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Texto para Discussão n° 88 – 2022

Interoperabilidade em sistemas de
saúde - O que o Brasil pode aprender
das experiências internacionais?

Autora: Amanda Reis


Superintendente Executivo: José Cechin
Texto para Discussão nº 88 – 2022 | Interoperabilidade em sistemas de saúde - O que o Brasil pode aprender das experiências internacionais?

SUMÁRIO EXECUTIVO

O objetivo deste texto é apresentar a importância da interoperabilidade para os sistemas de


saúde, como ela tem sido implementada em alguns países e em qual estágio está o sistema
de saúde brasileiro, considerando saúde pública e saúde suplementar.
Interoperabilidade é capacidade que dois ou mais sistemas têm para trocar informação,
bem como de utilizar a informação que foi trocada. Sem interoperabilidade, há a utilização
de sistemas isolados e falta de comunicação, o que dificulta a continuidade e coordenação
do cuidado.
Há diversos níveis de interoperabilidade, desde a interoperabilidade dentro de uma mesma
organização/empresa de saúde até a interoperabilidade sistemática com a adoção do regis-
tro de saúde único do paciente. Todos os níveis têm o potencial de trazer benefícios ao fun-
cionamento do sistema de saúde.
No Canadá e no Reino Unido, os sistemas públicos adotaram o registro eletrônico de saúde
do paciente. No Canadá, são compartilhadas informações como resultados laboratoriais, ra-
diológicos e notas clínicas. O governo Canadense determina as exigências de sistema e de
padronização toda vez que uma organização de saúde pública vai instalar um novo sistema,
seja em ambiente hospitalar ou ambulatorial. No Reino Unido, as informações do registro ele-
trônico do paciente são compartilhadas até mesmo com o departamento de Serviço Social.
Nos Estados Unidos, o governo tem implementado leis para incentivar a adoção de padrões
e sistemas de registro do paciente certificados, tanto no setor público quando no privado.
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) possui diversos sistemas digitais, mas há grandes
desafios no que tange à comunicação entre eles. Na Saúde Suplementar, houve avanços a
partir da adoção dos padrões TISS e TUSS, que tornou possível a troca de dados entre presta-
dores e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Mas ainda tem muito o que avançar,
principalmente no que diz respeito à troca de informações com o setor público.
É esperado que o campo da conectividade de dados de saúde evolua e cresça no futuro
próximo, tornando premente a necessidade de os gestores de saúde no Brasil avançarem
na implementação de padrões e adoção de sistemas. Também é importante que o governo
trabalhe junto com a Saúde Suplementar numa estratégia de conectividade público/privado
de longo prazo.

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INTRODUÇÃO sistemas de saúde mundiais ao mesmo tempo


