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PROPÓSITO
Compreender principais causas, sintomas, prevenções e outras características das patologias
das estruturas de concreto armado, para tomada de decisões preventivas ― antes e depois da
confecção do concreto ― e consequente garantia de durabilidade e maior vida útil possível
com a menor manutenção necessária.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o conteúdo deste tema, tenha em mãos papel, caneta e uma calculadora
científica, ou use a calculadora de seu celular/computador.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 3
MÓDULO 4
MÓDULO 1
Todos concordamos que as estruturas de concreto armado são projetadas e executadas para
manter condições de segurança, funcionalidade e estabilidade, sem necessidade de
manutenções e reparos. Tais características são chamadas de tempo de vida útil da estrutura.
A esperada vida útil das edificações pode ser comprometida com patologias ou defeitos
construtivos. Essas patologias podem ser definidas como degradações inesperadas no
desempenho das edificações devido a inúmeras causas.
É difícil separar as degradações causadas por falta de qualidade dos insumos aplicados
daquelas que tem outras causas ― naturais, esperadas e relacionadas com a durabilidade. As
estruturas estão sujeitas a fatores agressivos que podem comprometer sua durabilidade e
estabilidade, tanto na fase de concepção do projeto como durante sua vida útil.
ATENÇÃO
Só podemos classificar como patologia um sintoma que comprometa alguns dos requisitos
mínimos das construções, seja de caráter mecânico, funcional ou estético.
Uma patologia pode ser influenciada por comportamento, uso, tempo e condições de exposição
a que uma estrutura possa estar submetida. Dessa forma, há uma relação intrínseca entre
patologia e desempenho, vida útil e durabilidade da construção.
As patologias expressam uma indicação sintomática de algum defeito das características do
material, em desacordo com sua especificação, por exemplo. Nesse sentido, indicam um
comportamento diverso do previsto, que pode não resultar, necessariamente, em qualquer tipo
de irregularidade que impeça o normal funcionamento da estrutura.
A causa da deterioração está diretamente relacionada à natureza da degradação, que pode ser
mecânica, física, química e eletroquímica. Já a origem da deterioração está relacionada com as
etapas do ciclo de vida da estrutura na qual surgiu a patologia. Entre essas etapas, podemos
citar a fase de projeto, a execução, a vida útil etc.
FATORES DE DETERIORAÇÃO
POROSIDADE
O concreto, por ser um material poroso, apresenta vazios em seu interior. Esses vazios têm
origens diversas, como excesso de água de mistura necessária à obtenção de uma boa
trabalhabilidade, diminuição do volume causada pela hidratação do cimento, ar incorporado
durante a mistura etc.
INTERAÇÃO
A interação do concreto com o meio ambiente recebe a influência de outros fatores
importantes, como umidade, ação das intempéries, substâncias agressivas presentes no meio
etc. Além disso, também há influência das características dos materiais presentes no concreto
e de seus poros.
O concreto deve ser especificado e executado com critério, além de ser imprescindível o
conhecimento do meio ambiente e de sua interação com a estrutura. Afinal, a vida útil dessa
estrutura pode ser reduzida pela influência ambiental.
PERMEABILIDADE
Nesse sentido, quanto mais suscetível um concreto for à permeação de água, gases e outros
agentes agressivos, bem como às condições ambientais da superfície, maior será a
probabilidade da sua degradação. Como consequência, também será maior a probabilidade de
degradação do aço no seu interior.
A ação de água, gases e outros agentes agressivos é influenciada pela estrutura porosa da
pasta de cimento endurecida. A estrutura porosa deve ser entendida tanto pelas dimensões dos
poros quanto pela interligação entre eles, por meio de canais.
A porosidade, portanto, permite o transporte das substâncias nocivas e caracteriza a
permeabilidade da pasta. Por outro lado, a interligação entre os poros interfere na velocidade
desse transporte.
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA
DEGRADAÇÃO DO CONCRETO ARMADO
É imprescindível que conheçamos as causas da deterioração do concreto. Dessa forma, é
possível realizar os reparos necessários e garantir que a estrutura não voltará a se deteriorar
após a reparação.
Mecânica
Física
Química
Eletroquímica
Além das quatro principais classificações, temos a causa de natureza Biológica, que se resume
à ação de fungos e bactérias.
