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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

31º Encontro Anual da Compós, Universidade Federal do Maranhão. Imperatriz - MA. 06 a 10 de junho de 2022.

HOW YOU LIKE THAT: o fomento da empatia no


storytelling de Blackpink 1

HOW YOU LIKE THAT: the fostering of empathy in


Blackpink's storytelling

Rafael Filipe Souza da Silva 2

Resumo: Que estratégias narrativas utilizadas por Blackpink em seus videoclipes contribuem para
o fomento de empatia e audiência no Youtube? Partindo dessa questão, foram
analisados três videoclipes lançados pelo grupo: o da música How You Like That
(2020), que quebrou o recorde de maior estreia do Youtube, e os dois que o
antecederam cronologicamente, o de Kill This Love (2019) e o de Ddu-du Ddu-du
(2018). Pelo prisma da Estética (SOARES, 2014), os principais aportes utilizados
foram a tese do fomento narrativo da empatia (RITIVOI, 2018) e os apontamentos
sobre o apelo do roteiro no storytelling (MCDONALD, 2017). Dentre as estratégias
observadas estão o estímulo à projeção emocional da audiência; a focalização
narrativa sob a perspectiva de personagens complexos, em justaposição à expansão
dos universos narrativos; a presença de histórias capazes de criar significados sobre
presente, passado e futuro; e o papel decisivo dos elementos visuais nos percursos
narrativos.

Palavras-Chave: Videoclipe. Storytelling. Blackpink.

Abstract: What narrative strategies used by Blackpink in her music videos contribute to fostering
empathy and audience on Youtube? Based on this question, three music videos
released by the group were analyzed: the one for the song How You Like That (2020),
which broke the record for the biggest debut on Youtube, and the two that preceded
it chronologically, that of Kill This Love (2019) and that of Ddu-du Ddu-du (2018).
From the perspective of Aesthetics (SOARES, 2014), the main contributions used
were the thesis of the narrative fostering of empathy (RITIVOI, 2018) and the notes
on the appeal of the script in storytelling (MCDONALD, 2017). Among the strategies
observed are the stimulus to the emotional projection of the audience; the narrative
focus from the perspective of complex characters, in juxtaposition to the expansion
of narrative universes; the presence of stories capable of creating meanings about
the present, past and future; and the decisive role of visual elements in narrative
paths.

Keywords: Music video. Storytelling. Blackpink.

1
Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Estudos de Som e Música do 31º Encontro Anual da Compós,
Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz - MA. 06 a 10 de junho de 2022.
2
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestrando em Comunicação (PPGCOM/UFPE), na linha de
pesquisa Estética e Culturas da Imagem e do Som, Especialista em Influência Digital: Conteúdo e Estratégia (PUC
RS), Graduado em Comunicação Social/Jornalismo (UFPE), rafaelfilipess@gmail.com.

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1. Introdução
Em 13 de novembro de 2021, o Google apresentou, em 0,02 segundos, os 1.310
resultados para a busca do termo “blackpink” no mundo, em todos os idiomas, em sua
plataforma de registro de produções acadêmicas, o Google Scholar. Desses registros, apenas
57 eram em português, nenhum deles sequer com o termo pesquisado em seu título. Na mesma
data, entretanto, a girl band sul-coreana detinha o posto de segundo lugar mundial no número
de inscritos no Youtube (69,4 milhões), perdendo apenas para Justin Bieber (66,2 milhões),
considerando o ranking de perfis oficiais de artistas musicais da HypeAuditor. Em relação às
médias de visualizações por vídeo, de reações e comentários, Blackpink conta com os não
menos impressionantes números de 7,5 milhões, 897,3 mil e 23 mil, respectivamente.
O grupo sul-coreano, além de ser um dos principais expoentes musicais do mundo
atualmente, quebrou recentes recordes por meio de seus videoclipes no Youtube, os quais
contabilizam quantidades astronômicas de visualizações, revelando um expressivo
engajamento e evidenciando um forte poder de influência digital e de geração de empatia.
Observando a influência digital como processo diretamente condicionado à produção de
conteúdos capazes de engajar a audiência, parte-se do pressuposto de que qualquer narrativa
aclamada pelo público conseguiu fomentar empatia com sucesso, uma vez que, na arte, os
elementos subjetivos (dos artistas imbricados) expressos ou evocados a partir dos aspectos
formais da obra são determinantes para a captura da atenção de outras subjetividades (do
público). Pode-se dizer que é desse modo que ocorre a sedução por meio da obra de arte.
Os videoclipes são obras complexas, elaboradas por diferentes artistas, envolvidos na
produção musical, na performance, na realização audiovisual, na cenografia, no figurino, na
maquiagem, na fotografia, na direção de arte, no roteiro propriamente dito, dentre outros. Ainda
que seja difícil localizar a razão do sucesso de visualizações de um videoclipe veiculado no
Youtube, sabe-se que a qualidade artística da rede envolvida, conforme citado acima, tem seu
papel, em adição à importância das estratégias comerciais e comunicacionais utilizadas no
marketing de produtos audiovisuais, no contexto do mainstream pop internacional. Neste
estudo, partindo do ponto de vista estético, ainda que se reconheçam os fluxos e objetivos
comerciais da produção de videoclipe, prefere-se fazer referência a esses produtos como obras
de arte, uma vez que há grande esforço expressivo e plástico, de múltiplas subjetividades,
concentrado em sua produção, conforme mencionado.

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Nesse contexto, compreendendo a multiplicidade de fatores envolvidos na grande


repercussão do videoclipe ao redor do mundo, o problema de pesquisa norteador deste artigo
se relaciona à necessidade de compreender se há, nos roteiros narrativos utilizados pelos
realizadores de videoclipes de Blackpink, elementos estrategicamente articulados no sentido
de engajar o público, partindo do pressuposto de que a relação entre empatia e engajamento é
necessária à influência digital exitosa.
Assim sendo, faz-se mister buscar explorar roteiros de videoclipes de Blackpink com o
objetivo de localizar possíveis estratégias de fomento de empatia neles presentes; compreender
o papel das letras das músicas na narrativa audiovisual do grupo; analisar as performances das
cantoras que compõem a girl band, a fim de entender os aspectos sociais incorporados em sua
expressão artística para o fortalecimento do posicionamento ante o público na rede social
Youtube; e explorar os recursos cenográficos dos videoclipes, com o fito de observar se há um
esforço de convergência entre o roteiro das histórias que se contam e possíveis narrativas
construídas a partir da cenografia e do figurino, colocando em foco o papel da visualidade no
processo de empatia.