grave e complexo, pois as tecnologias e docu-
O rápido crescimento da digitalização em mentos gerados nos diversos prestadores são
saúde gerou em todo o mundo a produção mas- muito diferentes entre si. Por exemplo, o ar-
siva de dados, o que levou esse setor a respon- quivo de um exames baseados em imagem é
der por cerca de 30% do volume de dados do muito diferente daqueles computados num la-
mundo [1]. O aumento do uso de dispositivos boratório de análises clínicas. E cada um des-
de tecnologia médica, aplicativos e tecnologias ses setores possui sistemas de gestão próprios,
de monitoramento implica que mais dados es- bem como plataformas que processam os da-
tão sendo gerados pelas organizações de saú- dos. Diante desse desafio enfrentado pelos
de e, com isso, aumenta a dcomplexidade para gestores de saúde, esse texto tem por objetivo
gerenciá-los. Com isso, há um consenso que a apresentar a importância da interoperabilidade
comunicação e o compartilhamento entre os para os sistemas de saúde, como ela tem sido
diversos serviços que geram dados de assis- implementada em alguns países e em qual es-
tência à saúde são fundamentais para tornar tágio está o sistema de saúde brasileiro, con-
os sistemas mais eficientes e melhorar a qua- siderando saúde pública, saúde suplementar e
lidade dos serviços [2]. É importante salientar privada (gastos do próprio bolso).
que a troca de informação em saúde requer
vários métodos e padrões de tecnologia da in- 1. O funcionamento da
interoperabilidade em saúde e os
formação para permitir a comunicação, ou seja, padrões mais utilizados
permitir que haja interoperabilidade entre os
diversos serviços e prestadores. A pandemia De acordo com a Healthcare Information
de COVID-19 é um exemplo recente de como and Management Systems Society (HIMSS), in-
foi necessário compartilhar as informações de teroperabilidade é “a capacidade de diferentes
ocupação de UTIs para que houvesse equilíbrio sistemas de informação, dispositivos e aplica-
nas capacidades de atendimento, tanto do se- tivos de acessar, trocar, integrar e usar coope-
tor público quanto do privado no Brasil. rativamente dados de maneira coordenada,
Sem interoperabilidade, embora possa haver dentro e além das fronteiras organizacionais,
digitalização na saúde e utilização de sistemas regionais e nacionais, para fornecer portabili-
isolados, falta comunicação entre os diversos dade de informações oportuna e perfeita e oti-
agentes que faz com que os indivíduos migrem mizar a saúde de indivíduos e populações em
de um prestador para outro durante sua jorna- todo o mundo”1 [3]. A HIMSS é uma organiza-
da de paciente sem que as informações das suas ção global sem fins lucrativos que busca contri-
condições prévias os acompanhem. O grande buir para a melhora do ecossistema global de
benefício que surge da interoperabilidade de saúde por meio da informação e da tecnologia.
sistemas é que ela incentiva a continuidade e Ela publicou inúmeros estudos sobre tecnolo-
coordenação eficiente do atendimento e facilita gia em saúde e interoperabilidade, dentre os
a aplicação de modelos de pagamento basea- quais está o entendimento da instituição sobre
dos em desempenho. os níveis de interoperabilidade que podem ser
atingidos em saúde. Seriam, portanto, 4 níveis:
Entretanto, tornar os sistemas dentro do se-
tor de saúde interoperáveis é um desafio dos 1 Tradução livre.

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Nível 1 Nível 2
Interoperabilidade Interoperabilidade Estrutural
Fundamental Trata-se de um nível intermediário,
Concentra-se na troca de dados no qual é definido o formato,
de forma segura. Neste nível, a sintaxe e a organização da
o sistema emissor envia o dado, troca de dados, já garantindo
por exemplo um documento que o significado permaneça
digitalizado, e o sistema receptor preservado e inalterado, um
apenas recebe, sem a necessidade compartilhamento de informações.
de interpretar o conteúdo, apenas o
compartilhamento do dado.

Nível 4
Interoperabilidade
Nível 3 Organizacional
Interoperabilidade Este nível inclui governança,
Semântica política, questões sociais, jurídicas
Nível mais completo de e organizacionais, com o objetivo
interoperabilidade, onde se utiliza de prover uma comunicação
toda a estrutura da sintaxe e fornece segura, contínua e oportuna
codificações com padronizações de entre organizações, entidades e
vocabulários padronizados, com indivíduos, o compartilhamento do
interpretação plena dos dados, um conhecimento no nível de conceito
compartilhamento do conhecimento. do negócio em cooperação.

Fonte: HIMSS, 2022.

Quando se fala em interoperabilidade, logo se refere à “capacidade que dois ou mais sis-
se pensa em uma conexão total entre todos temas ou componentes têm para intercambiar
os agentes do sistema de saúde ou em um re- informação, bem como de utilizar a informa-
gistro único de saúde do paciente que poderá ção que foi intercambiada” [4]. Os padrões são
ser acessado por qualquer entidade do siste- uma interface que permite o entendimento da
ma de saúde. Esse seria um estágio já bastante informação por quem envia, por quem recebe
avançado de implementação. O fato é que há e permite também a comparação de dados de
níveis de adoção e uso da interoperabilidade, empresas diferentes. Eles possibilitam o con-
e mesmo em níveis baixos de aplicação de sis- senso entre diversos stakeholders do setor em
temas interoperáveis, já se observam impac- relação a um conjunto de regras para meios de
tos positivos. comunicação e serviços genéricos [2].
Para que a interoperabilidade saia do discur- Os padrões são desenvolvidos por organiza-
so conceitual e vá para a prática, é necessário ções reconhecidas pelos agentes dos sistemas
que hospitais, laboratórios, clínicas, operado- de saúde. Nos Estados Unidos, por exemplo,
ras e profissionais de saúde incorporem pro- tal organização necessita ser credenciada
tocolos e padrões de modo que os sistemas pelo American National Standards Institute
conversem automaticamente, sem que seja (ANSI) ou pela International Organization for
preciso a intervenção do homem. Para tan- Standardization (ISO). Os padrões também são
to, são necessários passos anteriores, como desenvolvidos por grupos específicos, como
digitalização dos dados e alguma interopera- sindicatos ou associações. Atualmente, existem
bilidade mínima entre sistemas de uma mes- mais de 40 organizações no mundo que de-
ma instituição. senvolvem padrões diferentes na área de TI de
saúde.
Após a digitalização, portanto, um dos pas-
sos importantes para conectar sistemas é a Abaixo estão exemplificados alguns dos prin-
padronização da informação em saúde, pois de- cipais padrões de interoperabilidade usados
vemos ter em mente que a interoperabilidade no Brasil e no mundo, organizados segundo

