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A IMPORTÂNCIA DA EMPREGABILIDADE DA LEI LUCAS NAS ESCOLAS


BRASILEIRAS

Jacqueline Fernandes de Assunção Nunes¹, Rumi Izabel Prestes Rodrigues¹, Jonatan


Chinader Pinto¹,
Grace Kelly da Silva Dourado²

1 – Acadêmico do curso de enfermagem


2 – Enfermeira – Mestre Enfermagem – Docente Multivix - Serra

RESUMO
Introdução: Os acidentes nos ambientes escolares são situações recorrentes e trazem
preocupações quanto a identificação e tomada de decisão precoce. No entanto, é de suma
importância que as pessoas estejam capacitadas para agir em situações que possam vir
acometer alunos ou funcionários em horário escolar. No Brasil a Lei Lucas - n.º 13722/2018,
obriga as instituições de ensino e recreação a providenciar a formação em primeiros socorros
para seus profissionais, porém, isso tornou-se um grande desafio quanto a sua
empregabilidade. Objetivo: Analisar a importância da empregabilidade da Lei Lucas nas
escolas brasileiras. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com abordagem
descritiva, com buscas em ambiente virtual através da plataforma de pesquisa portal BVS
(Biblioteca Virtual em saúde), nas bases de dados LILACS E BDENF, com recorte temporal
de 2017 a 2022. Foram selecionados e analisados nove artigos. Resultados: Todos os artigos
são unânimes em apontar o baixo nível de conhecimentos dos professores no que se refere aos
primeiros socorros e em afirmar que os agravos de saúde poderiam ser evitados com o
adequado conhecimento dos profissionais envolvidos na formação escolar. Conclusão: Ficou
evidenciado a falta de preparo dos professores frente a necessidade de prestar primeiro
socorros aos alunos. É necessário que os professores recebam capacitações periódicas sobre
primeiros socorros nos ambientes escolares.
Palavras-chave: Primeiros Socorros; Professores; Educação em Saúde.

1. INTRODUÇÃO

Os primeiros socorros consistem no atendimento imediato realizado pela população


em geral ao indivíduo que se encontra doente ou ferido, tendo como objetivo ajudar a pessoa a
se recuperar mais rápido possível ou manter a pessoa viva até a chegada do serviço médico
pré-hospitalar. É considerado um tema de grande relevância pelo fato de que muitos agravos à
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saúde acontecem diariamente no trânsito, nos domicílios, no ambiente de trabalho, nas escolas
e em diversos lugares (CABRAL; OLIVEIRA, 2017).
O ambiente escolar é um local em que crianças e adolescentes tem seus primeiros
contatos sociais. No entanto, assim como em outros ambientes sociais, a escola também
apresenta riscos para todos os que a frequentam, principalmente para crianças e adolescentes
que estão mais propícios a acidentes devido, na maioria das vezes, ao seu grande número de
alunos interagindo e desenvolvendo as mais diversas atividades motoras e esportivas
(LACERDA; FREITAS; MARTINS, 2021).
A Lei de nº 13.722, de 4 de outubro de 2018, prevê que professores e funcionários de
escolas públicas ou privadas, inclusive espaços recreativos sejam capacitados por instituições
de saúde no conhecimento de primeiros socorros afim de garantir a segurança dos alunos no
espaço educacional (LEI LUCAS, 2018). Assim sendo, são esperadas das instituições de
ensino que realizem ações de prevenção e promoção da saúde, capacitando os professores e
profissionais atuantes na mesma, a fim de os preparar para atuarem frente a necessidade de
prestarem socorro (ZONTA et al., 2019). Porém na maior parte dos casos encontrados nas
literaturas, as instituições não promovem esses treinamentos aos funcionários (DIVINO et al.,
2020).
A capacitação da população acadêmica deve-se levar em consideração a realidade
onde estão inseridos. Para escolha de quais assuntos abordar dentro de situações de urgência e
emergência, é necessário selecionar temas de prevalência dentro daquela população e usar
dinâmicas que possam proporcionar a participação ativa dos professores e profissionais
envolvidos no dia a dia da escola (DANTAS et al., 2018).
Portanto, o presente estudo tem como objetivo geral analisar a importância da
empregabilidade da Lei Lucas nas escolas brasileiras, e como objetivos específicos verificar
se os professores do ensino básico do Brasil estão preparados para agir em emergências, e
identificar a relevância das intervenções em educação em saúde na temática de primeiros
socorros no ambiente escolar.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Primeiros socorros


Os primeiros socorros consistem na ajuda imediata prestada pela população em geral a
uma pessoa doente ou ferida, cuja finalidade é ajudar a pessoa a recuperar mais rapidamente
ou mantê-la viva até à chegada do atendimento médico pré-hospitalar. É considerado um tema
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de alta relevância, pois muitos problemas de saúde ocorrem todos os dias na estrada, em casa,
no ambiente de trabalho, na escola e em muitos outros lugares (CABRAL; OLIVEIRA,
2017). De acordo com o Código Penal Brasileiro:

Deixar de prestar assistência, quando possível o fazer, sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção de 1(um) a 6 (seis) meses ou multa. Parágrafo único. A pena é
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte (Cód. Penal, 1998, Art. 135, p33).

