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GUIA PRÁTICO PARA DOCENTES

CARTILHA INFORMATIVA

PREVENÇÃO
da autolesão
SECRETÁRIO DE ESTADO DE EDUCAÇÃO
ALAN RESENDE PORTO

SECRETÁRIO ADJUNTO EXECUTIVO


AMAURI MONGE FERNANDES

SECRETÁRIA ADJUNTA DE GESTÃO REGIONAL


ALCIMÁRIA ATAÍDES DA COSTA

SUPERINTENDÊNCIA DE RELACIONAMENTO ESCOLAR


RONAIR BATISTA MOREIRA DA SILVA

COORDENADORIA DE GESTÃO DA REDE


MAIRA NUNES SAFRA

Elaboração
Ana Talia Fernandes Gregolin Oliveira
Núcleo de Mediação Escolar

Colaboradores
Jozielle Carolina da Silva
Jéssika da Silva Oliveira
Marcia Cristina Verdego Gonçalves
Marina Auxiliadora Marques de Barros
Patrícia Simone da Silva Carvalho
Victor Sthéfano de Moura Queiroz

Revisão Ortográfica
Waldney Jorge De Lisboa

SEDUC-MT/SAGR/SURE/CGREDE
APRESENTAÇÃO
A adolescência é uma fase marcada por mudanças
que podem acarretar questões que colocam o indivíduo em
situações de vulnerabilidade podendo comprometer a saúde
física e emocional. São frequentes os comportamentos de
risco (p. ex. tabagismo; consumo de álcool e/ou drogas;
relações sexuais não protegidas; etc) em uma tentativa de
identificação com grupos, adultização, entre outros.
Segundo levantamento realizado pelo Núcleo de
Mediação Escolar da Secretaria Estadual de Educação, a
autolesão não suicida, ou automutilação é uma das
problemáticas mais presentes nas escolas de Mato Grosso,
Dentro desse cenário, é necessária a propagação de
informações sobre prevenção e manejo para toda a equipe
que compõe o ambiente escolar, pois, esta, é muita das
vezes, a rede de contato e apoio do adolescente.
Compreender como o adolescente contempla a realidade e as
vulnerabilidades que o período pode apresentar é
fundamental para o entendimento dos atravessamentos que
podem surgir.
Nesse sentido, a presente cartilha foi desenvolvida
com o objetivo de orientar, especialmente àqueles que estão
em contato com adolescentes, acerca de identificação de
comportamentos de riscos, acolhida e prevenção destes.
Além disso, fornecer ferramentas orientativas para o
enfrentamento deste problema.

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SUMÁRIO
PÁGINA
1. COMPREENDENDO A AUTOLESÃO ............................3
2. COMPORTAMENTOS SUGESTIVOS E PREVENÇÃO....4
2.1 COMPORTAMENTOS SUGESTIVOS.......................5
2.2 IDENTIFICANDO RISCOS E PREVENÇÃO..............6
3.PAPEL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO..............7
4. ENCAMINHAMENTOS E AJUDA.................................9
4.1 COMO FALAR SOBRE AUTOMUTILAÇÃO ?..........10
4.2 AÇÕES QUE PODEM SER REALIZADAS..............,.11
4.3 MEIOS DIGITAIS PARA MAIS INFORMAÇÕES......12
4.4 CONHECENDO A REDE........................................13
5. MAIS INFORMAÇÕES E CONTATOS...........................14

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1. COMPREENDENDO A AUTOLESÃO

A autolesão não suicida não é apresentada como


um comportamento suicida, pois a motivação da
autolesão não necessariamente possui como
intenção o suicídio em si. Também conhecida como
automutilação, são os atos de violência contra si
próprio, como cortar, queimar ou incorporar objetos
sob a pele (comportamentos socialmente aceitos,
como o uso de piercing, tatuagem, brincos ou lesões
feitas como parte de rituais religiosos etc.) Os fatores
são multidimensionais e particulares e para
compreendê-los deve-se levar em conta todas essas
manifestações do sofrimento mental, abstendo-se de
julgamento e sensos de moralidade.

