas de multa e/ou suspensão de três a doze meses do exercício profissio-
nal serão atribuídas nos casos de participação em quaisquer formas de poluição,
deterioração do meio ambiente ou riscos inerentes ao trabalho, prejudiciais à saú-
de e à vida, como também omitir das autoridades competentes. Esse tipo de
penalidade também é atribuído no caso de o profissional aceitar remuneração

capítulo 2 • 47
inferior ao piso salarial estabelecido por acordos ou dissídios da categoria, para
exercício profissional, assunção de direção e responsabilidade técnica, como tam-
bém delegar a outras pessoas atos ou atribuições da profissão biomédica ou exercer
a atividade profissional incompatível com a habilitação conferida pelo CRBM. O
mesmo acontece no caso de omitir-se e/ou acumpliciar-se com os que exercem
ilegalmente a profissão biomédica ou com os profissionais ou instituições que
pratiquem atos ilícitos.
Sabemos que a qualidade do exercício profissional é o resultado de um inves-
timento pessoal na formação especializada e educação permanente. Nesse sentido,
o Conselho Federal também assinala que o profissional que, ao declarar possuir
títulos que não possam ser comprovados, será multado ou repreendido. D a
mesma forma, a publicação de um trabalho científico em seu nome quando não
tenha participado ou atribuir-se autoria exclusiva, quando houver participação de
subordinados ou outros profissionais biomédicos ou não.
Ainda no âmbito de influências profissionais, se um biomédico for identificado
agindo no intuito de pleitear, de forma desleal, para si ou terceiros emprego, cargo
ou função que esteja sendo exercido por outro biomédico, assim como praticar
atos de concorrência desleal, o mesmo será punido com multa e/ou suspensão de
3 (três) a 12 (doze) meses.
De acordo com as condutas exigidas pelo código de ética, o oferecimento
de denúncia sem possuir elementos comprobatórios, capazes de justificá-la, será
passível de penalidade de multa e/ou suspensão de 6 (seis) a 12 (doze) meses.
Sabemos da responsabilidade adquirida em relação à veiculação de informações
a respeito do exercício profissional, da Legislação Biomédica e das atividades e
atuação dos CRBM e CFBM. Por essa razão, o CFBM compreende que a ausência
de fidelidade na transmissão de quaisquer pontos anteriores acarretará em pena de
multa e/ou suspensão de 3 (três) a 12 (doze) meses
Todas as situações anteriores não representam todas as situações passíveis
de análise, e, se for o caso ações disciplinares por parte do CFBM. Assim, em
um parágrafo único, o CFBM afirma que “Os tipos descritos acima são apenas
enumerativos, não restringindo ao órgão de fiscalização ética a apuração, o
processamento e a aplicação de penas aqui não discriminadas, devendo para
tanto, observar a legislação vigente, bem como as normativas e resoluções do
Conselho Federal.”
Com o objetivo de ilustrar a discussão sobre o código de ética do biomédico,
vale também ressaltar que o artigo 35 descreve a responsabilidade do profissional

capítulo 2 • 48
biomédico no aprimoramento da Biomedicina e das instituições que a ela se
encontram interligadas. E cabe ao Conselho Federal de Biomedicina e aos
Conselhos Regionais cumprir e fiscalizar as normas emanadas do Governo Federal
pertinentes a sua área de atuação (artigo 39), e ouvidos pelos os Conselhos
Regionais de Biomedicina, a revisão e a atualização do presente Código, quando
forem necessárias, serão promovidas.
Por fim, o artigo 41 trata das omissões deste Código que serão sanadas pelo
Conselho Federal de Biomedicina.
O conhecimento do código de ética, acima das infrações associadas aos desvios
do exercício profissional, é um exercício sobre orientações das condutas exigidas
na nossa profissão, devendo ser estudado desde o início da formação profissional.
No próximo capítulo, trataremos das diretrizes curriculares do curso de
Biomedicina e o papel regulatório do MEC na manutenção da formação acadê-
mica para o exercício da Biomedicina.

ATIVIDADES
01. Sabemos que a qualidade do exercício profissional está relacionada ao investimento em
cursos que possam atualizar e promover a especialização profissional. No entanto, se não
houver a comprovação dos títulos dessas especializações, o profissional compromete a sua
credibilidade. Nesse sentido, existiria alguma ação do conselho federal de biomedicina, por
meio do código de ética do biomédico, capaz de inibir esse tipo de comportamento?

02. O código de ética classifica as infrações em leves, graves ou gravíssimas que serão
submetidas a penas variáveis de acordo com cada caso estudado em ações do conselho
federal. Assinale duas situações que são consideradas agravantes nesses casos.

03. O código de ética enumera os pontos críticos das relações do biomédico com a coletivi-
dade. Assinale a opção que representa um exemplo dessas condições.:
a) Não pagamento da anuidade ao conselho regional da sua jurisdição.
b) Delatar a atuação profissional de um colega de trabalho sem provas comprobatórias.
c) Prestar serviço profissional ou colaboração a entidade ou à empresa onde sejam desres-
peitados princípios éticos ou inexistam condições que assegurem adequada assistência.
d) Organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito
de ética profissional, em parceria com o Departamento Jurídico.
e) Respeitar a atividade de seus colegas e outros profissionais.

capítulo 2 • 49
04. A criação do Conselho Federal de Biomedicina, em 3 de setembro de 1979, garantiu
aos biomédicos o apoio legal para o exercício da biomedicina. Discorra sobre as principais
ações dessa autarquia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conselho Federal de Biomedicina. Disponível em: <http://cfbm.gov.br/>. Acesso em: jul. 2019.
Conselhos Regionais de Biomedicina.
1ª região. Disponível em: <https://crbm1.gov.br/>. Acesso em: jul. 2019. 2ª região. Disponível em:
http://crbm2.gov.br/website/>. Acesso em: jul. 2019.;
3ª região. Disponível em: <http://www.crbm3.gov.br/>. Acesso em: jul. 2019.
4ª região. Disponível em: <http://portal.crbm4.org.br/index.php/>. Acesso em: jul. 2019.
5a região. Disponível em: <http://crbm5.gov.br/site/>. Acesso em: jul. 2019.
6a região. Disponível em: <https://crbm6.gov.br/>. Acesso em: jul. 2019.
Associação Brasileira de Biomedicina. Disponível em: <http://www.abbm.org.br/>. Acesso em: jul.
2019.
Código de Ética do Profissional Biomédico. Disponível em: <http://cfbm.gov.br/legislacao/codigo-de-
etica-da-profissao-de-biomedico/>. Acesso em: jul. 2019.

capítulo 2 • 50
3
Habilidades do
profissional
biomédico
Habilidades do profissional biomédico
Conhecer as diretrizes nacionais curriculares nos permite entender quais
são os pré-requisitos mínimos exigidos pelo Ministério da Educação (MEC)
para a formação do profissional biomédico. Pautado nos princípios da saúde,
atenção à população no sistema único de saúde, o biomédico cada vez mais está
inserido em equipes de trabalho multiprofissionais em transdisciplinaridade
e interdisciplinaridade.
Para isso, reconhecemos os quatro blocos de ciências que fundamentam o
currículo mínimo da Biomedicina e o aprendizado prático em estágios.
Os estágios são atividades práticas orientadas por biomédicos e o aluno deve
ser estimulado para a busca ativa de um local que possa apresentar a realidade
profissional. Geralmente, essa experiência tem início a partir do terceiro período,
mas muitos centros de pesquisa preferem alunos ainda no ciclo básico para orientar.
Por fim, a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso é um momento
muito importante. Além de apresentar o resultado, na forma de monografias
ou artigo a uma banca avaliadora, o aluno egresso realiza a prova do Enade e se
despede da instituição, levando para o Conselho Regional os documentos exigidos
para a obtenção da sua primeira habilitação. E daqui desejamos boa sorte!

OBJETIVOS
•  Conhecer as orientações do MEC quanto às diretrizes nacionais curriculares para o curso
de Biomedicina;
•  Identificar as habilidades gerais e especificas do biomédico;
•  Reconhecer os quatro grupos de ciências que formam o perfil do biomédico;
•  Identificar as vantagens dos estágios curriculares e não curriculares;
•  Listar as etapas obrigatórias para se tornar um aluno formando egresso de Biomedicina.

A importância da interdisciplinaridade para a Biomedicina

Normalmente, as disciplinas dos cursos de graduação são, e devem ser


ministradas por professores especializados. Isso agrega qualidade e desenvoltura
naturalmente exigidas durante a dinâmica dos conceitos que deverão ser expostos.

capítulo 3 • 52
No entanto, tão importante quanto a aquisição de conhecimentos específicos é a
comunicação entre as disciplinas. O termo conhecido como interdisciplinaridade
teve origem na França e Itália, na década de 1960. Com o intuito de controlar
a crescente superespecialização profissional e o distanciamento dos elos para a
educação, esses países realizaram uma reforma na educação.
No Brasil, os modelos dinâmicos da interdisciplinaridade são encontrados
com mais facilidade no ensino fundamental e médio, mas são poucos os aplicados
no ensino superior.
A Estácio, por meio das práticas integradoras em seminários, participa desta
construção, e especialmente para o aluno de Biomedicina esta metodologia é
fundamental para o desenvolvimento de raciocínios lógicos e críticos na solução
de problemas.

Figura 3.1  –  A interdisciplinaridade tem como princípio a discussão de pontos comuns de


vários conhecimentos, de forma a contribuir para um raciocínio mais complexo e dinâmico.

Dinâmicas desse tipo, em disciplinas básicas, contribuem positivamente para


o aparecimento de um diferencial profissional. A proposta de integração por si
beneficia a ambos, docente e aluno, promovendo novas abordagens para o mesmo
conteúdo.

capítulo 3 • 53
Para entendermos um pouco mais essa prática, vamos utilizar a figura a seguir
que representa algumas disciplinas do ciclo básico: Microbiologia, Genética e
Biologia Molecular.

Microbiologia Biologia
molecular

Gené�ca

Figura 3.2  –  Representação da interdisciplinaridade, utilizando três


disciplinas do conteúdo básico do curso de Biomedicina.

A microbiologia é a ciência que estuda os micro-organismos, entre eles as


bactérias. Desde 1978, foi identificado o mecanismo de ação das enzimas de
restrição, endonucleases presentes em bactérias para se defenderem da infecção
por vírus (bacteriófagos). Essa descoberta permitiu o desenvolvimento da
biotecnologia e estudos com ácidos nucleicos em geral (biologia molecular), como
o teste de paternidade, que utiliza a análise de fragmentos de DNA cortados por
essas enzimas para correlacionar a presença de uma característica paterna.
Isso significa dizer que o conhecimento sobre enzimas de restrição permitiu
abordar três disciplinas diferentes e aumentar o repertório de informações para
discussões sobre o tema. Se colocássemos uma palavra no centro dessa imagem,
certamente seria endonuclease (enzima bacteriana).

Diretrizes curriculares

As diretrizes curriculares são normas preparadas por especialistas em educação,


que são validadas pelo Ministério da Educação. Para os cursos da área da saúde,
elas definem o perfil acadêmico e profissional para formação de recursos humanos
para atuação no cuidado à saúde. Devem ser consideradas obrigatórias para que

capítulo 3 • 54
as instituições possam planejar os seus currículos, respeitando, no entanto, a
flexibilidade de cada instituição.
Assim, em 11/4/2002 foi publicado o documento final, que define as diretrizes
nacionais obrigatórias para os cursos de graduação em saúde no Brasil, incluindo
a Biomedicina.

