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UNICAMP/INSTITUTO DE ECONOMIA/Introdução à Economia/ Profa. Ana Lucia Gonçalves da Silva - algsilva@unicamp.

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ROTEIRO DE ESTUDO 1 (caps. 1, 2, 3 e 4 do livro Prof. Cano) – APOSTILA dos pontos centrais
Capítulo 1: A economia de mercado (visão simplificada se seus principais elementos) (sistema fechado e sem governo)
1. O sistema econômico tem apresentado complexidade crescente ao longo do tempo. Compare os traços principais da atividade econômica em sociedades pretéritas versus
sociedades modernas e aponte as principais implicações da separação espaço-temporal entre o ato de produzir e o de consumir. Na sociedade capitalista, como pode ser
entendido o ato de produção?
1.1. Complexidade crescente do sistema econômico capitalista
- crescente heterogeneidade
- classificação das necessidades humanas e suas profundas mudanças no tempo
- separação espaço-temporal entre produção e consumo e suas implicações
- separação dos atos de obter dinheiro x gastar/empregar dinheiro
- separação dos atos de compra e de venda
1.2. A produção
- na sociedade capitalista, o ato de produção pode ser entendido como a execução de atividades que tenham como finalidade o lucro e,
indiretamente, a satisfação de necessidades, por meio da troca.
- as atividades econômicas requerem certa funcionalidade e eficiência
- a organização da produção envolve 3 elementos básicos: trabalho, recursos naturais e capital (determinam o potencial produtivo da nação)
2. Como podem ser classificados e definidos: fatores de produção, bens e serviços (B&S) e setores produtivos?
2.1. Fatores de produção: T, RN e K (disponibilidade de fatores de produção da nação, ou seja, potencial produtivo da nação)
2.1.1. Trabalho (o elemento humano => estudo da população)
-conceitos relevantes de população: total; economicamente hábil; economicamente ativa (PEA= pessoas efetivamente voltadas para o mercado de
trabalho) e efetivamente ocupada (PO= PEA menos desempregados, mas em busca de emprego)
-outro aspecto relevante: trabalho qualificado (TQ) x trabalho não-qualificado (TñQ)
2.1.2. Recursos naturais
Em 1o. plano, a natureza é a fonte de todos os bens. Dela o homem obtém bens naturais e fontes primárias de energia.
Entre os principais recursos da natureza utilizados pelo homem, destacam-se:
- solo e subsolo: fornecem vegetais (alimentos e matérias-primas) e minerais (carvão, ferro, petróleo etc)
- recursos hidrológicos: fornecem água e energia (quedas d`água, barragens, marés), alimentos, matérias-primas e vias de transporte
Nem todo RN é passível de exploração econômica pelo homem. Esta condição varia no tempo e no espaço.
2.1.3. Capital
P/a economia nacional (macro): capital tem sentido real=> Conjunto dos instrumentos e bens que ampliam a capacidade produtiva da nação
Em resumo: o que compõe o K acumulado (ou seja, o estoque de K) de uma nação:
- máquinas, veículos e equipamentos usados na atividade produtiva
- instalações industriais, agrícolas, comerciais etc.
- estradas de rodagem, ferrovias, aeroportos, portos, canais etc.
- edifícios públicos, moradias, escolas, hospitais, diques, barragens etc.
Notas: a) O desgate sofrido pelo K no processo produtivo => reduz o estoque (custo de depreciação K); b) Sistema de Contas Nacionais do IBGE: Formação bruta de capital fixo (FBKF): acréscimos
ao estoque de bens duráveis destinados ao uso das unidades produtivas realizados em cada ano, visando ao aumento da capacidade produtiva do País (Atenção: Estoque x Fluxo)

2.2. Bens e serviços: BC x BI x BK (depende do uso/destino)


Com a crescente divisão social do trabalho => atividade de produção especializada > produção de 3 tipos distintos de bens e serviços:
- bens e serviços de consumo (produtos finais p/ consumo direto)
- bens e serviços intermediários (não são bens finais; são matérias-primas e insumos que entram na produção de B&S)
- bens de capital (também são produtos finais como os BC, mas c/1 peculiaridade: seu destino não é a satisfação imediata das necessidades,
mas sim a produção futura de outros B&S, visando o lucro)
Ex: - automóvel (particular=BC x empresa locadora/ taxista=BK)
- gado (churrasco p/família=BC x matéria-prima p/empresa que vende churrasco=BI x na carroça como meio transporte em empresa rural=BK)
2.3. Setores produtivos: Primário, Secundário e Terciário (classificação de acordo com o setor de atividades de atuação da empresa)
O setor produtivo de uma nação é composto pelo conjunto de todas as unidades produtivas do sistema econômico
As unidades produtivas podem ser classificadas segundo o grau de processamento / elaboração do produto:
i) setor primário: agricultura, pesca, silvicultura, pecuária e extração vegetal e animal
ii) setor secundário: ind. extrativa mineral, ind. de transformação, construção civil e serviços industriais de utilidade pública
iii) setor terciário: atividades de prestação de serviços
(Fluxo Circular 1 – versão simplificada)

Renda Salário,Lucro/Jur,Aluguel
Mercado de Fluxo Real
Serviços dos
Trabalho Fluxo Nominal
Fatores
Capital T,K,RN (serv.
FPs utilizados na
Recursos N. produção)