A autolesão pode funcionar como ferramenta


para regular emoções avassaladoras, lidar com
conflitos ou angústias interpessoais e
autoexpressão .
(Hasking, Whitlock, Voon, & Rose, 2017; Stänicke, Haavind, & Gullestad, 2018; Straker, 2006 apud Kruzan & Witchlok, 2019.)

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2. COMPORTAMENTOS SUGESTIVOS E
PREVENÇÃO

Em um levantamento internacional,
estimou-se que 13% e 17% dos
adolescentes e jovens adultos se
automutilaram em algum momento de suas
vidas. E, muitas pessoas que possuem essa
prática como hábito, não, necessariamente,
se afastam ou se isolam de suas
responsabilidade e obrigações.(Kruzan &
Witchlok, 2019).
Segundo o relatório de 2019 da
Organização Mundial da Saúde (OMS), O
suicídio foi a quarta principal causa de morte
em jovens de 15 a 19 anos para ambos os
sexos a nível global. Mostrando a real
importância que deve ser dada à saúde
mental dos jovens e adolescentes.

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2.1 COMPORTAMENTOS SUGESTIVOS

Dentro do ambiente escolar, percebe-se que o


adolescente que tem esse hábito continua, muitas vezes,
frequentando a escola normalmente, arrumando mecanismos
para esconder os sinais e
marcas apresentadas. Esses
comportamentos aumentam
as chances do indivíduo se
engajar em um padrão de comportamentos negativos para si
que podem culminar em tentativas de suicídio ou suicídio
consumado. (Guerreiro, & Sampaio, 2013)
Adolescentes que se autolesionam costumam procurar
esconder os sinais com blusas compridas, mesmo no
calor, lenços amarrados etc. Os locais mais comuns da
autolesão são principalmente os punhos, braços e coxas.
Deve-se ficar atento, porém lembrando de não ser
invasivo ao questionar ou tentar intervir.
Não trazer o julgamento na forma de
perguntar, lembrar que o adolescente que
está fazendo isso apresenta um
sofrimento mental. Evitar frases como:
"Fulano/Deus fica triste com você, você
está fazendo isso só pra chamar
atenção".
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2.2 IDENTIFICANDO RISCOS E PREVENÇÃO

Uma das principais formas de prevenção nas


escolas é a capacitação da equipe escolar, que
poderá atuar com mais efetividade para
identificar, acolher e encaminhar os casos de
comportamentos autolesivos. A identificação da
mensagem que o indivíduo está tentando
comunicar e/ou do problema que o indivíduo
está tentando resolver através do
comportamento autolesivo, também é uma
intervenção útil. Dar ao indivíduo a oportunidade
de expressar-se pode ajudar a esvaziar a
situação de crise.

O desafio chave de tal prevenção consiste


em identificar as pessoas que estão em
risco e que a ele são vulneráveis; entender
as circunstâncias que influenciam o seu
comportamento e estruturar intervenções
eficazes. (OMS,2006)

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3. PAPEL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

A escola é um local de muito protagonismo na


vida das crianças e dos adolescentes. Dentro desse
cenário, suicídios, tentativas de suicídio e até
mesmo ideações estão relacionados a diversas
formas de violência e humilhação, não só aquelas
explícitas como o bullying, como também a
discriminação presente em discursos e
“brincadeiras” perpetuados por colegas,
professores/as e outros profissionais envolvidos no
processo educativo.

Atenção: quem trabalha com jovens deve ter cuidado para não
subestimar a gravidade da ansiedade, depressão e outros
transtornos mentais presentes na adolescência.

