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CURSO EAD

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SUMÁRIO

AMBIENTE ESCOLAR E RISCOS IMINENTES............................................................... 3


ACIDENTES NO ÂMBITO ESCOLAR ................................................................................ 5
A IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DOS PRIMEIROS
SOCORROS NO AMBIENTE ESCOLAR............................................................................ 7
LEI LUCAS E SUAS FINALIDADES ................................................................................... 9
ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS .................................................... 11
FUNDAMENTOS DOS PRIMEIROS SOCORROS .......................................................... 14
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA ........................................................................................... 16
ASPECTOS LEGAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS .................................................... 19
DIREITOS DA VÍTIMA ...................................................................................................... 21
SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA ................................................................................ 23
PERFIL DO SOCORRISTA .................................................................................................... 28
CENÁRIO DO SOCORRO ...................................................................................................... 29
TRANSPORTE DE ACIDENTADOS .................................................................................. 31
LEI LUCAS ............................................................................................................................. 35
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 37
AMBIENTE ESCOLAR E RISCOS IMINENTES
O ambiente escolar, se configura como cenário importante para ocorrência de
incidentes que necessitem de técnicas de Primeiros Socorros. Assim, a escola é o lugar ideal
para as crianças concretizarem suas travessuras, na escola elas aproveitam para correr,
executar brincadeiras perigosas, praticar esportes e se aventurar pelo desconhecido, o que os
torna propícios a alguns tipos de condições que podem lhe trazer lesões simples e mais
graves, que pode comprometer sua integridade física ou que poderá leva-lo a morte.
Crianças e adolescentes costumam passar em torno de um terço do dia na escola, a
segurança no espaço escolar, abrangendo o ambiente físico, emocional e psicológico, é objeto
de preocupação dos responsáveis e funcionários da escola.
Encontra-se na Convenção Internacional dos Direitos da Criança (1990), adotada pela
Organização das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989 e entrou em vigor em setembro
de 1990 “[…] as crianças, devido à sua vulnerabilidade, necessitam de uma proteção e de uma
atenção especiais e […], têm direito ao melhor nível de saúde que possa ser atingido e a um
meio ambiente tão seguro quanto possível”.
Minozzo e Ávila (2006) em sua obra, recomendam algumas práticas para prevenir
acidentes no ambiente escolar quais são: Horários de entradas, saídas e recreios adotar
horários diferentes para as series iniciais, estimular jogos de tabuleiro e dança durante esses
períodos, nas entradas e saídas sempre disponível um funcionário para alertar os alunos para ir
com calma; Parques infantis, não havendo manutenção deve ser interditado ou retirado, o
número das crianças por brinquedo deve ser controlado, a altura menor de 1,5, os brinquedos
instalados em areias; Problemas estruturais, devem ser verificados e solucionados, as escadas
devem haver corrimão e piso antiderrapante (ou faixas), áreas expostas à chuva que sejam
escorregadias devem ser identificadas e interditadas, out trocado o piso para antiderrapante;
Devem ser inspecionados os locais de esporte, as traves quanto as ferrugens, os ganchos das
traves protegidas, o piso não deve ter areia e não ser utilizados úmidos ou com poças;
Professores devem evitar tesouras de pontas agudas, compasso e estiletes por parte das
crianças, orientar as crianças a não inclinar as cadeiras e a não arremessar objetos nos
ventiladores; Produtos de limpeza ou de material e construção devem permanecer trancados
em armários, professores devem manter seus medicamentos em armários fechados, plantas
venenosas devem ser removidas de pátios;

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Porém mesmo sendo reconhecido a importância do enfoque de uma instituição
educacional segura, ainda existe uma lacuna entre a reflexão teórica e a realidade concreta.
Muitas creches e escolas ainda atuam em condições precárias nas suas instalações,
propensas a inúmeros situações de acidentes com alunos e funcionários, que pode ocorrer de
forma involuntária e resultante de forças externas podendo causar lesões físicas ao corpo da
vítima (PIRES; STARLING, 2006).
Segundo Minozzo e Ávila (2006, p 24.) O ambiente escolar proporciona todos os
elementos para o acontecimento de acidentes. São centenas de crianças correndo de um lado
para outro, escadas, jogos coletivos, quinas, cadarços desamarrados, brigas, enfim, uma serie
de fatore próprios e, alguns, inevitáveis no ambiente escolar.
Com tudo, o corpo docente deve estar devidamente preparado para agir de forma
correta em situações de emergência assim, diminuindo as chances de ocorrerem sequelas e
óbitos decorrentes de acidentes.

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ACIDENTES NO ÂMBITO ESCOLAR

Diariamente diferentes tipos de acidentes ocorrem no ambiente escolar. De acordo


com Sena, Ricas e Viana (2008) dentro dos fatores intrapessoais mostram algumas
características da criança que contribuem para a ocorrência do acidente como: estágio do
desenvolvimento motor; desenvolvimento social e cognitivo; a constituição biológica e
estrutura psíquica; as crianças apresentam interesse em explorar situações novas, por isso
estão propensas à acidentes ao realizarem tarefas, muitas vezes além de suas capacidades, pois
geralmente tendem a imitar o comportamento dos adultos.
Inúmeros fatores podem provocar acidentes dentro de um ambiente escolar, acidentes
que por muitas vezes tem consequências como: fraturas; obstrução de vias aéreas por corpos
estranhos (OVACE); brigas entre elas; se ferem com mateiras escolares ( tesoura, lápis, etc.,);
traumatismo craniano; bronco aspiração; ingestão de produtos químicos (matérias de higiene e
limpeza) e situações que podem ocorrem por problemas de saúde, psicológicos e emocionais
como: desmaios; tonturas; convulsões; mal súbito; entre outros. Esses acidentes podem causar
danos irreversíveis na vida da criança.
Loder (2008), com objetivo de investigar lesões devidas a equipamentos de
playground, usando o banco de dados do Sistema Nacional de Vigilância de Lesões
Eletrônicas, possibilitou constatar nas 22 728 visitas ao departamento de emergência devido a
lesões no equipamento de playground registradas pelo Sistema Nacional de Vigilância de
Lesões Eletrônicas entre 2002 e 2004, 38,9% das lesões ocorreram em escolas, em uma
instalação de recreação / esporte:

• Devidos a barras de macaco, balanços e lâminas (83,9%);


• Fraturas (39,3%);
• Contusões / abrasões (20,6%);
• Lacerações (16,6%);
• Distensões / entorses (9,9%) e traumáticas lesões cerebrais (TCE) (8,5%);

Os acidentes são a maior causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil.


Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 7 mil crianças de 0 a 14 anos morreram anualmente
e aproximadamente 40 mil ficam com sequelas. Além disso, outro aspecto triste dessas
estatísticas é que o número de vítimas cresce a cada ano. (MINOZZO; ÁVILA. 2006, p. 11).

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Crianças, especialmente os menores de um ano, tem o hábito de levar tudo na boca
(brinquedos pequenos, bala, tampa de garrafas e de canetas, entre outros), pelo fato de
estarem em uma fase de descobrimento, então, assim ficam mais vulneráveis a ocasionar o
OVACE. Acidentes por aspiração de corpos estranhos nas vias aéreas caracterizam como a
terceira maior causa de morte no país, está associado à falha no reflexo de fechamento da
laringe, ao controle inadequado de deglutição e hábito de levar tudo o que pegam na boca
(ALMEIDA; LIMA; SILVA, 2013). As obstruções das vias aéreas são frequentes nas
emergências pediátricas, o que a tornam preocupante, por causa das lesões e óbitos que
ocorrem durante a infância, em especial na idade escolar (1 a 14 anos).
De acordo com Ministério da Saúde (2015), em seu Protocolo SBV de Emergências
Clínicas BC3 OVACE, a técnica nessas situações consiste em se posicionar atrás da vítima,
fechando o punho e colocá-lo com o polegar estendendo entre o umbigo e o osso externo,
fazendo forçar com a outra mão, em que a pressão feita sobre o diafragma expele o ar dos
pulmões que consequentemente liberará as vias aéreas. Este procedimento necessita de
conhecimentos sobre os primeiros socorros para atender crianças com idade pré-escolar em
estado consciente. Entretanto, a manobra de Heimlich é um procedimento importante, que
pode ser útil e salvar uma vida quando um corpo estranho não permite a passagem de ar para
os pulmões (BEZERRA, 2014).
Assim ressalta-se a importância que os profissionais da escola saibam agir de acordo
com as técnicas de primeiros socorros, para evitar possíveis sequelas e até a morte, como
consequências de acidentes sem o socorro adequado.

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A IMPORTÂNCIA DOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DOS PRIMEIROS
SOCORROS NO AMBIENTE ESCOLAR

Primeiros socorros são os procedimentos aplicados de imediato à uma vítima que


sofreu um acidente ou mal súbito. Esta ação tem como finalidade manter os sinais vitais e
garantir a vida à vítima. É evidente que qualquer pessoa pode prestar socorro, porém, essa
pessoa deve ter a ciência de como aplicar as técnicas, em que situação e tempo de ação e
pausa. Muitas vidas podem ser salvas, traumas e sequelas diminuídas quando o socorro é
prestado logo nos primeiros instantes. Abramet (2005) afirma que: Um treinamento em
Primeiros Socorros vai ser sempre de grande utilidade em qualquer momento de sua vida, seja
em casa, no trabalho ou no lazer. Podem ser muitas e variadas às situações em que o seu
conhecimento pode levar a uma ação imediata e garantir a sobrevida de uma vítima. Isso,
tanto em casos de acidente, como em situações de emergência que não envolvem trauma ou
ferimentos. (ABRAMET, 2005, p. 34.)
O prestar os socorros não significa somente colocar em prática os procedimentos
iniciais, também deve-se avaliar a vítima, o lugar onde ela está, solicitar ajuda, e agir
conforme seus conhecimentos e limites. Conforme explica Hafen, Karren e Frandsen (2002,
p.3.)

Os primeiros socorros referem-se ao atendimento temporário e imediato de uma


pessoa que está ferida ou que adoece repentinamente. Também podem envolver o
atendimento em casa quando não se pode ter acesso a uma equipe de resgate ou enquanto os
técnicos de emergência medica (TEM) não chegam. Os primeiros socorros incluem
reconhecer condições que põem a vida em risco e tomar as atitudes necessárias para manter a
vítima viva e na melhor condição possível até que se obtenha atendimento médico.

Aprender sobre os primeiros socorros ajudaria as pessoas a atuar com maior segurança
caso ocorra uma situação de emergência. Nesses casos com um maior conhecimento
diminuiria os agravos à saúde da vítima. O cotidiano é cheio de acidentes e situações de risco,
e a população tem um déficit de informações sobre quais procedimentos realizar nessas
situações, e com a falta de primeiros socorros qualificado pode prejudicar e agravar muito
mais as sequelas que poderiam ser evitadas.
As escolas são lugares onde há uma grande quantidade crianças que estão em

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constante atividades, onde pode ocorrer um acidente e muitas vezes os profissionais de
emergência não conseguem chegar ao local com facilidade e rapidez para prestar o
atendimento. Nesses casos o atendimento e a aplicação dos procedimentos adequados de
primeiros socorros são essenciais para evitar sequelas e muitas vezes até a morte do
acidentado. Por outro lado a falta de habilidades e conhecimento para lidar com determinadas
situações faz com que o indivíduo se sinta inválido, incapaz, ficando de mãos atadas (CICV,
2006) e mesmo que a pessoa que está prestando socorro tenha boas intenções, se não tiver os
conhecimentos básico sobre como agir, pode colocar em risco a vida da vítima
(KAWAMOTO, 2002).
Conhecer as práticas de primeiros socorros abrange todos os profissionais, pois
situações de emergência podem ocorrer em qualquer hora e lugar e precisam ter ação imediata
com qualidade para salvar a vida do acidentado. Professores, equipe técnica, administrativa,
etc., que atuam nos ambientes escolares, atendendo crianças que apresentam alto risco de se
acidentar, são profissionais que apresentam a necessidade de capacitação em técnicas de
primeiros socorros.