2. A empatia no storytelling
Neste artigo, com base em Andreea Deciu Ritivoi (2018) e Lou Agosta (2014), abordamos
a empatia a partir de diferentes perspectivas não concorrentes.
A primeira é como processo de se colocar no lugar do outro, por vê-lo sofrer, desejando
tanto não viver aquele sofrimento como vendo emergir o desejo de ajudar – nesse sentido, a
empatia desperta o herói em nós.
A segunda pressupõe o processo por meio do qual nos identificamos com o outro, pelo
que vemos da personalidade dele, a partir das escolhas e atitudes demonstradas e percebidas, o
que culmina também num sentimento de aliança, de ver o outro como aliado, porque
compreendemos e, de certa forma, nos identificamos com sua forma de viver e agir, inclusive
por pressupor que temos vivências sociais importantes em comum.
A terceira nos permite entender outras realidades que não a nossa e, com isso,
aumentarmos o nosso repertório interno para lidar com as situações que a vida nos traz e pode
vir a trazer. Nesse sentido, sob uma perspectiva até mesmo biológica, a empatia é vista aqui
como processo por meio do qual ampliamos nossas chances de sobrevivência e de vitória no
ecossistema humano.

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Essa percepção das subjetividades por meio de videoclipes encontra respaldo em um


mecanismo pelo meio do qual entramos em contato com o mundo, de uma forma geral, mas
que se evidencia nesse gênero audiovisual. Nas palavras de Thiago Soares, no livro A estética
do videoclipe, partimos da “a ideia de que música e imagens são tão indissociáveis que, de
repente, nos vemos impelidos a ter que ‘separá-las’ academicamente [...] Somos seres que
veem-ouvem, assim, ao mesmo tempo, sem que o som tenha vindo primeiro e a imagem em
seguida” (SOARES, 2013, p.17).
Para esse autor, “é possível que algumas canções tragam em sua sonoridade e na
articulação vocal do intérprete, por exemplo, uma dicção conectada a determinados traços
imagéticos” (SOARES, 2013, p. 104). Este ponto ilustra a evidência que pretendemos dar às
visualidades dos objetos analisados, pois consideramos que, nesse caso específico de
Blackpink, elas assumem, de fato, um protagonismo narrativo, na relação entre performance,
música e imagens audiovisuais, por evocarem traços da imagem do grupo, a partir de seu
conceito artístico e do posicionamento de marketing. Nesse sentido, a produção de conteúdos
para redes sociais, mais especificamente para o Youtube, é analisada no contexto das estratégias
de coerência expressiva (PEREIRA DE SÁ e POLIVANOV, 2012).
Como bem sinalam Jean Burgess e Joshua Green (2009), o Youtube é uma empresa de
mídia, que, como tal, funciona como uma plataforma agregadora de conteúdos, ainda que não
produza os conteúdos que divulga. Ele funciona como um metanegócio, “uma nova categoria
de negócio que aumenta o valor da informação desenvolvida em outro lugar e posteriormente
beneficia os criadores originais da informação” (WEINBERGER, 2007 apud BURGESS e
GRENN, p. 21). Compreendendo que o posto por esses autores dizia respeito à referida rede
social há mais de 10 anos e que, de lá para cá, vivenciamos expressiva mudança na relação entre
produção e consumo de informações via Youtube, sentimos necessidade de atualizar essa
perspectiva. Entendemos que esse “outro lugar” faz mais sentido, na atualidade, como um lugar
alternativo, na lógica corrente de se pensar narrativas em multiverso, ou seja, a partir da
expansão dos universos narrativos. Em outras palavras, não importa o caminho, mas, sim, o
reconhecimento de que cada usuário faz suas jornadas próprias para desenvolver o desejo de
consumir um produto e se tornar fiel a uma marca (RAZZOUK e SHUTE, 2012).
Prosseguindo desse ponto, sob a perspectiva da jornada do usuário, podemos afirmar que
o roteiro narrativo de Blackpink é muito mais ampliado do que o roteiro dos videoclipes em si.
Estes últimos, na verdade, constituem-se como micronarrativas que se alinhavam à narrativa

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principal do grupo, ou, no plural, às narrativas principais do grupo. Entretanto, vamos nos ater
aqui, principalmente, a essas micronarrativas, que, ainda que sejam partes do universo
expandido de Blackpink – e isso vamos assinalar em nossa análise –, são conteúdos
estrategicamente produzidos em adequação à rede social Youtube, com vistas ao largo consumo
mundial.
Enquanto aporte teórico para análise dos roteiros narrativos, vamos nos centrar na obra
de Brian MacDonald, um dos principais roteiristas da atualidade, profundamente conectado à
forma de realizar audiovisual, no presente, em escala global. Reconhecido pela sua expertise
em construir narrativas de grande apelo, tem em sua trajetória trabalhos desenvolvidos para
gigantes mundiais especializadas na atração de grandes públicos, como Disney, Pixar,
Lucasfilm, HBO e Cinemax. Sua principal hipótese de trabalho é a que chama de The Golden
Theme, ou, O Tema Dourado (tradução nossa), segundo a qual
As histórias podem ter temas individuais, mas por baixo de todas as histórias, não
importa qual seja o seu tema intencional, existe outra mensagem - uma mensagem
universal. [...] E tenho a firme convicção de que quanto mais perto uma história chega
de iluminar essa verdade [somos todos iguais], mais poderosa e universal ela se torna,
e mais pessoas são tocadas por ela (tradução nossa)3.(MACDONALD, 2017, p. 2 e 4).

Para ele, as histórias necessitam de conflito, pois isso permite aos espectadores
aprenderem a como lidar com situações difíceis e a encontrar ferramentas de sobrevivência e
superação quando as coisas não vão bem. De acordo com o autor, conflitos são sempre sobre a
luta pela sobrevivência (MACDONALD, 2017, p. 23).
No exercício de verificar a pertinência do pensamento de Brian MacDonald, que se
coaduna com o de Ritivoi (2018), buscamos observar se os roteiros dos videoclipes de
Blackpink observam essa premissa de que uma história de apelo massivo se constrói em torno
da revelação de que somos todos iguais e da utilização de conflitos como propulsores de
aprendizados de vida.
Por fim, salienta-se que os estudos de performance são evocados aqui como perspectiva
analítica e metodológica, para a observação de aspectos sociais e culturais incorporados
(TAYLOR, 2013) de que Blackpink lança mão, para comunicar, nas complexas narrativas de
seus videoclipes.

