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Poder Judiciário
Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
2ª Vara Judicial da Comarca de Gramado
Rua Augusto Daros, 100 - Bairro: Centro - CEP: 95670000 - Fone: (54) 3286-2800 - Email:
frgramado2vjud@tjrs.jus.br
DESPACHO/DECISÃO
Vistos.
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Aduziu que, com a pandemia do COVID-19 e as restrições daí
advindas, bem como o contínuo aumento dos índices de inflação, houve aumento
significativo na quantidade de distratos dos contratos imobiliários, gerando redução
na sustentabilidade das atividades desenvolvidas pelo grupo requerente. Assim, com
a necessidade de injeção de capital, o Grupo captou recursos através da emissão de
debêntures, empréstimos bancários e certificados de recebíveis imobiliários (CRI),
substancialmente composto por operações de crédito estruturadas firmados junto à
Fortesec. Em garantia às dívidas com a Fortesec, foram cedidos os recebíveis
oriundos de todos os empreendimentos do Grupo Gramado Parks, os quais têm sido
depositados mês a mês, em conta centralizadora mantida e controlada
exclusivamente pela Fortesec. Em suma, a lógica da operação contratada se resume
ao depósito mensal de praticamente a integralidade dos recebíveis, apuração dos
valores necessários a perfazer a proporção exigida pela garantia, para que, por fim,
haja a liberação dos excedentes em favor do Grupo Gramado Parks, objetivando que
esse consiga arcar com os custos de suas operações, com a realização do pagamento
de seus colaboradores e fornecedores.
Aduziu atender aos requisitos do art. 48 da LRF bem como não incidir
nas vedações legais. Salientou que há instauração de procedimento de mediação
junto ao CEJUSC. Invocou precedentes.
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Apresentado laudo de constatação prévia.
É O RELATÓRIO.
DECIDO.
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III - na hipótese de haver créditos extraconcursais contra empresas em recuperação
judicial durante período de vigência de estado de calamidade pública, a fim de
permitir a continuidade da prestação de serviços essenciais;
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I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial
com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador,
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei.
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II – Moratória de 60 dias para os créditos detidos pela
FORTESEC, em razão da instauração de procedimento de mediação
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Por fim, a securitização de créditos consiste na venda de direitos de
crédito para um veículo especial, como um fundo de investimento em direitos
creditórios (FIDC). O veículo em questão emite títulos de dívida lastreados nos
direitos de crédito adquiridos, os quais são então vendidos para investidores. Essa
estrutura permite que a empresa em recuperação converta seus recebíveis em
recursos financeiros imediatos, o que pode ser útil para sanar dívidas emergenciais e
manter a operação da empresa.
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Segundo leciona Fábio Ulhoa Coelho:
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O princípio da Preservação da Empresa reconhece que, em torno do funcionamento
regular e desenvolvimento de cada empresa, não gravitam apenas os interesses
individuais dos empresário e empreendedores, mas também os metaindividuais de
trabalhadores, consumidores e outras pessoas; são estes últimos interesses que
devem ser considerados e protegidos, na aplicação de qualquer norma de direito
comercial.
3
Na mesma toada, Ricardo Negrão:
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demonstrada de que tal medida se mostre necessária para a estruturação do pedido
principal de recuperação judicial, aliado à mediação dos créditos da Fortsec (não
sujeitos, em princípio, ao concurso de credores, por ser extraconcursal), e também
possível mediação em relação a demais questões societárias.
[...] a não sujeição de certos créditos aos efeitos da suspensão e ações e execuções
contra o devedor (stay period) pode prejudiar a proteção da integralidade do
patrimônio da empresa no curso do processo de recuperação e, assim, pôr em risco
o objetivo de cuscar soluções no sentido da maximização do valor dese patrimônio.