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LEI LUCAS E SUAS FINALIDADES

A Lei Lucas surgiu devido a morte do menino de 10 anos, por asfixia mecânica. Lucas
Begalli Zamora, em setembro de 2017 estava sob supervisão dos funcionários da escola em
um passeio escolar, se engasgou com um cachorro quente, teve asfixia mecânica, sete paradas
cardíacas e depois de 50 minutos de tentativas fracassadas em lhe prestarem os primeiros
socorros, veio a óbito (PROJETO DE LEI, 2018).
Portanto, a criação dessa Lei visa proporcionar e oferecer aos pais e mães de todo o
país, um panorama de maior conforto e segurança, para que seus filhos não estejam expostos
aos riscos de acidentes no âmbito educacional e recreativo. Acidentes ocorrem a todo lugar e
momento, assim tornando-se obrigatória a capacitação em noções básicas de primeiros
socorros de professores e funcionários de estabelecimentos de ensino públicos e privados de
educação básica e de estabelecimento de recreação infantil (PROJETO DE LEI, 2018).
De acordo com o Art 1º da Lei nº 13.722 (BRASIL, 2018) “Fica instituída a
obrigatoriedade de estabelecimentos públicos e capacitarem seu corpo docente e funcional em
noções básicas de primeiros socorros”, promulgada em 4 de outubro de 2018, entrando em
vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial.
Assim torna-se necessário que a equipe escolar esteja preparada para lidar com
eventuais situações que podem ocorrer dentro das escolas, e também estar preparadas para
evitar possíveis eventos. Nesse aspecto segundo o Art 2º, se estabelece que esses cursos serão
oferecidos por pessoas capacitadas das entidades municipais e estaduais com o objetivo de
saber agir na prevenção de situações de urgência e emergência e saber agir durante o tempo
em que o suporte especializado se torne possível.

Art. 2º Os cursos de capacitação em primeiros socorros serão ministrados por


entidades municipais ou estaduais, especializadas em práticas de auxílio imediato e
emergencial à população tais como Corpo de Bombeiros, Serviços de Atendimento Móvel de
Urgência, Defesa Civil, Forças Policiais, Secretarias de Saúde, Cruz Vermelha Brasileira ou
serviços assemelhados, tendo como objetivo:

I - Identificar e agir preventivamente em situações de emergências e urgências


médicas;
II - Intervir no socorro imediato do(s) acidentado(s) até que o suporte médico

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especializado, local ou remoto, torne-se possível. (BRASIL, Lei nº 13.722 de 04 de outubro
de 2018.)

Compreende-se que cabe aos profissionais que atuam com crianças, adolescentes e
jovens em instituições públicos e privados, o mínimo de capacitação prática para eventuais
ocorrências. Portanto, a pratica dos conhecimentos em primeiros socorros torna-se essencial
quando há o convívio com crianças, adolescentes e jovens no âmbito escolar e recreacional.

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ASPECTOS GERAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Todos nós estamos propensos a precisar de atendimento imediato de socorro, seja por
um acidente ou até algum tipo de doença, e a importância de um profissional qualificado para
os primeiros socorros pode ser crucial diante do acontecimento. Assim, se torna
imprescindível que as pessoas tenham acesso às informações sobre como agir nessas
situações.
Como salienta Gonçalves e Gonçalves (2019, p. 5), “o conhecimento sobre os
procedimentos de primeiros socorros deveria ser de domínio público, pois os acidentes
acontecem a todo instante e em todos os lugares”.

ATENDIMENTO
FONTE: <https://reinaldoinstrutor.blogspot.com/2016/05/simulados-de- primeiros-
socorros-sem.html>.

Historicamente, os métodos que são utilizados durante os primeiros socorros,


iniciaram em 1859, com Jean Henry Dunant, que teve apoio de Napoleão III. O projeto tinha
como finalidade a educação das comunidades locais, tendo como alvo principal aquelas em
que estavam em guerra.
As causas de mortes dos muitos soldados em meio às batalhas, que não recebiam

11
atendimento, eram ferimentos simples, pequenas fraturas e lesões por armas. Devido ao
sofrimento de milhares de soldados que morriam abandonados nos campos de batalha por
complicações destas lesões, Dunant organizou um grupo de voluntários com os habitantes da
região com o objetivo de ministrar os primeiros socorros para aqueles soldados feridos.
Após a criação deste grupo de voluntários, Dunant escreveu um livro em que propõe a
criação de grupos de primeiros socorros, para atendimento dos feridos. Mais tarde, em 17 de
fevereiro de 1863, recebeu o apoio da Sociedade Pública de Genebra fundando um Comitê
Internacional de Socorro aos Feridos. Este comitê era formado por cidadãos suíços, que
organizaram uma Conferência Internacional em Genebra, com a representação de 16 países,
que deram origem à Cruz Vermelha. As resoluções previam:

• a criação, em cada país, de um Comitê de Socorro, que ajudaria em tempos de


guerra, os serviços de saúde dos exércitos;
• a formação de enfermeiras voluntárias em tempos de paz;
• a neutralidade das ambulâncias, dos hospitais militares e do pessoal de saúde;
• a adoção de um símbolo definitivo uniforme: uma braçadeira branca com uma
cruz vermelha em fundo branco (CRUZ VERMELHA, 2019, s.p.).

Esses procedimentos, até hoje, são de grande valor para a vida humana, visto que
muitos casos de acidentes podem levar o indivíduo a óbito antes de obter o atendimento
presencial em uma unidade de saúde, por exemplo. Neste caso, faz-se necessário um
atendimento adequado de primeiros socorros, que pode ser feito por pessoas instruídas de
antemão para que o sujeito acidentado tenha mais chances de obter êxito no seu tratamento
(SOARES, 2013).
No Brasil, em setembro de 2017, em Campinas/SP, o estudante Lucas Begalli Zamora,
de 10 anos, morreu ao se engasgar com um sanduíche durante um passeio escolar. Para
enfrentar situações como essa, o Congresso Nacional aprovou o Projeto de Lei 9.468/18. A
proposta foi sancionada no dia 04/10/2018 pela Presidência da República e transformada na
Lei Lucas 13.722/18. A proposta obriga as escolas, públicas e privadas, de educação infantil e
básica a fazerem curso de capacitação de professores e funcionários em noções básicas de
primeiros socorros (BRASIL, 2018a).
Para Taddei et.al. (2006), mais importante do que saber o que fazer na hora do

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acidente é saber preveni-lo. Tratando-se de espaços que circulam crianças, estes devem ser
planejados adequadamente, promovendo um ambiente seguro para poderem se desenvolver
saudavelmente, sem limitar a sua capacidade de descobertas e curiosidades.