A American Hearth Association – AHA preconiza diretrizes para o atendimento


correto em casos de parada cardiorrespiratória em ambientes extra hospitalares. Essas
diretrizes podem e devem ser utilizadas não apenas por profissionais de saúde, mas também
por leigos treinados, o que contribui com a melhora das taxas de sobrevivência das vítimas.
Essas ações são conhecidas como suporte básico de vida (AHA, 2010). O tempo resposta é
crucial para que os primeiros socorros façam diferença no prognóstico da vítima e é nesse
cenário que a população leiga, a qual muitas vezes são os primeiros a abordar a vítima, tem
grande potencial de fazer a diferença quando bem instruídos sobre como se comportar em
emergências (DANTAS et al., 2018).
Além disso, conforme Tinoco et. al. (2014), a educação em saúde vincula o alcance de
conhecimentos e habilidades básicas com o senso de identidade, autonomia, solidariedade e
responsabilidade dos indivíduos por sua própria saúde e a da comunidade, compondo saberes,
aptidões e atitudes e proporcionando informações de qualidade.

2.2. Emergências nas escolas


O ambiente escolar é o local onde crianças e jovens têm seu primeiro contato social.
Mas como qualquer outro ambiente social, as escolas também representam perigos para todos
os que as frequentam, especialmente crianças e jovens propensos a acidentes. Isso se deve
principalmente ao grande número de alunos interagindo e desenvolvendo suas habilidades e
atividades esportivas (LACERDA; FREITAS; MARTINS, 2021).
Santos et al. (2021), afirmam que a sala de aula é vista como um cenário de acidente
escolar grave, em vez de livre de acidentes. Isso geralmente se deve aos perigos dos aparelhos
de sala de aula, ao uso de móveis pontiagudos e as cadeiras próximas às janelas. A estrutura
física da sala de aula, incluindo buracos, superfícies lisas, uso de escadas contínuas ou
íngremes, restos de materiais de construção no pátio da escola.
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Além destes, há outros potenciais causadores de acidentes nas escolas em que se deve
dar atenção como cortes, quedas nas escadas e rampas ou em pisos irregulares e
escorregadios, choque em rede elétrica exposta bastante comum em escolas com estrutura
deteriorada e em escolas de municípios longínquos, violência oriunda do comportamento dos
alunos, incêndios, traumas em aulas de educação física na quadra de esportes e ferimento por
arma de fogo ou arma branca, este último, comuns em ataques terroristas como aconteceu em
Realengo no Rio de Janeiro em 2002. Portanto, os alunos do ensino básico e médio estão mais
propensos e vulneráveis a acidentes e emergências tais como queda, engasgo, queimadura,
desmaio e até parada cardiorrespiratória. Os passatempos durante os intervalos das aulas no
ambiente escolar através de corridas, esportes e brincadeiras, tornassem alvos mais
susceptíveis a pequenos acidentes que exigem cuidados e não podem ser subestimados.
(FERNANDES et al., 2021)

2.3. A Lei Lucas e sua aplicabilidade


A Lei Lucas, nome que foi empregado a Lei de nº 13.722, de 4 de outubro de 2018,
prevê que professores e funcionários de escolas públicas ou privadas, inclusive espaços
recreativos sejam capacitados por instituições de saúde no conhecimento de primeiros
socorros afim de garantir a segurança dos alunos no espaço educacional.
A referida Lei teve origem após um acidente fatal ocorrido no dia 27 de setembro de
2017, em um passeio escolar na fazenda Ibicaba, na cidade de Cordeirópolis, interior de São
Paulo. No refeitório da fazenda foi servido na hora do lanche cachorro-quente. Lucas se
engasgou com um pedaço de salsicha, não recebeu os primeiros socorros de forma rápida e
adequada (manobra de Heimlich ou de desengasgo + RCP) e morreu em decorrência de
asfixia por engasgo, seu nome era Lucas Begalli, assim, em homenagem ao estudante deu-se
origem a Lei Lucas (VIDIGAL et al., 2021). Neste fatídico acidente identificou-se que, o
estudante Lucas não recebeu o atendimento adequado em tempo hábil, devido ao despreparo
da equipe dos profissionais responsáveis presentes no local. O conhecimento mínimo em
manobras de Heimlich, manobra para desobstrução de vias aéreas teria salvado a vida do
Lucas.
A partir desta lei, a importância em planejar o ensino dos primeiros socorros e
condutas básicas de salvamento aumentou, porém, muitas escolas não se adequaram à
normatização e não proporcionam a capacitação à equipe escolar (LIMA et al., 2021).
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Na maior parte dos cursos de licenciatura não há disciplina ensine conceitos básicos de
primeiros socorros, nem na estrutura curricular da Rede de Ensino (BROLEZI, 2014). A falta
de conhecimento adequado pode levar a atitudes danosas no atendimento de crianças vítimas
de acidentes, implicando inclusive no desenvolvimento de sequelas e até a morte como foi o
caso do Lucas, e está associada à ausência de treinamento que reflete no despreparo,
contribuindo para que as vivências sejam traumáticas e permeadas por sentimentos negativos
(GALINDO et al., 2018).
Sendo assim, os professores e funcionários das escolas, além do seu compromisso
educacional e pedagógico, são também responsáveis em zelar pela segurança das crianças,
necessitando ter conhecimento mínimos em primeiros socorros para agir corretamente e
propagar este tema nas aulas e preparar também os alunos para emergências e aumentar a
abrangência de prevenção e ações de salvamento (DANTAS et al., 2018).

3. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de revisão integrativa da literatura com


abordagem descritiva. Segundo Mendes, Silveira e Galvão (2008), a revisão integrativa
permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de
uma particular área de estudo.
Para a construção do artigo abordaram-se as seis etapas que são: a identificação do
tema e seleção da hipótese, estabelecimento da estratégia de pesquisa, definição e coleta de
dados, análise dos dados coletados, interpretação e apresentação dos resultados, onde será
abordada a importância do conhecimento em primeiros socorros pelos professores das escolas
de ensino básico do Brasil. A revisão do processo baseou-se nas recomendações da lista de
conferência “Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses"
(PRISMA).
A questão norteadora que possibilitou a busca e análise dos artigos foi: Os
professores do ensino básico do Brasil estão preparados para agir em emergências nas
escolas?
A prática baseada em evidência sugere que as dificuldades apresentadas no ensino,
pesquisa ou na prática assistencial sejam transformados e em seguida organizados utilizando a
estratégia PICo. Que é o acrônimo para Paciente, Problema ou População, Interesse e
Contexto (SANTOS; PIMENTA; NOBRE, 2007).

Quadro 1 - Estratégia PICo.


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Acrônimo Descrição Componentes da questão


P População Professores
I Interesse Capacitação em Primeiros Socorros
Co Contexto Escolas de ensino básico
Fonte: Produzido pelos autores

A coleta de dados se deu por meio da pesquisa em busca online no portal BVS
(Biblioteca Virtual em saúde), nas bases de dados LILACS E BDENF, com os seguintes
descritores: “Educação em saúde”, “Professores” e “Primeiros socorros” de acordo com os
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Estabelecemos para a realização da pesquisa os
critérios de inclusão: textos completos, nos idiomas português com abordagem da temática
estabelecida e que obedecessem ao recorte temporal com artigos publicados no período
compreendido entre 2017 e 2022, artigos originais, bem como critérios de exclusão os artigos
que não abordem a temática e duplicados.
A ferramenta software Microsoft Office Excel 365 foi necessária para auxiliar na
construção das coletas de dados. Os artigos foram organizados em quadro com as seguintes
variáveis: título do artigo, autores, revista (periódico de publicação), base de dados, ano de
publicação, objetivos, resultados e metodologia.
Para selecionar e avaliar os estudos incluídos, foi realizado análise e leitura do título
do periódico, seguida da leitura do resumo do estudo e do documento na íntegra, por três
pesquisadores, sendo eliminados os estudos que não atenderam a temática proposta neste
instrumento.

Figura 1- Fluxograma da seleção dos artigos


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Fonte: Criado pelos autores


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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quadro 2 -Detalhamento dos artigos


Base de Autor /
Periódico Título Metodologia Objetivo Resultados
dados (Ano)
Primeiros socorros na
NETO Acta Paul escola: construção e Artigo original. Construir e validar uma cartilha
LILACS A cartilha foi construída e
et al. Enferm. validação de cartilha Estudo educativa para professores sobre
validada.
(2017) 2017 educativa para metodológico. primeiros socorros na escola.
professores

Primeiros socorros e Relato de Medidas educativas, envolvidas


SILVA Descrever uma ação educativa com
Revista prevenção de acidentes Experiência. no diálogo, auxiliam o
et al. professores do ensino primário e
LILACS Faculdades no ambiente escolar: fortalecimento e aprimoramento
(2017) identificar possíveis situações de
do Saber. intervenção em unidade da prática preventiva e
risco para acidentes.
de ensino interventiva na escola.

Autoconfiança para o
Revista Estudo A escala pode contribuir no
manejo inicial das Descrever a construção e validação
ZONTA Latino- metodológico planejamento de estratégias
intercorrências de saúde da escala visual analógica de
LILACS et al. Americana Teórico, empírico e educativas sistematizadas e
na escola: construção e autoconfiança dos professores em
(2018) de analítico. efetivas entre os professores.
validação de uma escala intercorrências de saúde na escola.
Enfermagem
visual analógica

Revista Autoconfiança no Estudo original.


Analisar as contribuições da
ZONTA Latino- manejo das Estudo quase A simulação in situ elevou a
simulação in situ na autoconfiança
LILACS et al. Americana intercorrências de saúde experimental, do percepção da autoconfiança
de professores em intercorrências
(2019) de na escola: contribuições tipo pré-teste e pós- entre os professores.
de saúde na escola.
Enfermagem da simulação in situ teste.

Conhecimento dos
educadores dos centros Estudo original. Compreender o conhecimento dos
DIVINO municipais de educação Pesquisa de caráter professores dos Centros de
Revista É necessário que os professores
LILACS et al. infantil sobre primeiros exploratório, com Educação Infantil sobre Primeiros
Nursing. socorros tenham capacitações periódicas.
(2020) abordagem Socorros referentes a crianças de 3
qualitativa. a 5 anos.
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Primeiros socorros:
AGUIRRE; Artigo original.
Revista de investigação do Identificar o conhecimento em Grande parte dos professores
RICARDO; Estudo de caráter
Enfermagem treinamento de primeiros socorros de professores não estão preparados a prestar
BDENF ANDRADE exploratório,
e Atenção à professores de uma de uma escola municipal. primeiros socorros mesmo com
(2021) quantitativo.
Saúde escola da rede pública de treinamento.
Campo Grande