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3. PAPEL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
O GUIA INTERSETORIAL DE PREVENÇÃO DO COMPORTAMENTO SUICIDA EM CRIANÇAS
E ADOLESCENTES TRAZ ALGUMAS ORIENTAÇÕES PARA OS PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO QUE PODEM AUXILIAR NESSE MOMENTO, COMO:

PREVENÇÃO CASO DE AUTOLESÃO

• Crie parcerias com outros setores e • Preste os primeiros cuidados;


entidades como universidades e serviços
de saúde da região para construir projetos • Ouça com atenção de maneira calma e
voltados à realidade do território de forma empática;
conjunta;
• Explique sobre os limites da
• Desenvolva ações voltadas à cultura da confidencialidade, pois se a criança ou
paz, respeito à diversidade e não adolescente estiver em risco de prejudicar
discriminação, assim como ações de aconfidencialidade
si mesmo/a ou aos outros, a
não poderá ser mantida;
educação em saúde para toda a
comunidade escolar ou acadêmica; • Informe os pais/responsáveis. Caso haja
razões claras para não fazê-lo, tal como
• Crie espaços de diálogo seguros com violência familiar, entre em contato com
os/as estudantes e profissionais os órgãos de proteção dos direitos da
enfatizando a expressão dos sentimentos criança e do adolescente (Conselho
e a escuta compreensiva; Tutelar, Ministério Público e Segurança
Pública);
• Organize programas psicoeducativos e
lúdicos sobre saúde mental e suicídio - • Consulte os demais membros da escola,
falar é importante! a criança ou adolescente e os
pais/responsáveis sobre que tipo de apoio
• Atue de maneira direta e imediata em pode ser útil;
situações de risco, tais como preconceito,
discriminação e violência. • Tenha números de telefone e
informações da rede de apoio local;
A ESCOLA DEVE SER UM ESPAÇO QUE
DESPERTE NOS ESTUDANTES O DESEJO PELA • Faça combinações com a criança ou
VIDA E O INTERESSE PELO MUNDO EXTERNO. adolescente e acompanhe-a
ALÉM DISSO, DEVE ESTAR PRONTA PARA sistematicamente;
ACOLHER OS JOVENS QUE ESTÃO NO
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE SEU PROJETO • Entre em contato com a rede de saúde
DE VIDA. local para orientação ou encaminhamento
apropriado.

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4. ENCAMINHAMENTOS E AJUDA

Primeiramente, é importante lembrar que para realizar


a ajuda, é essencial que o indivíduo que está
acompanhando o aluno esteja bem e estabilizado
psicologicamente/emocionalmente naquele momento,
pois situações delicadas podem servir de gatilho para
ambos os lados. Nem todas as pessoas estão preparadas
para intervenções em crise, e isso é claro. Assim, o
acionamento e encaminhamento ao profissional
qualificado é sempre a melhor opção.

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4.1 COMO FALAR SOBRE AUTOMUTILAÇÃO ?

ATENÇÃO!

A OMS ALERTA SOBRE ALGUMAS QUESTÕES AO SE ABORDAR


SOBRE O TEMA:

Devem ser evitadas descrições detalhadas do


método usado;
O suicídio não deve ser mostrado como inexplicável
ou de uma maneira simplista;
O suicídio não deve ser mostrado como um método
de lidar com problemas pessoais. Ele nunca é o
resultado de um evento ou fator único;
Evite abordagens sensacionalistas, dramáticas ou
que enfatizem o impacto da morte sobre as pessoas
próximas;
Não mostrar fotos ou vídeos da ação;
Discuta esses temas de maneira direta e com
sensibilidade, de forma que ajude as pessoas a
processarem os seus sentimentos e a procurarem
tratamento.