3
Texto original em Inglês: “Stories may have individual themes, but underneath all stories, no matter what their
intentional theme may be, lies another message – a universal message. […] And it is my firm believe that the
closer a story comes to illuminating this truth [we are all the same], the more powerful and universal it becomes,
and the more people are touched by it.” (MACDONALD, 2017, p. 2 e 4).

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3. Blackpink in your area


Surgido no contexto do K-pop, ou seja, da indústria musical pop sul-coreana, Blackpink
é um projeto artístico e comercial extremamente aperfeiçoado para fazer sucesso.
O seu percurso inicial é parecido com o de vários outros grupos daquele país e se iniciou
com uma seleção de talentos. As quatro integrantes da girl band foram selecionadas após
audições realizadas em diferentes países da Ásia e da Oceania e depois de mais alguns anos de
treinamento em Seul, na YG Entertainment, empresa que criou e detém os direitos sobre o
grupo.
A formação que debutou em agosto de 2016, com os singles Whistle e Boombayah e com
o single-álbum Square One, se mantém até hoje e é composta por Jisoo, Jennie, Rosé e Lisa
(FIG. 1).

FIGURA 1 – Da esquerda para a direita, Lisa, Jennie, Jisoo e Rosé.


FONTE - www.padthai.co

Jennie, a líder do grupo, nasceu em 1996, na Coreia do Sul, mas viveu até os 14 anos na
Nova Zelândia. Jisoo, nascida em 1995, também é sul-coreana. Rosé nasceu em 1997, na Nova
Zelândia, filha de pais imigrantes sul-coreanos, mas depois mudou-se para a Austrália. Lisa é a
única do grupo sem ascendência coreana. Ela nasceu na Tailândia, em 1997.
Essa breve biografia das integrantes serve de ilustração para o fato de o grupo ter uma
característica mais internacional do que comumente ocorre da indústria do K-pop. Seja pela
formação do grupo, pelas músicas lançadas em outros idiomas, como japonês e inglês, ou pelo
investimento em produzir expressões artísticas que as enquadram muito mais no pop

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internacional do que no pop coreano, o produtor musical de Blackpink, Teddy Park, chegou a
afirmar, em documentário da Netflix sobre o grupo, que elas não são um grupo de K-pop, mas
de pop internacional (BLACKPINK, 2020).
Um grupo diverso, formado por mulheres com diferentes experiências de vida, em
diferentes países, foi uma aposta de composição para conquistar públicos ao redor do mundo.
Desde o começo, portanto, a capacidade de gerar empatia amplamente é o cerne de Blackpink.
Somados às estratégias de mercado, os talentos das integrantes, mas sobretudo as
personalidades delas, constituem um dos principais ativos do grupo: a dualidade, expressa em
seu próprio nome, black+pink, que remente à totalidade idealizada, à perfeição almejada da
fusão yin+yang. Todas elas são mulheres consideradas bonitas, que têm um lado doce e
moralmente exemplar, mas que, ao mesmo tempo, têm outro lado forte, determinado,
inteligente, sensual, contestador, empoderado e muito ousado. Dessa aparente dicotomia, criada
pela narrativa machista que historicamente oprime, silencia e ofusca as mulheres, emerge no
showbusiness coreano a representação da mulher real, diversa e complexa, que fala não do lugar
da idealização, mas de seu próprio lugar, com sua própria voz, que, em certa medida, é também
a voz de uma geração. O impacto da ousadia delas na Ásia se compara ao de Anitta, no Brasil,
ou de Cardi B, nos Estados Unidos, mas a identificação dos fãs, chamados de blinks, é massiva
em todo o mundo.
Ante o exposto, fica evidente que Blackpink é uma história muito bem contada,
amplamente aceita e consumida, desde o começo, a partir de altos investimentos artísticos e
comerciais, mas também com destacado esforço de coerência expressiva (PEREIRA DE SÁ e
POLIVANOV, 2012).
Nesse contexto, nos perguntamos de que maneira esse storytelling está presente nas
músicas e nos videoclipes do grupo, em tempos em que streamings, views e likes determinam
o poder de alguém, a partir da influência digital. Dessa reflexão, realizamos a seguinte
problematização, que norteia o presente artigo: que estratégias narrativas utilizadas por
Blackpink em seus videoclipes contribuem para o fomento de empatia e audiência no Youtube?
Partindo dessa questão, analisamos três videoclipes do grupo que somam mais de 4,2
bilhões de visualizações, cada um com mais 1 bilhão: o da música How You Like That (2020),
que quebrou o recorde de maior estreia do Youtube, e os dois que o antecederam

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cronologicamente, o de Kill This Love (2019) e o de Ddu-du Ddu-du (2018) 4. A partir da


estética do videoclipe (SOARES, 2014), os principais aportes utilizados foram a tese do
fomento narrativo da empatia (RITIVOI, 2018) e os apontamentos sobre o apelo do roteiro no
storytelling (MCDONALD, 2017).
A escolha desses três videoclipes se deu a partir da observação do sucesso do clipe de
How You Like That, que possui grande riqueza narrativa, tanto por meio das personagens
complexas quanto pelas histórias fortes, pelos cenários, pela superprodução rica em detalhes,
pela letra da música e pela performance das artistas.
Com a quebra do recorde de vídeo com mais visualizações (86,3 milhões) em 24h da
história do Youtube, surgiu o questionamento sobre em que medida as estratégias narrativas
influenciaram o sucesso do videoclipe de How You Like That. Além disso, nos questionamos
sobre até que ponto a história contada nele se relaciona com as narrativas trazidas pelos dois
clipes anteriores (Kill This Love e Ddu-du Ddu-du), considerando que os três foram dirigidos
pelo cineasta coreano Seo Hyun-seung e possuem pontos importantes em comum, como temas,
composição de cenários e cenas, além da continuidade de elementos correlatos ou aproximados,
da riqueza de detalhes, do tom apoteótico e da complexidade simbólica.

