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RESUMO
Introdução: Os acidentes nos ambientes escolares são situações recorrentes e trazem
preocupações quanto a identificação e tomada de decisão precoce. No entanto, é de suma
importância que as pessoas estejam capacitadas para agir em situações que possam vir
acometer alunos ou funcionários em horário escolar. No Brasil a Lei Lucas - n.º 13722/2018,
obriga as instituições de ensino e recreação a providenciar a formação em primeiros socorros
para seus profissionais, porém, isso tornou-se um grande desafio quanto a sua
empregabilidade. Objetivo: Analisar a importância da empregabilidade da Lei Lucas nas
escolas brasileiras. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com abordagem
descritiva, com buscas em ambiente virtual através da plataforma de pesquisa portal BVS
(Biblioteca Virtual em saúde), nas bases de dados LILACS E BDENF, com recorte temporal
de 2017 a 2022. Foram selecionados e analisados nove artigos. Resultados: Todos os artigos
são unânimes em apontar o baixo nível de conhecimentos dos professores no que se refere aos
primeiros socorros e em afirmar que os agravos de saúde poderiam ser evitados com o
adequado conhecimento dos profissionais envolvidos na formação escolar. Conclusão: Ficou
evidenciado a falta de preparo dos professores frente a necessidade de prestar primeiro
socorros aos alunos. É necessário que os professores recebam capacitações periódicas sobre
primeiros socorros nos ambientes escolares.
Palavras-chave: Primeiros Socorros; Professores; Educação em Saúde.
1. INTRODUÇÃO
saúde acontecem diariamente no trânsito, nos domicílios, no ambiente de trabalho, nas escolas
e em diversos lugares (CABRAL; OLIVEIRA, 2017).
O ambiente escolar é um local em que crianças e adolescentes tem seus primeiros
contatos sociais. No entanto, assim como em outros ambientes sociais, a escola também
apresenta riscos para todos os que a frequentam, principalmente para crianças e adolescentes
que estão mais propícios a acidentes devido, na maioria das vezes, ao seu grande número de
alunos interagindo e desenvolvendo as mais diversas atividades motoras e esportivas
(LACERDA; FREITAS; MARTINS, 2021).
A Lei de nº 13.722, de 4 de outubro de 2018, prevê que professores e funcionários de
escolas públicas ou privadas, inclusive espaços recreativos sejam capacitados por instituições
de saúde no conhecimento de primeiros socorros afim de garantir a segurança dos alunos no
espaço educacional (LEI LUCAS, 2018). Assim sendo, são esperadas das instituições de
ensino que realizem ações de prevenção e promoção da saúde, capacitando os professores e
profissionais atuantes na mesma, a fim de os preparar para atuarem frente a necessidade de
prestarem socorro (ZONTA et al., 2019). Porém na maior parte dos casos encontrados nas
literaturas, as instituições não promovem esses treinamentos aos funcionários (DIVINO et al.,
2020).
A capacitação da população acadêmica deve-se levar em consideração a realidade
onde estão inseridos. Para escolha de quais assuntos abordar dentro de situações de urgência e
emergência, é necessário selecionar temas de prevalência dentro daquela população e usar
dinâmicas que possam proporcionar a participação ativa dos professores e profissionais
envolvidos no dia a dia da escola (DANTAS et al., 2018).
Portanto, o presente estudo tem como objetivo geral analisar a importância da
empregabilidade da Lei Lucas nas escolas brasileiras, e como objetivos específicos verificar
se os professores do ensino básico do Brasil estão preparados para agir em emergências, e
identificar a relevância das intervenções em educação em saúde na temática de primeiros
socorros no ambiente escolar.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
de alta relevância, pois muitos problemas de saúde ocorrem todos os dias na estrada, em casa,
no ambiente de trabalho, na escola e em muitos outros lugares (CABRAL; OLIVEIRA,
2017). De acordo com o Código Penal Brasileiro:
Deixar de prestar assistência, quando possível o fazer, sem risco pessoal, à criança
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparado ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção de 1(um) a 6 (seis) meses ou multa. Parágrafo único. A pena é
aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte (Cód. Penal, 1998, Art. 135, p33).
Além destes, há outros potenciais causadores de acidentes nas escolas em que se deve
dar atenção como cortes, quedas nas escadas e rampas ou em pisos irregulares e
escorregadios, choque em rede elétrica exposta bastante comum em escolas com estrutura
deteriorada e em escolas de municípios longínquos, violência oriunda do comportamento dos
alunos, incêndios, traumas em aulas de educação física na quadra de esportes e ferimento por
arma de fogo ou arma branca, este último, comuns em ataques terroristas como aconteceu em
Realengo no Rio de Janeiro em 2002. Portanto, os alunos do ensino básico e médio estão mais
propensos e vulneráveis a acidentes e emergências tais como queda, engasgo, queimadura,
desmaio e até parada cardiorrespiratória. Os passatempos durante os intervalos das aulas no
ambiente escolar através de corridas, esportes e brincadeiras, tornassem alvos mais
susceptíveis a pequenos acidentes que exigem cuidados e não podem ser subestimados.