Famílias Aparelho
Produtivo
Transações Intermediárias

Bens e Serv. Mercado Bens


Bens e Serv.
Comprados Intermediários
Vendidos
Mercado Bens e
Serviços Finais

Despesa Receita
Capítulo 2: A economia de mercado (origem e destino da produção) (sistema fechado e sem governo)
As empresas (unidades produtoras) organizam o processo produtivo.
P/tanto: escolhem 1 técnica ou método de produção (=> fç de produção), contratam serviços de fatores de produção e compram B&S intermediários
Resultado: a produção de bens & serviços (que podem ser dos 3 tipos acima citados) – Vide Fluxo Circular 1
3. Defina os conceitos apontados a seguir:
3.1. Função de produção
Cada técnica ou método de produção => diferentes quantidades de serviços de “fatores de produção” (FP) e diferentes tipos e quantidades de
matérias-primas e insumos (bens intermediários)
Cada técnica de produção => 1 função de produção (“receita” p/ produção de 1 bem)
Portanto: escolhida dada técnica, a função de produção especifica as quantidades de serviços de FP e de matérias-primas/insumos (os BIs)
necessárias à produção de certa quantidade de determinado bem
P = f (TQ, TÑQ, RN, K, matérias-primas, …) expressa em termos físicos / materiais
Escolhida determinada técnica, os organizadores da produção (as empresas):
- adquirem de outras unidades produtoras os bens intermediários (insumos) => gerando uma demanda intermediária (transações intermediárias)
- contratam os FP => adquirem os chamados “serviços de fatores”
3.2. Função custo
Multiplicando as quantidades físicas (acima) por seus respectivos preços => função custo
3.3. Demanda intermediária
As unidades produtoras (para realizar seu processo produtivo) adquirem de outras unidades produtoras os bens intermediários (insumos) => gerando
uma demanda intermediária ou transações intermediárias
4. Observe o Fluxo Circular 1 (versão simplificada) e reflita sobre seu significado.
Sinteticamente, trata-se de um esquema dos 4 fluxos:
De um lado: fluxo real de serviços de fatores x => fluxo nominal de renda
De outro lado: fluxo real de B&S x => fluxo nominal de dispêndios
+ fluxos (real/nominal) que ocorrem no interior do aparelho produtivo (transações intermediárias)
5. Defina os seguintes conceitos de agregados macroeconômicos:
(Nota: O esquema simplificado acima ilustra algumas igualdades entre agregados macroeconômicos)
a) Valor Bruto da Produção (VBP) = valor das vendas totais (abrange a produção de B&S finais e de B&S intermediários)
b) Produto (P) = VBP – insumos (ou seja, BIs) (ou seja, corresponde ao conjunto de B&S finais produzidos)
c) Renda (Y) = SO + L + J + A = remuneração / contrapartida pelo uso dos fatores de produção
Vamos ilustrar: Suponha uma economia formada por 3 empresas independentes, de modo que cada empresa faça uma parte da cadeia produtiva que,
ao final, forneça 160 unidades monetárias de pão, como segue:
PAGAMENTOS A FATORES DE
ATIVIDADES GASTOS COM INSUMOS VALOR DAS VENDAS
PRODUÇÃO
I. Plantação de trigo 30 30 (trigo)
II. Moinho 30 (trigo) 40 70 (farinha)
III. Padaria (panificação) 70 (farinha) 90 160 (pães)
TOTAIS 100 160 260
Nessa economia simplificada, já podemos identificar os 3 agregados macro acima: o Valor Bruto da Produção (VBP), o Produto (P) e a Renda (Y).
Resposta: VBP = 260, P = 160, Y = 160
Nota: Não por simples coincidência: VALOR RENDA (Y) = VALOR PRODUTO (P)
Dito de outra forma: soma dos pagamentos pelo uso dos fatores de produção (FP) = valor agregado (ou adicionado) = é o esforço produtivo adicionado
em cada atividade de produção (não contendo, portanto, a contagem duplicada de valores gerados em outras atividades)
d) Consumo (C)
Fluxo nominal de dispêndios (demanda final) das famílias (B&S de consumo)
e) Poupança (S)
Parte do fluxo de renda que não é destinada ao consumo
Portanto, pela ótica de sua utilização: Renda (Y) = C + S
f) Investimento (I)
Por outro lado, para adquirir os BK (Inv.Reposição + Inv.Líquido), os organizadores da produção dirigem-se aos intermediários financeiros
Resultado: a poupança que estava em poder das famílias canaliza-se, via intermediários financeiros, aos organizadores da produção.

6. Apresente as principais igualdades envolvendo os referidos agregados macroeconômicos.


Deduz-se da questão anterior: 1) P = Y
2) P = C + I
3) Y = C + S
4) S = I

Nota: A poupança = fluxo de rendimentos não dedicados ao consumo + outros tipos de rendimentos que, embora pertençam às famílias, permanecem retidos nas UPs
(reservas para depreciação + lucros gerados mas não distribuídos). Portanto, nem toda poupança está em poder do público (está em poder das UPs). Assim, de posse do total
poupado pela comunidade (famílias + UPs), os organizadores da produção dirigem-se ao mercado de BK

P/ as Questões 7, 8 e 9, observe o quadro abaixo: (observe que este quadro aparece no Fluxo Circular 2 – Detalhando UPs)
Quadro 2.4 - MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO DE UMA ECONOMIA HIPOTÉTICA ($)
Vendas ou Demanda Intermediária (Transações Demanda Final Valor
“Saídas” Intermediárias) Vendas de Serv., de Consumo e de Capital Bruto da
Compras ou “Entradas” Setores Consumo Capital Total DF Produção
I II III Total D (C) (I) (C+I) VBP

