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Ena12 Miolo para Grafica Com Isbn
Ena12 Miolo para Grafica Com Isbn
Adolescências em movimento:
Traços, tramas riscos
1ª edição
Recife/PE, 2011
MAB | Instututo PAPAI | Canto Jovem
Recomendamos a reprodução, total ou parcial, desta obra,
desde que não haja fins de lucro e que seja citada a fonte.
Licença: http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.pt
204p.; 16 X 23 cm.
ISBN: 978-85-98401-12-6
Inclui referências
CDU 7124
2. juventude e política
Helena Wendel Abramo ........................................................................... 41
PARTE 4: Depoimentos
Como me senti num debate de perguntas? ..............................179
Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
E é por este caminho que deve ser lido e refletido os textos desta
publicação. Eles contam uma história. Esta história vem sendo inscrita
na memória, nos corpos e nas práticas dos participantes do MAB –
Movimento de Adolescentes do Brasil. Porém, ela vem sendo escrita
há pouco tempo na história deste Movimento, que de tão rica, não
pode deixar de ser registrada, relembrada, maturada nos seus aspectos
filosóficos, políticos, sociais e culturais.
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Olhares críticos sobre protagonismo juvenil e participação social: uma releitura dos
movimentos sociais de adolescentes de Rita Mendonça faz um breve
percurso histórico das conquistas da sociedade brasileira em torno do
direito à participação social e como estas se inscrevem na formulação
do protagonismo juvenil, enquanto proposta pedagógica nas ações
educativas de Programas e Projetos destinados aos adolescentes e
jovens.
Na esteira do texto anterior, Raika Julia Moisés, no texto Por que mídia
e educação nos movimentos sociais? nos revela as estratégias de
comunicação do ENA 12, consolidadas pelo princípio da
edocumunicação.
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12
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1
RIBEIRO, Cláudia; CAMPOS, Maria Teresa de Arruda (Orgs.). Afinal, que paz
queremos? XI Encontro Nacional de Adolescentes. Lavras, MG: Editora UFLA,
2004.
2
RIBEIRO, Cláudia; CAMPOS, Maria Teresa de Arruda. Adolescências e
participação social no cotidiano das escolas: a paz também é a gente que faz.
Campinas: Mercado de Letras, 2002.
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3
LARROSA BONDÍA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência.
Revista Brasileira de Educação, Campinas, n. 19, p. 20-28, jan./abr. 2002.
4
NASCIMENTO, Evandro. Derrida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
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5
CHEVALIER E GHEEERBRANT, 1998. Dicionário dos Símbolos.
6
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Graal Ltda. 1998
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7 a
LUFT, Lia. Pensar é transgredir. 5 . ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.
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8
Morin, Edgar. Epistemologia da complexidade. In: Schmitman, Dor Fried.
Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes médicas, 1996.
9
Morin, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo:
Cortez: UNESCO, 2001.
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Morin (2001).
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Quanta vida rolou e rola por entre a gente. Pensar, sentir, agir...
Escutar pessoas, sotaques diversos, danças, debates, ficar, sonhar,
mesas redondas, grupos de trabalho, oficinas: a vida chamando para
participar!?...
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Larossa (2002, p. 21).
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parte 1
questões éticas,
políticas e conceituais
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Docente da Universidade Federal de Pernambuço (UFPE); coordenador do
Núcleo de Pesquisas sobre Gênero e Masculinidades (Gema/UFPE) e
coordenador de projetos no Instituto PAPAI.
13
Fonte: Youth Health for a change a Unicef notebook on programming for
young people’s health and development. New York: Unicef HQ, 1997.
14
Fonte: Estatuto da Criança e do Adolescente, Livro I, Parte Geral, Título 1,
o
artigo 2 , parágrafo único.
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Por sua vez, o UNICEF define como criança todo ser humano até 18
anos, incluindo aí os adolescentes. Restam ainda outros indicadores
jurídicos que nem sempre coincidem e que variam em função do
direito em questão, formatando uma maioridade legal, que não é
adquirida de uma só vez, mas parcialmente, como analisado por
Albertina Costa (1986) e Raymond Montemayor (1986). No Brasil,
por exemplo, a Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público
do Estado de São Paulo nos forneceu, em 1996, um “Quadro sinótico
de evolução das capacidades da pessoa humana, em razão da idade”
assim organizado:
12 anos O ECA reconhece no adolescente (pessoa entre 12 e 18 anos de idade)
capacidade para sofrer as consequências jurídicas da prática de crimes
ou contravenções, admitindo que receba uma sanção jurídica pela
prática de tais fatos, sanção esta chamada de medida sócio-educativa .
12 anos O ordenamento jurídico pela primeira vez reconhece eficácia plena na
manifestação de vontade do adolescente para determinado fim. Assim
é que o artigo 45, parágrafo 2º, da lei nº 8.069/90 (ECA), dispõe que é
imprescindível o consentimento do maior de 12 anos de idade para que
se realize a adoção.
16 anos Os jovens atingem a maioridade civil relativa. Passam a ser assistidos
pelos pais, ao invés de representados, podendo praticar alguns atos da
vida civil, como por exemplo servir de testemunha, testar etc.
16 anos Os jovens têm direito de votar (voto facultativo) - art. 14 , II, “c”, da
Constituição Federal.
16 anos As moças adquirem capacidade núbil - art. 183, XII, do Código Civil.
16 anos Maioridade Penal - os jovens passam a responder pelos crimes que
praticam sujeitando-se às sanções da Lei Penal.
18 anos Os rapazes adquirem capacidade núbil - art. 183, XII, do Código Civil.
18 anos Adquire-se o direito de candidatura ao cargo de vereador - art. 14,
parágrafo VI, “d”, da Constituição Federal.
21 anos Maioridade Civil - Adquire-se a capacidade civil plena, podendo o
jovem praticar todos os atos da vida civil, regendo sua esposa e bens.
21 anos Adquire-se o direito de candidatura aos cargos de deputado federal,
deputado estadual ou distrital, prefeito, vice-prefeito e juiz de paz -
art. 14, parágrafo 3º, VI, “c”, da Constituição Federal.
30 anos Adquire-se o direito de candidatura aos cargos de governador e vice
governador de Estado e do Distrito Federal - art. 14, parágrafo 3º, VI,
“b”, da Constituição Federal.
35 anos Adquire-se o direito de candidatura aos cargos de presidente e vice-
presidente da república e senador - art. 14, parágrafo 3º, VI, “a”, da
Constituição Federal.