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e seguintes, que tratam da tutela cautelar requerida em caráter antecedente. Não
fosse isso, devem estar presentes e preenchidos os requisitos do artigo 48 da LRJEF,
que se consubstanciam nos pressupostos para se pleitear a benesse da recuperação
judicial. - Quanto à competência para apreciação, ainda que a credora da dívida
em questão seja a Caixa Econômica Federal, tendo em vista que a medida é
lastreada na Lei nº 11.101/2005, impera a vis atrativa e o princípio da
universalidade do juízo da recuperação judicial, se houver. - Em conjunto a isso,
tendo em vista a limitação do pedido da medida ora em apreciação - que é de
concessão de efeito suspensivo ativo à apelação - é necessário verificar a presença
da probabilidade de provimento do recurso; se é relevante a fundamentação; aliado
a existência de risco de dano grave ou de difícil reparação, a teor do art. 1.012,
§4º, do CPC. - Quanto à probabilidade de provimento do recurso, verifico de pronto
que a decisão recorrida indeferiu a inicial por inépcia, por falta de pedido ou causa
de pedir, sem intimação prévia para reparo da parte, em nítida violação ao disposto
nos arts. 9º e 10, do CPC, desconsiderando a existência do princípio da não-
surpresa, o que caracteriza nulidade pelo cerceamento de defesa. - Em juízo de
cognição sumária, verifica-se que a relevante fundamentação está demonstrada,
uma vez que a parte comprova a existência de aprazamento de sessão de
mediação, bem como o preenchimento dos requisitos do art. 48 da LRJEF. Aliado
a isso, a urgência se depreende da intimação para purgação de mora referente a
débito garantido por alienação fiduciária de parte do parque fabril. - Nesse
contexto, reitero, em juízo de cognição sumária e mediante uma análise
perfunctória, o instrumento pré-insolvência postulado encontra amparo nas
circunstâncias demonstradas, ao que vai deferido o efeito suspensivo ativo, para
suspender o procedimento de consolidação da propriedade pelo prazo de até 60
dias. PEDIDO PARCIALMENTE DEFERIDO.(Pedido de Efeito Suspensivo à
Apelação, Nº 51096392320218217000, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em: 16-07-2021). (Grifado.)
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Efeito Suspensivo à Apelação, Nº 51892993220228217000, Quinta Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lusmary Fatima Turelly da Silva, Julgado em:
27-09-2022)
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A parte autora deverá propor, no prazo de 30 (trinta) dias úteis, com
base no art. 308 do CPC, a ação principal de recuperação judicial, atendendo aos
requisitos da LRF, a fim de contemplar todos os demais credores não abarcados ou
relacionados no âmbito desta medida de tutela de urgência, sob pena de revogação e
imediata perda da eficácia das medidas ora deferidas. Assim, o pedido do item "e"
da inicial vai INDEFERIDO, devendo ser observado o prazo do art. 308 do CPC.
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Nesse sentido, cabe referir os seguintes julgados do Egrégio TJRS:
V – Mediação
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No tocante à mediação aprazada perante o CEJUSC (evento 1, OUT5),
e considerando o já anteriormente exposto, determino e mantenho a nomeação da
MRS Administração Judicial para acompanhar e fiscalizar o procedimento através
de co-mediação, com base nos arts. 20-A, 20-B, I e IV, e §1º, da Lei 11.101/2005.
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Os pagamentos poderão ser mensais ou periódicos, desde que não
ultrapassem sobremaneira o prazo de tramitação do processo, correspondente ao
período de fiscalização judicial.
VII - CONCLUSÃO
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- determinar que todo o ato administrativo societário que vise à
alteração no controle diretivo das Requerentes e suas subsidiárias seja subjetido
previamente a Juízo, como forma de fiscalizar e prevenir condutas predatórias
societárias, a fim de preservar o ambiente negocial por meio da mediação
instaurada, sendo fiscalizado pelo Administrador Judicial e pelo Ministério Público.
Diligências legais.
1. Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-
financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos
interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à
atividade econômica.
2. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial: direito de empresa. Vol. 1. 16ª ed. São Paulo: Saraiva,
2012, p. 80.
3. NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de empresa. Vol. 3. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p.
158.
4. MUNHOZ, Eduardo Secchi. "Cessão Fiduciária de direitos de crédito e recuperação judicial de empresa".
Revista do Advogado n. 105. São Paulo: AASP, 2009, p. 42.
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