(FERNANDES et al., 2021)
Na maior parte dos cursos de licenciatura não há disciplina ensine conceitos básicos de
primeiros socorros, nem na estrutura curricular da Rede de Ensino (BROLEZI, 2014). A falta
de conhecimento adequado pode levar a atitudes danosas no atendimento de crianças vítimas
de acidentes, implicando inclusive no desenvolvimento de sequelas e até a morte como foi o
caso do Lucas, e está associada à ausência de treinamento que reflete no despreparo,
contribuindo para que as vivências sejam traumáticas e permeadas por sentimentos negativos
(GALINDO et al., 2018).
Sendo assim, os professores e funcionários das escolas, além do seu compromisso
educacional e pedagógico, são também responsáveis em zelar pela segurança das crianças,
necessitando ter conhecimento mínimos em primeiros socorros para agir corretamente e
propagar este tema nas aulas e preparar também os alunos para emergências e aumentar a
abrangência de prevenção e ações de salvamento (DANTAS et al., 2018).
3. METODOLOGIA
A coleta de dados se deu por meio da pesquisa em busca online no portal BVS
(Biblioteca Virtual em saúde), nas bases de dados LILACS E BDENF, com os seguintes
descritores: “Educação em saúde”, “Professores” e “Primeiros socorros” de acordo com os
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). Estabelecemos para a realização da pesquisa os
critérios de inclusão: textos completos, nos idiomas português com abordagem da temática
estabelecida e que obedecessem ao recorte temporal com artigos publicados no período
compreendido entre 2017 e 2022, artigos originais, bem como critérios de exclusão os artigos
que não abordem a temática e duplicados.
A ferramenta software Microsoft Office Excel 365 foi necessária para auxiliar na
construção das coletas de dados. Os artigos foram organizados em quadro com as seguintes
variáveis: título do artigo, autores, revista (periódico de publicação), base de dados, ano de
publicação, objetivos, resultados e metodologia.
Para selecionar e avaliar os estudos incluídos, foi realizado análise e leitura do título
do periódico, seguida da leitura do resumo do estudo e do documento na íntegra, por três
pesquisadores, sendo eliminados os estudos que não atenderam a temática proposta neste
instrumento.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Autoconfiança para o
Revista Estudo A escala pode contribuir no
manejo inicial das Descrever a construção e validação
ZONTA Latino- metodológico planejamento de estratégias
intercorrências de saúde da escala visual analógica de
LILACS et al. Americana Teórico, empírico e educativas sistematizadas e
na escola: construção e autoconfiança dos professores em
(2018) de analítico. efetivas entre os professores.
validação de uma escala intercorrências de saúde na escola.
Enfermagem
visual analógica
Conhecimento dos
educadores dos centros Estudo original. Compreender o conhecimento dos
DIVINO municipais de educação Pesquisa de caráter professores dos Centros de
Revista É necessário que os professores
LILACS et al. infantil sobre primeiros exploratório, com Educação Infantil sobre Primeiros
Nursing. socorros tenham capacitações periódicas.
(2020) abordagem Socorros referentes a crianças de 3
qualitativa. a 5 anos.
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Primeiros socorros:
AGUIRRE; Artigo original.
Revista de investigação do Identificar o conhecimento em Grande parte dos professores
RICARDO; Estudo de caráter
Enfermagem treinamento de primeiros socorros de professores não estão preparados a prestar
BDENF ANDRADE exploratório,
e Atenção à professores de uma de uma escola municipal. primeiros socorros mesmo com
(2021) quantitativo.
Saúde escola da rede pública de treinamento.
Campo Grande
instituições não dão o devido valor para os primeiros atendimentos, ficando este restrito na
maior parte dos casos aos estabelecimentos de saúde, o que evidencia a falta de investimentos
no preparo dos professores para atuarem nestas emergências e isso gera inúmeros danos,
como a manipulação errônea da criança e o estado de pânico ao socorrer, bastante prejudicial
ao desfecho clínico da vítima (LIMA et al., 2021). O ambiente escolar, tem sua parcela de
culpa nos acidentes, devido a infraestrutura inadequada que proporciona riscos para as
crianças e por isso deveriam proporcionar o treinamento adequado dos seus funcionários.
(DIVINO et al., 2020). Faz-se, portanto, necessário que os gestores promovam e incentivem a
adequada formação principalmente dos professores acrescentando a temática no plano
pedagógico obrigatório, como um meio de reduzir danos aos alunos vítimas de acidentes nas
escolas (LIMA et al., 2021).
