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AVALIAÇÃO BIMESTRAL (4º BIMESTRE)

COMPONENTE CURRICULAR: PROFESSOR/A:



LITERATURA Lucas Sampaio
Ano

ENSINO MÉDIO
ALUNO/A: Nº

Atenção: DATA:
# q u erm u d a rv em p ra cá 1- Leia atentamente as questõ es; 2- As questõ es devem ter respostas apenas com _____/______/2022
caneta azul ou preta;3- Questõ es objetivas rasuradas serã o desconsideradas;4- Nã o NOTA:
será permitido consulta ou comunicaçã o durante a aplicaçã o da prova;5- É vedado
o uso de equipamentos eletrô nicos na sala de aula durante a prova.

PASSEIO NOTURNO (I) o meu, botei na rua, coloquei os dois carros


novamente na garagem, fechei a porta, essas
Cheguei em casa carregando a pasta manobras todas me deixaram levemente
cheia de papéis, relató rios, estudos, pesquisas, irritado, mas ao ver os parachoques salientes
propostas, contratos. Minha mulher, jogando do meu carro, o reforço especial duplo de aço
paciência na cama, um copo de uísque na mesa cromado, senti o coraçã o bater apressado de
de cabeceira, disse, sem tirar os olhos das euforia. Enfiei a chave na igniçã o, era um motor
cartas, você está com um ar cansado. Os sons poderoso que gerava a sua força em silêncio,
da casa: minha filha no quarto dela treinando escondido no capô aerodinâ mico. Saí, como
impostaçã o de voz, a mú sica quadrifô nica do sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
quarto do meu filho. Você nã o vai largar essa uma rua deserta, nesta cidade que tem mais
mala?, perguntou minha mulher, tira essa gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali nã o
roupa, bebe um uisquinho, você precisa podia ser, muito movimento. Cheguei numa rua
aprender a relaxar. mal iluminada, cheia de á rvores escuras, o
Fui para a biblioteca, o lugar da casa lugar ideal. Homem ou mulher? Realmente nã o
onde gostava de ficar isolado e como sempre fazia grande diferença, mas nã o aparecia
nã o fiz nada. Abri o volume de pesquisas sobre ninguém em condiçõ es, comecei a ficar tenso,
a mesa, nã o via as letras e nú meros, eu isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio
esperava apenas. Você nã o para de trabalhar, era maior. Entã o vi a mulher, podia ser ela,
aposto que os teus só cios nã o trabalham nem a ainda que mulher fosse menos emocionante,
metade e ganham a mesma coisa, entrou a por ser mais fá cil. Ela caminhava
minha mulher na sala com o copo na mã o, já apressadamente, carregando um embrulho de
posso mandar servir o jantar? papel ordiná rio, coisas de padaria ou de
A copeira servia à francesa, meus filhos quitanda, estava de saia e blusa, andava
tinham crescido, eu e a minha mulher depressa, havia á rvores na calçada, de vinte em
está vamos gordos. É aquele vinho que você vinte metros, um interessante problema a
gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as
filho me pediu dinheiro quando está vamos no luzes do carro e acelerei. Ela só percebeu que
cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na eu ia para cima dela quando ouviu o som da
hora do licor. Minha mulher nada pediu, nó s borracha dos pneus batendo no meio-fio.
tínhamos conta bancá ria conjunta. Vamos dar Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no
uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
nã o ia, era hora da novela. Nã o sei que graça esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do
você acha em passear de carro todas as noites, impacto partindo os dois ossõ es, dei uma
também aquele carro custou uma fortuna, tem guinada rá pida para a esquerda, passei como
que ser usado, eu é que cada vez me apego um foguete rente a uma das á rvores e deslizei
menos aos bens materiais, minha mulher com os pneus cantando, de volta para o asfalto.
respondeu. Motor bom, o meu, ia de zero a cem
Os carros dos meninos bloqueavam a quilô metros em nove segundos. Ainda deu para
porta da garagem, impedindo que eu tirasse o ver que o corpo todo desengonçado da mulher
meu. Tirei os carros dos dois, botei na rua, tirei havia ido parar, colorido de sangue, em cima de