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Vale a pena ressaltar que não temos a pretensão de apresentar uma revisão
bibliográfica exaustiva de estudos sobre a adolescência numa perspectiva
histórica, mas antes de tudo apresentar principais tendências que marcam o
surgimento dessas discussões.
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Usamos propositalmente o termo significados e não sentidos, para demarcar
uma diferença nítida entre o processo de produção de sentidos, em que este
último não pode ser tomado como substância, e os produtos discursivos que
delineiam, antes de tudo, repertórios linguísticos que usamos para dar sentido
ao mundo.
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Neste sentido, não incluímos na lista todas as possíveis áreas que contribuem
na definição atual de adolescência/juventude, nem incluímos também a lista de
dicionários que foram pesquisados em que o verbete não constava.
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Em relação à notória polissemia do termo adolescência e o caráter relativo de
seu campo semântico, sugerimos um interessante inventário de usos em
MEDINA, L. Garrido (1981) – Notas sobre adolescencia y sociología. Juventud,
Nº 4, Madrid, outubro/dezembro, pp. 99-109.
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ARAUJO, Joseph Ildefonso de (1979) - A linguagem escrita do pré-
adolescente: uma avaliação técnico-linguística de redações de alunos de Volta
Redonda. Rio de Janeiro: PUC/RJ, Dissertação (mestrado), 152p.; CHIAPETTI,
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afetiva em pré-adolescentes. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v.38, n.1 , p.80-
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Fonte: http://averroes.cec.junta-andalucia.es/san_hermenegildo/prensa.htm
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(Série instrumentos para ação, 6).
DEBERT, G. G. A Reinvenção da velhice: socialização e processos de
reprivatização do envelhecimento. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo: Fapesp, 1999.
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2. juventude e política21
Helena Wendel Abramo22
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Na cidade de São Paulo, onde vivem os Racionais, boa parte dos bairros
pobres da periferia ficam separados da região central da cidade por dois rios
que cortam a cidade.
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Pavilhão ( era uma das alas da mais famosa penitenciária de São Paulo, hoje
desativada.
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Sócio-fundador da ONG Canto Jovem/RN e Coordenador Geral do XII
Encontro Nacional de Adolescentes.
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Trabalhos de Landim (1993; 1996; 1998; 1999; 2004); Haddad (2002) Scherer
Warren (1999; 2002; 2004.2005) para citar alguns exemplos.
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Utilizamos o conceito de Movimentos Sociais, conforme compreende a
socióloga Scherer Warren (1999), para quem: “um movimento social são formas
de ações coletivas reativas aos contextos histórico-sociais nos quais estão
inseridos (...) é um conjunto mais abrangente de práticas sócio-político cultural
que visam a realização de um projeto de mudança, resultante de múltiplas redes
de relações sociais entre sujeitos e associações civis”. A autora, por sua vez,
compreende as ONG como: “agrupamentos coletivos com alguma
institucionalidade, as quais se definem como entidades privadas com fins
públicos e sem fins lucrativos (...)”.
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Na tradição filosófica, encontramos sínteses significativas da idéia de
sociedade civil em Hegel, na sua filosofia idealista e em Marx na filosofia
materialista.
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Essas organizações eram mais conhecidas como “entidades assistenciais”. O
termo ONG ainda não está exposto nesse período.
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Período em que o presidente Getulio Vargas governou o Brasil entre 1930 a
1945, ocasião em que o país viveu profundas transformações sociais e
econômicas, além de mudanças na ordem política.
31
O presidente Vargas, por exemplo, mantinha uma relação dúbia com os
sindicatos: ao mesmo tempo em que os permitia existir e davam-lhes garantias
em termos de direitos trabalhistas, sufocava qualquer iniciativa maior de
contestação ao seu poder.
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Paulo Freire elaborou um método de educação para jovens e adultos, na
intenção de torná-lo revolucionário, buscando a fonte para a autonomia e a
libertação nas práticas pedagógicas, baseados em estímulos à conscientização
dos oprimidos, por meio da percepção da opressão na realidade concreta de
suas vivências no cotidiano.
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Em que pese esta contextualização em torno das diferentes práticas,
considerando este universo difuso de atuação de ONG, estamos dando ênfase
àquelas que se autodenominam pertencentes a um campo de “ONG de
desenvolvimento” ou “ONG de Defesa de Direitos”. Esta denominação
encontra-se nos marcos normativos da Associação Brasileira de Organizações
Não-Governamentais (ABONG – www.abong.org.br).
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Utilizamos aqui a noção de sujeito proposta por Scherer Warren (1999):
“Sujeito social refere-se à relação de responsabilidade e de auto-criatividade
positiva, não destrutiva, que o individuo estabelece consigo mesmo e com a
sociedade em que vive (...)” Ainda: “O sujeito é a vontade de um individuo de
agir e de ser reconhecido como ator (...), tornando-se o agente de uma obra
coletiva...”. (Touraine Apud Scherer Warren).
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Antônio Gramsci: teórico marxista, cientista político e comunista italiano
(1891 – 1937)
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Helena Abramo no texto - o uso das noções de adolescência e juventude no
contexto brasileiro - faz uma significativa análise abordando as concepções e
práticas difusas direcionadas aos adolescentes e aos jovens distintamente. Por
motivo de espaço neste texto não nos será possível detalhar a abordagem da
autora. Porém, recomenda-se a leitura. O texto está contido na publicação
denominada - Adolescências e Juventudes: Referências conceituais - e está
disponível no site da Ação Educativa: www.acaoeducativa.org.br
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O Projeto Juventude se constituiu em um amplo diagnóstico que incorporou
consultas aos governos e sociedade civil em diferentes regiões e resultou numa
pesquisa que buscou retratar a realidade da juventude brasileira, com vistas a
subsidiar a elaboração de propostas para as políticas de juventude. Foi
desenvolvido pelo Instituto de Cidadania a partir de 2003.
www.projetojuventude.org.br
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A idéia de “inserção social” é bastante comum entre os escritos sobre
juventude e acaba informando também os programas e políticas
governamentais. Pessoalmente, observo que a imagem que se apresenta é que
a inserção social seria uma espécie de “portal” para um “mundo de
possibilidades”, no qual ao completar esta travessia, teria-se uma posição mais
afirmativa dos jovens, sobretudo na transição para a fase adulta com a adoção
de novas responsabilidades. Esse signo interfere significativamente na
construção dos conteúdos das práticas educativas que tomam a juventude
como preparação à vida adulta.