Setor I 5 25 - 30 70 - 70 100
Setor II 15 20 5 40 50 30 80 120
Setor III - 15 5 20 60 - 60 80
Total Di 20 60 10 90 180 30 210 300
Salários e ordenados 25 20 30 75
Juros 3 5 7 15
Aluguéis 30 5 10 45
Lucros Líquidos 20 25 20 65
Depreciação 2 5 3 10
Total do Valor Agregado 80 60 70 210
VBP 100 120 80 300

7. Tomando por base o Quadro 2.4., identifique (e aponte o que se pode extrair de conclusão):
a) a matriz de transações intermediárias: compras e vendas de insumos
(nota: esta parte da matriz permite avaliar grau de interdependência estrutural entre os setores. A análise dos gastos com a compra de
insumos indica o impacto exercido por um setor sobre os demais)
b) a matriz de rendimentos: pagamentos aos serviços dos fatores de produção (FP)
c) a matriz de demanda final: indica o quanto da produção foi para B&S finais (produto) e corresponde à demanda de BC e BK
d)

8. Ainda com base no Quadro 2.4., identifique:


a) o VBP = 300 (100+120+80)
b) o produto = produção de B&S finais = 210 (composto das parcelas setoriais de produto 70+80+60, portanto sem os BIs, que totalizam 90)
c) a renda (bruta) = pgtos aos FP (incl.depreciação) = 210 (composto das parcelas setoriais de renda 80+60+70 e que também corresponde à
remuneração aos 3 tipos de FP: T=75; RN=45; K=15+65+10=90)
(que, por sua vez, equivale ao valor do VA) = 210 (composto das parcelas setoriais de VA 80+60+70)
d) o dispêndio (ou despesa ou demanda) da comunidade = dispêndio da comunidade na aquisição do produto final (BC+BK) = 210 (180+30)
9. Defina o conceito de Valor Agregado (VA) e reflita sobre pq a análise do VA setorial é relevante.
Valor agregado (ou adicionado) é o esforço produtivo adicionado em cada atividade de produção e seu valor corresponde ao valor da renda (tanto no
conjunto da economia quanto para cada setor).
Obs: registre-se que a igualdade entre produto = renda é válida apenas para o conjunto da economia.
De fato, embora Produto e VA apresentem valores equivalentes no agregado (210), o mesmo não se pode dizer setorialmente.
O VA (soma dos pagamentos aos FP) de um setor somente por mera coincidência seria igual a seu produto final.
Ex: suponha que o setor I produz apenas trigo p/moageiros (portanto nenhum B&S final).
Neste caso: vendas finais = 0, porém há renda gerada pelo pagamento dos serviços de FP.
Portanto: falar de produto setorial não tem maior significação, mas VA setorial é relevante.
Somente para o conjunto da economia se dá a identidade Produto = Renda.

Capítulo 3: A circulação em uma economia de mercado (sistema fechado e sem governo)


Introdução geral para contextualizar as questões do cap. 3:
Tomemos inicialmente 2 “entidades” bipolares do sistema:
Aparelho produtivo (conjunto das UPs): executa 3 atividades inter-relacionadas:
- demanda serviços de fatores de produção (FPs)
- compra e vende insumos = transações intermediárias
- oferta B&S finais no mercado de B&S de consumo (e também BK)
-

Conjunto das famílias (conjunto dos proprietários dos fatores de produção - FPs) em contrapartida:
- ofertam seus serviços de FPs
- demandam B&S de consumo (e também BK)
-

Em todos os casos: cada fluxo real corresponde a um fluxo nominal (no sentido inverso)
2 outras “entidades”: - mercado de serviços de fatores (itens 3.2.1 e 3.2.2 do cap. 3) => tema das questões 10 e 11
- mercado de B&S de consumo (itens 3.2.3 e 3.2.4 do cap. 3) => tema das questões 12 e 13
Por esta razão o Prof. Cano propõe-se a estudar o que ele chama de condicionamento quadridimensional nos mercados (objeto do item 3.2 do cap. 3)
QUESTÕES 10 e 11: => mercado de serviços de fatores (itens 3.2.1 e 3.2.2 do cap. 3) => determinantes da demanda e da oferta de FPs
10. Discuta os condicionantes determinados pelo aparelho produtivo (via função de produção) sobre a circulação em uma economia de mercado.
11. Discuta os condicionantes determinados pela formação dos preços dos serviços de fatores sobre a circulação em uma economia de mercado.
(nota: observem que para a formação dos preços dos serviços de FP devem ser consideradas as condições de oferta vis-à-vis as condições de
demanda desses serviços de FP)

3.2.1. Condicionantes determinados p/ fçs produção (=>mercado de serviços de fatores)


As funções de produção estabelecem coeficientes de PFs por unidade de produto.
Estes coeficientes x volume físico de produção => determinarão a demanda de fatores
Por outro lado, a oferta de fatores caracteriza-se, em países subdesenvolvidos, por:
excesso de mão de obra + escassez de capital (e não raro também escassez de RN)
Problema: na maioria dos casos, a oferta fatorial do sistema se defronta com uma demanda fatorial pré-condicionada por funções criadas nos países
desenvolvidos (levando em conta sua própria disponibilidade de fatores, nível tecnológico, preços relativos)
Nota: Portanto, as ofertas de FPs não são automaticamente adequadas – via mercado – às demandas FPs.
O desequilíbrio poderia ser reduzido se o sistema pudesse utilizar funções técnicas de produção que empregassem mais mão de obra e menos capital.
Mas, na maioria dos casos, as funções são criadas nos países desenvolvidos (levando em conta s/ características)