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FUNDAMENTOS DOS PRIMEIROS SOCORROS

Como elucida a citação a seguir, o primeiro socorro é um tratamento inicial, pois tem
caráter imediato a fim de preservar a vida. Também pode-se dizer que visa diminuir o
sofrimento da pessoa, e pode ser oferecido tanto para acidentados como também vítimas de
tipos de doenças súbitas. Segundo Brasil, (2003, p. 8), Podemos definir primeiros socorros
como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima
de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de
manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas e
procedimentos até a chegada de assistência qualificada.
O tipo de atendimento, em situações emergenciais vai depender da situação em que
esta foi gerada, pode vir a ser, “proteção de feridas, imobilização das fraturas, controle de
hemorragias externas, desobstrução das vias respiratórias e realização de manobras de Suporte
Básico de Vida (SBV)” (REIS, 2010, p. 5).

Suporte Básico de Vida é uma sequência de ações válida para o


socorrista que atua sozinho. Para saber mais sobre SBV acesse:
file:///C:/Users/89120345968/
Downloads/Suporte%20b%C3%A1sico%20de%20vida.pdf.

De acordo com Soares, (2013, p. 2): A expressão, primeiros socorros, é usada para
caracterizar uma série de procedimentos adotados com o fim de preservar vidas sob risco
iminente e em condições de urgência e/ou emergência. Esses procedimentos são realizados
geralmente por pessoas comuns, com conhecimentos teóricos e práticos acerca das técnicas
utilizadas.
Para prestar os primeiros socorros, a pessoa treinada deve realizar o ato com calma,
sendo confiante e compreensivo. É importante manter o autocontrole assim como o das outras
pessoas envolvidas no acontecimento.
Por exemplo, informar o indivíduo que sofreu o acidente sobre sua situação atual, deve
ser analisado pelo profissional com cautela, a fim de não causar sentimentos desnecessários

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no momento, como ansiedade e medo. Até mesmo o tom de voz que este utilizará com a
vítima é importante, devendo ser calmo e confortante para gerar confiança mútua (BRASIL,
2003).
Segundo Bergeron, et al. (2007, p. 6): Os socorristas são treinados para aproximar-se
do paciente, detectar problemas, oferecer assistência à emergência e, quando necessário,
locomovê-lo, sem causar outras lesões. Os Socorristas são, em geral, as primeiras pessoas,
com conhecimentos em primeiros socorros, a chegar no local. Os socorristas podem ser
policiais, bombeiros, trabalhadores ou qualquer cidadão.
Neste caso é importante salientar que o profissional que prestará socorro, necessita
estar atento inclusive a sua segurança pessoal, para ajudar o outro sem que, para isso, também
acabe como vítima por tomar atitudes imprudentes (SOARES, 2013).
Outro ponto importante é que a pessoa habilitada deve alertar e ajudar a vítima
evitando um possível agravamento do acidente, porém esse atendimento não pode substituir
ou atrasar os outros serviços que estão disponíveis como emergências médicas (REIS, 2010).

OBJETIVOS DOS PRIMEIROS SOCORROS


FONTE: Reis (2010)

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URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

Em nosso dia a dia é muito comum escutarmos as pessoas se referirem as situações de


urgência e emergência como sinônimas, porém, sabemos que as situações são diferentes.
Observe a figura a seguir, nela podemos verificar as diferenças entre situações de urgência e
emergência.

DIFERENÇA ENTRE EMERGÊNCIA E URGÊNCIA

FONTE:<https://1.bp.blogspot.com/-
G95JILlZB9I/VGJeXD6hWbI/AAAAAAAAABs/6ljSPJag-qc/s1600/
601560_501330656544418_1422815089_n%2B(1).jpg>.

Por mais que as situações de emergência requerem atenção imediata por acarretar
riscos à vida do sujeito, uma ocorrência de urgência também necessita de uma solução em
curto prazo. Observe o quadro a seguir, nele apresentamos exemplos de nosso cotidiano que
caracterizam as situações de urgência e emergência.

EXEMPLOS DE SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA

16
Emergência
Urgência
Traumatismo Craniano.
Fraturas não expostas.
Fraturas Expostas.
Cólicas Renais.
Parada Cardiorrespiratória.
Pressão Arterial Elevada.
Hemorragias Graves.
Crise Asmática.
FONTE: Adaptado de Schmitz (2019)

Quando nos encontramos diante de uma situação de emergência, é exigindo de nós


uma ação rápida e, neste momento, de acordo com Bartman (1996), muitos tipos de reações
podem surgir, como por exemplo:

• Não nos manifestarmos, pois não sabemos o que fazer.

• Independente de termos o conhecimento ou não sobre as técnicas que devem


ser utilizadas podemos permanecer em “congelamento” pelo medo.

• Reagimos imediatamente mesmo sem conhecimento prévio, muitas vezes


piorando a situação.

Todas essas manifestações são naturais ao ser humano, porém, em uma hora de
emergência, é de suma importância que a pessoa saiba controlar esses instintos para agir
corretamente. Neste caso, é tão importante confiar no que se sabe sobre primeiros socorros,
quanto reconhecer os limites que cada caso pode nos infligir. De qualquer forma, a avaliação
do socorrista é primordial e deve basear-se na averiguação das necessidades indicando as
prioridades de cada caso (BRUNO; BARTMAN, 1996).
Alguns passos podem ser seguidos na hora de prestar o atendimento de emergência,
analisando os fatores com rapidez e cautela.

