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A DOUTRINA DE CRISTO

A PREEXISTÊNCIA DE CRISTO

TEXTO BÍBLICO

"No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava
no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez. No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim
vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim" (ARA- Jo 1.1-3; 29-30).

OBJETIVO DA LIÇÃO

Mostrar que na eternidade passada, Jesus Cristo já existia com Deus.

INTRODUÇÃO

A doutrina de Cristo ou Cristologia, está muito bem representada no texto base dessa
primeira lição (Jo 1.1-3), isso porque nele está explícita a verdade da preexistência do
Senhor Jesus, especialmente o versículo dois que diz: "Ele estava no princípio com Deus",
que na verdade é a repetição de parte do versículo um. A palavra "princípio" é uma clara
referência ao período anterior à obra da criação ("No princípio criou Deus o céu e a terra"
— Gn 1.1). Quando Jesus foi a João, para ser batizado por ele, ouviu o seguinte da sua boca:
"No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que
tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem
a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele
fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água" (ARA- Jo 1.29-31).

►Principio: o primeiro momento da existência (de algo), ou de uma ação ou


processo; começo, início, o que serve de base a alguma coisa; causa primeira, raiz,
razão.
Se O Senhor estava no princípio, então Ele é antes do princípio da criação.
João Batista testifica que O Senhor é antes dele mesmo sendo nascidos na
mesma época.◄

EXPOSIÇÃO

1. A DOUTRINA BÍBLICA DA PREEXISTÊNCIA DE CRISTO

O Dr. John MacArthur, no comentário que faz da expressão: "No princípio era o
Verbo..." (Jo 1.1), diz o seguinte: "era. O verbo 'ser' destaca a preexistência eterna do
Verbo, ou seja, Jesus Cristo. Antes que o universo tivesse princípio, a segunda pessoa da
Trindade já existia, ou seja, ele sempre foi (cf. 8.58). Essa palavra é usada em contraste com
o verbo 'foi feito' no verso 3, que indica um começo no tempo. Pelo fato do tema de João
ser Jesus Cristo é Deus eterno, a segunda pessoa da Trindade, ele não incluiu uma
genealogia, como fizeram Mateus e Lucas. Conquanto em termos de sua humanidade Jesus
teve uma genealogia humana, em termos de sua divindade, ele não tem genealogia" (SBB;
2011; P. 1379).

►Genealogia humana é importante para Deus porque no jardim do Éden Ele


fez a promessa da vitória de Jesus (nascido de uma mulher e não da semente de
um homem).
Gênesis 3:15 Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua
descendência e o descendente dela; porquanto, este te ferirá a cabeça, e tu lhe
picarás o calcanhar”. (Interessante é que o machucadinho que a serpente faria, era
comparado a nada perto doque Jesus faria).
Para o homem é importante a genealogia para se definir o sucessor de um rei,
mas Deus não se deixa escandalizar, Ele introduz nosso Jesus na linhagem de
Davi, para mostrar que Ele é dono do trono.◄

a) Definição de preexistência.

A palavra preexistência significa: "Existência anterior; prioridade de existência.


Qualidade de preexistente, Existência de Cristo no Céu antes da encarnação" (Dicionário
Michaelis). Essa simples definição técnica do termo, nos dá uma ideia daquilo que a
Escritura Sagrada diz a respeito da vida que o Senhor Jesus desfrutava, junto com o Pai,
antes de se fazer carne no ventre de Maria.
Como vimos, a doutrina da preexistência de Jesus é fundamental para o nosso
entendimento, por exemplo, dos seus atributos divinos. Em outras palavras, como Ele
mesmo afirmou na oração sacerdotal ("e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a
glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo" — Jo 17.5), que já existia na
eternidade passada em conjunto com o Pai, mas amorosamente abriu mão dessa posição, a
fim de assumir nossos pecados na cruz, e com isso, reconciliar os que creem com Deus.

2. JESUS CRISTO ANTES DA CRIAÇÃO

O Senhor Jesus não apenas existia com Deus antes da criação do universo, mas Ele
mesmo foi a causa da existência de todas as coisas, a Bíblia diz o seguinte sobre essa
verdade: "pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi
criado por meio dele e para ele" (Cl 1.16). No versículo seguinte Paulo fecha o assunto
afirmando que: "Ele (Jesus) é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste" (cl 1.17).

