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Universidade de Pernambuco - UPE

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NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


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Núcleo de Educação à Distância - Universidade de Pernambuco - Recife
Administração do Ambiente
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Coordenação de Design e Produção
Monteiro, Maria Perpétua Teles Prof. Marcos Leite
M775f Fonética e fonologia da língua portuguesa / Maria Perpétua Teles Equipe de design
Monteiro. – Recife: UPE/NEAD, 2009. Anita Sousa
63 p.: il. – (Letras). Gabriela Castro
Rafael Efrem
ISBN 978-85-7856-024-9 Rodrigo Sotero
Romeu Santos
Conteúdo: fasc. 1 – Aspectos introdutórios da fonética e da fonologia; fasc. Susiane Santos
2 – Fonologia e processos fonológicos da língua portuguesa; fasc. 3 - Proces Coordenação de Suporte
sos morfofonológicos e estilísticos; fasc. 4 - Variação Linguística: sincronia e Adonis Dutra
diacronia. Afonso Bione
Prof. Jáuvaro Carneiro Leão
1. Fonética - língua portuguesa 2. Fonologia - língua portuguesa 3. Edu Edição 2009
cação a distância I. Universidade de Pernambuco, Núcleo de Educação a Dis- Impresso no Brasil - Tiragem 150 exemplares
tância II. Título Av. Agamenon Magalhães, s/n - Santo Amaro
CDU 801.4806.90 Recife - Pernambuco - CEP: 50103-010
Fone: (81) 3183.3691 - Fax: (81) 3183.3664
5

Fonética e
Fonologia
da Língua
Portuguesa
Prof.a Maria Perpétua Teles Monteiro
Carga Horária | 60 horas
Ementa
Objeto da Fonética e da Fonologia.
Aspectos descritivos da Fonética e da Fonologia da Língua Portuguesa.
Análise Fonológica.
Traços Distintivos.
Processos morfofonológicos e estilísticos.
Variação linguística: sincronia e diacronia.

Objetivo Geral
Introduzir, numa postura reflexiva, aspectos gerais dos parâmetros teóricos
sobre a estruturação dos sistemas fonético e fonológico da Língua Portuguesa.

Apresentação da Disciplina
Prezado aluno

Nos fascículos desta disciplina, pretendemos promover uma reflexão acerca do


sistema de caracterização e distinção dos segmentos sonoros da Língua Portu-
guesa a partir de parâmetros teóricos pertinentes ao estabelecimento de regras
e processos fonológicos. Inicialmente apresentaremos o objeto da fonética e da
fonologia e aspectos fonéticos do Português do ponto de vista da fonética articu-
latória. Em seguida, apresentaremos estudos referentes aos processos fonológi-
cos, morfofonológicos e estilísticos e encerraremos com estudos sobre a descrição
linguística em seu caráter sincrônico e diacrônico. Esperamos contribuir, mesmo
que de forma introdutória, para o seu processo de aquisição de conhecimentos,
compreensão e análise da fonética e fonologia do Português.
Fascículo 1 7

Aspectos
Introdutórios
da Fonética
Prof.a Maria Perpétua Teles Monteiro
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
Apontar conceitos e fundamentos, identificando hipóteses explicativas,
relacionais e distintivas para os processos descritivos da fonética.
Realizar transcrições fonéticas do Português.

1. Introdução

1.1. Objeto da Fonética e da Fonologia. O Que É Isso?

Fontes: http://www.monica.com.br/cookpage/cookpage.cgi?!pag=comics/tirinhas/tira300
Fonte: BROWNE, Dik Hãgar. In: Folha de São Paulo, 16 de dez.1999, p.4-8.
Tirinha da Mônica.

Tirinha do Hagar.
8 Fascículo 1 Fascículo 1 9

Todos nós, como falantes de uma língua, fazemos físicas da onda sonora que é produzida pelo nos pulmões, além de impedir que alimentos mandíbula e língua. Em sua parte interna,
reflexões sobre o uso e a forma da linguagem que ar ao passar pelo aparelho articulador. Com- entrem nos pulmões. É formada por várias encontram-se os alvéolos.
utilizamos. Qualquer indivíduo pode “falar sobre” preende o estudo das propriedades físicas dos cartilagens. Algumas delas se movimentam, • Arcada alveolar: parte óssea localizada atrás
a linguagem e discutir aspectos relacionados à lín- sons da fala a partir de sua transmissão do fa- entre elas, as cartilagens que se ligam às cordas dos dentes superiores, antes do palato duro.
gua que conhece usando parâmetros lingüísticos e lante ao ouvinte. vocais. • Dentes: influem na fonação, porque podem im-
epilinguisticos. Essa atividade faz parte do “conhe- • Fonética instrumental: compreende o estudo • Cordas vocais: na verdade, não são cordas, pedir, total ou parcialmente, a passagem de ar.
cimento comum” das pessoas. No entanto, espe- das propriedades físicas da fala, levando em con- mas, sim, ligamentos de tecido elástico que es- • Lábios: duas pregas que marcam o final da ca-
ramos também que você realize, sobre a língua e a sideração o apoio de instrumentos laboratoriais. tão unidos às cartilagens aritenoides (na parte vidade oral e do trato vocal. Sua constituição
linguagem, atividades metalinguísticas, pois há um de trás, chamada de posterior, da laringe) e à muscular permite grande plasticidade e mobi-
ramo da ciência cuja preocupação e objeto de estu- Nossos estudos estarão concentrados nos aspectos tireoide (localizada na parte da frente, chama- lidade, alterando a forma da cavidade oral.
do é a linguagem, o que nos oferece elementos pró- fisiológicos da produção do som. Estudos que con- da de anterior, da laringe) na laringe. Desse • Mandíbula: maxilar inferior. Graças a sua mo-
prios e apropriados para falarmos sobre a língua. siderem as demais dimensões são objeto de outras modo, as cordas vocais são fixas na tireoide, e bilidade, permite, também, alterações na cavi-
disciplinas (fonética experimental, fonética para- seu movimento de abertura se dá pelo movi- dade oral.
Essa ciência é a Linguística. Ela está voltada para a métrica, entre outras). mento das cartilagens aritenoides. A abertura • Língua: trata-se de um grande músculo dota-
explicação de como a linguagem humana funciona ou fechamento dessas cartilagens faz com que do de alto grau de mobilidade voluntária. É
e como são as línguas em particular, quer fazendo Atividade | Ao realizar a leitura das tirinhas, as cordas vocais se abram ou fechem em dife- responsável pelas maiores modificações do vo-
o trabalho descritivo previsto pelas teorias, quer fale sobre a importância da fonética e da fo- rentes graus, provocando alterações na corren- lume e da geometria da cavidade oral. Possui
usando os conhecimentos adquiridos para bene- nologia. te de ar que vem do pulmão, o que provoca diferentes partes, a saber:
ficiar outras ciências e artes que usam, de algum diferentes modos de fonação.

Fonte: [adaptado de] Fiorin (2007. p.15)


modo, a linguagem falada ou escrita. • Glote: corresponde à abertura, ao espaço en-
SAIBA MAIS! tre as cordas vocais, que pode assumir diferen-
Nas próximas páginas, trataremos de duas áre- tes formas, a depender da posição das cordas
A fonética pode ser:
as dentro da tradição linguística que necessitam, vocais.
• Descritiva;
como as demais, de conhecimentos linguísticos • Histórica; • Epiglote: cartilagem em forma de colher, cuja
específicos para a realização de reflexões sobre a • Sintática. função é a de fechar a laringe, de modo que o
língua: a Fonética e a Fonologia. Esses temas serão ira de Fonética Memb
ro alimento não entre na laringe e, portanto, nos
tratados em tópicos separados, porque, apesar de A Sociedade Brasile so cia tio n foi fun - pulmões.
eti c As
da International Phon e:
as duas áreas lidarem com os sons usados na fala , de 1983. Acess • Faringe: é um tubo muscular com forma de
dada em 8 de junho
ol.uol.com.br/apres.htm
e pertencerem ao nível biológico do falar condi- http://sbfonetica.vilab um cone invertido, que vai da glote à base do
cionado psicofisicamente, diferem na perspectiva crânio. Através dele, ocorre a passagem do ar
com que estudam esses sons. Enquanto a fonética para a respiração e para a fonação (via traqueia)
tem como unidade o som da fala ou fone (substân- 2. Descrição Fonética e do alimento ingerido (via esôfago). Ela se di-
cia da expressão), trabalhando com os sons pro- vide em oro-faringe (que vai da glote até o véu
priamente ditos, como eles são produzidos, perce- 2.1. Aparelho Articulador palatino) e naso-faringe (do véu palatino até as
bidos e que aspectos físicos estão envolvidos em fossas nasais).
sua produção, a fonologia opera com a função e O ser humano é capaz de produzir uma quantida- • Véu palatino: refere-se à continuação do céu
organização desses sons em sistemas: o fonema (for- de variada de sons vocais. Para entendermos a pro- da boca. Quando o véu palatino está abaixado, Partes da língua
ma da expressão). dução desses sons, faz-se necessário analisarmos a passagem velo-faringal encontra-se aberta, e
as partes do corpo humano que estão envolvidas o ar pode passar pela cavidade nasal. É tam-
1.2. Áreas de Interesse da Fonética nessa produção: bém conhecido como palato mole (escorregue 1. ponta ou ápice (localizada na borda lateral
a língua pelo céu da boca que é possível sentir frontal da língua);
A Fonética é a ciência que apresenta os métodos para • Pulmões: embora haja outras fontes de ar quando não há mais osso, o que deixa o tecido 2. lâmina (localizada na borda superior fron-
descrição, classificação e transcrição dos sons da utilizadas na fala, os pulmões são a principal muscular mole). tal da língua);
fala. As principais áreas de interesse da fonética são: fonte, estando conectados à traqueia por dois • Úvula: trata-se de um prolongamento do véu pa- 3. centro;
tubos bronquiais. latino. É também conhecida como campainha. 4. dorso;
• Fonética articulatória: é aquela que leva em • Traqueia: vai dos tubos bronquiais até a la- • Cavidade nasal: espaço entre a passagem velo- 5. raiz;
conta o que se passa no aparelho fonador, du- ringe, sendo responsável pela maior fonte de faringal e as fossas nasais, separado da cavidade 6. sublâmina.
rante a produção de sons. Compreende estu- energia para a produção dos sons da fala. É oral pelo palato duro. Quando o véu palatino
dos fisiológicos e articulatórios. formado por anéis cartilaginosos, que se man- está abaixado, o ar transita por essa passagem. 2.2. Articuladores Ativos e Passivos
• Fonética auditiva: é aquela que considera a têm unidos por uma membrana. • Palato duro: parte superior da cavidade bucal,
percepção do ouvinte. • Laringe: trata-se de uma válvula, cuja função fica localizada à frente do véu palatino, logo Os articuladores ativos têm a propriedade de mo-
• Fonética acústica: centra-se nas propriedades principal é a de controlar o ar que sai e entra após a arcada alveolar. É fixa e óssea. vimentar-se em direção ao articulador passivo, mo-
• Cavidade oral: formada pelos lábios, dentes, dificando a configuração do trato vocal. Eles são
10 Fascículo 1 Fascículo 1 11

assim denominados devido ao seu papel ativo na 10. Úvula 3. A Produção dos Sons na
articulação consonantal. Os articuladores ativos 11. Lábio inferior Linguagem Humana
são: o lábio inferior, a língua, o véu palatino, as 12. Dentes inferiores Texto Complementar
cordas vocais. 13. Ápice da língua Imagine uma situação comunicativa em que você fi- e comunicação: v/civ12_5.
14. Lâmina da língua Língua, linguagem rg. br/ ana is/a nai s% 20i
casse examinando o seu modo de falar e o do seu ou- htt p:/ /ww w.f ilol og ia.o
Os articuladores passivos localizam-se na mandíbu- 15. Parte anterior da língua vinte. Observe a cena proposta por Auguste Renoir. htm
la superior, exceto o véu palatino, que está localiza- 16. Parte média da língua
do na parte posterior do palato. Os articuladores 17. Parte posterior da língua O que aconteceria com a comunicação? 3.1. Mecanismos para a
passivos são o lábio superior, os dentes superiores 18. Epiglote
e o céu da boca, que se divide em: alvéolos, palato 19. Laringe
Produção de Correntes de Ar
Introdução
duro, palato mole e úvula. Perceba que o véu pa- 20. Esôfago
Para produção dos sons, a corrente de ar pode to-
latino (palato mole) pode atuar como articulador 21. Glote(cordas vocais)
mar duas direções: egressiva e ingressiva. A direção

Fonte: http://www.ze-card.com/images/renoir/renoir70.htm
ativo (na produção de segmentos nasais) ou como
egressiva é aquela em que o ar vai para fora dos
articulador passivo (na articulação de segmentos
pulmões e é expelido por meio da pressão exercida
velares). A posição do articulador ativo em relação
pelos músculos do diafragma, enquanto a direção
ao passivo define o lugar de articulação dos seg- SAIBA MAIS! ingressiva é aquela em que o ar vai para dentro dos
mentos consonantais.
- quando o falante
Atividades linguísticas reflexão automática, pulmões. No caso dos sons do português, o meca-
faz sobre a língua uma da. nismo de produção é egressivo (sons plosivos).
Aparelho Fonador gramática internaliza
utilizando- se de sua lín gu a (fa lan te,
uário da
São aquelas que o us ele -
Fonte: [adaptado de] Silva (2008.p.30)

) faz ao buscar est ab As correntes de ar podem ser pulmonares, glotais


escritor/ouvinte, leitor po r me io da
municativa e velares. A corrente pulmonar é aquela que se ini-
cer uma interação co
qu e lhe pe rm ite ir construindo o seu cia nos pulmões e é responsável, além da fonação,
língua, o
ua do à situação, aos seus
texto de modo adeq pelo ciclo respiratório. A corrente de ar egressiva
ionais.
objetivos comunicac é usada em todas as línguas. Não há línguas que
s - quando o usuário utilizem a corrente pulmonar ingressiva para a pro-
Atividades epilinguísticara se comunicar. São dução de sons distintivos.
pa
constrói e reconstrói do
qu e su sp en de m o desenvolvimento
aquelas as su nto ) Auguste Renoir.
do tema ou do
tópico discursivo (ou ra, no cu rso da A corrente de ar glotal ou faringal usa o ar que está
ção, pa
ou aspectos da intera re- acima da glote fechada e inicia a corrente de ar atra-
o co mu nic ati va , tratar dos próprios
interaçã liza do s.
e estão sendo uti vés do movimento da laringe para cima e para bai-
cursos linguísticos qu ão pre sen tes Tão natural quanto o olfato, a visão e o paladar
guísticas est xo. Os sons produzidos pela corrente glotal ocor-
As atividades epilin re-
çõ es, co rre ções, pausas longas, é o ato de falar para o ser humano. Esse ato é tão rem quando são produzidos pelo movimento dos
nas hesita so s, etc . ou , por
es, lap
petições, antecipaçõ a natural que só paramos para observar seu funcio- músculos da laringe para cima e são normalmente
interlocutor question
exemplo, quando um m ou co ntr ola a namento nos casos de deficiência ou de falta. No conhecidos como ejetivos. Os sons produzidos
de outre
a atuação interativa ers aç ão , indi- entanto, é essa capacidade de falar do modo como
nu ma co nv pela corrente de ar glotal ingressiva são realizados
tomada da palavra de
não falar por meio o fazemos que distingue o ser humano de todos pelo movimento dos músculos da laringe para bai-
cando quem deve ou res po sta s, so lici -
rguntas,
recursos diversos (pe os outros animais. Quando um ser humano em xo, conhecidos como implosivos. O mecanismo de
tações, etc.). condições “normais” tem algo a expressar a ou- corrente de ar glotálico não ocorre em português.
Aparelho fonador as - quando a língua trem, entra em funcionamento seu sistema nervo-
(articuladores, cavidades e glote)
Atividades metalinguístic
assunto, o tema, o tó- so, impulsionando o aparelho fonador que opera A corrente de ar velar ou oral é produzida dentro
o
se torna o conteúdo, ns-
da situ ação de interação, co sobre a informação a ser transmitida e a codifi- da cavidade oral por meio do levantamento da par-
pico discursivo so bre a pró pri a
ecime nto ca em determinados padrões de ondas sonoras (a
truindo- se um conh lín gu a te posterior da língua, que entra em contato com o
em que se usa a
língua. São aquelas linguagem, o código, a mensagem). Esta operação véu palatino, fechando a parte posterior da cavida-
a língua.
para analisar a própri recebe o nome de codificação. Quando as ondas de e, na parte anterior, pelo fechamento dos lábios
1. Cavidade oral
sonoras, emitidas pelo falante, são conduzidas pelo ou pelo contato da língua com o céu da boca. A
2. Cavidade nasal
ar atmosférico circundante, indo atingir o apare- corrente de ar ingressiva é conhecida como clique.
3. Cavidade nasofaringal
lho auditivo do ouvinte, que capta os sons conver-
4. Cavidade faringal
tendo as ondas sonoras em atividade nervosa, que Deve-se ter em mente que o ar tem duas possibi-
5. Lábio superior
é levada ao cérebro, a operação recebe o nome de lidades de saída: pela boca (sons orais [b], [s], por
6. Dentes superiores
decodificação. Está, assim, fechado o circuito e o exemplo), pelo nariz (sons nasais [n], [m], por exem-
7. Alvéolos
processo que pode se repetir passando o ouvinte plo) ou por ambos ao mesmo tempo (sons nasaliza-
8. Palato duro
a falante. dos [ã], [õ], por exemplo).
9. Palato mole(véu palatino)
12 Fascículo 1 Fascículo 1 13

3.2. O Aparelho Fonador e Os estriados, que podem obstruir a passagem da 4.1. A Fonação
SAIBA MAIS!
Mecanismos de Produção dos Sons corrente de ar) e a glote (espaço decorrente da
não obstrução destes músculos laríngeos). A Vídeos respiração: m/watch?v=Qujt9YKGzAY&featu É na laringe que se encontra o órgão que desem-
Os sons utilizados no exercício da linguagem hu- função primária da laringe é a de atuar como http://www.youtube.co penha papel bastante complexo na produção dos
re=related
mana são vibrações com frequências, intensidades uma válvula que obstrui a entrada de comida m/watch?v=sQU4LVJr7
TI&featur sons da linguagem humana, as cordas vocais, que,
http://www.youtube.co
e durações características, produzidas por uma nos pulmões por meio do abaixamento da epi- e=related
de acordo com sua tensão e abertura, determinam
glote. O ato de engasgar envolve o fato de que er- os modos de fonação também conhecidos como
notam entre vozes div
a epiglote não obstruiu a entrada de alimento As diferenças que se da s pe sso as ba- qualificadores de voz.
de s e

Fonte: [adaptado de] Bechara (2001. P.58)


sas dos sexos, das ida e.
no sistema respiratório. Então o ar dos pul- s dimensões da laring
seiam-se, em geral, na
mões sai, visando impedir a entrada do corpo Na respiração em repouso e na produção dos
e o
mo hotentote, zulu
estranho (alimento) no aparelho respiratório. Línguas africanas, co ida de s dis - chamados sons surdos ou desvozeados, as cordas
ues como un
• O sistema articulatório é constituído da farin- bosquísmano, têm cliq ue s têm um us o vocais estão separadas, e a glote está aberta. O ar
ês, os cliq
ge, da língua, do nariz, dos dentes e dos lábios, tintivas. Em portugu beijo originado nos pulmões pode passar livremente,
uís tico , po r exemplo, o som do
estruturas que se encontram na parte superior paraling a-
cia, o muxoxo ou est o sem que haja vibrações. Estando a glote fechada,
à glote. Várias são as funções primárias desses que se lança a distân .
çar cavalos e as cordas vocais unidas, o ar tem que forçar pas-
órgãos, dentre elas, comer, morder, mastigar, lar da língua para ati
sagem, fazendo-as vibrar. Os sons resultantes são
sentir o paladar, cheirar, sugar, engolir.
Recordando um Pouco A História do
chamados sonoros ou vozeados.
Atividade Homem
ter As cordas vocais podem assumir outras posições e,
1. A partir da observação da obra de Renoir, agem humana pode
Discute- se que a lingu os , ma s pe n- consequentemente, outros modos de fonação. Nos
Aparelho fonador dos conhecimentos empíricos e científicos 100 mil an
surgido há cerca de en te - há cer ca sons sonoros, as cordas vocais estão juntas em toda
mais rec
apreendidos, discuta: É possível afirmar semos numa época o a re-
altura, e devid a sua extensão, e a glote está igualmente fechada.
Fonte: [adaptado de] Silva, (2008. P.24)

que a produção da fala é apenas uma ques- de 40 mil anos. Nesta


do po r ba se o registo arqueo- Se, porém, devido ao afastamento das aritenoides
construções ten dos
tão biológica? o aparelho fonador
lógico, sabe-se que ma r- houver uma pequena abertura na glote, o som re-
umas diferenças
Neandertais tinha alg ad am en te, sultante não é mais sonoro e, sim, sussurrado. Em
derno, nome
2. Identifique as partes do aparelho fonador cantes do Homem mo o
en co ntr av a- se mais elevada. Iss português, ocorrem vogais sussurradas em varia-
e complete o diagrama. a laringe um a mo bil ida de
a tin ha ção com vogais sonoras. Numa palavra como ‘lin-
significa que a língu ção
ssibilidade da produ
menor, limitando a po guística’, o i e o a após a sílaba tônica podem ser
de sons. pronunciados com sonoridade ou com sussurro.

