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Unidade 1 - Causas das patologias das estruturas e patologias do concreto armado

Apresentação
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O estudo das patologias às quais as edificações estão propensas é primordial, no


sentido de prevenir e tratar essas ocorrências de forma a manter o desempenho das
edificações. Nesse cenário, a preocupação com as estruturas ganha ainda mais
destaque ao se considerar sua importância na segurança dos usuários das
edificações ou demais obras e feitos da engenharia.
No decorrer da disciplina, espera-se que haja uma expansão dos conhecimentos
sobre as patologias que se manifestam nas edificações, em especial nas estruturas,
de forma a tornar possível compreender suas causas, aspectos típicos,
consequências, tratamentos e meios de prevenção.
Após a apreciação do conteúdo desta disciplina, espera-se a formação de uma
visão da complexidade das patologias no contexto das construções e o
desenvolvimento da cautela necessária para o trato da questão.

Agentes causadores de patologias


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As edificações e demais obras de engenharia não deixam de ser produtos por suas
especificidades. Nesse sentido, faz-se necessário expandir a compreensão de
conceitos como durabilidade, manutenção e vida útil para essas estruturas. Essas
definições se relacionam intimamente com o assunto aqui tratado, já que a
ocorrência de patologias é capaz de afetar a durabilidade das edificações, de forma
a reduzir sua vida útil.

EXPLICANDO
No contexto das edificações habitacionais, foi editada a chamada Norma de
Desempenho (Norma ABNT 15575:2013 – Edificações habitacionais —
Desempenho) que trata de uma série de requisitos destinados ao atendimento das
expectativas dos usuários das edificações, quanto ao seu comportamento em uso.
Os aspectos ali tratados estão relacionados às patologias que podem ocorrer em
edifícios e seus sistemas. O conhecimento dessa norma é de grande importância
para os profissionais da engenharia, sendo sua leitura fortemente recomendada.
Pode-se lançar mão de algumas definições, termos e conceitos da ABNT NBR
15575:2013 para enriquecer a discussão em torno das patologias, mesmo
considerando-se que seu âmbito de aplicação está restrito a edificações
habitacionais, já que os termos e definições contribuem para a contextualização da
questão como um todo e para melhor compreensão dos assuntos aqui abordados.
Dessa forma, são trazidos conceitos interessantes que contribuirão para a
abordagem das patologias das edificações.
AS PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS

O estudo das patologias das estruturas é um campo da engenharia que ganha


destaque quando se observa que a estrutura é um elemento básico e indispensável
para a existência dos feitos da construção civil.
O papel das estruturas, além de, logicamente, estar atrelado à própria concepção
das obras civis, está ligado ao desempenho que apresentarão em sua vida útil e,
principalmente, à segurança daqueles que dela fazem uso.
No contexto supracitado, diagnosticar o comportamento das estruturas ao longo do
tempo é de vital importância sob a ótica do desempenho e da segurança das
edificações. Assim, analogamente ao que ocorre no campo das ciências médicas,
no qual a patologia é o estudo de doenças e modificações no organismo, é
necessário que a engenharia possa compreender bem as não conformidades que
se manifestam nas estruturas, aqui entendidas com similaridade às doenças do
corpo humano. Trata-se do que chamamos de patologias das estruturas.

Mesmo considerando que patologias possam ocorrer em variados elementos das


edificações, aquelas que emergem na estrutura são de especial interesse, dado o
contexto do comprometimento global do edifício. Cabe, então, ao estudo das
patologias contemplar as manifestações, mecanismos de ocorrência, causas ou
agentes, fatos geradores e efeitos das modificações e não conformidades
estruturais que causam perda de desempenho.
De certo que é possível se pensar em diversos tipos de patologias nas construções
e nas estruturas, razão pela qual diversos estudos científicos investigam diferentes
causadores de patologias, considerando, entre outros, o tipo da estrutura ou mesmo
o sistema construtivo no qual ela se manifesta. A diversidade aqui tratada decorre
do fato de que se encontram patologias sob variadas formas. O Diagrama 1
exemplifica um possível agrupamento das diferentes manifestações patológicas nos
edifícios e estruturas.

Diagrama 1. Manifestações patológicas em construções.


O CONTEXTO DAS CAUSAS E AGENTES DAS PATOLOGIAS DAS
CONSTRUÇÕES

O conhecimento acerca dos agentes causadores de patologias nos permite


estabelecer previamente os riscos aos quais uma estrutura estará exposta quando
em serviço e, assim, criar definições de projeto destinadas à prevenção, que podem
ser cuidadosamente estudadas pelo projetista ou tecnologista de materiais.
É fato que, na literatura técnica e científica, muitas vezes os agentes e as causas
das patologias se confundem, sendo inclusive tratados como iguais.
Também é necessário constatar que faz mais sentido elencar os agentes ou causas
segundo o tipo de elemento construtivo ou a estrutura na qual a patologia se
manifesta. Cabe ainda ressaltar que patologias podem surgir de diversas causas ou
mesmo da conjugação de causas diferentes. O Diagrama 2 apresenta uma
ilustração sobre o que fora mencionado.

Diagrama 2. Causas das patologias em construções.

