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O perigo das riquezas!


Rev. Fábio Henrique do Nascimento Costa

Introdução/ Elucidação

Depois de falar sobre casamento e divórcio, como


também proteger as crianças, Jesus passa a falar
sobre o perigo das riquezas.

O dinheiro é o ídolo que tem o maior número de


adoradores neste mundo.

Pessoas casam, divorciam, matam e morrem pelo


dinheiro. No sermão do monte, Jesus disse que não
podemos servir a Deus e às riquezas ao mesmo
tempo (6.24).

De todas as pessoas que buscaram Cristo, esse


homem é o único que saiu pior do que chegou. Ele
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foi amado por Jesus (Mc 10.21), mas, mesmo assim,


desperdiçou a maior oportunidade da sua vida.

Digo isso por ele ter procurado a pessoa certa, de ter


abordado o tema certo, de ter recebido a resposta
certa, ele tomou a decisão errada.

Ele amou mais o dinheiro do que a Deus, mais a


terra do que o céu, mais os prazeres transitórios
desta vida do que a salvação da sua alma.

O evangelismo moderno está preocupado com


decisões, estatísticas, “ir à frente”, macetes,
apresentações pré-fabricadas, manipulação
emocional e até intimidação. Jesus, porém, não
tornou a mensagem mais palatável para fisgar
esse jovem rico. Revelou a ele que a salvação é
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para aqueles que estão dispostos a abandonar


tudo.

Esse acontecimento é relatado nos três evangelhos


sinóticos. Quando comparamos cada passagem,
vemos que esse homem era rico, jovem e ocupava
posição de destaque na sociedade; porém, nada disso
preencheu o vazio do seu coração.

Tema: O perigo das riquezas!

Desenvolvimento

As riquezas não suprem a necessidade da


alma. 16-22

O que podemos observar inicialmente é que


esse jovem tem excelentes qualidades: ele era
rico, proeminente, tinha uma ética-moral acima
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da média, preocupado com seu coração e


reverente. Entretanto, todas as qualidades não
puderam preencher o vazio da sua alma.

Em primeiro lugar, ele era jovem


(19.20). Esse jovem estava no alvorecer da
vida. Tinha toda a sua vida pela frente e toda a
oportunidade de investir o seu futuro no reino
dos céus. Ele tinha saúde, vigor, força, sonhos.

Em segundo lugar, ele era riquíssimo


(Lc. 18.23). Esse jovem possuía tudo que
este mundo podia oferecer: casa, bens,
conforto, luxo, banquetes, festas, joias,
propriedades, dinheiro. Ele era dono de
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muitas propriedades. Embora jovem, já era


muito rico.

Em terceiro lugar, ele era proeminente


(Lc 18. 18 “18 Certo homem de posição
perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei
para herdar a vida eterna?”). Lucas diz
que ele era um homem de posição. Ele possuía
um elevado Status na sociedade. Ele tinha fama
e glória. Apesar de ser jovem, já era rico; apesar
de ser rico, era também um líder famoso e
influente na sociedade. Tinha reputação e
grande prestígio.
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Em quarto lugar, ele era virtuoso


(19.20). Tudo isso tenho observado; que
me falta ainda? Aquele jovem julgava ser
portador de excelentes qualidades
morais. Ele se olhava no espelho da lei e
dava nota máxima para si mesmo.
Considerava-se um jovem íntegro. Não
vivia em orgias nem saqueava os bens
alheios. Vivia de forma honrada, dentro
dos mais rígidos padrões morais.
Possuía uma excelente conduta exterior.
Era um modelo para o seu tempo. Um jovem
que a maioria das mães gostaria de ter como
genro. Era um jovem que emoldurava o
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sonho da maioria dos pais


contemporâneos.

Em quinto lugar, ele era insatisfeito com


sua vida espiritual (19.20). Que me falta
ainda? Ele tinha tudo para ser feliz, mas seu
coração ainda estava vazio.

Deus pôs a eternidade no coração do


homem e nada deste mundo pode
preencher esse vazio. Seu dinheiro,
reputação e liderança não preencheram
o vazio da sua alma.

Ele estava cansado da vida que levava.


