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DOSE DIÁRIA DEFINIDA X PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES

RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA A SAÚDE

Emily Tainá Moreira Santos¹, Silvana de Lima Vieira dos Santos².


¹Estudante, Faculdade de Enfermagem/UFG, emilytaina@discente.ufg.br
²Orientadora, Faculdade de Enfermagem/UFG, silvanalvsantos@ufg.br

RESUMO
Introdução: A utilização de antimicrobianos (ATM) em ambientes hospitalares
e na comunidade tem tido um aumento significativo. O uso inadequado aponta
lacunas acerca de ações de prevenção e controle de infecções. Essa situação pode
levar à resistência antimicrobiana, elevação de custos, tangíveis e intangíveis, como
a morbimortalidade. Assim, é preciso estabelecer barreiras de proteção, como a
Dose Diária Definida (DDD), uma estratégia de controle voltada para diminuir os
excessos e cuidar da gestão de uso de antimicrobianos. Objetivo: Identificar o perfil
dos ATM de acordo com a DDD, utilizados em um Hospital de Ensino em Goiás, no
período de 2018 a 2021. Método: Estudo transversal e analítico sobre a DDD dos
ATM usados em pacientes na UTI adulto, de um Hospital de Ensino no estado de
Goiás. Realizada coleta dos dados secundários no SCIRAS a partir de relatórios de
consumo de ATM do período de 2018 a 2021. Os aspectos éticos foram observados
de acordo com o protocolo de aprovação nº 1269485/20. Resultados: Dentre os
ATM analisados, o Meropenem, da classe dos carbapenêmicos foi o ATM mais
utilizado, obtendo uma tendência crescente, não sendo estatisticamente significante,
porém, contrapondo este cenário a Cefepima da classe das cefalosporinas
apresentou um declínio estatisticamente significativo no consumo durante os anos.
Conclusão: O programa de gerenciamento de antimicrobianos preconizado no
Brasil e implementado no Hospital de ensino é a DDD, considerada uma estratégia
bem estruturada e articulada. Essa teve impacto significativo no controle e
prevenção das IRAS, pois foi possível verificar a manutenção das DDD no período
estudado e encontra-se de acordo com a definição da Anvisa.
Descritores: Antimicrobianos; Dose diária definida; Prevenção; Gestão de
antimicrobianos; Manejo de antimicrobianos.
APRESENTAÇÃO
A utilização de antimicrobianos (ATM) em ambientes hospitalares e na
comunidade tem tido um aumento significativo e com isso, o aumento da resistência
antimicrobiana (RAM). Devido a este fato, atualmente a RAM é considerada um
problema de saúde pública e um dos fatores de destaque para esse problema, é o
uso inadequado de antimicrobianos (ALVIM, 2019).
O uso inadequado de antimicrobianos, mostra que há uma falta de cuidado
dos profissionais em relação às medidas de prevenção e controle de infecções e
como consequência pode acarretar uma RAM, elevação de custos e
morbimortalidade (ANVISA, 2007). Consoante a isto, Souza; Baroni e Roese (2017)
apontam sérias consequências em relação ao uso inadequado, como: efeito
terapêutico insuficiente, reações adversas, farmacodependência, aumento da
resistência bacteriana e redução da qualidade.
Segundo Brasil (2019) as consequências geradas pela resistência antimicrobiana
sejam elas diretas ou indiretas, comprometem o paciente e a população e com isso:
“estima-se que no ano de 2050, caso não sejam tomadas ações efetivas para
controlar os avanços da resistência aos antimicrobianos, uma pessoa morrerá a
cada três segundos, o que representará 10 milhões de óbitos por ano.”
Por esta razão, visando a prevenção e controle de infecções, há a
recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020) para a
implementação de Programa de Gerenciamento de Uso de antimicrobianos (PGA)
conhecido como Antimicrobial Stewardship Programs (ASP) e definido pela
organização como “[...] um conjunto integrado de intervenções, baseadas em
evidências, que promovem o uso consciente e adequado de antimicrobianos”
(BRASIL, 2021).
No Brasil o uso da Dose Diária Definida (DDD), é a preconizada pela OMS a
qual é considerada uma estratégia de controle com a obtenção de estatística acerca
do consumo de medicamentos, visando a análise da racionalidade do mesmo e
assim, fornece uma base para uniformização do sistema de assistência à saúde. O
DDD é uma medida de consumo de medicamentos, criada para superar as
dificuldades derivadas da utilização de mais de um tipo de medicamento, sendo uma
unidade técnica internacional, com isso, os serviços de saúde se tornam
responsáveis pela notificação de DDD, avaliação do perfil e a tendência do uso de
antimicrobianos preconizado pela Agência Nacional de Vigilância à Saúde (ANVISA,
2008).
O presente estudo tem o intuito de realizar um diagnóstico da situação do uso
de antimicrobianos, bem como levantar indicadores que possam influenciar na
tomada de decisão. Tem como objetivo, identificar o perfil de DDD dos
antimicrobianos em um Hospital de Ensino e verificar os fatores de risco para a
resistência antimicrobiana.

METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de delineamento transversal e analítico realizado em
um Hospital de Ensino no Estado de Goiás, sobre o consumo de antimicrobianos na
Unidade de Terapia Intensiva Adulto que contém 14 leitos, no período de 2018 a
2021.
A amostra do estudo foi composta por dados secundários do banco de dados
sobre o uso de antimicrobianos, do Serviço de Controle de Infecção Relacionada à
Assistência à Saúde (SCIRAS). Para a obtenção dos dados foram realizadas três
etapas. Na primeira os dados foram extraídos de fichas de notificação de Doses
Diárias Definidas (DDD) e relatórios de consumo de material farmacológico do
SCIRAS do Hospital de Ensino. Na segunda etapa os dados foram analisados a
partir da planilha disponibilizada pela Anvisa para a notificação de DDD, assim,
calculando o consumo de antimicrobianos utilizando a fórmula:

DDD/1000 pacientes-dia= A / B

O item A corresponde ao total de antimicrobianos consumido em gramas(g)


no mês de vigilância. O item B refere-se à dose diária padrão de antimicrobianos
calculada em gramas para adultos de 70 kg, sem insuficiência renal, como
preconizado pela OMS (2020) e por fim, o item P é o quantitativo de pacientes-dia
no período a ser observado. E as variáveis referentes ao consumo foram
organizadas no Programa Microsoft Excel® a fim de padronizá-las estatisticamente.
A terceira etapa foi realizada a partir da análise desses dados por meio de
frequências absoluta e relativa, média, mediana, moda e os achados referentes aos
antimicrobianos estão expressos por meio da média anual do período analisado.
Para a estatística descritiva e percentis, considerou-se a significância estatística com
valor de p<0,05 com intervalo de confiança de 95% e para a comparação de
proporções a utilização de Qui-quadrado e o Teste exato de Fisher, utilizando os
recursos do programa Stats Blue®.
O presente estudo está vinculado ao Núcleo de Estudo e Pesquisa de
Enfermagem em Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à
Saúde (NEPIH) e ao projeto de pesquisa intitulado de “Indicadores epidemiológicos
das infecções relacionadas aos cuidados em saúde (IRAS) no município de
Goiânia-Go”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (protocolo de aprovação
nº 1269485/2015).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Anvisa (2021) tornou obrigatória a notificação da Dose diária definida dos
seguintes ATM: Amicacina, Ampicilina-sulbactam (base sulbactam), Anfotericina B,
Anfotericina B Lipossomal, Anidulafungina, Caspofungina, Cefepima, Cefotaxima,
Ceftazidima, Ceftazidima-avibactam (base ceftazidima), Ceftolozana-tazobactam
(base ceftolozana), Ceftriaxone, Ciprofloxacina, Daptomicina, Ertapenem,
Fluconazol, Imipenem, Levofloxacina, Linezolida, Meropenem, Micafungina,
Moxifloxacino, Piperacilina-tazobactam (base piperacilina), Sulfato de Polimixina B,
Sulfato de Polimixina E, Teicoplanina, Tigeciclina, Vancomicina e Voriconazol.
Mediante essa medida o uso racional de antimicrobianos foi analisado, a
partir da DDD gerada pelo consumo final que diz respeito aos ATM transformados
em gramas da substância dispensada, enquanto os antimicrobianos solicitados são
referentes às unidades requisitadas para o uso na UTI (ANVISA, 2022).
Em relação aos ATM solicitados pela UTI a maior média ocorreu em 2021
(669,93g) contrapondo o consumo final com base no cálculo do DDD, onde sua
maior média é referente ao ano de 2019 (750,26g), (Gráfico 1).
Gráfico 1. Média anual dos antimicrobianos solicitados versus a média anual dos antimicrobianos de
acordo com seu consumo pelo DDD.