3.2.2. Condicionantes determinados p/formação dos preços dos fatores (=>mercado serv. de fatores)
Se a economia funcionasse pelas “leis de mercado”:
- os preços dos fatores abundantes tenderiam a níveis muito baixos
- os preços dos fatores escassos tenderiam a preços muito altos
-

a) Força de trabalho
Situação típica no caso de trabalho não-qualificado: oferta > demanda
Na realidade, o que ocorre? Para evitar que se estabeleça um nível inferior ao de subsistência, o governo determina salário mínimo legal.
E no caso da mão de obra qualificada (para certas atividades específicas - localizadas em compartimentos modernos e de alta produtividade)?
Sendo escasso, as taxas de salários de trabalho qualificado tenderiam a se elevar
Porém, o sistema procura criar mecanismos corretores: governos e organizadores da produção mobilizam-se para criar oferta de educação técnica de
modo que a oferta de trabalho qualificado se iguale ou supere a demanda => baixa dos salários
=> desemprego ou precarização no mercado de trabalho (administradores taxistas, advogados corretores, engenheiros vendedores etc.)
b) Capital
Podemos classificar sua remuneração em 2 taxas específicas:
- taxa de lucro: remuneração paga ao capital próprio
- taxa de juros: remuneração paga ao capital de terceiros
Exemplo 1: 1 pessoa instala 1 empresa realizando investimento de $ 10.000, c/ recursos próprios e obtém remuneração de 15% sobre o investimento
(lucro = $ 1.500)
Exemplo 2: suponha agora que aquela pessoa não disponha dos $10.000. Instala a empresa com recursos de terceiros a uma taxa de 10%, a título de
juros sobre o capital emprestado (juros = $ 1.000 e lucros = $ 500)
Notas:
- Nenhum investidor estará disposto a investir, se a taxa de lucro decorrente dessa inversão for inferior à taxa de juros vigente no mercado.
- Nos países subdesenvolvidos, o capital é relativamente escasso => tendência à taxa de juros elevada (o que desestimula o investimento produtivo).
- Já sabemos que os pagamentos aos serviços de fatores de produção (FPs) = renda ao custo dos fatores.
- Esta renda é dita bruta (se incluir depreciação) ou líquida (se não a incluir).

c) Preços dos “serviços” dos RNs


São objetos de preço aqueles RNs que:
- são escassos ou
- possuam regime de propriedade que restrinja seu uso
-

Resumindo: os 2 pólos condicionadores (aparelho produtivo via fç de produção + formação dos preços dos FPs) estão em simbiose: gerando um efeito
de discrepância entre a oferta e a demanda no mercado de serviços de fatores
Nota: o montante de rendimentos pagos às famílias pode ser classificado segundo o tipo de função exercida: renda do trabalho (ao trabalho) e renda da
propriedade (aos proprietários). Esta classificação denomina-se repartição funcional da renda

QUESTÕES 12 e 13: => mercado de B&S de consumo (itens 3.2.3 e 3.2.4 do cap. 3) => determinantes da demanda e da oferta de B&S finais
12. Discuta os condicionantes determinados pela estrutura de propriedade sobre a circulação em uma economia de mercado.
13. Discuta os condicionantes determinados pelo mercado de B&S de consumo sobre a circulação em uma economia de mercado.

3.2.3. Condicionantes determinados p/ estrutura da propriedade (=>mercado de B&S de consumo)


As famílias apresentam-se no mercado de serviços de fatores dotadas de um estoque de bens de capital, de posse dos RNs e do volume de força de
trabalho (FTQ e FTÑQ)
A propriedade desses fatores => tipificação das famílias (segundo o tipo e a quantidade de FPs a elas pertencentes)
Pirâmide:
- no alto: famílias proprietárias de enorme parcela do K, da maior parte dos RNs e de certa parte da FTQ classe alta (A)
- no meio: famílias proprietárias de parte significativa do K, apreciável parcela de RNs, maior parte da FTQ e pequena parte da FTÑQ classe média (M)
- na base: as famílias de baixo nível de propriedade (pequenas parcelas de K e de RNs) e que detêm a maior parte da FTÑQ classe baixa (B)
A massa monetária da renda obtida pela venda dos serviços dos FPs (que as famílias possuem) pode ser classificada => repartição pessoal da renda
repartição pessoal da renda reflete os níveis absolutos e relativos da renda familiar
repartição funcional da renda reflete a estrutura da propriedade (ou seja, como a renda se distribui por tipo de FP: K, RN, TQ e TñQ)
Renda por tipo de Fator de Produção
Pirâmide: K RN TQ TñQ Total
- no alto: as famílias detentoras de altos níveis de renda classe alta (A) X X x * Renda A
- no meio: as famílias detentoras de médios níveis de renda classe média (M) x x X * Renda M
- na base: as famílias detentoras de baixos níveis de renda classe baixa (B) * * * X Renda B
Total Renda K Renda RN Renda TQ Renda TñQ
Ora, a renda define o poder aquisitivo da comunidade, assim como o poder aquisitivo das famílias segundo classes de renda
Este 3o condicionamento (o poder de compra das famílias) na verdade resulta da combinação dos 2 efeitos anteriores (aparelho produtivo e preços dos
fatores) com a estrutura da propriedade => 3a diferenciação entre as famílias (distribuição pessoal da renda)
De posse da renda, as famílias se dirigem ao mercado de B&S de consumo para adquirir bens de primeira necessidade, bens de consumo médio e
artigos de luxo. (Nota: claro que a % dos bens de 1a necessidade na renda varia segundo as classes de renda).
Em resumo: a distribuição de renda de 1 sistema determina a própria estrutura da demanda de B&S de consumo
3.2.4. Os condicionantes determinados pelo mercado de B&S de consumo
Mercado de B&S de consumo:
- de um lado: os produtores ofertam B&S de consumo (fluxo real)
- de outro: as famílias adquirem estes B&S mediante utilização da renda (fluxo nominal)
“Encerra-se” o circuito econômico!
Nota sobre Teoria microeconômica (comportamento do consumidor, comportamento das empresas, determinação dos preços de mercado etc.):
Até início do século XX: teoria da concorrência perfeita (suposta oferta atomizada => “soberania do consumidor”, que exerceria plenamente suas preferências). Na realidade:
o sistema de livre concorrência não existe! (caso geral: oligopólio, onde os produtores determinam não só os tipos e qualidades dos B&S a serem consumidos, mas também
seus preços, condições de pagamento, locais e tipos de distribuição, uso de marcas etc.). Voltaremos a este tema no capítulo 7.
De qualquer modo, é importante reter que o sistema de preços presta-se a “ajustar” oferta e demanda, constituindo-se elemento básico da
distribuição do fluxo real entre as famílias, não levando em conta as suas necessidades, mas sim seu poder de compra.