Nada satisfazia seus anseios. Ser rico não
basta; ser honesto não basta; ser
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religioso não basta. Nossa alma tem sede


de Deus. Esse jovem sofria de um
paradoxo em sua alma. Ele não se achava
em falta em relação ao cumprimento de
todos os mandamentos. Mesmo
assim, sua consciência estava
intranquila. Jesus citou o que ele não
tinha.

Em sexto lugar, ele era uma pessoa


sedenta de salvação (19. 16). Sua pergunta
foi enfática: mestre, que farei eu de bom,
para alcançar a vida eterna? Ele estava
ansioso por algo mais que não havia
encontrado no dinheiro. Ele sabia que
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não possuía a vida eterna, a despeito de


viver uma vida correta aos olhos dos
homens. Ele não queria enganar a si mesmo.
Queria ser salvo. Esse jovem tinha muita
riqueza na casa, mas muita pobreza na alma.

Em sétimo lugar, ele foi a Jesus, a


pessoa certa (19.16; Mc 10.17). Ele foi a
Jesus; buscou o único que pode salvar.
Ele já tinha ouvido falar de Jesus. Sabia
que ele já salvara muitas pessoas. Sabia
que Jesus era a solução para a sua vida, a
resposta para o seu vazio. Ele não buscou
atalhos, mas trilhou o único caminho
que leva ao céu.
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Em oitavo lugar, ele foi a Jesus com


pressa (Mc 10.17). E, pondo-se a
caminho, correu um homem ao seu
encontro. Naquela época, pessoas tidas como
importantes não corriam em lugares públicos,
mas esse jovem correu. Ele tinha pressa. Esse
jovem não podia mais esperar, não podia mais
protelar sua decisão. Ele não se importava com
a opinião das pessoas. Ele tinha urgência para
salvar a sua alma.

Em nono lugar, ele foi a Jesus de forma


reverente (Mc 10. 17). ... e, ajoelhando-
se, perguntou-lhe: Bom mestre, que
farei para herdar a vida eterna? Esse
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jovem se humilhou, caindo de joelhos


aos pés de Jesus. Ele demonstrou ter
um coração quebrantado e uma alma
sedenta. Não havia dureza de coração
nem resistência. Ele se rendeu aos pés do
Senhor.

As aparências nos enganam Mt. 19. 16-22

As virtudes do jovem rico eram apenas


aparentes. Ele superestimava suas qualidades.
Ele deu a si mesmo nota máxima, mas Jesus
tirou sua máscara e lhe revelou que a avaliação
que fazia de si, da salvação, do pecado, da lei e
do próprio Jesus era muito superficial.
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Em primeiro lugar, ele estava enganado


a respeito da Salvação (19.16). Ele viu a
salvação como uma questão de mérito, e não
como um presente da graça de Deus. Ele
perguntou: ... Mestre, que farei eu de bom,
para herdar a vida eterna? Seu desejo de
ter a vida eterna era sincero, mas estava
enganado quanto à maneira de tê-la. Ele queria
obter a salvação por obras, e não pela graça. Ele
cria na salvação pelas obras.

Todas as religiões do mundo ensinam que o


homem é salvo pelas suas obras.

Muitas pessoas pensam que no dia do juízo


Deus vai colocar na balança as obras más e as
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boas obras, e a salvação será o resultado do


prevalecimento das boas obras sobre as obras
más. Mas a salvação não consiste naquilo que
fazemos para Deus, mas no que Deus fez por
nós em Cristo Jesus.

Em segundo lugar, ele estava enganado


a respeito de Si mesmo (10.17-20). O
jovem rico não tinha consciência de quão
pecador ele era. Ele pensou que suas
virtudes externas podiam agradar a
Deus. Porém, as Escrituras dizem que
todos somos como 0 imundo, e todas as
nossas justiças, como trapo da imundícia
aos olhos do Deus santo (Is 64.6 “6 Mas
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todos nós somos como o imundo, e todas


as nossas justiças, como trapo da
imundícia; todos nós murchamos como a
folha, e as nossas iniquidades, como um
vento, nos arrebatam.”).

Ele era idólatra. Seu deus era o dinheiro.