AVALIAÇÃO DAS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

17
Formule um plano de Aja
Avalie
ação

• Existe algum perigo no local • É possível manter a • Acione o serviço médico


segurança enquanto presto de emergência ligando
que apresente
risco para mim ou para a assistência? primeiro (vítima sem

vítima? • Que tipo de assistência ventilação) ou cuidando

de emergência pode ser primeiro (vítima sem


• É possível me aproximar
necessária? ventilação devido
da vítima com segurança?
afogamento).
• O que causou a • Como o serviço médico
de emergência local pode • Siga as diretrizes treinadas
condição atual da vítima?
ser acionado? para prestar assistência de
emergência.

• Continue a levar em
consideração a sua
segurança.

FONTE: TOLDO (2016)

18
ASPECTOS LEGAIS DOS PRIMEIROS SOCORROS

A saúde é um princípio básico e de direito do ser humano, e está prevista na


Constituição Federal, descrita no seguinte parágrafo:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação
(BRASIL,1988, s.p.).

Todas as pessoas possuem o direito à proteção da vida e à saúde, com este intuito a lei
do Código Penal foi estabelecida e ampliada para garantir tais direitos fundamentais.
A omissão de socorro foi conceituada como “a atitude de deixar de socorrer pessoas
em situação de vulnerabilidade, como crianças abandonadas ou perdidas, pessoas inválidas,
com ferimentos, ou em situação de risco ou perigo” (BRASIL,1940, s.p.).
“O fato de chamar o socorro especializado, nos casos em que a pessoa não possui um
treinamento específico ou não se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de
omissão de socorro” (SOARES, 2013, p. 3).

OMISSÃO DE SOCORRO
FONTE: <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/noticias/imagens-
2016/21omissaodesocorro.jpg/@@images/0259c760-787f-4c98-a3cd-e092c3e5f613.jpeg>.

19
No Código Penal, a omissão de socorro foi prevista há muito tempo, até mesmo
anterior à Constituição, prevalecendo suas principais implicações e diretrizes sobre esta
situação até o dia de hoje. Na descrição do artigo a seguir é possível avaliar inclusive a
gravidade da omissão, caso ocorra óbito oriundo da ausência de prestação do socorro.
O Art. 135 da CF estabelece que: Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-
lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública.

[...]
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal
de natureza grave, e triplicada, se resulta em morte (BRASIL,1940, s.p.).

No ano de 1984, o Código Penal foi ampliado e foi incluído em sua redação a
responsabilidade da prestação do atendimento pelos profissionais de saúde ou pessoas
habilitadas (ex.: socorristas). Neste caso, o conhecimento técnico, responsabiliza a pessoa
quanto ao dever de prestar o atendimento com segurança. A seguir, consta tais descrições:

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para


evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (BRASIL,1984,
s.p.).

20
DIREITOS DA VÍTIMA

O prestador do socorro deve estar ciente que a vítima possui o direito de se recusar em
receber a assistência. No caso de pessoas adultas, esse direito é válido quando eles estiverem
conscientes e lúcidos. O motivo da recusa pode ocorrer por alguns fatores: crenças religiosas
ou falta de confiança no prestador de socorro que for realizar o atendimento. Nestes casos, “a
vítima não pode ser forçada a receber os primeiros socorros, devendo assim certificar- se de
que o socorro especializado foi solicitado e continuar monitorando a vítima, enquanto tenta
ganhar a sua confiança através do diálogo” (SILVEIRA; MOULIN, 2003, p. 1).
Caso a vítima esteja impedida de falar, em decorrência do acidente e com sinais que se
compreende de que ela não deseja o atendimento, tome as seguintes providências:

PROVIDÊNCIAS PARA O PRESTADOR DE PRIMEIROS SOCORROS EM


CASOS DE RECUSA DA ASSISTÊNCIA PELA VÍTIMA ADULTA

Não discuta com a vítima.

Não questione suas razões, principalmente se elas forem baseadas em crenças religiosas.

Converse com a vítima, informe a ela que você possui treinamento em primeiros
socorros, que irá respeitar o direito dela de recusar o atendimento, mas que está pronto
para auxiliá-la no que for necessário.

Esclareça às testemunhas de que o atendimento foi recusado por parte da vítima.

No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou pelo
responsável legal. Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro
especializado, o prestador de socorro deverá, se possível, conseguir testemunhas que
comprovem o fato.

21
O consentimento para o atendimento de primeiros socorros pode ser formal, quando a
vítima verbaliza ou sinaliza que concorda com o atendimento, após o prestador de socorro
ter se identificado como tal e ter informado à vítima de que possui treinamento em
primeiros socorros, ou implícito, quando a vítima esteja inconsciente, confusa ou
gravemente ferida a ponto de não poder verbalizar ou sinalizar consentindo com o
atendimento. Neste caso, a legislação infere que a vítima daria o consentimento, caso
tivesse condições de expressar o seu desejo de receber o atendimento de primeiros
socorros.

O consentimento implícito pode ser adotado também no caso de acidentes envolvendo


menores desacompanhados dos pais ou responsáveis legais. Do mesmo modo, a legislação
infere que o consentimento seria dado pelos pais ou responsáveis, caso estivessem
presentes no local.

FONTE: Silveira; Moulin (2003)

22
SERVIÇOS DE UTILIDADE PÚBLICA

A população conta com serviços especializados para o atendimento de urgência e


emergência. Os principais são: SAMU — Serviço de Atendimento Móvel de Urgência — e o
Corpo de Bombeiros.

O SAMU foi desenvolvido pela Secretária de Estado da Saúde, em parceria com o


Ministério da Saúde e Secretarias Municipais, cuja missão é regular atendimentos de urgência
e emergência em todo o Estado. Também é responsável pelas transferências de pacientes
graves, operando tanto em ambulâncias USAs (Unidades de Suporte Avançado) e USBs
(Unidades de Suporte Básico), que são Unidades de Suporte Básico e Avançadas, como
também no transporte aéreo, com sua aeronave, o Arcanjo. Nas Unidades de Suporte Básico,
a equipe é composta por um condutor-socorrista e um técnico em enfermagem, enquanto, nas
Unidades de Suporte Avançada, a organização da ambulância é combinada por um médico,
um enfermeiro e um condutor-socorrista.