4. Processo Fonatório Sendo a corrente de ar bruscamente interrompida


Os sistemas respiratórios, fonatório e articulatório na glote pelo fechamento, por um período mais
prolongado das cordas vocais, o som resultante é
Introdução
coluna de ar em movimento, que, tendo início denominado oclusão ou oclusiva, glotal.
nos pulmões, na fase expiratória do processo de
Neste tópico, trataremos do processo fonatório ou
respiração, percorre o chamado aparelho fonador. Nos sons aspirados, as cordas vocais continuam
fonação que corresponde aos diversos estados da
As partes do corpo humano que compõem o apa- abertas, e não há vibração por um período mais
glote e da consequente excitação acústica da cor-
relho fonador não têm como função primária a prolongado após a soltura da articulação da conso-
rente de ar ao passar pelas cordas vocais.
produção de sons, mas outras funções, como ali- ante, quando os órgãos já estão posicionados para
mentação e respiração, compondo-se de três sis- a produção do segmento seguinte. Assim, sons as-
temas que, em função secundária, caracterizam o pirados são vogais surdas produzidas com a mesma

Fonte: (ns.rc.unesp.br/.../Pedro/cordas_vocais.htm)
aparelho fonador e são fisiologicamente responsá- protrusão labial e altura da língua da vogal que se

veis pela produção dos sons da fala. segue a uma consoante. Em inglês, ocorrem oclu-
sivas aspiradas, que são variantes posicionais das
• O sistema respiratório é constituído dos pul- oclusivas surdas.
mões, dos músculos pulmonares, dos tubos
brônquios e da traqueia. O sistema respira- Havendo uma vibração das cordas vocais e as par-
tório encontra-se na parte inferior à glote, que tes das aritenoides permanecendo separadas, pode
é denominada cavidade infraglotal. A função
Texto Complementar ocorrer um escape extra de ar. Os sons produzidos
primária do sistema respiratório é obviamente Aparelho fonador: relho.htm sob estas condições são chamados murmurados.
m/sandrafelix.geo/apa
a respiração. http://www.geocities.co São denominados tremulados os sons produzidos
Posições das cordas vocais
• O sistema fonatório é constituído da laringe. pela vibração lenta dos ligamentos das cordas vo-
Nesta, localizam-se as cordas vocais (músculos cais, permanecendo as aritenoides separadas. Tre-
14 Fascículo 1 Fascículo 1 15

Fonte: [adaptado de] Callou (2005.p.22)


mulação e murmúrio podem ser usados com valor essa diferença ocorre pela não articulação da vo-
distintivo em algumas línguas. SAIBA MAIS! gal nasal, em final de palavra em posição tônica
ou postônica ou no meio da palavra em posição
Fonte: [adaptado de] Fiorin
(2007. p.18)

Vídeo laringe: m/watch?v=FA58skByS


28&featu
http://www.youtube.co tônica ou pretônica.Tais casos são denominados
re=related nasalização. Note a diferença de significado em:
m o uso da voz: antes/ “la, lã; mito, minto; cadeia, candeia”. A nasaliza-
Cuidados especiais co gia .com/trabalhos/estud ção da vogal, nesses casos, é obrigatória. Dá-se o
/www.fono
http:/ aud iolo
estudante-005.htm. nome de Nasalação ao metaplasmo, que consiste
na permuta de um fonema oral para nasal (morta-
Modos de fonação
dela > “mortandela”).
Fonte: [adaptado de] Callou (2005.p.21)

4.2. A Nasalização Vogais Nasais do Português Brasileiro


Sons orais e nasais

Fonte: [adaptado de] Silva


(2008. p.91)
Anterior Central Posterior
Leia o poema de Carlos Drummond de Andrade arred não arred não arred não

A nasalização é um mecanismo que, como o pro- arred arred arred

A Um Ausente cesso fonatório, envolve aberturas e fechamentos Alta u


de uma passagem que conduz à outra. Os sons
Tenho razão de sentir saudade, Média e õ
orais são originados no momento em que, ao
tenho razão de te acusar. passar pela glote, a corrente de ar encontra a pas- Baixa
Houve um pacto implícito que rompeste sagem nasofaríngea fechada pelo levantamento do
e sem te despedires foste embora.
véu palatino, escoando, assim, pela cavidade bucal. VOGAIS TÔNICAS NASAIS NO FINAL E NO MEIO DA PALAVRA
Posições das cordas vocais no processo fonatório
Detonaste o pacto.
Estando o véu palatino abaixado e a passagem na-

Fonte: [adaptado de] Silva


(2008. p.91)
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência sofaríngea aberta, parte do fluxo de ar se desvia Vogais Tônicas Nasais
Atividade | Coloque a sua mão contra a par- de viver e explorar os rumos de obscuridade para cavidade nasal, dando origem aos sons nasais. Final de Palavra Meio de Palavra

te central anterior do pescoço (onde, nos ho- sem prazo sem consulta sem provocação (Figura anterior)
[ ] vim [‘v ] cinto [‘s tʊ]
mens, temos o “pomo de Adão”). Pronuncie, até o limite das folhas caídas na hora de cair.
então, o som inicial da palavra “vá” de manei- Na prática, distinguem-se os sons nasais dos sons [e] não há cento [‘setʊ]
e
ra contínua (verifique que apenas a consoante Antecipaste a hora. nasalizados. Nos nasais, há, além do abaixamen- [ã] lã [lã] santo [‘sãtʊ]
esteja sendo pronunciada). Depois pronuncie, Teu ponteiro enlouqueceu, to do véu palatino, uma obstrução na cavidade
da mesma maneira, o som inicial da palavra enlouquecendo nossas horas. bucal causada pela aproximação dos dois articula- [õ] tom [‘tõ] conto [‘kõtʊ]
“fé”. Faça alternância entre V e F algumas ve- Que poderias ter feito de mais grave dores. É o que acontece com as consoantes m[m], [u] jejum [ʒe’ʒum]
u assunto [a’suto]
u
zes, pronunciando, apenas, a consoante. O do que o ato sem continuação, o ato em si, n[n] e nh[ñ]. Para a pronúncia do [m], o obstáculo
que você observou? Que conclusão se pode o ato que não ousamos nem sabemos ousar é formado na cavidade bucal pelo fechamento
tirar em relação à produção dos dois sons? porque depois dele não há nada? dos lábios; em [n] pela junção da ponta da língua Atividade
com a parte posterior dos dentes e em [ñ] pela ar- 1. A partir da leitura do poema de Drum-
Na gravura abaixo, identifique e comente os Tenho razão para sentir saudade de ti, ticulação da lâmina da língua com o palato duro. mond, reflita sobre a importância da na-
estados da glote e os segmentos sonoros pro- de nossa convivência em falas camaradas, Não havendo obstrução total na cavidade bucal, salização na expressividade do português.
duzidos em cada um deles. simples apertar de mãos, nem isso, voz o ar escoa também pela boca, e o som é chamado
modulando sílabas conhecidas e banais nasalizado (caso das vogais). Neste caso, o abaixa- 2. Faça a transcrição dos segmentos vocálicos
que eram sempre certeza e segurança. mento do véu palatino altera a configuração da das palavras:
cavidade bucal e, portanto, a qualidade vocálica a. sim
Sim, tenho saudades. das vogais nasais torna-se diferente da qualidade b. tonta
Sim, acuso-te porque fizeste vocálica das vogais orais correspondentes. Um til c. janta
o não previsto nas leis da amizade e da natureza colocado acima da vogal marca a nasalidade. Veja os d. mundo
nem nos deixaste sequer o direito de indagar quadros nesta página. A nasalidade ocorre quando e. vento
porque o fizeste, porque te foste. uma vogal tipicamente oral é seguida de uma das
Fonte: http://www.jornaldepoesia.jor.br/drumm.html#aumausente consoantes nasais (m, n, ñ). É o caso das palavras 3. Coloque os dedos, fechando a cavidade
cama, tema, time, dono, rumo e sonho. A nasali- nasal e pronuncie b, p, f. Agora pronuncie
Texto Complementar dade é mais perceptível auditivamente com a vogal m, n, ã. O que aconteceu com a corrente
Laringe: fa/ cor po - Como podemos perceber, a nasalização é uma ca- a. Com as vogais médias e, o e as vogais altas i, de ar, com a cavidade bucal e com a resso-
aof ran cis co. com .br /al
htt p:/ /w ww.co leg ios orio/laringe racterística bastante comum; ela ocorre obrigato- u, às vezes, fica difícil identificar se a nasalidade nância no momento em que você pronun-
irat
humano-sistema-resp
riamente em qualquer dialeto do português. ocorre ou não. A nasalidade não causa diferença ciou os diferentes segmentos sonoros?
de significado entre as palavras (janela, j[ã] nela);
16 Fascículo 1 Fascículo 1 17

Quadro de classificação das vogais


4. Retire do poema: 5.1. Os Segmentos Vocálicos Nos encontros vocálicos, costumam ocorrer dois
a. Cinco palavras com apenas sons orais. fenômenos: a diérese (hiatismo) e a sinérese (di-
b. Cinco palavras com sons consonantais Os sons vocálicos são sons produzidos por uma Anteriores: /é/, /ê/, /i/ tonguismo). Chama-se diérese a passagem de
1. Quanto à Zona
nasais. corrente de ar pulmonar egressiva, que faz vibrar, Média: /a/ semivogal a vogal, transformando o ditongo em
de Articulação
c. Cinco casos de nasalização. normalmente, as cordas vocais. Os sons vocálicos Posteriores: /ó/, /ô/, /u/ um hiato: trai-ção= tra-i-ção; vai-da-de= va-i-da-
se opõem aos consonantais por serem acusticamen- de; cai= ca-i.
Abertas: /a/, /é/, /ó/
te sons periódicos complexos, constituírem núcleo 2. Quanto ao Timbre Fechadas: /ê/, /ô/, /i/, /u/
de sílaba e sobre eles poder incidir acento de tom Reduzidas: /a/, /i/, /u/ Chama-se sinérese a passagem de duas vogais de
Texto Complementar e/ou intensidade. O que varia nos sons vocálicos é um hiato a um ditongo crescente: su-a-ve = sua-

VOGAIS
a forma e o tamanho do trato vocal. 3. Quanto ao Papel Orais: /a/, /é/, /ê/, ve; pi-e-do-so = pie-do-so; lu-ar = luar.
Metaplasmos: /wiki/Metaplasmo
http://pt.wikipedia.org das Cavidades /i/, /ó/, /ô/, /u/
Bucal e Nasal Nasais: /ã/, /e /, / /, /õ/, / u/
A Nomenclatura Gramatical Brasileira classifica as
vogais de acordo com quatro critérios:

Fonte: Bechara (2001. p.63)


Tônicas
4. Quanto à Intensidade
SAIBA MAIS! 1. quanto à zona de articulação: as vogais podem Átonas
a u i
único
se restringe a um ser média: /a/; posteriores: /ó/, /ô/, /u/ e ante-
A nasalidade não O ab aix am en- Baixa: /a/
o so no ro. riores: /é/, /ê/, /i/;
segmento no contínu ssa ge m 5. Quanto à Elevação
a abertura da pa Médias: /é/, /ó/, /ê/, /ô/
to do véu palatino e pri os ao s so ns da Língua
Altas: /i/, /u/
nismos pró
nasofaríngea, meca ita 2. quanto à intensidade: as vogais podem ser tô-
na sa liza do s, não se dão em perfe
nasais e do vé u pa latino nicas (em que recai o acento tônico) e átonas Fonte: [adaptado de] Bechara (2001.p.65)
tam en to Posição das vogais /a/, /u/, /i/
sincronia com o levan dos
ssagem nasofaríngea (inacentuadas). Podem estar antes da tônica
e fechamento da pa mu m qu e a na-
sim é co
sons adjacentes. As no s, pe la síla ba. (pretônicas) ou depois (postônicas); 5.2. Os Glides
, ao me
salidade se estenda
3. quanto ao timbre: o timbre é o efeito acústico Segmentos com características fonéticas não tão Texto Complementar
resultante da distância entre o dorso da língua gais:
precisas, sejam de consoante ou de vogal. Fone- Classificação das vo ugues.com/index.php?i
dcanal
e o véu do paladar, funcionando a cavidade p://www.brazilianport
htt
ticamente, são fonemas que se caracterizam por =318
5. Mecanismos de Produção bucal como caixa de ressonância. O timbre é o permitirem a passagem do ar sem obstrução e sem
traço distintivo das vogais. Quanto ao timbre,
de Segmentos Consonantais fricção, com ressonância no centro do trato vocal
as vogais podem ser abertas: /a/, /á/, /ó/; fecha- e por terem um espaço vertical para a passagem
e Vocálicos das: /ê/, /ô/, /i/, /u/ e reduzidas: /a/, /i/, /u/. A do ar mais estreito do que as vogais a que são asso-
reduzida é proferida com menos nitidez, como SAIBA MAIS!
ciados. Na ortografia, são descritos em português
Introdução em casa, em que se comparando os segmentos como a segunda vogal em cai e mau (conhecidas Vogal Epentética?
vocálicos, têm-se o primeiro aberto e o segun- O que é uma
como glides, semicontoides ou semivogais). Fono- do
Talvez agora seja uma boa hora para levantar, abrir do reduzido ; fenômeno caracteriza
logicamente, essas aproximantes se comportam A epêntese é um en tre du as co nso-
vo ga l
a boca em toda sua amplitude e deixar o “a” bem pela emissão de uma es-
como consoantes, isto é, não preenchem posições o representadas na
forte sair e ainda deixá-lo continuar saindo por 4. quanto ao papel das cavidades bucal e nasal, antes não líquidas, nã pa lav ra “p ne u”.
de núcleo da sílaba (assilábicas) e jamais são acen- crita, como, por exemp
lo, na
alguns segundos...Agora abra a boca do mesmo as vogais podem ser orais (/á/, /é/, /ê/, /i/, /ó/, ns for ma est rut ura s
gal tra
tuadas. Representamos as semivogais i (e) por /y/ u A inserção desta vo CV C.
modo e pronuncie “b”. O que aconteceu? /ô/, /u/) e nasais (/ã/, / ~
e /, / ~i /, /õ/, / ~
u /). em estrutura do tip o
(o) por /w/. silábicas do tipo CC . No
Cada língua po ssu i uma vogal epentética
ga l em itid a en tre as
, a vo
A voz humana se compõe de tons (sons musicais) português brasileiro ga l /i/ .
Observe que, em certos casos, em lugar de i ou u, o líquidas é a vo
e ruídos. Caracterizam-se os tons quanto às con- Destaca-se, também, o fator altura do corpo da duas consoantes nã ert an do int e-
pode-se grafar a semivogal e ou o, respectivamente, s vêm desp
As vogais epentética m
dições acústicas, por suas vibrações periódicas. língua, referindo-se à altura que a língua ocupa no em observância às convenções do nosso sistema s est ud ios os , porém ainda existe
resses do ica no
Uma primeira distinção que se faz desses tons e trato vocal durante a produção de um som. São a vogal epentét
ortográfico vigente, segundo as quais a semivogal poucos estudos sobre
iro .
que podem ser utilizados nas línguas é entre conso- quatro os graus de altura da língua: alto em /i/ e /u/ dos ditongos orais é representada pelo grafema i, português brasile
antes (=ruídos), vogais (=tons) e os glides. Quanto (chita e chuva), médio-alto e médio baixo em /é/, e a dos ditongos nasais, pelo grafema e: pai/mãe,
às condições fisiológicas de produção, a diferença /ó/, /ê/, /ô/ e baixo em /a/ (casa). distrai/distraem. Os encontros vocálicos dão ori-
entre consoantes e vogais é que, para a produção gem aos ditongos, tritongos e hiatos. Os ditongos,
dos segmentos consonantais, a cavidade bucal está como os demais encontros vocálicos, podem ocor-
total ou parcialmente fechada, podendo ou não ha- rer no interior da palavra (dizem-se intraverbais: Atividade
ver fricção, enquanto que, para a dos vocálicos, a pai, vaidade) ou por aproximação, por fonética 1. Pronuncie em sequências as vogais i e a.
passagem do ar, na cavidade bucal, se acha comple- sintática, de duas ou mais palavras (dizem-se inter- Durante a posição de qual vogal, a posição
tamente livre, não é interrompida na linha central, verbais: certa idade, inculta e bela). da língua se encontra mais alta? Classifi-
não havendo, portanto, obstrução ou fricção. que umas dessas vogais como alta e outra
18 Fascículo 1 Fascículo 1 19

como baixa. Repita o exercício, observan- vos, sendo estes os lugares em que os articuladores Fricativa: os sons são produzidos por uma aproxi- o articulador passivo (arcada alveolar), e a corrente
do a posição da língua durante a articula- ativos obstruem a passagem de ar. Deve-se lembrar mação dos articuladores, estreitando o trato vo- de ar é obstruída na linha central do trato vocal.
ção das vogais i e u. Classifique uma como que o trato vocal é um continuum que está sendo cal de modo que o ar sai produzindo fricção (esfre- O ar, então, é expelido por ambos os lados desta
anterior e a outra como posterior. dividido nos lugares de produção. Desse modo, gaço, atrito). A aproximação dos articuladores não obstrução tendo, portanto, saída lateral. As late-
não há pontos fixos para a produção de sons. Por chega a causar obstrução completa e, sim, parcial rais ocorrem em português, em: lá, palha, sal (da
2. Classifique os segmentos vocálicos i, ê (ipê), exemplo, o som [t] é produzido com a ponta da causando a fricção. As consoantes fricativas que maneira como é pronunciada no Sul do Brasil ou
a, ó (avó), ô (avô), u nas seguintes catego- língua contra os alvéolos. Alguns falantes podem ocorrem em português são: fé, vá, sapo, zapata, em Portugal).
rias: alta, média alta, média baixa e baixa. produzir esse som, colocando a ponta da língua chave, já, rato (são exemplos do uso do r fricativo
um pouco mais à frente, de modo a encostar tam- - o português de Belo Horizonte e Rio de Janeiro). 6.1.2. Quanto ao Lugar ou
bém nos dentes superiores. São dezenove os fone- Zona de Articulação
6. Mecanismos De Produção mas consonantais do português: /p/, /b/, /t/, /d/, /k/ Africada: é formada por uma oclusiva e uma frica-
(cá), /g/, /f/, /v/, /s/, /z/, /x/ (chá), /j/ (já), /rr/ (carro, tiva que devem ter o mesmo lugar de articulação, Temos:
De Segmentos Consonantais rei), /r/ (cara), /m/, /n/, /nh/ (banha), /l/, /lh/ (malha) ou seja, serem homorgânicas. Na fase inicial da
produção de uma africada, os articuladores pro- a. Bilabial: os sons bilabiais são produzidos pelo
Introdução De acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasi- duzem uma obstrução completa na passagem da fechamento ou estreitamento do espaço entre
leira, classificam-se as consoantes quanto ao modo corrente de ar através da boca, e o véu palatino os lábios (/p/, /b/, /m/). O articulador ativo é o
Todas as línguas naturais possuem consoantes e de articulação, à zona de articulação, ao papel das encontra-se levantado (como nas oclusivas). Na lábio inferior, e o passivo é o lábio superior.
vogais. A cavidade orofaríngea é a câmara de resso- cordas vocais e ao papel das cavidade bucal e nasal. fase final dessa obstrução (quando se dá a soltura b. Labiodental: são os sons produzidos pela obs-
nância onde o fluxo de ar é modificado pela ação da oclusão), ocorre, então, uma fricção decorren- trução parcial da corrente de ar entre o lábio
dos chamados articuladores. Os diferentes modos
6.1.1. Grau da Estritura e te da passagem central da corrente de ar (como inferior (articulador ativo) e os dentes incisivos
por que o fluxo de ar é modificado permitem o nas fricativas). O véu palatino continua levantado
Modo de Articulação superiores (articulador passivo) (/f/,/v/).
estabelecimento de duas grandes classes de sons: durante a produção de uma africada. As africadas c. Dental: são os sons produzidos com a ponta
vogais e consoantes. são, portanto, consoantes orais. As consoantes
A posição assumida pelo articulador ativo em re- da língua (articulador ativo) contra a parte de
lação ao passivo, indicando como e em que grau a africadas que ocorrem em algumas variedades do trás dos dentes incisivos superiores (articula-
Observando a gravura abaixo, que observações português são tia, dia. Para estes exemplos, ima-
passagem da corrente de ar, através do aparelho fo- dor passivo) ou com a ponta da língua entre os
você faz sobre esta última classe? gine as pronúncias “tchia” e “djia”. Para alguns
nador, limita-se neste ponto. A partir da natureza dentes. É o caso do the em inglês.
falantes de Cuiabá, ocorrem consoantes africadas d. Alveolar: os sons são produzidos com a pon-
Fonte: [adaptado de] Callou (2005. p.22)

da estritura, classificam-se os segmentos consonan-


tais quanto à maneira ou ao modo de articulação. em palavras como chá e já (quando pronunciadas, ta da língua ou lâmina da língua (articulador
Assim as consoantes podem ser oclusivas e cons- respectivamente, tchá e djá. Na maioria dos diale- ativo) contra a arcada alveolar (articulador pas-
tritivas. A oclusão ocorre quando os articuladores tos do português brasileiro, temos uma consoante sivo). Consoantes alveolares diferem de con-
[b] [m] estão dispostos de tal forma que impedem comple- fricativa nas palavras chá e já. soantes dentais apenas quanto ao articulador
tamente a saída do ar. O véu palatino está levanta- passivo.
do, e o ar que vem dos pulmões encaminha-se para Vibrante: som produzido quando o articulador ati- e. Alveopalatal (palato-alveolar ou pós-alveola-
a cavidade oral. Oclusivas são, portanto, consoan- vo bate várias e rápidas vezes no articulador passivo, res): são sons produzidos com a lâmina da lín-
tes orais. As consoantes oclusivas que ocorrem em causando vibração. Em alguns dialetos do portu- gua (articulador ativo) contra a parte anterior
a b português são: /p/, /b/, /d/, /k/, /g/. guês, ocorre esta variante em expressões, como “orra do palato duro (articulador passivo), logo após
meu!” ou em palavras, como marra. Certas varian- os alvéolos.
Segmentos consonantais (oral e nasal)
A constrição (pressão) ocorre quando os articula- tes do estado de São Paulo e do português europeu f. Palatal: são os sons produzidos com o centro
dores estão dispostos de maneira a permitirem a apresentam uma consoante vibrante nestes casos. da língua (articulador ativo) contra o palato
saída parcial da corrente de ar. As consoantes cons- Tepe: som produzido pela batida rápida e única do duro (articulador passivo).
Texto Complementar tritivas que ocorrem em português são: /f/, /v/, /s/, articulador ativo no articulador passivo, ocorrendo g. Velar: são os sons produzidos pelo dorso da
/z/, /x/, /j/, /r/, /rr/, /l/, /lh/, /m/, /n/, /nh/. uma rápida obstrução da passagem da corrente de língua (articulador ativo) contra o véu palatino
Classificação das co nsoantes:
m/index.
lianportugues.co ar através da boca. O tepe ocorre em português nos ou palato mole (articulador passivo).
h t t p : / / w w w. b r a z i
php?idcanal=317 Nasal: nos sons nasais, os articuladores da cavida- exemplos: cara, fraca. h. Uvular: os sons uvulares são produzidos pelo
de oral estão fechados, impedindo a passagem do dorso da língua contra o véu palatino e a úvu-
ar. No entanto, o véu palatino encontra-se abaixa- Retroflexa: a produção de uma retroflexa geral- la. Por exemplo, o orra(de orra, meu) produzi-
do, e o ar que vem dos pulmões escapa pelas ca- mente se dá com o levantamento e encurvamento do por alguns dialetos paulistas.
6.1. As Consoantes
vidades oral e nasal. Nasais são consoantes idên- da ponta da língua (articulador ativo) em direção i. Glotal: são os sons produzidos pelas cordas
ticas às oclusivas, diferenciando-se apenas quanto ao palato duro (articulador passivo). Ocorre no dia- vocais. Ocorre quando os músculos liga-
As consoantes podem ser classificadas pelo lugar,
ao abaixamento do véu palatino para as nasais. As leto “caipira” e no sotaque de norte-americanos, mentais da glote se comportam como ar-
ponto ou modo da obstrução do ar e pela vibração
consoantes nasais que ocorrem em português são: falando português, como nas palavras: mar, carta. ticuladores. Por exemplo, em rata (na pro-
das cordas vocais. Os pontos de articulação são de-
nominados de acordo com os articuladores passi- /m/ (má), /n/ (nua), /nh/ (banho). núncia típica do dialeto de Belo Horizonte)
Laterais: o articulador ativo (ponta da língua) toca j. Faringal: são os sons produzidos pela raiz da
20 Fascículo 1 Fascículo 1 21
QUADRO Modos de Articulação e Fonação