FALEIROS Revista Capacitação em Estudo Original. Avaliar a efetividade de capacitação


A capacitação mostrou melhora
LILACS et al. Enfermagem primeiros socorros para Estudo de para professores e funcionários em
significativa do pré-teste para o
(2021) Atual In professores e intervenção de pré- primeiros socorros.
pós-teste, portanto foi eficaz.
Derme funcionários do ensino teste e pós-teste.
fundamental e médio
O treinamento ampliou
conhecimentos acerca de todas
as temáticas, com exceção de
Identificar mudanças no
Conhecimentos de queimaduras. O contexto
Estudo Original, conhecimento de funcionários de
Ciência, funcionários de creches sociocultural deve ser
CUNHA et quase experimental creches após intervenção
LILACS Cuidado e sobre primeiros socorros considerado, bem como a carga
al. (2021) do tipo antes e educacional ativa em primeiros
Saúde com crianças antes e horária distribuída entre teoria e
depois socorros com crianças no ambiente
após treinamento ativo práticas. Os enfermeiros podem
escolar.
ser os profissionais de
referência para ministrar tais
cursos.
Analisar o conhecimento dos
Estudo Original.
Rev. Primeiros socorros como profissionais de escolas municipais Após a prática educativa, houve
LIMA et al. Estudo quase-
Enfermagem objeto de educação em após a prática educativa de 30% de acréscimo da retenção
LILACS (2021) experimental,
UFSM - saúde para profissionais atendimento de primeiros socorros de conhecimento.
quantitativo.
REUFSM de escolas municipais na infância.

Fonte - Criado pelos autores


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Após a associação de todos os descritores, foram encontrados 43 artigos, foi feita a


leitura detalhada dos resumos deles a fim de selecionar aqueles que estivessem diretamente
relacionados aos ensinos de primeiros socorros, bem como aqueles relacionados à Lei Lucas e
as situações de urgência e emergência na escola, adotados os critérios de exclusão e
selecionados 9 artigos que atenderam aos critérios para compor a presente revisão.
A partir da leitura e análise dos artigos através das técnicas de tratamento de dados em
pesquisa qualitativa, foram elaboradas 05 (cinco) categorias de análise dos resultados.

Categoria 1- Primeiros Socorros e sua importância para evitar agravos


Emergências acontecem em qualquer lugar e a qualquer hora e requerem primeiros
socorros e tratamento eficaz para reduzir danos e melhorar a sobrevida, no entanto, há um
intervalo de tempo entre o incidente e a chegada do socorro médico especializado sendo
necessária uma ajuda rápida para reduzir os danos causados às vítimas (FALEIROS et al.,
2021).
Primeiros socorros se referem ao atendimento inicial prestado a uma pessoa
inesperadamente ferida ou doente (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021). É o manuseio
de qualquer enfermidade ou ferimento anterior a disponibilidade do profissional mais
habilitado com a finalidade de evitar agravos, minimizar sequelas, salvar e preservar vidas e
assim garantir uma recuperação mais eficaz (ZONTA et al., 2018). Isso inclui uma ajuda
física e psicossocial (CUNHA et al., 2021). Deve ser realizado de forma ágil, visando a
recuperação e preservar a vida e podem ser administrados por qualquer pessoa presente no
local, leiga ou não, desde que tenha conhecimentos, teóricos ou práticos, básicos para atuar
(LIMA et al., 2021). Essas primeiras condutas de socorro prestadas com o fim de auxiliar as
pessoas que estejam em risco de morte ou sofrimento podem ser denominadas de primeiros
socorros, mesmo que não sejam realizadas por profissionais de saúde (NETO et al.,2017).
Segundo a American Heart Association (AHA, 2010), a causa mortis número um em
âmbito pré-hospitalar, é a falta de socorro e a segunda se deve ao socorro inadequadamente
prestado (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021). É especialmente importante o
intervalo de tempo do ocorrido até o início dos primeiros socorros, pois ele pode determinar a
sobrevida ou o óbito da vítima (FALEIROS et al., 2021).

Categoria 2- Principais intercorrências em saúde na infância.


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Na infância se acentua o desenvolvimento neurológico e imunológico tornando a