Para cada causa da deterioração, existe um ou mais agentes principais que a provocam. A
ação desses agentes reduz, gradativamente, o desempenho do concreto e do aço.
ATENÇÃO
EXEMPLO
As estruturas mais afetadas pelas resistências mecânicas são: guarda-corpos, barreira New
Jersey de viadutos, colunas de garagens, fundações etc. Os principais sintomas são a
fissuração e o aparecimento de lascas no concreto, conforme vemos na figura a seguir.
É praticamente impossível prever e projetar, técnica e economicamente, a ocorrência das
principais causas das deteriorações por causas mecânicas. No entanto, algumas ações
paliativas podem ser tomadas.
CAUSAS FÍSICAS
A origem do desgaste por abrasão é a fricção ou o atrito a seco, gerado por um agente ou
qualquer material abrasivo em uma superfície. No concreto, os motivos podem ser: esfregação,
fricção ou escorregamento constantes em ambiente seco, resultando no arrancamento de
grãos ― geralmente finos ― dos agregados e geração de pó.
ATENÇÃO
É importante lembrar que o desgaste por abrasão não diz respeito à perda da resistência
mecânica ― elemento estrutural de concreto ―, mas à perda de seu desempenho em relação
à funcionalidade.
A cristalização de sais nos poros do concreto ocorre devido ao contato das estruturas de
concreto ― paredes de tanques industriais, estruturas marítimas, entre outras ― com soluções
supersaturadas (salinas, por exemplo).
No caso das estruturas em contato com a água do mar, o processo ocorre por meio do choque
das ondas e dos períodos consecutivos de molhagem e secagem, causado pelo efeito das
marés.
A exposição às marés gera a cristalização dos sais no interior dos poros capilares
interconectados do concreto. Essa cristalização, por sua vez, gera tensões internas de
grandeza suficiente para que ocorram fissurações na estrutura.
Os concretos sujeitos à ação física da cristalização dos sais são aqueles concretos porosos e
permeáveis ― com elevada relação água-cimento ― e em permanente contato com soluções
de alta concentração salina.
SAIBA MAIS
Formação de escamas
Outra manifestação patológica, além da fissuração, oriunda da cristalização de sais nos poros
do concreto é a formação de escamas. Isso é muito típico de concretos porosos expostos a
sais suscetíveis de serem hidratados, como o sulfato ou o carbonato de sódio.
A formação de escamas pode ser minimizada com a produção de um concreto menos poroso e
permeável. Isso pode ser feito, por exemplo, diminuindo a relação água-cimento.
RETRAÇÃO HIDRÁULICA DO CONCRETO
FRESCO
A perda de água, na maioria das vezes, ocorre pela ação de intempéries, como vento, baixa
umidade e aumento da temperatura ambiente. Isso propicia o aparecimento de tensões que
tracionam o concreto, gerando variação de tamanho e o aparecimento de fissuras.
RETRAÇÃO TÉRMICA
Após o lançamento do concreto fresco, iniciam-se as reações de hidratação do cimento. Tais
reações são exotérmicas ― liberam calor ―, gerando aquecimento no concreto.
DILATAÇÃO TÉRMICA
O concreto, depois de endurecido, sofre variação de tamanho quando submetido à variação da
temperatura, assim como quase todos os materiais. Essa variação pode se dar em decorrência
de uma expansão, pelo aumento da temperatura, ou de uma contração, pela diminuição da
temperatura.
O exemplo mais comum dessa ocorrência são os pavimentos rodoviários de concreto. Se suas
contrações e expansões também não forem minimizadas, ocorrerá o empenamento de placas
de concreto.
Uma forma muito comum de minimizar o empenamento das placas é implantando juntas de
dilatação espaçadas e dimensionadas. As juntas permitem as variações volumétricas do
concreto e absorvem essas deformações térmicas.
Uso de cimento com baixo calor de hidratação ou cimento CP-IV (cimento Portland
Pozolânico);
AÇÃO DO FOGO
Incêndios de grandes proporções em estruturas de concreto acontecem com certa frequência,
envolvendo perdas humanas e danos materiais. Em São Paulo, dois incêndios ficaram
famosos. O primeiro ocorrido no Edifício Andraus (31 andares) em 1972. Logo depois, em
1974, houve um incêndio no Edifício Joelma (25 pavimentos).