Observou-se que dentre os 33 ATM passíveis de notificação, apenas sete


ATM possuíam uma amostra considerada relevante para o estudo, sendo eles:
Cefepima, Ceftriaxone, Fluconazol, Meropenem, Piperacilina-tazobactam, Sulfato de
Polimixina B e Vancomicina.
Verificou-se que este grupo de antimicrobianos apresentou as seguintes
médias anuais de consumo, perante os demais ATM analisados: 2018 (90,98%);
2019 (92,22%); 2020 (93,91%) e 2021 (88,85%).
O antimicrobiano de maior consumo foi o Meropenem em todos os anos,
tendo destaque com a média 603,79g em 2019. O segundo antimicrobiano variou de
acordo com o período, em 2018 foi o Sulfato de Polimixina B (248,99g); a
Piperacilina-tazobactam ocupou o segundo lugar nos anos de 2019 (214,19g) e
2020 (195,10g) e no ano de 2021 a Vancomicina apareceu em segundo lugar
(249,66g), essas variáveis podem ser observadas na Tabela 1 e Gráfico 2.

Tabela 1. Média anual do consumo final de ATM no período de 2018 a 2021.


Antimicrobianos 2018 2019 2020 2021

Cefepima 104,61g 79,10 g 23,50g 20,54g

Ceftriaxone 116,29g 100,75g 147,26g 158,34g


Fluconazol 115,94g 94,56g 117,10g 48,48g

Meropenem 407,25g 603,76g 598,38g 531,85g

Piperacilina-tazobactam 141,38g 214,19g 195,10g 177,00g

Sulfato de Polimixina B 248,99g 200,59g 191,90g 228,73g

Vancomicina 157,90g 181,65g 194,35g 249,66g

Gráfico 2. Representação gráfica da média anual de consumo dos antimicrobianos.

De acordo com a verificação da tendência temporal a Cefepima foi o único


antimicrobiano que apresentou tendência decrescente (p=0,02) considerada
estatisticamente significante. Com tendência estacionária o Fluconazol (p=0,14) e
Sulfato de polimixina B (p=0,33), a tendência crescente corresponde ao Ceftriaxone
(p=0,92), Meropenem (p=0,76) e a Piperacilina-tazobactam (p=0,68), não sendo
estatisticamente significantes as tendências estacionárias e crescentes
apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Análise da tendência dos antimicrobianos no período de 2018 a 2021


Antimicrobianos B* t** Valor de p Tendência

Cefepima -30,78 -4,49 0,02 Decrescente

Ceftriaxone 17,27 2,14 0,92 Crescente


Fluconazol -17,48 -1,48 0,14 Estacionária

Meropenem 36,84 0,86 0,76 Crescente

Piperacilina-tazobactam 8,78 0,56 0,68 Crescente

Sulfato de Polimixina B -6,95 -0,52 0,33 Estacionária

Vancomicina 28,80 4,59 0,98 Crescente

B*; coeficiente de t**Estatística t.