QUESTÃO 14 (embora já tenha sido respondida no bojo das questões anteriores, vale destacar os conceitos)
14. Qual a diferença entre repartição funcional da renda e repartição pessoal da renda?
Repartição funcional da renda - montante de rendimentos pagos às famílias classificado segundo o tipo de função exercida: renda do trabalho (ao
trabalho) e renda da propriedade (aos proprietários).
Repartição pessoal da renda - reflete os níveis absolutos e relativos da renda familiar (por faixa de renda).
NOTA GERAL SOBRE O CAPÍTULO 3 – Duas frases-sínteses ajudam a compreender a essência deste capítulo (o que o Prof. Cano chama de
condicionamento quadridimensional nos mercados)
Frase 1: trata dos 2 condicionamentos ref. mercado de serviços de fatores (itens 3.2.1 e 3.2.2 do cap. 3) (questões 10 e 11 deste roteiro)
“o contraste entre a disponibilidade de fatores (oferta) e suas necessidades (demanda), ditadas pelas funções de produção aplicadas no sistema,
constitui o ‘ponto nevrálgico’ socioeconômico do sistema, tratado pela Teoria do Desenvolvimento Econômico” (Cano, 2007:72)
Frase 2: trata dos 2 condicionamentos ref. mercado de B&S de consumo (itens 3.2.3 e 3.2.4 do cap. 3) (questões 12 e 13 deste roteiro)
“é a distribuição de renda de um sistema que estabelece a própria estrutura da demanda (de B&S), a qual será ainda afetada pelas condições vigentes
no chamado mercado de bens e serviços de consumo” (Cano, 2007:81)
(Sugere-se o estudo do Fluxo Circular 3 – Detalhando as 2 caixas: UPs e Famílias)

Capítulo 4: As relações econômicas internacionais

QUESTÃO 15 (esta é a questão central que deve ser respondida no cap. 4)


15. Que fatores ajudam a explicar o grau de abertura de uma economia para o exterior e sua forma de inserção na divisão internacional do trabalho?
Nota: Para responder esta questão, resume-se a seguir, a título de revisão, os passos apresentados p/Prof. Cano até chegar na conclusão final expressa na tipologia de 4
formas principais de inserção dos países na DIT
Fatores ajudam a explicar o grau de abertura de uma economia para o exterior e sua forma de inserção na divisão internacional do trabalho
(pp. 96-97; 100-103; 107-108; 123-124)
4.1.3. Os efeitos do inter-relacionamento na economia nacional
Nenhuma economia nacional é autárquica. O grau de abertura para o exterior é variável
Depende de inúmeros fatores:
- possibilidades internas de produção
- dimensão de seu território e de seu mercado
- condições de solo e clima etc.
Quanto maior um país (extensão territorial, dotação de recursos) =>
- menores necessidades de M
- tendência de o aparelho produtivo voltar-se mais para o atendimento da demanda interna
Ao contrário, para a maioria dos países pequenos, o comércio exterior é importante mecanismo de crescimento econômico
Nota: Coeficiente de abertura comercial – mede o grau de dependência de um país em relação ao exterior (varia muito de país para país)
Quadro 4.2 - Coeficientes de Abertura Comercial de países selecionados (Nota: ajuda a visualizar a heterogeneidade de situações existentes)
De Exportações (x/y) De Importações (m/y)
1965 1990 2000 2004 1965 1990 2000 2004
Guatemala 23,9 15,9 14,9 11,1 32,0 21,3 26,5 29,4
Colômbia 16,1 16,5 15,6 17,0 11,8 13,6 13,8 17,5
Áustria 10,2 26,6 35,0 37,3 18,2 31,7 37,4 37,2
Holanda 20,7 47,0 62,9 54,9 35,9 45,1 58,9 49,0
Índia 6,9 7,3 9,1 10,5 14,6 7,7 11,1 13,8
Brasil 6,4 7,2 9,2 16,3 8,1 7,6 9,7 11,1
Japão 4,8 9,7 10,1 12,1 8,4 7,9 8,0 9,7
EUA 4,1 6,9 8,0 7,0 4,3 9,6 12,9 13,0
Fonte: Para 1965-1990 BIRD - Relatórios Anuais. (Valores a US$ de 1987), para 2000-2004, UNCTAD, US$ correntes.