Seu dinheiro era apenas para o seu
deleite. Sua teologia era baseada em não
fazer coisas erradas, em vez de fazer
coisas certas. Jesus cita para esse jovem
apenas os mandamentos da segunda
tábua da lei e o fez para mostrar-lhe que
aquele que não ama a seu irmão a quem
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vê não pode amar a Deus a quem não vê


(l Jo 4.20).

Jesus disse ao jovem rico: ... Só uma coisa te


falta: Vai, vende tudo o que tem, dá aos
pobres e terás um tesouro no céu; então,
vem e Segue-me (Mc 10.21). O que faltava
a ele? O novo nascimento, a conversão, o
buscar a Deus em primeiro lugar. Ele queria a
vida eterna, mas não renunciou aos seus ídolos.
O jovem rico não foi chamado à pobreza como
um fim, mas ao discipulado de Jesus. Não se
pode ir a Jesus Cristo pedindo salvação tão
somente com base em ansiedade, falta de paz,
sensação de desespero, falta de alegria, ou
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desejo de ser feliz. A salvação é para


aqueles que reconhecem e odeiam o seu
pecado e desejam dar as costas às coisas
desta vida. É para pessoas que
compreendem que têm vivido em
rebeldia contra o Deus santo. É para
aqueles que querem dar meia-volta e
viver para a glória de Deus.

Em terceiro lugar, ele estava enganado a


respeito da lei de Deus (19. 18-20). Ele
mediu sua obediência apenas por ações
externas, e não por atitudes internas.

Jesus não introduziu o assunto da lei


para mostrar ao jovem como ser salvo,
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mas para mostrar-lhe que precisava ser


salvo. Aos olhos de um observador
desatento, ele passaria no teste, mas
Jesus identificou a cobiça em seu
coração. Esse é o mandamento subjetivo
da lei. Ele não pode ser apanhado por
nenhum tribunal humano. Só Deus
consegue diagnosticá-lo. Jesus viu no
coração desse homem o amor ao
dinheiro como a raiz de todos os seus
males (l Tm 6.10). O dinheiro era o seu deus;
ele confiava nele e o adorava. O jovem era dono
de muitas propriedades. Ele as possuía; elas o
possuíam, pois tinham se apoderado
firmemente dele.
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Em quarto lugar, ele estava enganado a


respeito de Jesus (19.16; Mc 10.17). Ele
chama Jesus de bom mestre, mas não
está pronto a lhe obedecer. Ele pensa que
Jesus é apenas um rabino, e não o Deus
verdadeiro que se encarnou. Jesus
queria que o jovem visse a si mesmo
como um pecador antes de ajoelhar-se
diante do Deus santo. Não podemos ser
salvos pela observância da lei, pois
somos rendidos ao pecado. A lei é como
um espelho: ela mostra a nossa sujeira,
mas não remove as manchas. O propósito
da lei é trazer o pecador a Cristo (Gl 3.24). A lei
pode levar o pecador a Cristo, mas não
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pode tornar o pecador semelhante a


Cristo. Somente a graça pode fazer isso.

Em quinto lugar, ele estava enganado


acerca da verdadeira riqueza (19.21,22).
Depois de perturbar a complacência do homem
com a constatação de que uma coisa lhe faltava,
Jesus o desafia com uma série de cinco
imperativos: Vai, vende os teus bens, DÁ
aos pobres e terás um tesouro no céu;
depois, vem, e segue-me (19.21). Esses
cinco imperativos são apenas uma ordem que
exige uma só reação. Ele deve renunciar
àquilo que constitui o objeto de sua
afeição antes de poder viver debaixo do
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senhorio de Deus. O jovem rico perdeu a


riqueza eterna, por causa da riqueza
temporal. Ele rejeitou a Cristo e a vida
eterna. Agarrou-se ao seu dinheiro e com
ele pereceu. Saiu triste e pior, por ter
rejeitado a verdadeira riqueza, aquela
que não perece, o jovem rico se torna o
mais pobre entre os pobres.