Fonte: [adaptado de] Cagliari (1997. p.55)


língua contra a parede posterior. Um exemplo
Modos deArticulação Oclusivas Oclusivas Nasais Fricativas Fricativas Retroflexas Vibrantes Laterais
de som faringal é aquele som grave, produzi- e Fonação Surdas Sonoras Sonoras Surdas Sonoras Sonoras Sonoras Sonoras
do quando limpamos a garganta. Os sons fa-
ringais não são tão comuns nas línguas. Um Lugares de Articulação
exemplo de língua que se utiliza dos sons farin-
1. Bilabiais p b m
gais é a árabe.
2. Labiodentais f v
6.1.3. Quanto ao Papel
3. Dentais t d n ɹ ɾ l
das Cordas Vocais
4. Alveolares s z r
Podem ser sonoras (vozeadas) e surdas (desvozeadas):
5. Palato-alveolares ʧ ʤ ʃ Ʒ ɹ

• Sonoras: /b/, /v/, /d/, /z/, /j/, /g/, /m/, /n/, /nh/, ɲ
y
6. Palatais
/l/, /lh/, /r/, /rr/
7. Velares k g ŋ x Ɣ
• Surdas: /p/, /f/, /t/, /s/, /x/, /k/.
8. Glotais ɂ h ɦ
6.1.4. Quanto ao Papel das Fonte: [adaptado de] Cagliari (1997. p.55)

Cavidades Bucal e Nasal

Podem ser: Atividade


Aparelho fonador/lugar de articulação 1. Indique os articuladores ativos e passivos na produção de cada lugar de articulação:
• Nasais: /m/, /n/, /nh/
• Orais: (todas as outras) a. bilabial
b. labiodental
6.2. Diacríticos c. dental
d. alveolar
Símbolo adicional utilizado junto à consoante Texto Complementar e. alveopalatal
para marcar uma propriedade articulatória secun- f. palatal
dária. As articulações secundárias dos segmentos Diacríticos: /wiki/Diacr%C3%ADtico#Tipos_
http://pt.wikipedia.org g. velar
consonantais são: de_diacr.C3.A Dti cos

2. Observe o exemplo e complete os diagramas, classificando cada consoante quanto ao modo de


• Labialização: geralmente ocorre quando a con- articulação e caracterizando-os da seguinte forma:
soante é seguida de vogais arredondadas (orais • Vozeamento: desenhe uma linha reta cruzando a glote para os segmentos desvozeados. Para os
ou nasais). Utiliza-se o w colocado acima ou à segmentos vozeados, desenhe uma linha em zig-zag, cruzando a glote.
direita do segmento para marcar a labialização. SAIBA MAIS! • Posição do véu palatino: complete o desenho com o véu palatino levantado, se o segmento for
Exemplo: [dʷ], [tʷ] oral. Se o segmento for nasal, complete o desenho com o véu palatino abaixado.
• Palatização: a palatização geralmente ocorre iderada
A letra h não é cons
ga l nem
quando uma consoante é seguida de vogais vogal nem semivo
is nã o é um
anteriores (orais ou nasais). Utiliza-se o símbo- consoante, po
So me nte ad quire
lo j colocado acima à direita do segmento para fonema.
importância, juntan -sedo
marcar a palatização. Exemplo: [tʲ], [dʲ] a outras letras pa ra formar
• Velarização: ocorre quando a lateral encontra- em iní cio de pa-
dígrafos e
etimoló-
se em final de sílaba. O símbolo utilizado para lavras por motivos
gicos. Junta às let ras r, s, c,
transcrever a lateral velarizada é [tˠ], [dˠ] os díg raf os con-
ç, u (para
• Dentalização: ocorre quando a ponta da lín- sonanta is) e m e n (pa ra os [z] [ʃ]
for ma m
gua toca os dentes. Algumas consoantes em dígrafos vocálicos), -
s let ras dia crí
português podem ser articuladas como dentais o conjunto da
ue las qu e se jun tam
ou alveolares. Por exemplo, a pronúncia do t ticas (aq
valor fo-
em “tapa” pode se dar com a ponta da língua à outra para lhe dar
nético especial) .
tocando os dentes sendo, portanto, dental.
Exemplo: [ t̪ ], [ ɖ̪ ]

[k] [n]
22 Fascículo 1 Fascículo 1 23

• Articuladores: desenhe uma seta, sain-

Fonte: Cagliari (1997. p.54)


acrescenta-se um diacrítico para marcar a posição,
do do articulador ativo para o passivo. se o intuito for uma transcrição mais detalhada.
3. Categorize os segmentos consonantais do Para cumprir este papel, tem-se a tabela fonética in-
português quanto ao modo de articulação: ternacional (IPA - Internacional Phonetic Alphabet).
Esta tabela foi organizada de acordo com os traços
a. /p/, /b/, /t/, /d/, /k/, /g/ envolvidos na produção dos sons. A finalidade do
b. /f/, /v/, /s/, /z/, /x/, /j/, /r/, /rr/, /l/, /lh/, alfabeto fonético e de uma transcrição fonética é a
/m/, /n/, /nh/ de possibilitar a transcrição e a leitura de qualquer
som em qualquer língua por uma pessoa treinada.
Assim, o que se quer é que as convenções usadas
7. Alfabeto Fonético sejam inequívocas e estejam explicitadas. Uma
comparação entre as várias propostas de alfabetos
Por que precisamos usar, para representar os fonéticos mostra que há uma base comum advin-
sons nos estudos de fonética, um alfabeto da do alfabeto fonético internacional. E, na práti-
diferente do que usamos para escrever? ca, qualquer que seja o alfabeto adotado, ocorrem
sempre adaptações determinadas por conveniências
Vamos responder a esta questão a partir das razões ocasionais, tais como facilidade de datilografia, tipo-
apresentadas por Fiorin (2007), ao considerar que gráficas, maior legibilidade etc. Nos estudos sobre o
a fonética lida com a substância da expressão e, português, é bastante difundido o alfabeto de LA-
portanto, deve-se tentar registrá-la o mais fielmen- CERDA & HAMMARSTRÖM (1952) (CALLOU,
te possível. Em primeiro lugar, qualquer pessoa 2005). Em Silva (2008), encontramos uma tabela
pode ter se deparado com problemas ortográficos que lista os segmentos consonantais relevantes para
do tipo: emprego do x ou ch, g ou j, l ou lh. Isso a transcrição do português brasileiro. Veja abaixo.
ocorre porque, na ortografia, um som não neces- Logo após, a autora apresenta a transcrição fonéti-
sariamente corresponde a uma letra. Por outro ca, observações e exemplos de palavras que ilustram
lado, assim como temos uma letra que correspon- cada um dos segmentos da tabela apresentada.
de a mais de um som, um som pode corresponder
a mais de uma letra. Há muitos casos em que se Em Cagliari (1997), encontramos uma tabela que
usa uma combinação de letras para indicar um apresenta os símbolos do IPA, seguidos das letras usa-
determinado som (por exemplo, nh, lh.ch), em das para se escrever ortograficamente o português e
que uma letra representa mais de um som (x para de exemplos para facilitar a compreensão. Confira.
sexo) e em que se utilizam letras que não têm
Símbolos fonéticos consonantais relevantes
correspondente sonoro algum (h em hospital). para transcrição do português
Alveopalatal
Labiodental

Uma outra razão para a utilização do alfabeto fo-


Alveolar

Glotal
Bilabial

Palatal
Dental

Articulação
Velar
ou

nético é que o alfabeto ortográfico já é uma abs- Maneira Lugar


tração. Ninguém escreve como fala. A palavra
porta é igualmente grafada por cariocas, piraci- desv p t k
cabanos e gaúchos; no entanto, cada um pronun- Oclusiva
cia esse r de maneira diferente. Essa abstração é voz b d g
importante para a uniformização e o entendi- desv ʧ
mento (preocupação com o conteúdo), porém, Africada
ʤ
sendo a preocupação com o plano da expres- voz

são, deve-se tentar explicar cada som diferente. desv f s ʃ X h


Fricativa
Mesmo com toda essa preocupação com a des- voz v z Ʒ Ɣ ɦ
crição de cada som, não há uma generalização Nasal voz m n ɲ y
desses sons. Por exemplo, usa-se o [t] para no-
tar o primeiro som da palavra tacape e [ʧ] para Tepe voz ɾ
grafar o primeiro som de tia. No entanto, pode Vibrante voz ř
ocorrer de certas pessoas produzirem o [t], colo-
Retroflexa
r
cando-se a ponta da língua entre os dentes e os voz

alvéolos, como o fazem os gaúchos. Neste caso, Lateral voz l l


y lj
Fonte: [adaptado de] Silva (2008.p.37)
24 Fascículo 1 Fascículo 1 25

Em “olhos” e “óleos”, temos também palavras ge- para assinalar as principais variações (combinatórias, sociais ou individuais) de uma mesma unidade
ralmente consideradas homófonas no português. distintiva. A consoante inicial da palavra rato será representada /r/ numa transcrição fonológica, mas,
Texto Complementar Contudo estes não são necessariamente sempre os de acordo com o sotaque regional do falante, ela poderá ser representada foneticamente [r], [R], [ ʁ ].
ernacional: casos envolvendo palavras homófonas. Elas podem
Alfabeto Fonético Int ki/Alfabeto_fon%C3%A9t
ico_
p://pt.wikipedia.org/wi
htt ter registro ortográfico idêntico. Veja por exemplo: Atividade
internaciona
“manga (fruta)” e “manga (de camisa)”. Salienta-se 1. Indique a forma ortográfica de cada uma das palavras a seguir:
aqui a natureza distinta entre pronúncia e repre-
sentação fonética. A pronúncia reflete como algo
foi pronunciado, e a transcrição fonética reflete a
maneira mais adequada de se registrar aquela pro-
SAIBA MAIS!
núncia. Sobre as palavras “cela” e “sela” e ‘olhos”
:
e filologia românicaire fox e “óleos”, podemos dizer que as palavras “cela” e
Transcrição fonética
co m. br/ sea rch ?cl ien t=f
htt p:/ /w ww.go og le. pt-BR%3Aofficial&channel=s& “sela” são homófonas e apresentam transcrições
-a&rls=org.mozilla%3A %C3%A9tico+reflex%C3%B5
fon
hl=pt-BR&q=alfabeto+ a+Google fonéticas idênticas: [‘sɛlə]. Note que em [‘sɛlə], os
uis
es&meta=&btnG=Pesq segmentos consonantais e vocálicos podem ser
inferidos a partir dos parâmetros articulatórios en-
volvidos em sua produção. Em “óleos” e “olhos”
temos duas palavras que podem apresentar pro-
Atividade | Identifique símbolos do Alfabeto núncias distintas para alguns falantes. Quando
Fonético Internacional que diferem dos conven- homófonas, têm na última sílaba uma consoante
cionados no Alfabeto fonético do português. lateral alveolar ou dental seguida de uma de uma
sequência de glide anterior+ vogal(GV) e tendo
como último segmento uma fricativa sibilante
8. Transcrições Fonéticas desvozeada([s] ou [ʃ ] dependendo do dialeto). A 2. Transcreva foneticamente as palavras:
questão que se coloca nesse tipo de transcrição é
Introdução quanto à escolha dos símbolos fonéticos a serem a. elegante
utilizados. Destacamos, assim, as seguintes alterna- b. carregamento
Este tópico tem por objetivo discutir o uso de tivas: [‘ɔli̯̪ ʊs](VCVVC) e [‘ɔlʲʊs](VCVC). Portanto, c. ajudante
símbolos fonéticos para o registro de dados da uma transcrição fonética reflete não apenas os d. congelados
transcrição da fala, considerando, especialmente, aspectos fonético-articulatórios de uma sequência e. amplitude
a transcrição de dados do português, de forma a sonora mas também a interpretação ou análise do f. embrulhadinho
requerer do estudante a realização desta atividade. componente sonoro da língua. (SILVA 2008. p.106 a 108.) g. refrigerante
h. casamento
Transcrição fonética e pronúncia Assim, quando se pretender representar a maior i. exílio
são a mesma coisa? parte dos matizes fônicos (transcrição detalhada, j. meiguice
estrita- campo da fonética), mesmo os que não têm
função linguística, a transcrição deverá ser apresen-
Fonte: http://images.google.com.br/
imgres?imgurl=http://www.english

3. Escolha um verso do poema de Drummond e faça a transcrição fonética. Considere seu idioleto.
tada entre colchetes [ ]; quando se pretender repre-
sentar apenas os traços fônicos (transcrição ampla- Ausência
campo da fonologia) de uma função linguística, a
transcrição se fará entre barras oblíquas, / / (di- Por muito tempo achei que a ausência é falta.
ferencia fonema de letra). Não existe, na verdade, E lastimava, ignorante, a falta.
experts.com.br

transcrição fonética perfeita, a não ser a que é reali- Hoje não a lastimo.
Pronúncia e transcrição fonética zada com o registro do fato acústico bruto por meio Não há falta na ausência.
de aparelhos de análise do som, tais como os osciló- A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
grafos, porque não é possível representar todos os
que rio e danço e invento exclamações alegres,
As línguas naturais apresentam palavras que têm matizes fônicos de cada realização de um fonema. porque a ausência assimilada,
sequências sonoras idênticas com significados di- ninguém a rouba mais de mim.
ferentes. Duas palavras pronunciadas da mesma Perceba que a notação fonológica é mais simples
maneira que apresentam significados diferentes que a fonética, visto que ela não se preocupa com (Disponível em: http://www.fabiorocha.com.br/drummond.htm)

são chamadas de homófonas. O par de palavras as diversas variantes de um mesmo fonema, utili-
homófonas em português “cela” e “sela” tem o zando um só sinal nos casos em que a transcrição
registro ortográfico diferente para as duas palavras. fonética deve recorrer a vários signos diferentes,
26 Fascículo 1 Fascículo 1 27

Fonema – designa o som que, dentro de um sistema fônico sas. Fonética: Produção de Sons na Linguagem
determinado, tem um valor diferenciador entre vocábu- Humana. Aparelho Fonador. Alfabeto Fonético.
RESUMO los. Corresponde aos sons elementares e distintivos que o
homem produz quando, pela voz, exprime seus pensamen- Fonologia: Fonema. Traços Distintivos. Arqui-
tos e emoções. fonema. Sistema Consonantal. Interpretação
A Fonética possui áreas de interesse. Estuda a produção dos sons da linguagem humana
da Vibrante. Sistema Vocálico. Vogais Nasais.
e os órgãos envolvidos na produção da fala. Idioleto – é uma variação de uma língua única a um indi- Vogais Assilábicas. Variação Fonológica. Estilís-
víduo. É manifestada por padrões de escolha de palavras e
tica Fônica. Alfabetização. Inclui nota sobre as
O falar humano é um ato natural. Para atender às necessidades de expressão e comuni- gramática, ou palavras, frases ou metáforas que são únicas
desse indivíduo. Cada indivíduo tem um idioleto; o arranjo autoras, bibliografia geral e comentada e índi-
cação, o ser humano codifica e decodifica a informação, utilizando-se da atividade de
de palavras e frases é único, não significando que o indi- ce de figuras, onomástico e remissivo).
vários órgãos produtores da fala.
víduo utiliza palavras específicas que ninguém mais usa.
Um idioleto pode evoluir facilmente para um ecoleto - uma CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguís-
A fonação refere-se ao processo de produção de sons por meio das cordas vocais, quando variação de dialeto específica a uma família de indivíduos.
tica. São Paulo: Scipione, 1997.
estas vibram devido a uma explosão expiratória de ar, podendo produzir diferentes sons.
Na produção dos sons, há a distinção destes quanto ao papel das cavidades bucal e Letra – sinal gráfico que, na escrita, representa o fonema.
Pode-se dizer ainda que a letra é uma realidade visual grá- (Este livro apresenta uma reflexão sobre o pa-
nasal. Assim, os sons são classificados em orais e nasais. A nasalização ocorre quando fica, e o fonema é uma realidade acústica. pel que a escola desempenha na sociedade,
fonemas orais se opõem aos nasais.
possibilitando ao educador compreender a
Língua – é a linguagem que utiliza a palavra como sinal de
comunicação. Trata-se de um sistema de natureza gramati- natureza da escrita, suas funções e usos. É in-
As vogais são caracterizadas pela passagem livre do ar através da cavidade bucal, não
cal, pertencente a um grupo de indivíduos, formado por um dispensável para quem se propõe à tarefa da
podendo haver para estas a classificação por ponto e modo de articulação. Classificam-
conjunto de sinais e de regras para combinação destes. É alfabetização. Nele se encontram fundamentos
se, assim, as vogais quanto à zona de articulação, intensidade, timbre e papel das cavi- uma instituição social de caráter abstrato, exterior aos in- sobre conhecimentos linguísticos úteis na busca
dades bucal e nasal. As vogais se opõem às consoantes por serem acusticamente sons divíduos que a utilizam, que somente se concretiza através
de soluções para problemas técnicos relativos à
periódicos complexos, por constituírem núcleo da sílaba e sobre elas poder incidir acento da fala, que é um ato individual de vontade e inteligência.
fala, à escrita e à leitura infantil).
de tom e/ou intensidade. Os sons que não se identificam como vogais ou consoantes são
Linguagem – todo sistema de sinais que nos permite reali-
chamados semivogais ou glides que, por fonologicamente se comportarem como conso- zar atos de comunicação. FIORIN, José Luiz(org). Introdução à Linguística
antes, não assumem núcleo de sílaba e jamais são acentuados.
II. Princípios de análise. 4 ed. 1ª reimpressão.
Protrusão – estado de um órgão que, em virtude do cres-
cimento, se acha colocado na frente de outros órgãos que São Paulo: Contexto, 2007.
Consoantes são vibrações aperiódicas ou ruídos ocasionados pela obstrução parcial ou
ele normalmente não ultrapassa.
total da corrente de ar devido à ação de dois articuladores. São fonemas assilábicos, clas-
(Este livro expõe os princípios de análise dos
sificados de acordo com a Nomenclatura Gramatical Brasileira a partir de quatro critérios: Som – movimento vibratório de um corpo sonoro. fenômenos da linguagem. Começa pelo estudo
dos sons (fonética e fonologia), passa pelo exa-
1. quanto ao modo de articulação;
me da palavra e dos seus componentes (morfo-
2. quanto à zona de articulação;
3. quanto ao papel das cordas vocais;
REFERÊNCIAS logia), pela análise da sentença e chega até a
investigação dos sentidos (semântica), das ca-
4. quanto ao papel das cavidades bucal e nasal.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática por- tegorias da enunciação (pragmática) e da or-
tuguesa. 37 ed. Ver. e ampl. Rio de Janeiro: ganização do discurso. Na análise semântica,
Alfabético fonético é uma convenção usada para possibilitar a transcrição e a leitura de
Lucerna, 2001. apresenta dois pontos de vista diferentes, para
qualquer som em qualquer língua, por uma pessoa treinada. O alfabeto proposto pela
que o leitor perceba que, no fazer científico,
Associação Internacional de fonética é um dos mais conhecidos e adotados, mesmo exis-
(Esta obra, revista e ampliada, oferece ao leitor princípios teóricos distintos levam ao exame de
tindo várias propostas de alfabetos fonéticos com suas adaptações.
o extraordinário universo que é a Língua Portu- fatos diferentes ou a explicações diversas para
guesa em suas múltiplas manifestações e reúne a o mesmo fenômeno. É o segundo volume de
Transcrição fonética e pronúncia diferem, pois enquanto a pronúncia reflete a maneira
maior coletânea de assuntos gramaticais. Atua- Introdução à Linguística.
como algo é pronunciado, a transcrição fonética reflete a maneira mais adequada de se
lizada no plano teórico da descrição do idioma,
registrar aquela pronúncia.
e enriquecida por trazer à discussão e à orien- SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia do
tação normativa a maior soma possível de fatos português: roteiro de estudos e guia de exercí-
gramaticais levantados pelos melhores estudio- cios. 9 ed. 1ª reimpressão. São Paulo: Contex-
sos da Língua Portuguesa, dentro e fora do país). to, 2008.
Glossário
CALLOU, Dinah. Iniciação à Fonética e Fonolo- (Este livro representa uma valiosa contribuição
Aritenoides – um par de pequenas pirâmides de cartilagem vos articulados com duas cláusuras (pontos de contacto)
gia. 10 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. aos estudos fonológicos brasileiros, por pro-
que fazem parte da laringe. Nestas cartilagens, as cordas na boca, uma à frente, e outra atrás. A bolsa de ar no
vocais são anexadas. meio é rarefeita por ação sugadora da língua, ou seja, os porcionar o conhecimento dos pressupostos te-
cliques acontecem devido ao mecanismo aéreo, ingressivo (O livro apresenta os principais fundamentos órico-metodológicos fundamentais de fonética,
Clique – som produzido com a língua ou os lábios sem a velárico/lingual. da Linguística, tratando sobre: Língua Portu- fonêmica e fonologia, de maneira clara e numa
ajuda dos pulmões. Tecnicamente, os cliques são obstruti- guesa. Fonética. Fonologia. Estudos e Pesqui- linguagem coerente e acessível. Além de expor
28 Fascículo 1 Fascículo 2 29

Fonologia
objetivamente aspectos teóricos da fonética e
fonologia, contém uma série de exercícios que
permite ao estudante praticar os conhecimen-

e Processos
tos adquiridos.