Nota (alguns pontos importantes quanto ao aspecto real das trocas internacionais):
A economia internacional constitui-se um mercado complementar:
- para escoamento de parte da produção gerada pelo aparelho produtivo nacional => saída ou exportações de B&S
- para complementar o atendimento às necessidades do mercado interno => entrada ou importações de B&S
Estes fluxos reais têm como contrapartida fluxos nominais:
- entrada adicional de renda
- saída de renda interna
Igualdade macro com economia aberta: P+M=C+I+X
P = C + I + (X – M)
(vide Quadro 4.3 - A Matriz de Insumo - Produto no Modelo Aberto)
Implicações das Trocas Internacionais: pela ótica real
Papel das Exportações (Xs):
a) quanto à importância quantitativa das Xs:
- trata-se de mais um componente da demanda pela produção de um país
- portanto, o nível de atividade econômica depende também das Xs
- em que medida? Na razão do coeficiente de Xs (em relação ao PIB)
- Xs: variável externa (depende da demanda internacional)
- portanto, se esta cai => cai também a produção, o emprego e a renda nacionais
- com sérias implicações para manter o fluxo de Ms
-

b) quanto à importância qualitativa das Xs (ou seja, estrutura da pauta de Xs):


- fornece uma primeira aproximação do grau de desenvolvimento do país
- classificando as Xs em matéria-prima (a), alimentos (b) e produtos manufaturados (c):
o quanto > a e b: maior o grau de subdesenvolvimento (menor o grau de industrialização)
o quanto > c: maior o grau de desenvolvimento (maior o grau de industrialização)
- Brasil - % das manufaturas nas Xs: 1965 = 8%, anos 1980s = 55%; hoje = 70%
-
Nota: Balanço de serviços: Os países do “terceiro mundo” são importadores líquidos de serviços internacionais (principalmente financiamentos, transportes e seguros) => déficits no balanço de serviços.

Papel das importações (Ms):


a) quanto à importância quantitativa das Ms:
- a viabilização das Ms passa pela capacidade de o país realizar Xs
- mas claro que as Ms depende que haja demanda interna para os bens importados
- ou seja, depende do nível de atividade interna
b) quanto à importância qualitativa das Ms (ou seja, estrutura da pauta de Ms):
- também reflete o grau de desenvolvimento do país
- classificando as Ms em matéria-prima (a), alimentos (b) e produtos manufaturados (c):
o quanto > a e b: maior o grau de desenvolvimento (maior o grau de industrialização)
o quanto > c: menor o grau de desenvolvimento (menor o grau de industrialização)
- ou seja: países desenvolvidos são tipicamente importadores de alimentos e matérias-primas, e os países pobres, de bens manufaturados
Notas:
- A classificação de B&S por finalidade de uso (bens de consumo, intermediários e de capital) também ajuda a identificar o estágio de industrialização
alcançado por uma economia subdesenvolvida.
- O coeficiente de abertura é um indicador importante, mas deve ser cotejado com outras informações. Ex: imagine o que acontece com um país que
está fazendo um grande esforço para se industrializar.
- Tendo o país atingido certo grau de industrialização, qualquer situação restritiva de Ms afeta direta e imediatamente o nível interno de atividade
- Se a restrição for originada por queda de Xs => além da redução de produto/renda/emprego do setor Xdor, haverá também retração do setor industrial
=> queda geral da atividade econômica do país.
Análise por grau de intensidade tecnológica (Xs e Ms):
- podemos também classificar as Xs e as Ms industriais por grau de intensidade tecnológica
- países desenvolvidos: X produtos mais avançados tecnologicamente
- países subdesenvolvidos: X produtos mais atrasados tecnologicamente e M produtos mais avançados
- implicações para estes últimos: ao incorporar técnicas estabelecidas para economias desenvolvidas, criam novas disparidades na
disponibilidade fatorial da sua economia
- cria-se um tipo de dependência: a da importação tecnológica, que constitui um dos maiores problemas do mundo subdesenvolvido.
4.2. Principais determinantes das relações econômicas internacionais (i.e., fatores que impelem as economias nacionais a se inserirem na DIT (divisão
internacional do trabalho)
1) Necessidade de complementação de oferta e demanda nacionais
2) Escassez de recursos naturais
3) Tamanho do mercado nacional
4) Desenvolvimento econômico nacional
5) Integração econômica regional
6) A própria expansão do sistema capitalista internacional => conquista de novos mercados
7) Outros determinantes das relações econômicas internacionais: guerras/indenizações, meio ambiente/cataclismos, segurança
continental/regional, políticos etc.
Os adeptos do neoliberalismo apregoam a falsa ideia de que, com a abertura, as empresas se tornariam mais competitivas e eficientes.
Mas, na realidade, como estão divididas as transações comerciais internacionais (ou formas de inserção na DIT)?
- nações subdesenvolvidas de pequeno/médio tamanho: baixo grau de industrialização
- países desenvolvidos de tamanho pequeno/médio: industrializados e especializados
- países desenvolvidos de grande dimensão territorial ou de grande mercado (EUA, Japão): industrializados e diversificados
- países subdesenvolvidos de grande tamanho territorial ou de mercado interno médio (Brasil, Índia, China, Rússia): em geral, industrializados
e diversificados, porém com raros produtos competitivos em setores de tecnologia avançada
Estes últimos países se “especializam” na produção de bens que usam intensamente mão de obra barata e recursos naturais (escassos, na maioria
dos países desenvolvidos), como insumos básicos ou produtos agroindustriais ou ainda produtos de alto consumo energéticos ou altamente poluidores
do meio ambiente (essas seriam nossas “eficiências”!)
QUESTÃO 16:
16. Que conclusões podem ser extraídas do filme “Roger e Eu” com relação ao tema do cap. 4 (As Relações Econômicas Internacionais).
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RESUMO: Determinantes do tipo de inserção dos Países na DIT (Divisão Internacional do Trabalho):
Os países diferem quanto ao grau de abertura e quanto à qualidade da abertura p/exterior.
Medida: Grau de abertura para o exterior (%)
Principais indicadores: X/PIB; M/PIB; (X+M)/PIB
Qualidade da abertura p/exterior:
a) Grau de especialização ou diversificação das pautas de X e M
b) Tipos de produtos importados e exportados segundo:
b.1) classes de grandes setores: - primário
- secundário (em especial, manufaturados)
b.2) grau de sofisticação tecnológica: - baixa
- média
- alta
b.3) destino: BC (duráveis e não duráveis); BIs; BK
b.4) intensidade do processo produtivo em termos dos FPs: K, T, RN