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categorias específicas [5]: padrão de comunicação, definido como


Padrões de terminologias: Os sistemas de um protocolo internacional para inter-
informação em saúde que se comunicam câmbio de dados em todos os ambientes
entre si dependem de vocabulários estrutu- da área da saúde, integrando informa-
rados, terminologias, conjuntos de códigos ções de natureza clínica e administrativa
e sistemas de classificação para represen- [4]. Esse padrão viabiliza a interoperabili-
tar conceitos de saúde. dade tecnológica e semântica, utilizando
a. CID10 e CID11: A Classificação Estatística a linguagem de programação XML, possi-
Internacional de Doenças e Problemas bilitando abranger uma maior quantida-
Relacionados à Saúde (CID) é uma lista de de serviços de saúde.
de classificação médica da Organização b. HL7 CDA: especifica a estrutura e semân-
Mundial da Saúde (OMS). Ela contém có- tica de documentos clínicos de forma
digos para doenças, sinais e sintomas, que os documentos sejam legíveis tan-
achados anormais, queixas, circunstân- to pela máquina quanto por humanos.
cias sociais e causas externas de lesões Os documentos criados em CDA podem
ou doenças. A 10ª revisão é massivamen- conter textos, imagens, sons e outros
te usada no Brasil e no mundo e a 11ª re- conteúdos multimídia.
visão foi publicada em fevereiro de 2022. Padrões de transporte: abordam o formato
b. Logical Observation Identifiers Names and das mensagens trocadas entre sistemas de
Codes (LOINC) é uma base de dados computador, arquitetura de documentos,
universal para a identificação de obser- entre outros.
vações laboratoriais. Seu objetivo é faci- a. Digital Imaging and Communications in
litar a troca e a circulação dos resultados Medicine (DICOM): É um padrão para a
de análises clínico-laboratoriais, tais comunicação e gerenciamento de infor-
como a hemoglobina ou potássio. É uti- mações de imagens médicas. O DICOM
lizada tanto na prestação de cuidados e permite a transferência de imagens
avaliação de resultados como em pes- médicas entre sistemas e facilita o de-
quisa científica. senvolvimento e a expansão de siste-
c. Systematized Nomenclature of Medicine- mas de comunicação e arquivamento
-Clinical Terms (SNOMED-CT): usado para de imagens.
codificação de termos clínicos e mapea- b. IHE-PIX: o Patient Identifier Cross-
mento das terminologias nacionais e -Referencing é um padrão de interope-
internacionais em uso no país. É uma no- rabilidade usado para cruzamento de
menclatura para indexar registros médi- identificadores de pacientes de dife-
cos, permitindo uma completa integração rentes sistemas de informação, per-
de todas as informações médicas numa mitindo a identificação inequívoca de
estrutura única de dado. Ele é estrutura- pacientes cujos registros se encontrem
do, entre outras coisas, em 19 categorias na Integrating the Healthcare Enterprise
[4], das quais podemos exemplificar algu- (IHE). Trata-se de uma iniciativa conjun-
mas: diagnóstico clínico/doença, procedi- ta dos profissionais de saúde e da in-
mentos, entidades observáveis, estrutura dústria para melhorar a forma como
do corpo, organismo, substância, produ- os sistemas de computador comparti-
tos biológicos e farmacêuticos. lham informações.
Padrões de conteúdo: estão relacionados Padrões específicos do Brasil: Alguns dos
ao conteúdo de dados nas trocas de infor- padrões desenvolvidos para casos específi-
mações. Eles definem a estrutura e a or- cos do sistema de saúde brasileiro.
ganização da mensagem eletrônica ou do a. TISS: a Troca de Informações na Saúde
conteúdo do documento. Suplementar foi estabelecida como
a. Health Level 7 (HL7): trata-se de um um padrão obrigatório para as trocas