Embora a ação do fogo não se alastre para o interior do concreto, há grande perda de sua
resistência quando a estrutura é submetida ao calor muito forte. Vejamos:
A estrutura absorve calor durante a ação do fogo, gerando uma expansão dos materiais. Isso
ocasiona um diferencial de dimensões entre o concreto e o aço, que se alonga mais. Esse
diferencial prejudica a aderência entre o concreto e o metal, desagregando o concreto e
expondo a armadura diretamente ao fogo.
CAUSAS QUÍMICAS
Reação álcali-agregado;
Hidratação de componentes do cimento;
Carbonatação;
REAÇÃO ÁLCALI-AGREGADO
Trata-se de um fenômeno patológico que causa diversos problemas, a depender das condições
que a estrutura está submetida.
Essa reação danosa gera expansões intensas, que podem ser observadas em diferentes
idades. Embora sejam mais comuns em longo prazo, dependendo do grau de reatividade do
agregado, também podem ser observadas após o final do processo de cura do concreto.
É uma reação química que ocorre internamente em uma estrutura de concreto. Nesse caso, os
hidróxidos alcalinos originários do cimento reagem com alguns minerais presentes nos
agregados utilizados.
Como resultado, são formados elementos que se expandem sob umidade. As consequências
são fissurações, alterações de volume e, muitas vezes, o comprometimento estrutural.
nas águas correntes, nos efluentes sanitários e industriais. Trata-se de um dos mais danosos
agentes causadores de deterioração do concreto.
Os principais sulfatos que atacam o concreto são: Sulfato de Sódio (Na2SO4), Sulfato de
Cálcio (CaSO4).
A presença de sulfatos de sódio e de cálcio é mais comum nos solos, nas águas correntes e
nos efluentes. Nas áreas de mineração e de indústrias químicas de papel e celulose, ocorre a
presença de sulfatos solúveis, como os de sódio, magnésio e cálcio.
Os sulfatos oriundos de meios externos penetram o concreto por meio de suas fissuras e
porosidade, atacando a estrutura internamente. Isso ocorre porque os sulfatos podem estar
presentes na água de amassamento, nos agregados, entre outras possibilidades.
Todos os sulfatos são potencialmente perigosos ao concreto. Eles reagem com o concreto e
causam a decomposição química de dois dos elementos da pasta de cimento hidratado: o
hidróxido de cálcio, cuja reação produz gesso, e o aluminato tricálcico.
A característica mais comum do ataque por água natural é a dissolução do hidróxido de cálcio,
com posterior precipitação de géis (de sílica e de alumina), e a formação de estalactites e
estalagmites. As consequências desse processo são:
Alteração da estética dos elementos estruturais, já que o material que percolou interage
com o gás carbônico presente no ar, formando uma crosta superficial esbranquiçada de
carbonato de cálcio, também conhecido como eflorescência, de aparência pouco
agradável;
Diminuição da resistência mecânica, uma vez que a água, reagindo com o silicato de
cálcio hidratado ― principal agente responsável pela resistência do concreto ―,
causando a decomposição química do material.
CARBONATAÇÃO
Trata-se da penetração do gás carbônico ― dióxido de carbono, CO2 ― no interior dos poros
úmidos do concreto, provocando uma reação com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) do cimento
CAUSA ELETROQUÍMICA
Corrosão química (seca ou oxidação) – reação gás-metal com formação de uma película
oxidada;
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
O processo de corrosão costuma ser lento, mas existem casos em que a corrosão da armadura
ocorre de forma rápida e progressiva.
O Brasil tem um clima de predominância tropical, sendo quente e úmido. Por conta disso,
possui muitas edificações em áreas litorâneas e próximas de indústrias. Tais ambientes deixam
as edificações passíveis de sofrer ataques de agentes corrosivos.
Salientamos que muitos problemas estruturais, que dão causa às corrosões, têm origem em
falhas nos projetos e nas execuções das obras. Isso ocorre sobretudo nos problemas relativos
à durabilidade estrutural ― tema que veremos adiante.
Os processos corrosivos que deterioram o concreto ― ação química agindo sobre o volume do
concreto e ação eletroquímica atacando as armaduras ― propiciam o aparecimento de
anomalias. Com isso, são necessários procedimentos adequados para corrigir o problema e
reparar os danos causados. Tudo isso gera custos sobressalentes consideráveis.