Fatores explicativos principais (tipologia de grupos de países):


- Tamanho do país e/ou mercado interno
- Grau de desenvolvimento (industrialização)

Extensão territorial / tamanho do mercado interno reduzidos Extensão territorial / tamanho do mercado interno elevados
Países Desenvolvidos - alto grau de abertura ao exterior - baixo grau de abertura ao exterior

- industrializados - elevado grau de industrialização

- especialização da produção interna - elevado grau diversificação da produção interna

- pauta típica dos principais produtos exportados: altamente especializada, - pauta típica dos principais produtos exportados: diversificada,
competindo eficientemente com os desenvolvidos de maior porte contendo muitos itens de alta tecnologia
- pauta típica dos principais produtos importados: diversificada - pauta típica dos principais produtos importados: diversificada, mas
concentrada em itens de baixa tecnologia ou intensivos em RN
- Ex: Suíça
- Ex: EUA e Japão
- alto grau de abertura ao exterior - baixo grau de abertura ao exterior
Países
Subdesenvolvidos - baixo grau de industrialização - industrializados

- alto grau de especialização da produção interna - elevado grau de diversificação da produção interna

- pauta típica dos principais produtos exportados: alguns produtos - pauta típica dos principais produtos exportados: diversificada, porém
primários tradicionais (só excepcionalmente, alguns produtos com raros produtos em setores de tecnologia avançada
manufaturados)
- pauta típica dos principais produtos importados: diversificada,
- pauta típica dos principais produtos importados: diversificada contendo muitos itens de alta tecnologia

- Ex: Brasil*
- Ex: Bolívia

* Estes últimos países se “especializam” na produção de bens que usam intensamente mão de obra barata e recursos naturais (escassos, na maioria dos países desenvolvidos), como insumos básicos
ou produtos agroindustriais ou ainda produtos de alto consumo energéticos ou altamente poluidores do meio ambiente (essas seriam nossas “eficiências”!
Notas de apoio à contextualização histórica (leitura complementar):
Fatos importantes pós-1960s:
- endividamento externo da periferia internacional e sua subsequente crise
- a exacerbação da crise financeira internacional
- a ruptura do bloco socialista liderado pela URSS
- e, a partir dos 1990s, a imposição de políticas neoliberais e da globalização
O Brasil (assim como alguns outros poucos países subdesenvolvidos) intensificou sua industrialização – sem perder a condição de subdesenvolvido.
Com a crise dos 1970s e o neoliberalismo: países mais industrializados (principalmente EUA e Japão) saem em busca de trabalho externo barato ou de condições externas de menores custos, via
implantação de “plataformas de exportação” (México, América Central e Ásia) ou ampliação do comércio intrafirma, recompondo a produção das partes de seus produtos finais, com produções
específicas em vários países, via terceirização ou não.

Pós-2ªGM:
- os países membros do FMI fixaram oficialmente o valor de suas moedas nacionais, com base em suas reservas de ouro e de dólares americanos.
- por outro lado, dada a hegemonia dos EUA, cada moeda nacional passou a ter um valor referenciado ao US$.
- assim, o valor de cada moeda nacional passou a ser expresso em termos de “x unidades de moeda nacional por dólar americano” (relação essa que deveria permanecer fixa, sendo permitidas
reduzidas flutuações).

A fixação daquelas relações (taxas cambiais) no imediato pós-guerra não garantiu que elas se mantivessem por muito tempo. Estas oscilações podem causar (e causaram) várias consequências. As
moedas das diferentes nações têm diferentes valores e podem ter diferentes graus de poder de compra (dólar americano, libra inglesa, iene japonês, dólar canadense, etc). Algumas são
consideradas “moedas fortes” e têm aceitação como meio de pagamentos internacionais.
O que ocorre com as “moedas fracas” ou “intermediárias”? Praticamente circulam apenas dentro de suas respectivas fronteiras.