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no contexto brasileiro. In: FREITAS, Maria Virginia de (org). Juventude e
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Centro de Investigación y Estúdios sobre Juventud, Instituto Mexicano de la
Juventud.
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parte 2
desafios, impasses e
perspectivas para o
Movimento de
Adolescentes
do Brasil
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Coordenador geral do Instituto PAPAI e integrante do Comitê Gestor do
Movimento de Adolescentes do Brasil (MAB)
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Agradeço a Ana Roberta Oliveira pelo cuidado e pela qualidade da transcrição
das fitas, pois o texto chegou às minhas mãos quase editado.
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No decorrer do texto estaremos usando a grafia padrão da língua portuguesa,
que toma a desinência plural masculina (os) para generalizar os casos em que os
sujeitos são representados por homens e mulheres.
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Instituto PAPAI - Rua Mardônio de A. Nascimento, 119 - Várzea – Recife/PE -
CEP 50741-380 - Tel/fax: (81) 3271 4804 - E-mail: PAPAI@PAPAI.org.br *
Website: http://www.PAPAI.org.br
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http://www.mab-online.com.br
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Considerações finais
Uma vez me perguntaram por que eu trabalhava justamente com
adolescentes e jovens. Tem aquela noção, aquela idéia, que as pessoas
comentam: “ah, é porque eu tenho o espírito jovem! Eu quero
permanecer jovem!”. Eu respondi: “olha, eu sou adulto, e gosto de ser
adulto”. Esse é um aspecto que devemos pensar, pois não deveríamos
estar trabalhando com adolescentes em busca do espírito da
juventude. O lugar do qual eu falo, é o de adulto, eu-sou-adulto,
como eu sou homem, como eu sou uma série de outras coisas.
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Bibliografia45
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Remarques sur lês transformations recentes dês limites de la définition
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São Paulo: Fapesp, 1999.
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LEVI, G. e SCHMITT, J. C. História dos Jovens. São Paulo: Editora Schwarcz,
1996.
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Para que pudéssemos apresentar as leituras (citadas ou não) a partir do qual
formulamos este texto, optamos pelo formato de bibliografia, ao invés de
referências bibliográficas.
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www.protagonismojuvenil.org.br, em 02/10/04
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Psicóloga e psicoterapeuta de adolescentes. Foi presidente do Conselho
Regional de Psicologia da Reg. 01. Desde 1994 é consultora técnica/especialista
da Área de Saúde do Adolescente e do Jovem/Ministério da Saúde.
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Para Leonardo Boff (2000) cidadania significa a capacidade de um povo e dos
cidadãos de moldarem seu próprio destino, em consonância com o destino
comum da humanidade e da terra.
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CombENAdos
01. Os participantes do encontro deverão Para adolescentes,
permanecer no local do evento durate toda a jovens e educadores
programação do encontro; em alojamento
02. Todos os participantes deverão manter uma
1. O horário de silêncio
relação de confiança mútua;
está previsto p/ as
03. Os participantes deverão zelar por seus
22h;
objetos pessoais, assim como pelos objetos
2. O horário de
dos demais participantes;
despertar será 6h
04. A organização do encontro não se
para todos os
responsabilizará pela perda de qualquer
participantes;
objeto dos participantes durante o encontro;
3. Caso haja outra
05. Os aparelhos celulares deverão permanecer
estrutura de
desligados no período de realização das
alojamento, a saída
oficinas, debates e atividades de integração;
para o evento será
06. Todos os participantes do encontro são
diariamente às 7h30.
responsáveis pelos alojamentos e demais
O retorno está
instalações do local de realização do
marcado para às 19h
encontro;
(salvo casos em que a
07. Não será permitido o consumo de bebidas
programação se
alcoólicas, ou qualquer outra substância
prolongue além
psicoativa, por parte de nenhum dos
desse horário, sendo
participantes do encontro;
responsabilidade dos
08. Todos os participantes devem ter uma
participantes atenção
atitude voltada a preservação do meio-
aos horários
ambiente (conservação, higiene do local, etc.)
combinados de
09. Todos deverão ter uma atitude ética junto
retorno);
aos participantes do encontro;
10. Os participantes do encontro devem respeitar 4. Os participantes que
as instruções e orientações em comum requisitaram
acordo no processo de construção do XII ENA; alojamento no ato da
11. Os participantes do encontro devem estar inscrição deverão
atentos ao cumprimento dos horários da trazer roupas de
programação, cama e banho
12. As instituições participantes do encontro (lençol, colchonete,
deverão proporciopnar condições toalhas etc.) para sua
satisfatórias de higiene, segurança, melhor acomodação
alimentação e alojamento.
13. Todos os participantes deverão permanecer
com a identificação (crachá) visível durante
toda a programação do encontro
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Grupos de Discussão – GD
O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com
seu gesto a relação dialógica em que se confirma como
inquietação e curiosidade, como inconclusão em
permanente movimento na História. (Freire, 1996: 154).
Após realizar um levantamento de quais são as áreas de trabalho em
que atuam os grupos do MAB, identificamos sete grandes campos de
atuação, são eles: Direitos Humanos/ Direitos da Criança e do
Adolescente; Gênero; Direitos Sexuais e Reprodutivos; Cultura de
Paz; Arte-educacão; Meio Ambiente; Enfrentamento as DST/ Aids.
Optamos então, por organizar os Grupos de Discussão a partir dessas
áreas. Acreditando que, desta forma, possibilitaríamos que todos
aqueles que trabalham em uma área específica poderiam se juntar para
pensar coletivamente sobre questões que para nós tornavam-se
imprescindíveis: “quem somos”; “como agimos”; “o que pensamos
em participação social” e “o que pensamos em Políticas Públicas”
dentro de cada uma dessas áreas.
Sendo assim, no XII ENA, os GDs, divididos por áreas específicas,
foram pensados como espaços, especialmente dedicados à reflexão
sobre os modos como os diferentes grupos, que compõe o MAB,
trabalham, se organizam, se caracterizam e se posicionam frente ao
tema da participação social e da construção de políticas públicas.
Queríamos com isso, identificar o que tem de diferente e de
semelhante entre as atuações dos grupos em cada área, para
reconhecer as limitações e possibilidades de atuação do Movimento.