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eletrônicas de dados de atenção à saúde qual os países discutem os desafios advindos


dos beneficiários de planos de saúde, vi- do compartilhamento de dados de pacientes
sando à interoperabilidade entre os agen- entre prestadores de serviços de saúde, or-
tes da saúde suplementar [4]. O padrão ganizações de saúde, cuidadores e pacientes.
TISS visa a interoperabilidade entre os Também buscam soluções para enfrentar os
sistemas de informação em saúde preco- desafios que surgem ao adotar padrões e tec-
nizados pela Agência Nacional de Saúde nologias de conectividade. A organização iden-
Suplementar (ANS) e pelo Ministério da tificou cada um dos padrões de dados de saúde
Saúde, e, ainda, a redução da assimetria que os países e territórios estão usando. Como
de informações para os beneficiários de pode ser observado na tabela do Anexo 1, os
planos privados de assistência à saúde. países estão em diferentes estágios de adoção
b. TUSS: a Terminologia Unificada da Saúde e implementação desses padrões de dados de
Suplementar padroniza os códigos e as saúde. Dos 11 padrões identificados, o Brasil
nomenclaturas dos procedimentos mé- adota atualmente 6.
dicos, em sintonia com as informações
trafegadas na saúde privada, determina- 2. Exemplos internacionais
e o caso brasileiro
das pela TISS. Essa terminologia foi de-
senvolvida diante das dificuldades para
troca de informações entre o setor de Canadá
planos de saúde, que possuíam múltiplas
terminologias criadas por operadoras e O Canadá possui um sistema de saúde pú-
prestadores de serviços de saúde da saú- blico amplamente usado pela população do
de suplementar. Ela utiliza como base a país e, em termos de adoção de tecnologias, o
Classificação Brasileira Hierarquizada governo inicialmente se concentrou em apri-
de Procedimentos Médicos (CBHPM). morar o uso de registros médicos eletrônicos
A ANS elaborou uma tabela em que (RME) com informações sobre medicamentos
constam os itens que integram o Rol de de pacientes, resultados laboratoriais e radio-
Procedimentos e Eventos em Saúde e as lógicos, notas clínicas e uma série de outras
denominações equivalentes a esses itens informações úteis dos pacientes, que, dessa
de acordo com a TUSS. forma, passaram a ficar disponíveis para médi-
c. CBHPM: a Classificação Brasileira cos autorizados [6]. Num sistema de saúde am-
Hierarquizada de Procedimentos Médicos plo como o canadense, esse é um grande passo
tem a finalidade de hierarquizar os pro- para a interoperabilidade, mesmo que o tipo de
cedimentos médicos servindo como informação do paciente disponível seja limita-
referência para estabelecer faixas de da. Em anos recentes, as soluções (softwares)
valoração dos atos médicos pelos seus utilizadas nos locais de atendimento clínico
portes [4]. Ela foi elaborada pela pri- do sistema público estão se integrando cada
meira vez em 2003 pela Associação vez mais com os RMEs, operando, assim, tro-
Médica Brasileira. cas de informações de saúde mais relevantes.
O registro médico eletrônico dos pacientes do
O Brasil é integrante da Global Digital Health
sistema de saúde do Canadá é acessível pelas
Partnership (GDHP)2, que é uma colaboração
entidades médicas para uso clínico e, em algu-
de 30 países e da OMS para apoiar a implemen-
mas províncias, também são acessíveis ao pú-
tação efetiva da saúde digital, trocar conheci-
blico por meio de um portal do paciente ou do
mento sobre as melhores práticas globais e
cidadão [6].
promover projetos mutuamente benéficos no
âmbito da tecnologia em saúde. Entre esses, Dados clínicos, administrativos, de medica-
destaca-se a interoperabilidade, tema sobre o mentos e diagnósticos são trocados em nível