Disse certa vez um homem a mim: Somos


ensinados que um pecador é salvo ao
vender seus bens e doá-los aos pobres!
Jesus nunca disse para Nicodemos fazer isso,
nem o ordenou a nenhum outro pecador cuja
história se encontre registrada nos evangelhos.
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Jesus sabia que o rapaz era cobiçoso e amava as


riquezas. Mesmo com todas as suas
qualidades tão louváveis, o jovem
continuava não amando a Deus de todo o
coração. Os bens eram seu deus, por isso foi
incapaz de obedecer à ordem: vai, vende [...]
vem e segue-me.

O problema não é ter dinheiro, mas o dinheiro


nos possuir. O problema não é a riqueza, mas a
riqueza ser um substituto de Deus.

Há dois pontos aqui:

Em primeiro lugar, os que confiam na


riqueza não podem confiar em Deus
(19.23-26). Como já temos afirmado, o
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dinheiro é mais do que uma moeda; é um deus.


O dinheiro é o maior dono de escravos do
mundo. Ele é um espírito; ele é Mamom.
Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo
tempo. Ninguém pode servir a Deus e às
riquezas. A confiança em Deus implica o
abandono de todos os ídolos. Quem põe a
confiança no dinheiro, não pode confiar em
Deus para a sua própria salvação. Nosso
coração somente tem espaço para uma única
devoção, e nós só podemos nos entregar ao
único Senhor. “Um ídolo afagado no coração
pode arruinar uma alma para sempre”.
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Jesus não está condenando a riqueza, mas a


confiança nela. A raiz de todos os males não é o
dinheiro, mas o amor a ele (lTm 6.10). Há
pessoas ricas e piedosas.

Jesus ilustrou a impossibilidade da salvação


daquele que confia no dinheiro: É mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma
agulha do que entrar um rico no reino
de Deus ( 19.24). Jesus diz incisivamente que
se tratava de algo impossível ( 19.26).

Em segundo lugar, ri salvação é uma


obra milagrosa de Deus (19.25,26). Os
discípulos ficam aturdidos com a posição
radical de Jesus e perguntaram: Sendo assim,
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quem pode ser salvo? (19.25). Jesus, porém,


fitando neles o olhar, disse: Isto é impossível
aos homens, mas para Deus tudo é
possível ( 19.26). A conversão de um pecador é
uma obra sobrenatural do Espírito Santo.
Ninguém pode salvar a si mesmo. Ninguém
pode regenerar a si mesmo. Somente Deus pode
fazer de um amante do dinheiro um adorador
do Deus vivo.

A verdadeira riqueza em face a pobreza


dos valores do mundo

Três fatos nos chamam a atenção acerca dos


discípulos:
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Em primeiro lugar, a abnegação


(19.27,29 ler o texto). Seguir a Cristo é o
maior projeto da vida. Vale a pena abrir mão de
tudo para ganhar a Cristo. Ele é a pérola de
grande valor.

Em segundo lugar, a motivação (19.29).


Não basta deixar tudo por amor a Cristo; é
preciso fazê-lo pela motivação certa. Jesus é
claro em sua exigência: ... por causa do meu
nome... (19.29). Precisamos fazer a coisa
certa com a motivação certa. O objetivo da
abnegação não é receber recompensa. Não
servimos a Deus por aquilo que ele dá, mas por
quem ele é (Dn 3.16-18). Mas Jesus diz que
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precisamos deixar casas, irmãos, irmãs, pai,


mãe, mulher, filhos, campos, por causa do seu
nome (19.29).

Em terceiro lugar, a recompensa


( 10.29b,30). Jesus garante aos seus
discípulos que todo aquele que o segue não
perderá o que realmente é importante, quer
nesta vida quer na vida por vir. Jesus menciona
duas recompensas e duas realidades.

Primeiro, há uma recompensa imediata.


Seguir a Cristo é um caminho venturoso. Deus
não tira; ele dá. Ele dá generosamente. Quem
abre mão de alguma coisa ou de alguém por
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amor de Cristo e pelo evangelho, recebe muitas


vezes mais (19.29).

Segundo, há uma recompensa futura


(19.29). No mundo por vir, receberemos a vida
eterna. Essa vida é superlativa, gloriosa e feliz.
Então, receberemos um novo corpo, semelhante
ao corpo da glória de Cristo. Reinaremos com
ele para sempre

Aplicação

Conclusão

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