4. Visualidades, textualidades, sonoridades


Como observar as estratégias práticas que são capazes de fomentar a empatia em uma
narrativa? Sob a ótica de Ritivoi (2018), é possível observar o esforço para fomento da empatia
a partir de três ações estruturadoras de quem concebe a narrativa:
a) Incluir técnicas narrativas que intensifiquem a projeção emocional do público, nas situações
apresentadas na narrativa, relacionando-os explicitamente aos personagens apresentados nessas
situações; em outras palavras, seria mostrar aos espectadores cenas em que eles se veriam
facilmente, mas não no mesmo contexto do personagem da narrativa, e sim no contexto da
própria vida deles;
b) Proceder a partir de uma perspectiva baseada nos personagens, para maximizar situações que
sejam de difícil compreensão, por não serem, figurativamente, familiares aos espectadores; essa

4
Videoclipes disponíveis em: <https://www.youtube.com/watch?v=ioNng23DkIM> (How You
Like That); <https://www.youtube.com/watch?v=2S24-y0Ij3Y> (Kill This love);
<https://www.youtube.com/watch?v=IHNzOHi8sJs> (DDU-DU DDU-DU). Acesso em: 13 nov.
2021

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perspectiva, porém, demanda personagens convincentes, expressos com nitidez e força,


apresentados com complexidade, que nos permitam enxergar o mundo através de seus olhos
(ainda que de modo fugaz);
c) Criar uma história forte é algo necessário para que a compreensão narrativa consiga emergir,
a partir da riqueza de elementos cuidadosamente concatenados; narrativas superficiais, apenas
carregadas de muitas emoções, tendem a criar menos empatia do que histórias que se dedicam
a proporcionar uma compreensão mais profunda dos personagens, dos fatos, das relações e dos
contextos, por meio de uma trama bem desenvolvida.
Assim sendo, optamos por essa sugestão de estruturação de Andreea Ritivoi enquanto
lente metodológica principal para a identificação e a análise das estratégias narrativas utilizadas
por Blackpink em seus videoclipes, para o fomento de empatia e audiência no Youtube. Para
isso, procedemos a uma espécie de clivagem analítica dos videoclipes das músicas How You
Like That (2020), Kill This Love (2019) e Ddu-du Ddu-du (2018), disponíveis no canal oficial
do grupo na referida rede social.
Conforme exposto na Introdução, as múltiplas dimensões do videoclipe compreendem
esforços artísticos, comunicacionais e comerciais. Sendo impossível dar conta dessas três
dimensões no presente artigo, bem como levando em conta que nosso foco prescinde dessa
análise completa de todos os fatores envolvidos no sucesso de audiência e engajamento dessas
obras audiovisuais, focamos nossa análise numa clivagem estética (ROSENFIELD, 2016 e
SOARES, 2014).
Esta, por sua vez, abrange aqui algumas camadas narrativas verbais e não verbais
correlacionadas, quais sejam: 1) visualidades, que compreendem sobretudo cenografia, figurino
e performance corporal, mas incluem também maquiagem, coreografia, cinematografia –
captação de imagens e fotografia (MARTINS, 2018); e 2) textualidades, que abarcam esforços
discursivos verbais e não-verbais, a partir da criação de um fio condutor, ou de fios condutores,
da narrativa, por meio das letras de música, em suas versões traduzidas conforme legendas do
Youtube, e do roteiro audiovisual (MCDONALD, 2017), incluindo a concatenação de
elementos visuais para transmitir informações e sugerir sentidos à performance do grupo; 3)
sonoridades, a fim de identificar as configurações sonoras a partir do canto e da melodia,
genericamente, mas observando o arranjo e os ritmos, para captar as modalidades da sua
interação com outras dimensões da produção de sentidos e do esforço comunicacional, no
contexto dos videoclipes analisados (GUIGUE, 2008).

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Para analisar a primeira camada, a das visualidades, realizamos decupagens das cenas dos
três videoclipes, buscando identificar os elementos centrais. Em relação à segunda camada, a
das textualidades, optamos por cotejar partes das letras das três músicas com os respectivos
videoclipes, tentando recompor possíveis roteiros. Por fim, para observar as sonoridades,
buscamos identificar as variações rítmicas, sobretudo de intensidade, bem como os momentos
melódicos que se destacam com o arranjo ou o canto, para examinar sua relação com o esforço
narrativo global dos videoclipes em prol do fomento da empatia.
É importante, contudo, salientar que, em razão de o presente texto não se tratar de uma
monografia, ou formato mais extenso, a análise ora realizada não pôde ser mais aprofundada;
mas, sim, buscou compor quadros que permitam visualizar diferentes dimensões das obras
estudadas, no contexto da influência digital e da análise comunicacional em redes sociais.

5. As histórias contadas

Cada um dos videoclipes analisados possui doze cenas, que se concatenam


conceitualmente pra contar uma história de modo sintético. É pertinente falar em composição
prismática, uma forma de narrar baseada em quadros, que não necessariamente possuem um
encadeamento lógico ou uma progressão narrativa linear. Em vez disso, cada quadro diz a
história toda, mas também pode contar uma parte dela. Quem assiste faz sua jornada mental por
entre os quadros, a partir da riqueza de informações visuais, sonoras e textuais que é
apresentada. Essa é uma concepção bastante atualizada ao que se preconiza com a primazia da
valorização da jornada do usuário nas estratégias atuais de marketing digital marca (RAZZOUK
e SHUTE, 2012). De modo genérico, as narrativas centrais e o roteiro dos videoclipes são as
que se descrevem abaixo.
How You Like That (2020) – É uma história sobre superação, tanto de um
relacionamento amoroso, como das dificuldades da carreira artística, ambas marcadas pela volta
por cima empreendida a partir do empoderamento feminino. Em entrevista à revista Time, o
grupo afirmou que a música dizia respeito, também, à mensagem de que, mesmo nos tempos
mais sombrios, nós devemos perseverar e lutar. Na composição das cenas, o videoclipe mostra,
inicialmente, três das quatro integrantes em situações difíceis: uma vendada num salão com
paredes que sangram, outra numa caverna escura e outra presa em uma espécie de câmara
aquática. Em seguida, elas aparecem livres daquelas situações, reunidas, fortes e empoderadas.
Três cenas transitórias mostram paisagens emocionais intermediárias, que sinalizam a trajetória