LOGO SAMU

Conforme visto na Figura, o número para ligações ao SAMU é 192, quando um


cidadão liga, ele é atendido por um Técnico auxiliar de Regulação Médico, esse técnico é que
vai encaminhar o caso para um médico regulador, este vai avaliar a urgência do caso e entrará
em contato com um rádio operador que por fim chamará a ambulância mais próxima ao local
para a realização do atendimento. Como visto, no SAMU existem USB’s e USA’s, que são

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selecionadas conforme a gravidade da situação relatada. Quando há o risco de vida eminente é
acionado o “código vermelho” e o objetivo do serviço é atingir cerca de 1 minuto e 30
segundos do atendimento do rádio operador até a ambulância.

MISSÃO, VISÃO E VALORES DO SAMU

Visão Valores
Missão

Prestar o atendimento Atender o paciente de Garantir o acesso do paciente à


pré-hospitalar de forma ágil e eficiente, com Unidade de Saúde mais adequada e
profissionais capacitados e proporcionar o melhor atendimento
urgência
a recursos tecnológicos pré-
com excelência
de adequados, cumprindo hospitalar de urgência, tanto em
população, além
realizar a coordenação, a 100% das solicitações no casos de traumas quanto em
regulação e a supervisão menor tempo-resposta situações clínicas, prestando sempre

médica, direta ou a possível, com a finalidade os cuidados médicos apropriados ao


de ser referência neste tipo estado
distância, de todos os
de procedimento. de saúde do cidadão.
atendimentos.

Outro serviço que pode ser solicitado em caso de emergência é o do corpo de


bombeiros. Eles surgem com a missão de atuar em atividades de defesa civil, prevenção e
combate de incêndios e também em situações de salvamentos, cada qual em suas respectivas
unidades federativas.

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Agora, caracterizados os dois serviços, é importante esclarecer para qual deles ligar
dependendo da situação de emergência. A imagem a seguir demonstra alguns exemplos de
fatos em que devemos chamar o SAMU e o Corpo de Bombeiros:

SAMU E CORPO DE BOMBEIROS

FONTE: <http://www.guiacaldasnovas.com.br/userfiles/image/samu.jpg>.

Após ligar para o número indicado àquela situação, a comunicação deve ser eficaz
afim de facilitar a compreensão dos profissionais sobre o tipo de equipamento e pessoal
necessário para o atendimento, então, forneça sempre:

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PASSOS PARA COMUNICAÇÃO COM A EMERGÊNCIA

Número de vítimas Localização exata


Tipo de acidente
O número, tipo e Se for na cidade,
Incêndio, acidentes
gravidade das lesões forneça a localização
com veículos,
sofridas, se foram exata da rua, o
quantos e quais os
removidas do local, se número e o ponto de
tipos de veículos
precisam ser resgatadas referência mais fácil.
envolvidos,
de local perigoso. Em rodovias, forneça
atropelamento,
Informe a idade o nome ou número,
vazamento de
aproximada das vítimas, o quilômetro, se for
gás ou produtos
se há crianças, pessoas possível, ou a indicação
químicos, inundação,
idosas ou mulheres de entroncamentos ou
desmoronamento,
grávidas. pontos de referência.
brigas etc.
FONTE: Adaptado de Júnior (2014)

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No quadro a seguir estão listados outros telefones úteis dependendo de cada
ocorrência:

NÚMEROS ÚTEIS E SUAS FUNÇÕES

DISQUE-DENÚNCIA: é um serviço gratuito oferecido à comunidade para o repasse


181
de informações sobre crimes. O denunciante não precisa se identiflcar. Desde sua
criação, em 2003, não houve nenhum caso de divulgação da identidade das pessoas
que ligaram no 181.

POLÍCIA MILITAR: é o telefone de emergência da Polícia Militar por meio do qual


190
podem ser repassadas/relatadas situações de furto, roubo, homicídio, violência
doméstica, agressão, depredação do patrimônio público, invasão de domicílio, entre
outros delitos que imponham o cidadão ao risco iminente de um ilícito penal ou no
momento em que estas situações estejam ocorrendo.

POLÍCIA RODOVIÁRIA FEDERAL: utilizado pela Polícia Rodoviária Federal, a


191
população poderá ligar para informar sobre ocorrências nas rodovias federais como,
por exemplo, crimes, acidentes ou irregularidades.

POLÍCIA CIVIL: o telefone utilizado pela Polícia Civil para quem tiver informações
197
que colaborem com as investigações da instituição possa entrar em contato. A ligação
é gratuita e não há necessidade de identiflcação.

BPRv: o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), unidade especializada da Polícia


198
Militar para atuação na flscalização, policiamento em rodovias estaduais, está à
disposição dos usuários por meio do 198. Por este canal, o cidadão tem acesso a
informações como prevenção de acidentes, educação no trânsito, condições de
veículos e documentação; fluidez do trânsito; e atendimento de acidente de trânsito
no local.

DEFESA CIVIL: o número poderá ser discado quando ocorrer inundações,


199
desabamentos, incêndios ou desastres naturais que tenham vítimas e desabrigados.

FONTE: Adaptado de Brasil (2016)

27
PERFIL DO SOCORRISTA

Para exercer os primeiros socorros, é necessário que o socorrista tenha atenção


nas considerações a seguir, buscando avaliar constantemente se está realizando a sua
função com eficácia e mantendo o controle emocional.

PERFIL DO SOCORRISTA

Manter o autocontrole para enfrentar situações de emergência


Manter a Calma
que muitas vezes envolvem pânico e sofrimento.

Assumir o controle da situação e passar conflança na assistência


Liderança
realizada.

Fazer tudo o que for Deve tentar realizar todas as medidas que forem de seu
conhecimento e que estiver ao seu alcance sem agravar a situação
possível
da vítima.

O socorrista que tem conhecimento e sabe o que está fazendo


Não temer críticas
não precisa temer em prejudicar a vítima. Se for possível, sempre
estabeleça uma comunicação clara com os familiares explicando
o que pretende fazer.