Para tal, foi aberta a inscrição para os grupos filiados ao MAB e
grupos convidados, facilitarem os GDs. O critério adotado foi a
experiência prévia do grupo no tema em que estava propondo
coordenar. Assim, os GDs foram coordenados por grupos de
referência nos campos temáticos. Cada eixo temático tinha, no
máximo, três salas e seus participantes se reuniam diariamente. Os
GDs, facilitados por adolescentes e/ou jovens e/ou educadores/as,
tiveram uma carga horária de 06 horas durante os três dias,
intercalados por outros momentos de vivência. A seguir, tabela com
as áreas de trabalho, número de salas e grupo responsável.
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GD Grupo Responsável
Arte e Educação Escola Pernambucana de Circo/ PE
Grupo Rumo/Centro de Voluntariado de Rio
Cultura de Paz Claro/ SP
Direitos da Criança e do Adolescente Centro de Voluntariado – Rio Claro/SP
Direitos da Criança e do Adolescente TABA/SP
Direitos Sexuais e Reprodutivos Reprolatina/SP
Direitos Sexuais e Reprodutivos Curumim/PE
Direitos Sexuais e Reprodutivos Reprolatina/SP
Enfrentamento as DST/AIDS Centro de Voluntariado – Rio Claro/SP
Enfrentamento as DST/AIDS TABA/SP
Gênero Reprolatina/SP
Gênero Instituto Papai/PE
Meio Ambiente TUMM/SP
Vale ressaltar, que foi a primeira vez que os GDs aconteceram desta
forma, o que sem dúvida, trouxe-nos muitos aprendizados.
Verificamos que a proposta pensada para os GDs era um tanto
quanto ousada, difícil de ser realizada, principalmente porque
reunimos no ENA, não apenas os grupos filiados ao MAB (que de
alguma forma já se conhecem e partilham alguns princípios), mas
também outros grupos, que estavam chegando pela primeira vez no
Encontro, com características e concepções diferentes. Essa
diversidade trouxe, por um lado, uma riqueza muito grande para os
GDs, afinal, quando reunimos visões distintas sobre um mesmo tema
ampliamos a possibilidade de discussão, por outro, um problema real
chamado tempo. Quando previmos os GDs não contávamos com a
presença de grupos novos, pensamos que com 6h de trabalho fosse
possível discutir as questões centrais, dentro daquele determinado
tema. Mas na prática percebemos que o tempo foi curto para tanta
coisa. Além do mais, as questões propostas também não eram
simples, exigiam um grande nível de reflexão e investimento dos/das
adolescentes, jovens e educadores/as.
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
Cultura de paz
Capacitação de professores (as) para que passem a exercer a sua
função de educar e não apenas passar a matéria.
Criação de novos cursos profissionalizantes e um programa de
incentivo ao primeiro emprego.
Apoio do poder público aos grêmios estudantis e às escolas para
manterem uma proposta de participação dos e das adolescentes e
jovens.
Incluir a metodologia de oficinas nas aulas.
Incluir e qualificar os professores e as professoras para utilizar os
parâmetros curriculares.
Criação de espaços jovens, incluindo formação para os (as)
adolescentes.
Apoiar os Encontros Municipais de Adolescentes destinando
recursos e disponibilizando espaços públicos.
Apoiar, com recursos, as iniciativas de adolescentes e jovens que
realizam ações pela Cultura de Paz.
Incluir o tema Cultura de Paz na grade curricular das escolas.
Facilitar o acesso a cursos pré-vestibulares, públicos.
Apoiar grupos culturais
Incluir crianças e adultos na formação da Cultura de Paz
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
Meio Ambiente
Capacitação de profissionais, adolescentes, jovens e educadores(as)
para atuar na questão do meio ambiente pensando os “porquês”, e o
como fazer a análise dos resultados.
Colocação de latões de coleta seletiva em espaços públicos (praças,
unidades básicas de saúde, fóruns, departamentos municipais,
escolas, universidades, etc). Discussão sobre aterrar o lixo no lixão
separando os hospitalares. Colocar mais lixeiras nas ruas.
Limpeza das ruas pós-campanhas eleitorais, retirando outdoors,
faixas, panfletos, bandeiras, etc.
Evitar o uso de descartáveis.
Realizar, durante todo o ano, campanhas para redução da produção
de lixo.
Leis municipais proibindo o uso da água para a lavagem das calçadas.
Mutirões de limpeza dos rios.
Prefeitura dar o exemplo da coleta seletiva e coleta de lixo.
Desenvolver nas escolas projetos de educação ambiental na educação
infantil, ensino fundamental e médio e nas universidades.
Que as empresas reaproveitem a sobra de materiais.
Cobrar taxas de quem ultrapassar da média do consumo de água para
que aos poucos, conscientizem-se e reduzam o consumo da mesma.
Geração de empregos para adolescentes em espaços de reciclagem e
artesanatos.
Mobilizar a sociedade civil organizada, através dos grupos de grafites,
para combater a pichação que gera a poluição visual.
Temas discutidos a serem desenvolvidos: 1. Cuidado com a água:
conservar as nascentes, os mananciais e os lençóis freáticos;
reaproveitamento da água; aproveitamento e consumo na casa;
112
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Arte e Educação
Criação do conselho municipal de cultura e do fundo de apoio a
cultura com participação de adolescentes e jovens.
Criar um sistema de divulgação dos mecanismos de apoio a cultura,
bem como as suas formas de utilização/ aproveitamento.
Capacitação dos professores da rede publica de ensino em arte e
educação como proposta pedagógica.
Criação de um conselho de arte educadores com orçamento
participativo
Garantir espaço gratuito na mídia para divulgação de eventos
culturais locais.
Promoção e divulgação, preferencialmente, da cultura local.
Incentivar a diversidade das manifestações culturais.
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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Gênero
Criação da Secretarias Municipais de Adolescência e Juventude
para tratar temas estratégicos e específicos;
Capacitação de profissionais envolvidos em saúde, educação e
políticas sociais para atendimento específico nas áreas de gênero,
saúde, sexualidade e combate da violência;
Garantia de verbas direcionadas a políticas publicas para os/as
jovens e o/a adolescentes contemplando as questões de gênero
Criação de espaços na saúde, atendimento específico para crianças
e adolescentes, que garantam um recorte de gênero;
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
Oficinas artístico-pedagógicas
Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move e que nos
põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos,
acrescentando a ele algo que fazemos (Freire, 1996: 35).
Foi promovido pela organização do XII ENA, sob a coordenação da
comissão pedagógica, um workshop sobre arte-educação com os
facilitadores/as convidados/as para ministrar as oficinas de arte, em
sua maioria artistas e arte-educadores/as de organizações de Natal e
do Rio Grande do Norte. Alguns/as já são colaboradores/as do
Programa de Arte-educação da Organização Não-governamental
Canto Jovem.