CAUSAS, EFEITOS E SOLUÇÕES DA
CORROSÃO DAS ARMADURAS
Todos os materiais metálicos, em algum momento da sua vida útil, apresentarão uma alteração
nas suas características físicas. Essa alteração é um processo espontâneo, denominado
corrosão, e se apresenta em virtude de desgaste, porosidade e, muitas vezes, com uma cor
marrom-avermelhada característica da ferrugem. Falaremos sobre isso no vídeo a seguir.
Generalizada uniforme;
Generalizada irregular;
Localizada puntiforme;
A corrosão das armaduras seria sua transformação em ferrugem. Essa ferrugem causa um
aumento no volume, podendo chegar a 600%, a depender do estado da oxidação. A
consequência dessa expansão é a fissuração do concreto armado, como vemos na Figura ao
lado. Podemos afirmar, no entanto, que não haverá corrosão na armadura de uma estrutura de
concreto se o concreto que a protege não sofrer deteriorações.
Podemos dizer que, na maioria dos casos, a ferragem se mantém resistente aos agentes
corrosivos por longo período, podendo ser praticamente indefinido.
Esses produtos agressivos podem atuar como estimulantes que aceleram o processo de
corrosão.
CORROSÃO ELETROQUÍMICA
Entre as classificações do processo de deterioração segundo sua natureza, temos a corrosão
química, que já vimos no módulo 1, e a corrosão eletroquímica.
A corrosão eletroquímica ― ou aquosa ― deve ser estudada a fundo, uma vez que é esse
processo que, efetivamente, traz sérios problemas às obras. Trata-se de um ataque de
natureza eletroquímica em meio impregnado de água.
CAMADA PASSIVADORA
A camada passivadora pode ser decorrente da ligação da ferrugem superficial (Fe(OH)3) mais
DESPASSIVAÇÃO
Para que haja corrosão, é necessário que a camada passivadora que protege o aço seja
destruída. Esse fenômeno é denominado despassivação e propicia o aparecimento da
corrosão.
Os íons cloretos (Cl-) são os agentes mais danosos à corrosão de armaduras, uma vez que
são capazes de despassivar o aço. Com isso, dá-se início ao processo corrosivo. Em outras
palavras, os íons destroem a película passivante do aço e, na presença de água e oxigênio,
possibilitam o aparecimento da corrosão.
REGIÕES LITORÂNEAS
Devemos ter preocupação constante com o ataque corrosivo, principalmente na orla das
regiões litorâneas. A proximidade do mar faz com que a atmosfera (maresia) contenha íons
cloretos.
As gotículas de água do mar, encerradas de sais dissolvidos, são arrastadas pelo vento
quando em suspensão na atmosfera. Como consequência, ficam impregnadas nas estruturas.
Nessas condições, os íons cloreto ingressam no concreto por absorção capilar da água, na
qual se encontram dissolvidos.
CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA DA
CORROSÃO ELETROQUÍMICA
A corrosão eletroquímica do aço pode ser classificada, segundo sua morfologia, em três tipos
mais comuns: corrosão generalizada, corrosão puntiforme e corrosão sob tensão com
tendência à fratura.
CORROSÃO GENERALIZADA
Ocorre em toda a extensão das armaduras, de maneira generalizada, quando expostas ao
meio corrosivo. Pode ser uniforme, com superfície lisa e regular, ou não uniforme, com
superfície rugosa e irregular.
CORROSÃO PUNTIFORME
É uma corrosão localizada, que apresenta desgaste localizado sob a forma de pequenas
cavidades ― pites ou alvéolos. Essas cavidades evoluem e se aprofundam, podendo causar a
ruptura do metal. Na maioria dos casos, a corrosão puntiforme ocorre na forma de
afundamentos rasos ao longo das barras de aço.
Existe uma propensão maior ao aparecimento desse tipo de corrosão em ambientes com muita
presença de cloretos e com altos valores de tensão. No entanto, os mecanismos que propiciam
a corrosão sob tensão são pouco conhecidos cientificamente.
Os efeitos da corrosão sob tensão são perigosos, uma vez que causam rupturas bruscas sem
deformações de elementos estruturais que sinalizem a presença de danos e sem sintomas
visuais de corrosão.
