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O ATO DE ESTUDAR1

Segundo Bastos e Keller2 os estudantes universitários


chegam às salas de aula com três tipos de imaturidades: a)
imaturidade cultural, aliada à gritante falta de hábito de
leitura; b) imaturidade psicológica, não havendo por parte
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dos estudantes uma definição clara de objetivos e aspirações
nem a certeza de que o curso escolhido atenderá às suas
expectativas; e c) imaturidade lógica, com falta de
seqüência lógica de raciocínio, quando se coloca por escrito
o que se pensou.
Barnes3, quando define o bom aluno, refere que: "Você
vai se sair bem se tiver uma visão realista do curso. O
sucesso nos estudos depende de delinear o retorno que irá
ajudá-lo. Para ter o controle de seu estudo, você tem de
fazer escolhas e organizar seus hábitos. Ter o controle dos
estudos implica a necessidade de conhecer os requisitos do
curso".
Ao tratar do ato de estudar o autor estabelece um
rápido debate sobre o ato de aprender. Seguindo na trilha do
autor, há dois modos de se aprender: a) um modo aquisitivo,
em que o desejo é ter o conhecimento, adquiri-lo, através do
que diz o professor e o livro; e b) um outro modo de

1
Texto organizado a partir da obra: TEIXEIRA, Elizabeth. As três
metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Vozes, 2005.
2
BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender. 11. ed.
Petrópolis: Vozes, 1998.
3
BARNES, Rob. Seja um ótimo aluno. São Paulo: Papirus, 1995. p.23.
aprender, o interativo, em que o aluno se envolve, participa,
interpreta e dá sentido ao que o professor e o livro dizem.
Para enriquecer o debate, o autor nos remete à obra de
Erich Fromm Ter ou ser, pois esta obra e sua ideia central,
contida no próprio título, representa muito bem os dois
modos de aprender, ou seja, um aluno tem que TER,
assimilar, decorar e memorizar o conhecimento, para pos- 1

suir; e um outro quer SER, compreender, refletir e entender


o conhecimento para poder lembrar.
Para facilitar o estudar e o aprender entre os estudantes
é importante destacar e exercitar três aspectos:
a) a atenção, que pode ser estimulada com exercícios e
que se fundamenta nos princípios de concentração,
intermitência e interesse;
b) a memória, que se diferencia do decorar.

Decorar é reter a forma material e não o con-


teúdo inteligível de determinado conhecimento,
ao passo que memorizar é reter a forma
significativa de um conteúdo inteligível, ou seja,
reter a sua compreensão. A memorização
possibilita o refraseamento de algo conhecido e
não sua simples repetição. A memorização dá
condições de reestruturar o conteúdo a partir de
dados da memória, enquanto o ter decorado
somente possibilita a repetição, ainda
limitadamente, e por breve tempo (BASTOS;
KELLER, 1998, p. 26).
c) a associação de ideias, que é uma capacidade que
possibilita ao estudante relacionar e evocar fatos e ideias e
que também pode ser estimulada com diversos exercícios.
Para formar o hábito de estudar precisamos orientar
nossos estudantes a desenvolver e organizar:
- o tempo para estudar, pois trinta minutos diários são
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três horas e meia por semana, quinze horas mensais e cento
e oitenta horas por ano, o que é tempo superior a qualquer
disciplina;
- o material com que estudar, como livros, textos,
dicionários e apontamentos das aulas; e
- o local onde estudar, que deverá ser agradável,
próprio, em que só o estudante arruma e/ou toca.
Uma boa rotina de estudo tem na aula sua maior
referência. Antes da aula é interessante fazer uma leitura do
que será tratado; durante a aula as anotações são bem-
vindas, mas devem ser pessoais, refletindo sua compreensão
sobre o que o professor tratou e não uma cópia do que falou;
depois da aula uma rápida revisão dos conteúdos poderá
estimular novas anotações e quem sabe a elaboração de um
quadro-síntese da aula assistida.
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