Para facilitar essa atividade, foi convidada uma arte-educadora do
Instituto de Arte TEAR, Ong filiada ao MAB, com vasta experiência
no campo da arte-educação. O workshop teve a duração de 08h e a
partir dela desenhamos a integração da proposta da realização das
oficinas artísticas com a temática e outras atividades do Encontro.
A possibilidade de reunir, previamente, os diversos arte -
educadores que desenvolveram oficinas de arte no XII ENA
configurou-se como uma experiência bastante significativa. Em
primeiro lugar, porque o workshop funcionou como espaço de
encontro e integração entre todos os agentes (diferentes arte -
117
Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
ArENA e barraco
A liberdade amadurece no confronto com outras
liberdades. (Freire, 1996: 119).
Uma das maiores conquistas do XII ENA definiu-se pelo fato de
termos criado coletivamente um território lúdico-educativo,
simbolicamente representado por um arena. Especialmente montada
no centro do local onde o evento ocorreu. A ARENA configurou-se
como um espaço de encontros e discussões. Cada detalhe deu ao local
um charme especial: arquibancada coberta, areia no centro, almofadas
coloridas por todo lado, som de boa qualidade, gente alegre e com
compromisso. Com estes ingredientes, o debate, a troca de
experiências e de opinião entre as pessoas presentes – adolescentes,
jovens e adultos – foi rico em conteúdo, em respeito e em
criatividade.
Foi nela e com ela que o convite à complexidade se deu. Inspirados
na epistemologia da complexidade apresentada por Edgar Morin
(1996) buscamos transformar a ARENA em um locus no qual, os
adolescentes, jovens, educadores e educadoras, envolvidos(as) no
trabalho, puderam vivenciar o desafio da complexidade, com as
incertezas da contemporaneidade, desestabilizando verdades e
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
Abertura
Só somos porque estamos sendo. Estar sendo é a
condição, entre nós, para ser. (Freire, 1996: 36).
A abertura do evento, na noite do dia 20/06, ocorreu no auditório do
Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET/ RN. A presença
maciça de adolescentes, jovens e educadores/as inscritos/as no ENA
deram um colorido especial ao espaço, entre ritmos e tambores, num
clima de celebração de muitos encontros e reencontros.
Coordenado por um casal de jovens, a cerimônia de abertura iniciou-
se com o Hino Nacional, momento emocionante de valorização da
identidade brasileira. Para Ribeiro e Campos (2002) “A identidade ‘ser
brasileiro’ não pode ser compreendida fora de um processo de produção simbólica e
discursiva. Vivenciamos que o ‘ser brasileiro’ não tem nenhum referencial natural
ou fixo, não é um absoluto que existe anteriormente à linguagem e fora dela”.
Nesse contexto, diferentes linguagens expressaram o sentimento de
identidades constituídas pelas experiências pessoais e coletivas que ali
se encontravam, que estavam em movimento, entrelaçadas pela
apropriação e pertencimento ao ENA e ao MAB. Uma das tantas
formas de expressão e construção simbólica dessas identidades foi
apresentada na forma de música e dança: O grupo vocal “Musicanto”,
com repertório da MPB, e o Grupo “Raízes” de dança popular
apresentando a dança típica potiguar, a “Araruna”. Logo após, houve
o registro das autoridades presentes e os agradecimentos da
organização do evento.
Na oportunidade aconteceu o lançamento do Livro “Afinal, que paz
queremos”, escrito por adolescentes, jovens e educadores/ as,
relatando a experiência da participação no XI Encontro Nacional de
Adolescentes, ocorrido na cidade de Lavras/ MG em 2002. Momento
especialmente dedicado à partilha dos conhecimentos construídos
coletivamente pelo MAB. Quando os processos educativos ganham
texturas vivas, materializadas nos relatos das experiências e
aprofundamento das reflexões suscitadas a partir do encontro.
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ENArt
O mundo não é. O mundo está sendo (Freire, 1996: 85).
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Considerações finais
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
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aniversário do Estatuto em
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guiarioclaro.com.br julho Capa RC participa de Encontro
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mostra que sexualidade
é tema prioritário para
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agosto grande trabalho EBA
gera novos projetos
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julho Diário brasileiros é pesquisada
pela Unesco
noolhar.com/opovo julho Brasil Sexualidade de jovens
está sendo debatida
hoje
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julho Nacional de
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protagonismojuvenil.org.br julho Capa Encontro Nacional de
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radiobras.com.br 30 de Brasil Agora Jovens discutem
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redesaude.org.br julho Informativo XII Encontro Nacional de
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rn.gov.br 21 de Natal sedia Encontro
julho Nacional de
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discutem políticas
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unfpa.org.br junho Evento em XII Encontro Nacional de
Destaque Adolescentes – ENA
unisol.org.br 14 de Notícias Encontro reunirá
junho adolescentes
para discutir
participação social
uol.com.br/omossoroense 3 de Capa Encontro
junho
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Um pouco de história
Os termos “direitos sexuais” e “direitos reprodutivos” são de origem
recente, mas o seu conteúdo tem raízes profundas que estão
relacionadas com os conceitos de liberdade, autonomia,
autodeterminação, integridade pessoal e saúde, ou seja, eles são
elementos fundamentais dos direitos humanos, e como tal são
também inalienáveis, indivisíveis e universais, ou seja, todos tem que
ser garantidos, promovidos, defendidos e exercidos juntos, não há
como respeitar apenas um deles, se não o seu conjunto.
Todavia, é importante deixar claro que ainda que os direitos humanos
sejam reconhecidos há mais tempo, e embora a sexualidade e a
reprodução como atividades humanas existam desde o início da
humanidade, a concepção de direito relacionada a ambas surgiu
somente na década de 60. Primeiro foram reconhecidos os direitos
reprodutivos e, posteriormente os direitos sexuais.
Também é importante ressaltar que a origem dos dois conceitos:
“direitos reprodutivos” e “direitos sexuais”, é diferente. A etimologia
do termo “direitos reprodutivos” provém dos grupos de mulheres e
não de um marco de referência institucional. O conceito de direitos
reprodutivos está vinculado à luta pelo aborto seguro e legal, e pelo
direito de escolha anticoncepcional (DÍAZ, CABRAL E SANTOS,
2004).
137
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Direitos sexuais
Como bem destaca o informativo Direitos sexuais e reprodutivos e saúde
das mulheres do Health, Empowerment, Rights & Accountability,52 a
igualdade entre mulheres e homens no que diz respeito à relação
sexual e à reprodução requer respeito mútuo, consentimento e divisão
de responsabilidades pelos comportamentos sexuais e suas
consequências.
