Você está na página 1de 3

Precisamos falar sobre isso

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos casos de


suicídio podem ser evitados através de ações de prevenção.
É por isso que a escola, espaço no qual crianças e adolescentes vivem grande
parte de suas vidas, precisa falar sobre suicídio e outros potenciais
desencadeadores, como bullying, depressão, abuso de drogas e violência
doméstica. De preferência, de maneira constante para que se desmistifique o
tabu que ronda a temática.
Sinais que podem indicar sofrimento psíquico:
 Mudança significativa de comportamento ou personalidade (agressividade, irritabilidade, apatia,
pessimismo);
 Queda brusca de rendimento escolar;
 Isolamento, baixa autoestima, excesso de ansiedade;
 Abuso de álcool e/ou drogas;
 Histórico de transtorno mental (esquizofrenia, bipolaridade ou depressão);
 Desejo súbito de concluir ou organizar coisas e deixar mensagens aos amigos e parentes.
O trabalho pedagógico deve envolver os pais e agentes da saúde, levar em
conta o contexto de vida de cada aluno e se concentrar em atividades que
promovam a interação, o acolhimento socioemocional e a criação de uma
cultura da paz. A seguir, confira quatro ações que podem começar a ser
implementadas desde já.

Valorização do grupo
Promover jogos ou dinâmicas que propiciem o desenvolvimento de
competências socioemocionais. “As rodas de conversas diversa mediadas por
um psicólogo ou professor capacitado funcionam bem”, indica Sheila
Cavalcante, psiquiatra da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência
da Unifesp.
Usando como premissas o respeito à diversidade de opinião e o incentivo ao
diálogo, o mediador coloca em pauta temas pertinentes e dá direito a voz e
ouvidos a todo o grupo, responsável pela construção de um conhecimento
coletivo.

Promoção do autoconhecimento
Nem sempre é tão fácil reconhecer aquilo o que se está sentindo. Por isso, a
escola pode fornecer informações e uma educação integral que ajude crianças e
adolescentes a identificar seus estados emocionais e expressá-los de modo a
pedir ajuda. Este é, inclusive, um dos pilares do Programa Cuca Legal, que
desenvolve estratégias de melhoria da saúde mental por meio de trabalho
científico e educativo.

Pedagogia da presença
A escola pode investir na capacitação de profissionais, que podem ser tanto
professores como funcionários, para se aproximar dos estudantes de modo a
construir vínculos e identificar traços de sofrimento psíquico.
“Uma boa maneira de começar a se mostrar mais disponível e acolhedor é pedir
que eles escrevam cartas anônimas sobre sonhos, aspirações e incertezas sobre
o futuro”, aconselha a psiquiatra da Unifesp. Aqui você encontra mais dicas de
como implementar a pedagogia da presença.

Artes e abordagem interdisciplinar


A arte é uma das melhores maneiras de expressas sentimentos, por isso, pode
ser mais trabalhada em sala de aula. Além disso, os professores devem se
integrar para abordar a temática em suas aulas.
“O professor de História levanta com os alunos os dilemas contemporâneos da
humanidade, o de Matemática mostra indicadores de aumento da depressão ou
do bullying e aproveita para puxar a discussão em sala. O profissional de
aproveita para debater o livro Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe
(1749-1832), que traz a temática”, indica Alessandra.

O que fazer se houve um caso de suicídio ou tentativa?


“Estudos mostram quando há um caso de suicídio na escola, duas semanas depois haverá uma segunda
tentativa se nada for feito”, aponta Sheila Cavalcante, da Unifesp. “Adolescentes podem encarar o ato de
tirar a própria vida como uma espécie de heroísmo ou exemplo a ser seguido”, completa.
Como medida de prevenção, a escola deve convocar um especialista para elaborar o luto de toda a turma e
das famílias. “As famílias e a escola devem estar prontas para acolher o jovem, dando espaço para que ele
expresse sentimentos como tristeza, raiva e culpa sem julgamentos”, diz a especialista.
Apoio
No Brasil, o principal meio disponível para quem precisa de ajuda é o Centro de Valorização da
Vida (CVV),associação sem fins lucrativos que há 54 anos conta com serviço gratuito de apoio
emocional e prevenção do suicídio. O CVV oferece apoio 24 horas pelo telefone 141 e pelo
site https://www.cvv.org.br/.
A Sociedade Brasileira de Psiquiatria também disponibiliza gratuitamente um manual completo de
prevenção do suicídio.
A lei de combate ao bullying nas escolas, sancionada em maio, altera um trecho da Lei 9.394, de 1996, e
amplia as obrigações das escolas no combate à prática. Além das instituições de ensino, clubes e
agremiações têm o dever de desenvolverem medidas de conscientização, prevenção e combate ao
bullying.

Você também pode gostar