Figura 3.3  –  Registro do documento consolidando as normas do


Ministério da Educação para o curso de Biomedicina.4

Segundo esse documento, os objetivos principais foram:


•  Orientar na elaboração de currículos para um perfil acadêmico e profissional
com competências, habilidades e conteúdo para que possa atuar com qualidade,
eficiência e resolutividade no Sistema Único de Saúde (SUS).
•  Induzir os alunos de graduação em saúde a aprender ativamente, ou
seja, aprender a fazer, aprender a conhecer para garantir a base da qualidade no
atendimento prestado à sociedade.

Perfil do formando egresso/profissional

O perfil profissional é a sua identidade ou as linhas gerais que o caracterizam


e o destacam no mercado. Para os biomédicos, a formação profissional é conside-
rada generalista, humanista, crítica e reflexiva.

capítulo 3 • 55
Durante muito tempo, o mercado de trabalho privilegiava os profissionais
especializados, com domínio em um único assunto, mas hoje o profissional que
possui mais chances de se destacar é o generalista-especialista. Isso significa, em
termos práticos, ter uma base sólida de conhecimentos adquiridos na especialização.
Na Biomedicina, essa especialização parte de uma formação abrangente para que
ele possa atuar em todos os níveis de atenção à saúde.
A formação humanista, crítica e reflexiva significa que hoje não temos mais
exclusividade de disciplinas puramente técnicas. Devem ser destacadas as humanas,
que ampliem o seu entendimento sobre a nossa atuação como biomédicos, de
forma que esteja inserido no contexto da saúde brasileira e a sua participação no
cuidado à saúde humana.
Com certeza, as disciplinas de Organizações de Políticas da Saúde e Ética na
Saúde foram construídas para essa nova abordagem, mas isso é apenas o início
de uma nova metodologia dinâmica que pretende aproximar as discussões reais
das atuações profissionais. Podemos afirmar categoricamente que elas são um
grande diferencial, independentemente de qual área de atuação você escolher, pois
permite que atue em todos os níveis de atenção à saúde, sempre com base no rigor
científico e intelectual.
Ao orientar e também acompanhar as resoluções em relação ao perfil do egres-
so/profissional, o MEC afirma que o biomédico estará “capacitado ao exercício de
atividades referentes às análises clínicas, citologia oncótica, análises hematológicas,
análises moleculares, produção e análise de bioderivados, análises bromatológicas,
análises ambientais, bioengenharia e análise por imagem, pautado em princípios
éticos e na compreensão da realidade social, cultural e econômica do seu meio, di-
rigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.”

Competências e habilidades gerais do biomédico

Neste item, vamos aprender quais são as aptidões do profissional biomédico.


De forma geral, quais são as características que o tornam apto para exercer a
profissão? Perceba que essas qualidades estão distribuídas em todos os profissionais
da área da saúde, não somente biomédicos.
A primeira, e sempre importante é a atenção à saúde. O trabalho individual
e coletivo de um profissional da saúde prioriza a prevenção e a reabilitação. Para
isso todos, inclusive os biomédicos, devem trabalhar em harmonia com todas as
esferas da saúde, de forma que possam pensar coletivamente para solucionar os

capítulo 3 • 56
problemas da sociedade. Além disso, a execução das atividades deve ser realizada
no mais alto nível de qualidade, sempre respeitando os princípios éticos/bioéticos.
Outra competência geral definida pelo MEC para os profissionais da saúde
é a tomada de decisões. Isso significa que esse profissional deverá ter habilidades
para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, com base em
evidências científicas, na tomada de decisões para procedimentos, técnicas,
equipamentos ou quaisquer práticas visando à eficácia e ao custo efetivo.
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Figura 3.4  –  Estudos de tomada de decisões baseado em evidências científicas.

A capacidade de comunicação, liderança, administração e gerenciamento


também são requisitos para a formação profissional. Podemos acrescentar que a
comunicação, em qualquer ambiente de trabalho, tem a função de engajamento
e empatia para um trabalho em equipe, e por isso envolve a capacidade de saber
utilizar os meios para se expressar. Outra questão importante em relação à
comunicação, e que já havíamos abordado no capítulo anterior é, sem dúvida, o
sigilo profissional ser uma das competências gerais mais importantes do profissional
da área da saúde. Estar apto a manter a confidencialidade das informações que
foram a ele confiadas, ou entre profissionais e com o público em geral, é um dos
pilares para a boa comunicação.

capítulo 3 • 57
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Figura 3.5  –  Uma das premissas da boa comunicação


no ambiente de trabalho é saber escutar.

Nas diretrizes nacionais, a comunicação também envolve o preparo na forma


verbal, nas habilidades de escrita e leitura, em relação às tecnologias de informação
e ao domínio de pelo menos uma língua estrangeira. O profissional de saúde que
acompanha os avanços da sua área, normalmente o faz através da língua inglesa,
hoje considerada universal, quando estamos nos referindo a publicações científicas.
Como veremos mais adiante, o Trabalho de Conclusão de Curso é escrito a partir
de um grande número de referências bibliográficas, entre eles artigos científicos.
A liderança apontada pelo MEC orienta que os profissionais de saúde deverão
estar aptos a assumir posições de liderança, sempre tendo em vista o bem-estar da
comunidade, e em muitas situações junto a equipes multiprofissionais. Podemos
também compreender que o biomédico deve ser preparado para administrar e
gerenciar ativamente os recursos físicos e materiais e de informação, e serem aptos
a serem empreendedores, gestores, empregadores. O perfil do profissional de
saúde tem mudado rapidamente nas últimas décadas, com novas possibilidades de
atuação e principalmente inovações que exigem desse profissional cada vez mais
habilidades sociais e humanas, em paralelo às habilitações técnicas.
Por fim, para a educação permanente, segundo as diretrizes do MEC espe-
ra-se que esses profissionais sejam capazes de realizar constantemente aprimora-
mentos teóricos e práticos. Devem aprender a aprender e ter a responsabilidade
e o compromisso com a sua educação, como também serem responsáveis pelo

capítulo 3 • 58
treinamento ou por estágios das futuras gerações de profissionais, proporcionando
trocas dinâmicas entre as gerações de profissionais, promovendo a formação e a
cooperação por meio de redes nacionais e internacionais.
©© FIZKES | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 3.6  –  Na educação permanente, o biomédico está


comprometido com as suas responsabilidades profissionais.

Competências e habilidades específicas do biomédico

A graduação em Biomedicina deve garantir que o profissional atue em todos os


níveis de atenção à saúde, respeitando os princípios éticos do exercício profissional,
devendo atender ao sistema de saúde vigente no país, a atenção integral da saúde
no sistema regionalizado e hierarquizado de referência e o trabalho em equipe.
Nesse sentido, o biomédico deve atuar multiprofissionalmente, interdiscipli-
narmente por meio da aquisição de expertises de outras profissões, e transdiscipli-
narmente, ou seja, com intuito de promover a unidade de conhecimento através
das profissões, garantindo assim extrema produtividade na promoção da saúde.
Deve o biomédico também reconhecer a saúde como direito a condições
dignas de vida, e assim atuar contribuindo para a manutenção da saúde, o bem-
estar e a qualidade de vida das pessoas, famílias e comunidade, considerando
suas circunstâncias éticas, políticas, sociais, econômicas, ambientais e biológicas.

capítulo 3 • 59
Segundo o MEC, isso só é possível se a sua atuação estiver inserida em um contexto
social, pois é uma forma de participação e contribuição social.
Cabe ao biomédico a competência de emitir laudos, pareceres, atestados e
relatórios, além de conhecer métodos e técnicas de investigação e elaboração de
trabalhos acadêmicos e científicos.
Estará apto a realizar procedimentos relacionados à coleta de material para
fins de análises laboratoriais e toxicológicas, como também realizar, interpretar,
emitir laudos e pareceres e se responsabilizar tecnicamente por análises clínico-
laboratoriais, incluindo os exames hematológicos, citológicos, citopatológicos e
histoquímicos, biologia molecular, bem como análises toxicológicas, dentro dos
padrões de qualidade e das normas de segurança.
Deve exercer atenção individual e coletiva na área das análises clínicas e
toxicológicas, como gerenciar laboratórios de análises clínicas e toxicológicas.
Em relação ao meio ambiente, o biomédico deverá estar apto a realizar aná-
lises físico-químicas e microbiológicas de interesse para o saneamento do meio
ambiente, incluídas as análises de água, ar e esgoto.
Em serviços de hemoterapia, caberá ao biomédico a realização, a interpretação
de exames e a responsabilidade técnica, podendo inclusive atuar na pesquisa
e no desenvolvimento, na seleção, na produção e no controle de qualidade de
hemocomponentes e hemoderivados.
Na área de biotecnologia, o biomédico deverá estar apto, ao fim da sua
formação, para atuar na pesquisa e no desenvolvimento, na seleção, na produção
e no controle de qualidade dos produtos obtidos. Deverá ter competência
específica para atuar na seleção, no desenvolvimento e no controle de qualidade
de metodologias, de reativos, de reagentes e de equipamentos; assimilando as
evoluções tecnológicas e conceituais da ciência.
Para o MEC, o biomédico deve avaliar e responder com senso crítico
as informações que estão sendo oferecidas durante a graduação e no exercício
profissional, e dessa forma estar apto para o desenvolvimento de um raciocínio
dinâmico, rápido e preciso na solução de problemas específicos de cada uma de
suas habilitações específicas.
Por fim, caberá também ao biomédico o papel de educador, gerando e
transmitindo novos conhecimentos para a formação de novos profissionais e para
a sociedade como um todo.

capítulo 3 • 60
Currículo comum para a Biomedicina

Para a graduação do aluno biomédico, o seu currículo deve conter todas


as disciplinas que atuem direta ou indiretamente no processo saúde-doença.
Um exemplo é a disciplina de Química Orgânica, que faz parte do núcleo de
Ciências Exatas. Considerada um dos pilares para as atividades de laboratório, o
aprendizado sobre mecanismos de tamponamento e soluções ácidas fracas devem
ser compreendidos como etapa preparatória para as disciplinas de Bioquímica
Clínica, Fisiologia e Patologia.
Nesse sentido, existe uma divisão de disciplinas com base nas Ciências Exatas,
Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais e a Ciências da
Biomedicina.

Conteúdo das Ciências


definido pelo MEC para o
curso de Biomedicina

Exatas: Biológicas e Humanas e Biomedicina:


química, da Saúde: Sociais: saúde,
física e células, dimensões doença e
estatística tecidos, da relação meio
órgãos e indivíduo e ambiente
sistemas sociedade

Figura 3.7  –  Organograma dos grupos de Ciências


exigidos pelo MEC para a formação biomédica.

Nas Ciências Exatas estão os processos, os métodos, as abordagens físicas,


químicas, matemáticas e estatísticas que dão suporte à Biomedicina. As disciplinas
de Bioestatística, Química Orgânica e Química Biológica estão nesse grupo.
As Ciências Biológicas e da Saúde são as que englobam a prática e a teoria dos
processos moleculares e celulares, como também as alterações, os microbiológicos,
a genética e a imunologia. Além das três últimas, a Patologia, Biologia Celular,
Biologia Molecular e Fisiologia são exemplo da base para a formação de conceitos
da saúde e da doença.
A formação de caráter humanístico, comportamental, ecológico, ético e legal
está contemplada nas disciplinas de Ciências Humanas e Sociais, como a disciplina
de Organização de Políticas da Saúde e Ética na Saúde.

capítulo 3 • 61
O grupo de disciplinas consideradas específicas para as Ciências da
Biomedicina são: Biologia Molecular, Biotecnologia, Microbiologia aplicada à
Biomedicina, entre outras que formam a base para a profissão dentro do currículo,
que normalmente tornam-se mais presentes a partir do 4º período.

Quando procurar um estágio?