52
Hera: Health, Empowerment, Rights & Accountability. Empoderamento das
Mulheres. In: Direitos sexuais e reprodutivos e saúde das mulheres. Idéias para
ação. New York, USA: Hera, s/d
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53
Hera: Health, Empowerment, Rights & Accountability. Empoderamento das
Mulheres. In: Direitos sexuais e reprodutivos e saúde das mulheres. Idéias para
ação. New York, USA: Hera, s/d
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Adolescências em movimento | Lyra, Sobrinho, Ribeiro, Campos, Luz e Medrado (Org.)
Antecedentes
A equipe da Reprolatina (jovens e educadores/as) que participaram na
elaboração desta pesquisa, desde 1996, ainda como grupo IRSSA
(Instrutores de Referência à Saúde Sexual do Adolescente) do
município de Santa Bárbara d’Oeste/SP, atuou e ainda atua na
formação de Adolescentes Agentes Voluntários/as de Saúde (AAVS).
Esse programa era parte do Projeto de Melhoria da Qualidade de
Atenção em Saúde Reprodutiva em parceria com a Secretaria
Municipal de Saúde, e com o apoio da Organização Mundial da Saúde
(OMS). O grupo IRSSA, originário da área da saúde, foi o 1º grupo a
trabalhar diretamente com saúde sexual e reprodutiva dentro dos
Encontros Nacionais de Adolescentes (ENA) e posteriormente
dentro do Movimento de Adolescentes do Brasil (MAB) e em suas
atividades, preconizando a importância de se estabelecer uma
integração efetiva entre as áreas da saúde e da educação, tendo o/a
adolescente como protagonista, mas considerando a parceria entre
adolescentes e adultos como fundamental nesse processo.
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Sobre a pesquisa
Objetivos: Conhecer o que os adolescentes, jovens e educadores/as
participantes e presentes no XII ENA, pensam e sabem sobre os
direitos sexuais e reprodutivos, para identificar as necessidades de
atualização no interior do MAB, e também para contribuir com a
promoção deles.
Metodologia: A pesquisa consistiu na aplicação de um questionário
auto-respondido pelos/as adolescentes e educadores/as participantes
do XII ENA. O questionário foi desenhado para avaliar
conhecimentos e atitudes de adolescentes, jovens e educadores/as,
sobre os Direitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos.
Preparação do questionário: Foi elaborado e pré-testado com jovens um
questionário, anônimo, com perguntas de escolha múltipla, e algumas
perguntas sobre dados gerais, tais como idade, sexo e categoria
(estudante ou educador/a). Junto ao questionário foi incluída uma
carta que explicava os objetivos da pesquisa, o caráter voluntário e
anônimo dela, e colocava os/as responsáveis à disposição para
qualquer dúvida.
Distribuição e Aplicação dos questionários: Os/as responsáveis pela
pesquisa, jovens da Reprolatina e seus/suas Educadores/as, se
dividiram em diversas funções desde a elaboração dos questionários,
distribuição e até mesmo coleta dos mesmos. No primeiro dia do
ENA, na reunião de coordenadores de grupos de discussão, foi dada a
orientação necessária e foram entregues os questionários para que eles
os distribuíssem nas respectivas salas. No segundo dia, uma das
pessoas da equipe da Reprolatina circulou pelas salas para garantir que
todas e todos tivessem a oportunidade de responder o questionário.
Aspectos Éticos: Atendendo às normas éticas de pesquisas com seres
humanos, foi preparado um consentimento informado para garantir o
direito e a voluntariedade da participação (CONSELHO
NACIONAL DE SAÚDE). Esse consentimento informado devia ser
assinado pela pessoa e, no caso de ter menos de 18 anos, deveria ser
assinada também, pelo pai, mãe ou responsável. Alguns dias antes do
ENA esse consentimento informado foi enviado via e-mail para que
as/os adolescentes menores de 18 anos pudessem levar a autorização
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Considerações finais
Já se passaram 10 anos desde Cairo e estamos completando 10 anos
desde a IV Conferência das Mulheres em Beijing, e, sem dúvida,
podemos celebrar muitos avanços, mas também podemos dizer que
ainda temos um longo caminho para percorrer. Existe uma opinião,
mais ou menos generalizada, de que os direitos sexuais e os direitos
reprodutivos não são muito conhecidos e, consequentemente, são
desrespeitados com frequência. As escolas, em geral, ainda não
incluíram a perspectiva de gênero, os direitos sexuais e nem os
direitos reprodutivos nos seus currículos, e adolescentes e jovens têm
poucas oportunidades de conhecê-los também fora da escola, porque,
embora os governos, incluindo o brasileiro, tenham se comprometido
a implementar a plataforma de ações de Cairo e a de Beijing, esses
compromissos assumidos não têm sido cumpridos na velocidade
desejável para uma mudança de cultura que implique no exercício e
garantia desses direitos para todas as pessoas. Além disso, se
avaliarmos como está essa situação dos direitos sexuais e dos direitos
reprodutivos na população jovem, podemos ver que está ainda mais
deficiente, já que os indicadores mostram que existe um número alto
de adolescentes que não estão exercendo os seus direitos de decidir se
querem ou não ter filhos, não estão tendo acesso à anticoncepção,
não estão exercendo o direito de ter relações sexuais sem violência,
estão vulneráveis às DST e a Aids, enfim seria demasiado longo
enumerar a lista de direitos que estão sendo lesados. Sem equívocos,
poderíamos dizer que adolescentes e jovens muitas vezes não são nem
sequer considerados como sujeitos de direitos.
O MAB é um movimento de adolescentes, jovens e educadores
engajados na luta por conseguir melhores condições de vida para
adolescentes e jovens, que vem participando em diversos foros de
discussão, e nos últimos encontros tem definido como prioritária a
questão dos direitos e das políticas públicas que garantam a
adolescentes e jovens o exercício desses direitos. Além da Reprolatina,
outros grupos como o grupo Curumim e PAPAI também trabalharam
oficinas e realizaram diversas ações de promoção dos direitos sexuais
e dos direitos reprodutivos no último ENA, realizado em Natal.
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Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução
nº 196/96 sobre pesquisa envolvendo seres humanos. Disponível em:
http://www.aids.gov.br/rescns.htm, 2004.