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de saída do sofrimento: na primeira, uma delas aparece sentada no trono, rica e poderosa,
falando o que quer, ditando suas regras; na segunda, a situação de passividade na câmara
aquática é substituída pelo movimento apaixonado na vida e pela sororidade, que são capazes
de modificar o cenário difícil; na terceira, mesmo cercada por chamas e parcialmente afetada
por elas, uma das integrantes aparece sentada lendo um livro, mostrando que o conhecimento
também é um caminho de libertação. Nas cenas finais, elas aparecem vitoriosas e reunidas a
muitas outras mulheres, performando sua própria liberdade e desdenhando do que possam
pensar delas.
Kill This Love (2019) – Trata-se de um relato sobre o que é estar em um relacionamento
abusivo e como lidar com as consequências negativas dele. A música fala sobre o tormento que
uma mulher enfrenta em um relacionamento com um homem e sobre a importância do
autoconhecimento, ainda que diante de uma avalanche de sentimentos que pode confundir. A
todo momento, a narrativa traz à tona os conflitos que as mulheres passam, entre ser e não ser,
diante das expectativas de um mundo machista, mas também aborda a suplantação do amor
romântico como parte do processo de libertação feminina. Na composição das cenas,
inicialmente, as quatro integrantes aparecem reunidas e fortes, avisando que são as donas do
pedaço. Em seguida, há uma cena que problematiza o maniqueísmo por trás dos julgamentos
que são feitos contra as mulheres, quando elas não seguem os padrões. Então, uma delas aparece
chutando uma porta e fazendo o que quer em uma loja de doces, em referência ao
empoderamento sobre os espaços a ocupar e a forma nem sempre amistosa de se fazer isso. Em
duas outras cenas, as integrantes matam versões oprimidas de si mesmas. No refrão, elas
simulam segurar bazucas para matar o amor, causando uma explosão. Duas delas aparecem, em
outro momento, como duas garotas ricas e fúteis, mas que não dão a mínima para o que pensam
delas. Nas cenas finais, elas dançam no meio de uma ratoeira gigante, sem medo do perigo, para
depois cruzarem uma rua deserta, também sem temor, e se reunirem com outras mulheres numa
dança triunfal.
Ddu-du Ddu-du (2018) – Entrega uma narrativa sobre autoestima, sobre gostar de si e
agir de modo a agradar a si e não os outros, notadamente, os homens. São mulheres afirmando
de muitas maneiras que não conseguem se adequar ao padrão e que não deixarão de ser o que
são por causa de ninguém. São mulheres em chamas que fogem ao padrão da mansidão,
afirmando que não vão se violar, mas, mais do que isso, são mulheres demonstrando poder e
demarcando limites que não devem ser ultrapassados, senão haverá consequências ao

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desrespeito, pois elas têm força e recursos para se defenderem. Inicialmente, elas aparecem
poderosas, cantando e dançando reunidas numa estrutura que parece composta por duas
pirâmides invertidas. Eu seguida, uma delas aparece como a rainha do tabuleiro de xadrez e dá
um xeque-mate. Uma delas, então, aparece dentro de um cofre, com uma espada e muito
dinheiro guardado. Na sequência, uma integrante aparece cantando sobre um pedestal, como
uma deusa e depois se balançando num lustre. Em um cenário apocalíptico, uma mulher canta
segurando um guarda-chuva enquanto cai água e fogo do céu. Aparece um tanque de guerra
todo espelhado, com uma mulher comendo pipoca sobre ele, depois de ter pendurado nele várias
sacolas de compras. Uma delas cai enquanto caminha por entre homens que olham celulares,
como se fossem executivos, até que eles param e apontam seus smartphones para ela, como
armas, diante de sua queda. Nas cenas finais, uma delas passeia entre flores, no que antes era o
palco onde dançavam e, logo após, elas aparecem reunidas, performando em um cenário high
tech muito iluminado, com padrões geométricos que lembram grafismos de culturas orientais.
Para sistematizar o estudo de maneira mais objetiva e inteligível, optamos por apresentar
as relações estabelecidas entre as narrativas dos três videoclipes, compreendendo as estratégias
utilizadas para fomento de empatia, a partir de uma análise em duas etapas. A primeira focada
na identificação das três ações estruturadoras propostas por Ritivoi (2018) e a segunda baseada
nos dois recursos para dar força ao apelo narrativo apontadas por McDonald (2017).
Com base na perspectiva de Ritivoi (2018), podemos afirmar que as três ações
estruturadoras de uma narrativa empática estão presentes nos objetos analisados, do seguinte
modo:
1) O foco nas emoções das personagens e em suas reações diante de situações apresentadas
permite a composição de cenas que valorizam o sentir subjetivo das quatro integrantes de
Blackpink. Nos três videoclipes, há cenas em que há um esforço narrativo para o fomentando
da projeção emocional, sobretudo a partir das expressões faciais, do canto e da composição dos
quadros imagéticos.
Na cena 2 de How You Like That, Jennie aparece sentada no chão, em um ambiente
predominantemente azul, com paredes de concreto, em uma câmera aquática que parece ser um
aquário mesmo ou um poço. Ela usa uma capa longa com ombreiras, feita de um tecido que
parece ser um tule bordado. Em seu rosto, há o desenho de uma lágrima, como a do Pierrot, da
Commedia dell'Arte. No teto, há uma claraboia, para onde ela olha, como se olhasse para o

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mundo lá fora. Ela parece bem triste, enquanto canta “Eu desmoronei diante de seus olhos /
Cheguei ao fundo do poço e afundei ainda mais / Para agarrar o último resquício de esperança”.
Essa é uma cena que remete à depressão. O azul é a cor da tristeza. O Pierrot evocado
simboliza a inocência, que nos faz confiar, ainda que já tenhamos sido enganados. O fundo do
poço nos fala sobre a falta de forças, diante de problemas que pensamos não conseguir resolver
ou de traumas que não conseguimos curar. A claraboia nos diz que há saída, embora não
saibamos como chegar até ela, pois parece inacessível.
Esse videoclipe foi lançado em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a qual nos fez
e faz buscar o isolamento social, a fim de contermos as transmissões. Entretanto, mesmo que
isso fortaleça o poder de identificação com a cena do clipe, tanto a tristeza, como o isolamento
decorrentes de processos depressivos são conhecidos por muita gente. A Organização Mundial
de Saúde estima que mais 300 milhões de pessoas de diferentes idades e países sofrem desse
transtorno psiquiátrico, com destaque para a população mais jovem, entre 15 e 29 anos 5, a
mesma faixa que compõe o público principal de Blackpink. Este tema também é evocado nas
cenas 5 e 9 de Kill This Love, em que Rosé e Jisoo, respectivamente, matam a si próprias, numa
alusão ao suicídio, ao desejo de pôr fim a uma situação de sofrimento.