______. Exercícios de fonética e fonologia. São

Fonológicos da
Paulo: Contexto, 2003.
(Este livro contém exercícios distribuídos em
cinco partes - fonética, fonêmica, fonologia

Língua Portuguesa
gerativa, fonologia autossegmental e teoria da
otimidade. Aponta o percurso necessário a pro-
fessores e estudantes de Fonética e Fonologia,
fazendo uma junção com eficiência entre a te-
Prof.ª Maria Perpétua Teles Monteiro
oria e a prática).
Carga Horária | 15 horas
TERRA, Ernani. Linguagem, língua e fala. São Objetivos Específicos
Paulo: Scipione, 1997. p.12-17
Identificar os principais conceitos e fundamentos da Fonologia.
(Este livro apresenta a língua como um bem Aplicar princípios da teoria fonológica na pesquisa, na análise e no ensino da
da humanidade. Conceitua e discute de forma Língua Portuguesa.
simples e clara: língua, linguagem e fala; gra-
maticabilidade e agramaticabilidade; signos,
índices, ícone, símbolos; norma culta, emprésti- Noções Básicas de Fonologia
mos e transferência; o português do Brasil e de
Portugal; gramática, níveis de fala, gíria e con- Neste tópico, apresentaremos alguns conceitos básicos adotados pela teoria fo-
ceito de erro em língua. Em um último tópico, nêmica, visando apontar, de forma introdutória, como o fonólogo vê o sistema
apresenta a Linguística: Ciência da linguagem. sonoro de uma língua. Os termos fonologia ou fonêmica empregados referem-se
É, portanto, um livro importante para a com- a tendências estruturalistas que tratam do estudo da cadeia sonora da fala. Um
preensão dos conceitos básicos e fundamentais dos objetivos da fonologia do tipo fonêmica é o de fornecer aos usuários o instru-
da Linguística. mental para a conversão da linguagem oral em código escrito.
TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação:
uma proposta para o ensino de gramática nos
1º e 2º graus. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2002. 1. Fonema

(Este livro contém uma proposta para o ensino Segundo Callou (2005), a distinção feita tradicionalmente entre fonética e fonologia
de gramática nas aulas de Português do 1º e 2º na linguística é a base do conceito original de fonema desenvolvido por volta de
graus, com fundamentos teóricos e farta exem- 1920. Desde o aparecimento do termo, através dos tempos, o fonema tem sido
plificação, respondendo a perguntas como:- visto de diversas maneiras: de início, igualado a som da linguagem; depois conhe-
Para que ensinar gramática?- O que ensinar cido sob um prisma essencialmente psíquico; como intenção de significado; mais
nas aulas de gramática?- Como ensinar gra- tarde, sob o prisma físico, funcional e abstrato.
mática?- Como integrar o ensino de gramática
ao ensino de produção/compreensão de textos Nesse processo, a autora destaca momentos históricos e contribuições, apontando
e ao ensino de vocabulário? Para responder a que, no século XIX, o termo fonema já era usado, referindo-se à unidade de som, isto
tais perguntas, propõem-se e inter-relacionam- é, a uma unidade fonética (fone) e não, a uma noção abstrata, que envolve oposição.
se concepções de linguagem e gramática e tipos Já no final do século, nos trabalhos de Baudouin de Courtenay, surge, ao lado da
de gramática e tipos de atividades no ensino de noção de som da fala, a noção de fonema, a partir de uma conceituação psicológica.
gramática, integrando-se de modo capaz de de- Courtenay via o fonema como um som ideal que o falante almejava alcançar no exer-
senvolver a competência comunicativa do aluno cício da fala, na qual realizava sons próximos a esse protótipo idealizado. Segundo ele,
e outras habilidades, tais como raciocínio cientí- o fonema era o equivalente psíquico do som da fala.
fico, preparando-o efetivamente para a vida.
Contudo, somente a partir de 1930, nos trabalhos do Círculo Linguístico de
Praga, o conceito de fonema foi formulado com maior precisão. A noção, tal
como usada hoje, já estava implícita em Saussure, em sua dicotomia langue-
30 Fascículo 2 Fascículo 2 31

parole(língua-fala) bem como a ideia do contraste muda o significado e, segundo a fonologia, o i e o co é realizado com um grau de abertura menor do que ocorre em admirar, que é pronunciada como
fonêmico presente nos trabalhos iniciais de E. Sa- e, neste caso, têm o mesmo valor. Porém, num ou- que o do [a] tônico oral. Essa realização do fonema se houvesse um [i] entre o [d] e o [m], provocando a
pir. O primeiro passo foi dado quando Saussure es- tro contexto, como em sílabas tônicas, a ocorrên- /a/, embora se encontrem outras notações, pode aplicação da regra de palatização do [d], que passa
tabelece distinção entre estudo sincrônico e estudo cia de i ou de e tem valor distintivo de palavras. Por ser transcrita como [ã]. Uma transcrição feita como [dʒ]. O resultado é, portanto, a forma [adʒimi’rar].
diacrônico das línguas. Antes à fonética competia exemplo, numa palavra como vi, se houver a troca [ɐ] [’kamɐ], com [a] oral e com abertura máxima em A principal conclusão a que devemos chegar é a de
a descrição dos sons da língua e à fonologia, o es- de i por e, surgirá uma palavra nova, vê, com sig- sílaba tônica, precedendo uma consoante nasal, que onde ocorre [d], não ocorre [dʒ], e vice-versa.
tudo histórico da mudança. Saussure não chegou nificado diferente. Esse som usado para distinguir no máximo produziria realizações estranhas, não Podemos dizer que esses dois fones ocorrem em
a formular sua conceituação, mas já tinha uma palavras, como no caso de i e do e das palavras vi e utilizadas pelos falantes. Perceba que se fez referên- distribuição complementar.
ideia bastante clara de que os fonemas são, antes vê, é chamado de fonema da língua. Além da fun- cia a três alofones distintos do fonema /a/. Se não
de tudo, entidades opositivas, relativas e negativas. ção opositiva que diferencia as palavras, o fonema conseguirmos caracterizar dois segmentos suspei- Atividade | Observe as realizações dos fone-
assume uma outra função dentro da cadeia fônica: tos como fonemas distintos, mas o caracterizamos mas na figura anterior. Apresente conclusões.
Para Trubetzkoy, o fonema passou a ter uma con- delimitativa ou demarcativa , a partir dos traços como realizações distintas de um mesmo fonema,
ceituação funcional abstrata, a unidade mínima prosódicos ou supra-segmentais, a expressiva. devemos buscar evidências para caracterizá-los
distintiva do sistema de som, e é como unidade como alofones.
funcional que deve ser definido. O fonema é, Atividade | Amplie suas leituras sobre o que Texto Complementar
então, a menor unidade fonológica da língua. significa ser estruturalista. Dois sons diferentes podem funcionar sempre dis- Alofone: xu0oC&
.br/books?id=ivoQ6Q2
Bloomfield definiu o fonema como uma unidade tintamente, num sistema linguístico. Nesse caso, http://books.google.com
pg=PA#PPA41,M1]
mínima de traço fônico distintivo, indivisível. não há dúvida, eles são realizações de fonemas di-
ferentes, mas mesmo que eles sejam realizações de
Foi esse conceito de fonema como elemento míni- Texto Complementar um único fonema, a relação entre essas variantes
mo do sistema da língua, que permitiu à linguística pode ser de tipos diferentes: SAIBA MAIS!
com
moderna um enorme avanço metodológico, pois Fonema: sso.nom.br/gramatica/fo
nema.htm. s – são produzidos
http://www.radames.mano Os alofones estilístico en to de
2.1. Variação Livre como o alongam
lhe forneceu uma unidade discreta, isto é, segmen- intenção expressiva, a de
a vibração alongad
tável de análise. [e] em eeeeeu???!!! e
Em português, várias consoantes produzidas com a em burrrrro!!!
O russo Romam Jakobson veio a ter um papel deci- ponta da língua como articulador podem ser reali-

Fonte: http://www.comuni
cacaocrista.com.br/img/banner_
alofone_sp.gif.
sivo dentro dos estudos fonológicos, contribuindo zadas de duas maneiras distintas, como alveolares
para formular o conceito de unidade mínima, in- ou como dentais. Você pode verificar, pronuncian-
divisível do fonema como unidade mais suscetível
2.3. Par Suspeito, Par Mínimo e
do as palavras tom, dar, não e lá com a ponta da
de dissociar-se em unidades inferiores ou mais sim- língua encostada nos dentes superiores ou na ar-
Par Análogo
ples – os traços fônicos. Jakobson definiu o fone- cada alveolar, ao produzir os sons iniciais de cada
ma como um feixe de traços distintivos, chamando Para que se entenda o funcionamento do sistema
Alôfone uma dessas palavras. Se você disser que tem um
a atenção para o fato de o fonema corresponder a fonológico de uma língua, precisa-se fazer um le-
[‘gatʊ], e eu disser que tenho um [‘gat̪ ʊ], com cer-
um ato de atribuição de significado e jamais um teza temos o mesmo tipo de animal doméstico, vantamento de todos os sons que ocorrem nela
ato de plenitude de significação. O fonema é as- 2. Alofones embora a pronúncia utilizada seja diferente. Não e depois passar a examiná-los para verificar quais
sim: uma subunidade carente de significado. há qualquer possibilidade de distinguir significa- são distintivos ou não nessa língua. Como os sons
do em português através dessa posição. Podemos podem ser modificados de acordo com o contexto
Como sabemos, pode acontecer de dois sons per-
O fonema é um som que, dentro de um sistema dizer, então, que entre o [t] alveolar e o [t] dental, em que ocorrem, pode ser que dois sons diferentes
tencerem ou serem realizações do mesmo fonema.
fônico determinado, tem um valor diferenciador existe variação livre sociolinguisticamente falando. sejam apenas versões ligeiramente modificadas de
As diferentes realizações de um determinado fo-
entre os vocábulos. A realização fônica em si vai in- nema são denominadas seus alofones. O fonema um mesmo elemento. Precisa-se, então, fazer um
teressar à fonética, à fonologia interessa a oposição /a/, por exemplo, tem pelo menos três realizações 2.2. Distribuição Complementar levantamento dos sons que são semelhantes na lín-
dos sons dentro do contexto de uma dada língua. diferentes em português. Em sílabas tônicas, ele gua em estudo. Por exemplo, sons como [p] e [b] ou
Ela se ocupa dos aspectos interpretativos dos sons, [t] e [d] são bastante semelhantes, pois diferem um
é pronunciado como [a], ou seja, com a cavidade Chama-se distribuição complementar a relação
de sua estrutura funcional nas línguas. oral apresentando seu grau máximo de abertura. É entre alofones, quando um fone ocorre em deter- do outro apenas pelo fato de serem surdos e sono-
o que ocorre em pá, caso e ávido. Em sílabas áto- minados ambientes, e outro fone ocorre nos de- ros. Sons foneticamente semelhantes são aqueles
Quando um falante diz, por exemplo, potxi, txia, nas finais, o mesmo fonema /a/ se apresenta com mais ambientes. Por exemplo, nos falares do por- que compartilham de uma ou mais propriedade fo-
tudu, tapa até, etc., a Fonética constata as pronún- um grau um pouco menor de abertura, o que é tuguês do Brasil em que a palatização diante de [i], nética. Um par de sons foneticamente semelhantes
cias diferentes tx e t, e a fonologia interpreta essa transcrito como [ɐ]. Preste atenção na pronúncia o [d] pode ser realizado de duas maneiras: como constitui um par suspeito.
diferença, atribuindo um valor único a esses dois de fala e casa; a vogal da sílaba tônica apresenta um [d] diante de tepe e diante de qualquer vogal que
sons, uma vez que tx ocorre somente diante da grau de abertura maior do que o da sílaba átona. não seja o [i]; ou como [dʒ] diante de [i]. Diante de O procedimento habitual de identificação de fo-
vogal i, e o t diante de outro som que não seja i. Uma outra realização do fonema /a/ é a que encon- qualquer consoante que não o tepe, ocorre a forma nemas é buscar duas palavras com significados di-
Fato semelhante ocorre quando um falante diz ora tramos quando ele é nasalizado.Tanto em palavras [dʒ], mas, nesse caso, ocorre epêntese ou inserção ferentes cuja cadeia sonora seja idêntica. As duas
iscada, ora escada. A ocorrência de i ou de e não como lã como em palavras como cama, o /a/ tôni- de um [i] entre o d e a consoante seguinte. É o palavras constituem um par mínimo. Assim, em
32 Fascículo 2 Fascículo 2 33

português, define-se /f/ e /v/ como fonemas dis- Em posição átona, os dois fonemas correlativos careta, manifesta-se como um tepe ou vibrante sim- 4. Traços ou
tintos, uma vez que o par mínimo “faca” e “vaca” tornam-se intercambiáveis, sem que isso altere o ples em qualquer dialeto do português: [ɾ]. O ‘R” Propriedades Distintivas
demonstra a oposição fonêmica. Assim o par mí- significado da forma. Por exemplo, em final de pa- forte ocorre em início de sílaba (carro, rua, Israel).
nimo “faca/vaca” caracteriza os fonemas /f,v/ por lavra como em bolo/bolu, não há oposição entre Observe, agora, algumas ocorrências de ‘R” posvo- Cagliari (2002. p. 85) inicia este assunto pontuan-
contraste em ambiente idêntico. Um par de pa- os fonemas o e u. Assim, essa forma passa a ser cálico. Considerando a palavra “par”, temos [‘pah] do que a fala é um contínuo, que pode ser inter-
lavras é suficiente para caracterizar dois fonemas. escrita como /bolU/. O arquifonema passa a ser re- (Belo Horizonte), [‘paɾ] (São Paulo); /’paR/(fonêmi- pretado em função de segmentos, devido às carac-
Esse tipo de procedimento é chamado de teste de presentado por um símbolo, geralmente uma letra ca); em parto, temos: [‘pahtʊ] em (Belo Horizonte), terísticas articulatórias, acústicas e auditivas e em
comutação: altera-se o significante em um único maiúscula, que indica a perda do contraste entre [‘paɾtʊ] (São Paulo). Perceba que, em Belo Horizon- função de unidades (segmentos) que se sucedem
ponto e verifica-se se há alteração de significado. os dois fonemas, causada por uma neutralização. te, ocorre o segmento [h], e o segmento [ɾ], em São no tempo. Com base na saliência auditiva, a de-
O conceito de neutralização e o de arquifonema Paulo. A perda de contraste fonêmico em o ‘r” fraco composição da fala mais comum gera os segmentos
Quando se confirma que há distinção sistemática (realização não-marcada resultante da neutraliza- e o “R” forte é neutralizada no português em posi- representados por letras dos alfabetos fonéticos.
de significado entre pares desse tipo, tem-se que, ção) foi criado por Nicolai Trubertzkoy, fonólogo ção de final de sílaba. Nesse contexto - de posição É uma segmentação por blocos e linear. Todavia,
nessa língua, os pares suspeitos formam pares mí- da escola de Praga (1890-1939). Algumas correntes final de sílaba - utilizamos o arquifonema /R/ para cada um desses blocos pode ser decomposto nas ca-
nimos. Basta encontrar pares mínimos para sons não aceitam a noção de neutralização e preferem representar fonemicamente o “R” posvocálico. madas que os compõem. Procedendo assim, tem-se
foneticamente semelhantes. Quando pares míni- tratar o fenômeno dentro da morfofonologia ou uma segmentação não das unidades que se suce-
mos não são encontrados para um grupo de sons morfofonêmica. Além do arquifonema /S/ e do /R/, o fonema /l/ dem no tempo, mas dos elementos que coexistem
em uma determinada língua, pode-se se caracteri- que também pode ocorrer em posição posvocálica num determinado bloco ou segmento, num deter-
zar os dois segmentos em questão como fonemas 3.1. O arquifonema /S/ em “cal” /’kaL/ (forma fonêmica), aponta-se o ar- minado tempo da corrente da fala. Essas camadas
distintos pelo contraste em ambiente análogo. quifonema /N/ posvocálico nasal em “um” /’uN/ que compõem os segmentos são as propriedades
Assim, duas palavras que ocorram em ambientes Em português, temos a oposição fonêmica entre (forma fonêmica), em que se tem a sílaba travada fonéticas dos sons da fala e são usadas pela fono-
similares podem caracterizar o contraste em am- /s,z,ʃ,ʒ/. Os pares mínimos “assa, asa, acha, haja” pelo arquifonema /N/. logia como propriedades distintivas ou não com
biente análogo, desde que a diferença entre os sons caracterizam o contraste fonêmico dos fonemas relação ao valor de informação fonológica.
não seja atribuída aos sons vizinhos, por exemplo, /s,z,ʃ,ʒ/ em posição intervocálica. Os pares mínimos
devido a processos de assimilação. Um exemplo “(ele) seca, Zeca, (ele) checa, Zeca caracterizam o Texto Complementar Assim em fonologia, propriedades ou traços distin-
rtu-
para demonstrar o contraste fonêmico em ambien- contraste fonêmico dos fonemas /s,z,ʃ,ʒ/ em início os de fonologia do po
Introdução aos estud tivos, ainda chamados funcionais, pertinentes ou
te análogo pode ser em [s] e [z], em posição inicial, a 209):
de palavra. Perceba que, caso haja a troca de um guês brasileiro (págin ok s?i d= TFz WA q-
.co m. br/ bo relevantes, referem-se a unidades mínimas, contras-
no par de palavras “sumir/zunir”. Note que em fonema pelo outro, haverá mudança de significado htt p:/ /bo ok s.g oo gle
S7I0C&pg=PA tivas e são aquelas que irão distinguir, entre si, os
“sumir/zunir” além da diferença segmental de [s] de palavra. Note, contudo, que em oposição final elementos lexicais. O caráter infinito das possibili-
e [z], temos a diferença entre [m] e [n], precedendo de sílaba, o contraste fonêmico dos fonemas /s,z,ʃ,ʒ/ dades humanas de articulação e o fato admitido de
a vogal tônica. Não há razão para se supor que as desaparece. Pretende-se dizer com isso que, em po- que um mesmo indivíduo não realiza nunca, duas
consoantes nasais [m] e [n] possam influenciar as sição final de sílaba qualquer, um dos segmentos Atividade
vezes seguidas, o mesmo som de maneira idêntica
ocorrências de [s] e [z] (por assimilação, por exem- /s,z,ʃ,ʒ/ pode ocorrer sem prejuízo de significado. 1. Faça a transcrição fonética e fonológica
não impedem que se identifiquem sempre deter-
plo). Portanto, o par de palavras ‘sumir/zunir” de- Observe a realização fonética que ocorre com a dos dados apresentados abaixo. Não es-
minado som de uma língua, cada vez que é ouvido,
monstra o contraste em ambiente análogo entre [s] consoante no final de sílaba, na palavra “mês”: queça que as transcrições fonéticas são
como sendo o mesmo som e não outro. Para os
e [z], em posição inicial. [‘mes] ou [‘meʃ ]; [mezbu’nitʊ] ou [me ʒ bu’nitʊ] “ mês feitas entre colchetes, e as fonológicas (fo-
linguistas de Praga, o que torna essa identificação
bonito”. Em todos esses exemplos, podemos de- nêmicas), entre barras transversais:
possível é o chamado traço distintivo que pode ser
preender o significado da palavra. Note, contudo, definido por seus componentes articulatórios e/
Texto Complementar que a consoante final da palavra mês ocorre como a. fugaz
ou acústicos. São traços articulatórios ou acústicos
onema: b. arroz
Neutralização e arquif id=ivoQ6Q2xu0oC&
om.br/books?
qualquer um dos segmentos /s,z,ʃ,ʒ/. Este fato per- pertinentes aqueles que servem para caracterizar
http://books.google.c mite a conclusão de que houve uma neutralização c. atroz
PPA 66, M1 ( pág ina 66) um fonema em face de outros que têm com ele
pg=PA# d. luz
dos fonemas /s,z,ʃ,ʒ/ em posição, em final de sílaba, traços comuns. São esses traços que interessam ao
em português. Para neutralização, utiliza-se a no- e. susto
linguista. Ele irá, a partir deles, organizar o siste-
ção de arquifonema. O símbolo /S/ representará os f. vespa
ma fonológico das línguas. Uma diferença mínima
3. A Neutralização e o Arquifonema segmentos /s,z,ʃ,ʒ/ que ocorrem em final de sílaba, g. lesma
entre duas unidades da língua constitui um traço
contexto em que a neutralização ocorre. h. vesga
distintivo. (CALLOU, 2005. p. 38 e 39).
O conceito de neutralização não deve ser confun- i. mês
dido com o de variação. Existe neutralização, quan- 3.2. Os arquifonemas /R/, /L/ e /N/ j. mês passado
Historicamente, foram propostos vários tipos de
do há uma supressão das oposições entre dois ou l. mês bonito
inventários de traços distintivos com o objetivo
mais fonemas em determinados contextos, isto é, Em português, temos o “r” fraco e o “R” forte. m. mês alegre
de sistematização das unidades fonológicas e com
quando uma oposição é anulada ou neutralizada. Atesta-se contraste fonêmico (pares mínimos) en- vistas a uma maior ou menor correlação com a re-
No sistema fonológico do português, em posição tre estes dois tipos de “R” somente em posição in- 2. Considerando a atividade anterior, res-
alidade fonética. Não nos deteremos neste espaço
pretônica, há uma neutralização entre [e] e [ɛ] e [o] tervocálica: “caro/carro; carreta/careta; sarar/sar- ponda: Que fonemas perderam a sua proprie-
a essa discussão teórica dos diferentes modelos
e [ɔ], cuja posição é funcional em posição tônica. rar. O ‘r” fraco, que ocorre em palavra como “caro, dade contrastiva em posição final de sílaba?
34 Fascículo 2 Fascículo 2 35