Os professores são os primeiros a terem contatos com as vítimas na prestação de
primeiros socorros e desempenham um papel muito importante na prevenção e promoção da
saúde (LIMA et al., 2021). Como as crianças e adolescentes estão dentro das instituições de
ensino a maior parte do seu dia, quando acontecem acidentes elas são atendidas
primeiramente pelos professores e funcionários locais, e por isso estes devem estar seguros e
preparados para reconhecer e agir em possíveis ocorrências de forma adequada, mas nem
sempre se sentem preparados para isso (FALEIROS et al., 2021). São, portanto, necessárias
nas escolas ações de prevenção e promoção à saúde que capacitem os funcionários para serem
aptos a prestarem os primeiros socorros (ZONTA et al., 2019). No país foi realizado um
estudo que apontou que educadores que haviam sido capacitados em primeiros socorros foram
capazes de indicar circunstâncias de risco e agir em tais situações (DIVINO et al., 2020). Essa
garantia na assimilação do conhecimento que foi recebido, dá ao professor que atua frente a
uma emergência, um respaldo e uma segurança para agir de forma correta num atendimento
de qualidade minimizando os possíveis agravos e proporcionando sobrevivência da vítima
evitando sequelas (AGUIRRE; RICARDO; ANDRADE, 2021). Assim sendo, são esperadas
das instituições de ensino que realizem ações de prevenção e promoção da saúde, capacitando
os professores e profissionais atuantes na mesma, a fim de os preparar para atuarem frente a
necessidade de prestarem socorro (ZONTA et al., 2019). Porém na maior parte dos casos
encontrados nas literaturas, as instituições não promovem esses treinamentos aos funcionários
(DIVINO et al., 2020).
Em outubro de 2018, o Brasil aprovou a Lei nº 13.722, tornando obrigatória a
capacitação em primeiros socorros (PS) para professores e funcionários de escolas públicas e
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A literatura confirma que emoções negativas como incerteza, medo e nervosismo são
reforçadas nos problemas de saúde escolar, o que prejudica a autoconfiança dos professores.
Os resultados mostram que a necessidade de intervir diante dos problemas de saúde gera
ansiedade entre os professores. De acordo com a literatura, a anatomia e a fisiologia das
crianças podem exigir um manejo diferenciado das situações e podem aumentar os
sentimentos de ansiedade (ZONTA et al., 2019).
A literatura internacional confirma a fragilidade do conhecimento em primeiros
socorros em seus resultados e nessa perspectiva, a falta de informação pode fortalecer
inúmeras emoções como incerteza, medo e nervosismo (ZONTA et al., 2018). A maioria dos
professores desconhece ou não compreende a importância do uso dos EPIs e a necessidade do
uso de luvas e outros materiais para própria proteção durante o atendimento as vítimas. No
momento do acidente, os professores não se preocupam em usar o material como proteção e
não percebem que estão vulneráveis a quedas. Muitos professores enfatizaram a importância
do treinamento para um melhor cuidado da vítima, mas não mencionaram o quão importante
esse treinamento seria para sua própria segurança devido à exposição a fluidos corporais e
quedas durante a prestação dos socorros (DIVINO et al., 2020).
O percentual docente é majoritariamente feminino e isso está em consonância com
outros estudos, pois no contexto histórico das profissões, à docência é vista como uma
vocação feminina, pois teria o dom da maternidade, que originam qualidades adequadas para
a docência (LIMA et al, 2021). Já Cunha et al. (2021) chegou à conclusão de que, além de a
maioria dos professores serem mulheres e a grande maioria (80,6%) também eram mães e que
isso está vinculada a uma cultura de cuidado maternal. Um estudo qualitativo brasileiro
constatou que a experiência da mãe teve um efeito positivo no conhecimento das professoras
infantis sobre primeiros socorros (CUNHA et al., 2021). As professoras do sexo feminino
possuem conhecimentos de suporte básico de vida - SBV derivados da experiência materna e
instintos protetores, além de outros conhecimentos empíricos adquiridos por meio da
observação profissional e da mídia. Porém os procedimentos executados empiricamente
podem colocar em risco tanto a vida do paciente quanto a vida da professora, como no caso de
contatos de fluidos fisiológicos sem utilização adequada de EPIs no atendimento, além da
possibilidade de quedas (DIVINO et al., 2020).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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6. REFERÊNCIAS
AHA, American Heart Association. Guidelines CPR ECC, 2010. Destaques das Diretrizes
American Heart Association para RCP e ACE. Texas. EUA, 2010. Disponível em:
<https://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2014/Destaques_das_Diretrizes_da_American_H
eart_Association_2010_para_RCP_e_ACE_03012014.pdf >. Acesso em: set. 2022.
BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940, Código Penal 1998, Art. 135,
p33. Disponível em:
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 14 nov.
2022.
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BRASIL. Lei Lucas 722, de 04 de outubro de 2018. Diário Oficial da União de 05/10/2018
(p. 2, col. 1). Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13722.htm>. Acesso em
nov. 2022.