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O JOGO DISCURSIVO NA AULA DE LEITURA: LÍNGUA MATERNA E

LÍNGUA ESTRANGEIRA

Elisa Viegas

Apresentação:

 Sala de aula: centro das preocupações de linguistas, pedagogos e autores de


livros didáticos; destinatária/consumidora de pesquisas realizadas por
profissionais, muitas vezes, pouco comprometidos com a prática pedagógica
 Linguística aplicada: há aproximadamente dez anos, pesquisas se voltaram para
a sala de aula
 Objetivos das pesquisas: compreender melhor a realidade da sala de aula e,
assim, poder descrevê-la cientificamente, fazendo uma etnografia
 Observação da sala de aula não só de fora, mas de dentro, vendo-nos como
participantes dessa construção
 Transformação do ensino: Realizar uma tal análise, observando a materialidade
linguística, a fala de professor e alunos, a partir de aulas gravadas em áudio
 Aprendizagem da língua estrangeira (LE) também tem influência na
aprendizagem da língua materna (LM)
 Ensino de línguas: centra a atenção no aspecto da leitura, concepções de
linguagem, texto, leitura, metodologia, que constituem o imaginário discursivo
que habita o sujeito sócio-ideologicamente constituído.

Leitura: Decodificação, processo discursivo...?

Leitura: Decodificação, processo discursivo

 Leitura: Kato defende texto como fonte única de sentido, isto é, vem de uma
visão estruturada e mecânica da linguagem, sentido arranjado nas palavras e
frases
 Miller ao estudar os itens lexicais, considera a interpretação semântica acoplada
a sua representação formal.
 A leitura é um processo discursivo que insere o leitor num contexto histórico,
onde o mesmo é quem o determina comportamento e atitudes.

A leitura na escola

 Na escola o texto funciona pedagogicamente como um lugar do saber, pois


insere o aluno no mundo da leitura e assim a aprendizagem será avaliada em
maior ou menos grau de assimilação.
 Fazendo entendimento do texto, o professor realiza questionamentos levando o
aluno a assimilar o conhecimento que lhe serão avaliados, mas cabe a eles
mesmos localizarem as respostas no texto trabalhado.
 Observa-se pouco na prática de sala de aula, a concepção de leitura enquanto
processo interativo, a partir da recuperação explícita das marcas deixadas pelo
autor.
A aula de leitura: O jogo de ilusões

 Reflexões a respeito da sala de aula em língua estrangeira


 As ilusões e os esquecimentos necessários que se caracterizam o sujeito social,
descartando toda possibilidade de produção fora de tal contexto
 O professor enquanto sujeito integral tem a ilusão de que é dono do seu fazer
pedagógico;
 Nas aulas de línguas estrangeiras percebe-se um professor autoritário e os
alunos atentos aos seus ensinamentos, onde se tem a ilusão tanto do professor
quanto do aluno “eu (professor) tenho a ilusão que ensino e o aluno a ilusão de
que aprendeu”

Diversidade e semelhança em aulas de leitura

 Observar os tipos de aula de leitura, em diferentes disciplinas, cujo objeto de


estudo é um texto;
 A organização da aula como um todo;
 A organização do diálogo entre o professor e os alunos;
 Como interagem um e outros para a construção do sentido a partir do texto;
 Não há grandes diferenças entre as aulas analisadas de pontos de vista da
organização da aula;
 Os tipos de diálogo que caracterizam as aulas analisadas não variam muito: são
monopolizadas pelo professor que comanda o raciocínio e o momento de
intervenção do aluno, aceitando-o a ou rejeitando-a conforme seus objetivos;

Como se da a “Inter-ação” professor aluno na construção do sentido?

 Nas aulas de Francês, percebe-se, da parte do aluno, uma inteira aceitação das
regras convencionais do jogo da sala de aula; o professor dirige a aula e o aluno
aceita;
 Nas aulas de português, o professor formula as perguntas de modo a obter a
resposta desejada, a qual ele acrescenta de acordo com o objetivo do conteúdo
 Nas aulas de história, há a resistência do aluno ao método que a professora
aplica;
 Conclusão: os professores tem dificuldade de colocar pesquisas da pedagogia
em prática; o aluno ainda continua exposto à metodologias dominantes e leitura
ainda é tida como ato de decodificar

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