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4.2 AÇÕES QUE PODEM SER REALIZADAS


Algumas ações podem ser desenvolvidas com os
estudantes a fim de auxiliar nessa temática, como:

Levantamento da rede de atenção à saúde mental da


cidade. Procurar com o estudante informações sobre
os CAPS e CRAS da cidade assim como outras
instituições que oferecem acompanhamento de saúde
mental;
Criar materiais sobre a rede de atenção à saúde mental
junto com os estudantes para divulgar informações
aos demais.
Fomentar rodas de conversa sobre a rede de apoio do
estudante a fim de fortalecer vínculos.
Trabalhar com mídia digital que aborde o tema de
forma coerente.
EXEMPLO: MAPA MENTAL DE REFERENCIAMENTO DA REDE DE ATENÇÃO À
SAÚDE MENTAL DA CIDADE DE RONDONÓPOLIS -MT.

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4.3 MEIOS DIGITAIS PARA MAIS
INFORMAÇÕES

PODE FALAR

O Pode Falar é um canal de ajuda em saúde


mental para você que tem de 13 a 24 anos.
Link: https://www.podefalar.org.br/

O CVV – Centro de Valorização da Vida


realiza apoio emocional e prevenção do
suicídio, atendendo voluntária e
gratuitamente todas as pessoas que
querem e precisam conversar, sob total
sigilo por telefone, email e chat 24 horas
todos os dias.
Link: https://www.cvv.org.br/

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4.4 CONHECENDO A REDE

Conhecer a rede de atenção à


saúde mental é importante para a
propagação de informações em
que os alunos e familiares
possam saber onde procurar
assistência e acompanhamento.

Em cidades que não possuem os


Centros de Atendimentos
Psicossocias (CAPS) deve-se
atentar aos serviços ofertados
pelas Unidades Básicas de Saúde
(UBS) e Programa de Saúde à
Família (PSF) e pelos centros de
referência de assistência social
(CRAS).

Em universidades com curso de


psicologia costuma ser ofertado
atendimento ao público de forma
gratuita.

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5. MAIS INFORMAÇÕES E CONTATO

Para mais informações sobre a


rede de saúde mental e de
referenciamento do estado de Mato
Grosso acesse nosso drive:

FALE CONOSCO

(65) 3613-6453

mediação.escolar@edu.mt.gov.br

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Como vai você?. Suicídio: Saber, agir e prevenir. Retirado em:
https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/09/folheto-
jornalistas.pdf
Diogo Frasquilho Guerreiro, Daniel Sampaio, Comportamentos
autolesivos em adolescentes: uma revisão da literatura com foco na
investigação em língua portuguesa, revista Portuguesa de Saúde
Pública, Volume 31, Issue 2, 2013, páginas 213-222, ISSN 0870-9025,
https://doi.org/10.1016/j.rpsp.2013.05.001.

Guia intersetorial de prevenção do comportamento suicida em crianças


e adolescentes. 2019. Retirado em:
https://saude.rs.gov.br/upload/arquivos/carga20190837/26173730-
guia-intersetorial-de-prevencao-do-comportamento-suicida-em-
criancas-e-adolescentes-2019.pdf
Kruzan KP, Whitlock J. Processes of Change and Nonsuicidal Self-Injury:
A Qualitative Interview Study With Individuals at Various Stages of
Change. Glob Qual Nurs Res. 2019 Jun 10;6:2333393619852935. doi:
10.1177/2333393619852935. PMID: 31218241; PMCID: PMC6558546.

Organização Mundial da Saúde, 2021. Suicide worldwide in 2019.


Retirado de:https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643
Organização Mundial da Saúde ,2006. Prevenção do suicídio: um recurso
para conselheiros. Genebra,2006. Retirado em:
https://www.nbccf.org/Assets/SuicideBrochure/Portuguese.pdf

Organização Mundial da Saúde, 2000. Prevenção do suicídio: um manual


para profissionais da mídia. Retirado em:
https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/67604/WHO_MNH_
MBD_00.2_por.pdf;jsessionid=F84AF4FFCC5D5F72BD2B0216B0748637
?sequence=7.

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