2) A focalização narrativa enquanto estratégia para permitir que enxerguemos a história


através dos olhos das personagens, na verdade, constitui-se também como um recurso para
que se evidencie a complexidade dessas personagens, tornando-as mais convincentes.
Na cena 5 de How You Like That, as pernas de Rosé aparecem correndo, os pés
descalços, sobre o asfalto, à noite. De repente, ela está, ao mesmo tempo, dentro de um carro
antigo, esportivo e veloz, em cuja placa dianteira se lê ego. Ela conduz o veículo aos prantos,
ao mesmo tempo que vê a si mesma à sua frente, na pista, correndo descalça, com um vestido
branco, curto e os sapatos na mão. Ambas as versões de Rosé parecem nervosas, mas a que está
no carro, parece estar furiosa e triste, enquanto a que corre em fuga, para escapar da colisão,
transparece medo e resignação. A colisão entre as duas fica implícita, na imagem do vidro do
para-brisa do carro que se estilhaça. A Rosé adulta, que detém o controle da cena, na verdade,
age para matar a Rosé livre, que remete à sua versão mais jovem e leviana. A cena é uma
alegoria do triunfo do ego sobre o id, da racionalidade sobre o desejo. A complexidade narrativa

5
Dados disponíveis em: <https://www.paho.org/pt/topicos/depressao>. Acesso em 16 nov. 2021.

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focalizada revela a complexidade da própria personagem, ao mostrar, quase numa composição


cubista, antagônicos lados de Rosé, sem a necessidade de construir coerência.
Uma das estratégias de focalização observada é contar histórias à parte nos clipes,
encenadas por Lisa, em um solo de rap. Esse gênero musical guarda sempre o tom explosivo da
denúncia, do desabafo, de poder e de inteligência. Na cena 3 de Ddu-du Ddu-du, Lisa aparece
dentro de um grande cofre, que é também escritório, segurando uma espada samurai, onde se
lê Blackpink. O cenário é sobretudo rosa, Lisa se veste de rosa, o dinheiro é rosa, inclusive, para
dizer que tudo ali vem do esforço dela, da personalidade dela e é produto de sua conquista
pessoal. Ela diz “Quando quisermos, vamos roubar imediatamente (Uh)/ Faça o que fizer, é
como cortar água com uma faca (Uh)”. Por roubar imediatamente, compreendemos uma
referência à expressão “tomar de assalto”, bastante utilizada por movimentos sociais, para
afirmar que, em uma estrutura social desigual, baseada no poder detido por quem tem mais
privilégios, não se deve esperar que as pessoas menos favorecidas recebam qualquer benefício
ou que a elas seja concedido qualquer espaço importante ou poder; em vez disso, é preciso
tomá-los de assalto, pois quem está no topo não vai querer sair de lá para dar espaço a quem
está abaixo, nessa estratificação basilar da sociedade capitalista e patriarcal, cruel e opressora.
Esse é um tema recorrente no pop internacional feminino e feminista, como se vê em
músicas como 7 rings, de Ariana Grande, em que ela repete muitas vezes “eu quero, eu tenho”,
não por ser rica ou mimada, mas por não se resignar e “tomar de assalto” o espaço que sabe que
é seu, seja qual for. Essa mesma tematização é evocada, através de Lisa, na cena 6 de How You
Like That, em que ela aparece no meio de uma feira aparentemente árabe e, em seguida, em
uma sala, sentada num trono, com uma lâmpada mágica, como a de Alladin. Ela diz, em seu
rap, “Sua garota precisa de tudo e isso quer dizer cem por cento / eu quero o que é meu”, para
avisar que ela é quem diz o que ela merece e o que ela quer, bem como para mostrar que ela é
que tem em mãos o poder de realizar seus próprios desejos. Ela parece forte, determinada, com
muito a dizer e com bastante raiva. Reitere-se que Lisa é a única estrangeira do grupo, pelo que
sofre bastante preconceito na Coreia do Sul. Então, nessa narrativa, ela fala em face dos
preconceitos que sofre por ser imigrante, mas reafirma que o que é dela, ela pega para si,
independente do que falem. Lisa é uma das maiores estrelas do pop internacional da atualidade,
tendo quebrado o recorde de maior estreia de um videoclipe solo do Youtube, com a música
Lalisa (seu verdadeiro nome é Lalisa Manoban), que acumulou mais de 73,6 milhões de views
em 24h e ultrapassou a marca de 65,2 milhões do clipe de Me!, de Taylor Swift.

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3) A criação de histórias fortes, como algo necessário para que a compreensão narrativa consiga
emergir, foi estratégia observada nos três videoclipes, pelos elementos já expostos, mas
também, por meio da riqueza simbólica de detalhes e da concatenação zelosa da trama,
proporcionando uma compreensão mais profunda dos personagens, dos fatos, das relações e
dos contextos.
Neste ponto, pode-se afirmar que algumas micronarrativas verificadas apresentam
elementos de continuidade de um clipe para outro, fortalecendo os esforços de coerência
expressiva das personagens e das mensagens a serem transmitidas em cenas que protagonizam.
A cena 4 de How You Like That é uma espécie de continuação conceitual e figurativa
da cena 8 de Kill This Love. Ambas se dedicam a contar a jornada íntima de autoconhecimento
de Rosé, no trânsito entre aspectos conflitantes de sua personalidade, notadamente, entre o amor
romântico e a liberdade de sentir, entre a melancolia e a confiança, na esteira do movimento
artístico literário do Romantismo.
Na cena 8 de Kill This Love, Rosé aparece inicialmente de costas, correndo ao ar livre,
os cabelos esvoaçantes. Quando se vira, deixa ver um vestido com tecido que remete à própria
pele da cantora, com retalhos costurados com linhas aparentes, de modo grosseiro, em alusão à
Rosé romântica que foi atingida pelo carro da Cena 5 desse mesmo videoclipe. Ela segura um
trevo de quatro folhas, com doçura, tristeza e, às vezes, alegria. Sua imagem é a da donzela, da
ninfa, que ingenuamente acredita na sorte, mas que simboliza, na verdade, a desilusão. Nesta
cena, ela é Ofélia, de Hamlet, a mais frágil heroína de Shakespeare, personagem que flutua na
trama, oprimida por personagens masculinos. Ofélia é um dos maiores símbolos do
Romantismo nas artes. Durante toda a cena, pétalas vermelhas de rosas voam por todos os lados,
aludindo tanto à morte da Rosé atropelada, quanto à melancolia que permeia a vida de quem é
refém do amor romântico. Na verdade, não é amor, é tristeza que leva à loucura - a loucura que
liberta Ofélia ao final da trama. O jogo de luzes, ora predominantemente amarelas e claras, ora
predominantemente azuladas e escuras, evoca a condição íntima da instabilidade emocional. É
o mesmo jogo de luz e trevas do Barroco. Os trovões ao final da cena mostram a tempestade
que se anuncia ao fundo.
Na cena 4 de How You Like That, Rosé aparece no que se assemelha a uma gruta ou
caverna, muito escura e cheia de raízes por toda volta. Lá de baixo, ela visualiza um feixe de
luz entrando lá por cima, por um buraco pequeno. Ela parece ter dificuldade para abrir os olhos
e ver a luz, colocando as mãos na frente do rosto para se esconder um pouco da claridade. Sua