quanto ao caráter dos traços distintivos. zidos com aponta da língua como articu- ticulação, os articuladores que os produzem(ativos g. operado
lador ativo, o que se move em direção ao e passivos). Essas propriedades são chamadas de h. operador
4.1. Traços Distintivos articulador passivo. São coronais, portanto, segmentais. Dentre as propriedades que só pode- i. médica
sons como [s, t, l]. Algumas análises também mos identificar sintagmaticamente, temos o fato j. medica
• Os denominados independentes dos articulado- consideram as vogais anteriores como coro- de um som ser prolongado ou não, ser agudo ou l. medicado
res (não estão associados a um único articulador) nais. Todos os demais são não-coronais. grave. Essas propriedades são chamadas de supras- m. medicamento
• [+ labial]: são labiais os sons produzidos com segmentais ou prosódicas.
• [+ consonantal]: corresponde intuitivamen- o lábio inferior como articulador ativo. Essa
te à divisão entre vogais e consoantes. Têm o classe abrange os sons bilabiais e labiodentais. Dentre as propriedades suprassegmentais, en-
traço [+ consonantal] os sons que apresentam • [+ dorsal]: são dorsais os sons produzidos contramos o acento e os tons. O acento, familiar SAIBA MAIS!
um grande obstáculo à passagem do ar pela com a parte posterior da língua como arti- a nós, falantes de português, pode ser manifes- emocional: o por-
Acento de insistência ou go do acento de
parte central da cavidade oral, isto é, se há culadores ativo. Inclui as consoantes uvu- tado por qualquer um dos tipos de propriedade tuguês também faz empre o
ter, com o chamad
neles um fechamento total (como nas oclusi- lares e velares, além das vogais posteriores. acústico (altura, intensidade e duração), ou por intensidade para ob eis efe ito s.Q ua n-
notáv
vas, nas nasais, laterais e vibrantes) ou quase Algumas análises, no entanto, incluem uma combinação de mais de um tipo dessas pro- acento de insistência, -se
se qu er en fat iza r uma palavra, insiste
total (como fricativas). Dessa forma, as semi- todas as vogais entre os sons dorsais. priedades. Os tons se relacionam basicamente à do tôn ica . Os
te na sílaba
mais demoradamen na gra fia , est e
vogais ou glides ficam classificadas com o altura do som (no sentido de ser um tom relati- escritores costumam
indica r,
rep eti nd o a vo ga l da
,
traço [- consonantal] • Traços de modo de articulação: [+ sonoro], vamente agudo ou relativamente grave: acento alongamento enfático bém
to de insistência tam
• [+ vocálico]: são vocálicos os sons produzidos [+ nasal], [+ lateral]. musical). Esses tipos de propriedades suprasseg- sílaba tônica. O acen ere nte da tôn i-
sílaba, dif
sem impedimento à passagem de ar. Assim, • Outros traços: [+ anterior], [+ posterior], [+ ar- mentais (acentos e tons) podem ter importante pode cair em outra ôm en o do rec uo
l do fen
ca. A causa essencia entre
como os sons [l, ʎ, r, ɾ] são produzidos com rela- redondado], [+ alto], [+ baixo]. função de distinguir itens lexicais. O português e
ac en to po de ser a falta de sincronia
do lin gu ag em .A
• Traços não relevantes para o português: [+ aspi- as demais línguas românicas, o inglês, o alemão, através da
tiva desobstrução do ar, eles são considerados emoção e expressão, e ref orç a a vo z.
palav ra
como tendo o traço [+ vocálico]. Por outro rado], [+ glotalizado]. são línguas de acento de intensidade; o latim e o emoção se adianta à
lado, como os glides caracterizam-se por terem grego, por outro lado, possuem acento musical.
o espaço da passagem do ar mais reduzido do Os traços com sinal (+) são marcados, e os com Numa língua como o português, o acento pode
que nas outras vogais, eles são caracterizados sinal (-) não são marcados. Em uma notação como ter uma função distintiva. Assim, em palavras
como [- vocálico]. [+ sonoro], não se lê a valência (o sinal +), mas como sábia, sabia e sabiá, a acentuação distin- Texto Complementar
• [+ soante] ou [+ sonorante]: uma das for- se diz apenas sonoro. Na notação [- sonoro], por gue o significado delas. Em algumas línguas, são Dicionário de Lingu ística: xu0oC&
.br/books?id=ivoQ6Q2
mas de caracterizar essa oposição é dizer exemplo, diz-se não-sonoro ou surdo, não sendo os tons que distinguem o significado e não, a http://books.google.com
pg=PA#PPA5,M1.
que têm o traço [+ soante] os sons que não costume dizer menos sonoro. acentuação. Como exemplo de língua que usa os gicas:
tons distintivamente, temos o japonês em que O acento em portugu ês-abordagens fonoló nto.htm.
dificultam a produção das cordas vocais. itorial.com.br/releaseace
pares de palavras como háshì e hàshí, em que o http://www.parabolaed
É atributo o traço [- soante] aos sons que
apresentam uma obstrução grande à pas- Texto Complementar primeiro significa “palitinho usado para comer”,
ços
sagem do ar, dificultando, dessa maneira, sobre o sistema de tra e o segundo, “ponte”.
Uma breve reflexão
essa vibração. Têm o traço [- soante], por- distintivos: bli cac oe s/
6. Processos Fonológicos
.br /ie l/s ite /al un os/ pu
tanto, as oclusivas, fricativas e fricadas. Os htt p:/ /w ww.un ica mp Portanto, traços prosódicos ou suprassegmen-
textos/b00007.pdf.
demais sons (vogais, semivogais, nasais, tais têm função expressiva e devem ser consi- Como já vimos, os sons não são realizados da mes-
laterais e vibrantes) têm o traço [- soante] derados em conta numa descrição fonológica. ma maneira. Dependendo do contexto em que
• [+ contínuo]: os sons que têm o traço O acento de intensidade deve ser marcado na ocorrem, os sons podem sofrer modificações. A
[+ contínuo] são produzidos sem que haja Atividade | Pesquise e selecione dados do idio- representação fonológica em que o símbolo [’] sistematização e organização desses sons, segundo
uma interrupção do fluxo de ar. Se houver leto de um falante de São Paulo e um gaúcho e (símbolo de minuto) precede a sílaba tônica. sua estrutura e funcionamento, é objeto de estudo
essa interrupção, considera-se que o som transcreva foneticamente esses dados, apresen- Exemplo: para fabrica e fábrica, temos [fa’bɾika] da fonologia que elabora conceitos, procedimen-
tem o traço [- contínuo], o que abrange as tando observações sobre possíveis variantes. e [’fabɾika] respectivamente. tos e processos para classificá-los. Vejamos alguns
oclusivas, africadas e vibrantes. desses processos fonológicos mais comuns.
• [+ tenso]: são os sons produzidos com con- Atividade | Transcreva foneticamente os da-
siderável esforço muscular. A oposição 5. Aspectos Suprassegmentais dos abaixo. Marque a sílaba tônica colocando 6.1. Processos que Acrescentam Traços ou
entre os chamados r fraco (o de era) e o r o símbolo [’] antes da sílaba acentuada: Mudam a Especificação dos Traços
ou Prosódicos
forte (o de erra) pode ser caracterizada por
esse traço, tendo eles os traços [- tenso] e a. sílaba a. Assimilação: refere-se a qualquer processo em
Podemos distinguir os sons uns dos outros por pro- b. dissílaba
[+ tenso], respectivamente. que um som adquire características ou traços
priedades que detectamos em cada um deles ou por c. silabar dos sons que o rodeiam;
propriedades que só podemos detectar sintagmati- d. silabado
• Os dependentes de um articulador b. Nasalização: é um tipo de processo fonológico
camente. Dentre as propriedades que detectamos e. ópera bastante comum em português. Quase toda
em cada um dos sons, encontra-se o modo de ar- f. opera
• [+ coronal]: são coronais os sons produ- vogal tônica que precede consoante nasal se
36 Fascículo 2 Fascículo 2 37

nasaliza; 7. Análise Fonológica verificar o status fonológico dos sons que fica- modelo fonológico do tipo fonêmico, apresentado
c. Palatização: faz com que uma consoante se ram isolados na tabela e que não participaram durante este fascículo, ilustra uma tentativa estru-
realize como palatal, quando diante de vogal O domínio e aprofundamento dos conceitos e pro- da discussão fonológica com outros sons. Não turalista de formalização do componente sonoro.
anterior palatal (tira, diabo); cedimentos apresentados nos tópicos anteriores havendo dúvida, em princípio, esses sons são Correntes teóricas pós-estruturalistas, que tratam
d. Harmonização vocálica: ocorre uma ação as- são necessários para uma análise fonológica (fonê- fonemas independentes. Havendo dúvidas, es- do componente sonoro, são conhecidas como mo-
similatória da vogal tônica sobre a pretônica mica) de uma língua. Para que essa atividade possa ses sons deverão ser investigados, comparados delos fonológicos aqui apresentados da fonologia
(m[i]nimo], f[i]liz); ser efetivada, Cagliari (2002. p. 55) apresenta os com outros sons e analisados para se saber se gerativa padrão à interface fonologia-sintaxe.
e Metafonia: ocorre uma ação assimilatória da seguintes passos: são alofones em variação ou apresentam um
vogal átona sobre a tônica. A metafonia é um valor de fonema. O Estruturalismo
processo diacrônico, que irá explicar a pas- • O corpus: como a análise fonológica baseia- • O inventário dos fonemas: neste momento, o
sagem de metu a m[e]du. Sincronicamente, se em dados fonéticos da fala, a primeira pro- inventário de fonemas na tabela de fonemas Como já foi dito, o modelo fonêmico expressa
plurais, como form[o]sos, comp[o]stos que vidência é coletar esses dados através de uma deve estar completo, e os processos fonológi- uma tentativa de formalização do componente
a norma culta rejeita, explicam-se por extensão transcrição fonética detalhada e cuidadosa. cos de distribuição dos fonemas e da ocorrên- sonoro. Em correntes estruturalistas, a investi-
da regra de metafonia. Esse conjunto de dados, ou corpus, pode ser cia de seus alofones já devem ser do conheci- gação do componente sonoro prevalecia sobre
constituído de palavras (cerca de 50), frases e mento do pesquisador. a análise de outras áreas (como a morfologia e
6.2. Processos que Inserem Segmentos textos. Posteriormente, haverá necessidade de • Os processos fonológicos: um aspecto impor- a sintaxe, por exemplo). Na verdade, os proce-
ampliação do corpus com mais exemplos e com tante da análise fonológica é a formulação de dimentos teóricos e metodológicos postulados
a. Ditongação: mudança fônica resultante de alter- outros tipos de ocorrência, como pequenos tex- regras de distribuição dos fonemas e da reali- para a análise do componente sonoro dentro
nância sincrônica ou de evolução diacrônica. Essa tos espontâneos, textos lidos, falas informais zação de seus alofones. Todas as modificações de uma ótica estruturalista foram estendidos a
mudança se deve à redução de um hiato ou a uma e discursos formais, conversas, diálogos etc. que os fonemas sofrem devem ser descritas e outras áreas da análise lingüística, contribuindo
segmentação de uma vogal em duas partes, for- • A tabela fonética: feitas as transcrições foné- formuladas de acordo com a tradição da fono- para o seu progresso como ciência. Dentre as
mando uma única sílaba. ticas e obtido um corpus, o passo seguinte é logia. Para que uma análise fonológica fique tantas discussões, temos que em uma análise fo-
b. Epêntese: fenômeno que consiste em interca- fazer o levantamento de todos os sons que mais completa, é necessário considerar não nêmica, deve-se ter um inventário fonético (que
lar, numa palavra ou grupo de palavras, um fo- aparecem no corpus e colocá-lo em forma de apenas os aspectos segmentais mas também os lista os fonemas, alofones e informações sobre
nema não etimológico por motivos de eufonia, tabela fonética. Essa tabela segue o padrão tra- fenômenos suprassegmentais, morfofonológi- a estrutura silábica ou suprassegmental). A uni-
de comodidade articulatória, por analogia. Na dicional de classificação fonética dos sons. cos, sociolinguísticos, pragmáticos etc. dade mínima de análise é o fonema. Pares míni-
palavra italiana e portuguesa inverno, houve • Os pares suspeitos: verificando os sons da ta- • A transcrição fonológica: uma análise fono- mos caracterizam a oposição entre os fonemas;
epêntese em relação à palavra latina hibernum. bela fonética, fazem-se os balões ao redor dos lógica completa costuma apresentar o corpus Alofones caracterizam a variação expressa pela
pares de sons foneticamente semelhantes para transcrito com os fonemas. Desta forma, os distribuição complementar e o fonema constitui
6.3. Processos que Apagam Segmentos posterior investigação. Em geral, sobram alguns dados aparecerão documentados com a trans- uma unidade mínima de análise, que tem um
sons que, por serem muito diferente dos de- crição dos fonemas dos itens lexicais e com papel contrastivo e concreto na investigação lin-
a. Tradicionalmente denominados síncope, afére- mais, precisam ser investigados separadamen- seus respectivos alofones. Com isto, a análise guística. É fato que os procedimentos teóricos
se, apócope, a depender da posição em que se te, para ver, por exemplo, se não estão em dis- fonológica está concluída. e metodológicos postulados para a análise do
encontre a vogal. tribuição complementar ou em variação livre. componente sonoro dentro de uma ótica estru-
b. Outros processos fonológicos que podem ocor- • Os pares mínimos: em seguida, procuram-se Atividade | Identifique, em sua comunidade, turalista foram estendidos a outras áreas da aná-
rer nas línguas naturais podem ser determina- para cada par suspeito os pares mínimos en- um falante de quem você possa gravar uma lise linguística, contribuindo para o progresso
dos não só por certos traços distintivos mas contráveis no corpus. Todo par mínimo esta- conversa e retirar algumas palavras que julgue desta. À linguística cabe analisar e formalizar o
também pela prosódia e pela morfologia. (Es- belece o valor de dois fonemas, os quais come- interessantes para análise. Faça a análise dos supra-sistema que Saussure denominou língua.
tes serão estudados um pouco mais à frente). çam a formar uma outra tabela: a tabela dos dados selecionados. A fonte de dados para a análise linguística é a
fonemas nos moldes da tabela fonética. fala que consiste da linguagem enquanto evento
Atividade | Pesquise e aponte: • Os ambientes análogos: para os casos de pares físico (em termo de pronunciarem-se sequências
suspeitos não resolvidos através de pares míni- Texto Complementar de sons). Posteriormente, a proposta de inter-
a. Sons foneticamente semelhante do portu- mos, recorre-se aos ambientes análogos, para gina 13): pretar-se o fonema como unidade mínima de
guês; verificar se são fonemas ou não. Modelos teóricos (pá m. br/ bo ok s?i d= TFz
WA q-
p:/ /bo ok s.g oo gle .co
htt análise será questionada e implicará mudanças
b. Exemplos dos processos fonéticos estuda- • A distribuição complementar: a verificação de S7I0C&pg=PA#PPA13,
M1
significativas para a teoria linguística.
dos.
que houve ou não distribuição complementar
obtém-se através de tabelas especiais de ocor- Além da corrente fonêmica, outras propostas tive-
rências dos sons foneticamente semelhantes. ram um caráter importante na elaboração e no
Texto Complementar Faz-se necessário partir de uma análise mais 8. Modelos Fonológicos desenvolvimento da proposta estruturalista: a cor-
os
de Variantes de Léxic abrangente dos contextos em que esses sons
Geração Automática Re co - rente do Círculo linguístico de Praga (Trubetzkoy
iro para Sistemas de
do Português Brasile ocorrem e, depois, verificar qual é a distribui- Neste tópico, à luz de Silva (2008), teremos uma (1939) Jakobson (1967), as contribuições de Saus-
nhecimento de Fala: /Do cWeb /Se ara -
c.b r/~ fer nan do ção real que eles têm na língua. breve visão da trajetória pós-estruturalista da análi- surre (1916); Sapir(1925); Boloofield (1933); Mar-
htt p:/ /w ww.lin se. ufs
200 3Va rian tes .pd f. • Os sons restantes: o passo seguinte consiste em se do componente sonoro das línguas naturais. O tinet (1968); Matto Câmara (1970).
38 Fascículo 2 Fascículo 2 39

A Fonologia Gerativa Padrão das representações e processos fonológicos. Fonologia Lexical análise do componente sonoro. Trabalhos do por-
tuguês que adotam a fonologia de uso são os de
Em 1965, Chomsky publica Aspects of the theory Fonologia Não-Linear Na fonologia lexical, a interação entre os compo- Cristófaro-Silva e Oliveira (2202)].
of syntax, apresentando uma proposta convincente nentes fonológico e morfológico dá-se por meio
de interpretação e análise da estrutura linguística. • Fonologia CV: Na fonologia gerativa padrão, da inter-relação das regras de diferentes domínios Atividade | Amplie suas leituras sobre a teo-
Este trabalho revoluciona a relação interna dos estu- a proposta de formalização da silaba é repre- (fonológico e morfológico). A fonologia lexical ria apresentada por Chomsky. Reflita sobre o
dos linguísticos. O componente sonoro, que tinha sentada por Kahn (1976).Nesta proposta, o propõe três níveis de representação: subjacente, le- conceito de competência linguística e discorra
um papel preponderante na análise linguística, pas- nódulo que representa a sílaba domina ime- xical e fonética. Dentre os títulos mais importantes sobre a contribuição dessa teoria para o ensi-
sa a ser visto apenas como parte integrante do me- diatamente seus constituintes, que são seg- da fonologia lexical cita-se Kiparssky (1982), Mo- no de Língua Portuguesa na atualidade.
canismo linguístico. A proposta de análise gerativa mentos. De acordo com tal proposta, os tra- hanan (1982), Booij e Rubach (1984), Pulleybank
assume a noção de processos. A fala é gerada a partir ços distintivos{consonantal] e [silábico] são (19860), Inkelas (1989), Hargus e Kaisse (1993).
de transformações impostas a representações subja- excluídos das representações segmental. Isso
centes. As representações subjacentes pretendem es- dá lugar à presença das categorias C (para as Teoria da Otimização
pelhar o componente linguístico internalizado que consoantes) e V para as vogais. Os elementos
o falante tem de sua língua. As representações sub- CV formam um conjunto de unidades tempo- A teoria da otimização propõe um programa que ex- Texto Complementar
jacentes relacionam-se à competência linguística. A rais. Tais unidades possuem um status teórico plicita um modelo de análise gramatical. A fonolo- aos
informação fonética
competência linguística opõe-se ao desempenho. O semelhante a C e V em perspectivas estrutura- gia tem sido foco de pesquisa nessa linha. Têm-se re- Pela incorporação de
os:
modelos fonológicpr. vis tas /
desempenho é formalizado pelas representações de listas, uma vez que se permite categorizar síla- ferência no trabalho de Prince e Smolensky (1991). br/ do cum ent os/ pd f_re
htt p:/ /w ww.let ras .uf
superfície, que pretendem refletir o comportamen- bas em termos de suas sequências segmentais. Um aspecto importante da teoria da otimização diz hpsilva.pdf]
to empírico da língua a ser analisada. Comparando- • Fonologia autossegmental: surge como uma respeito ao formalismo assumido. Assume-se que a
se a proposta gerativa ao modelo estruturalista, po- proposta teórica de interpretação da sílaba forma superficial de uma forma lexical é escolhida
de-se dizer que a competência relaciona-se à língua que se iniciou com o estudo de aspectos su- com base na condição de satisfazer restrições gerais
e que o desempenho relaciona-se à fala. A inovação prassegmentais da fala, como tons acentos. Ar- sobre as representações de saída (output). Regras
do modelo gerativo do ponto de vista teórico e me- gumentos gerais e motivação da teoria podem fonológicas são ausentes no formalismo deste mo- Texto Complementar
todológico refere-se à noção transformacional de ge- ser encontrados em Goldsmith (1990). delo. A teoria da otimização consiste de um pro-
Estruturalismo: .com.br/revisoes/filosofi
a/estrutu
ração de estruturas gramaticais e ao relacionamento grama de pesquisa de cunho gerativo que propõe http://www.vestibular1
explícito que passa a ser definido entre a linguagem ralismo.htm;
Fonologia de Dependência metas para a linguística geral. Estas metas devem _
t/edtl/ver betes/E/estruturalismo
e o mecanismo psicológico que o gera. ser alcançadas para todos os níveis da gramática. http://www2.fcsh.unl.p
checo.htm )
As teses que geraram a formulação da fonologia
O Modelo Natural gina 68):
de dependência surgiram na década de 1970. A Interface Fonologia-Sintaxe Fonologia métrica (pá .co m. br/ bo ok s?i d= TFz
WA q-
p:/
htt /bo ok s.g oo gle
relevância da teoria de dependência para as re- S7I0C&pg=PA#PPA68,
M1
• Fonologia gerativa natural: tem como postu- presentações fonológicas e morfológicas pauta-se A descrição e formalização dos sistemas sonoros
e prosódica:
Fonologia métrica rev
ladores Vennemann(1972) e Hooper (1972, na proposta da analogia estrutural. Esta proposta tinham posição de destaque até meados da década ista/Fonologia5.html
http://www.unincor.br/
1976). Estes autores defendem que o compo- distingue a fonologia de dependência de outros de 1960 nos estudos linguísticos. Após a proposta
nente fonológico deve ocupar-se com transpa- modelos teóricos, uma vez que a representação fo- de Chomsky (1965), o foco da análise linguística
rências e com a motivação fonética regular. To- nológica relaciona-se a aspectos de representação passa a ser a organização do componente sintáti-
das as outras regularidades devem ser tratadas morfológico e sintático. co. A descrição dos sistemas sonoros passa a fazer
com informações do componente morfológico, parte do componente fonológico que atua após
buscando-se evitar soluções abstratas. A fonolo- Fonologia de Governo os mecanismos sintáticos terem sido concluídos.
gia gerativa natural busca definir os princípios A interface fonologia-sintaxe pode ser pesquisada
que regulam as regras foneticamente motivas A fonologia de governo assume que as relações nos trabalhos de Selkirk (1980), Pullum e Wicky
das não-produtivas. Além de investigar como de governo estabelecidas no processo de silabifi- (1984), Nespor e Vogel (1986) Scarpa (1999).
o léxico é estruturado, investiga se as restrições cação são universais. As relações de governo são
sequenciais devem ser definidas em termos de derivadas de princípios da gramática universal e Fonologia de Uso
morfemas.Vennemann e Hooper propõem que juntamente com parâmetros específicos das lín-
a sílaba seja incorporada à teoria fonológica. guas naturais definem os sistemas fonológicos. A A fonologia de uso oferece uma proposta alternati-
• Fonologia natural: uma corrente alternativa fonologia de governo propõe um formalismo de si- va de análise do componente sonoro, expressando
denominada fonologia natural surge com a labificação, representação, segmentação, interação a relação entre fonética-fonologia e fonologia-mor-
proposta de Stampe(1980). A diferença entre entre a fonologia e outros componentes da gramá- fologia. Esta proposta de análise pode ser relacio-
a fonologia gerativa natural e a fonologia natu- tica e de organização do léxico. A proposta teórica nada à proposta de Langacker (2000), que trata da
ral é que a primeira busca investigar a naturali- dessa teoria é de Kaye e Lowenstamm (1981-1985). transcrição gramatical abordando o uso da lingua-
dade das regras fonológicas enquanto a segun- gem. A fonologia de uso oferece uma proposta de
da tem por objetivo caracterizar a naturalidade relacionar aspectos sincrônicos e diacrônicos na
40 Fascículo 2 Fascículo 2 41

FIORIN, José Luiz(org). Introdução à Linguística


II. Princípios de análise. 4. ed. 1ª reimpressão.
RESUMO
São Paulo: Contexto, 2007.
Há uma discussão histórica sobre a compreensão do objeto de estudo da fonética e da
SILVA, Thaís Cristófaro. Fonética e Fonologia do
fonologia que vai encontrar maior precisão nas contribuições de Saussure, Trubetzkoy e
português: roteiro de estudos e guia de exercí-
Jakobson, quando o fonema passa a ser entendido como um som que, dentro de um
cios. 9. ed. 1ª reimpressão. São Paulo: Con-
sistema fônico determinado, tem um valor diferenciador entre os vocábulos.
texto, 2008.
Alofone: cada realização de um fonema. A relação entre as variantes pode ser: variação
livre e por distribuição complementar.

Para descrição de uma língua, precisa-se fazer, inicialmente, um levantamento de todos


os sons dessa língua. Definem-se quais sons têm valor distintivo (são fonemas); quais sons
são foneticamente semelhantes (formam par suspeito); dos pares suspeitos, formam-se os
pares mínimos; passa-se ao agrupamento realizado a partir da estrutura e do funciona-
mento desses sons; criam-se regras que caracterizam os processos fonológicos. Os pro-
cessos fonológicos consistem, então, numa sequência de regras para esse agrupamento
e explicação dos sons.

O arquifonema corresponde ao resultado de uma neutralização.

Traços distintivos são propriedades mínimas, de caráter acústico ou articulatório, que, de


forma co-ocorrente, constituem os sons das línguas.Pode-se definir um conjunto de traços
distintivos como um conjunto específico de propriedades que constituem os fonemas.

