também proteger as crianças, Jesus passa a falar sobre o perigo das riquezas.
O dinheiro é o ídolo que tem o maior número de
adoradores neste mundo.
Pessoas casam, divorciam, matam e morrem pelo
dinheiro. No sermão do monte, Jesus disse que não podemos servir a Deus e às riquezas ao mesmo tempo (6.24).
De todas as pessoas que buscaram Cristo, esse
homem é o único que saiu pior do que chegou. Ele 2
foi amado por Jesus (Mc 10.21), mas, mesmo assim,
desperdiçou a maior oportunidade da sua vida.
Digo isso por ele ter procurado a pessoa certa, de ter
abordado o tema certo, de ter recebido a resposta certa, ele tomou a decisão errada.
Ele amou mais o dinheiro do que a Deus, mais a
terra do que o céu, mais os prazeres transitórios desta vida do que a salvação da sua alma.
O evangelismo moderno está preocupado com
decisões, estatísticas, “ir à frente”, macetes, apresentações pré-fabricadas, manipulação emocional e até intimidação. Jesus, porém, não tornou a mensagem mais palatável para fisgar esse jovem rico. Revelou a ele que a salvação é 3
para aqueles que estão dispostos a abandonar
tudo.
Esse acontecimento é relatado nos três evangelhos
sinóticos. Quando comparamos cada passagem, vemos que esse homem era rico, jovem e ocupava posição de destaque na sociedade; porém, nada disso preencheu o vazio do seu coração.
Tema: O perigo das riquezas!
Desenvolvimento
As riquezas não suprem a necessidade da
alma. 16-22
O que podemos observar inicialmente é que
esse jovem tem excelentes qualidades: ele era rico, proeminente, tinha uma ética-moral acima 4
da média, preocupado com seu coração e
reverente. Entretanto, todas as qualidades não puderam preencher o vazio da sua alma.
Em primeiro lugar, ele era jovem
(19.20). Esse jovem estava no alvorecer da vida. Tinha toda a sua vida pela frente e toda a oportunidade de investir o seu futuro no reino dos céus. Ele tinha saúde, vigor, força, sonhos.
Em segundo lugar, ele era riquíssimo
(Lc. 18.23). Esse jovem possuía tudo que este mundo podia oferecer: casa, bens, conforto, luxo, banquetes, festas, joias, propriedades, dinheiro. Ele era dono de 5
muitas propriedades. Embora jovem, já era
muito rico.
Em terceiro lugar, ele era proeminente
(Lc 18. 18 “18 Certo homem de posição perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?”). Lucas diz que ele era um homem de posição. Ele possuía um elevado Status na sociedade. Ele tinha fama e glória. Apesar de ser jovem, já era rico; apesar de ser rico, era também um líder famoso e influente na sociedade. Tinha reputação e grande prestígio. 6
Em quarto lugar, ele era virtuoso
(19.20). Tudo isso tenho observado; que me falta ainda? Aquele jovem julgava ser portador de excelentes qualidades morais. Ele se olhava no espelho da lei e dava nota máxima para si mesmo. Considerava-se um jovem íntegro. Não vivia em orgias nem saqueava os bens alheios. Vivia de forma honrada, dentro dos mais rígidos padrões morais. Possuía uma excelente conduta exterior. Era um modelo para o seu tempo. Um jovem que a maioria das mães gostaria de ter como genro. Era um jovem que emoldurava o 7
sonho da maioria dos pais
contemporâneos.
Em quinto lugar, ele era insatisfeito com
sua vida espiritual (19.20). Que me falta ainda? Ele tinha tudo para ser feliz, mas seu coração ainda estava vazio.
Deus pôs a eternidade no coração do
homem e nada deste mundo pode preencher esse vazio. Seu dinheiro, reputação e liderança não preencheram o vazio da sua alma.
Ele estava cansado da vida que levava.
Nada satisfazia seus anseios. Ser rico não basta; ser honesto não basta; ser 8
religioso não basta. Nossa alma tem sede
de Deus. Esse jovem sofria de um paradoxo em sua alma. Ele não se achava em falta em relação ao cumprimento de todos os mandamentos. Mesmo assim, sua consciência estava intranquila. Jesus citou o que ele não tinha.
Em sexto lugar, ele era uma pessoa
sedenta de salvação (19. 16). Sua pergunta foi enfática: mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna? Ele estava ansioso por algo mais que não havia encontrado no dinheiro. Ele sabia que 9
não possuía a vida eterna, a despeito de
viver uma vida correta aos olhos dos homens. Ele não queria enganar a si mesmo. Queria ser salvo. Esse jovem tinha muita riqueza na casa, mas muita pobreza na alma.
Em sétimo lugar, ele foi a Jesus, a
pessoa certa (19.16; Mc 10.17). Ele foi a Jesus; buscou o único que pode salvar. Ele já tinha ouvido falar de Jesus. Sabia que ele já salvara muitas pessoas. Sabia que Jesus era a solução para a sua vida, a resposta para o seu vazio. Ele não buscou atalhos, mas trilhou o único caminho que leva ao céu. 10
Em oitavo lugar, ele foi a Jesus com
pressa (Mc 10.17). E, pondo-se a caminho, correu um homem ao seu encontro. Naquela época, pessoas tidas como importantes não corriam em lugares públicos, mas esse jovem correu. Ele tinha pressa. Esse jovem não podia mais esperar, não podia mais protelar sua decisão. Ele não se importava com a opinião das pessoas. Ele tinha urgência para salvar a sua alma.