Existem outras formas de corrosão que são mais complexas. Como essas formas de corrosão
carecem de pesquisas mais aprofundadas, não serão objeto de estudo neste tema.
CORROSÃO INTERGRANULAR
CORROSÃO TRANSGRANULAR
No tipo intergranular, a corrosão se processa entre os grãos da rede cristalina do aço.
INÍCIO DO PROCESSO
Portanto, não haverá corrosão eletroquímica enquanto a armadura estiver passivada. A película
impede o acesso da água solúvel, do oxigênio e dos agentes agressivos à área envoltória do
aço, além de dificultar a rompimento do aço.
Além da proteção química provocada pela passivação do aço, existe outra ocorrência física, no
concreto, de proteção contra a corrosão. Trata-se da formação de hidróxido de cálcio ―
Ca(OH)2 ― sobre a superfície da armadura, constituindo uma camada de proteção física
A armadura fica suscetível à corrosão eletroquímica uma vez que está despassivada, seja pela
carbonatação, pela ação nociva dos cloretos ou, ainda, pela ação simultânea dos dois eventos.
Sob ataque da carbonatação ou dos cloretos, inicia-se o processo de propagação da corrosão
na armadura de aço do concreto.
Outros agentes agressivos cooperam para a aceleração desse processo. Além de reduzirem os
níveis de alcalinidade do concreto, propiciam a despassivação metálica e colaboram para o
aumento da condutividade elétrica do concreto.
Alguns dos principais agentes agressivos que contribuem para a corrosão são:
Sulfetos (S2-)
Sulfatos (SO42-)
Nitritos (NH4+)
Outros compostos que também cooperam com a corrosão são o dióxido de carbono (CO2), os
óxidos de enxofre (SO2 e SO3), o gás sulfídrico (H2S), a fuligem, entre muitas outras
possibilidades.
A armadura de aço, no processo de corrosão, perde parte de sua seção devido à dissolução do
ferro. O principal e perigoso efeito dessa dissolução é a perda da aderência aço/concreto, que
reduz a capacidade estrutural. Esse processo causa o aparecimento de manchas de coloração
marrom-alaranjada, típicas de ferrugem, conforme vemos na figura ao lado.
O aspecto visual mostra e as conclusões científicas demonstram que as fissuras causadas pela
corrosão do aço aparecem na direção paralela à barra corroída. Essas fissuras são
classificadas como fissuras ativas progressivas, pelo fato de terem fendas que se expandem
no decorrer do processo corrosivo.
O intervalo de tempo que a carbonatação e os íons cloretos levarão para atingir as armaduras
será maior em proporção direta à espessura do recobrimento. Lembramos que o recobrimento
deve ter espessura suficiente para garantir as agressividades do meio ambiente.
As recomendações da NBR 6118 da ABNT, relativamente à adoção das espessuras de
cobrimento, devem ser seguidas à risca de acordo com as categorias de agressividade
ambiental.
QUALIDADE DO CONCRETO
Certificar-se quanto à qualidade do concreto é fundamental. Quanto menor for sua porosidade
e sua permeabilidade, maior será a dificuldade física e o tempo necessário para que o ataque
dos cloretos ou a carbonatação atinjam as ferragens do concreto armado.
Outro fator cujo controle é indispensável é o da fissuração dos elementos estruturais. Nesse
sentido, quanto maior for a quantidade de fissuras, maior será a possibilidade de penetração e
a velocidade do ataque dos agentes agressivos.
RELAÇÃO ÁGUA/CIMENTO
O concreto será mais compacto quanto menor for o fator água/cimento. Isso significa que o
concreto será menos propicio à ocorrência de porosidade e menos permeável. Com essas
características, a ação de agentes agressivos será dificultada e o concreto estará mais
protegido contra a corrosão das armaduras.
TIPO DE AÇO
Os aços que comumente usamos são CA-25, CA-50 e CA-60. Nesse caso, constatamos que,
quanto maior for seu teor de carbono, mais suscetível será à corrosão.
Pesquisas demonstraram que os aços CA-60 trefilados a frio também apresentam taxas
maiores de corrosão quando comparados aos CA-50 laminados a quente.