Nesse cenário, ao se pensar em agentes causadores de patologias, deve-se


apreciar as peculiaridades quanto ao elemento em que ocorre a manifestação
patológica, bem como as eventuais causas. Vejamos, por exemplo, que os agentes
causadores de patologias em estruturas de madeira, elencados por Cruz (2001),
foram categorizados em agentes mecânicos, químicos, físicos ou biológicos. O
Quadro 2 ilustra as patologias, de acordo com a autora, associadas aos seus
respectivos agentes causadores.
Quadro 2. Patologias comuns em estruturas de madeiras. Fonte: CRUZ, 2001.
(Adaptado).

Naturalmente, pode-se elencar agentes patológicos comuns, como a água, fogo,


microrganismos, e agentes atmosféricos, como íons cloretos, gás carbônico,
sulfatos, ácidos, variações de temperatura, intempéries, entre outros. Seu risco
potencial deverá ser calculado considerando-se cada tipo de estrutura e seu
contexto. Yazigi (2009) elenca uma série de patologias típicas de argamassas e
revestimentos, com as quais podemos relacionar alguns agentes comuns, conforme
Quadro 3.

Quadro 3. Patologias comuns em argamassas. Fonte: YAZIGI, 2009. (Adaptado).

Em suma, diversos são os agentes causadores de patologias e, no estudo mais


detalhado de cada tipo de patologia, esses agentes serão explorados no sentido de
apreciar seus danos potenciais nos diversos tipos de estruturas.

Patologias do concreto armado: corrosão das armaduras, fissuração, ataques


de agentes agressivos
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O concreto é um dos materiais mais importantes no contexto da construção civil.


Sua participação na execução de estruturas pode ser notada através de uma
simples observação dos feitos de engenharia pelo mundo. Nesse sentido, o
concreto armado se destaca ainda mais, já que se trata de um material que une as
vantagens do concreto às propriedades do aço, o que ocorre por meio de uma
armadura que confere ao produto melhores propriedades para o uso na construção
civil.
Através da incorporação do aço, o concreto armado se torna mais resistente à
tração que o concreto simples, além de o aço poder ser utilizado no alívio de seções
de concreto quando há presença de alguns esforços. Faz-se necessário ressaltar
que a produção desse material deve ser criteriosa e seguir todo o rigor técnico
necessário para que seus benefícios sejam plenamente utilizados. Nesse sentido,
cabe mencionar que a durabilidade dos elementos construídos em concreto armado
está intimamente ligada às patologias que podem ocorrer ao longo da vida útil do
elemento.

PATOLOGIAS COMUNS EM ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO

Diversas são as manifestações patológicas que podem ocorrer em estruturas de


concreto armado.
Pode-se citar como exemplos: lixiviação, eflorescências, fissuração, corrosão das
armaduras, carbonatação, destacamentos, dentre outros. Há de se ressaltar, ainda,
que existem agentes capazes de promover modificações negativas no desempenho
e na estética das estruturas de concreto armado, comumente conhecidos como
agentes agressivos. O ataque por esses atores resulta em manifestações
patológicas. Exemplos deles são os íons cloretos, dióxido de carbono, sulfatos e
ácidos.
Adicionalmente, a presença da água excessiva constitui um dos grandes agentes
deletérios das estruturas de concreto armado. Algumas patologias são provocadas
pela ação das águas, ao passo que outras são provocadas por outros agentes, só
possíveis em presença de água ou de alguma umidade. Observe, por exemplo, o
que ocorre na ocasião de uma eflorescência, manifestação comum em estruturas de
concreto, que consiste no depósito de sais cristalizados a partir de solução aquosa,
após contato com a atmosfera. Pode-se citar também a lixiviação, que está
relacionada com a presença de água e ao fenômeno mencionado. Neste caso, a
lixiviação consiste na etapa de dissolução e carreamento de compostos hidratados
da pasta de cimento por percolação da água, que a transporta à superfície.

EXEMPLIFICANDO

Atente-se ao fato de que existem diversas estruturas de concreto em contato


constante com a água, e que demandam preocupação quanto às possíveis
patologias cujo agente agressivo é a água. Pense, por exemplo, em reservatórios de
água em concreto armado, galerias de águas pluviais em concreto, tubulações de
drenagem urbana, etc. Vale ressaltar que estruturas em contato com água do mar,
mesmo sob forma de respingos de maré, carecem de cuidados especiais, pois essa
situação apresenta grande potencial de degradação da estrutura.
Considerando-se o contexto do surgimento, bem como os potenciais deletérios das
patologias de fissuração, corrosão das armaduras e das ações de agentes
agressivos específicos, essas manifestações serão detalhadas.
As origens das patologias encontradas em estruturas de concreto armado são
diversas, e muitos autores tentam estabelecer alguma relação estatística que possa
direcionar as conclusões acerca de qual fase do empreendimento contém os
maiores percentuais de patologias. É verdade que alguns desses estudos
convergiram no sentido de identificar maiores percentuais de causas para as
patologias do concreto armado. Entretanto, deve-se apreciar essas informações
com cautela.
As peculiaridades de cada estudo, da localidade na qual eles foram desenvolvidos,
as condições de contorno das edificações estudadas, dentre outros diversos fatores,
influenciam diretamente nesta análise. Será explicitado que a ocorrência de
patologias constitui um fenômeno relativamente complexo, e a identificação de sua
causa pode não ser uma tarefa simples. Isso ocorre, inclusive, em razão de que
uma mesma manifestação pode ser proveniente de diferentes fatores, bem como
um fator pode agravar uma patologia resultante da atuação de outro agente.