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pele aparece suja e com vários arranhões. Em seguida ela aparece deitada em uma cama de
flores, como se estivesse morta, mas de olhos abertos, vestida de branco e rosa, com colares de
pérolas no pescoço, como uma virgem ou uma noiva. É exatamente a mesma imagem pintada
no quadro de John Everett Millais (1852), a qual o pintor deu o nome de Ofélia, em referência
à personagem de Shakespeare. Depois, ela aparece novamente no ambiente escuro da gruta,
mas agora ela caminha determinada e forte, até que ela usa um capuz de tecido preto, do mesmo
que os bandidos usam para cometer crimes sem serem reconhecidos. Ela parece atordoada e
machucada, no começo da cena, e, ao final, decidida e raivosa. O capuz que ela usa é exatamente
o mesmo que o grupo de homens usa na cena 8 de Ddu-du Ddu-du, para apontar celulares-
revolveres para Jisoo, quando ela tropeça. Essa atitude enérgica de Rosé ao vestir a peça,
apresenta um desfecho narrativo, insinuando que houve uma mudança de atutude e de papéis.
Ao usar o capuz, Rosé diz: “E aí, gostou?”, em tom de raiva e deboche, se dirigindo a quem
antes a oprimia, por deter o poder, que agora ela assume.
Nos três videoclipes, o amor e a morte são dois temas que aparecem a todo o instante,
enquanto categorias que igualam todos os seres humanos. Nesse mesmo sentido, temas como a
busca pela vitória, pela superação do sofrimento e o desejo de comunhão também estão
presentes e concorrem para a revelação narrativa de que somos todos iguais (MACDONALD,
2017).
Alguns temas que remetem a conflitos e percursos íntimos universais são apresentados
de forma quase arquetípica, por meio da representação de algumas deusas gregas. A tragédia
grega é evocada, então, como a forma de utilizar, na narrativa, os conflitos como forças
propulsoras de aprendizados de vida (MCDONALD, 2017).
Na cena 4 de Ddu-du Ddu-du, Rosé performa uma estátua da deusa Nice. Ela canta
sobre um pedestal, com um figurino esvoaçante, composto de um vestido e uma longa capa,
que, ao mover-se, se assemelha a asas. Ela usa também uma coroa de ouro com diamantes, em
motivos florais. Apesar de remeter-se à imagem de Nice, que é a deusa da vitória, ela também
tem um jeito de ninfa, como uma adolescente, ainda a amadurecer.
Apenas na cena 10 de How You Like That é que Rosé surge imponente, em um vestido
preto volumoso, para concluir sua encenação de Nice. Ela aparece agora madura, tomando conta
do espaço e dos seus passos, em atitude firme, sem estar em pedestal, mas caminhando pelo
chão mesmo, descendo uma escadaria, em alegoria a alguém já realizado em sua jornada que
vem aos outros para narrar sua vitória. No centro da cena, pendurada ao teto, como que

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flutuasse, está uma imagem da deusa Nice, composta de um tronco feminino em ruínas, ao
estilo grego, em material que imita um mármore claro, e de asas modernas, pretas,
confeccionadas em algum material sintético.
Essa escultura híbrida remete à obra do famoso artista chinês Xu Zhein, que produz
esculturas de grandes dimensões, nas quais une pedaços de estátuas de diferentes culturas e
épocas, sendo comum a utilização por ele de modelos de esculturas gregas, unidas a esculturas
orientais, como as de deidades indianas. Ele representa confrontos incongruentes entre
iconografias pertencentes a culturas, civilizações e idades distantes. Desses encontros
improváveis, dessa colisão entre símbolos culturais diversos, permite-lhe abordar sutilmente as
várias lutas de poder da história humana.
Na cena, Rosé canta “O dia em que despenquei com minhas asas perdidas / Aqueles
dias em que eu estava presa / Você deveria ter acabado comigo quando teve a chance / Olhe
para o céu / É um pássaro, é um avião”. Nesse trecho, ela fala do abuso que sofreu, assim como
a personagem Malévola, da Disney (2014), ilustrado pela perda das asas. A imagem de Nice ao
fundo, contudo, tem suas asas reconstituídas e imponentes. É uma metáfora de renascimento e
reconexão, depois de uma relação abusiva.
Na cena 13 do mesmo videoclipe, todas as integrantes do grupo, Rosé, Jisoo, Jennie e
Lisa, cada uma a seu turno, abrem os braços em frente da estátua de Nice. Cada uma delas
performando sua vitória, em seu momento de glória e superação. As Blackpink mostram que
são uma imagem atual da deusa, pela jornada de vida delas, que culmina no sucesso que fazem
na atualidade – de certo modo, coroado com How You Like That.
Duas outras deusas gregas estão presentes na trilogia, Diana e Afrodite. Na cena 9 de
Kill This Love, Jisoo aparece em cenário que remete a um castelo medieval em estilo gótico,
com muitos vitrais. Ora ela aparece com um vestido branco, que remete à candura da donzela,
e à aura de Afrodite (deusa do amor), ora aparece como uma arqueira usando um vestido
vermelho imponente, muito poderosa e forte, em uma expressão da deusa Diana (deusa da caça
e protetora das mulheres). A dualidade é contrastante entre as duas figuras, principalmente por
causa da atitude oposta das duas: enquanto uma caminha firme em direção ao seu foco (Diana)
a outra corre assustada e vacilante, insegura do seu rumo (Afrodite). A cena termina com a
arqueira apontando uma flecha em chamas para a donzela, numa narrativa breve, mas
extremamente forte, que, indubitavelmente, nos proporciona assistir algo que parece uma
tragédia grega.