regressão

Mecanismos de ação
Segundo a ANVISA (2008), os antimicrobianos pertencem a uma classe de
fármacos utilizados para tratamento de infecções, em sua maioria de origem
bacteriana e com sua utilização de forma adequada pode retardar a aparição da
resistência antimicrobiana, a partir de uma prescrição racional.
Os ATM são divididos em grupos e classes para que seu uso clínico seja
efetivo, sendo possível a classificação de acordo com seu espectro de ação. No
grupo dos antimicrobianos selecionados, no presente estudo temos as classes de
antifúngicos, carbapenêmicos, cefalosporinas (terceira e quarta geração),
glicopeptídeos, penicilina e polimixinas, sendo todos os componentes considerados
de amplo espectro. Os antimicrobianos como Cefepima, Ceftriaxone,
Piperacilina-tazobactam e Meropenem têm sua indicação, de acordo com seu
espectro de ação voltados para microrganismos, em sua maioria, bastonetes
Gram-negativo, no entanto o Sulfato de Polimixina B e a Vancomicina tem maior
ação contra microrganismos multirresistentes e o Fluconazol é considerado um
potente inibidor de síntese fúngica (MELO; DUARTE e SOARES, 2012).
O Meropenem foi o antimicrobiano mais consumido na unidade de terapia
intensiva do hospital analisado com o maior consumo em 2019 (603,79g),
apresentando uma diferença com relação ao estudo de Oliveira e Santos (2022), em
que o meropenem foi o ATM mais consumido na unidade, porém com (1441,62g).
De acordo com Souza, Baroni e Roese (2017) o uso deste antimicrobiano está
interligado ao fato de ser utilizado como terapia em casos de infecções graves e
podendo-se estender este uso após os resultados laboratoriais para a maior
segurança contra os microrganismos. É considerado mais ativo contra bastonetes
Gram-negativos, pelo seu amplo espectro e possuir o potencial de penetrar nos
sítios de infecção (ANVISA, 2017), indicando a existência de microrganismos
multirresistentes, devido ao uso ser altamente recomendado, indo ao encontro do
estudo de Souza et al. (2021) em que o carbapenêmico meropenem foi o mais
utilizado na unidade.
A Cefepima se mostrou em queda ao decorrer do período, atingindo seu
menor valor de consumo em 2021 (20,54g) e apresentando uma tendência
decrescente. O antimicrobiano pertence a classe das cefalosporina de quarta
geração, tem grande ação contra microrganismos Gram-negativos e ação
antipseudomonas, sendo utilizada em casos de pneumonias hospitalares, infecções
do trato urinário e meningites causadas por bastonetes Gram-negativos (ANVISA,
2017). Sendo este dado considerado contraditório ao comparar com o estudo de
Dantas et al. (2015), uma vez que, a classe cefalosporinas foi considerada a com
maior utilização na UTI e a que obteve a menor redução no período de 2013, além
disso, o uso demasiado e equivocado não apenas no âmbito hospitalar, mas
também na comunidade é considerado um fator agravante e determinante para o
desenvolvimento de bactérias resistentes.
O crescente consumo final pode estar interligado ao aumento dos
pacientes-dia da unidade, sendo assim, demandando uma maior solicitação de ATM
pela equipe interdisciplinar em conjunto a estratégias de controle são instituídas
como normas e protocolos para a prevenção e controle de IRAS, levantamento de
indicadores de IRAS, busca ativa de casos, conscientização sobre o uso racional de
ATM e avaliação de prescrições.

Resistência antimicrobiana e o uso inadequado de ATM


A resistência antimicrobiana pode se tornar a principal causa de mortalidade
em 2050 (SILVA, 2021; GAJDÁCS, 2019; O’NEILL, 2014) e isso está fortemente
interligado com o uso inadequado e até excessivo de antimicrobianos. Segundo
Rodrigues e Bertoldi (2010) a resistência microbiana não é um fenômeno recente e
impacta tanto os atores envolvidos no processo de fornecimento e do uso dos ATM.
Em decorrência disso, se torna necessária a implantação de programas de uso
racional de antimicrobianos, sendo fundamental para a diminuição de taxas de
resistência, além da redução da morbimortalidade e dos custos hospitalares
(DANTAS et al. 2015).
No Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência dos
Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única 2018-2022 (BRASIL, 2019), são
previstas ações para a otimização de antimicrobianos, como o uso racional e
propondo uma estratégia de intervenção da qualificação de prescrição e
dispensação destes medicamentos. Com isso, respeitando o requerimento da World
Health Organization (WHO) sobre a necessidade de diversos países trabalharem na
elaboração de condutas para o conflito da resistência microbiana (SILVA; AQUINO,
2018).