Além disso, muitas vezes são exploradas deficiências relacionadas aos fatores com
elevada variabilidade quanto ao local de projeto e/ou execução das obras.
Pensando, por exemplo, nos materiais utilizados na construção, sabe-se que há
grande influência do local no qual o canteiro é instalado. A ocorrência de reações
álcali-agregados, por exemplo, é fortemente determinada pela reatividade do
agregado, o que pode variar de acordo com local de extração.
Em alguns casos, elencam-se as deficiências técnicas de projeto ou de execução
como causas e avalia-se o percentual com que ocorrem. Ora, esse também é um
fator subjetivo, já que os aparatos normativos, meios de controle, disponibilidade de
pessoal técnico, entre outros aspectos, podem variar de um país para outro.

FISSURAÇÃO

O primeiro ponto para o estudo da fissuração é compreender sua definição. Existem


diversas delas encontradas em livros, artigos, estudos e normas, mas, de forma
sintética, pode-se dizer que a fissura nada mais é que a abertura, separação ou
seccionamento em um elemento. No contexto aqui tratado, entende-se, de maneira
genérica, que a fissura seja esse seccionamento no elemento construído em
concreto armado. A Figura 1 ilustra o conceito mencionado.
Figura 1. Fissuras em elemento de concreto. Fonte: AdobeStock. Acesso em:
11/07/2020.

CITANDO

A norma de desempenho apresenta definições que podem ser úteis na


compreensão do que sejam fissuras e trincas: “Fissura de componente estrutural:
seccionamento na superfície ou em toda seção transversal de um componente, com
abertura capilar, provocada por tensões normais ou tangenciais. As fissuras podem
ser classificadas como ativas (variação da abertura em função de movimentações
higrotérmicas ou outras) ou passivas (abertura constante). Trinca: expressão
coloquial qualitativa aplicável a fissuras com abertura maior ou igual a 0,6 mm”
(ABNT, 2013, p. 6-7).
Vale ressaltar que as fissuras já constituem uma patologia por si só, porém
merecem ainda mais atenção por constituírem um ponto de partida para patologias
mais gravosas. A abertura pode servir de rota de entrada para agentes agressivos,
como água, cloretos, dióxido de carbono e sulfatos, dentre outros, e desencadear
patologias como corrosão das armaduras e destacamentos.
Um aspecto importante a ser observado no estudo da fissuração é a classificação
das fissuras quanto à sua atividade, ou seja, se as fissuras são ativas ou passivas.
Essa classificação, como o próprio nome sugere, diz respeito às variações de
espessura das fissuras. Quando a fissura apresenta variação, é chamada de ativa;
já quando não apresenta variação, é chamada de passiva. Sendo assim, podemos
definir genericamente:
FISSURA ATIVA
Apresenta variação dimensional; provavelmente seus fatores causadores persistem
em atuação ou desencadearam processos que corroboram com a variação.

FISSURA PASSIVA
Não apresenta variação dimensional, provavelmente seus fatores causadores já não
atuam ou já se estabilizaram.

Diversas são as causas que podem resultar em fissuração dos elementos de


concreto armado, sendo que as manifestações usualmente são típicas, permitindo
certa associação com o fato gerador. Isso ocorre em razão de que diferentes
esforços ou causas têm atuação peculiar sobre o elemento, fazendo com que as
fissuras se comportem segundo um padrão.
Muitos trabalhos científicos exploraram esse padrão, buscando fazer uma boa
aproximação envolvendo o aspecto da fissuração com suas respectivas causas
mais prováveis. Esses estudos são úteis na detecção das causas de fissuração para
que o tratamento adequado seja direcionado, e até mesmo para alertar quanto a
possíveis riscos estruturais mais sérios, sob o ponto de vista da segurança da
edificação.
Marcelli (2007) explora em sua obra as diversas causas que resultam em fissuras
manifestadas sobre elementos de concreto armado. O Quadro 4 apresenta uma
síntese de algumas constatações do referido autor, as quais podem ser úteis na
identificação de fissuras em elementos como lajes, vigas e pilares.
Quadro 4. Causas de fissuras em elementos de concreto armado. Fonte:
MARCELLI, 2007. (Adaptado).

Além das fissuras ilustradas no Quadro 4, o autor elenca ainda as fissuras causadas
por variações do teor de umidade, variações de temperatura e corrosões da
armadura. Essa última será mais detalhada.
As fissuras provenientes de corrosão da armadura são potencialmente
preocupantes por denunciarem um processo de corrosão já em execução, e por se
apresentarem como um fator que pode contribuir para que esse processo se
intensifique.
Ainda que o processo de corrosão inicial não tenha sido causado por essa
fissuração, a criação de aberturas faz com que agentes deletérios agravantes do
processo de corrosão tenham acesso à armadura e, dessa forma, a corrosão se
acentue, assim havendo uma espécie de efeito cascata, já que a ocorrência da
corrosão é expansiva e aumenta a fissuração que, por sua vez, permite o ingresso
de agentes agressivos na corrosão. O Diagrama 3 ilustra o processo mencionado.