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Na cena 6 de Kill This Love, iniciada com o refrão da música, as quatro integrantes do
grupo surgem cantando com força “Vamos matar esse amor!”, convocando todos a se juntarem
à irmandade das Blackpink e romperem com as expectativas limitantes e sexistas do amor
romântico. Ao terminarem a frase, elas fazem um gesto com as duas mãos e o corpo inteiro,
como se coreografassem segurar uma bazuca e atirar contra o patriarcado. Ao fundo, ocorre
uma explosão que dispersa fumaça e detritos no cenário, que mais parece o de um apocalipse
ou de um sítio de guerra.
Entre a explosão e as cantoras, vê-se, ao fundo a imagem de uma cabeça de uma estátua
grega de grandes proporções, dando a entender que fora arrancada de um corpo esculpido. É a
cabeça de Afrodite, decapitada pelas Blackpink. É uma cena iconoclástica que sintetiza a
narrativa central do clipe. As quatro integrantes do grupo estão vestidas como espiãs ou agentes
secretas, compondo um esquadrão capaz de destruir o que quer que seja e completar sua missão.
Pode-se ver um aparelho de escuta nas orelhas de Rosé, Jisoo e Jennie. No figurino de todas
elas, há bolsos e bolsas em formatos variados, agarrados à cintura, aos braços e às pernas, que
remetem a apetrechos militares. A cena ressalta a força e a capacidade de realização, que fazem
a jornada seguir em frente. Jennie está vestida de Lara Croft, heroína emblemática do mundo
gamer, que no cinema foi interpretada por Angelina Jolie. Todas aparecem completamente
destemidas e equilibradas. A expressão mais importante, talvez, seja a de falta de remorso ou
piedade – falta esta que evidencia o rompimento narrativo com o ideal castrador de mulher
santa.

6. Considerações finais

De modo objetivo, compreendemos que a análise realizada está longe de ter sido
exaustiva, em razão da limitação que o formato de artigo impõe. De todo modo, consideramos
que o estudo trouxe descobertas e confirmações igualmente interessantes.
As hipóteses defendidas tanto por Ritivoi (2018), como por MacDonald (2017), parecem
ter servido como uma luva ao presente estudo, confirmando sua pertinência e validade quando
se trata da construção de narrativas com forte apelo empático. As estratégias apresentadas por
esses dois autores se revelaram de fácil aplicação enquanto metodologia de análise.
No rol dos resultados, pudemos observar a inclusão de técnicas narrativas voltadas para
projeção emocional da audiência relacionados aos personagens apresentados; a apresentação de
personagens complexos e convincentes, que nos permitem enxergar a narrativa sob a

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perspectiva deles, bem como a expansão dos universos narrativos, em contraposição à


focalização da narrativa; a presença de histórias fortes, capazes de criar significados sobre o
presente, passado e futuro, reconhecendo o papel decisivo dos elementos visuais nos percursos
narrativos; utilização de conflitos como propulsores de aprendizados de vida; e a busca por
temas universais, que sejam capazes de revelar aspectos humanos comuns a todos. Ademais,
pôde-se observar que, por meio dos esforços do grupo em direção à coerência expressiva, a
performance central de Blackpink é o empoderamento feminino, a partir da integração de
elementos sociais e comportamentais da atualidade, transcendendo o maniqueísmo e a
dualidade historicamente reforçados nos processos de opressão das mulheres.
Os elementos visuais cumpriram papel decisivo na expansão do universo narrativo, de
modo que performance, letra e audiovisual cumpriram papeis complementares, cada um a seu
turno, fornecendo informações que não se repetiam, mas que criavam novas possibilidades de
aprofundamento narrativo, ajudando a compor quadros de complexidade mais elevada do que
a presente individualmente só na letra, só na performance ou só no recurso audiovisual.
Reiteramos que, embora o planejamento em comunicação mercadológica e o esforço de
marketing que a indústria musical empenha na realização de videoclipes de grandes artistas
estejam sempre pairando como fatores decisivos no resultado final dos produtos, olhar
videoclipes como os analisados como obras de arte, pelo prisma da Estética, nos permite
compreender estratégias narrativas centrais e decisivas, às vezes encobertas pela produção de
alto nível, pelas cores, pelos movimentos, pelo show – tudo muito arrebatador.
Após a análise empreendida, ficou evidente que é possível realizar, para além do estudo
que fizemos, uma análise da performance e dos videoclipes de Blackpink focada na dimensão
mitológica presente neles, na esteira do pensamento de Everardo Rocha (2012) e Roland
Barthes (2013), nos moldes do que é feito por Ticiano Paludo (2017), em Mitologia musical:
estrelas, ídolos e celebridades vivos em eternidades possíveis, seguindo também as pistas que
Edgar Morin (1989) deixa em As Estrelas: mito e sedução no cinema.
Por fim, observamos que, de fato, é necessário investir muito em qualidade e em criação
artística, para a produção de conteúdo audiovisual de qualidade para o Youtube, no âmbito da
indústria cinematográfica-musical internacional (reiteramos que os três clipes analisados foram
dirigidos por um cineasta). Em tempos em que a televisão perde cada vez mais espaço para essa
e outras plataformas de streaming, as superproduções televisivas cedem lugar às
superproduções do ambiente digital e das redes sociais. Assim sendo, os critérios artístico e

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estético, no sentindo profundo e filosófico da palavra, é de imprescindível observância quando


se deseja destaque no mercado por meio da influência digital. Mais importante do observar
esses critérios, contudo, é adotar estratégias que funcionem no que diz respeito ao apelo
narrativo, sem perder de vista que existem, sim, dicas de ouro para a construção de um
stroytelling que fomente a empatia.

Referências

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