Estágios são experiências práticas profissionais, geralmente fornecidas pela


própria instituição ou por algum local conveniado, podendo ser de aprendizagem
(não curricular) ou curricular. No estágio de aprendizagem, não é necessária a
comprovação do orientador mestre ou doutor.
Em ambos, o aluno participa de rotinas, procedimentos, coletas,
armazenamentos de dados e discussões de caso por um período predeterminado.
Geralmente, o aluno procura o seu primeiro estágio após o 4º período, mas muitos
locais já aceitam estagiários a partir do 3º período, principalmente universidades e
centros de pesquisa, quando as disciplinas básicas já foram cursadas. É importante
frisar que, ao final do segundo ano de graduação, o aluno está bem mais apto
para aprender sobre a biomedicina prática, pois já concluiu as disciplinas do
ciclo básico.
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Figura 3.8  –  O estágio não deve ser procurado somente na última etapa
da graduação, com o risco de escolher precipitadamente a primeira.

No caso de um estágio de Iniciação Científica, o aluno estará inserido em um


projeto científico financiado por alguma agência de investimentos, seja estadual

capítulo 3 • 62
ou federal, como a Fundação de Amparo ao Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e
o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq). É
importante que o seu orientador seja mestre ou doutor. Nesse estágio, o aluno
também deve estar presente nos seminários e nas reuniões de apresentação de
resultados. Normalmente, ele tem remuneração e deve preparar um relatório
periódico para concorrer à renovação da bolsa IC.
Os estágios curriculares são definidos pelo MEC com carga horária mínima
de 500 horas ou 20% da carga horária total do curso, e é importante que se tenha
carga horária mínima de 4 horas por dia.

Trabalho de conclusão de curso (TCC)

Quando o aluno está no último ano do curso, ele estará inscrito na disciplina
de estágio supervisionado I e em seguida estágio II. Como já foi abordado, essa
experiência prática supervisionada resultará em um trabalho escrito e orientado
pelo responsável-técnico, pesquisador ou docente orientador. É importante que a
orientação seja de um profissional biomédico capacitado e legalmente habilitado
para essas funções.
O estágio é de livre escolha do aluno e, por essas razões, tem grande importância
para o seu futuro profissional. Dependendo da região no Brasil, muitos alunos
optam por Análises Clínicas, outros por Imagenologia, Análises Moleculares, ou
por disciplinas específicas (ex.: Imunologia).
Algumas instituições fazem convênios com empresas de produtos biológicos
(bioempresas) e oferecem estágio para área de produção de material laboratorial
ou hospitalar. A escolha do Estágio de Conclusão de Curso depende, portanto, da
afinidade do aluno por uma área de atuação.
Como pré-requisito para a formação, o aluno participa do Exame Nacional
de Desempenho (Enade), realizado com alunos de graduação do último ano.
Com essa ferramenta, que não é eliminatória e sim classificatória, o MEC avalia a
instituição quanto ao investimento na formação do corpo discente. O Enade não
avalia diretamente o aluno, mas a instituição superior. No entanto, não participar
do exame do Enade compromete os indicadores de qualidade da sua instituição e
isso afetará indiretamente a você, diplomado por essa IES.

capítulo 3 • 63
ATIVIDADES
01. O perfil profissional é a identidade no mercado de trabalho. Como podemos identificar o
perfil do egresso formando/profissional biomédico?

02. Cite as habilidades gerais do profissional biomédico, segundo as Diretrizes Nacionais


Curriculares do MEC.

03. Cite as habilidades específicas do biomédico.

04. Qual a diferença entre o estágio de aprendizagem (não curricular) e o estágio curricular?

05. Qual a importância da prova do Exame Nacional de Desempenho (Enade) para o aluno
egresso formando?

06. Quais são os conteúdos das ciências exigidos pelo MEC?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FAZENDA, I. C. A.; VARELLA, A. M. R. S. e ALEMIDA, T. T. O. (2013) Interdisciplinaridade:
tempos, espaços, proposições. Revista e-Curriculum. São Paulo: n. 11 v. 3.
NAOUM, P. C. Biomedicina – Guia para Estudantes e Recém-graduados em cursos de
Biomedicina. Edição da Academia de Ciência e Tecnologia de São José do Rio Preto-SP, 2005.
Diretrizes Curriculares – Cursos de Graduação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/
observatorio-da-educacao/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12991-
diretrizes-curriculares-cursos-de-graduacao>. Acesso em: jul. 2019.

capítulo 3 • 64
4
Mercado de
trabalho e
habilitações
Mercado de trabalho e habilitações
Conhecer o mercado de trabalho para qualquer profissão é a melhor escolha
para o sucesso profissional. Diante de tantas habilitações, o profissional biomédico
naturalmente apresenta algumas vantagens em relação aos campos de atuação na
área da saúde, porém alguns pré-requisitos devem ser seguidos e, sem dúvida a
capacitação e a formação especializada não podem ser ignoradas.
Hoje, algumas habilitações se destacam na representação do biomédico
no mercado de trabalho, entre elas a Acupuntura, Biomedicina Estética,
Citopatologia e Imaginologia, mas todas igualmente estão em crescente evolução
científica e tecnológica. A patologia clínica, considerada a habilitação chefe para a
biomedicina, tem demonstrado, ao longo dos anos, que os processos automatizados
ou semiautomatizados são imprescindíveis para a rotina laboratorial. Ao contrário
do que já foi veiculado, a automação não substitui o profissional biomédico,
pois a manutenção do controle de qualidade nos testes diagnósticos, como dos
equipamentos, são atividades inerentes do biomédico qualificado.
Nesse capítulo, começaremos a entender as atribuições do biomédico nas
habilitações, e as condições ideais para que possa exercê-las em prol da saúde
humana e do bem-estar.

OBJETIVOS
•  Conhecer as atualizações em relação ao mercado de trabalho para o biomédico;
•  Conhecer o perfil de responsável técnico do biomédico;
•  Conhecer as competências das habilitações em análises clínicas, hematologia/banco de
sangue, Acupuntura, Análise Ambiental, Microbiologia de Alimentos, Bromatologia, Imagino-
logia, do biomédico;
•  Identificar competências que são vedadas ao biomédico.

O mercado de trabalho para o biomédico

Como está o mercado de trabalho para o Biomédico? Da sua origem


estritamente direcionada para o diagnóstico laboratorial e para a pesquisa, hoje
encontramos biomédicos em várias frentes de trabalho. De profissional estudioso

capítulo 4 • 66
das doenças humanas com objetivo de identificar as suas causar e combatê-las, a
ações de bem-estar, como a Biomedicina Estética, há mais de 35 habilitações que
podem ser encontradas em todo o país.
Existem mais de 100 mil biomédicos e estamos cada vez mais crescendo
em número, em competência e reconhecimento por todas as atividades que
contribuem para a qualidade de vida do brasileiro. Vale lembrar também que
estamos espalhados em mais de 20 países com merecido destaque, mas o diploma
deve ser validado no consulado de interesse. No exterior, encontramos biomédicos
trabalhando principalmente em laboratórios de pesquisa molecular, laboratórios
de pesquisa clínica, farmácia de manipulação e hospitais.
Outro avanço importante é o crescente aumento de vagas para biomédicos
em concursos. Muitos biomédicos desejam trabalhar no setor público pela maior
estabilidade financeira. Fato é que estamos há 35 anos contribuindo unicamente
para os serviços de saúde e, portanto, devemos ser reconhecidos a partir do nosso
perfil profissional específico. Nos últimos anos, a adição de vagas para graduados
em Biomedicina, especialmente para o perfil em análises clínicas, aumentou a
chance para biomédicos. Vagas anteriormente destinadas a farmacêuticos agora
estão contempladas para a Biomedicina como ocorrido no concurso do 9o Distrito
Naval em Manaus.
Os concursos públicos são realizados para provimento de vagas em hospitais,
universidades e laboratórios de pesquisa.
Até agora estamos aprendendo sobre as possibilidades de mercado para
o bacharel em Biomedicina, mas você sabe a diferença entre bacharelado e
licenciatura em um curso de graduação?
Bacharelado é a formação universitária para atuação ampla no mercado,
enquanto a licenciatura em Biomedicina é indicada para ser professor na educação
básica e profissional em Biomedicina. As duas têm a mesma base de formação
curricular, mas na licenciatura são acrescentadas disciplinas ligadas à Didática,
Pedagogia e Psicologia.
A Resolução n. 126, de 16 de junho de 2006, do Conselho Federal de
Biomedicina, considerando o artigo 3o do Conselho Nacional de Educação/
Câmara de Educação Superior (CNE/CES) definiu as capacitações do profissional
biomédico em licenciatura da seguinte forma:
Art. 1º. O profissional biomédico, com licenciatura em Biomedicina,
está capacitado para atuar na educação básica e na educação profissional em
Biomedicina, nos termos do Art. 4o da Resolução CNE/ CES n. 02/2003.

capítulo 4 • 67
Art. 2º. A formação dos professores por meio da licenciatura plena deve
assegurar a articulação da graduação em Biomedicina com a Licenciatura em
Biomedicina, seguindo pareceres e resoluções da Câmara de Educação Superior e
do Pleno do Conselho Nacional de Educação, conforme estabelecido no Art. 13
c/c inciso IX do Art. 14 da Resolução CNE/ CES n. 02/2003.
Art. 3º. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas
as disposições em contrário.

Biomedicina hoje

Apesar das mais de 30 habilitações para a Biomedicina, as duas principais


ainda são docência/pesquisa e os laboratórios de análises clínicas, concentrando
aproximadamente 90% dos profissionais1. No entanto, a saturação do mercado
de trabalho em análises clínicas tem mudado o perfil das habilitações nos últimos
anos. Habilitações em diagnóstico por imagem, citologia oncótica, acupuntura
e estética têm crescido expressivamente. Outras áreas, como a análise forense
para atuar em perícia criminal também tem chamado a atenção em pesquisas de
intenção ainda no primeiro ano da graduação.
Outro ponto é a variação em relação a capitais e grandes cidades, onde clínicas
de reprodução assistida são procuradas por especialistas em Biologia Molecular,
Genética e Microbiologia.
Na Biomedicina de hoje nota-se também uma maior participação de
biomédicos nas indústrias de medicamentos e alimentares, nesse caso na
especialidade de microbiologia de alimentos ou na gestão de qualidade.
Mais uma vez devemos lembrar que o Conselho Federal não impede que o
biomédico possa ser especialista em mais de uma área de atuação3.
A seguir vamos conhecer as competências gerais de cada habilitação biomédica.
As descrições mais específicas podem ser consultadas no Conselho Federal de
Biomedicina e nas sociedades especializadas em cada habilitação, por exemplo, a
Sociedade Brasileira de Patologia Clínica para dúvidas e atualizações em relação a
análises clinicas.

Como obter a sua habilitação?