Diagrama 3. Relação entre corrosão e fissuração.

Nesse caso, Marcelli (2007) apresenta o aspecto das fissuras que podem ser
encontradas em elementos estruturais cuja armadura se encontra em processo de
corrosão. A Figura 2 apresenta o esboço em questão.
Figura 2. Fissuração de viga em processo de corrosão. Fonte: MARCELLI, 2007.
(Adaptado).

Sabe-se que esse processo de corrosão da armadura, combinado com a fissuração,


pode resultar em destacamento de concreto, piorando ainda mais a situação da
peça, já que a armadura se torna completamente exposta no trecho destacado. A
Figura 3 ilustra esse efeito.

Figura 3. Concreto, fissuração e armadura em corrosão. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 11/07/2020.
Em suma, as fissuras constituem uma patologia importante para as estruturas de
concreto armado, podendo ocorrer por ocasião de uma série de fatores e causas
diferentes. Há casos em que as fissuras (de menor vulto) geram apenas
incomodidades estéticas, nas quais a simples vedação com material flexível é capaz
de sanar o problema.
Por outro lado, o surgimento de fissuras também indicam problemas estruturais
graves que podem, inclusive, ser comprometedores para a edificação, sob a ótica
da segurança estrutural. É importante o conhecimento de que a norma ABNT NBR
6118:2014 estabelece critérios relacionados aos limites de fissuração e proteção
das armaduras, visando sua durabilidade.
Em suma, a norma citada estabelece que aberturas máximas, com características
inferiores à faixa de 0,2 mm a 0,4 mm, sob ação das combinações frequentes, não
acarretarão impactos sobre a corrosão das armaduras. Vale um alerta especial em
relação ao caso de armaduras ativas (protensão), situação na qual a fissuração é
especialmente preocupante pela possibilidade de corrosão sob tensão. A leitura da
norma em questão é fortemente recomendada.

CITANDO

Ao apreciar limites de fissuração em estruturas de concreto armado, além dos


limites que controlam a fissuração, há o fator de aceitabilidade sensorial e de
utilização. A norma ABNT NBR 6118:2014 estabelece: “Por controle de fissuração
quanto à aceitabilidade sensorial, entende-se a situação em que as fissuras passam
a causar desconforto psicológico aos usuários, embora não representem perda de
segurança da estrutura. Limites mais severos de aberturas de fissuras podem ser
estabelecidos com o contratante” (ABNT, 2014, p. 80).
Acerca do tratamento da fissuração, diversas técnicas se dedicam a essa seara,
mas, em suma, o tratamento para cada fissura deverá ser estabelecido por um
especialista, após uma análise criteriosa na qual a minúcia do problema envolvido
com seu surgimento seja avaliada. Souza e Ripper (1998) descreveram com
precisão procedimentos destinados à recuperação de estruturas de concreto, dentre
eles os possíveis tratamentos para as fissuras. Apesar do fator temporal, os
procedimentos ali tratados continuam a ser referenciados até os dias atuais, quando
há demanda de recuperação de elementos fissurados. O Quadro 5 apresenta
basicamente os procedimentos e as ocasiões comuns de utilização.
Quadro 5. Descrição dos procedimentos de recuperação de fissuras. Fonte:
SOUZA; RIPPER, 1998. (Adaptado).

Vale ressaltar que os procedimentos aqui trazidos são exemplificativos e visam a


informar o leitor acerca de seus potenciais, porém o uso da técnica adequada para
recuperação de estruturas e os procedimentos a serem adotados devem ser
estudados criteriosamente, sob risco de agravo da patologia.

CORROSÃO DAS ARMADURAS

A corrosão das armaduras é uma das patologias mais preocupantes em estruturas


de concreto armado.
Conforme já explicitado, a presença do aço se destina justamente ao
aprimoramento do concreto, no sentido de fazer com que ele possa resistir a
esforços aos quais não seria capaz sem a armadura, notadamente esforços de
tração. Não obstante, a presença do aço em elementos estruturais também será
capaz de propiciar à peça melhores propriedades para desempenho em situação de
solicitações compostas.
O processo de corrosão das armaduras de estruturas de concreto armado é
eletroquímico e desencadeado por alguns fatores relacionados à exposição da
armadura. A partir do contato da armadura com a atmosfera (umidade, oxigênio ou
dióxido de carbono, por exemplo) é que a corrosão se inicia, acarretando patologias
no elemento estrutural. Isso ocorre porque a corrosão só é possível quando estão
presentes esses fatores. Uma vez iniciado o processo de corrosão, ocorre redução
da área de aço na seção da peça, com consequências drásticas para o elemento
estrutural.
Como resultado da corrosão, a redução da área de aço por si só já é de grande
preocupação, pois significa a redução da resistência ao esforço de tração.
Entretanto, outros efeitos podem ser esperados, como a fissuração do concreto, a
perda de aderência entre o concreto e o aço, destacamentos e efeitos estéticos
indesejados (escorrimento avermelhado). A Figura 4 ilustra um elemento estrutural
acometido por corrosão da armadura.