►Verbo: O verbo é a palavra responsável por exprimir ação, estado e


fenômenos. ◄

a) Cristo é o Sustentador da Criação.


Quando diz que "Nele, tudo subsiste", o apóstolo está falando da obra de
preservação ou manutenção de toda criação. O autor da carta aos Hebreus diz o mesmo
com outras palavras: "nestes últimos dias, nos falou (Deus) pelo Filho (Jesus), a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o
resplendor e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas" (Hb 1.2-3). Devemos lembrar que somente Deus cria, sustenta e opera a
redenção (ex: Jo 1.29).
►Leis da física e biologia fazem parte da manutenção da Terra e do universo.
Assim, como Deus fez todas as coisas, é também criador de todas as leis regentes
no mundo. ◄

b) Autoridade de Jesus sobre a natureza.

No episódio em que Jesus Cristo acalmou uma inesperada e destruidora tempestade,


os discípulos, boquiabertos, exclamaram: "...Quem é este que até o vento e o mar lhe
obedecem?" (Mc 4.41). A admiração deles se deu em razão do Senhor revelar sua
autoridade sobre a natureza criada. Talvez, experiências como essa e outras, que
ocorreram ao longo dos três anos do ministério terreno de Jesus, onde o Mestre agiu de
maneira sobrenatural (ex: Mt 14.25-33), permitiu que João escrevesse: "Todas as coisas
foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3).

3. JESUS CRISTO PRÉ-ENCARNADO

Um dos títulos messiânicos atribuídos ao Senhor Jesus é "Pai da Eternidade" (Is 9.6).
Em nota de rodapé desse texto lemos o seguinte comentário: "Aquele cuja paternidade do
seu povo nunca terá fim. Esta expressão também significa 'aquele que é eterno no seu
próprio ser e que, assim, pode conceder o dom da vida eterna aos outros" (Vida Nova;
2011; p. 991).

a) Manifestações de Jesus no AT.

O texto mais significativo, e que declara a preexistência explícita de Jesus Cristo no


AT, é bem provável que seja o de Miquéias: "E tu, Belém-Efrata, pequena demais para
figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas
origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade" (Mq 5.2). Mais uma vez
nos utilizamos do comentário da Bíblia de Estudo Shedd para falar da doutrina da
preexistência de Jesus: "...Tanto a divindade como a humanidade de Cristo são claramente
apresentadas neste versículo: como Homem, nasceu na estrebaria de Belém; como Deus,
existia 'desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade' (cf. Is 7.13-14; 9.6-7)" (Vida
Nova; 2011; P. 1287).

►Isaías 7:13 Então falou Isaías: “Ouvi vós, todos os descendentes da Casa
de Davi! Parece-vos pouco o fatigares e provares a paciência dos homens? Agora
quereis também abusar da paciência do meu Deus?
14 Pois sabei que o Eterno, o Senhor, ele mesmo vos dará um sinal: Eis que
a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o Nome dele será Emanuel, Deus
Conosco!
Isaias 9: 6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado
está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro,
Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
7 Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de
Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora
e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.◄

b) O ministério pré-redentivo de Cristo no AT:

A "pré-encarnação do Verbo" também é uma das definições teológicas que se dá à


doutrina da preexistência de Cristo, e que igualmente é conhecida como Cristofania. Este
último termo, nada mais é do que as aparições do Senhor Jesus antes do seu nascimento do
ventre de Maria.
Há inúmeras aparições e intervenções de Cristo antes da sua encarnação, que
poderíamos chamar de "ministério pré-Redenção", como, por exemplo, quando Ele
socorreu Agar, serva de Sara, que havia sido expulsa de casa por sua senhora, e teria
morrido se não fosse socorrida pelo "Anjo do Senhor" (Gn 16.714); o mesmo que "lutou"
com Jacó e permitiu que ele "ganhasse" a luta, com o fim de abençoá-lo (Gn 32.24-32).
Seguramente, Jesus era o "Quarto Homem", que estava a proteger os três jovens hebreus,
na fornalha ardente de Nabucodonosor (Dn 3.24-28); e mais tarde também esteve na cova
dos leões, e livrou Daniel da morte (Dn 6.22; 7.13-14). Talvez uma das aparições mais
interessantes, para não dizer intrigantes, de Cristo no AT, é a da figura da "rocha" que
seguia Israel durante a travessia do deserto em direção à terra de Canaã (Êx 17.6, Nm 20.7-
13), que o apóstolo Paulo afirmou ser o próprio Senhor Jesus (1 Co 10.4).