Alguns questionamentos comuns entre os alunos de Biomedicina são: quantas


habilitações posso exercer como biomédico? Eu já sou técnico, posso considerar
uma habilitação?

capítulo 4 • 68
A biomedicina permite que o profissional possa ter mais de uma habilitação,
e isso é muito animador para o ingresso no mercado de trabalho. A primeira
habilitação é na graduação, com estágio que deve cumprir minimamente 500
horas de atividades. Esse estágio é supervisionado e dará a primeira especialidade.
Uma orientação é que se pesquise muito sobre as habilitações e os estágios, pois
a realização somente para cumprimento de mais uma etapa para a sua graduação é
frustrante. Um exemplo disso é a oferta de bolsas remuneradas. Devem existir como
um incentivo e auxílio, mas muitas vezes tornam-se um atrativo e o aluno segue
no estágio curricular sem muita motivação pelo conhecimento. A escolha deve ser
feita por afinidade, e a sua primeira habilitação é a porta de entrada no mercado.
Fazê-la com consciência permite que você se estabeleça mais rapidamente. Algumas
instituições permitem que o aluno possa estagiar em mais de uma habilitação, mas
cada estágio deve respeitar as quinhentas horas de formação técnica.
O exercício da profissão depende do registro profissional, por isso os documentos
obtidos em uma instituição de ensino credenciada pelo Ministério da Educação,
o histórico escolar e o diploma devem ser encaminhados ao Conselho Regional
de Biomedicina para a confecção da sua carteira de identidade profissional. Nela
constará o seu campo de atuação do exercício profissional e o decreto n. 88.439 de
28 de junho de 1983, no artigo 1o afirma que a inscrição profissional é obrigatória.
A não inscrição é considerada ilícita do ponto de vista ético, disciplinar e penal.
O infrator sofrerá as sanções previstas no código de ética da profissão e no código
penal depois do devido processo administrativo e/ou penal.
Com o mercado competitivo das últimas décadas, é um caminho natural
ao biomédico ingressar em cursos de especialização, ou na formação acadêmica
através de mestrado e doutorado para uma nova habilitação. Outra possibilidade é
a realização e aprovação no exame de título de especialista da Associação Brasileira
de Biomedicina, assim como o certificado de aprimoramento profissional e a
residência multiprofissional em instituições de ensino superior reconhecidas pelo
Ministério da Educação.

Habilitações da Biomedicina

Patologia Clínica (Análises Clínicas)

Não poderíamos começar a descrição de todas as habilitações sem o resgate


histórico da nossa primeira habilitação, a patologia clínica. Foi através da lei n.

capítulo 4 • 69
7.135, de 26 de outubro de 1983, artigo 2o que ficou garantido o exercício de
análises clínico-laboratoriais aos diplomados em Ciências Biológicas, modalidade
médica, que tenham ingressado nesse curso após julho de 1983. Além disso, outras
resoluções garantiram que somente o Conselho Federal de Biomedicina seria a
única autarquia capaz de monitorar as atividades dos profissionais biomédicos
nessa habilitação, e não o Conselho Federal de Biologia.
O profissional habilitado em análises clínicas é o responsável técnico que
assina os respectivos laudos das áreas de análise em hematologia, microbiologia,
bioquímica, parasitologia e imunologia. É uma área dinâmica com constantes
inovações tecnológicas que dependem de profissionais cada vez mais especializados.
O biomédico pode também assumir chefias técnicas, assessorias e direção
dessas atividades. Entretanto, para que o profissional biomédico possa exercer
regularmente a responsabilidade técnica, a empresa deve estar registrada no
Conselho Regional de Biomedicina e a área de atuação da empresa deve ser
compatível com a habilitação do profissional. É possível também ao biomédico
assumir até duas RT (responsabilidade técnica), sendo que os locais devem estar
obrigatoriamente em municípios limítrofes.
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Figura 4.1  –  O biomédico especializado em patologia clínica realiza ensaios para


diagnósticos laboratoriais a partir de amostras de plasma e soro humano ou animal.

capítulo 4 • 70
É competência do biomédico em análises clínicas (patologia clínica):
•  Coleta1, armazenamento e transporte de amostras biológicas para a
realização de exames, exceto a coleta de materiais para biópsia, coleta de líquido
céfalo-raquidiano (líquor) ou punção para obtenção de líquidos cavitários.
•  Executar o processamento de sangue e realizar as sorologias.PFirmar os
respectivos laudos em hematologia, microbiologia, bioquímica, parasitologia
e imunologia.
•  Assumir a responsabilidade técnica, assessoria, chefia ou direção de
laboratório de análises clínicas.

Um ramo que tem crescido muito, principalmente pela demanda por serviços
pet é a Análises Clínicas Veterinárias. A Resolução do CFBm º. 154, de 4 de
abril de 2008 permite ao profissional Biomédico:
•  Elaborar exames laboratoriais e diagnósticos realizados em animais de
pequeno e grande porte, assinando os respectivos laudos.

CONEXÃO
Curioso sobre a atuação nas análises clínicas veterinárias? Então assista a entrevista
com a biomédica Cinthya Rodrigues, especialista em Análises Clínicas Veterinárias no
endereço, disponível em: <https://www.biomedicinapadrao.com.br/2018/08/entrevistei-
uma-biomedica-especialista.html>. Acesso em: jul. 2019. Essa entrevista foi concedida a
Brunno Câmara, biomédico criador e administrador do blog Biomedicina Padrão, disponível
em: (www.biomedicinapadrao.com.br>. Acesso em: jul. 2019

CONEXÃO
Para conhecer mais sobre essa habilitação, acesse o site da Sociedade Brasileira de
Análises Clinicas, disponível em: <http://www.sbac.org.br>, com acesso em: jul. 2019, no
quae você também terá acesso a Revista Brasileira de Análises Clínicas, disponível em:
<http://www.rbac.org.br>. Acesso em: jul. 2019.

1  De acordo com o Art. ºo da Res. nº 78 de 2904/2002, o profissional Biomédico está apto a realizar toda e
qualquer coleta de amostras biológicas, como a coleta arterial. Existem exceções que estão relacionadas no Art. 2º,
§ ºo da Res. nº 83 de 2904/2002.

capítulo 4 • 71
Hematologia e/ou banco de sangue

A hematologia é o estudo dos componentes do sangue, sua morfologia e fi-


siologia, através da análise dos glóbulos vermelhos, glóbulos brancos, plaquetas,
proteínas do sistema de coagulação, medula óssea, linfonodos e baço. O biomédi-
co hematologista quantifico as células, sua morfologia, o tempo de coagulação, e
a hemoglobina e identifico situações anormais em doenças hematológicas. Como
membro de equipes multiprofissionais, ele pode atuar em laboratórios de hemato-
logia e bancos de sangue.
De acordo com Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001, e as resoluções de º.
78 (2904/2002), º. 227 0705/2013) e a RDC Anvisa º. 57, de 16 de dezembro
de 2010, o biomédico que trabalha em bancos de sangue devm exercer as
seguintes atividades:
•  Assumir assessoriais e executar trabalhos específicos e relacionados ao
processamento semi-industrial e industrial do sangue e correlatos, além de suas
sorologias.
•  Realizar todos os procedimentos técnicos de banco de sangue, transfusão,
infusão de sangue, hemocomponentes e hemoderivados.
•  Realizar exames pré e pós-transfusionais em serviços de hemoterapia.
•  Manusear equipamentos de autotransfusão.
•  Assumir chefias técnicas, assessorias e direção dessas unidades.
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Figura 4.2  –  O biomédico no banco de sangue é o responsável


pelos testes pre-transfusionais, entre outras competências.

capítulo 4 • 72
No entanto, a responsabilidade técnica é exclusiva do profissional médico,
especialista em hemoterapia ou hematologia, ou qualificado por órgão competente
devidamente.
Em relação aos serviços de diálise, o biomédico deve ser supervisionado por
um médico nefrologista, de acordo com a Resolução CFBM n. 190, de 10 de
dezembro de 2010. Ao biomédico cabe, portanto, controlar, monitorar e garantir
a qualidade do tratamento de água e do dialisado.
O biomédico também pode atuar na elaboração de rotinas padronizadas; na
análise e na avaliação de resultados laboratoriais discrepantes junto ao médico
nefrologista; treinar e supervisionar a equipe de coleta de material biológico e
participar ativamente do programa de controle e prevenção de infecção e de
eventos adversos.

Acupuntura
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Figura 4.3  –  A acupuntura é uma das mais recentes


conquistas para atuação do biomédico.

A resolução nº 292/2018, de 09 de agosto de 2018, do CFBM reconheceu


a acupuntura como especialidade da Biomedicina, por reconhecer a ativida-
de da acupuntura integrada aos cursos de graduação e pós-graduação das esco-
las biomédicas.

capítulo 4 • 73
Algumas datas importantes marcam o novo olhar sobre a acupuntura e
medicina integrada. Em 1996, a Organização Mundial de Saúde definiu as
“Diretrizes para o Treinamento Básico e Segurança em Acupuntura”, e no Brasil o
Ministério da Saúde, em 2006, aprovou as práticas integrativas e complementares
no Sistema Único de Saúde, fatos que aproximaram a população das práticas
complementares na assistência à saúde. Mas o que faz o biomédico acupunturista?
Primeiro vamos definir, em linhas gerais, a acupuntura.
A acupuntura é um tipo de tratamento da medicina chinesa no que agulhas
finas são inseridas na pele em pontos específicos ou pontos energéticos, estimulan-
do os nervos sensoriais sob a pele e os músculos. Essa ação provoca a liberação de
substâncias como opioides endógenos que provocam alivio da dor e relaxamento.
Por essa razão, a acupuntura é utilizada para tratamento de dores musculares,
esqueléticas, tensão emocional, dores viscerais como asma, gastrite. Ela também é
utilizada em patologias psíquicas, como insônia, estresse e outros sintomas neuro-
lógicos, como enxaqueca.
Para o tratamento da acupuntura, são utilizados vários procedimentos
diferentes como moxabustão, eletroestimulação, auriculoterapia, fitoterapia,
magnetoterapia, hidroterapia, essências vibracionais, feng shui e quiroacupuntura.
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Figura 4.4  –  A eletroestimulação é um dos vários procedimentos utilizados na acupuntura.

O biomédico legalmente habilitado em acupuntura estará apto a:


•  Realizar diagnóstico energético em consultório.

capítulo 4 • 74
•  Atuar em equipes de saúde, no nível tecnológico, especialmente nas
atividades complementares de diagnóstico e da política nacional de práticas
integrativas e complementares (SUS).
•  Atuar como docente em cursos de especialização e nas universidades
(pós-graduação).

CONEXÃO
Para você conhecer um pouco mais sobre acupuntura, acesse o site da Associação
Biomédica de Acupuntura no endereço disponível em: <www.abiomac.org.br>. Acesso em:
jul. 2019.

LEITURA
Um exemplo da eficácia da acupuntura está no tratamento da ansiedade, para saber mais,
acesse o artigo “Efeitos da acupuntura no tratamento da ansiedade: revisão integrativ.”, dispo-
nível em: <http://www.scielo.br/pdf/reben/v69n3/0034-7167-reben-69-03-0602.pdf>, com
acesso em: jul. 201) e descubra porque a acupuntura está entre os tratamentos mais procu-
rados desse século.

Análise Ambiental

Outra habilitação que vem se destacando na Biomedicina é a de análise


ambiental. Presente no artigo 5º da Resolução n. 78, de 29/4/2002, que define o
Ato Profissional Biomédico, cabe ao biomédico as atividades de saneamento do
meio ambiente.
Para isso as suas competências são:
•  Realizar análises físico-químicas, microbiológicas e parasitológicas de
amostras de água, ar e esgoto.
•  Assumir responsabilidade técnica pelo tratamento de água e de efluentes,
preparando relatórios técnicos e assinando os respectivos laudos.
•  Realizar consultorias privadas. trabalhando em órgãos públicos de
fiscalização ambiental, como o Ibama.
•  Prestar assessoria para a empresa em questões relacionadas ao meio ambiente.

capítulo 4 • 75
•  Coordenar inspeções ambientais.
•  Controlar e atualizar a licença ambiental junto a órgãos de fiscalização
ambiental e vigilância sanitária.
•  Desenvolver e implantar projetos que visam à diminuição do impacto sobre
o meio ambiente.
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Figura 4.5  –  O analista ambiental coleta amostras de água, esgoto e do ar com objetivo
de verificar alterações que comprometam o ecossistema e a população humana.