Dose diária definida e prevenção e controle de infecções relacionadas à


assistência à saúde (IRAS)
A Anvisa (2017) aborda os aspectos sobre o PGA adaptado a realidade do
sistema de saúde do Brasil, onde suas ações são destinadas para o controle do uso
de ATM, englobando diagnósticos, seleção dos ATM, prescrições e dispensação
adequada, boas práticas de diluição, conservação e administração além do
monitoramento das prescrições e da educação dos profissionais e pacientes.
A DDD é uma estratégia utilizada para a padronização e comparação de
resultados sobre o consumo de antimicrobianos em unidades de terapia intensiva,
essa estratégia consiste na notificação mensal dos antimicrobianos utilizados em
Unidades de Terapia Intensiva Adulto. De acordo com a Anvisa (2022) os principais
objetivos da avaliação da DDD no Brasil por meio da notificação, são para o
desenvolvimento de um compilado de dados de consumo entre os hospitais e a
possível correlação do consumo com os antimicrobianos isolados nos leitos de UTIs,
além disso, por ser uma unidade de medida a mesma não retrata a dose
recomendada e/ou prescrita, sendo apenas uma estimativa, mas que permite a
avaliação da tendência do consumo.
A Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 06/2021, traz a importância da
implementação da notificação da DDD pela Comissão de Controle de Infecção
(CCIH) e análise dos indicadores de uso de antimicrobianos. Além disso, no Art. 45
da Resolução da Diretoria Colegiada n° 7, de 24 de fevereiro de 2010, institui que o
uso racional de antimicrobianos deve ser realizado pela equipe de UTI, por meio de
normas e rotinas de maneira interdisciplinar e em conjunto com o Comissão de
Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (CCIRAS), Farmácia
Hospitalar e Laboratório de Microbiologia. Sendo importante também, como destaca
Silva et al.(2021) a necessidade da CCIH atuar no processo de treinamento e
educação continuada dos profissionais envolvidos na assistência ao paciente como
uma medida de prevenção e controle das IRAS.
Pickens e Wunderik (2019), definem o controle de infecção como um pilar
para o manejo de antimicrobianos:
O controle de infecção refere-se a estratégias preventivas que reduzem a
incidência de infecção hospitalar. O controle de infecção é a pedra angular
sobre a qual os programas de administração de antibióticos são
construídos. A prevenção da infecção resulta na diminuição do uso de
antibióticos e diminui a pressão de resistência aos antibióticos.

As ações de prevenção e controle devem-se voltar firmemente para a rotina


da assistência, com estratégias básicas de prevenção como sugere Silva e Aquino
(2018):
A higienização adequada das mãos, a desinfecção de objetos de uso
coletivo ou privativos, o isolamento do contato com pessoas infectadas e a
prática da educação continuada pelos profissionais da área são de extrema
valia para assegurar que haja uma maior veracidade neste controle.

Kilpatrick et al. (2021) abordam sobre as lacunas existentes no conhecimento


dos profissionais devido a minimização dos riscos potenciais de transmissão das
IRAS, sendo elas: implementação inconsistente da HM, uso inadequado de
equipamentos de proteção individual (EPI), falta de conhecimento apropriado sobre
os antimicrobianos em ambientes de cuidados intensivos.

CONCLUSÃO
A DDD no Hospital de Ensino é implementada pelo SCIRAS, possibilitando
verificar o funcionamento pleno das notificações da DDD mensalmente das UTI
adulto do Hospital e realizar o monitoramento desses ATM. A tendência histórica
acompanha o aumento dos pacientes internados, portanto, a DDD se encontra de
acordo com a definição da Anvisa. As estratégias de controle no hospital têm sido
instituídas por meio de normas e protocolos para a prevenção e controle de IRAS,
levantamento de indicadores de IRAS, busca ativa de casos, conscientização sobre
o uso racional de ATM e avaliação de prescrições.
O programa de gerenciamento de antimicrobianos preconizado no Brasil e
implementado no Hospital de ensino é o DDD, considerada uma estratégia bem
estruturada e articulada. Esse teve impacto significativo no controle e prevenção das
IRAS, pois foi possível verificar a manutenção das DDD no período estudado e
encontra-se de acordo com a definição da Anvisa.
O Programa é um importante modelo estratégico, pois tem ações para a
notificação e acompanhamento do uso destes antimicrobianos. Para que seja
fortalecida a equipe multidisciplinar deve atuar alinhada às ações para o uso racional
dos ATM, em prol da prevenção e controle de infecções como: prescrição racional,
adoção de práticas para combate de IRAS, educação continuada sobre manejo de
antimicrobianos, ações de vigilância e notificação de infecções.
O uso de antimicrobianos não se restringe aos pacientes internados em UTI,
sendo de suma importância que o gerenciamento de antimicrobianos seja
implementado em Unidades Básicas de Saúde (UBS) de forma mais incisiva,
abrangendo a educação na comunidade, pois o uso racional e adequado de
antimicrobianos vai além das unidades de saúde, alcançado toda a população.
Sendo assim, é essencial estabelecer estratégias e implementá-las em todas as
unidades de saúde visando o uso adequado de antimicrobianos, como a proposta do
programa de Stewardship e da DDD.
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