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O documentário “Nunca me sonharam” apresenta a realidade das escolas públicas do Brasil

através da visão de jovens estudantes, inseridos em uma existência social desfavorecida. No


decorrer do longa-metragem, nos sensibilizamos com alguns relatos – “eu sou um defeito de
fábrica”, “a partir do momento em que o sonho foi retirado de mim, eu desisti dele também”, “não
me ensinaram a sonhar” –, que evidenciam a impactante desigualdade de oportunidades dentro
da educação.

Dessa forma, é fomentador pensar no contexto social que representa a maioria dos alunos do
setor público, onde a escola significa uma adversária ao tráfico e à violência. Assim, refletimos o
valor de construção e influência que a educação desempenha, sendo a porta de entrada para
outros direitos e o bem insolúvel de todo e qualquer indivíduo. O filme descreve a escola,
instituição detentora do saber, apontando algumas falhas referentes à qualidade, atendimento e
inovação, assim como falências na atuação do professor, como nota Saviani ao tratar dos
modelos de formação profissional: modelo dos conteúdos culturais-cognitivos e modelo
pedagógico-didático. Para o autor, essa falência acontece ainda no preparo técnico-teórico da
licenciatura, e parafraseando Cavalli (1992), exibe: “Os professores estão, na sua maioria,
agudamente conscientes da inadequação da formação profissional recebida; eles se sentem
jogados na água sem que ninguém esteja preocupado em ensiná-los a nadar.”.

Mais adiante, tomamos o encurtamento do sonho, desencadeado pelas circunstâncias pessoais


das juventudes (no plural, pela singularidade de cada jovem), como a maior sequela com
potencial de assassinar o futuro. Sendo assim, que seja papel da escola e do professor, não só
transmitir conhecimentos, mas alimentar a imaginação, o pensamento, o questionamento, o
debate, a utopia e a humanidade na massa de estudantes, que detêm a esperança e antecedem
a mudança.

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