2 https://www.healthit.gov/topic/global-digital-health-partnership

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províncial, territorial3 e federal. Os métodos de – entre organizações e nas interações com os


troca de dados variam e incluem o uso de men- serviços nacionais; transferências de cuidados
sagens HL7® v2, mensagens HL7® v3, CDA®, e para manter a coordenação do cuidado; trans-
FHIR® e XDS. ferências de informações em nível de registro
Recentemente, o Canadá lançou um servi- entre ambientes de atendimento; entre outros.
ço nacional de prescrição eletrônica, chamado Essas trocas de dados têm especificações na-
PrescribeITTM [6]. Este é o primeiro serviço na- cionais que incluem estruturas para informa-
cional de troca de dados, com integração com ções dos pacientes, como os medicamentos
os registros médicos eletrônicos de quem está tomados pelo paciente, alergias, diagnósticos,
prescrevendo, com sistemas de gerenciamento procedimentos, imunizações, observações, en-
de farmácias e interoperabilidade com regis- tre outros.
tros e bancos de dados gerenciados pelas pro-
Estados Unidos
víncias e territórios.
Os Estados Unidos têm um programa de
Reino Unido
saúde digital avançado, mas segmentado, e
que varia entre os sistemas públicos e as segu-
O programa de saúde digital do Reino Unido
radoras privadas de saúde. Esse é um reflexo
faz parte da estratégia geral de negócios do
da própria estruturação do sistema de saúde
Serviço Nacional de Saúde (NHS), o sistema
do país, que é constituído por sistemas públicos
público de saúde do país [6]. O portfólio do
para idosos e pessoas vulneráveis (Medicare e
programa tem agendas específicas focadas na
Medicaid) e o sistema privado de seguradoras
interoperabilidade, como o Integrating Care
de saúde para a população em geral.
Locally, que inclui a entrega de padrões nacio-
nais (padronização de dados de saúde) e o pro- Por meio da criação de regras e regulamen-
grama Local Health and Care Records focado tação, o governo influenciou a adoção e o uso
na entrega de registros médicos digitais inte- de TI (tecnologia da informação) de saúde,
roperáveis para permitir o planejamento local especificamente sistemas RME e para inte-
aprimorado e a coordenação do cuidado. roperabilidade, principalmente nos sistemas
públicos Medicare e Medicaid. O Escritório
As organizações de gestão locais do NHS são
do Coordenador Nacional de Tecnologia da
responsáveis pelo fornecimento de sistemas
Informação em Saúde (ONC) é o principal órgão
eletrônicos dentro de hospitais e outros am-
governamental encarregado de regular a TI em
bientes de atendimento. Quando elas adquirem
saúde, embora não seja o único.
um sistema para ser implantado num hospital,
elas devem se atentar para os padrões e fun- A Lei Americana de Recuperação e
cionalidades que são necessários. Alguns deles Reinvestimento (ARRA) de 2009 incluiu uma dis-
são requisitos legais, como o uso do número do posição conhecida como Lei de Tecnologia da
NHS do paciente, alguns são requisitos contra- Informação em Saúde para Saúde Econômica e
tuais publicados por meio do contrato padrão Clínica (HITECH) que, entre outras coisas, criou
do NHS, alguns são políticas publicadas pelo programas de incentivo para a adoção e uso de
governo e alguns são recomendações [6]. tecnologia de RME certificada por prestadores
de serviços de saúde que atendiam aos siste-
No NHS, os dados de saúde são trocados
mas públicos. A HITECH deu autoridade ao ONC
para vários propósitos em todos os ambientes
para criar e administrar um programa de certi-
de assistência, incluindo assistência social. Os
ficação, que estipula os requisitos para a tecno-
usos desses dados são tanto para a assistên-
logia RME certificada.
cia individual quanto para usos secundários.
Exemplos incluem: Identificação do paciente Em 2015, 96% dos hospitais e 78% dos con-
sultórios médicos usavam tecnologia de RME
3 Províncias e territórios são divisões administrativas do Canadá. Fonte: certificada. Em suma, uma maioria significati-
https://www.international.gc.ca/country-pays/brazil-bresil/index.
aspx?lang=eng va de indivíduos nos Estados Unidos tem uma