Transformando a Educaçã o. Inovando com Tradiçã o


um muro, desses baixinhos de casa de dela quando ouviu o som da borracha dos
subú rbio. pneus batendo no meio-fio. (...) ouvi o barulho
Examinei o carro na garagem. Corri do impacto partindo os dois ossõ es, dei uma
orgulhosamente a mã o de leve pelos guinada rá pida para a esquerda, passei como
paralamas, os parachoques sem marca. Poucas um foguete rente a uma das á rvores e deslizei
pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha com os pneus cantando, de volta para o asfalto.
habilidade no uso daquelas má quinas. Motor bom, o meu, ia de zero a cem
A família estava vendo televisã o. Deu a quilô metros em nove segundos. (...).”
sua voltinha, agora está mais calmo?, Marque a alternativa CORRETA que
perguntou minha mulher, deitada no sofá , corresponda ao momento da narrativa que é
olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa evidenciado pelo trecho acima:
noite para todos, respondi, amanhã vou ter um a) Momento á pice ou clímax da narrativa.
dia terrível na companhia. b) Momento subsequente ao á pice ou clímax da
(FONSECA, Rubem. Passeio noturno. 64 narrativa.
contos de Rubem Fonseca. São Paulo: Cia c) Momento do desfecho final da narrativa.
das Letras, 2004.)
4. Leia o fragmento a seguir e marque a
1. Rubem Fonseca, escritor de origem mineira e alternativa CORRETA.
importante nome da Literatura “Examinei o carro na garagem. Corri
Contemporâ nea, aborda em suas obras orgulhosamente a mã o de leve pelos pá ra-
principalmente as temá ticas lamas, os pá ra-choques sem marca. Poucas
a) paz interior, eventos sociais das metró poles, pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha
violência na vida urbana habilidade no uso daquelas má quinas.”
b) violência social, solidã o na vida urbana, tipos No fragmento, o autor demostra que o
sociais marginalizados personagem se orgulha da sua perícia e do
c) polícia e ladrã o, violência na vida urbana, veículo intacto. No entanto, ao analisarmos todo
conflitos na infâ ncia o texto podemos afirmar que:
a) O personagem demonstra um sentimento de
2. Leia o trecho apresentado e marque a rejeiçã o ao poder que lhe inspira a potência do
alternativa CORRETA. carro.
“(...) ao ver os para-choques salientes do meu b) O personagem demonstra um sentimento
carro, o reforço especial duplo de aço cromado, faccioso em relaçã o ao sentimento altruísta que
senti o coraçã o bater apressado de euforia. (...). lhe inspira a sua vítima.
Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha c) O personagem se inebria com a sensaçã o de
que ser uma rua deserta, nesta cidade que tem poder, materializada na potência do carro e na
mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, sua inigualá vel habilidade no uso da má quina.
ali nã o podia ser, muito movimento. Cheguei
numa rua mal iluminada, cheia de á rvores 5. Leia o fragmento a seguir e marque a
escuras, o lugar ideal. Homem ou mulher? alternativa CORRETA.
Realmente nã o fazia grande diferença (...).” “A família estava vendo televisã o. Deu a sua
Baseado no trecho apresentado, podemos voltinha, agora está mais calmo?, perguntou
afirmar que o autor desvela uma personagem minha mulher, deitada no sofá , olhando
que demonstra: fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para
a) Amor à má quina e a seus semelhantes. todos, respondi, amanhã vou ter um dia terrível
b) Necessidade de guiar seu carro pelas ruas na companhia.”
ermas da cidade. De acordo com o fragmento apresentado,
c) Desprezo a seus semelhantes, um desejo de podemos afirmar que o protagonista vive em
transgredir. um mundo de:
a) Reflexã o e integraçã o.
3. Leia o trecho a seguir: b) Isolamento e fragmentaçã o.
“(...) Entã o vi a mulher, podia ser ela, ainda que c) Relaxamento e dedicaçã o.
mulher fosse menos emocionante, por ser mais
fá cil. (...) Ela só percebeu que eu ia para cima
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6. Marque a alternativa CORRETA que
corresponda ao perfil psicoló gico do
personagem protagonista da histó ria:
a) Possui há bitos incomuns aos demais
cidadã os no tocante aos seus deveres do
cotidiano, mas age de forma previsível e
irrepreensível para satisfazer seus desejos
íntimos.
b) Possui há bitos anormais aos demais
cidadã os no tocante aos seus deveres do
cotidiano, mas age de forma esperada e
magistral para satisfazer seus desejos íntimos.
c) Possui há bitos comuns aos demais
cidadã os no tocante aos seus deveres do
cotidiano, mas age de forma imprevisível e
repreensível para satisfazer seus desejos
íntimos.

7. Sobre a obra de Lygia Fagundes Telles,


assinale a alternativa incorreta.
a) Lygia Fagundes Telles aprimorou a técnica
de composiçã o em narrativas curtas, trazendo
uma preocupaçã o nitidamente psicoló gica na
criaçã o de seus contos.
b) Ao expor de forma incisiva as fraquezas
humanas, explora os estados de angú stia em
que suas personagens se encontram,
experimentando uma imensa solidã o.
c) Os contos da escritora trazem, quase sempre,
o homem no centro das narrativas, abordando
as diversas facetas que compõ em o interior
masculino.

8. O texto de Lygia Fagundes Telles apresenta


marcas características do projeto literá rio da
autora, ligado à ficçã o
a) do realismo fantá stico.
b) documentá ria urbano-social.
c) intimista e psicoló gica.

Transformando a Educaçã o. Inovando com Tradiçã o

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