Pode-se distinguir os sons uns dos outros por propriedades presentes em cada um deles.
Essas propriedades podem ser segmentais ou suprassegmentais.

Uma análise fonológica exige o domínio de conceitos e o desenvolvimento de alguns


passos que vão desde a coleta dos dados à transcrição fonológica.

Os principais modelos fonológicos que buscam a formalização do componente sonoro


das línguas naturais são: o estruturalismo, a fonologia gerativa padrão, o modelo natural,
fonologia gerativa natural, modelo natural, fonologia não-linear, fonologia de dependên-
cia, fonologia de governo, fonologia lexical, teoria da otimização, interface fonologia-
sintaxe e fonologia de uso.

GLOSSÁRIO REFERÊNCIAS
Acentuação – modo de proferir um som ou grupo de sons
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática por-
com mais relevo que os outros. Esse relevo denomina-se
acento. tuguesa. 37. ed. Ver. e ampl. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2001.
Diz-se que o acento é de intensidade (acento de força,
acento dinâmico, acento expiratório ou icto), quando o CALLOU, Dinah. Iniciação à Fonética e Fonolo-
relevo consiste no maior esforço expiratório. Diz-se que o
acento é musical (acento de altura ou tom), quando o rele-
gia. 10 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
vo consiste em elevação ou maior altura da voz.
CAGLIARI, Luiz Carlos. Análise fonológica:
Estruturalismo – corrente de pensamento nas ciências introdução à teoria e à prática com especial
humanas, que se inspirou no modelo da linguística e que
destaque para o modelo fonêmico. São Paulo:
apreende a realidade social como um conjunto formal
de relações. Mercado das letras, 2002.
Fascículo 3 43

Processos
Morfofonológicos
e Estilísticos
Prof.ª Maria Perpétua Teles Monteiro
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
Apontar os principais conceitos relacionados aos processos morfofonológi-
cos e estilísticos da Língua Portuguesa.

1. Morfofonologia
Introdução

Neste fascículo, apresentaremos, de forma introdutória, alguns conceitos neces-


sários ao estudo dos processos morfofonólogicos e estilísticos, uma vez que, du-
rante o curso, morfologia e estilística serão conteúdos de ensino em disciplinas
específicas. Vale ressaltar, inicialmente, que a morfofonologia ou morfofonêmi-
ca, em linguística estrutural, correspondem à fonética e à fonologia, quando os
itens léxicos inseridos no lugar dos símbolos recebem uma interpretação fonéti-
ca. Trata-se de um nível intermediário entre fonologia e morfologia, visando ao
estudo das diferentes formas fonéticas apresentadas por um mesmo morfema.
Que não pareça óbvio dizer que a morfologia, tratando de formas, ocupa-se
das condições de estruturas da parte significante dos signos e das regras que
determinam as possíveis variações dos significantes, uma vez que esse enfoque
enfatiza o caráter fônico da morfologia, quando da combinatória fônica, é que
resultam os padrões morfológicos.

1.1. Morfologia
Podemos conceituar morfologia como o estudo da forma, da configuração, da
aparência externa da matéria. O termo morfologia foi inicialmente empregado
nas ciências da natureza, botânica e geologia. Na linguística, começou a ser
utilizado no século XIX. Nessa época, sob a influência do modelo evolucionis-
ta de Darwin, acreditava-se que o estudo da “evolução” das ‘quatrocentas ou
quinhentas’ raízes básicas do indo-europeu poderia levar à solução do velho
enigma da origem da linguagem. Hoje, essa questão está praticamente fora do
âmbito da pesquisa linguística, e o estudo da forma das palavras assume outra
abrangência e complexidade. Considerar o morfema ou a palavra como a uni-
dade central do estudo morfológico resulta em modos diferentes de se abordar
a morfologia. Pode-se dizer que a noção de morfema está relacionada com o
estruturalismo, que tinha como problema central a identificação dos morfemas
nas diferentes línguas do mundo.
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O estudo da morfologia se subdivide em dois campos: também a partir de formas presas, como na 1.3. Morfologia Flexional ta de significante e significado indissoluvelmente
1. um, dedicado ao estudo dos mecanismos mor- palavra geologia (geo-logia). unidos, corresponde aos menores elementos indi-
fológicos por meio do qual se formam palavras A morfologia flexional trata, principalmente, dos vidualmente significativos nos enunciados de uma
novas – domínio da morfologia lexical; O processo de composição junta uma base à morfemas que indicam relações gramaticais e pro- língua. Um morfema consta habitualmente de cur-
2. outro, voltado à análise dos mecanismos mor- outra, com ou sem modificação de sua estru- piciam os mecanismos de concordância, estando tas sequências de fonemas, sequências essas que se
fológicos que apresentam informações grama- tura fônica, aglutinando-se, em aguardente, mais diretamente relacionada à sintaxe. Nas dife- repetem. Porém nem todas as sequências de fone-
ticais – domínio da morfologia flexional. ou justapondo-se, em pentacampeão. Os ele- rentes línguas do mundo, as categorias gramaticais mas que se repetem são morfemas. Daí resulta a
mentos do composto apresentam uma relação frequentemente manifestadas pelos morfemas fle- definição de morfema: a menor unidade que é gra-
1.2. Morfologia Lexical entre um núcleo e um modificador (ou especi- xionais são: para os nomes, as categorias de gêne- maticalmente pertinente. Uma unidade que não
ficador), entre um determinado e um determi- ro, número e caso; para os verbos, as categorias de possa ser dividida sem que se destrua ou se altere
Derivação e composição são os processos mais ge- nante. Em português, o primeiro elemento do aspecto, tempo, modo e pessoa. A evidência desses drasticamente o seu significado. Em pata, temos
rais de formação de palavras. O processo de deri- composto funciona como núcleo nas estrutu- universais não significa que todas as línguas mani- duas formas mínimas portadoras de significação:
vação é o mais utilizado para formar novos itens ras formadas por: festarão todas essas categorias nem que todas elas se-
lexicais. A derivação é o mecanismo básico da mor- rão representadas pelos mesmos tipos de morfema. 1. ”pat-
fologia lexical. • Substantivo + Substantivo. Ex: sofá-cama, 2. -”a”
peixe-espada, mestre-sala.
• Derivação: nesta, acrescenta-se um afixo (su- • Substantivo + adjetivo. Ex: caixa-alta, Em 1, temos uma cadeia de significantes dotada
fixo ou prefixo) a uma base. A base de uma obra-prima, amor-perfeito. Texto Complementar de um plano de conteúdo próprio (membros de
t= fire fox
forma derivada é geralmente uma forma livre, • Verbo + Substantivo. Ex: guarda-roupa, co m. br/ sea rch ?cl ien animais); em 2, temos um plano de conteúdo (gê-
htt p:/ /w ww .go og le. a % 3 A p t - B R % 3 A o f f i c i a l &
z i l l
isto é, uma forma mínima que pode constituir -a&rls=org.mo +na+estru
beija-flor. q=Tipos+de+morfema oogle nero feminino). Assim, 1 e 2 possuem significado,
channel=s&hl=pt-BR& &b tnG =Pesq uis a+G
ta=
sozinha um enunciado, como um verbo, um tura+das+palavras&me significado esse que seria destruído, se eu tentasse
orfologia/
adjetivo ou um advérbio. Podemos, também, Nas estruturas com adjetivo, esse é sempre o espe- francisco.com.br/alfa/m subdividi-los ainda mais, construindo, digamos:
http://www.colegiosao hp
ter derivados a partir de formas presas, isto cificador, independente de sua posição: belas-artes, estrutura-das-palavras.p
pit/3167/
é, formas que não podem ocorrer sozinhas, livre-arbítrio. m/CapeCanaveral/Cock 3. pa-
http://www.geocities.co
como na palavra morfológico, em que se jun- morfologia.htm 4. -t-
tou o sufixo – ico, formador de adjetivos à base A composição distingue-se da derivação por seu
morfolog, composta de morfo + log, que é, próprio mecanismo de estruturação: enquanto A forma 4 não possui sentido algum, e a forma 3
ao mesmo tempo, composta (dois radicais gre- pela derivação se expressam noções comuns e ge- só pode nos evocar sentidos (instrumento para ca-
gos) e presa. rais, o processo de composição permite categoriza- SAIBA MAIS! var, por exemplo) que nada tem a ver com o sentido
o-
ológica ajuda no rec
ções mais particulares. Como a estrutura fon en tre as original de “pata”. Compreendemos, então, que a
ão morfológica
Em português, raízes e radicais servem de base nhecimento da relaç palavra “pata” possui a propriedade de poder ser
para a adjunção de afixos. A raiz é o elemento • Outros mecanismos de formação de palavras palavras? cie lo. ph p?s cri pt= sci
.or g.b r/s
_ fragmentada em apenas dois segmentos: morfemas.
htt p:/ /pe psi c.b vs- psi 42007000200003&lng=pt&nrm
irredutível e comum às palavras derivadas. O arttext&pid=S1676-731
radical inclui a raiz e os elementos afixais, que • Derivação regressiva: diferentemente dos =iso 2.1. Lexemas e Gramemas
servem de suporte para outros afixos, crian- processos de derivação e de composição,
do novas palavras. em que há adição de morfemas, existe, em Um critério para isolar morfemas consiste em ob-
português, um mecanismo de criação lexi- Atividade | Selecione 10 palavras do por- servar, com base nas definições propostas no tó-
Os processos derivacionais são bastante produ- cal em que se observa a redução de morfe- tuguês em que você possa explicar os estudos pico 1, quantos elementos do plano de expressão
tivos. Tal fato pode ser explicado não só pela mas, conhecido como derivação regressiva. apresentados sobre morfologia. de uma palavra se correspondem com diferentes
possibilidade elevada de combinação de raízes Podemos observá-lo em derivados do tipo: significados.Veja:
e afixos, mas porque, em muitos casos, mu- busca, de buscar; implante, de implantar;
dam a classe da nova palavra formada, como manejo, de manejar. Os derivados são, 2. O Morfema I. Pata
a nominalização de verbos, processo altamen- na maioria, substantivos deverbais, isto II. Patas
te produtivo que forma substantivos a partir é, construídos a partir de verbos. Vimos que os fonemas constituem a primeira uni- III. Patada
de verbos, como pesar > pesagem e envolvem • Derivação parassintética: consiste na adição dade mínima da Linguística. Observamos, tam- IV. Patadas
noções bastante comuns e de grande genera- simultânea de um prefixo e um sufixo a uma bém, que os fonemas estão destituídos de qualquer
lidade, como a ideia de negação (ilegal), grau base. É um processo mais produtivo na forma- significado, funcionando nas línguas apenas como Nas formas apresentadas, temos as que mantêm
(gatinho), designação de indivíduos (pianista), ção de verbos (en+feitiço+ar=enfeitiçar) do que discriminadores de significados em potencial. Ago- inalterável uma sequência de significantes {pat-}
nomes abstratos (bondade). na de adjetivos (des+alma+ado=desalmado). ra, veremos que, através dos fonemas, podemos lo- assim como mantêm inalterável um plano de con-
• Composição: esta consiste na associação de A função semântica é atribuída ao prefixo, calizar a segunda das unidades básicas da Linguís- teúdo “extremidade”, “relativa aos membros infe-
duas bases para formar uma palavra nova. Te- enquanto a função sintática cabe ao sufixo, tica, aquela que compõe a primeira articulação das riores”, “dos animais”; “-a” de I significa “gênero
remos palavras compostas a partir de formas li- que muda a classe da palavra a que pertence línguas naturais, o morfema. Sendo o morfema um feminino”, comparando I e II, vemos uma modi-
vres, como guarda-livros (guarda-livros), como a base. signo mínimo, quer dizer, uma entidade compos- ficação introduzida no plano da expressão de I (re-
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presentada pelo acréscimo de “-s”) correspondente sas palavras continuariam a possuir gênero femini- a. casamento língua. Assim, em português, nenhuma sílaba
a uma modificação introduzida no plano do con- no, o número plural, a “designar golpe desferido b. marinheiro pode terminar em /rs/, então /bars/ não é uma
teúdo de I.(representada pelo acréscimo da noção com”. Se, contudo, quiséssemos efetuar mudanças c. gatinho sequência permitida; já em inglês ou francês, essa
de plural). Por seu lado III. (“patada”) que pode ser nas partes relativas à significação gramatical, não sequência é possível.
entendido como possuindo o mesmo plano de ex- poderíamos efetuar senão um número muito res-
pressão de I. (“pat-) mais o sufixo “ada” conserva o trito de alterações: na parte 3, por exemplo, a do 3. Alomorfes Não sendo possível explicar a alomorfia pelo
mesmo plano de conteúdo de I. (relativa aos mem- gênero, não possuímos em português mais do que contexto fonético, diz-se que houve um condi-
bros inferiores dos animais). Assim localizamos feminino/masculino; na parte 4, a do número, Apontamos, nos fascículos anteriores, que os fo- cionamento morfológico. O condicionamento
os morfemas: não temos mais que singular/ plural; na parte 2, nemas admitem diferentes realizações chamadas fonológico é interpretado por muitos linguistas
a do gramema, que indica o aspecto verbal, temos alofones. Neste, vamos destacar que a realização como sendo assunto para a fonologia e não, para
I. pat ___ ___ a ___ um número maior de possibilidades de variação, concreta de um morfema (unidade mínima signifi- a morfologia. Como é flagrante a relação entre o
II. pat ___ ___ a ___ s mas poucas. Podemos, daí, concluir que os lexe- cativa) também pode engendrar o aparecimento de nível fonológico e o morfológico, alguns autores
III. pat ___ ad ___ a ___ mas pertencem a inventários ilimitados e, como variantes contextualmente condicionadas. É o que (principalmente do Círculo de Praga) propuseram
IV. pat ___ ad ___ a ___ s membros de uma lista aberta, eles se sujeitam a se chama alomorfe. O estudo dos alomorfes é feito a existência de um nível intermediário, objeto de
1 2 3 4 comutações teoricamente infinitas; os gramemas, através da disciplina que os norte-americanos cha- estudo da morfo(fo)nologia, ou morfofonêmica,
ao contrário, pertencem a inventários limitados e, mam de morfofonêmica. A morfofonêmica exa- que trataria da estrutura fonológica dos morfemas,
Percebe-se que, para cada segmento isolado, temos como membros de uma lista fechada, se sujeitam a mina as diferentes formas fonéticas apresentadas de suas modificações combinatórias, das mudan-
uma significação: um número restrito de comutações. por um mesmo morfema, tendo a tarefa de des- ças fônicas que adquirem função morfológica.
cobrir os morfemas e indicar os alomorfes que o
1. “extremidade dos membros inferiores dos ani- Os morfemas são convencionalmente transcritos expressam em contextos determinados. Tomando Atividade | Baseado (a) nos exemplos “a” e “b”
mais” entre pequenas chaves: {-a} lê-se morfema “a”. as realidades fonológicas e morfológicas, a morfo- apresentados no corpo deste texto, apresente
2. “modificador” fonologia ou morfofonêmica estuda os processos duas séries de palavras e explique suas variantes.
3. “gênero feminino” que influenciam mutuamente forma e som. Para
4. “número plural” melhor compreensão, observe as séries:
Texto Complementar
logia
s afins na termino
Num primeiro exame, pode-se dizer que tais signi- Do Lexema e termo a. Feliz, crível, grato, real, mortal, legal, adequa- Texto Complementar
ficações podem ser assim classificadas: gramatical: lo-
.htm
revista/artigo/10(28)06
do, hábil, natural. Introdução à morfo
http://www.filologia.org
.br/ ROSA, Maria Carlota. :
b. Infeliz, incrível, ingrato, irreal, imortal, ilegal, . Disponível em
gia. Contexto. p. 59om Ryi 0C
a. 1. (pat-) possui uma significação lexical, que diz .br /bo oks ?id =e jRb uFL
inadequado, inábil, inatural. htt p:/ /bo oks .go og le.c
respeito ao vocabulário da língua, ao dicionário; Léxico: &pg]
.htm
t/edtl/verbetes/L/lexico
b. 2, 3 e 4 (-ad, -a, -s) possuem uma significação http://www2.fcsh.unl.p
Comparando-se as duas séries, nota-se que, em
gramatical , que diz respeito não ao dicionário, “b”, o segmento inicial tem sempre um valor nega-
mas, à gramática da língua. Lexemas: ano sso.nom.br/gramatica/le
xema.
http://www.radames.m tivo, mesmo que sob forma fonética diversa [ ], [i],
htm [in]. A diferença fonética é, no entanto, previsível:
A parte 1 responsável pela significação lexical de- teremos [i] antes de vogal; [i] antes de [l, r, m, n] e 4. Processos Morfológicos
nomina-se lexema; as partes 2, 3 e 4, responsáveis [ ] antes de qualquer outra consoante. Essas for-
pela significação gramatical, denominam-se grame- mas são variantes de um mesmo morfema, o que Em Fiorin (2007), percebemos que a associação de
mas. Ambos, lexemas e gramemas são morfemas. SAIBA MAIS! permite compreeender que o morfema é, na verda- dois elementos mórficos, produzindo um novo signo
te , ao linguístico, obedece a certos princípios ou mecanis-
Quando não nos importar fazer menção explícita de, aproximadamen de, resultado de uma abstração ou generalização:
O lexema correspon an tem a ; os gra-
do particular sentido de cada um deles, poderemos a de sem mos que variam em sua possibilidade de combinação
que Vendryés chamav z e ele pode apresentar várias configurações fonéticas,
canos chamam de rai nas diferentes línguas, donde destacamos que esses
nos referir a um e outro, indiferentemente, sob o máticos norte-ameri o gra me ma cada uma delas é um morfe do mesmo morfema.
título genérico de morfemas. Hjelmslev chamou de
plerema; já modos de combinação são processos morfológicos,
Ve nd ryé s e Hje l- O conjunto de morfes, que representam o mesmo
ma de
corresponde ao morfe ão no rte -am eri ca- que se manifestam de diferentes formas, a saber:
mslev e à não-raiz da
tra diç morfema, são seus alomorfes. Nenhum alomorfe
são,
O fragmento {pat-}, que engloba a significação le- . Pa ra Me rtin et, lexemas e gramemas pode ocorrer no mesmo contexto que o outro, o
na as sig nifi-
xical, pode ser substituído, em outros contextos, indiferentemente, mo
nemas (fo rm
que significa dizer que os alomorfes de um mor- 4.1. Adição
sig nif ica do . Ne ste
as de
por uma extraordinária quantidade de outros frag- cantes mínimas dotad ota ram - fema devem estar em distribuição complementar.
Lopes (1995), ad
mentos retirados do dicionário: pedr-, punhal-, trabalho, a partir de r Po ttie r. Quando um ou mais fonema é acrescentado à
propostas po
pul-, cabeç-, joelh-, que produziriam, juntamente se as denominações base, que pode ser uma raiz ou radical primário,
Se a escolha entre dois ou mais alomorfes depen-
com os fragmentos 2, 3 e 4, pedradas, punhaladas, der do contexto sonoro em que ele se encontra, isto é, o elemento mínimo de significado lexi-
pauladas, cabeçadas, joelhadas, etc. Todas essas co- diz-se que houve um condicionamento fonológi- cal. Em aprofundar, temos os sequintes morfe-
mutações e substituições alteram, evidentemente, Atividade | Identifique, nas palavras abaixo, co (ou fonético). A alomorfia fonologicamente mas a- profund- ar, onde a- e –ar são morfemas
o plano do conteúdo lexical, mas não alteram o os morfemas (lexemas e gramemas); isole-os e condicionada reflete, geralmente, as restrições de aditivos, que se acrescentaram à raiz profund.
plano do conteúdo gramatical, ou seja, todas es- aponte seus significados: combinação de fonemas que ocorrem em cada Aprofund-é a base de aprofundar. São chamados
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afixos os morfemas que se adicionam à raiz; afi- Atividade | Identifique os elementos mórfi- 5.2. Estilística e a Retórica 6. Traços Estilísticos
xação é o processo. Dependendo da posição dos cos presentes nas palavras sublinhadas no po-
afixos em relação à base, podemos ter cinco tipos: ema e crie novas palavras a partir das palavras tem-se apresentado a Estilística também como a ne- O conjunto de particularidades do sistema expres-
em itálico. gação da Antiga Retórica, que predomina, ainda, sivo para eficácia estética recebe o nome de traços
1. Sufixação: depois da base. Ex: livro > li- na crítica tradicional do estilo com suas múltiplas estilísticos. São numerosos os traços estilísticos - e
vro-s; casa > cas-eiro; Mãos Dadas indagações literárias, históricas, sociais, filosóficas há um avultado número deles cujo valor ainda está
2. Prefixação: antes da base. Ex: ler > re-ler; Carlos Drummond de Andrade e tantos outros domínios que na obra se espalham para ser analisado - em todos os compartimentos
certo > in-certo; através do temperamento e atitude do escritor. Por de um idioma. Cabe-nos agora indagar quando
3. Infixação: dentro da base. Ex: em Kmu Não serei o poeta de um mundo caduco. exemplo, sempre se estudaram as fontes de um uma particularidade linguística se nos apresenta
(Laos): /rkeŋ/ “esticado” > /rmkeŋ/ “esti- Também não cantarei o mundo futuro. autor ou de uma obra, ou - o que vale o mesmo como traço estilístico. Sabe-se que o traço estilísti-
car” (infixo /-m-/); Estou preso à vida e olho meus companheiros. - a origem das ideias dominantes em um período co não se trata de uma maneira de dizer necessaria-
4. Circunfixos: afixos descontínuos que Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. literário. Porém isso se realizou por interesse his- mente pessoal, nem pelo fato de ser pessoal se tem
Entre eles, considero a enorme realidade.
enquadram a base, como em Georgiano tórico, para fixar procedências. Este é o ponto de necessariamente um traço estilístico. Daí o erro
O presente é tão grande, não nos afastemos.
(Cáucaso); chegada da crítica tradicional. Para a estilística, é o dos que, pensando escrever bem, enxameiam suas
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
5. Transfixos: são descontínuos e atuam nu- Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, ponto de partida, ao se perguntar: páginas das chamadas figuras de linguagem (ple-
ma base descontínua, como no Hebraico. não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista onasmos, hipérboles, anacolutos, metáforas, etc.)
da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas Que fez meu autor ou minha época com estas fontes? Essas figuras não se impõem às circunstâncias, es-
4.2. Reduplicação de suicida, tas é que favorecem o aparecimento daquelas para
É um tipo especial de afixação, que repete fonemas não fugirei para as ilhas nem serei raptado por Usando a comparação: estudando o mel, a crítica fins estéticos. Terá falhado na pesquisa estilística
da base, com ou sem modificações. Nas línguas serafins. tradicional estabelece em que flores e de que cam- quem se contentar em dizer que há anacoluto no
clássicas – latim, grego e sânscrito – está associado O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os pos extraiu a abelha; a estilística se pergunta: derradeiro terceto desta conhecida jóia de Macha-
homens presentes,
à flexão verbal. do de Assis, que é o soneto à Carolina: “que eu, se
a vida presente.
como resultou este produto heterogêneo com tenho nos olhos mal-feridos pensamentos de vida
4.3. Alternância todas as suas procedências, qual é a alquimia, formulados, são pensamentos idos e vividos”.
Quando alguns segmentos da base são substituídos que originais e triunfantes intenções
por outros, de forma não arbitrária, porque são al- 5. Noções Elementares de Estilística lhe insuflaram vida nova? O anacoluto ultrapassa os limites de uma simples
guns traços que se alternam com os outros, como figura, para ser um eficaz recurso estético que põe
em português: pus/pôs; fiz/fez; fui/. A Linguís- Introdução Ou à luz da comparação da estátua: a crítica tradi- diante de nossos olhos a profunda dor do esposo
tica histórica trata esses processos de alternância cional estuda as canteiras donde procede o mármo- que, pensando na companheira que se foi não tem
de vogais no interior da raiz como apofonia ou Estilística é a parte dos estudos da linguagem que re; a estilística, o que é que o artista fez com ele”. a paz interior necessária para estruturar racional-
metafonia. se preocupa com o estilo. Estuda a expressividade mente, intelectivamente, todo o tumulto de ideias
da língua. Entende-se por estilo o conjunto de pro- que lhe vai à alma.
cessos que fazem da língua representativa um meio Texto Complementar
4.4. Subtração o de português: 12-02.html
Quando alguns segmentos da base são eliminados de exteriorização psíquica. A estilística e o ensin .br/ viiicnlf/anais/caderno Em suma, a Estilística é o passo mais decisivo, no es-
http://www.fi lolo gia .org
para expressar um valor gramatical como no por- tudo de uma língua, para a educação do sentimento
tuguês em que alguns femininos são formados por 5.1. Estilística e Gramática Estilística: s.com.br/secoes/estil/ estético e manifestação da competência expressiva.
http://www.soportugue
subtração de morfemas do masculino. Ex: órfão/
órfã; anão/anã; campeão/campeã. O que caracteriza o estilo não é a oposição entre Traço estilístico e erro gramatical: não se há de en-
o individual e o coletivo, mas o contraste entre o tender que o estilo seja sempre uma deformação da
emocional e o intelectivo. É neste sentido que dife- 5.3. Análise literária e análise estilística norma linguística. Isso nos leva à distinção entre
Os processos morfológicos que afetam traços su-
prassegmentais, como o acento e tom, podem ser re Estilística (que estuda a língua afetiva) e Gramá- traço estilístico e erro gramatical. O traço estilís-
tica (que trabalha no campo da língua intelectiva). não se há de confundir análise literária com aná- tico pode ser um desvio ocasional de uma norma
aditivos ou substitutivos. Algumas vezes, os proces-
Misturá-las de modo que a Estilística se “dissolva” lise estilística, pois que, trabalhando num mesmo gramatical vigente, mas se impõe pela sua intenção
sos podem aparecer combinados, como, em portu-
na Gramática é pôr em perigo duas importantes trecho, tem preocupações diferentes e utilizam fer- estético-expressiva. O erro gramatical é o desvio
guês, no plural da palavra OVO, em que há uma
disciplinas por confundir os seus objetos de estudo. ramentas também diversas. Para a estilística, inte- sem intenção estética.
alternância de o /ɔ e uma sufixação {-s}, /ɔvos/.
ressa tanto a depreensão dos traços estilísticos da
Uma não é a negação da outra, nem uma tem por língua oral como da escrita, do falante comum e
missão destruir o que a outra, com orientação cien- do literato (Bechara, 2001).
Texto Complementar tífica, tem podido construir. Ambas se completam Texto Complementar
ema
Atividade | Releia o poema de Drummond Ferreira Gullar em Po
no estudo dos processos do material de que o gênero Traços estilísticos de
Usos morfológicos:r/posverna/docentes/72520-1.pdf
http://www.letras.ufrj.b humano se utiliza na exteriorização das ideias e senti- posto no tópico anterior e atribua significados sujo, 1976: diogo.html
às palavras em negrito. Apresente sua conclu- http://www.mafua.ufsc.br/
mentos ou do conteúdo do pensamento designado.
são sobre o poema.
50 Fascículo 3 Fascículo 3 51