•  Promover treinamento de capacitação aos funcionários.


•  Fazer redação de relatórios técnicos de auditorias ambientais.
•  Fazer a análise de documentação legal ambiental.
•  Fazer divulgação e treinamentos da política ambiental, entre outras.

Além disso, em 14 de junho de 2009, o CFBM, por meio da resolução n.


175, garantiu ao biomédico as análises físico-químicas da água. Dessa forma, é
permitido também controlar o monitoramento e a análise de água em indústrias,
domicílios, hotéis, clubes e balneários.

capítulo 4 • 76
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Figura 4.6  –  Ao biomédico cabe a realização de relatórios técnicos


sobre a presenta de fatores que comprometam o ambiente.

Análises bromatológicas

A Bromatologia é a ciência que estuda os alimentos. Todos os aspectos re-


lacionados aos alimentos, como a composição química, valor alimentício, valor
calórico, presença de contaminantes, características físico-químicas e toxicológicas
estão na bromatologia.
É por meio da bromatologia que podemos verificar a composição qualitativa
e quantitativa dos alimentos, nas etapas de coleta, do transporte da matéria-prima
e a venda do alimento natural ou industrializado.
©© DRAGANA GORDIC | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 4.7  –  O biomédico especializado em bromatologia realiza as análises


físico-químicas dos alimentos para detecção de contaminantes.

capítulo 4 • 77
Compete ao biomédico bromatologista:
•  Responsabilidade técnica para análises físico-químicas e toxicológicas para
aferição da qualidade e contaminação de alimentos, detectando fraudes.
•  Elaboração de relatórios técnicos para laudos; perícias e consultoria.

Microbiologia de alimentos

A habilitação em microbiologia dos alimentos serve para garantir a inocuida-


de dos alimentos, ou seja, que não existem substâncias como toxinas que possam
produzir efeitos prejudiciais à saúde humana.
Serve também para avaliar a vida útil do alimento, o processamento de produ-
tos tradicionais, e o desenvolvimento de novos produtos alimentícios com alega-
ções funcionais e de promoção da saúde, como os probióticos e prebióticos.
Por falar nisso, você sabe a diferença entre probióticos e prebióticos?
Os probióticos são micro-organismos vivos que mantém a microbiota humana
saudável, trazendo benefícios para a nossa imunidade. Você já deve ter ouvido falar
do kefir, um composto de vários micro-organismos, considerado um alimento
funcional (antes chamado de bichinho do leite), pois auxilia o nosso intestino
combatendo as bactérias ruins. Já os prebióticos são substâncias encontradas
em alimentos que não conseguimos digerir, mas que são utilizados pelas nossas
bactérias, tornando-as mais protetoras contra os patógenos intestinais.
©© MADELEINE STEINBACH | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 4.8  –  O kefir é um tipo de probiótico analisado pelo microbiologista de alimentos.

capítulo 4 • 78
Nessa habilitação, portanto, o biomédico exerce as seguintes funções:
•  Realiza análises microbiológicas para a indústria alimentícia, restaurantes,
cozinhas industriais.
•  Assume as atividades de responsabilidade técnica, realizando os relatórios
técnicos, as perícias, as consultorias
•  Assina os laudos.
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©© MARK AGNOR | SHUTTERSTOCK.COM


Figura 4.9  –  O microbiologista de alimentos avalia a presença de
micro-organismos em amostras da indústria alimentar.

Imagenologia, Radiologia e Biofísica

Todas são capacitadas para exercerem atividades no diagnóstico por imagem


e terapia, mas são supervisionadas por um médico radiologista. São, portanto,
atuantes nos serviços de radiodiagnóstico e radioterapia.

Figura 4.10  –  As tomografias computadorizadas dependem de profissionais


capacitados para operar equipamentos de diagnóstico por imagem.

capítulo 4 • 79
Em relação ao radiodiagnóstico, está associado à operação de equipamentos
e sistemas de diagnóstico por imagem, como as tomografias computadorizadas,
ressonância magnética, mamografia, ultrassonografia, etc. Para a radioterapia,
está associado à operação de equipamentos que utilizam radiações ionizantes para
tratamento, assim como gerenciar os serviços de radiodiagnóstico.
Espera-se do biomédico atuante, o desenvolvimento de protocolos de estudo e
exames, assim como novas técnicas, a coordenação de colaboradores, a administração
e gestão de conteúdo, além de atuar na indústria de equipamentos e serviços.
Deve ser capacitado para atuar na Informática Médica, ou seja, na gestão
de conteúdo de dados ou armazenamento das imagens adquiridas e para isso
demonstrar habilidade sobre os sistemas HIS (Hospital Information System), RIS
(Radiology Information System) e PACS (Picture Archiving in Communication System).
Na Imaginologia, as atribuições do biomédico são nas atividades de Tomografia
Computadorizada, Ressonância Magnética, Ultrassonografia, Radiologia Geral e
especializada, Densitometria Óssea, Dosimetria e Radioterapia, além de atividades
de ensino técnico profissionalizante e em pós- graduação.
O biomédico especializado em Radiologia Geral e Especializada deverá operar
equipamentos de radiografias convencionais, computadorizadas e digitais. Sua for-
mação permitirá a definição de protocolos de exames e administrar meios de con-
traste, e com isso atuar no pós-processamento de imagens e na informática médica.
O biomédico na medicina nuclear, segundo a Resolução da Diretoria
Colegiada (RDC) da Anvisa de n. 38 (4/6/2008), além de atuar em estudos de
pesquisa científica utilizando radiação ionizante, pode operar equipamentos PET/
CT e PET/RM, auxiliar o médico nos procedimentos terapêuticos, solicitar e
controlar os reagentes liofilizados, identificar, rotular e rastrear os radiofármacos
e radioisótopos, preparar as doses individuais, realizar a administração dos radio-
fármacos seguindo os protocolos estabelecidos para cada exame e a orientação do
médico nuclear.

LEITURA
Nessas habilitações, existem ainda muitas dúvidas quanto as competências do biomédico
e dos profissionais técnicos, dessa forma, acesse as especificações no site disponível em:
<http://www.sinbiesp-biomedicina.com.br/tire-suas-duvidas/habilitacoes/imagenologia.html>.
Acesso em: jul. 2019.

capítulo 4 • 80
CONEXÃO
E para entender a diferença entre os biomédicos e os técnicos em radiologia acesse o
vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=mjt3XKF7c-M>. Acesso em: jul.
2019.

Informática em Saúde

Apesar de a informática ser um pré-requisito em outras habilitações, é


importante defini-la como uma habilitação separada.
Os avanços nas tecnologias de computação e informação estão em
crescente desenvolvimento, substituindo os antigos métodos de arquivamento
por dispositivos que possam ser compartilhados em tempo real. Mais ainda, a
informática em saúde está direcionada para aplicações nas empresas farmacêuticas,
de biotecnologia, equipamentos médicos, hospitais, laboratórios de diagnósticos,
exigindo do profissional a linguagem de programação para desenvolver sistemas
informatizados aptos para as demandas de dados de alta complexidade.
Em resumo, podemos listar as competências do biomédico na informática
para a saúde em:
•  Armazenamento, recuperação e gerenciamento de informações biomédicas.
•  Aplicação dos sistemas computacionais para a pesquisa, laboratórios,
empresas na área de equipamentos em hospitais e laboratórios, biotecnologia em
saúde e nas políticas públicas de saúde.

Auditor

Define-se auditor o profissional com competência suficiente para emitir


pareceres sobre assuntos de sua especialidade.
Para a Biomedicina, essa habilitação é relativamente nova, comparada a outras
atribuições definidas no ato biomédico. As suas atribuições estão amparadas na
Resolução n. 184, 26/8/2010 do CFBM e estão associadas a auditorias para:
•  Administrações dos Serviços de saúde
•  Estatísticas Aplicadas à Saúde
•  Gestões de Convênio
•  Revisão de Conta

capítulo 4 • 81
•  Gerenciamento de Custo
•  Hospitais dirigidos por entidades federais, estaduais, municipais e particulare

Para ser um auditor, o biomédico deve fazer uma pós-graduação em auditoria


em serviços ou sistemas em saúde.

CONEXÃO
Acesse os sites a seguio para acompanhar a ementa dos cursos de auditor na Estácio e
no Hospital Albert Einstein, disponíveis em
<http://www.posestacio.com.br/pos-graduacao/auditoria-de-sistemas-de-
saude/3171/81> e <https://www.einstein.br/ensino/pos_graduacao/auditoria_em_
servicos_de_saude_rj>. Acessos em: jul. 2019.

Biologia Molecular

A Biologia Molecular é um ramo da biologia que estuda as relações do DNA


e RNA, assim como os produtos dos genes, as proteínas. Nas últimas décadas,
tem demonstrado um crescimento exponencial, tanto na pesquisa básica e clínica,
como em diagnósticos de doenças, principalmente quando são necessários ensaios
de maior sensibilidade.
A disciplina de Biologia Molecular é específica para o segundo período e
caracteriza um dos perfis mais atuantes do biomédico na atualidade. O seu campo
de estudo envolve a Biologia Celular, Química, e em especial a Bioquímica
e Genética.
Segundo a Resolução CFBM n. 78, de 29 de abril de 2002, compete ao
biomédico legalmente habilitado em Biologia Molecular as seguintes atividades:
•  Coletar, analisar, interpretar os resultados em biologia molecular, e assinar
laudos e pareceres técnicos.
•  Assumir a responsabilidade técnica.
•  Realizar exames que utilizem a técnica reação em cadeia da polimerase
(PCR).
•  Atuar na reprodução humana assistida, podendo assumir a responsabilidade
técnica.
•  Atuar nas atividades de docente e pesquisador.

capítulo 4 • 82
ATIVIDADES
01. Como toda habilitação, a escolha envolve afinidades por determinados conhecimento,
e a necessária dedicação a estudos em algumas disciplinas. No caso da Biologia Molecular,
quais são as bases para a formação desse profissional?

02. Qual a condição prioritária para que o biomédico possa ser responsável técnico em uma
empresa? .

03. Quais são as competências atribuídas ao biomédico em serviços de diálise?

04. Para a habilitação em Imaginologia, o biomédico deve estar familiarizado com a aquisi-
ção e o armazenamento de imagens, atuando dessa forma na área de informática médica.
Quais seriam os exemplos de sistemas de obtenção e compartilhamento de imagens que a
informática médica pode dispor?

05. Ao nos referirmos ao biomédico responsável técnico pelo tratamento de água e de


efluentes, que realize consultorias privadas trabalhando em órgãos públicos de fiscalização
ambiental, como o IbamA, capaz de coordenar inspeções ambientais, além de análises
físico-químicas de amostras de água, ar e esgoto, estaremos com toda certeza descrevendo
qual habilitação?

06. O biomédico pode realizar transfusão de sangue?

07. O biomédico especializado para realizar análises físico-químicas de alimentos, para


detecção de contaminantes ou fraudes no seu processamento, deve obrigatoriamente
possuir qual habilitação?