Em nono lugar, ele foi a Jesus de forma
reverente (Mc 10. 17). ... e, ajoelhando- se, perguntou-lhe: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? Esse 11
jovem se humilhou, caindo de joelhos
aos pés de Jesus. Ele demonstrou ter um coração quebrantado e uma alma sedenta. Não havia dureza de coração nem resistência. Ele se rendeu aos pés do Senhor.
As aparências nos enganam Mt. 19. 16-22
As virtudes do jovem rico eram apenas
aparentes. Ele superestimava suas qualidades. Ele deu a si mesmo nota máxima, mas Jesus tirou sua máscara e lhe revelou que a avaliação que fazia de si, da salvação, do pecado, da lei e do próprio Jesus era muito superficial. 12
Em primeiro lugar, ele estava enganado
a respeito da Salvação (19.16). Ele viu a salvação como uma questão de mérito, e não como um presente da graça de Deus. Ele perguntou: ... Mestre, que farei eu de bom, para herdar a vida eterna? Seu desejo de ter a vida eterna era sincero, mas estava enganado quanto à maneira de tê-la. Ele queria obter a salvação por obras, e não pela graça. Ele cria na salvação pelas obras.
Todas as religiões do mundo ensinam que o
homem é salvo pelas suas obras.
Muitas pessoas pensam que no dia do juízo
Deus vai colocar na balança as obras más e as 13
boas obras, e a salvação será o resultado do
prevalecimento das boas obras sobre as obras más. Mas a salvação não consiste naquilo que fazemos para Deus, mas no que Deus fez por nós em Cristo Jesus.
Em segundo lugar, ele estava enganado
a respeito de Si mesmo (10.17-20). O jovem rico não tinha consciência de quão pecador ele era. Ele pensou que suas virtudes externas podiam agradar a Deus. Porém, as Escrituras dizem que todos somos como 0 imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia aos olhos do Deus santo (Is 64.6 “6 Mas 14
todos nós somos como o imundo, e todas
as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades, como um vento, nos arrebatam.”).
Ele era idólatra. Seu deus era o dinheiro.
Seu dinheiro era apenas para o seu deleite. Sua teologia era baseada em não fazer coisas erradas, em vez de fazer coisas certas. Jesus cita para esse jovem apenas os mandamentos da segunda tábua da lei e o fez para mostrar-lhe que aquele que não ama a seu irmão a quem 15
vê não pode amar a Deus a quem não vê
(l Jo 4.20).
Jesus disse ao jovem rico: ... Só uma coisa te
falta: Vai, vende tudo o que tem, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e Segue-me (Mc 10.21). O que faltava a ele? O novo nascimento, a conversão, o buscar a Deus em primeiro lugar. Ele queria a vida eterna, mas não renunciou aos seus ídolos. O jovem rico não foi chamado à pobreza como um fim, mas ao discipulado de Jesus. Não se pode ir a Jesus Cristo pedindo salvação tão somente com base em ansiedade, falta de paz, sensação de desespero, falta de alegria, ou 16
desejo de ser feliz. A salvação é para
aqueles que reconhecem e odeiam o seu pecado e desejam dar as costas às coisas desta vida. É para pessoas que compreendem que têm vivido em rebeldia contra o Deus santo. É para aqueles que querem dar meia-volta e viver para a glória de Deus.
Em terceiro lugar, ele estava enganado a
respeito da lei de Deus (19. 18-20). Ele mediu sua obediência apenas por ações externas, e não por atitudes internas.
Jesus não introduziu o assunto da lei
para mostrar ao jovem como ser salvo, 17
mas para mostrar-lhe que precisava ser
salvo. Aos olhos de um observador desatento, ele passaria no teste, mas Jesus identificou a cobiça em seu coração. Esse é o mandamento subjetivo da lei. Ele não pode ser apanhado por nenhum tribunal humano. Só Deus consegue diagnosticá-lo. Jesus viu no coração desse homem o amor ao dinheiro como a raiz de todos os seus males (l Tm 6.10). O dinheiro era o seu deus; ele confiava nele e o adorava. O jovem era dono de muitas propriedades. Ele as possuía; elas o possuíam, pois tinham se apoderado firmemente dele. 18
Em quarto lugar, ele estava enganado a
respeito de Jesus (19.16; Mc 10.17). Ele chama Jesus de bom mestre, mas não está pronto a lhe obedecer. Ele pensa que Jesus é apenas um rabino, e não o Deus verdadeiro que se encarnou. Jesus queria que o jovem visse a si mesmo como um pecador antes de ajoelhar-se diante do Deus santo. Não podemos ser salvos pela observância da lei, pois somos rendidos ao pecado. A lei é como um espelho: ela mostra a nossa sujeira, mas não remove as manchas. O propósito da lei é trazer o pecador a Cristo (Gl 3.24). A lei pode levar o pecador a Cristo, mas não 19
pode tornar o pecador semelhante a
Cristo. Somente a graça pode fazer isso.