O aço CA-50 laminado a quente, por sua vez, também apresentou taxas de corrosão maiores
do que as do CA-25, também laminado a quente.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
INTRODUÇÃO
A concepção tradicional do concreto é de que se trata de um material cujas características
principais são a resistência, a durabilidade e o fato de ser moldável enquanto fresco. No
entanto, essa concepção vem sendo atualmente questionada, em função de uma série de
problemas causados por agentes agressivos do meio ambiente.
Os principais e mais graves efeitos dessa agressividade são a oxidação e a corrosão das
armaduras de aço. Esses processos podem colocar em risco a integridade de um elemento
estrutural ou mesmo reduzir a vida útil da estrutura como um todo.
Nesse sentido, podemos dizer que existem diversos níveis de agressões oriundas do meio
ambiente.
MEIO AMBIENTE
As agressões causadas pelo meio ambiente podem ser oriundas de ações físicas ou químicas.
Ação física
Ação física é, por exemplo, a abrasão por trânsito (sobre o concreto) ou a erosão do concreto
(incidência de águas pluviais, ventos, marés etc.).
Ação química
PEÇA ESTRUTURAL
A agressão, do ponto de vista das condições da peça estrutural, será proporcional ao grau de
deformações da própria peça.
COMENTÁRIO
Quanto maior for a amplitude das fissuras, maior será a exposição da armadura de aço à
agressão do meio. Por isso, ainda que o engenheiro de projeto ou manutenção possa fazer
pouco em relação às características do meio ambiente, ele tem a possibilidade de agir
decisivamente nas características defensivas da estrutura que está concebendo.
ATENÇÃO
DURABILIDADE
Lembramos que a durabilidade de uma estrutura de concreto armado está diretamente ligada à
qualidade do concreto e à sua interação ambiental. Trata-se, portanto, da capacidade de uma
estrutura se manter em serviço e com segurança, durante o período de vida útil, no meio no
qual estiver inserida, mesmo que ele seja adverso ao bom desempenho do concreto.
VIDA ÚTIL
O conceito de vida útil está intimamente relacionado ao de durabilidade, segundo o qual uma
estrutura tem a capacidade de desempenhar as funções para as quais foi projetada durante
determinado período. Em geral, esse período é muito longo. Para o concreto armado
convencional, é da ordem de 50 anos.
Durante a vida útil de uma estrutura, os agentes agressivos e danosos ainda estão penetrando
os poros do recobrimento, sem causar danos efetivos à estrutura. Nesse período, a camada de
concreto que separa a armação da superfície do concreto ainda garante que a armadura
permaneça passivada.
COMENTÁRIO
A NBR 6118 também estabelece que a vida útil corresponde ao período em que as estruturas
de concreto continuam mantendo suas características, desde que atendidos os princípios de
uso e manutenção estipulados pelo projetista e pelo construtor. Nesse período, também deve
ser garantida a continuidade de tais condicionantes por meio da execução dos reparos
necessários advindos de danos acidentais.
A norma, no entanto, não determina como especificar, quantificar e qual deveria ser uma vida
útil considerável. A dificuldade na abordagem da durabilidade das estruturas de concreto
armado se dá em função da complexidade dos mecanismos que envolvem os inúmeros
possíveis processos de deterioração envolvidos.
EXECUÇÃO DA ESTRUTURA
Algumas falhas muito comuns cometidas no processo de fabricação, concretagem e cura das
estruturas são:
USO E MANUTENÇÃO
O uso e a manutenção como garantia de longevidade para as estruturas serão analisados
detalhadamente no módulo 4.
CLASSES DE AGRESSIVIDADE
Há várias normativas incorporadas ao teor da norma NBR 6118 que tratam da durabilidade das
estruturas de concreto armado. Entre elas, duas seções abordam a agressividade que o
ambiente pode causar a uma estrutura ― Diretrizes para durabilidade das estruturas de
concreto e Critérios de projeto que visam durabilidade.
Devemos lembrar que a norma NBR 6118 possui várias considerações e prescrições,
objetivando a garantia da durabilidade das estruturas de concreto armado ao longo do tempo.
Apresentamos, a seguir, uma tabela com informações colhidas na NBR 6118 relativas às
classes de agressividade ambiental.