Figura 4. Patologia proveniente de corrosão da armadura. Fonte: Shutterstock.


Acesso em: 11/07/2020.

O fato é que o concreto armado é projetado de forma que proteja a armadura contra
a presença de agentes que possam criar condições propícias à corrosão. A
proteção oferecida pelo concreto é física (cobrimento e baixa porosidade), mas
também conta com estratégias químicas no combate ao desencadeamento da
corrosão – é o que se chama de camada passivadora, já que o concreto tem pH
elevado, o que dificulta a chegada dos agentes que promovem a corrosão da
armadura.
// Mecanismos preponderantes de deterioração das estruturas relativos à
armadura

As principais causas da ocorrência de corrosão das armaduras estão relacionadas à


perda da proteção oferecida pelo concreto. Nesse cenário, é imediato constatar que
a despassivação é um fator de grande preocupação para a durabilidade das
estruturas de concreto armado. Sendo assim, a norma ABNT NBR 6118:2014
elenca mecanismos preponderantes da deterioração das estruturas relativos à
armadura, sendo eles a despassivação por carbonatação e por ação de cloretos:

// Despassivação por carbonatação

É a despassivação por carbonatação, ou seja, por ação do gás carbônico da


atmosfera sobre o aço da armadura. As medidas preventivas consistem em dificultar
o ingresso dos agentes agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das
armaduras e o controle da fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável
um concreto de baixa porosidade.

// Despassivação por ação de cloretos

Consiste na ruptura local da camada de passivação, causada por elevado teor de


íon-cloro. As medidas preventivas consistem em dificultar o ingresso dos agentes
agressivos ao interior do concreto. O cobrimento das armaduras e o controle da
fissuração minimizam este efeito, sendo recomendável o uso de um concreto de
pequena porosidade. O uso de cimento composto com adição de escória ou
material pozolânico é também recomendável nestes casos (ABNT, 2014, p. 16).
Em suma, a profilaxia da corrosão das armaduras consiste na proteção da
armadura. Nesse sentido, diversas estratégias podem ser usadas. A título
exemplificativo, podemos elencar algumas delas:
bullet
Cobrimento adequado;
bullet
Controle da fissuração;
bullet
Diminuição da porosidade do concreto;
bullet
Aplicação de materiais que dificultem o acesso de dióxido de carbono, cloretos ou
outros agentes agressores através de revestimentos como tintas, vernizes ou
outros;
bullet
Impermeabilizações;
bullet
Adições e aditivos que consumam hidróxido de cálcio e formem silicatos de cálcio
hidratados (pozolanas);
bullet
Garantia do pH do concreto em valores mais elevados;
bullet
Outras estratégias.
Para recuperação de estruturas em que processo de corrosão já tenha ocorrido é
necessária uma análise criteriosa que contemple a gravidade do dano, o agente
causador e se as condições de exposição ainda estão mantidas, dentre outras
considerações. Existem técnicas que envolvem a identificação, remoção ou limpeza
da área prejudicada, tratamentos superficiais e aplicação de produtos especiais no
reparo. Vale ressaltar que o conhecimento acerca das causas geradoras da
corrosão são sempre importantes no tratamento, para que não haja mera
prorrogação dos efeitos, mas sim a solução do problema.

AGRESSIVIDADE AMBIENTAL

Ao se tratar de agentes agressivos para as estruturas de concreto armado, é


imediato pensar naqueles que se encontram no ambiente em que a estrutura está
materializada.
Isso se refere à agressividade ambiental, que está diretamente ligada à durabilidade
das estruturas. Considerando essa relação, existe um aparato normativo destinado
a estabelecer critérios de execução de estruturas de concreto armado que garantam
sua segurança e durabilidade.

A ABNT NBR 6118:2014 traz a classificação dos ambientes segundo suas


características, a qual pode ser observada no Quadro 6.

Quadro 6. Classes de agressividade ambiental. Fonte: ABNT, 2014, p. 17.


Além disso, uma vez definidas as classes de agressividade ambiental, o mesmo
ordenamento estabelece a qualidade e o cobrimento mínimos para as estruturas de
concreto armado, elencados nos Quadros 7 e 8.

Quadro 7. Correspondência entre agressividade e a qualidade do concreto. Fonte:


ABNT, 2014, p. 18.
Quadro 8. Correspondência entre agressividade e o cobrimento nominal para Δc =
10mm. Fonte: ABNT, 2014, p. 20.