08. Qual tipo de punção é proibido ao biomédico habilitado em análises clínicas?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Biomedicina. guia para estudantes e recém graduados em biomedicina. Disponível em: <http://
siaibib01.univali.br/pdf/Paulo%20Cesar%20Naoum-Biomedicina%20e-book.pdf>. Acesso em: jul.
2019.

capítulo 4 • 83
Licenciatura em Biomedicina. Disponível em: <https://crbm1.gov.br/bio72/r72_caderno5.asp>.
Acesso em: jul. 2019.
Manual do Biomédico. Disponível em: <https://crbm1.gov.br/site/wp-content/uploads/2016/04/
Manual-do-Biomedico-Edicao-digital-2017.pdf>. Acesso em: jul. 2019.
Atuações do profissional biomédico. Disponível em: <https://crbm1.gov.br/atuacao-do-
biomedico/>. Acesso em: jul. 2019
Habilitação em Acupuntura. Disponível em: <http://cfbm.gov.br/wp-content/uploads/2018/08/
RESOLU%C3%87%C3%83O-N%C2%BA-292.2018.pdf>. Acesso em: jul. 2019.

capítulo 4 • 84
5
Habilitações e
inovações da
Biomedicina
Habilitações e inovações da Biomedicina
Apesar dos seus 35 anos de existência, a Biomedicina demonstrou nos últimos
doze anos um perfil de atuação altamente inovador e competitivo, trazendo para a
sociedade o conhecimento real da nossa profissão.
Sem dúvida, um divisor de águas foi provocado pela Biomedicina Estética
pela voz da Dra. Ana Carolina Puga, defensora da capacidade do biomédico de
atuar em técnicas antigamente restritas a médicos dermatologistas. Entre defesas e
ações do Conselho Federal de Biomedicina, temos agora gerações de biomédicos
esteticistas altamente especializados para tratamentos visando ao bem-estar. Essa
habilitação também fez surgir o papel do biomédico empreendedor, provocando
uma nova ordem na organização do perfil biomédico. Não estamos somente nas
universidades, nos laboratórios e nos centros de pesquisa, podemos gerir a nossa
própria empresa.
Outro exemplo de novas habilitações é a de circulação (perfusão) extracorpórea,
uma área de atuação em equipe multiprofissional destinada a cirurgias cardíacas.
Nela, o biomédico é o responsável por manter os níveis de perfusão tecidual,
trazendo ao biomédico cada vez mais respeito e admiração.
Importante também é a apresentação do biomédico atuante na Bioindústria
e na Bioempresa, além das suas ações no meio ambiente, segurança no trabalho,
saúde ocupacional e responsabilidade social
Essas e outras mudanças serão apresentadas nesse último capítulo, sem,
no entanto, também definir as competências das habilitações do biomédico
pesquisador. Afinal sem ciência não há saúde, tampouco inovações tecnológicas!

OBJETIVOS
•  Conhecer as competências das habilitações na Biomedicina Estética; Perfusão Extracor-
pórea; Citologia Oncótica; Histotecnologia Clínica; Anatomia Patológica; Virologia; Imunolo-
gia; Microbiologia; Parasitologia; Fisiologia; Psicobiologia; Farmacologia, Toxicologia; Repro-
dução Assistida; Embriologia; Genética; Sanitarista e Saúde Pública;
•  Reconhecer as habilidades necessárias para exercer a função de perito criminal;
•  Aprender quais são as atividades do biomédico na Bioindústria e Bioempresa; além de
ações no meio ambiente, segurança do trabalho, saúde ocupacional e responsabilidade social.
•  Definir o objetivo da residência multiprofissional para o biomédico.

capítulo 5 • 86
Inovações nas habilitações da Biomedicina

Biomedicina estética

Iniciada em 2006, a Biomedicina Estética tratou de conscientizar os biomédicos


que poderiam executar procedimentos estéticos, exceto cirúrgicos, dessa forma,
atuando em tecnologias de bem-estar, mercado em crescente expansão.
Fundamentada nas resoluções do CFBM de n. 197 (21/2/2011), n. 200
(1/7/2011), n. 214 (10/4/2012) e a normativa n. 1 (10/4/2012), o profissional
esteticista é um especialista nos cuidados do corpo, visando à manutenção da
saúde, da beleza e do bem-estar.
©© ANZHELIKA VOLOSHYNA | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.1  –  O biomédico esteticista atua no desenvolvimento e na aplicação


de tratamentos para as disfunções dermatofisiológicas corporais e faciais.

Os procedimentos injetáveis, perfurocortantes e escarificantes que podem


exercer são: carboxiterapia; fios de sustentação; intradermoterapia/mesoterapia;
microagulhamento; preenchimento e bioplastia e aplicação de toxina botulínica.
Quanto aos procedimentos na laserterapia poderá atuar com laser fracionado;
laser para remoção/clareamento de tatuagens e maquiagem definitiva; LED e luz
intensa pulsada.

capítulo 5 • 87
Na eletroterapia, está apto para aplicação de correntes elétricas (todas);
radiofrequência; ultracavitação e ultrassom dissipado e focalizado – HIFU.
Além disso, esse profissional é preparado para a realização de anamnese corporal
e facial; análise das disfunções estéticas (dermatofisiológicas); classificação da pele;
classificação da síndrome de desarmonia corporal, com isso, definindo a estratégia
do tratamento estético a ser realizado.
Para compor a avaliação, o biomédico esteticista pode realizar exames rápidos
para realização de triagem e de análises clínicas metabólicas.
É de sua competência a de prescrição e receita de substâncias e medicamentos
de fins estéticos e a responsabilidade estabelecimentos que executam atividades
de fins estéticos, como exemplo o treinamento estético e a supervisão do
treinamento estético.
Para conhecer melhor as atividades do biomédico esteticista, acesse a Sociedade
Brasileira de Biomedicina Estética.

Perfusão

Na resolução CFBM de n. 135 (3/4/2007), ficou estabelecido que o biomédico


perfusionista é o responsável pela manutenção das atividades vitais do organismo e
pelo funcionamento da circulação sanguínea operada pela máquina extracorpórea.
Com a exigência de uma boa base na formação bioquímica, fisiologia e
biofísica, esse profissional é responsável pela:
•  Circulação extracorpórea/suporte cardiopulmonar.
•  Suporte circulatório/assistência ventricular.
•  Oxigenação por Membrana Extracorpórea (ECMO).
•  Monitorização e análise dos gases e bioquímica do sangue.
•  Indução e reversão de hipotermia/hipertermia; hemodiluição; hemofiltração.
•  Administração de medicamentos, sangue e componentes e anestésicos, por
meio do circuito extracorpóreo e documentação das atividades realizadas.

Nos últimos anos, o interesse pela perfusão tem crescido muito, pelo
dinamismo dessa atividade nas equipes multiprofissionais e o crescente respeito ao
biomédico. Para conhecer mais sobre a habilitação, acesse a Sociedade Brasileira
de Circulação Extracorpórea.

capítulo 5 • 88
Figura 5.2  –  O biomédico perfusionista opera máquinas que devem mimetizar
a circulação e o papel do coração durante as cirurgias cardíacas.

Citologia oncótica

A citopatologia estuda as doenças por meio das modificações celulares,


considerando as suas características citoplasmáticas e nucleares. No caso da
citologia oncótica, é a atuação da patologia através da observação microscópica
de lesões e presença de células anormais. Um dos exemplos mais conhecidos é o
Papanicolau, utilizado rotineiramente para detecção de lesões no colo do útero.
O biomédico especializado realiza a coleta de material cérvico vaginal e
leitura da lâmina (exceto Punção Biópsia Aspirativa por Agulha Fina (PAAF)).
Realiza também a leitura de citologia de raspados e aspirados de lesões e cavidades
corpóreas (Papanicolau).
Para isso utiliza as técnicas imunocitoquímicas e imuno-histoquímica para
diagnóstico e é dele a responsabilidade técnica para a emissão de laudos.

Histotecnologia clínica

Nessa habilitação, o biomédico realiza técnicas auxiliares de biópsia/necropsia


e análises forenses, mas desde que supervisionado por um médico habilitado, com

capítulo 5 • 89
a regulamentação. É dele a responsabilidade de preparar as amostras (fragmento
de tecido humano na biópsia); realizar a análise macroscópica.
Também nessa habilitação, é de sua competência o conhecimento das técnicas
imuno-histoquímica, citoquímica e molecular para análise histológica e preparação
do respectivo laudo. A resolução que serve de base para essa habilitação é a de n.
239, de 29 de maio de 2014.
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Figura 5.3  –  Amostras de tecido hepático preparado para análise histológica.

Análise Forense – Perícia Criminal

Muito procurada nos últimos anos, costumamos dizer que essa habilitação
não se assemelha em nada a séries na televisão. Com muito trabalho árduo,
fazendo parte de um grande quebra-cabeça, o biomédico que atua na perícia
criminal deve ser um estudioso das disciplinas de Biologia Molecular, Genética e
Toxicologia Forense. Muitos cursos livres podem ser encontrados, mas somente
com a pós-graduação você poderá comprovar a sua especialidade no concurso
público
Dessa forma, o biomédico perito criminal utiliza técnicas específicas para dar
veracidade aos fatos, como a reação em cadeia da polimerase e sequenciamento de
genes. Além de biomédico criminal, o biomédico perito pode ser ambiental.

capítulo 5 • 90
©© VLADIMIR MULDER | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.4  –  Na perícia técnica de ampliação de DNA, para verificar a correlação entre o
suspeito e a vítima, as análises são realizadas em aparelhos denominados termocicladores.

Toxicologia

A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos adversos de substâncias químicas


sobre os organismos. É dividida em Toxicologia Clínica, Toxicologia Experimental,
a Ecotoxicologia, Toxicologia Forense e de alimentos e de cosméticos.
Segundo a resolução de n. 135, em 3 de abril de 2007, do CFBM, são
atribuições do biomédico toxicologista:
•  Analisar efeitos adversos de substâncias consideradas tóxicas;
•  Realizar diagnóstico laboratorial de intoxicações humanas e animais;
•  Atuar na dosagem de metais pesados e drogas de abuso.

Como é uma área com alta complexidade de conteúdo, o biomédico deverá


comprovar na Associação Brasileira de Biomedicina o domínio de algumas
atividades específicas para adquirir a sua habilitação

capítulo 5 • 91
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Figura 5.5  –  Na Toxicologia, o biomédico está especializado em diagnósticos para a


identificação de metais pesados ou contaminantes que possam trazer malefícios à saúde.

Reprodução humana
©© BEZIKUS | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.6  –  A especialização em reprodução humana confere


ao biomédico as responsabilidades na classificação oocitária e
viabilidade de células espermatozoides, entre outras.

capítulo 5 • 92
Na resolução de n. 78, de 29 de abril de 2002, ficaram definidas pelo CFBM
as atribuições do biomédico na reprodução humana assistida. São elas:
•  Diagnóstico genético pré-implantatório (DGPI)
•  Identificação e classificação oocitária
•  Processamento seminal
•  Espermograma
•  Criopreservação seminal
•  Criopreservação embrionária
•  Biópsia embrionária

CONEXÃO
Ao biomédico, é permitido realizar a técnica de Hatching para auxílio na fertilização.
Para acompanhar, acesse o vídeo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=-
g2L4udh4Qgw>. Acesso em: jul. 2019.

Nessa área também pode atuar a Embriologia para realizar a manipulação de


gametas (oócitos e espermatozoides) e pré-embriões.
Seu mercado de trabalho acontece em clínicas de reprodução humana; bancos
de sêmen; instituições de pesquisa em biologia, veterinária e genética. Vale a
dica do crescimento no mercado de animais nascidos de fertilizações in vitro na
economia agropecuária no Norte e Nordeste.

Genética

Muitas doenças genéticas podem ser identificadas e controladas por meio


do diagnóstico precoce, de estudos de expressão gênica e hereditariedade. Nessa
habilitação, o biomédico realiza:
•  Exames de Citogenética Humana e Genética Humana Molecular (DNA)

Para isso, é responsável pela manutenção de células no laboratório, assim


como as preparações citológicas para que possam ser realizadas as análises. Com
isso é do biomédico a responsabilidade técnica e a elaboração de laudos.
Pode também fornecer consultorias de diagnósticos genéticos, estudos
familiares, e coordenar grupos de pesquisa em genética humana.

capítulo 5 • 93
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Figura 5.7  –  Muitas vezes, a responsabilidade pelo cultivo de


células é uma das atribuições do biomédico em genética.