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pegada digital de sua experiência de atenção As seguradoras de saúde privadas nos EUA
à saúde, gerando novas fontes e usos dessas têm se envolvido ativamente na troca de da-
informações eletrônicas de saúde todos os dos, mas os objetivos têm sido primariamente
dias. Mas os dados eletrônicos de saúde ainda para verificar a identidade do paciente, pagar e
permanecem principalmente em silos institu- faturar os serviços de saúde [6].
cionais [6]. Os dados não são amplamente com- Uma variedade de padrões é usada para faci-
partilhados entre os prestadores, exceto para litar a troca de dados nos EUA. Eles geralmente
compartilhamento limitado por meio de algu- são ditados por casos de uso individuais, polí-
mas trocas de informações de saúde, principal- ticas, requisitos organizacionais, governamen-
mente entre prestadores que usam um sistema tais e/ou por recursos de RME.
de um mesmo desenvolvedor. Além disso, há
relatos de que algumas instituições não com- Brasil
partilham dados de saúde deliberadamente ou
No Brasil, a interoperabilidade ainda é um
dificultam o compartilhamento de dados por
processo em desenvolvimento. No setor pú-
motivos comerciais ou proprietários [6].
blico, há alguns anos o governo tem publica-
Em 2016, o Congresso americano aprovou do medidas para tentar estimular a integração
o 21st Century Cures Act [7], uma que lei cria dos sistemas do SUS. Em 2004, foi publica-
penalidades para quaisquer entidades priva- da a primeira versão da Política Nacional de
das que tentem fazer algum bloqueio de in- Informação e Informática em Saúde (PNIIS) e,
formações – não permitindo que pacientes ou desde então, o Ministério da Saúde vem tentan-
médicos recuperem informações de um deter- do desenvolver estratégias de informatização
minado sistema – e requer o uso de interfaces em saúde. A segunda versão da PNIIS veio em
de programação de aplicativos (APIs). Essa re- 2015 e a terceira e mais recente foi apresentada
quisição de uso de APIs significa que os dados em julho de 20214. Um dos principais aspectos
dentro do RME podem ser recuperados por que essa política tenta solucionar atualmen-
outros softwares de tecnologia de informação te é a interoperabilidade entre os vários sis-
de saúde sem que se tenha que implementar temas de informação do SUS - municipais,
qualquer codificação especial ou mecanismos estaduais e nacionais - e como esses sistemas
complexos de recuperação. conversam entre si possibilitando otimização
No que diz respeito à proteção dos dados da gestão. Por exemplo, existe o Sistema de
de saúde que são compartilhados, existe a lei Cadastro do Cartão Nacional de Saúde (SCNS/
Health Insurance Portability and Accountability CADSUS); o Sistema de Cadastro Nacional de
Act (HIPAA) que rege amplamente a prote- Estabelecimento de Saúde (SCNES); o Sistema
ção, transmissão e uso de dados de saúde. de Informações Ambulatórias do SUS (SIA-SUS);
Geralmente, os dados de saúde podem ser o Sistema de Informação de Agravos de
compartilhados entre prestadores de serviços Notificação (SINAN); o Sistemas de Informação
de saúde e parceiros de negócios relevantes do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI);
(por exemplo, seguradoras de saúde), desde o Sistema de informação de Nascidos
que sejam feitos para fins de tratamento, pa- Vivos (SINASC); Sistema de Informação de
gamento ou operações de saúde, sem a ne- Mortalidade (SIM), entre outros [8]. Além dos
cessidade de consentimento ou autorização sistemas de âmbito nacional, existem sistemas
do paciente. No entanto, as regulamentações próprios das gestões estaduais e municipais,
estaduais relacionadas ao consentimento va- criados para atender demandas específicas de
riam muito, e as inconsistências entre os esta- cada local. Em sua maioria, estes diferentes sis-
dos podem dificultar a troca de informações temas não se comunicam entre si, e a situação
de saúde entre partes localizadas em estados é ainda mais grave se considerarmos que ainda
diferentes. Além disso, sob a HIPAA, os indi- há os sistemas da saúde suplementar.
víduos (pacientes) têm direito a uma cópia de
4 RESOLUÇÃO Nº 659, DE 26 DE JULHO DE 2021. Publicado no DOU
seus registros. em:15/06/2022 | Edição: 113 | Seção: 1 | Página: 104.