// Mecanismos preponderantes de deterioração relativos ao concreto

Conforme mencionado, os íons cloretos e dióxidos de carbono são agentes


agressivos preocupantes que podem desencadear processos corrosivos. A ação da
água, já explorada, também pode ser considerada um ataque ao concreto armado.
Adicionalmente, pode-se mencionar ainda outros ataques que são potencialmente
preocupantes. Dessa forma, a norma ABNT NBR 6118:2014 elenca a lixiviação, a
expansão por sulfatos e a reação álcali-agregados como os principais mecanismos
preponderantes de deterioração relativos ao concreto. Observe os referidos
mecanismos:

// Lixiviação

É o mecanismo responsável por dissolver e carrear os compostos hidratados da


pasta de cimento por ação de águas puras, carbônicas agressivas, ácidas e outras.
Para prevenir sua ocorrência, recomenda-se restringir a fissuração, de forma a
minimizar a infiltração de água, e proteger as superfícies expostas com produtos
específicos, como os hidrófugos;

// Expansão por sulfato

É a expansão por ação de águas ou solos que contenham ou estejam contaminados


com sulfatos, dando origem a reações expansivas e deletérias com a pasta de
cimento hidratado. A prevenção pode ser feita pelo uso de cimento resistente a
sulfatos, conforme ABNT NBR 5737;

// Reação álcali-agregado

É a expansão por ação das reações entre os álcalis do concreto e agregados


reativos. O projetista deve identificar no projeto o tipo de elemento estrutural e sua
situação quanto à presença de água, bem como deve recomendar as medidas
preventivas, quando necessárias, de acordo com a ABNT NBR 15577-1 (2018)
(ABNT, 2014, p. 15-16).

LIXIVIAÇÃO

A lixiviação se encontra bem definida pela norma citada e é comumente encontrada


em estruturas de concreto, já que tem um importante aspecto estético.
Pode-se dizer que a manifestação estética do processo de lixiviação está
relacionada à ocorrência das eflorescências, depósitos de material esbranquiçado
que formam uma mancha superficial. Nesse sentido, a norma DNIT 090/2006 – ES
– Patologias do concreto –Especificação de serviço explica a relação entre os
fenômenos:

// Reações envolvendo hidrólise e lixiviação do componentes da pasta de cimento


endurecido: Eflorescência

Provocada quando águas puras com poucos ou nenhum íon de cálcio entram em
contacto (sic) com a pasta de cimento Portland; elas podem hidrolisar ou dissolver
os produtos contendo cálcio.
A lixiviação do hidróxido de cálcio do concreto, além da perda de resistência,
provoca agressões estéticas, já que o produto lixiviado interage com o CO2
presente no ar, daí resultando a precipitação de crostas brancas de carbonato de
cálcio na superfície (DNIT, 2006, p. 5).
A Figura 5 apresenta uma imagem típica da manifestação da lixiviação, na qual
pode ser observada uma mancha esbranquiçada que é resultado do processo
(eflorescência). O que ocorre é que a água transporta compostos como o hidróxido
de cálcio que, ao entrar em contato com a atmosfera, reage com o dióxido de
carbono, formando carbonato de cálcio. Percebe-se que a mancha retratada na
Figura 5 é comumente observada em diversas estruturas.
A prevenção dessa patologias, que gera grande incomodidade estética, impede a
ação da água de carrear compostos do concreto, ou seja, basicamente, impede que
o agente possa penetrar a estrutura, com o uso de controle da fissuração,
impermeabilizações, aplicação de tintas, vernizes ou outros materiais. Atente-se ao
fato de que a lixiviação é um processo que carreia compostos, ou seja, há retirada
de “material” da massa de concreto, o que pode acarretar consequências graves à
estrutura em casos mais severos, inclusive no sentido do surgimento de outras
patologias pelo ingresso de agentes agressivos.

Figura 5. Patologia em concreto por lixiviação. Fonte: Adobestock. Acesso em:


11/07/2020.

Em relação aos possíveis tratamentos das eflorescências, recorre-se novamente à


norma DNIT 090/2006 – ES – Patologias do concreto – Especificação de serviço,
que traz algumas informações úteis nesse sentido:
// Reações envolvendo hidrólise e lixiviação dos componentes da pasta de cimento
endurecido: Eflorescência

A maioria das eflorescências pode ser removida por processos simples, tais como:
escovação com escova dura e seca, escovação com escova e água, leve
jateamento d’água e leve jateamento de areia.
Entretanto, alguns sais tornam-se insolúveis na água logo após entrarem em
contacto (sic) com a atmosfera; eflorescências com estes sais podem ser removidas
com soluções diluídas de ácido, desde que adotados os cuidados e procedimentos
indicados a seguir.
As soluções sugeridas, que devem ser testadas em pequenas áreas não
contaminadas, são:

a) 1 parte de ácido muriático diluído em 9 a 19 partes de água;


b) 1 parte de ácido fosfórico diluído 9 partes de água;
c) 1 parte de ácido fosfórico mais uma parte de ácido acético diluídos em 19 partes
de água.

A aplicação da solução diluída de ácido envolve quatro etapas:

a) saturar a superfície de concreto com água pura, para evitar a absorção da


solução ácida;
b) aplicar a solução ácida em pequena áreas, não maiores que 0,5 m2;
c) aguardar 5 minutos e remover a eflorescência com uma escova dura;
d) lavar a superfície tratada com água pura, imediatamente após a remoção da
eflorescência.

A prevenção da recorrência de novas eflorescências implica na necessidade de


reduzir a absorção de água, o que pode ser realizado com o tratamento de trincas e
fissuras e pinturas hidrofugantes (DNIT, 2006, p. 7).
Naturalmente, há de se advertir que qualquer serviço envolvido na recuperação de
estruturas deva ser determinado e acompanhado por especialista da área. O
procedimento supracitado deve ser avaliado quanto à sua aplicabilidade ou
especificidade, determinando-se inclusive as medidas necessárias em termos de
segurança do trabalho ou outras preocupações cabíveis.