CONEXÃO
Hoje, os estudos com terapia gênica e a edição de genes utilizando o sistema CRISPR
Cas 9 têm revolucionado o conceito de diagnóstico. Para saber mais assista ao vídeo
legendado, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4YKFw2KZA5>. Acesso
em: jul. 2019.

Sanitarista

O profissional sanitarista dedica-se a ações de vigilância sanitária para controle


da incidência de doenças. São deles muitas vezes as ações de organização dos
serviços de saúde, como já vimos no combate ao mosquito Aedes aegypti durante
as epidemias de dengue, chikungunya e zika.
Na resolução CFBM n. 140, de 4 de abril de 2007, as competências do
biomédico sanitarista são:
•  Participar da organização de sistemas e serviços de saúde junto aos fatores
que condicionam o processo saúde-doença.
•  Controlar a incidência de doenças nas populações através de ações de
vigilância e intervenções governamentais.

capítulo 5 • 94
Saúde pública

Na saúde pública, o biomédico atua nas secretarias municipais, estaduais e no


Ministério da Saúde em projetos para melhorias de doenças crônicas como aids,
tuberculose e diabetes (Resolução CFBM n. 78 (29/4/2002). É o responsável por
analisar, acompanhar e fiscalizar processos de terceirização de serviços médicos
e diagnósticos.
A partir de agora você vai aprender um pouco sobre as habilitações ligadas
majoritariamente à pesquisa científica e docência. São habilitações associadas a
disciplinas básicas e por isso mesmo, muitas contribuíram como núcleo comum
para muitas atividades específicas, como é o caso da Fisiologia. Vamos identificar
as competências do biomédico pesquisador!

Fisiologia

O biomédico atuará em na pesquisa científica e docência, como em assessoria


e consultoria de projetos ou empresas de equipamentos e reagentes. Os ramos de
estudo da Fisiologia são: evolutiva, do exercício, que está sendo particularmente
bem procurada atualmente, a neurofisiologia, ecofisiologia e a eletrofisiologia.
Os estudos em Fisiologia permitem a elucidação de inúmeros mecanismos
de ação de sistemas, e com isso permite novas abordagens para tratamento. Para
conhecer um pouco sobre as linhas de pesquisa dentro da Fisiologia, acesse o
Instituto de Biofísica e as universidades, como o Instituto Carlos Chagas,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro3, e o Departamento de Biofísica e
Fisiologia da Universidade de São Paulo4. Nesses institutos e departamentos, você
também entenderá melhor a importância da biofísica na pesquisa biomédica.

Bioquímica

Resolução CFBM n. 78 (29/4/2002).


A Biofísica estuda a estrutura molecular e a função metabólica de componentes
celulares e virais. É considerada uma ciência base para muitas especialidades.
O biomédico bioquímico, na sua grande maioria, está trabalhando em
universidades e centros de pesquisa para elaboração de vacinas, por exemplo, pois
o conhecimento estrutural da superfície do patógeno é fundamental para que
possamos modificá-lo.

capítulo 5 • 95
Na parte prática o biomédico deve:
•  Realizar exames laboratoriais relacionados à área e emitir os laudos.

Virologia

Resolução CFBM n. 78, de 29 de abril de 2002.


É o estudo dos vírus e das suas propriedades fora e dentro da célula.
Os campos da Virologia são Taxonomia, Patogênese, Imunidade, Vacinas,
Terapias e diagnósticos, além de controle de vetores, no caso os vírus transmitidos
por mosquitos
Compete ao virologista:
•  Realizar exames laboratoriais e emitir os laudos.
•  Participar de pesquisas de métodos de diagnósticos, vacinas e antivirais
(pesquisa básica e aplicada); docência.
©© DESIGN_CELLS | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.8  –  Ao estudas as propriedades físico-quimicas das proteínas


da superfície do vírus, os virologistas podem pesquisar sobre formas
de bloquear a entrada destes agentes em células humanas.

CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre os vírus e quais são as doenças emergen-
tes provocadas pelos vírus, acesse o site da Sociedade Brasileira de Virologia. - <ht-
tps://sbv.org.br/sbv/>

capítulo 5 • 96
Imunologia

Resolução CFBM n. 78, de 29 de abril de 2002.


Estuda os mecanismos de defesa contra patógenos e também o mau
funcionamento, como nas hipersensibilidades, deficiências imunes e
doenças autoimunes.

O biomédico nessa área


•  Atua em centros de pesquisa.
•  Realiza exames laboratoriais e emite laudos.

CONEXÃO
Veja as áreas e pesquisas dentro da imunologia disponível em: <http://sbi.org.br/>.
Acesso em: jul. 2019.

Microbiologia

Resolução CFBM n. 78, de 29 de abril de 2002.


©© ANGELLODECO | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.9  –  O biomédico microbiologista atua na identificação


de vários micro-organismos patogênicos.

capítulo 5 • 97
Microbiologia é o estudo de eucariontes unicelulares e procariontes, como as
bactérias, os fungos e os vírus. Especialmente em relação às bactérias percebemos
cada vez mais o avanço do número de espécies resistentes aos principais antibió-
ticos. Recentemente, a Organização Mundial da Saúde lançou uma lista com 12
bactérias mais perigosas para a saúde, muitas presentes no ambiente hospitalar e
que necessitam urgentemente de novos antibióticos6.
O profissional habilitado em Microbiologia utiliza métodos de Bioquímica e
Genética, além de uma base sólida em Patologia.
Compete ao biomédico:
•  Atuar na identificação, na classificação e no cultivo de micro-organismos.
•  Atuar no desenvolvimento de novas metodologias técnico-científicas;
•  Realizar exames laboratoriais específicos e emitir os laudos

CONEXÃO
Conheça um pouco mais sobre a Microbiologia do site disponível em:
<http://sbmicrobiologia.org.br/>. Acesso em: jul. 2019. sobre as superbactérias.

Parasitologia

Resolução CFBM n. 78, de 29 de abril de 2002.


A Parasitologia reúne, além dos estudos do organismo, questões sobre o meio
ambiente e modo de vida do hospedeiro. A parasitologia está associada às doenças
tropicais, também conhecidas por doenças negligenciadas, no sentido que os
incentivos mundiais para vacinas e novas terapias são escassos, vide doença de
Chagas.

Figura 5.10  –  Transmissão do Tripanossoma cruzi através do barbeiro, provocando


o aparecimento da Doença de Chagas. Recentemente formas do T. cruzi foram
identificadas em alimentos como o açaí e o caldo de cana-de-açúcar.

capítulo 5 • 98
Para a Parasitologia, é necessária uma boa formação em técnicas em Biologia
Celular, Bioinformática, Bioquímica, Biologia Molecular, Imunologia, Genética,
Evolução e Ecologia.
Compete ao biomédico:
•  Realizar exames laboratoriais específicos e emitir laudos.
•  Atuar em programas de educação em saúde e saneamento.
•  Atuar em estudos epidemiológicos, pesquisa de novas terapias e vacinas.

CONEXÃO
Veja nos sites a seguio quais são as doenças negligenciadas do Brasil, disponíveis em:
<http://www.parasitologia.org.br/> e <http://memorias.ioc.fiocruz.br/>. Acesso em: jul.
2019.

Psicobiologia

Resolução n. 83, de abril de 2002.


A Psicobiologia estuda a influência dos sistemas nervoso, circulatório, endó-
crino e imunológico sobre o comportamento, a cognição, a memória, a emoção, a
percepção e os sonhos. É uma área multiprofissional.
É uma área de pesquisa básica, mas com possibilidade breve de pesquisa
translacional.
O biomédico nessa habilitação atua em projetos de pesquisa e docência em
universidades e centros de pesquisa pelo país.

CONEXÃO
Conheça um pouco mais sobre a biomedicina nesse site disponível em:
<http://www.biomedicinabrasil.com/2015/05/biomedicina-e-psicobiologia.html>.
Acesso em: jul. 2019.
Veja também os programas de pós-graduação em psicobiologia na Unifesp e também
na USP.

capítulo 5 • 99
Farmacologia

Mecanismo de ação e de distribuição de um fármaco no organismo. A


farmacologia está intimamente relacionada com a Toxicologia e a Bioquímica.
São as competências de um biomédico farmacologista:
•  Planejamento de experimentos controlados;
•  Supervisão no desenvolvimento de fármacos;
•  Pesquisa e indústria.
©© FIZKES | SHUTTERSTOCK.COM

Figura 5.11  –  o farmacologista estuda todas as variáveis da distribuição


do fármaco no nosso organismo, além de desenvolver novas drogas.

Novos campos de atuação do biomédico

Na Bioindústria e na Bioempresa, o biomédico pode atuar nas análises químicas


e biológicas; na produção de soros, vacinas, kits de reagentes para análises. Pode
também ser proprietário de uma empresa, diretor ou chefia técnica e participar
da seleção, do desenvolvimento e do controle de todos os processos (métodos,
reativos, reagentes e equipamentos, produtos biotecnológicos).
Outras novas abordagens para o biomédico estão relacionadas a políticas de
meio ambiente, à segurança no trabalho, à saúde ocupacional e à responsabilidade
social. Nessas áreas, ele realiza levantamentos e identifica os processos de impactos.

capítulo 5 • 100
Gerencia projetos, coordena equipes e participa de auditorias e capacita comuni-
dades e trabalhadores por meio de programas.
Por último, terminamos essa apresentação da Biomedicina com a Residência
Multiprofissional – lei n. 11.129 de 2005. Orientadas pelos princípios e
diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), essas residências espalhadas em
hospitais estaduais e federais pelo Brasil, atuam de acordo com as necessidades e as
realidades locais e regionais, e isso é muito importante para atender as necessidades
socioepidemiológicas da população brasileira. De grande valor é a participação do
biomédico nessas demandas multiprofissionais.
A residência confere um valor de custo ao aluno e o curso tem dois anos com
carga horária de 5.760 horas. O aluno participará de 80% da carga horária com
atividades práticas e 20% com atividades teóricas

Pós-graduação

Normalmente o biomédico segue os seus estudos fazendo cursos de pós-


graduação. Existem dois tipos de pós-graduações com características distintas: “lato
sensu” e “strictu sensu”. Lato vem do latim “amplo”, e são cursos de especialização
que permitem aprofundar o conhecimento em alguma área, como Virologia,
Imunologia, Biotecnologia etc. Nessa etapa, o aluno aprofunda determinada
condição dentro da área de estudo, como a obtenção de vacinas virais.
São oferecidos por institutos de pesquisa, universidades e faculdades e os
seus programas são submetidos à avaliação do MEC, com exceção dos cursos de
formação de professores. Cada instituição define suas exigências para a admissão
e para a conclusão. É necessário ter, no mínimo, 360 horas de aulas, 75% de
frequência e apresentação de monografia como requisitos de certificação. É
importante que o curso e a instituição tenham o reconhecimento profissional
junto a sociedades científicas ou por empresas que atuam na área (ex.: laboratórios
de análises clínicas), ou de professores da área.
A pós-graduação “strictu sensu” é de nível mestrado ou doutorado, oferecida
por instituições que foram avaliadas e autorizadas pelo MEC e que tenham sido
aprovadas pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior). O aluno é formado para a carreira docente ou pesquisador, e exige o
domínio de uma língua estrangeira, geralmente inglês no mestrado e no doutorado
francês ou espanhol, nas chamadas provas de proficiência.

capítulo 5 • 101
De acordo com a classificação das notas de provas, o aluno tem mais chance de
conseguir uma bolsa de estudos financiada pela CAPES ou CNPq e deve-se dedicar
integralmente a ela. Tanto no mestrado como no doutorado, o aluno deve cursar as
disciplinas oferecidas pela pós-graduação e assim realizar uma prova de qualificação
(doutorado) para iniciar a escrita do seu trabalho. Tanto a dissertação de mestrado
como a tese de doutorado são avaliadas por uma banca de doutores para obtenção
do título de mestre ou doutor na área escolhida. Existe ainda a possibilidade de um
estágio de pós-doutoramento no Brasil ou no exterior, permitindo ao profissional a
possibilidade de se dedicar a algum projeto científico com colaboradores.
O mestrado profissionalizante é um dos tipos de pós-graduação “strictu sensu”
que fornece aplicação ao mestrado, geralmente cursado por profissionais da área
que desejam aprofundar os seus conhecimentos, mas as condições são praticamen-
te as mesmas: frequentar aulas que somam um valor de créditos de horas/aula e
apresentar uma dissertação em forma de projeto com aplicabilidade profissional.