Atividade | Na busca do seu estilo próprio, dar novos horizontes ao ensino do idioma”. estudo da estilística. noção espiritual, sentimental, do lugar onde se vive
deve o autor violar a norma culta do idioma? c. o emprego expressivo dos sufixos (mormente a família. A primeira representação pode repartir-
Argumente. os de gradação): paizinho, mãezinha, poetas- Valsinha se em várias imagens subsidiárias: a construção da
tro, padreco, politicalha. Vinícius – Chico Buarque casa, a sua situação, a paisagem em redor, a luz ou
d. o emprego de tempos e modos verbais, como, sombra de que é banhada, etc; a segunda represen-
7. Campo da Estilística por exemplo: Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de tação levar-nos-á a considerar: nosso nascimento,
sempre chegar os afetos, ou desafetos da infância, a nossa educa-
1. o presente pelo futuro para indicar desejo Olhou-a de um jeito muito mais quente do que ção, a harmonia ou desarmonia entre os membros
O estudo da Estilística abarca, semelhante à Gramá-
firme, fato categórico: sempre costumava olhar da família, etc. E estas representações familiares
tica, todos os domínios do idioma. Todos os fenô- E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito
menos linguísticos, desde os sons até as combinações “Amanhã eu vou ao cinema”. poderão ainda suscitar, por associação, sentimen-
de sempre falar
sintáticas mais complexas, podem revelar algum cará- 2. o imperfeito para traduzir pedido: tos de caráter social: o desabrigo das pessoas que
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande es-
ter fundamental da língua estudada. Todos os fatos “Eu queria um quilo de queijo” (em vez do panto convidou-a pra rodar vivem em barracas, a miséria, etc. É nesse sentido
linguísticos, sejam quais forem, podem manifestar al- categórico e, às vezes, ameaçador quero). Então ela se fez bonita como há muito tempo não que se diz que numa palavra se podem conter to-
guma parcela da ida do espírito e algum movimento 3. o presente pelo pretérito para emprestar queria ousar dos os fenômenos da vida. O seu poder evocador
da sensibilidade. A estilística não é o estudo de uma à narração o ar de novidade e poder co- Com seu vestido decotado, cheirando a guardado não conhece limites.
parte da linguagem, mas o é da linguagem inteira, ob- mover o ouvinte: de tanto esperar.
servada de um ângulo particular. Assim sendo, estuda “Aí César invade a Gália”. Depois os dois deram-se os braços como há muito 8.1. A Significação das Palavras
tempo não se ousava dar
a linguagem afetiva e a linguagem intelectual em suas
e. a mudança de tratamento de um período E cheios de ternura e graça foram para a praça e A significação das palavras parte do sentido origi-
relações recíprocas e examina em que proporção se começaram a se abraçar
aliam para compor este ou aquele tipo de expressão. para outro: para indicar mudança da situação nal de onde surgem as várias significações. Pode-se
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda
psicológica entre falante e ouvinte, ou entre afirmar que há tantas palavras quantas as significa-
despertou
Teremos, assim, os seguintes campos da Estilística: escritor e leitor. No soneto Última Folha, Ca- E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou ções. À variedade de significação das palavras dá-
simiro de Abreu chama a Deus por Meu Pai e E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos se o nome de polissemia, que é estudada numa
1. fônica; ora o trata por tu, ora por vós. como não se ouviam mais. disciplina filológica, a semântica.
2. morfológica; Que o mundo compreendeu
3. sintática; 7.3. A Estilística Sintática E o dia amanheceu 8.2. Valor Sentimental e
4. semântica. Em paz Valor Intelectual das Palavras
Procura explicar o valor expressivo das construções:
7.1. A Estilística Fônica Em presença das coisas, o nosso espírito reage da
1. na regência, como, por exemplo, o emprego Texto Complementar seguinte maneira: ou as percebe ou as sente. Quase
Procura indagar o emprego do valor expressivo dos do posvérbio; sempre essas duas operações, a percepção e o sen-
dos textos:
A estilística através .br/ htm
sons: a harmonia imitativa, no amplo sentido do 2. na concordância, como, por exemplo, na atra- revista/artigo/7(19)01. timento, andam ligadas, mas, por via de regra, em
http://www.filologia.org
termo. Também chamada fonética expressiva, a es- ção, na silepse, no infinitivo flexionado para proposições diferentes. Tomemos como exemplo
tilística fônica implica a utilização de traços que es- realce da pessoa sobre a ação mesma; os significados dos elementos destacados na série:
capam à sistematização das oposições e correlações 3. na colocação dos termos na oração, na coloca-
dos fonemas e grupos fônicos: acento vocabular, ção de pronomes, etc. a. O lutador erqueu-se belo com uma estátua.
quantidade, altura, etc. 4. no emprego expressivo das chamadas figuras 8. A Fantasia das Palavras b. Eram duas raparigas, qual delas a mais formosa.
de sintaxe. c. Simples e linda, a noiva saía da igreja.
7.2. A Estilística Morfológica Lapa (1998) pontua que as palavras reais distin- d. Laura trazia um bonito vestido de seda azul.
7.4. A Estilística Semântica guem-se pela força expressiva. Despertam a imagi-
Sonda o uso expressivo das formas gramaticais. En- nação das coisas mais energicamente, e essa viagem No primeiro exemplo, belo sugere-nos a ideia de
tre os usos expressivos deste campo, lembraremos: Pesquisa: viva ilumina o pensamento, dispensando outros perfeição e de harmonia de formas e também uma
acessórios de que se serve a frase logicamente cons- certa confiança serena da própria força. No segun-
a. o plural de convite: põe-se o verbo no plural 1. A significação ocasional e expressiva de certas truída. E como elas podem revestir vários aspectos, do exemplo, formosa evoca apenas a perfeição da
como que se quisesse incentivar uma pessoa a palavras: “Você é um abacaxi”. “Aquele aluno é cada um de nós apreende na palavra o seu aspecto forma física. No terceiro exemplo, linda já se car-
praticar uma ação trabalhosa ou desagradável. um monstro”. “Ele tem uns bons sessenta anos”. pessoal, aquele que particularmente nos interessa. rega de um certo forte matriz sentimental; não é
É o caso da mãe que diz à filha que insiste em 2. No emprego expressivo das chamadas figuras Já se tem afirmado que, numa simples palavra, se só beleza física, é também mimo, ternura, delica-
não tomar o remédio: de palavras ou tropos (metáfora, metonímia, pode resumir todo o universo. Quer isso dizer que deza da alma. Enfim, bonito representa a ideia de
“Olha, filhinha, vamos tomar o remedinho”. etc.) e figuras de pensamento e sentimento um vocábulo pode suscitar uma infinidade de ima- beleza, descida ao plano das coisas familiares. É,
b. o plural de modéstia: o autor, falando de si (antítese, eufemismo, hipérbole, etc.). gens e ideias que abrangem todos os domínios do também, um termo afetivo.
mesmo, poderá dizer: pensamento e da vida. Vejamos a palavra lar. Po-
“Nós, ao escrevermos este livro, tivemos em mira Atividade | Leia o poema abaixo e faça uma derá apresentar-nos a imagem concreta da casa, do Quanto ao uso dos vocábulos, nota-se que belo é
análise, considerando um ou mais campo de seu conforto ou desconforto material, ou ainda, a vagamente literário; formosa é vocábulo que só se
52 Fascículo 3 Fascículo 3 53

emprega em literatura; lindo pertence à língua cor- GLOSSáRIO


rente e bonito, à linguagem familiar.
Texto Complementar Morfe - é um segmento de enunciado; uma sequência
fônica a que se pode atribuir significado e que será classi-
Atividade | Produza significações a partir das Semântica e estilística
em.htm ficado posteriormente como morfema. Um morfema é uma
palavras: m.br/noronha/grama_s
http://www.micropic.co classe de morfes, isto é, cada morfe ou alternante mor-
fêmica é um elemento de um conjunto formador de uma
a. chave unidade estrutural, que é o morfema. Qualquer enunciado
Estilística da palavra.br/vcnlf/anais%20v/civ2_04.htm;
b. chuva http://www.filologia.org é completamente composto de morfes.
;
c. avião .br/soletras/5e6/01.htm
http://www.filologia.org
d. gás
f. veludo REFERÊNCIAs
g. serpente
h. limão BECHARA, Evanildo. Moderna gramática por-
tuguesa. 37. ed. Ver. e ampl. Rio de Janeiro:
Lucerna, 2001.

BUARQUE, Chico. Valsinha. Disponível em:


http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45186/

RESUMO FIORIN, José Luiz(org). Introdução à linguística


II: princípios de análise. 4 ed. 1ª reimpressão.
A Morfologia é o estudo da palavra dentro da nossa língua. Os estudos da morfologia se São Paulo: Contexto, 2007.
subdividem em dois: morfologia lexical e morfologia flexional.
LAPA, Manuel Rodrigues. Estilística da língua
Lexema - são morfemas de significação lexical externa, ou seja, o significado está ligado portuguesa. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes,
ao mundo objetivo, indicando o significado da palavra. 1998.

Gramema - são morfemas que não constituem, por si só, palavras. São comumente di- LOPES, Edward. Fundamentos da linguística
vididos em prefixos, infixos e sufixos, conforme se coloquem, respectivamente, antes do contemporânea. São Paulo. Editora Cultrix,
lexema, no lexema ou depois do lexema ao qual se prendem. 1995.

Alomorfes são variantes de um mesmo morfema. (A obra apresenta uma fundamentação in-
trodutória acerca da ciência do signo verbal.
São formas de manifestação dos processos morfológicos: adição, reduplicação, alternân- Dividido em seis partes, o livro começa com a
cia e subtração. definição do campo disciplinar e com o exame
da contribuição capital de Ferdinand de Sau-
A estilística consiste no inventário das possibilidades expressivas ou artísticas da lingua- ssure, para, em seguida, aprofundar-se no
gem e no uso consciente de tais possibilidades por parte do escritor. Estuda inúmeros estudo da Fonética e da Fonologia, da Mor-
recursos que a língua coloca à disposição dos falantes para expressarem seus estados fologia, das modalidades de Gramática e da
afetivos, sua sensibilidade e imaginação. Não se confunde com gramática, retórica ou Semântica).
análise literária, contudo, com estas se completa.

A expressão traço estilístico refere-se ao conjunto de particularidades do sistema expres-


sivo para eficácia estética. Isso representa a marca de cada autor, o somatório de tudo o
que ele produz em termos de ideal estético, de belo, em seu trabalho, projetando-se em
todos os setores da língua.

Para estudar a expressividade duma língua, a estilística possui campos de investigação,


abrangendo todos os limites da gramática.
Fascículo 4 55

Variação
Linguística:
Sincronia
e Diacronia
Prof.ª Maria Perpétua Teles Monteiro
Carga Horária | 15 horas
Objetivos Específicos
Destacar a importância dos enfoques sincrônicos e diacrônicos no estudo
dos fatos da língua.
Refletir as relações entre variações linguísticas, língua, sociedade, preconceito
linguístico e ensino de língua portuguesa.

1. Variação Linguística, Sociedade e Preconceito


Você deve ter percebido no fascículo 01, sobre Fonética e Fonologia, quando
apontamos a capacidade que todo usuário de uma língua possui de realizar dife-
rentes modos de falar. Isso acontece, porque as línguas se transformam ao longo
do tempo e, em função do uso próprio por comunidades específicas, adquirem
peculiaridades características de grupos sociais diferentes. Neste fascículo, falare-
mos sobre estas transformações e usos.

Ai! Se sêsse!...
Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse;


Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
56 Fascículo 4 Fascículo 4 57

Todos sabem que existe um grande número de nense e também as que têm “r” entre vogais: “cara, 2. Tipos de Variedades Linguísticas língua, isso porque há uma “tendência” para maior
variedades linguísticas, mas, ao mesmo tempo em cera, tora”. Também o “l” (ele), na região de Pato semelhança entre os atos verbais dos membros de
que se reconhece a variação como um fato, se ob- Branco, PR, que é alveolar, mesmo antes de conso- Segundo Travaglia(2002.p.42), podemos ter basi- um mesmo setor sócio-cultural da comunidade,
serva que a sociedade tem uma longa tradição em ante e no final da palavra. Na região de Pato Bran- camente dois tipos de variedades linguísticas: os geralmente com relações bastante estreitas e inte-
considerar a variação numa escala valorativa, às co, pronuncia-se o “l” de “alto” da mesma forma dialetos e os registros. Os dialetos são variedades resses comuns. É por isso que se consideram como
vezes até moral, que leva a tachar os usos caracte- que o “l” de “alô,”. Falar o r caipira também não que ocorrem em função das pessoas que usam a variedades dialetais de natureza social os jargões
rísticos de cada variedade como certos ou errados, mostra nada de bom ou de ruim do ponto de vista língua (emissores). Os registros correspondem às profissionais ou de determinadas classes sociais
aceitáveis ou inaceitáveis, pitoresco, cômicos, etc. da estrutura fonológica da língua, porém considere variedades que ocorrem em função do uso que se bem definidas como grupos.
este falar fora de sua região. faz da língua, ou seja, dependem do recebedor, da
A esse respeito, como você se sentiu ao mensagem ou da situação. Na variação de natureza social, há inúmeras super-
ler o poema de Zé da Luz? O que pode, socialmente, ocorrer ao seu falante? posições e matizes, o que torna os dialetos sociais
2.1. Variação Dialetal mais difíceis de definir e classificar que os dialetos
Considere como se Zé da Luz não fosse um poeta! Embora desde princípios deste século, linguistas, regionais. Aqui atuam fatores, como idade, sexo,
como Antoine Meillet e Ferdinand Saussure, te- Os estudos sobre variação linguística registram, raça, profissão, posição social, grau de escolarida-
O latim vulgar foi, numa certa época, considerado nham chegado a configurar a língua como um fato pelo menos, seis dimensões da variação dialetal de, local em que reside na comunidade etc.
dialeto das classes pobres, e por isso se despresti- social, rigorosamente enquadrado na definição (variações internas): a territorial, a social, a de ida-
giava quem o falava. Ao longo da história, transfor- dada por Émile Durkhein, só nos últimos vinte de, sexo, geração e função. 2.1.3. Dialetos na Dimensão Contextual
mou-se nas línguas românicas, e a sociedade trocou anos, com o desenvolvimento da Sociolinguística, (Variações Diafásicas)
o latim clássico por essas línguas. Então as línguas as relações entre língua e sociedade passaram a ser 2.1.1. Dialetos na Dimensão Territorial,
românicas (dentre elas, o português), vindas do la- caracterizadas com maior precisão. Geográfica ou Regional Constam de tudo aquilo que pode determinar di-
tim vulgar, passaram a exercer a função de línguas (Variações Diatópicas) ferenças na linguagem do locutor, por influências
de prestígio na nova sociedade estabelecida. A Sociolinguística, ramo da linguística que estu- alheias a ele, como, por exemplo, o assunto, o tipo
da a língua como fenômeno social e cultural, veio Representam a variação que acontece entre pesso- de ouvinte, o lugar em que o diálogo ocorre e as
Essa breve consideração aponta que as línguas, mostrar que estas inter-relações são muito comple- as de diferentes regiões em que se fala a mesma relações que unem os interlocutores. Os chamados
quando se transformam com o passar do tempo, xas e podem assumir diferentes formas. Na maioria língua. Essa variação normalmente acontece fatores contextuais dizem respeito às circunstân-
não se degeneram, não se tornam imperfeitas, es- das vezes, comprova-se uma covariação do fenôme- cias criadas pela própria ocasião, lugar e tempo em
tragadas, mas adquirem novos valores sociolinguís- no linguístico e social. Em alguns casos, no entan- a. pelas influências que cada região sofreu duran- que os atos de fala se realizam e também às relações
ticos, ligados às novas perspectivas da sociedade, to, faz mais sentido admitir a relação direcional: te sua formação; que une falante e ouvinte no momento do diálogo.
que também muda. Nessas transformações, não a influência da sociedade na língua ou da língua b. porque os falantes de uma dada região consti-
aparece o certo e o errado linguístico, mas o dife- na sociedade. tuem uma comunidade linguística geografica- 2.2. Variações de Registro
rente. Certo e errado são conceitos pouco hones- mente limitada em função de estarem polariza-
tos que a sociedade usa para marcar os indivíduos É, pois, recente a concepção de língua como ins- dos em termos políticos e/ou econômicos e/ou As variações de registro são classificadas em três
e classes sociais pelos modos de falar e para revelar trumento de comunicação social, maleável e di- culturais e desenvolverem então um comporta- tipos diferentes: grau de formalismo, modo e sin-
em que consideração os tem, se são pessoas que versificado em todos os seus aspectos, meio de mento linguístico comum que os identifica e dis- tonia. O grau de formalismo representa uma escala
gozam de influência ou ocupam posição de prestí- expressão de indivíduos que vivem em sociedades tingue. É o caso da diferença entre o português de formalidade como um maior cuidado e apuro.
gio ou não, se exercem o poder instituído ou não. também diversificadas social, cultural e geografica- do Brasil e o português de Portugal e dos países Por variação de modo, entende-se a língua falada
Essa atitude da sociedade revela seus preconceitos, mente. Nesse sentido, uma língua histórica não é africanos de Língua Portuguesa. Aqui se incluem em contraposição à língua escrita. A sintonia pode
pois marca as diferenças linguísticas com marcas um sistema linguístico unitário, mas um conjunto também diferentes falares que encontramos no ser descrita como o ajustamento na estruturação
de prestígio ou estigmas. Isto nos mostra que, se de sistemas linguísticos, isto é, um diassistema no Brasi, como os falares gaúcho, nordestino, cario- de seus textos feita pelo falante com base nas infor-
linguisticamente não existe o certo e o errado, mas qual se inter-relacionam diversos sistemas e subsis- ca, o chamado dialeto caipira, etc. mações que se tem sobre o ouvinte.
o diferente, socialmente as coisas não caminham temas. Daí o estudo de uma língua se revestir de
desse modo. Consideremos o “s” falado pelo ci- extrema complexidade, não podendo prescindir As diferenças entre a língua em uma região e outra Todas as variedades linguísticas são estruturadas e
dadão nascido no Rio de Janeiro, no “s” chiante de uma delimitação precisa dos fatos analisados normalmente são, em sua grande maioria, diferen- correspondem a sistemas e subsistemas adequados
do carioca, o adjetivo não é depreciativo ao modo para controle das variáveis que atuam, em todos os ças no plano fonético e no plano léxico. As diferen- às necessidades dos usuários. Mas o fato de estar
de falar e, sim, um termo usado na fonologia – ou níveis, nos diversos eixos de diferenciação. A varia- ças sintáticas, quando existem, normalmente não a língua fortemente ligada à estrutura social e aos
fonética – que representa um som cujo ponto de ção sistemática está hoje incorporada à teoria e à são grandes. sistemas de valores da sociedade conduz a uma ava-
articulação é pré-palatal, como ocorre nas palavras descrição da língua (CUNHA, 1985. p.2-3). liação distinta das características das suas diversas
“chá” e “já”. É assim que o carioca pronuncia o 2.1.2. Dialetos na Dimensão Social modalidades diatópicas, diastráticas e diafásicas.
“s”. Mas, essa maneira de falar (variação), como A língua-padrão, por exemplo, embora seja uma
(Variações Diastráticas)
já vimos, não é única. Destacamos aqui o “r” re- Texto Complementar entre as várias modalidades de um idioma, é sem-
troflexo do londrinense quando pronuncia pala- : pre a mais prestigiosa, porque atua como modelo,
Variação linguística
tar ino .blo gsp ot. com
/20 08/ 02/ var iao - Representam as variações que ocorrem de acordo
vras como “porta, carne, certo” e do piracicabano htt p:/ /ww w.d ilso nca como norma, como ideal linguístico de uma comu-
lingstica.html
com a classe social a que pertence os usuários da
quando pronuncia as mesmas palavras do londri- nidade. Do valor normativo decorre a sua função
Preconceito linguísti co:
/
/preconceito-linguistico
http://www.lendo.org
58 Fascículo 4 Fascículo 4 59