criança mais suscetível a acidentar-se e adquirir doenças, assim como sofrer complicações de
saúde e morte. As complicações da saúde infantil podem ser divididas em complicações
derivadas de doenças, como as gastrointestinais e respiratórias, ou derivadas de acidentes,
como acidentes de trânsito, queimaduras, afogamentos, intoxicações, obstrução das vias
aéreas e queda de altura. Embora a maior parte dos agravos à saúde infantil ocorra em casa, o
ambiente escolar também é muito propício para essas intercorrências, devido ao tempo que as
crianças passam ali (ZONTA et al., 2019).
Embora se tenha a percepção que a escola seja segura, por se tratar de local
responsável pela formação de cidadãos, é um ambiente favorável a acidentes pelo
desenvolvimento de diferentes atividades, principalmente as esportistas. É na escola que as
crianças passam quase um terço de seu dia, o que faz deste um local propício para que
ocorram acidentes, pois nele muitas crianças e jovens desenvolvem atividades diversas
interativas (SILVA et al., 2017). A maior parte dos casos de acidentes acontece justamente
nos horários dos recreios, em brincadeiras fora da sala de aula (DIVINO et al., 2020).
Culturalmente, as preocupações com questões de segurança no ambiente escolar
concentram-se quase que exclusivamente na violência. No entanto, características como
imaturidade física e mental, inexperiência, curiosidade, tendência a imitar o comportamento
dos adultos, falta de consciência corporal ou coordenação motora e rampas inadequadas, fios
expostos, telhas quebradas, falta de sinalização, rotas de fuga e alarmes, botijas de gás, canos
e fossas mal instaladas, que são distribuídas ao alcance das crianças, criam situações mais
perigosas do que a própria violência (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021).
A própria estrutura corporal das crianças as expõe mais facilmente as situações de
risco, devido a sua menor estatura, vias aéreas menores, desenvolvimento de habilidades
cognitivas, habilidades físicas que não necessariamente se sobrepõem às habilidades
intelectuais, menor massa corporal, atividade e comportamento indicam sua maior
vulnerabilidade, isso tudo somado a sua curiosidade pela experiência, que nem sempre
corresponde à sua capacidade de discernir ou responder as ameaças e, portanto, as prejudica
(FALEIROS et al., 2021).
A literatura apresenta que os tipos mais prevalentes de acidentes no ambiente
estudantil são: sangramento nasal, entorses, desmaios, fraturas, luxações, escoriações e cortes,
somadas as quedas, que têm sido apontadas como a principal causa de traumatismo
cranioencefálico, com risco significativo de consequências crônicas (SILVA et al., 2017).
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Estudos incluíram lacerações, convulsões, fraturas, desmaios e hemorragias nasais nos


acidentes mais comuns nas escolas (DIVINO et al., 2020).

Categoria 3- Responsabilidade legal pelo planejamento e implementação de


primeiros socorros nas escolas.
Qualquer pessoa devidamente capacitada pode prestar os primeiros socorros, tanto os
profissionais de saúde, quantos os leigos, basta para isso serem capacitados para reconhecer
situações que ameacem a sua vida e a vida da vítima e conhecerem previamente as
emergências e urgência (DIVINO et al., 2020). Quando os acidentes ocorrem em ambiente
escolar, o desconhecimento ou falta de técnicas mínimas relacionadas ao preparo para
atendimento mental para imobilizar vítimas de possíveis traumas torna o socorrista leigo um
fator de risco para a vítima (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021).
Segundo Divino et al. (2020), os municípios também devem atuar na prevenção de
acidente escolar por meio de duas ações importantes, a primeira é a padronização física do
ambiente escolar e a segunda é a promoção da educação em saúde como forma de aperfeiçoar
o conhecimento dos professores que atuam com crianças.
O espaço físico é um fator importante a ser analisado, pois o tipo de edificação e
materiais presentes no ambiente estudantil atua diretamente nas ocorrências acidentais
(DIVINO et al., 2020). Ao projetar edifícios onde tais instalações funcionam, deve-se
considerar o impacto da estrutura escolar na redução de acidentes sofridos por crianças no
ambiente escolar (SILVA et al., 2017). Já a educação em saúde é um dos melhores meios para
promover o conhecimento dos professores, e isso deveria ser disponibilizado em parte pelo
município, realizando parcerias entre educação e saúde (DIVINO et al., 2020).
Muito além do que simplesmente gerar algum transtorno para as instituições de
ensino, o acidente envolvendo algum aluno poderá levar a responsabilizações legais caso não
se prove que houve uma prestação de socorro imediato, pois de acordo com o código penal
brasileiro a omissão de socorro é crime (LIMA et al., 2021). As escolas e professores,
possuem um evidenciado papel na promoção da saúde e prevenção de intercorrências entre
adolescentes e crianças, pois devido as incidências serem muito frequentes dentro das
instituições, eles são os primeiros a terem o contato com a vítima e, portanto, se espera deles o
atendimento inicial na escola (SILVA et al., 2017). Por isso a instituição escolar tem espaço
relevante na contribuição na prevenção de agravos e na prestação dos primeiros socorros
(ZONTA et al., 2018). E muito embora se trate de um assunto muito importante, as
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instituições não dão o devido valor para os primeiros atendimentos, ficando este restrito na
maior parte dos casos aos estabelecimentos de saúde, o que evidencia a falta de investimentos
no preparo dos professores para atuarem nestas emergências e isso gera inúmeros danos,
como a manipulação errônea da criança e o estado de pânico ao socorrer, bastante prejudicial
ao desfecho clínico da vítima (LIMA et al., 2021). O ambiente escolar, tem sua parcela de
culpa nos acidentes, devido a infraestrutura inadequada que proporciona riscos para as
crianças e por isso deveriam proporcionar o treinamento adequado dos seus funcionários.
(DIVINO et al., 2020). Faz-se, portanto, necessário que os gestores promovam e incentivem a
adequada formação principalmente dos professores acrescentando a temática no plano
pedagógico obrigatório, como um meio de reduzir danos aos alunos vítimas de acidentes nas
escolas (LIMA et al., 2021).
Os professores são os primeiros a terem contatos com as vítimas na prestação de
primeiros socorros e desempenham um papel muito importante na prevenção e promoção da
saúde (LIMA et al., 2021). Como as crianças e adolescentes estão dentro das instituições de
ensino a maior parte do seu dia, quando acontecem acidentes elas são atendidas
primeiramente pelos professores e funcionários locais, e por isso estes devem estar seguros e
preparados para reconhecer e agir em possíveis ocorrências de forma adequada, mas nem
sempre se sentem preparados para isso (FALEIROS et al., 2021). São, portanto, necessárias
nas escolas ações de prevenção e promoção à saúde que capacitem os funcionários para serem
aptos a prestarem os primeiros socorros (ZONTA et al., 2019). No país foi realizado um
estudo que apontou que educadores que haviam sido capacitados em primeiros socorros foram
capazes de indicar circunstâncias de risco e agir em tais situações (DIVINO et al., 2020). Essa
garantia na assimilação do conhecimento que foi recebido, dá ao professor que atua frente a
uma emergência, um respaldo e uma segurança para agir de forma correta num atendimento
de qualidade minimizando os possíveis agravos e proporcionando sobrevivência da vítima
evitando sequelas (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021). Assim sendo, são esperadas
das instituições de ensino que realizem ações de prevenção e promoção da saúde, capacitando
os professores e profissionais atuantes na mesma, a fim de os preparar para atuarem frente a
necessidade de prestarem socorro (ZONTA et al., 2019). Porém na maior parte dos casos
encontrados nas literaturas, as instituições não promovem esses treinamentos aos funcionários
(DIVINO et al., 2020).
Em outubro de 2018, o Brasil aprovou a Lei nº 13.722, tornando obrigatória a
capacitação em primeiros socorros (PS) para professores e funcionários de escolas públicas e
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privadas de ensino fundamental e centros de recreação infantil (CUNHA et al., 2021).