ATAQUE POR SULFATOS

Sobre os ataques por sulfatos, de maneira mais detalhada, ocorre que o cimento
tem compostos que reagem com os sulfatos, formando compostos químicos como a
etringita.
É bem verdade que a etringita é tipicamente formada em pastas de cimento, mas
não quando o concreto já se encontra endurecido. Por ser sua formação expansiva,
a formação de etringita pela reação dos sulfatos com compostos presentes no
elemento estrutural causa fissuração do elemento, podendo ocorrer destacamentos
ou descamações, dentre outras manifestações, de forma a permitir a entrada de
outros agentes deletérios e agravar a patologia.
Adicionalmente ao que fora mencionado, é importe perceber que o ataque por
sulfatos, por promover fissuração e eventuais destacamentos, pode ocasionar
reduções de seção de elementos de concreto, o que já constitui um fator de
preocupação, dada a perda de resistência. Considerando que a presença de água
propicia o ataque em razão de ser necessária para que as reações ocorram, é
importante perceber que a diminuição da porosidade dos concretos costuma ter um
efeito preventivo importante na preservação das estruturas de concreto armado.
Como mencionado, a profilaxia desse ataque pode ser feita pelo uso de cimentos
resistentes ao ataque por sulfatos, mas também pode-se pensar em redução da
porosidade e em estratégias de isolamento em reação à água e umidade. No que
diz respeito aos cimentos resistentes a sulfatos, a ABNT NBR 16697:2018
estabelece requisitos de resistência a sulfatos. Observe:

// Resistência a sulfatos

Os requisitos de resistência a sulfatos aplicam-se somente aos cimentos Portland


comercializados com o sufixo RS.
Os cimentos Portland resistentes a sulfatos devem apresentar expansão menor ou
igual a 0,03% aos 56 dias, sendo ensaiados para efeito da verificação da
conformidade à resistência a sulfatos, de acordo com a ABNT NBR 13583.
A resistência a sulfatos deve ser objeto de um controle estatístico, dentro da
hipótese de uma distribuição gaussiana, assegurando-se que os valores obtidos
cumpram com o estabelecido na Tabela A.1 com 97% de probabilidade de estes
limites serem atendidos, isto é, a probabilidade de os limites não serem atingidos é
de 3% (ABNT, 2018, p. 12).
No sentido dos estudos envolvendo a prevenção do ataque por sulfatos, é
importante também se conhecer os principais sulfatos e onde são encontrados.
Nesse sentido, Souza e Ripper (1998) informam que os principais sulfatos são os de
magnésio, cálcio, potássio, sódio e amônio, além de fornecerem suas principais
fontes:
bullet
Água do mar;
bullet
Águas subterrâneas;
bullet
Águas poluídas;
bullet
Dejetos industriais.

REAÇÕES ÁLCALI-AGREGADOS

A reação álcali-agregado (RAA), apesar de ser um efeito importante a ser estudado


no contexto das patologias do concreto armado, não é propriamente um agente
agressivo que venha a atacar a peça ou elemento estrutural, mas se aproxima mais
de um processo desencadeado pela própria composição dos materiais que
compõem o concreto.
O fato é que esse processo, uma vez ocorrido, gera fissuração em razão de sua
natureza expansiva e, assim, pode favorecer o surgimento ou agravo de outros
ataques agressivos.
O processo de que aqui se trata consta de reações químicas que ocorrem entre
álcalis que estão presentes no cimento Portland e agregados reativos. Essas
reações formam um composto gelatinoso que se expande na estrutura de poros do
concreto, de forma que surgem tensões internas e fissuras no elemento estrutural.
Essa manifestação patológica leva certo tempo para se manifestar após a
concretagem e, muitas vezes, é negligenciada em termos de medidas profiláticas e
de sua identificação.
No ano de 2018 foi atualizada a norma ABNT destinada à prevenção da ocorrência
de reações álcali-agregados, bem como aos procedimentos necessários para
amostragem e verificação dos requisitos estabelecidos. Trata-se da ABNT NBR
15577:2018. Sua apreciação é importante no sentido da prevenção de patologias
provenientes de RAA.
Miranda e colaboradores (2019) realizaram um estudo no sentido de alertar a
comunidade técnica e científica do estado do Paraná sobre os riscos presentes na
falta de investigações que visem à prevenção das patologias por reações
álcali-agregados. Em suas análises, fora encontrado um percentual de 73% de
amostras de materiais comerciais cuja expansibilidade é superior ao recomendado
pela ABNT NBR 15577-1:2018. Por esse cenário, pode-se observar o risco que se
corre ao construir estruturas sem o devido cuidado quanto à RAA.
Não obstante, assim como mencionado para diversas outras manifestações, a
umidade também colabora na ocorrência de RAA, de forma que mais uma vez fica
claro o potencial deletério da água para as estruturas em concreto armado, além da
importância de combater a umidade como uma forma de prevenção. A respeito da
profilaxia, é importante mencionar, também, que impedir o uso de agregados
reativos e de cimentos com elevado teor de álcalis são boas estratégias. Acerca da
primeira, deve ser substanciada pela realização de ensaios, conforme já
mencionado.