COMISSÃO NACIONAL DE POPULAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO. Cairo + 5: o caso brasileiro. Comissão
Nacional de População e Desenvolvimento. Brasília, DF. 1999. 107 p.
CORRÊA, S. From reproductive health to sexual rights: achievements and
future challenges. Disponível em:
http://www.hsph.harvard.edu/organizations/healthnet/reprorights/
docs/correa.html, 2004
DÍAZ, M.; CABRAL, F.; SANTOS, L. Os direitos sexuais e
reprodutivos. In: RIBEIRO, C.; CAMPUS, M.T.A. (ed.). Afinal, que
paz queremos? Lavras: Editora UFLA, 2004. p 45-70
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pelo que é dos dois, pelo o que é de outros, pela sociedade em que
acreditam. É somar à luta. A afetividade é o que nos garante o tesão
de fazer coisas juntos. É como se fosse um elo que nos ligasse uns
nos outros para enfrentar a construção cotidiana da luta. O MAB
acredita no encontro como força transformadora. O encontro de uma
pessoa com outra. Ter contato, ver de perto, falar, tocar, conhecer e
crescer. Não desprezamos a evolução do mundo virtual (aliás,
precisamos dele pra construir o movimento), mas acreditamos que o
encontro é motivador e fundamental. É não se perceber sozinho no
mundo. Este encontro não são só os municipais, regionais ou
nacionais que fazemos, mas o encontro de todos os dias. Com o
colega de sala, com o mendigo na rua, com o profissional, com
pessoas, com as quais nos encontramos todos os dias. Elas tem algo a
nos fazer e a nos acrescentar.
Outra coisa muito importante é a visão que se tem deste ‘ser
adolescente’. Que raiva que eu, Leonel, sempre tive de ser tratado
como ‘menor’, sem conhecimento, como alguém que não podia
contribuir. Com o avanço nos anos 90 das discussões acerca da
participação juvenil e do protagonismo juvenil (termo que
questionamos, mas esta é uma outra história), virou senso comum que
os adolescentes tinham que fazer parte dos fóruns que falavam de
adolescência. E em quantos eu fui que a minha fala era a mesma de
um adulto, e ele era ovacionado e a minha, as pessoas achavam lindo
eu estar falando, mas nem prestavam atenção no que eu tinha dito,
afinal, achavam que eu nem sabia do que estava falando. E quando na
hora das decisões os adolescentes iam fazer uma outra atividade,
afinal eles não teriam nessa visão com o que contribuir. Como se
nesta visão tecnocêntrica, meritocrática, adultocêntrica, a vida por si
só não garantisse conhecimento e sim as tradicionais estruturas de
formação. E títulos. Não que elas não agreguem conhecimento (ou
seria só teoria?), mas não podem se achar exclusivas. A academia,
assim como quase todas instituições ocidentais erram e esquecem do
conhecimento popular. Os nossos acadêmicos no MAB, renomados
(ou não) e pessoas ‘importantes’ (ou não) no mundo intelectual,
sentam conosco no chão e discutem olho no olho, sabendo construir,
se preciso, ceder, mas não se furtam da discussão porque não partem
do principio que sabem tudo e sabem que mesmo tendo lido,
refletido, estudado e pesquisado diversos assuntos, as vezes é a fala de
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parte 3.
ArENA:
outras palavras
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Os pensadores, volume I, pg 26
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CHAUI Marilena. Introdução à Historia da Filosofia.Companhia das
Letras.2002. p.493
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Ainda para Platão, toda alma humana já havia habitado este mundo
das idéias antes de nascer, porém o esquecido ao encarnar-se na
matéria. Conhecer não é mais que lembrar. Lembrar aquelas verdades
eternas que esquecemos pelos vícios da sensação. Observe a tabela
abaixo:
Mundo da caverna (interior) Mundo das idéias (exterior)
Sombras / engano Idéias / verdade
Sensação Razão
Conhecimento doxológico Conhecimento epistemológico
Verdades A verdade
Protágoras e a teoria do homem Platão e a busca de uma verdade
medida eterna
“joão é gordo “2 +2=4”
Para Platão então é verdadeiro o que é racional, eterno, incorruptível
e imaterial. Está lançada então o que será a base da pesquisa
quantitativa, que tentará elaborar instrumentos próprios para alcançar-
se esta verdade objetiva e atemporal.
O ceticismo duvidava de qualquer tipo de verdade, tanto as adquiridas
pela sensação como as pela razão, pois para os céticos não existe
qualquer forma de verdade ontológica ou gnosiológica no mundo. A
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Muitas críticas foram feitas aos céticos pelos filósofos posteriores, tais
como:
Dizer que “não existe verdade” é já dizer uma verdade,
Os céticos pensavam tanto em não se incomodar com o
mundo que acabaram preocupando-se mais com o mundo
que os demais filósofos, não sendo portanto verdadeiramente
céticos,
Ser cético é já fazer uma escolha e demonstrar que é
impossível ser indiferente ao mundo.
A medievalidade, em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino,
balizará a noção de verdade pelo crivo da religião e na crença
metafísica em um Deus que é a própria verdade. Apesar de haver um
elemento novo na discussão: a liberdade e a determinação do ser.
1. Santo Agostinho (Séc IV d.C.)
O tempo de Deus é eterno, imutável e total (totum), enquanto
o do homem é parcial, fracional, sucessivo. Deus já vê o final
da História antes mesmo de ela começar.
Deus é soberano sobre todas as coisas e já escreveu todo o
livro da História, estando nossas ações já determinadas por
Ele, não nos restando nenhuma possibilidade de escolha. Esta
teoria é chamada de predestinação, segundo a qual nosso
destino já está traçado pelo Criador, não nos cabendo
questioná-lo.
“Satanás” não pode existir, pois se existisse Deus não seria
bom e onisciente ao mesmo tempo. O mal não é mais que a
ausência de Deus, assim como a escuridão não é uma entidade
ontológica oposta à luz, mas simplesmente, a ausência de luz.
2. São Tomás de Aquino (séc XIII d.C.)
Justamente por existir o mal (satanás) é que Deus é bom, pois
não é tirano do universo, e criou o mal (mesmo ferindo-se
com isto) para nos dar opção de escolha. Se só existisse o bem
seríamos forçados a segui-lo, por isso criou o mal para nos dar
oportunidade de escolha.
Deus não escreveu a história de ninguém, antes dotou-nos do
poder de decisão e de livre ação para que pudéssemos nós
mesmos escolher nosso caminho.