Conhecida como Lei de Lucas, essa lei baseia-se nas estatísticas de acidentes envolvendo
crianças e jovens que poderiam ser tratados de forma eficaz e com medidas simples,
minimizando as possíveis consequências, prevenindo lesões e a possibilidade de morte até a
chegada do socorro médico especializado (FALEIROS et al., 2021). De acordo com a Lei
Lucas, os cursos de PS são voltados para professores e funcionários do ensino fundamental e
creches, devem ser disponibilizados pelos próprios locais de trabalho, e devem ser realizados
por comunidades especiais do município/estado ou por especialistas com qualificação
adequada, no entanto, não especificou a carga horária mínima nem recomendou treinamento
para o público (CUNHA et al., 2021). De acordo com a Lei Lucas, a educação dos leigos em
saúde é privativa dos enfermeiros, profissão que se destaca no campo da educação e tem
importância nacional (FALEIROS et al., 2021). Considerando a exigência da Lei nº
13.722/18, de que as crianças são mais vulneráveis e propensas a acidentes e que os
professores são a “linha de frente” em caso de emergência, propõe-se a formação de
professores na rede pública escolar e garantir a eficácia da formação em primeiros socorros
(FALEIROS et al., 2021). De acordo com essa lei, é obrigatório capacitar professores e
funcionários de instituições públicas e privadas de ensino fundamental e recreação infantil nos
conceitos básicos de primeiros socorros, exigindo assim obrigatoriamente, o suporte básico de
vida e instrução de primeiros socorros para todos os profissionais envolvidos na educação de
crianças e adolescentes (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021).

Categoria 4- Avaliação do conhecimento dos profissionais de educação sobre


primeiros socorros
Entre os estudos publicados sobre o tema em âmbito nacional, desde janeiro de 2011,
os profissionais de saúde notaram um acentuado desconhecimento sobre as práticas de
primeiros socorros entre os educadores, assim como sinalizaram o farto de que muitos deles já
presenciaram situações dentro das escolas onde foi necessário um socorro imediato (CUNHA
et al., 2021).
O despreparo da equipe escolar pode levar a um tratamento inadequado da vítima e até
mesmo a uma solicitação excessiva, às vezes desnecessária, de ajuda especial. Com base nos
resultados obtidos, pode-se notar que a maioria dos professores não sabe como prestar socorro
em emergências mesmo após treinamento em primeiros socorros e tem pouco conhecimento
sobre atendimento à vítima, funções vitais e técnicas básicas de Reanimação cardiopulmonar-
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RCP ou mesmo ciência de quais são os números de emergência (AGUIRRE; RICARDO;