Principais Organismos internacionais: ONU: paz e segurança no mundo; OMS: saúde; UNESCO: educação; FAO: desenvolvimento agrícola; OMC (ex-GATT) e UNCTAD: comércio
internacional de B&S; FMI: assuntos monetários; BIRD: financiamentos de projetos de desenvolvimento etc.
Governos nacionais: Adotam instrumentos e mecanismos de controle (restritivos ou fomentadores de suas transações)
Problema: devem se submeter às regras ditadas por organismos internacionais

Breve histórico do aparato institucional internacional (a partir da 2a metade do séc. XIX):


- Cenário: grande impulso no comércio internacional liderado pela Inglaterra (com atuação liberal), seguida pela França e Alemanha (que começam a implantar controles restritivos: sistemas de
impostos aduaneiros protecionistas – que vão sendo progressivamente adotados por outros países).
- Londres: vai se consolidando como o centro das finanças internacionais.
- Sistema de pagtos em vigor: padrão ouro, com liberdade de movimentação do ouro ou de divisas (moedas nacionais fortes) bem como a livre conversão de ouro por moeda ou moeda por ouro.
- Por volta da 1a GM: sistema começa a ruir, destruindo-se totalmente com a Crise 1929.
- Somando-se à 2a. GM, o resultado é uma grande desarticulação da economia internacional.
- Tentativa de reorganização no pós-guerra (Conferência de Bretton-Woods, 1944): - criação do FMI – visando expandir o comércio, assegurar a estabilidade cambial, financiar déficits de BPs
etc.; - criação do BM/BIRD – visando financiar projetos de desenvolvimento/reconstrução
- 1948: criação do GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) – visando reorganizar o comércio e rebaixar os impostos aduaneiros (para liberar as trocas). O GATT foi substituído pela OMC
(Organização Mundial do Comércio ), em 1995.
- Problemas p/ países subdesenvolvidos (Xdores de produtos primários): deterioração dos preços de suas Xs, dificuldades de financiamento do comércio e poder discricionário dos países ricos.
- Década 1960: esforços da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) em prol da integração latino-americana e da criação de mecanismos de defesa para Xs da região.
- Como resultado da pressão, em 1964: criação da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento) – organismo internacional que tenta intervir para reduzir aqueles
efeitos perversos.

Principais instrumentos utilizados pelos governos nacionais:


- Tarifas aduaneiras (ou impostos de M) - ad valorem, específicas ou mistas (importante instrumento de política econômica p/proteção à produção interna)
- Tx cambial (mecanismo clássico, depois da queda do padrão ouro). Estabelece o preço nacional de 1 moeda estrangeira. Pode ser única ou múltipla
- Ratificação de acordos específicos – ex: Acordo Internacional do Café, do cacau, do algodão etc.
- Outros tipos de controles quantitativos e qualitativos – ex: critérios seletivos para M, regime de licenças para M ou X, contingenciamento, cotas de mistura de insumos nacionais com insumos
importados, controles fitossanitários, tempo mínimo de permanência de investimentos etc.
Nota: O manejo da taxa de câmbio é muito importante para a estabilidade cambial e monetária de um país. Seu manejo pode provocar: deterioração das finanças públicas; inflação; contração ou
expansão de X ou M; alteração dos preços relativos etc.

Notas de Apoio sobre As relações econômicas internacionais e o “Terceiro Mundo” (item 4.3 – p. 113-128)
Um pouco de história:
Sécs. XVI e XVIII – Mercantilismo, expansão do comércio internacional, “Klismo comercial”
Sécs. XVIII e XIX – Rev. Indal., ingresso no Klismo industrial, política imperialista-colonialista
Colapso: 2 GMs + “crise de 1929
Hegemonia: Inglaterra; depois EUA
Colonialismo => “modelo de crescimento primário-exportador” nos países da periferia (vide Quadro 4.5 e 4.6)
Crise de 1929: desorganiza este esquema de relações econômicas internacionais.
A redução das Xs da periferia => redução da capacidade de M => estímulo à produção interna
Entre os países que buscaram um processo de industrialização substituidora de Ms, os mais bem-sucedidos, na América Latina, são: Brasil, Argentina e México (“modelo de substituição de
importações” – Maria da Conceição Tavares, 1972)
O modelo é implantado em etapas: 1º) manufaturas leves ou bens de consumo não duráveis;
2º) manufaturas + complexas (insumos, BK)
Implicações: mudanças estruturais na pauta de Ms (que vai se tornando + rígida): pressões inflacionárias; desequilíbrio externo crônico: déficit em Trans.Correntes e aumento dívida

Somados os anos do período 1982-1990 (o da “crise da dívida”):


América Latina transferiu recursos líquidos para o “resto do mundo”, em um total de US$ 221 bi (Brasil=75, Argentina=33, México=72)
Saldo acumulado de sua dívida externa: 1979 = US$ 116 bi ; 1995 = US$ 574 bi

Elevação do nosso grau de dependência externa: serviço da dívida externa; remessa de lucros e de direitos de patentes; introdução de novas técnicas externas x disponibilidade interna de fatores;
grandes filiais estrangeiras detêm grande parte da produção interna de vários setores; Xs de manufaturados frequentemente depende de decisões das matrizes destas filiais

O período atual: globalização e políticas neoliberais (subitem 4.3.1)


Globalização Financeira + Globalização Produtiva
O capitalismo central desenterrou velhos postulados liberais, dando-lhes uma roupagem de “modernidade” – o neoliberalismo – que consiste, fundamentalmente, em: deliberado enfraquecimento
dos Estados nacionais; liberalização da entrada e saída do capital estrangeiro (e do nacional); abertura comercial e de serviços; ruptura de monopólios públicos e privatização; flexibilização dos
contratos de trabalho; garantia de leis de patentes aos países desenvolvidos; corte ou abandono das políticas públicas sociais

A 3a Revolução Industrial tem causado efeitos perversos para os países subdesenvolvidos: destruição > criação de empregos; substituição de muitos insumos tradicionais por modernos; aceleração
da obsolescência de processos e equipamentos (queima de K); aumento do grau de concentração de K (nas mãos das gigantes estrangeiras)

Em resumo: a Globalização Produtiva é restrita a poucos (na AL: Brasil, Argentina e México); a “modernidade” impõe altíssimo preço

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