Classificação geral
Classe de Risco de
do tipo de ambiente
agressividade Agressividade deterioração da
para efeito de
ambiental estrutura
projeto
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
Marinha
III Forte Grande
Industrial
Marinha
IV Muito forte Elevado
Respingos de maré
A classificação que apresentamos está relacionada às ações físicas e químicas atuantes nas
estruturas de concreto. Nesse caso, não há relação com as ações mecânicas, as contrações e
expansões de origem térmica, da retração hidráulica e outras causas previstas quando da
elaboração do projeto e das especificações estruturais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 4
ANÁLISE DA CORROSÃO
Sabemos que é preciso analisar a corrosão no concreto de maneira criteriosa. Essa análise é
fundamental, uma vez que as consequências da corrosão envolverão manutenções muito ou
pouco invasivas. Tais manutenções, por sua vez, irão gerar custos e aborrecimentos maiores
ou menores aos usuários.
As corrosões podem provocar, como sabemos, não somente a deterioração das estruturas de
concreto armado, mas também afetar sua estabilidade e durabilidade.
Por fim, destacamos que as armaduras não são passíveis de sofrer corrosão por si, a menos
que ocorram a contaminação e a deterioração do concreto.
PREVENÇÃO E CORREÇÃO
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
A eficiência mencionada está diretamente ligada às atividades de uso, como a garantia de que
os carregamentos estarão limitados pelas solicitações previstas no projeto estrutural ―
falamos, aqui, de excesso de carga.
A manutenção deve ser entendida como uma série de medidas tomadas periodicamente,
necessárias e indispensáveis para garantir o bom desempenho, a conservação e a segurança
dos elementos estruturais e das instalações de uma edificação, independentemente de sua
tipologia ou grandeza.
Tais medidas devem resultar em um conjunto de atitudes preventivas e/ou corretivas cuja
finalidade é preservar, de maneira satisfatória, as funções para as quais a edificação e seus
componentes foram projetados. O objetivo é garantir a vida útil esperada de determinada
construção.
O usuário é, sem dúvida, um dos maiores interessados em que a estrutura tenha um bom
desempenho. Desse modo, ele nunca deverá ser, por ignorância ou falta de comprometimento,
o agente gerador de uma possível deterioração.
Essas falhas implicam a deterioração da estrutura. Caso o problema seja contínuo e se agrave,
pode gerar casos com soluções de reparação complicadas ou mesmo levar a edificação à
ruína.
MANUTENÇÃO DAS ESTRUTURAS DE
CONCRETO ARMADO
No vídeo a seguir, apresentaremos a importância da manutenção das estruturas de concreto
armado, de modo a manter as características originais ao longo de toda a vida útil.
DESEMPENHO ESTRUTURAL
Consideramos que o desempenho das estruturas é tão importante quanto sua durabilidade
ou vida útil. Nesse contexto, definimos desempenho como o comportamento em serviço,
relativamente ao uso, de uma estrutura ao longo do tempo de sua vida útil.
Para que uma estrutura tenha um bom desempenho, suas propriedades devem permanecer
iguais ou acima dos limites mínimos especificados na fase de projeto e durante sua vida útil.
EXEMPLO
Algumas estruturas, por deficiência projetual ou de executiva, iniciam suas vidas úteis de
maneira deficiente. Outras se aproximam do final de suas vidas úteis demostrando bom
desempenho.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, conhecemos as características das patologias que causam danos às estruturas de
concreto armado. Nesse contexto, vimos que o reconhecimento dessas patologias orienta a
adoção de medidas preventivas ao longo do processo de confecção do concreto.
Por fim, no módulo 4, vimos que existem diversos meios preventivos para proteção a corrosão,
que conferem mais durabilidade e a maior vida útil possível com a menor manutenção
necessária.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BARBOZA M. R.; BASTOS, P. S. Traços de concreto para obras de pequeno porte. UNESP,
Faculdade de Engenharia de Bauru, Departamento de Engenharia Civil, [s.d].
ROQUE, J. A.; MORENO JUNIOR, A. L. Considerações sobre vida útil do concreto. In:
Encontro Nacional de Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto Pré-Moldado, 1, 2005, São
Carlos. Anais [...]. São Carlos: USP, 2005.
EXPLORE+
Para expandir os conhecimentos acerca dos tópicos abordados, recomendamos a leitura das
seguintes obras:
CONTEUDISTA
René Galesi
CURRÍCULO LATTES