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Desde 2011, cabe ressaltar, existem docu- as informações administrativas, para a presta-
mentos para a regulamentação do uso de pa- ção de contas entre os prestadores de serviço,
drões de interoperabilidade em todo país, como as operadoras e a ANS.
por exemplo a Portaria do Ministério da Saúde
nº 2.0135, de agosto de 2011, que regulamenta 3. Tendências – desafios e
oportunidades para um
o uso de padrões de interoperabilidade e infor- futuro próximo
mação em saúde para sistemas de informação
em saúde no âmbito do SUS e para os sistemas A pandemia de COVID-19 demonstrou a im-
privados e do setor de saúde suplementar. Os portância e utilidade das estratégias de saú-
padrões recomendados por essa portaria estão de digital [9] e permitiu que países iniciassem
disponíveis no CPIISS – Catálogo de Padrões de ou acelerassem a inserção dessas soluções
Interoperabilidade de Informação de Sistemas nos sistemas de saúde a longo prazo. Ela le-
de Saúde. vou governos e entidades privadas a acelerar
Em 2020, foi publicada a Portaria GM/MS a integração e a conectividade de dispositivos,
n° 3.632, que descreve a ESD28 - Estratégia incluindo monitoramento remoto e coleta de
de Saúde Digital para o Brasil 2020-2028, ten- dados, pois os bancos de dados precisavam ser
do como uma das prioridades o ambiente de atualizados prontamente e as informações de-
interconectividade do sistema de saúde. Com viam ser entregues aos prestadores de atenção
o avanço da pandemia COVID-19, a Portaria primária [10]. No Brasil, a interoperabilidade
nº 1.434 de 28 de maio de 2020 dispôs sobre ainda está em estágios iniciais e uma tendên-
a adoção de padrões de interoperabilidade em cia atual é a busca por padronização, para que
saúde, instituindo o programa Conecte SUS, com a troca de informação entre os sistemas seja
a Rede Nacional de Dados em Saúde – RNDS. mais fluida. Em países desenvolvidos a busca
O Ministério da Saúde obrigou a notificação de por maior interoperabilidade dentro do ecos-
todos os resultados de testes de SARS-CoV2 sistema de saúde já é uma prioridade há mais
(Portaria n° 1.792 de 07 julho de 2020). Em 2021, tempo e eles possuem mais recursos para di-
foi instituída a obrigatoriedade de registro digi- recionar. Por exemplo, o governo australiano
tal de aplicação de vacinas contra a COVID-19 divulgou que irá investir 107,2 milhões de dóla-
(Portaria GM/SM n° 69 de 14 janeiro de 2021), o res australianos para adoção de novas tecnolo-
que representou um grande passo para a inte- gias no sistema de saúde até 2023 [11]. Desse
roperabilidade na saúde pública. montante, serão direcionados 32,3 milhões de
dólares australianos para que os estados e ter-
Na saúde suplementar, o principal marco
ritórios garantam a interoperabilidade dentro
que deu início à padronização das informações
da infraestrutura de saúde digital da Austrália.
de saúde foi a criação em 2003 do padrão TISS,
De acordo com o governo, a melhora da intero-
que, como mencionado anteriormente, organi-
perabilidade tem o objetivo de garantir melho-
za e padroniza as informações trocadas entre
ramentos na qualidade e segurança do sistema
prestadores de serviços e operadoras por meio
de saúde, na transparência e na centralidade
das guias de atendimento utilizadas pelos pla-
do paciente.
nos de saúde. Um dos componentes da TISS é
a TUSS, tabela de codificação e terminologia de Outra tendência acirrada pela pandemia
procedimentos, taxas, diárias, medicamentos, foi o crescimento das vendas dos wearabels,
materiais [8]. ou dispositivos vestíveis, que ajudam as pes-
soas a monitorar exercícios físicos feitos em
Embora tenha havido avanço na troca de in-
casa e a rastrear métricas, como frequência
formações na saúde suplementar, ainda não há
cardíaca e pressão arterial. No Reino Unido, em
a interoperabilidade de dados clínicos dos pa-
2021, estimava-se que 40% dos consumidores
cientes, pois o padrão TISS se limita a padronizar
têm acesso a um smartwatch ou pulseira de
fitness, sendo esse número maior do que os
5 PORTARIA Nº 2.073, DE 31 DE AGOSTO DE 2011. Disponível em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2073_31_08_2011.html 31% de 2020 [12]. Considerando toda a Europa

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ocidental, os dados mostram que o número voltadas para promover a interoperabilidade