coercitiva sobre as outras variedades, com o que se 3. Estudo dos Fatos Linguísticos: plesmente para apreender ou recolher infor- 4. A Contribuição de
torna uma ponderável força contrária à variação. Perspectivas de Enfoque mações de ordem cultura, mas principalmente Ferdinand de Saussure
para melhor compreender as relações, ou seja,
Numa língua existe, pois, ao lado da força centrífuga Borba (1986) destaca que os fatos linguísticos po- a estruturação do sistema atual. Não se trata Apresentaremos este tópico à luz de Lopes (1995.
da inovação, a força centrípeta da conservação, que dem ser encarados ou estruturados sob três pontos propriamente de descobrir como a língua fun- p. 72-75), em seu trabalho Fundamentos da Lin-
contrarregrando a primeira, garante a superior uni- de vista: quanto ao seu modo de ser geral, quanto ciona através dos tempos, mas descrever esta- guística contemporânea.
dade de um idioma como o português, falado por ao seu funcionamento num determinado momen- dos sucessivos, compará-los e verificar como a
povos que se distribuem pelos cinco continentes. to e lugar e quanto às suas transformações e ou à língua chegou a ser o que é e qual a sua deriva Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, em
evolução. No primeiro caso, são considerados em ou traços básicos de sua evolução. 26 de novembro de 1857. Em 1880, estabeleceu-se
Nos campos de estudo da variação linguística, con- si mesmos, independentemente de seu funciona- em Paris, onde frequentou cursos sobre Sânscrito e
sidera-se, pois, a variação diacrônica (do grego dia + mento real, porque o interesse está no exame de Os enfoques sincrônicos e diacrônicos, embora Filologia latina. Em 1881, aos vinte e quatro anos,
kronos = ao longo de, através de + tempo): as diversas suas possibilidades de funcionar; no segundo, tenham traços específicos, não devem ser consi- tornou-se mestre na França. Em 1891, transferiu-se
manifestações de uma língua através dos tempos e observam-se fatos ou dados concretos em funcio- derados como coisas separadas. Na verdade, esses para onde leciona até a sua morte ocorrida em 1916.
a variação sincrônica (do grego sy’n = simultaneida- namento, e, no terceiro, procura-se detectar as al- enfoques se completam.
de): as variações num mesmo período de tempo. terações dos fatos com o decorrer do tempo. São Por muitos anos, Saussure estudou os Nibelungen
três atitudes que colocam o eixo do tempo como e a versificação indo-europeia arcaica, para a com-
ponto de partida para a análise. O primeiro enfo- Texto Complementar preensão da qual elaborou uma hipótese extrema-
Texto Complementar que é chamado acrônico, porque faz abstração do geral:
mente original - a dos anagramas -, que deve ser
tempo: descrevem-se ou explicam-se fatos quanto à Curso de linguística
om/books?hl=pt-BR&
lr=&id=Nsd contada entre as contribuições pioneiras para o
: http://books.google.c
Variação linguísticad/tema01/variacao.html sua natureza e função; o segundo enfoque chama- 0kiUfrlgC&oi=fnd&pg= moderno estudo estrutural da poesia. Mas, apesar
http://acd.ufrj.br/~pea
se sincrônico, porque se preocupa em descrever o de se haver devotado uma extensa série de interes-
funcionamento concreto da língua em dado mo- ses no campo da Literatura, Saussure deixou uma
mento e lugar, isto é, procura conhecer um estado persistente imagem de campeão da separação entre
SAIBA MAIS! SAIBA MAIS!
da língua; o terceiro enfoque é diacrônico, porque linguística interna (fora do contexto sócio-históri-
brasileiro: observa as mudanças que a língua sofre com o de- Linguística: stica.htm; co) e a linguística externa (a que considera os fato-
O modo de falar do r/portugues/ult1693u60
.jhtm a.com/portugues/lingui
p:/
htt /ed uca cao .uo l.co m.b
correr do tempo. O estudo acrônico, atendo-se ao http://www.brasilescol res exteriores que condicionam os fenômenos lin-
modo de ser dos fatos e sendo atemporal, pode guísticos). Essa imagem é, no entanto, verdadeira,
referir-se ao passado, ao presente ou mesmo prever apenas parcialmente. Do mesmo modo, é impro-
(ou predizer) o que acontecerá. Diz-se, então, que cedente o sentimento que perdura, ainda hoje, de
Atividade | Leia o Poema de Patativa do Assa- este ponto de vista examina o mecanismo linguísti- Atividade | Considerando os estudos realiza- que a linguística estrutural em geral e a saussuriana
ré. Como o poeta se sente em relação aos seus co como potencial, como conjunto de possibilida- dos, que mensagem Luiz Gonzaga transmite em particular sejam linguísticas antifilológicas.
versos e à sua linguagem? des ou como uma máquina lógica. em sua canção?
É claro que, postas em cotejo as suas contribuições
O Poeta da Roça O Postulado básico do enfoque sincrônico é a ABC do Sertão para os diferentes campos das línguas e das letras, o
simultaneidade dos fatos observados. Por isso, Luiz Gonzaga que marcará a sua imagem para posteridade serão
Sou fio das mata, canto da mão grossa, prende-se a um estado de língua, isto é, a um as ideias acerca do valor relacional dos elementos
Trabáio na roça, de inverno e de estio. Lá no meu sertão pros caboclo lê
determinado momento, considerado em si mes- linguísticos, da autossuficiência do sistema, da ne-
A minha chupana é tapada de barro, Têm que aprender um outro ABC
Só fumo cigarro de paia de mío.
mo, como se fosse um corte na evolução natural cessidade de se dissociar uma linguística dos esta-
do sistema. Por estar a língua em movimento O jota é ji, o éle é lê dos (sincrônica) do âmbito da linguística evolutiva
Sou poeta das brenha, não faço o papé
constante, um estado absoluto, é praticamente O ésse é si, mas o érre (diacrônica), da natureza do signo e da distinção
De argun menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola, impossível conseguir. Daí que um estado da lín- Tem nome de rê langue/parole (língua/fala). Essas ideias deram
Cantando, pachola, à percura de amô. gua não é um ponto fixo, mas espaço de tempo Até o ypsilon lá é pissilone origem à linguística estrutural clássica e, ao mesmo
Não tenho sabença, pois nunca estudei, em que as alterações são mínimas ou irrelevan- O eme é mê, O ene é nê tempo, à fase contemporânea dessa ciência.
Apenas eu sei o meu nome assiná. tes. Os diferentes componentes do sistema se O efe é fê, o gê chama-se guê
Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre, desenvolvem de maneira desigual quer quanto Na escola é engraçado ouvir-se tanto “ê”
E o fio do pobre não pode estudá. ao ritmo quer quanto à qualidade. Dessa for- A, bê, cê, dê,
Texto Complementar
ma, o espaço de tempo compreendido por um Fê, guê, lê, mê,
Meu verso rastero, singelo e sem graça, ussure:
estado de língua varia de acordo com o estrato Nê, pê, quê, rê, A contribuição de Sa do.nom.br/texto.php?
tipo=misce
Não entra na praça, no rico salão, Tê, vê e zê. http://www.cezar.azeve
Meu verso só entra no campo e na roça considerado. lania&id=443
_linguisti
.br/linguistica/curso_de
Nas pobre paioça, da serra ao sertão. http://www.jackbran.pro
(...) A tarefa básica da linguística diacrônica ou ca_geral.htm
histórica é explicar estados anteriores não sim-
portuguesa:
Saussure e a língua.br/viisenefil/09.htm
http://www.filologia.org
60 Fascículo 4 Fascículo 4 61

Atividade | Amplie suas leituras sobre a do que temos chamado de linguística externa. quais o pensamento tem necessidade. Podemos, sincrônico, e os princípios obtidos a propósito das
contribuição de Saussure para os estudos da então, representar o fato linguístico em seu con- palavras serão válidos para as entidades em geral
fonética e da fonologia e apresente em um Além disso, a limitação no tempo não é a única junto, isto é, a língua como uma série de subdi- (Saussure in Bally, 1995. p. 130-134).
texto argumentativo. dificuldade que encontramos na definição de um visões contíguas marcadas simultaneamente sobre
estado de língua; o mesmo problema se coloca a o plano indefinido das ideias confusas e sobre o Atividade | Explique a arbitrariedade do sig-
propósito do espaço. Em suma, a noção de estado plano não menos indeterminado dos sons. O pa- no linguístico.
5. Linguística Sincrônica: de língua não pode ser senão aproximativa. Em lin- pel característico da língua frente ao pensamento
guística estática, como na maior parte das ciências, não é o de criar um meio fônico material para a
Generalidades nenhuma demonstração é possível sem uma sim- expressão das ideias, mas o de servir de interme- Texto Complementar
plificação convencional dos dados. diário entre o pensamento e o som, em condições
O objeto da linguística sincrônica geral é estabe- Linguagem – Atividbr/ ade Constitutiva: vistas/ilari.
tais que uma união conduza necessariamente a de- w.le tra s.u fpr. documentos/pdf_re
lecer os princípios fundamentais de todo sistema http://ww
De um modo geral, é muito mais difícil fazer lin- limitações recíprocas de unidades. O pensamento, pdf
idiossincrônico, os fatores constitutivos de todo rariedade_
guística estática que histórica. Os fatos de evolução caótico por natureza, é forçado a precisar-se ao se t/edtl/verbetes/A/arbit
sistema da língua. À sincronia pertence tudo o que http://www2.fcsh.unl.p
são mais concretos; falam mais à imaginação; as decompor. Não há, pois, nem materialização de signo.htm
se chama gramática geral, pois é somente pelos es- relações que neles se observam se estabelecem em pensamento nem espiritualização de sons; trata- .br/ed39/teoriasignosre
flexaoed
http://www.partes.com
tados de língua que se estabelecem as diferentes termos sucessivos que são percebidos sem dificul- se de o “pensamento-som” implicar divisões e de 39.htm
relações que incumbem à gramática. dade. Mas a linguística, que se ocupa de valores e a língua elaborar suas unidades, constituindo-se
relações coexistentes, apresenta dificuldades bem entre duas massas amorfas. Imaginemos o ar em
Na prática, um estado de língua não é um ponto, maiores (Saussure apud Bally, 1995). contato com uma capa de água: se muda a pres-
mas um espaço de tempo mais ou menos longo,
durante o qual a soma de modificações ocorridas
são atmosférica, a superfície da água se decompõe 7. Linguística Diacrônica:
numa série de vagas divisões; são estas ondulações
é mínima. Pode ser de 10 anos, uma geração, um que darão uma ideia da união e, por assim dizer,
Generalidades
século e até mais. Uma língua mudará pouco, du- Texto Complementar do acoplamento do pensamento com a matéria fô-
MO-
rante um longo intervalo, para sofrer, em seguida, /doc/2 063971/ESTRUTURALIS A linguística diacrônica estuda não mais as rela-
http://www.scribd.com nica. A língua é comparável a uma folha de papel:
transformações consideráveis em alguns anos. De LINGUISTICO ções entre os termos coexistentes de um estado de
o pensamento é o anverso, e o som o verso; não se
duas línguas coexistentes num mesmo período, língua, mas entre termos sucessivos que se subs-
pode cortar um sem, ao mesmo tempo, cortar o
uma pode evoluir muito e outra quase nada; neste tituem uns aos outros. Toda a fonética constitui
outro; assim, tampouco na língua se poderia isolar
último caso, o estudo será necessariamente sincrô- o primeiro objeto da linguística diacrônica; com
Atividade | Defina linguística sincrônica e o som do pensamento, ou o pensamento do som;
nico; no outro, diacrônico. Um estado absoluto se efeito, a evolução dos sons é incompatível com a
apresente seus objetivos. só se chegaria a isso por uma abstração cujo resulta-
define pela ausência de transformações e como, noção e o estado; comparar fonemas ou grupo de
do seria fazer Psicologia pura ou Fonologia pura. A
apesar de tudo, a língua se transforma, por pouco fonemas com o que foram anteriormente equivale
linguística trabalha, pois, no terreno limítrofe em
que seja estudar um estado de língua vem a ser, a estabelecer uma diacronia. A época anteceden-
praticamente, desdenhar as transformações pouco 6. O Valor Linguístico: que os elementos das duas ordens se combinam;
te pode ser mais ou menos próxima; mas, quando
esta combinação produz uma forma, não, uma
importantes, do mesmo modo que os matemáticos A Língua como Pensamento substância. Não só os dois domínios ligados pelo
uma e outra se confundem, a fonética deixa de in-
desprezam as quantidades infinitesimais em certas Organizado na Matéria Fônica fato linguístico são confusos e amorfos como a es-
tervir; só resta a descrição dos sons de um estado
operações, tal como no cálculo de logaritmos. de língua, e compete à fonologia levá-la a cabo.
colha que se decide por tal porção acústica para tal
Para compreender por que a língua não pode ser ideia é perfeitamente arbitrária. Se esse não fosse o
Na história política, distingue-se a época que é um senão um sistema de valores puros, basta conside- O caráter diacrônico da Fonética concorda muito
caso, a noção de valor perderia algo de seu caráter,
ponto de tempo, e o período que abarca certa du- rar os dois elementos que entram em jogo no seu bem com o princípio de que nada do que seja fo-
pois conteria um elemento imposto de fora. Mas,
ração. No entanto, o historiador fala da época dos funcionamento: as ideias e os sons. Psicologica- nético é significativo ou gramatical no sentido lato
de fato, os valores continuam a ser inteiramente
antônimos, da época das cruzadas, quando con- mente, nosso pensamento não passa de uma massa do termo. Para fazer a história dos sons de uma pa-
relativos, e eis porque o vínculo entre a ideia e o
sidera um conjunto de caracteres que permane- amorfa e indistinta. Filósofos e linguistas sempre lavra, pode-se ignorar-lhe o sentido, considerando-
som é radicalmente arbitrário.
ceram constantes durante esse tempo. Poder-se-ia concordaram em reconhecer que, sem o recurso lhe apenas o invólucro material, e cortar frações
dizer também que a linguística estática se ocupa de dos signos, seríamos incapazes de distinguir duas fônicas sem perguntar se elas têm significação
A ideia de valor assim determinada nos mostra que
épocas; mas estado é preferível; o começo e o fim ideias de modo claro e constante. Tomado em si, (SAUSSURE).
é uma grande ilusão considerar um termo simples-
de uma época são geralmente marcados por uma o pensamento é como uma nebulosa em que nada mente como a união de certo som com um certo
revolução mais ou menos brusca, que tende a mo- está necessariamente delimitado. Não existem No entanto, a língua altera-se no tempo, mas não
conceito. Não podendo captar diretamente as enti-
dificar o estado de coisas estabelecido. A palavra ideias preestabelecidas, e nada é distinto antes da por causa dele. Na verdade, há fatores intrínsecos
dades concretas ou unidades da língua, trabalha-se
estado evita fazer crer que ocorra algo semelhan- língua. A substância fônica não é mais fixa nem (fatores ligados às próprias condições de funciona-
sobre as palavras. Estas, sem recobrir exatamente
te na língua. Ademais, o termo época, justamente mais rígida; não é um molde a cujas formas o pen- mento da língua: pressões internas, existências de
a definição da unidade linguística, dão dela uma
por ser tomado à História, faz pensar menos na samento deve necessariamente acomodar-se, mas, lacunas estruturais ou de unidades mal integradas
ideia, pelo menos, aproximada, que tem a vanta-
língua em si que nas circunstâncias que a rodeiam uma matéria plástica que se divide, por sua vez, em que possibilitam a passagem gradual de um esta-
gem de ser concreta sendo tomadas, pois, como es-
e condicionam; numa palavra, evoca antes a ideia partes distintas, para fornecer os significantes dos do a outro) e extrínsecos (fatores ligados ao uso: as
pécies equivalentes aos termos reais de um sistema
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vinculações estruturais, o modo como os falantes português e sua relação com a ortografia. As téc-
falam, o ambiente, os contactos culturais com ou- nicas de análise fonológica, aliadas a uma boa des-
RESUMO
tras línguas, o isolamento). crição fonética permitem, também, ao educador
entender de fato o que acontece com os proble-
Toda língua possui um grande número de variedades. Essas variedades ocorrem devido
A tarefa básica da linguística diacrônica é explicar mas de fala e escrita, como permitem ainda a ela-
às transformações que as línguas sofrem, não significando para estas imperfeição ou
estados anteriores para melhor compreender a es- boração de atividades que facilitem o processo de
degeneração.
truturação do sistema atual. A descrição de estados aprendizagem por parte dos alunos, que passarão
anteriores é viável, embora mais difícil. Os estudos a receber uma melhor explicação de como a fala, a
Pode-se apresentar basicamente dois tipos de variedades linguísticas: os dialetos(variações
diacrônicos começam pela descrição de estados an- escrita, a leitura e a língua funcionam.
diatópicas, diastráticas e diafásicas) e os registros (graus de formalismo, modo e sintonia).
teriores, ou seja, pela sincronia. Primeiro se faz a
descrição sincrônica e depois se determina a evolu-
Os fatos linguísticos podem ser estruturados sob três pontos de vista: acrônico , sincrônico
ção pela comparação dos estágios. Texto Complementar e diacrônico.
ncia fonológica em
Para se descobrir por que as línguas mudam atra- Avaliação da consciê
crianças: A linguística estrutural clássica tem sua origem nas ideias de Saussure, que se mantêm na
vés do tempo, é importante estabelecer uma suces- a/revista53/Artigo%201.
pdf
http://www.cefac.br/re
vist fase contemporânea desta.
são cronológica de fatos capaz de colocá-los numa
-
verdadeira perspectiva histórica. Isto tudo leva a perceberem fatos lin
Da relevância de se A linguística diacrônica estuda as relações entre os termos sucessivos que se substituem
concluir que não interessa ao historiador da língua rários:
guísticos em textos lite uns aos outros ao longo do tempo.
a consideração de fatos isolados ou as alterações .br/revista/34/04.htm
http://www.filologia.org
ocasionais causadas pela própria instabilidade da
A linguística sincrônica estuda as relações entre os termos coexistentes de um estado de
fala. Portanto, a linguística histórica pode ser feita
língua.
em duas direções: partir dos estudos dos fatos atu-
ais e ir recuando no tempo até a reconstrução dos Atividade | Realizar entrevista com profes- As noções básicas de fonética e fonologia permitem ao educador e ao educando com-
estados mais antigos ou começar pela observação sores da Educação Fundamental sobre a im-
preender como certos fatos da língua funcionam, instrumentalizando-os na conquista da
de dados bem recuados no tempo até chegar aos portância da fonologia para o ensino de língua
participação, no processo de transformação social.
estágios mais recentes (BORBA, 1986). portuguesa e para o aprendizado dos alunos.

Atividade | Defina linguística diacrônica e


apresente seus objetivos. REFERÊNCIAS
SAIBA MAIS! BALLY, Charles&SECHEHAYE, Albert(org). Ferdi- uma proposta para o ensino de gramática no 1º
ologia sincrônica
8. Fonologia na Escola A importância da fon nand de Saussure - Curso de Linguística geral. e 2º graus. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
nia:
no estudo da diacro.br/ 01.
viiicnlf/anais/caderno10- Tradução de Antônio Chelini, Paulo Paes e Iz-
http://www.filologia.org
Cagliari(1997) propõe esta reflexão, consideran- html idoro Blikstein. São Paulo: Ed. Cultrix, 1995.
a lín-
do que o que se ensina de fonologia na escola é ciência, que estuda
Sociolinguística é a a est rei ta li-
desastroso, tanto nos livros didáticos e gramáti- gua a partir da persp
ectiva de su BORBA, Francisco da Silva. Introdução aos es-
a. Para
de onde se origin tudos linguísticos. 9 ed. São Pulo: Editora Na-
cas quanto nas incompreensões sobre a realida- gação com a socieda en qu an to in-
língua existe
de da língua. Se o objetivo da escola é o de ensi- a sociolinguística, a tra ns for ma nd o- se cional, 1986.
do-se e
teração social, crian -hi stó ric o.
nar como o português funciona, ampliando esse em função do contexto
só cio
ensino aos usos linguísticos, ela deve ensinar ao CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lin-
ero1/02.
rg. br/abf/volume2/num guística. São Paulo: Scipione, 1997.
aluno fonética e fonologia também. As noções bá- http://www.filologia.o
htm
sicas de fonética, fonologia e variação linguística, LRyi0C&p
om.br/books?id=ejRbuF
apresentadas durante a disciplina, são de elevada http://books.google.c =o+que+%C3%A9+morfofon% CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova
dq
g=PA62&lpg=PA62& =bl&ots=ZwFvrRvRhk&sig=npc
importância para o educador que, empregando-as, C3%AAmica%3F&sou
rce I1AsStn0Fa Gramática do Português Contemporâneo. Rio
HsqFc&hl=pt-BR&ei=
zaLIs8GcprjQ6moNbvP boo k_resu lt&ct=result&resnu de Janeiro. Editora Nova Fronteira, 1985.
poderá realizar atividades que motivem o aluno, TwMsGmvMkJ& sa= X& oi=
além de ensinar como certos fatos da língua fun- m=4#PPA62,M1
cionam, por exemplo, a noção de oposição, de va- DINO, Pretti. Sociolinguística. Os níveis da fala.
riação, de sistema, os testes de mutação, a noção Ed. Nacional, 1987.
de valor linguístico, podem ser úteis na tarefa de
ensino da língua ao seu falante. Um professor ou LOPES, Edward. Fundamentos da linguística
professora, de posse de conhecimentos fonológi- contemporânea. São Paulo: Ed. Cultrix, 1995.
cos, pode propor aos seus alunos atividades para
mostrar como funciona o sistema de escrita do TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e Interação:

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