ATIVIDADES
01. Como toda habilitação, a escolha envolve afinidades por determinados conhecimento,
e a necessária dedicação a estudos em algumas disciplinas. No caso da Biologia Molecular,
quais são as bases para a formação desse profissional?

02. Qual a condição prioritária para que o biomédico possa ser responsável técnico em uma
empresa?

03. Quais são as competências atribuídas ao biomédico em serviços de diálise?

04. Para a habilitação em Imaginologia, o biomédico deve estar familiarizado com a aquisição
e o armazenamento de imagens, atuando dessa forma na área de informática médica.
Quais seriam os exemplos de sistemas de obtenção e compartilhamento de imagens que a
informática médica pode dispor?

05. Ao nos referirmos ao biomédico responsável técnico pelo tratamento de água e de


efluentes, que realize consultorias privadas trabalhando em órgãos públicos de fiscalização
ambiental, como o IbamA, capaz de coordenar inspeções ambientais, além de análises físi-
co-químicas de amostras de água, ar e esgoto, estaremos com toda certeza descrevendo
qual habilitação?

capítulo 5 • 102
06. O biomédico pode realizar transfusão de sangue?

07. O biomédico especializado para realizar análises físico-químicas de alimentos, para


detecção de contaminantes ou fraudes no seu processamento, deve obrigatoriamente
possuir qual habilitação?

08. Qual tipo de punção é proibido ao biomédico habilitado em análises clínicas?

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sociedade Brasileira de Biomedicina Estética, disponível em: <https://sbbme.org.br/biomedico-
esteta/>. Acesso em: jul. 2019.
Sociedade Brasileira de Circulação Extracorpórea, disponível em: <http://www.sbcec.com.br>.
Acesso em: jul. 2019
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro,,disponível
em: <http://www.biof.ufrj.br/>. Acesso em: jul. 2019.
Departamento de Fisiologia da Universidade São Paulo, disponível em: <https://fisiologia.icb.
usp.br/>. Acesso em: jul. 2019.
Sociedade Brasileira de Virologia, disponível em: <www.sbv.org.br>. Acesso em: jul. 2019.
Organização Mundial de Saúde lista superbactérias, disponível em: <https://www.paho.org/bra/
index.php?option=com_content&view=article&id=5357:oms-publica-lista-de-bacterias-para-as-quais-se-
necessitam-novos-antibioticos-urgentemente&Itemid=812>. Acesso em: jul. 2019.
Universidade Federal do Estado de São Paulo (UnifesP), disponível em: <http://www.
psicobiologia.sites.unifesp.br/pt-br/disciplinas/psico-disci-ofer>. Acesso em: jul. 2019.
Universidade do Estado de São Paulo (USP), disponível e : <http://sites.usp.br/pgpsicobiologia/pb/>.
Acesso em: jul. 2019.

GABARITO
Capítulo 1

01. A Virologia, Microbiologia, Imunologia, Parasitologia, Fisiologia, Psicobiologia e


Farmacologia são áreas de atuação que estudam os mecanismos básicos de muitas
patologias ou mecanismos de defesa e suas conexões com o sistema nervoso central.

capítulo 5 • 103
Dessa maneira, são áreas de atuação especializadas no desenvolvimento tecnológico e nas
inovações, para melhorias no diagnóstico, no tratamento e nas vacinas que visam, no futuro,
a melhorias na saúde humana.

02. O profissional biomédico possui na sua formação um amplo espectro de conhecimentos


básicos e aplicados à saúde humana, dessa forma é natural que possa contribuir em equipes
interprofissionais. O conceito de educação profissional exige que todos os profissionais
aprendam a trocar as suas especializações, sem hierarquias nos níveis de conhecimento,
pois todas as peças desse quebra-cabeça são importantes. As atividades propostas na
metodologia híbrida ou ativa, durante as disciplinas comuns no currículo atual evidenciam
que essa ferramenta aguça o pensamento reflexivo sobre a saúde e novos aprendizados
sobre outras profissões que no futuro irão compartilhar o mesmo espaço.

Capítulo 2

01. Sim, o Conselho Federal determina que o profissional que declarar possuir títulos que
não possam ser comprovados será multado ou repreendido pelo CFBM.

02. Ter a infração consequências para a atividade profissional, a pessoa humana, a saúde
coletiva ou a categoria profissional biomédica e a acumulação de infrações, sempre que duas
ou mais sejam cometidas no mesmo momento.

03. Alternativa C. O profissional biomédico, consciente do perfil ético da profissão e seu


papel da sociedade, não deverá atuar profissionalmente em empresas que não respeitam
os princípios éticos do apoio à saúde humana, tampouco que não assegurem assistência
necessária para tal.

04. O CFBM é o órgão que regulamenta a profissão do Biomédico. É dele a responsabili-


dade de criar as resoluções que normatizam a área de atuação, a habilitação profissional, o
perfil de responsabilidade técnica. Além disso, é do Conselho Federal a definição da conduta
profissional, de acordo com o Código de Ética, a documentação exigida para a inscrição da
pessoa jurídica e o pagamento de anuidade.

capítulo 5 • 104
Capítulo 3

01. O perfil profissional é de formação humanista, crítica e reflexiva.

02. Atenção à saúde, tomada de decisões com base em evidências científicas, capacidade
de comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente.

03. Competência de emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios, conhecer métodos


e técnicas de investigação e elaboração de trabalhos acadêmicos e científicos. Realizar
procedimentos relacionados à coleta de material para fins de análises laboratoriais e
toxicológicas. Realizar, interpretar, emitir laudos e pareceres e se responsabilizar tecnicamente
por análises clínico-laboratoriais, incluindo os exames hematológicos, citológicos,
citopatológicos e histoquímicos, biologia molecular, bem como análises toxicológicas, dentro
dos padrões de qualidade e das normas de segurança. Deve exercer atenção individual e
coletiva na área das análises clínicas e toxicológicas, como gerenciar laboratórios de análises
clínicas e toxicológicas. Realizar análises físico-químicas e microbiológicas de interesse
para o saneamento do meio ambiente, incluídas as análises de água, ar e esgoto. Realizar,
interpretar exames e ser responsável técnico, podendo inclusive atuar na pesquisa e no
desenvolvimento, na seleção, na produção e no controle de qualidade de hemocomponentes
e hemoderivados. Apto para atuar na pesquisa e no desenvolvimento, na seleção, na produção
e no controle de qualidade dos produtos obtidos com a biotecnologia. Atuar na seleção, no
desenvolvimento e no controle de qualidade de metodologias, de reativos, de reagentes e
de equipamentos; assimilando as evoluções tecnológicas e conceituais da ciência. Atuar
como educador, gerando e transmitindo novos conhecimentos para a formação de novos
profissionais e para a sociedade como um todo.

04. O estágio não curricular pode, e deve agregar conhecimentos ao aluno durante a sua
graduação, sendo preferencialmente realizado após a conclusão de disciplinas básicas do
curso. O estágio curricular é uma etapa para a conclusão do curso, realizado em um local
que ofereça condições práticas na habilitação de interesse do aluno. O estágio curricular
deve ter no mínimo 500 horas de atividades práticas e resultará na produção do Trabalho de
Conclusão do Curso (TCC).

05. A prova do Enade avalia a instituição a partir da aplicação de uma prova, contendo os
conhecimentos exigidos para o recém-profissional ingressar no mercado de trabalho. Ao
realizar uma boa prova, o aluno egresso contribui para a avaliação positiva da instituição, dessa
forma, endossa a qualidade de sua formação e da instituição responsável pela formação.

capítulo 5 • 105
06. Ciências Exatas: Química, Física e Estatística. Biológicas e da Saúde: células, tecidos,
órgãos e sistemas. Humanas e Sociais: dimensões da relação indivíduo e sociedade. Biome-
dicina: saúde, doença e meio ambiente.

Capítulo 4

01. Na habilitação em Biologia Molecular, os estudos compreendem a Biologia, Química,


Bioquímica e Genética.

02. Para ser responsável técnico em uma empresa, a mesma deve estar registrada no
Conselho Regional de Biomedicina. Além disso, deve haver a compatibilidade da atuação
profissional do biomédico e a área de atuação da empresa.

03. O controle, monitoramento da qualidade da água e do dialisado. Deve também estabelecer


rotinas padronizadas, como avaliar os resultados discrepantes junto ao médico nefrologista.
É de sua responsabilidade treinar e supervisionar a equipe de coleta de material biológico,
como também participar ativamente do programa de controle e prevenção de infecção e de
eventos adversos.

04. O biomédico deve apresentar habilidade para entender os sistemas HIS (Hospital
Information System) ou Sistema de Informação Hospitalar, RIS (Radiology Information
System) ou Sistema de Informação Radiológica e PACS (Picture Archiving in Communication
System) ou Sistema de Arquivos de Imagens.

05. Analista ambiental

06. O biomédico pode realizar todos os procedimentos técnicos de banco de sangue,


transfusão, infusão de sangue, hemocomponentes e hemoderivados.

07. Bromatologia

08. O biomédico pode realizar a punção arterial, no entanto, é proibida a coleta de materiais
para biópsia, coleta de líquido céfalo-raquidiano (líquor) ou punção para obtenção de
líquidos cavitários.

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Capítulo 5

01. Na habilitação em Biologia Molecular, os estudos compreendem a Biologia, Química,


Bioquímica e Genética.

02. Para ser responsável técnico em uma empresa, a mesma deve estar registrada no
Conselho Regional de Biomedicina. Além disso, deve haver a compatibilidade da atuação
profissional do biomédico e a área de atuação da empresa.

03. O controle, monitoramento da qualidade da água e do dialisado. Deve também estabe-


lecer rotinas padronizadas, como avaliar os resultados discrepantes junto ao médico nefrolo-
gista. É de sua responsabilidade treinar e supervisionar a equipe de coleta de material bioló-
gico, como também participar ativamente do programa de controle e prevenção de infecção
e de eventos adversos.

04. O biomédico deve apresentar habilidade para entender os sistemas HIS (Hospital
Information System) ou Sistema de Informação Hospitalar, RIS (Radiology Information
System) ou Sistema de Informação Radiológica e PACS (Picture Archiving in Communication
System) ou Sistema de Arquivos de Imagens.

05. Analista ambiental

06. O biomédico pode realizar todos os procedimentos técnicos de banco de sangue,


transfusão, infusão de sangue, hemocomponentes e hemoderivados.

07. Bromatologia

08. O biomédico pode realizar a punção arterial, no entanto, é proibida a coleta de materiais
para biópsia, coleta de líquido céfalo-raquidiano (líquor) ou punção para obtenção de
líquidos cavitários.

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