OUTROS AGENTES E PROCESSOS

É importante ressaltar que, além dos agentes agressivos e processos de


manifestações patológicas aqui detalhados, ainda se deve considerar o potencial de
conjugação de diferentes processos, já que, em uma mesma manifestação,
diferentes agentes podem estar contribuindo para uma patologia.
Além do mais, como já foi mencionado, existem processos que servem como ponto
de partida para o início de outros processos ou de porta de entrada para agentes
agressivos.
Adicionalmente ao que fora tratado, pode-se pensar em outros processos, agentes
ou causas de manifestações patológicas, como:
bullet
Ação da chuva ácida;
bullet
Impactos e degradações por ações humanas ou acidentes;
bullet
Falhas humanas nas diversas fases da vida de uma estrutura (concepção, projeto,
dimensionamento, construção, uso, manutenção);
bullet
Desastres naturais;
bullet
Ataques biológicos;
bullet
Fatores climáticos (como variações de temperatura);
bullet
Poluição atmosférica (como aquela presente em grandes centros urbanos);
bullet
Modificações em terrenos e fundações;
bullet
Interferências nas condições de contorno por construções novas;
bullet
Insolação;
bullet
Exsudação.
Vale esclarecer que o fenômeno de exsudação consiste na migração da água de
amassamento à superfície do concreto, em razão da diferença de densidade
existente entre ela e os demais componentes do concreto (cimento e agregados).
Nessa ocasião, o fator água/cimento na região próxima à superfície pode ser
elevado, gerando patologias provenientes da perda de resistência e permeabilidade,
entre outros, gerando, descamações. Isso costuma ocorrer por erros de execução,
como vibrações inadequadas, excesso de água, excesso de finos ou outros desvios,
de forma que uma execução criteriosa pode mitigar sua ocorrência.

Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos


lá?!

SINTETIZANDO

Nesta unidade foi apresentado um panorama acerca das patologias das


construções e, em especial, das estruturas. Adiante, foram exploradas as principais
patologias que acometem as estruturas em concreto armado, bem como suas
possíveis causas, características, meios de identificação e eventuais tratamentos.
Abordamos patologias típicas como a fissuração, a corrosão das armaduras e
aquelas provenientes de ataques de agentes agressivos como cloretos, sulfatos ou
água. Foram abordados, ainda, processos deletérios, como as reações
álcali-agregados, lixiviação e a despassivação por carbonatação.
Vale ressaltar que os fenômenos envolvidos com as patologias das estruturas em
concreto armado são complexos e por vezes relacionados. Para isso, basta
relembrar, por exemplo, da relação estudada entre a fissuração e a corrosão das
armaduras, dois processos consideravelmente preocupantes do ponto de vista da
durabilidade das edificações. Vimos que a fissuração (que pode ser proveniente de
diversos processos patológicos) cria condições para o ingresso de agentes
agressivos no interior dos elementos de concreto armado, que podem, por sua vez,
destruir a proteção e expor a armadura, ou mesmo alcançá-la, iniciando o processo
de corrosão.
É conveniente relembrar que o campo da patologia das estruturas é vasto e
diversos podem ser os fatores que propiciam ou agravam as manifestações
patológicas, sendo necessária uma avaliação criteriosa por especialista para um
diagnóstico preciso e para o estabelecimento de procedimentos de recuperação.
Neste cenário, alguns trabalhos já se propuseram a identificar as manifestações
típicas de algumas patologias e a relacioná-las com suas prováveis causas. Os
resultados dessas pesquisas nos auxiliam na identificação de patologias. Na
presente unidade, elencamos alguns desses resultados, bem como foram
apresentadas fotografias de manifestações típicas das patologias estudadas.
Vale ressaltar que as investigações envolvendo patologias de edificações e
estruturas em geral são trabalhos com uma forte vertente técnica e científica,
demandando bastante critério por parte do profissional que os conduz. O próprio
surgimento de patologias por vezes tem origem na falta de primor técnico ou certa
negligência quanto aos estudos necessários para o projeto e execução de
estruturas.
É importante sempre lembrar o que foi mencionado acerca das reações
álcali-agregados. O estudo citado demonstrou (ainda que de maneira regionalizada)
que muitas fontes de agregados fornecem agregados com reatividade maior que
aquela recomendada pela norma ABNT que trata do assunto.
Por fim, resta mencionar que diversas normas da Associação Brasileira de Normas
Técnicas foram trazidas ao texto dessa unidade. O atendimento a esse
ordenamento é crucial para a prevenção dos problemas patológicos e para a
segurança estrutural. A própria visão trazida pela norma de desempenho para as
edificações habitacionais já representa um fator de preocupação para os
engenheiros.
Apesar da referida norma estar restrita às edificações habitacionais, seus preceitos
merecem atenção não apenas pela representatividade das obras residenciais, mas
também pela aplicação potencial de conceitos relacionados ao desempenho de
outras obras. Por sua vez, a NBR 6118 traz uma série de preceitos destinados a
garantir a execução de estruturas de concreto dentro dos parâmetros aceitáveis. Por
fim, o conteúdo é convidativo a um aprofundamento da questão, que é essencial
para os futuros engenheiros.

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