ANDRADE, 2021).
Na maioria das grades curriculares dos cursos de licenciatura não há disciplina que
forneça os princípios básicos de PS e consequentemente os professores saem das faculdades
sem o preparo para agir em situações em que há comprometimento da saúde de seus alunos e
risco de vida do escolar (SILVA et al., 2017). Uma curiosidade apresentada pelos autores,
Faleiros et al. (2021), é que apenas os educadores físicos, possuem no Brasil uma grade
curricular onde se faz presente o treinamento em PS e embora na disciplina de educação física
seja mais provável de ocorrer incidentes, muitos eventos como convulsões, desmaios,
hemorragias nasais e asfixia podem ocorrer em qualquer lugar e situação, incluindo o
playground ou a sala de aula. A literatura aponta esta lacuna no preparo formativo dos
professores no preparo para atuarem em meio a intercorrências de saúde, identificando um
baixo nível de domínio e conhecimento de primeiros socorros (ZONTA et al., 2018). O
despreparo, portanto, devido à escassez do conteúdo de primeiros socorros nas grades
curriculares dos cursos de humanas, que embora tenha conteúdo direcionado a
psicomotricidade da criança, não aborda os possíveis riscos a qual ela está sujeita no ambiente
escolar. É, portanto, responsabilidade do educador realizar cursos para saber lidar em casos de
acidentes e o local de trabalho precisa ofertar capacitações sobre o tema (DIVINO et al.,
2020).
O conhecimento que os professores demonstram sobre alguns procedimentos de
suporte básico de vida advém de um instinto protetor. Procedimentos executados
empiricamente podem colocar em risco a vida das crianças, e mesmo professores que não
utilizam EPI durante o aconselhamento enfrentam contato direto com fluidos corporais e até
risco de quedas (DIVINO et al., 2020).
Apesar de algum conhecimento teórico sobre o tema, muitas pessoas expressam
incerteza quando questionadas sobre o que fazer em caso de acidente. Embora haja
conhecimento teórico, é necessário prática e treinamento para realizar o procedimento, o que
as pesquisas existentes demonstraram ser inadequadas e os professores são propensos a
desorientar durante os acidentes. Essa lacuna teórico-prática coloca em risco não apenas as
crianças, mas também os próprios professores, que estão expostos ao risco de quedas e fluidos
corporais (DIVINO et al., 2020). Mostram que carecem de formação contínua e sistemática e,
se necessário, utilizam conhecimentos obtidos em leituras e/ou experiências anteriores além
do bom senso (ZONTA et al., 2019).
16

A literatura confirma que emoções negativas como incerteza, medo e nervosismo são
reforçadas nos problemas de saúde escolar, o que prejudica a autoconfiança dos professores.
Os resultados mostram que a necessidade de intervir diante dos problemas de saúde gera
ansiedade entre os professores. De acordo com a literatura, a anatomia e a fisiologia das
crianças podem exigir um manejo diferenciado das situações e podem aumentar os
sentimentos de ansiedade (ZONTA et al., 2019).
A literatura internacional confirma a fragilidade do conhecimento em primeiros
socorros em seus resultados e nessa perspectiva, a falta de informação pode fortalecer
inúmeras emoções como incerteza, medo e nervosismo (ZONTA et al., 2018). A maioria dos
professores desconhece ou não compreende a importância do uso dos EPIs e a necessidade do
uso de luvas e outros materiais para própria proteção durante o atendimento as vítimas. No
momento do acidente, os professores não se preocupam em usar o material como proteção e
não percebem que estão vulneráveis a quedas. Muitos professores enfatizaram a importância
do treinamento para um melhor cuidado da vítima, mas não mencionaram o quão importante
esse treinamento seria para sua própria segurança devido à exposição a fluidos corporais e
quedas durante a prestação dos socorros (DIVINO et al., 2020).
O percentual docente é majoritariamente feminino e isso está em consonância com
outros estudos, pois no contexto histórico das profissões, à docência é vista como uma
vocação feminina, pois teria o dom da maternidade, que originam qualidades adequadas para
a docência (LIMA et al, 2021). Já Cunha et al. (2021) chegou à conclusão de que, além de a
maioria dos professores serem mulheres e a grande maioria (80,6%) também eram mães e que
isso está vinculada a uma cultura de cuidado maternal. Um estudo qualitativo brasileiro
constatou que a experiência da mãe teve um efeito positivo no conhecimento das professoras
infantis sobre primeiros socorros (CUNHA et al., 2021). As professoras do sexo feminino
possuem conhecimentos de suporte básico de vida - SBV derivados da experiência materna e
instintos protetores, além de outros conhecimentos empíricos adquiridos por meio da
observação profissional e da mídia. Porém os procedimentos executados empiricamente
podem colocar em risco tanto a vida do paciente quanto a vida da professora, como no caso de
contatos de fluidos fisiológicos sem utilização adequada de EPIs no atendimento, além da
possibilidade de quedas (DIVINO et al., 2020).

Categoria 5- Capacitação dos professores da Educação básica sobre primeiros


socorros
17

É importante fornecer a todos os profissionais que atuam no ambiente escolar um


treinamento teórico/prático simples em medidas de salvamento conforme recomendado pelo
Conselho Nacional de Segurança. É necessário a uma metanóia na forma de ver a
obrigatoriedade do conhecimento em saúde, que aponte com foco na importância e impacto
desse conhecimento no cotidiano dos indivíduos e em emergências (AGUIRRE; RICARDO;
ANDRADE, 2021).
É justamente neste momento que devemos pensar o papel do profissional enfermeiro
que, a partir de suas especialidades, apresenta a educação em saúde como uma de suas
ferramentas, capaz de provocar mudanças no perfil de saúde da população e que é capaz de
influenciar o ensino de primeiros socorros em ambientes escolares (LIMA et al., 2021). A
enfermagem tem uma posição estratégica na educação em saúde por fazer parte dos serviços
de emergência e primeiros socorros (NETO et al., 2017).
É essencial que o ambiente escolar tenha um enfermeiro profissional que possa agir
rapidamente em caso de emergência, como já acontece nos países desenvolvidos (AGUIRRE;
RICARDO; ANDRADE, 2021). A educação em saúde é uma ferramenta para melhorar a
qualidade de vida ao aliar conhecimentos gerais e científicos e possibilitar que esses
profissionais integrem conhecimentos restritos ao ambiente acadêmico em seu cotidiano de
trabalho (DIVINO et al., 2020).
Estudo realizado em São Paulo onde foram realizados um pré-teste, uma capacitação e
um pós-teste, mostrou que a formação em PS por meio da educação em saúde é
particularmente efetiva no campo da educação infantil e que os professores escolares
apresentavam um conhecimento inadequado antes do treinamento e, posteriormente ao
treinamento, um conhecimento mais aperfeiçoado (DIVINO et al., 2020). Portanto, a
segurança do ambiente escolar inclui tanto a adequada estruturação física da escola quanto a
preparação dos fatores atuantes no ambiente escolar (SILVA et al., 2017).
É eficaz o planejamento e desenvolvimento das atividades médicas educativas
teoricamente respaldadas pelo Protocolo de Suporte Básico de Vida, que enfoca os seguintes
temas: desmaios, asfixia, fraturas, convulsões, feridas e narizes; e convergência de conceitos
de primeiros socorros, possíveis causas e métodos de intervenção com simulações (LIMA et
al., 2021).
Considerando que o ensino de primeiros socorros deve ser feito com métodos de
ensino baseados em evidências científicas, considera-se a construção de material didático com
alta qualidade e conteúdo suficiente para que o público possa compreender as informações. A
18