Antes de socorrer alguém sempre avaliar se a sua segurança não


Não correr riscos
está em risco.

Quando o atendimento especializado chegar, relate todo o


Colaboração
procedimento realizado, a avaliação da vítima e a evolução que
ela apresentou desde o início do atendimento e se ofereça para
auxiliar no que mais for necessário até a flnalização da
assistência.

Não se sentir Se você fez o máximo possível e percebeu que a sua ajuda não
foi suflciente, não se sinta culpado nem permita que isso interflra
frustrado
em seus atendimentos futuros.

FONTE: Adaptado de Júnior (2014)

28
ATENDIMENTO
FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 11)

CENÁRIO DO SOCORRO

Ao se deparar com alguma situação de emergência, o socorrista precisa avaliar


rapidamente todo o cenário que envolvendo tais implicações:

AVALIAÇÃO DO CENÁRIO

Avaliação das Analisar se o local está seguro para realizar de imediato o


condições de atendimento. Não se colocar em risco podendo ser uma segunda
vítima. Verificar a segurança da via púbica, caso for acidente de
segurança
trânsito, analisar se poderá envolver outras vítimas através do
cenário estabelecido pós-trauma, considerar possíveis deslizes de
terra em encostas em caso de chuvas, e demais situações que
podem ser imprevisíveis quando se trata de emergências.

Avaliação inicial Identificar a prioridade de atendimento entre as vítimas, tipos de


equipamento que será utilizado para o socorro, caso a vítima tiver
das vítimas
consciente converse com ela durante a assistência buscando
acalmá-la. Mantenha o controle da situação, pois cabe ao socorrista

29
ter a liderança da situação até a vinda da equipe especializada.

Quando os acidentes ocorrem em locais públicos que concentram


Locais públicos
muitas pessoas (exemplo: teatros, supermercados, estádios, casas
de shows), muitas vezes acometem maior número de vítimas, o que
exigirá discernimento do socorrista. Depois de isolar o local,
providenciar a chamada para o serviço especializado, retirar as
vítimas que estejam em local instável, determinar prioridades de
atendimento, prestar assistência para os casos mais graves e
transportar de forma adequada os feridos avaliando sempre a
segurança da remoção para a vítima.

FONTE: Adaptado de Júnior (2014) e Bruno; Bartman (1996)

ACIDENTE

FONTE: Gonçalves; Gonçalves (2009, p. 17)

30
TRANSPORTE DE ACIDENTADOS

O conhecimento das técnicas corretas de resgate torna-se imprescindível para


evitar risco para o socorrista e principalmente impedir um segundo trauma para a
vítima.
A seguir, vamos citar alguns meios de retirada da vítima em casos de risco
eminente no local, ou seja, em incêndios, desabamentos, tiroteios etc.

TRANSPORTE DE EMERGÊNCIA
a) Resgate por arrastamento: arrastar a vítima no sentido da cabeça,
utilizando camisa ou casaco como ponto de apoio. Também podemos utilizar um
cobertor na execução desta técnica, contudo, a vítima deve ser rolada para cima do
cobertor. A técnica de arrastamento permite que um socorrista transporte vítimas
pesadas, acima de sua capacidade de carga (JUNIOR, et al. 2007).

RESGATE POR ARRASTAMENTO


FONTE: <http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/tranpac7.gif>.

b) Transporte tipo bombeiro: indicado para vítimas inconscientes e em

31
situações nas quais o socorrista possui força física para suportar o peso da vítima.
Nunca utilize esta técnica com a vítima apresentando um possível trauma.

TRANSPORTE TIPO BOMBEIRO


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)

c) Apoio lateral simples: técnica utilizada para apoio em vítimas que são
capazes de andar.

APOIO LATERAL SIMPLES


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)

d) Transporte nos braços: ter o cuidado para passar o braço da vítima sobre
os seus ombros atrás do pescoço e envolver com o seu outro braço a cintura da vítima.

32
TRANSPORTE NOS BRAÇOS
FONTE: Júnior et al. (2007, p. 112)

e) Transporte em cadeira: pode ser utilizada com ou sem cadeira, neste

caso, levantando as pernas da vítima, simulando a posição de sentado.

TRANSPORTE EM CADEIRA COM A CADEIRA


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113)

TRANSPORTE EM CADEIRA SEM A CADEIRA


FONTE: Júnior et al. (2007, p. 113)

O transporte da vítima politraumatizada deverá ser realizada por um mobilizador


que seja capaz de manter a estabilidade de toda a coluna vertebral. A melhor posição

33
para esta estabilização é o decúbito dorsal, que também contribui para uma melhor
visualização para o início das medidas do suporte de vida (JÚNIOR et al. 2007).

Nenhuma técnica acima é indicada ou considerada segura para o


transporte de vítimas com suspeita de traumatismos.
Sempre que houver situações que acarretem maior risco para a
vítima, o serviço de resgate especializado deverá ser acionado.

A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018, mais conhecida como Lei Lucas, foi
aprovada por unanimidade pelo Senado, que torna obrigatória a capacitação em Noções
Básicas de Primeiros Socorros, de professores e funcionários de estabelecimentos de
ensino público e privado de educação básica e de estabelecimentos de recreação infantil.
O nome da nova legislação, Lei Lucas, presta homenagem ao menino Lucas
Begalli Zamora, de 10 anos, que morreu engasgado com um sanduíche durante um
passeio escolar, sem que ninguém pudesse socorrê-lo. Por isso, quanto maior o número
de pessoas treinadas e prontas para o primeiro atendimento em primeiros socorros,
melhor é o prognóstico das vítimas.