de dispositivos wearables conectados cres- entre os RES dentro de um sistema de saúde.
ceu de 16,8 milhões, em 2015, para cerca de 192 Por fim, outra tendência que surge com o
milhões, em 2022. Esses dispositivos, quando maior compartilhamento dos dados de saúde
conectados e interligados com outros sistemas dos pacientes está relacionada à preocupação
podem fornecer dados importantes sobre a crescente com a segurança das informações
saúde de um indivíduo. Em alguns países as dos pacientes. As empresas têm investido em
seguradoras estão usando dados de wearables, soluções para evitar vazamento de dados e
compartilhados com a permissão dos benefi- proteger as informações sensíveis de pacientes
ciários, para oferecer incentivos relacionados e beneficiários. No Brasil, desde 2020, as enti-
a metas de exercícios, por exemplo. No Reino dades de saúde têm buscado adaptar seus sis-
Unido, a seguradora privada de saúde oferece temas à Lei 13.7096 de 2018, chamada LGPD (Lei
recompensas para pessoas que se exercitam Geral de Proteção de Dados). A lei determina
mais com base nos dados fornecidos por suas que, além de precisar ser autorizado pelos pa-
pulseiras de fitness [12]. A tendência é que in- cientes, o compartilhamento das informações
centivos desse tipo ajudem a motivar as pesso- só poderá ser feito se as mensagens forem
as a se exercitarem regularmente e permitam criptografadas, ou seja, codificadas.
às seguradoras a criar produtos mais precisos.
O desafio vem da forma como se pode garantir 4. Discussão
que os dados são de fato do indivíduo cadas-
trado e não há fraude. Não é recente a tendência de digitalização
Nos EUA, pesquisa recente mostrou que, en- na saúde, mesmo no Brasil, mas foi preciso a
tre os usuários de smartphones e tablets (que pandemia para impulsionar as instituições de
representam aproximadamente 84% de todos saúde, fornecedores e prestadores a aprofun-
os americanos), 44% relataram ter um aplicati- darem a adoção de tecnologias de saúde di-
vo de saúde ou bem-estar [13]. Com o aumento gital e de conectividade. Com tantos tipos de
do uso desse tipo de aplicativo, espera-se que sistemas sendo adotados, a interoperabilidade
no futuro os indivíduos possam direcionar suas é uma necessidade, mas que encontra diver-
informações de registro médico para seus apli- sos obstáculos dentro dos sistemas de saú-
cativos preferidos para ajudá-los a gerenciar de. Os exemplos dos países analisados nesse
melhor sua saúde e assistência médica. Um texto indicam que tornar a interoperabilidade
exemplo direto disso é a parceria realizada pela uma realidade parece ser menos desafiadora
Apple com várias redes hospitalares nos EUA em sistemas públicos de financiador único. Em
para permitir que os pacientes acessem seus sistemas onde há o sistema público, mas o pri-
dados de saúde no aplicativo Health Kit em vado tem grande importância como o no caso
iPhones usando seus logins de portal e padro- brasileiro e americano, as barreiras se tornam
nizações já conhecidas, como HL7® FHIR® [10]. mais desafiadoras. Mas o caso americano mos-
tra que pode haver algumas formas de gerar
Governos e entidades privadas de saúde que incentivos e facilitar a integração dos dados,
têm investido na digitalização e implementação mesmo no setor privado.
de registros eletrônicos de saúde dos pacientes
(RES) têm tido de enfrentar o problema de fa- Foi mostrado no texto que a interoperabi-
zer os diversos sistemas de registros terem co- lidade, quando bem aplicada, já num estágio
nectividade. De acordo Li et al [13], uma baixa avançado com instituição de um efetivo re-
interoperabilidade dos RES dentro de um sis- gistro único de saúde do paciente, possibilita
tema de saúde pode ter como consequências maior acesso a dados de diferentes repositó-
aumento do risco de erros de medicação, frag- rios e, consequentemente, a geração de conhe-
mentação de dados de pacientes, realização de cimento necessário para o aprimoramento da
exames redundantes e gastos desnecessários
6 LEI Nº 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018. Disponível em:
com saúde. Por isso, tem crescido as ações http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm

10
Texto para Discussão nº 88 – 2022 | Interoperabilidade em sistemas de saúde - O que o Brasil pode aprender das experiências internacionais?

prestação dos serviços em saúde, contribuin- [6] Global Digital Health Partnership, “CONNECTED
do, assim, para uma gestão eficiente, seja no HEALTH: EMPOWERING HEALTH THROUGH
público ou no privado. Nesse sentido, é espera- INTEROPERABI LITY,” 2020.
do que só aumente e cresça o campo da conec- [7] 21st Century Cures Act, 130 STAT. 1033 (2016) ed.,
tividade de dados de saúde no Brasil. vol. Public Law 114–255, 2016.

5. Referências [8] M. A. d. Silva and P. R. Sanine, “INTEROPERABILIDADE


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BRASILEIROS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA,” Rev.
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11
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