efetividade das atividades de educação em saúde é influenciada por diversas variáveis,


incluindo a disponibilidade de materiais utilizados como auxiliares de ensino, sendo esses
materiais recursos úteis e podem ser usados na formação de professores. A pesquisa
relacionada às técnicas educacionais de primeiros socorros é, portanto, relevante para a
enfermagem, pois pode contribuir para as ações de formação realizadas por esse grupo
profissional no ambiente escolar (NETO et al., 2017).
Todas as atividades baseadas em simulação que ocorrem em um contexto real são
chamadas de simulação in situ, ou seja, cenários simulados são construídos no próprio
ambiente de trabalho, o que possibilita aos profissionais acesso a treinamentos e melhora a
formação da equipe profissional. Além disso, promove a precisão dos cenários, pois o
contexto de aprendizagem é semelhante a um contexto prático, portanto o objetivo deste
trabalho foi analisar o efeito da simulação in loco na autopercepção do educador relacionado à
educação e tratamento de atendimento às complicações de saúde em ambientes escolares
(ZONTA et al., 2019). Nessa direção, estudos mostram que a simulação in situ pode
aumentar o nível de confiança, o que melhora o reconhecimento e o gerenciamento das
situações. A participação na simulação in situ aumentou a autoconfiança dos participantes que
repetido a importância dos cursos e treinamentos voltados à capacitação técnica e emocional
para a resolução de problemas de saúde no ambiente escolar (ZONTA et al., 2019).
Concluiu-se que, em geral, é fácil para os professores aprenderem no contexto da
aprendizagem dialógica quando compartilham suas atividades, experiências e considerá-los os
principais participantes do processo e protagonistas das discussões (LIMA et al., 2021). Nos
métodos ativos de aprendizagem, os alunos são atores ativos que constroem o conhecimento
por meio de um processo educacional reflexivo. Baseando-se no questionamento como
estratégia educativa, partindo das realidades da vida do educando, contando com um processo
de descoberta, e o conteúdo sendo fornecido em forma de perguntas em primeiros socorros de
crianças em ambientes escolares (CUNHA et al., 2021). Há também a necessidade de mais
pesquisas comparando a construção de confiança entre atividades mediadas por simulação e
aprendizagem tradicionalmente conduzida, ou seja, aquela em que o aluno mantém uma
atitude passiva e o educador é responsável pela aprendizagem, como aulas teóricas (ZONTA
et al., 2019).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
19

Através deste estudo, observou-se a carência no desenvolvimento de políticas de saúde


dentro das escolas, devido ao baixo nível de conhecimento em primeiros socorros entre
profissionais da educação básica, profissionais importantes que são a linha de frente para
prestar o atendimento inicial. Vimos que os primeiros atendimentos prestados no ambiente
escolar não têm seu devido espaço, mesmo que havendo histórico de acidentes, os professores
permanecem inseguros ou não se consideram preparados para prestar socorro em caso de uma
emergência. Apesar da obrigatoriedade do treinamento dos professores tanto do ensino
público quanto do privado, foi claramente evidenciando a necessidade de investimentos na
formação específica em primeiros socorros e na parceria entre saúde-educação, para conseguir
alcançar uma realidade ideal dos ambientes escolares mais seguros.
Portanto fica evidenciado que no atual cenário escolar no Brasil, os professores
certamente não estão capacitados para realizar qualquer tipo de atendimento em situações de
urgência e emergência, devido à falta de conhecimento na existência da Lei Lucas e a baixa
aplicabilidade da mesma, mas podendo mudar esse cenário com a ajuda de profissionais
qualificados e na mudança das rotinas escolares. A educação permanente é uma ferramenta
altamente eficaz para manter os níveis de habilidades e de autoconfiança ao prestar os
primeiros socorros no ambiente escolar, além disso, simulações in situ aplicadas como meio
de treinamento se mostrou igualmente eficaz, como chave para formar profissionais
preparados para minimizar as complicações das vítimas e possíveis sequelas, tornando o
ambiente educacional mais seguro, pois são treinamentos de simulações construídos mediante
a realidade do próprio ambiente escolar.

6. REFERÊNCIAS

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