►1 Co 10: 4 E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque


bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo.
Ex 17: 6 Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu
ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante
dos olhos dos anciãos de Israel.◄

4. A PREEXISTÊNCIA DE JESUS DESCRITA NO NT

A segunda Pessoa da Santíssima Trindade, também é autoexistente com Deus, e


antes de tudo existir, Ele declarou: "Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá
desceu, a saber, o Filho do homem [que está no céu]" (Jo 3.13). Comentando esse versículo,
o Dr. John MacArthur escreveu: "...Jesus insistiu que ninguém subiu ao céu de maneira tal a
retornar e falar sobre coisas espirituais (cf. 2 co 12.1-4). Somente ele teve sua residência
permanente no céu antes de sua encarnação e, por isso, somente ele tem o verdadeiro
conhecimento a respeito de sabedoria celeste (cf. PV 30.4)" (SBB; 2011; p. 1387).

a) Jesus Cristo é o "EU SOU".


Quando Deus se apresentou a Moisés, disse o seguinte a ele: ...EU SOU O QUE SOU.
Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus
ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR, o Deus de vossos pais. O
Deus de Abraão. O Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu
nome eternamente, e assim serei lembrado de geração em geração" (Êx 3.14-15). Esse
nome de Deus não era estranho ao povo de Israel, muito ao contrário, mas quando Jesus o
associou a ele, isso produziu grande espanto nos seus ouvintes: "Respondeu-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU" (Jo 8.58). É
justamente nesse ponto que os "arianos" (corrente teológica que nega a Trindade de Deus,
concebida por Ário de Alexandria no início do século IV) se contradizem, porque nessa e em
outras passagens do Novo Testamento, Jesus Cristo afirma ser o Deus eterno do AT.

b) Jesus Cristo é o Alfa e o Ômega.

O Senhor Jesus se apresentou ao apóstolo João, na ilha de Pátmos, como o "Alfa e


Ómega", e, também, como "aquele que é, que era e que há de vir" (Ap 1.8), expressões que
revelam sua eternidade e auto existência. Ele é a primeira e a última letra do alfabeto
(grego), isso aponta o Causador e Finalizador (Jo 1.2 e IO) de todas as coisas (Hb 12.2). Mas,
curiosamente, a Bíblia diz o seguinte de Deus, o Pai: "Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu
Redentor, o SENHOR dos exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não
há Deus" (Is 44.6). "Dá ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou
o primeiro e também o último" (Is 48.12). Se Deus, o Pai, é chamado de primeiro e último, e
o Senhor Jesus também recebe esse mesmo título (Ap 1.17 e 2.8), é mais uma evidência de
que Deus é uma "unidade composta", ou de que Jesus Cristo é a segunda Pessoa da
Trindade de Deus.

CONCLUSÃO

Portanto, cremos que o "pano de fundo" do estudo Cristológico, precisa ser baseado/
firmado no mistério da preexistência e encarnação do Verbo de Deus, o Senhor Jesus. Deste
modo, vejamos o que o apóstolo João usou para introduzir sua primeira carta universal, que
tem tudo a ver com o que estamos dizendo: "O que era desde o princípio, o que temos
ouvido, o que temos visto com nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas
mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida e a vida se manifestou, e nós a temos
visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai
e nos foi manifestada" (1 Jo 1.1-2). Destacamos as palavras: "O que era desde o princípio",
e "a vida eterna, a qual (Jesus) estava com o Pai", para enfatizar a preexistência de Cristo.
Mas Ele não só estava com Deus na eternidade passada, como também voluntariamente
escolheu encarnar-se, assumir a forma humana, para nos salvar, com o sacrifício de si
mesmo. É justamente sobre este assunto que passaremos a estudar na próxima lição.

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