Em quinto lugar, ele estava enganado
acerca da verdadeira riqueza (19.21,22). Depois de perturbar a complacência do homem com a constatação de que uma coisa lhe faltava, Jesus o desafia com uma série de cinco imperativos: Vai, vende os teus bens, DÁ aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem, e segue-me (19.21). Esses cinco imperativos são apenas uma ordem que exige uma só reação. Ele deve renunciar àquilo que constitui o objeto de sua afeição antes de poder viver debaixo do 20
senhorio de Deus. O jovem rico perdeu a
riqueza eterna, por causa da riqueza temporal. Ele rejeitou a Cristo e a vida eterna. Agarrou-se ao seu dinheiro e com ele pereceu. Saiu triste e pior, por ter rejeitado a verdadeira riqueza, aquela que não perece, o jovem rico se torna o mais pobre entre os pobres.
Disse certa vez um homem a mim: Somos
ensinados que um pecador é salvo ao vender seus bens e doá-los aos pobres! Jesus nunca disse para Nicodemos fazer isso, nem o ordenou a nenhum outro pecador cuja história se encontre registrada nos evangelhos. 21
Jesus sabia que o rapaz era cobiçoso e amava as
riquezas. Mesmo com todas as suas qualidades tão louváveis, o jovem continuava não amando a Deus de todo o coração. Os bens eram seu deus, por isso foi incapaz de obedecer à ordem: vai, vende [...] vem e segue-me.
O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro
nos possuir. O problema não é a riqueza, mas a riqueza ser um substituto de Deus.
Há dois pontos aqui:
Em primeiro lugar, os que confiam na
riqueza não podem confiar em Deus (19.23-26). Como já temos afirmado, o 22
dinheiro é mais do que uma moeda; é um deus.
O dinheiro é o maior dono de escravos do mundo. Ele é um espírito; ele é Mamom. Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ninguém pode servir a Deus e às riquezas. A confiança em Deus implica o abandono de todos os ídolos. Quem põe a confiança no dinheiro, não pode confiar em Deus para a sua própria salvação. Nosso coração somente tem espaço para uma única devoção, e nós só podemos nos entregar ao único Senhor. “Um ídolo afagado no coração pode arruinar uma alma para sempre”. 23
Jesus não está condenando a riqueza, mas a
confiança nela. A raiz de todos os males não é o dinheiro, mas o amor a ele (lTm 6.10). Há pessoas ricas e piedosas.
Jesus ilustrou a impossibilidade da salvação
daquele que confia no dinheiro: É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus ( 19.24). Jesus diz incisivamente que se tratava de algo impossível ( 19.26).
Em segundo lugar, ri salvação é uma
obra milagrosa de Deus (19.25,26). Os discípulos ficam aturdidos com a posição radical de Jesus e perguntaram: Sendo assim, 24
quem pode ser salvo? (19.25). Jesus, porém,
fitando neles o olhar, disse: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível ( 19.26). A conversão de um pecador é uma obra sobrenatural do Espírito Santo. Ninguém pode salvar a si mesmo. Ninguém pode regenerar a si mesmo. Somente Deus pode fazer de um amante do dinheiro um adorador do Deus vivo.
A verdadeira riqueza em face a pobreza
dos valores do mundo
Três fatos nos chamam a atenção acerca dos
discípulos: 25
Em primeiro lugar, a abnegação
(19.27,29 ler o texto). Seguir a Cristo é o maior projeto da vida. Vale a pena abrir mão de tudo para ganhar a Cristo. Ele é a pérola de grande valor.
Em segundo lugar, a motivação (19.29).
Não basta deixar tudo por amor a Cristo; é preciso fazê-lo pela motivação certa. Jesus é claro em sua exigência: ... por causa do meu nome... (19.29). Precisamos fazer a coisa certa com a motivação certa. O objetivo da abnegação não é receber recompensa. Não servimos a Deus por aquilo que ele dá, mas por quem ele é (Dn 3.16-18). Mas Jesus diz que 26
precisamos deixar casas, irmãos, irmãs, pai,
mãe, mulher, filhos, campos, por causa do seu nome (19.29).
Em terceiro lugar, a recompensa
( 10.29b,30). Jesus garante aos seus discípulos que todo aquele que o segue não perderá o que realmente é importante, quer nesta vida quer na vida por vir. Jesus menciona duas recompensas e duas realidades.
Primeiro, há uma recompensa imediata.
Seguir a Cristo é um caminho venturoso. Deus não tira; ele dá. Ele dá generosamente. Quem abre mão de alguma coisa ou de alguém por 27
amor de Cristo e pelo evangelho, recebe muitas
vezes mais (19.29).
Segundo, há uma recompensa futura
(19.29). No mundo por vir, receberemos a vida eterna. Essa vida é superlativa, gloriosa e feliz. Então, receberemos um novo corpo, semelhante ao corpo da glória de Cristo. Reinaremos com ele para sempre