34
LEI LUCAS
A Lei 13.722 de 4 de outubro de 2018 é apresentada da seguinte maneira:
Art. 1º Os estabelecimentos de ensino de educação básica da rede pública, por
meio dos respectivos sistemas de ensino, e os estabelecimentos de ensino de educação
básica e de recreação infantil da rede privada deverão capacitar professores e
funcionários em noções de primeiros socorros.
§ 1º O curso deverá ser ofertado anualmente e destinar-se-á à capacitação e/ou à
reciclagem de parte dos professores e funcionários dos estabelecimentos de ensino e
recreação a que se refere o caput deste artigo, sem prejuízo de suas atividades
ordinárias.
§ 2º A quantidade de profissionais capacitados em cada estabelecimento de
ensino ou de recreação será definida em regulamento, guardada a proporção com o
tamanho do corpo de professores e funcionários ou com o fluxo de atendimento de
crianças e adolescentes no estabelecimento.
§ 3º A responsabilidade pela capacitação dos professores e funcionários dos
estabelecimentos públicos caberá aos respectivos sistemas ou redes de ensino.
Art. 2º Os cursos de primeiros socorros serão ministrados por entidades
municipais ou estaduais especializadas em práticas de auxílio imediato e emergencial à
população, no caso dos estabelecimentos públicos, e por profissionais habilitados, no
caso dos estabelecimentos privados, e têm por objetivo capacitar os professores e
funcionários para identificar e agir preventivamente em situações de emergência e
urgência médicas, até que o suporte médico especializado, local ou remoto, se torne
possível.
§ 1º O conteúdo dos cursos de primeiros socorros básicos ministrados deverá ser
condizente com a natureza e a faixa etária do público atendido nos estabelecimentos de
ensino ou de recreação.
§ 2º Os estabelecimentos de ensino ou de recreação das redes pública e
particular deverão dispor de kits de primeiros socorros, conforme orientação das
entidades especializadas em atendimento emergencial à população.
Art. 3º São os estabelecimentos de ensino obrigados a afixar em local visível a
certificação que comprove a realização da capacitação de que trata esta Lei e o nome
dos profissionais capacitados.
Art. 4º O não cumprimento das disposições desta Lei implicará a imposição das
seguintes penalidades pela autoridade administrativa, no âmbito de sua competência:

35
I. - notificação de descumprimento da Lei;
II. - multa, aplicada em dobro em caso de reincidência; ou
III. - em caso de nova reincidência, a cassação do alvará de
funcionamento ou da autorização concedida pelo órgão de educação,
quando se tratar de creche ou estabelecimento particular de ensino ou
de recreação, ou a responsabilização patrimonial do agente público,
quando se tratar de creche ou estabelecimento público.

Art. 5º Os estabelecimentos de ensino de que trata esta Lei deverão estar


integrados à rede de atenção de urgência e emergência de sua região e estabelecer fluxo
de encaminhamento para uma unidade de saúde de referência.
Art. 6º O Poder Executivo definirá em regulamento os critérios para a
implementação dos cursos de primeiros socorros previstos nesta Lei.
Art. 7º As despesas para a execução desta Lei correrão por conta de dotações
orçamentárias próprias, incluídas pelo Poder Executivo nas propostas orçamentárias
anuais e em seu plano plurianual.
Art. 8º Esta Lei entra em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua
publicação oficial.

FONTE: BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a


capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de
estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil. Brasília: Senado Federal, 2018a. Disponível em:
http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em:
18. abr. 2019.

Portanto, o curso de Primeiros Socorros nas Escolas, deverá ser ofertado


anualmente para a capacitação e/ou reciclagem de parte dos professores e funcionários
dos estabelecimentos de ensino e recreação.
Os estabelecimentos de ensino de educação básica e de recreação infantil terão
até abril de 2019 para se adequarem às normas da Lei 13.722/2018. O não cumprimento
pode acarretar em notificação, multa e até cassação do alvará de funcionamento ou da
autorização concedida pelo órgão de educação, quando se tratar de creche ou
estabelecimento particular de ensino ou de recreação, ou a responsabilização
patrimonial do agente público, quando se tratar de creche ou estabelecimento público.

36
REFERÊNCIAS

BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007.


BRASIL. Lei n. 13.722, de 4 de outubro de 2018. Torna obrigatória a
capacitação em noções básicas de primeiros socorros de professores e funcionários de
estabelecimentos de ensino públicos e privados de educação básica e de
estabelecimentos de recreação infantil. Brasília:
Senado Federal, 2018a. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm. Acesso em: 18. abr. 2019.
BRASIL, Projeto de Lei 9468/2018. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018b.
Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/
fichadetramitacao?idProposicao=2167629. Acesso em: 18. abr. 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de
Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz.
br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf. Acesso
em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 5 de
outubro 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: https://www2.
senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf.
Acesso em: 23 jan. 2019.
BRASIL. Lei n. 7.209, de 11 julho de 1984. Altera dispositivos do Decreto-Lei n.
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, e dá outras
providências. Brasília: Senado Federal, 1984. Disponível em: http://www.
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BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Rio de
Janeiro: Senado Federal, 1940. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em:
23 jan. 2019.
BRUNO, P.; BARTMAN, M. Primeiros socorros. Rio de Janeiro: Ed Senac,1996.
GONÇALVES, K. M.; GONÇALVES, K. M. Primeiros socorros em casa e na escola.
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JÚNIOR, C. R. et al. Manual básico de socorro de emergência. São Paulo. Ed. Atheneu,
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JÚNIOR, E. Guia prático de primeiros socorros. São Paulo: Grupo Saúde e Vida, 2014.

37
PARANÁ. Em caso de emergência, saiba para onde ligar para pedir ajuda. Secretaria de
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SCHMITZ. P. Urgência ou emergência? Entenda as diferenças. Hospital Moinhos de
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http://www.hospitalmoinhos.org.br/90dicas/cuidados-gerais/urgencia-ou-emergencia-
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SILVEIRA, E.; MOULIN, A. Primeiros socorros: aspectos legais do socorro. Saúde em
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SOARES, F. Primeiros socorros. Barra da Estiva: Instituto Formação, 2013. Disponível
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TADDEI, J. A. Manual crecheficiente: guia prático para educadores e gerentes. São
Paulo: Manole, 2006.
TOLDO, P. Curso de primeiros socorros de emergências. São Paulo:FCFRP-USP.
Disponível em: http://fcfrp.usp.br/cipa/brigada/curso_primeiros_
socorros_de_emergencia_fcfrp.pdf. Acesso em: 12 fev. 2019.

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