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Faz-se aqui referência a dois sistemas filosóficos do Ocidente: o aristotelismo
– hegelianismo, que acredita que os seres nascem incompletos em si mesmos,
porém predestinados a alguma coisa já pronta idealmente, tal qual a semente
que tem o único objetivo de tornar-se árvore, no movimento dialético da
potência ato. A semente já tem a idéia da arvore dentro de si, mas tem de
negar-se enquanto semente para tornar-se a árvore. Ela nega e conserva o
conflito dos conceitos de si mesma e da árvore que carrega. A semente só
pode vir-a-ser uma árvore, pois é potência daquela. Deve apenas ser
atualizada (transformada em ato). Já o outro sistema, chamaríamos, de
existencialismo nietzcheniano, que acredita que as coisas não estão
predestinadas senão à aleatoriedade, que o objetivo da semente é variado e
indeterminado, pode virar tanto árvore como comida para um pássaro, que a
vida é sempre inédita e submetida á provisoriedade e inconstância do tempo.
Que os serem não estão submetidos ao amálgama do vir-a-ser, mas ao plasma
do devir. A balança ao vento do tempo e sua substância é a liberdade e a
indeterminação.
57
“As ciências humanas não têm consciência dos caracteres físicos e biológicos
dos fenômenos humanos. As ciências naturais não têm consciência da sua
inscrição numa cultura, numa sociedade, numa história. As ciências não têm
consciência do seu papel na sociedade. AS ciências não têm consciência dos
princípios ocultos que comandam suas elucidações. As ciências não têm
consciência de que lhes falta Consciência”. (MORIN, 1996)
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FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 3ª. Ed., trad. Ligia M.
Ponde Vassalo. Petrópolis: Vozes, 1984.
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parte 4.
depoimentos
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O debate foi muito legal, pois para interação, troca de idéias. Sei que o
mim despertou muita pergunta objetivo era para o jovem refletir
interessante (Renato Alves, 20 sobre suas próprias perguntas.
anos, - Pau dos Ferros). Mas o jovem gosta de compartilhar
Senti-me sem o direito de resposta. idéias e trocar conhecimentos
A resposta que devemos quebrar o (Michele Marques-Aprendiz de
tabu imposto para nós desde Beija-flor)
crianças que o homem e a mulher Um bombardeio de perguntas, as
não pode ter os mesmos direitos quais todos tínhamos respostas que
sem preconceitos (Luciene Paulino, foram as mais banais possíveis, já
Casa Renascer). que eram destacados, porque todas
Para mim dependia da pergunta, as perguntas iam só para um, a
às vezes tinham tantas perguntas atenção foi voltada só para o Jorge,
sem lógica, em outras a própria logo todos os direitos foram
pergunta já se dava como resposta. contraditos de alguns que
Agora, muitas perguntas para comentaram sobre gênero. (Anne,
mim, não foram esclarecidas. Ficou 16 anos, Natal – RN).
chato na hora que só ficaram Senti-me decepcionado, em ver que,
falando da diversidade entre em um espaço onde existem
homens e mulheres, não sei se eles protagonistas juvenis e educadores
faziam as perguntas só para (pessoas aparentemente esclarecidas)
dormir juntos, ou sei lá. (Helena são poucos os que sabem responder
16 anos, agente jovem Zona com perguntas. Foram perguntas
Norte, Natal – RN). soltas e que muitas vezes foram
Eu me senti assim como alguns dispensáveis, tornando assim o
adolescentes aqui presentes: sem debate improdutivo. (Leonardo
entender qual o objetivo desse Costa, Natal – RN, 17 anos).
debate. Porque um debate ocorre No princípio, o debate estava legal.
com perguntas e respostas. Eu Depois, as pessoas não estavam
tenho dúvidas e tenho algumas entendendo o sentido do debate.
respostas para as minhas Mas eu gostaria que o debate fosse
perguntas. E sei que alguns jovens diferente, que fosse feita a pergunta
também têm suas respostas. Mas e outro desse a resposta e ficaria
se esse é um encontro de abertam as opiniões. (Edilma
adolescentes, era preciso haver uma Queiroz, Escola Pernambucana de
troca de idéias, porque eu posso ter Circo, Recife – PE).
uma opinião e um jovem de outro
lugar pode ter outra. Haveria uma
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Não tão fútil quanto, com certeza, Talvez se fosse mais bem
me sentirei em um encontro de coordenado, seria bem mais
jovens e adolescentes feito para proveitoso. A idéia foi boa.
educadores (20 anos, Paulista - Ora o meu foi bom, respostas
PE). respondidas com perguntas, mas
Para mim esse momento poderia que enjureia, há enjureia, parabéns
ter sido mais rico e quanto à pelo trabalho, tenho certeza que a
discussão não se teve à pergunta se realmente interessou,
oportunidade. vamos correr atrás e “desvenda-
Ótima experiência este debate, las”. (Luciano, São José dos
pena que para mim não fluiu da Campos – SP).
melhor maneira. Para mim foi um Gosto muito de coisas diferentes e
acréscimo, embora a disperssão e se este debate foi diferente. Foi legal
irritação tenha me frustrado! porque as pessoas deram um jeito
(Filipe castro, 18 anos Natal – de responder as perguntas com
RN). outras e sintetizar a fala. Também
Quando as são da proposta da foi bom ver adolescentes e jovens
atividade, permito-me a participar, cobrando deles/as mesmos/as o
a partir do momento em que se cumprimento dos deveres (do
dispersou/ persistiu num só exercício da cidadania). (Valéria,
assunto, me senti desrespeitada no 21 anos Recife – PE).
momento de me permitir a Essa discussão só com perguntas
responder as minhas e as outras forçou-me a raciocinar a juventude
perguntas.(Mayse, 20 anos, grupo sobre minha própria experiência e
UAI, Uberaba-MG). meu conhecimento de mundo.
Bom eu me sinto bem quando eu Quando nos é proposta uma
pergunto e detenho a resposta, pois situação tão comum no nosso dia à
eu acho que nós estamos aqui no ida (perguntas sem respostas)
debate para tirar algumas dúvidas. passamos a criar saídas e soluções
Acho que para se obter um debate aos problemas que nos são
tem que ter pergunta e para cada apresentados. (Patrícia Aguiar, 15
pergunta tenhamos que obter a anos, S. J. Campos – SP).
resposta.
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Achei que deu para aprender sim. “Foi muito interessante o debate de
As pessoas precisam aprender a perguntas, saímos do tradicional e
tirar mais proveito das situações. construímos o novo”.O novo coloca
Aprendi, refletindo as perguntas medo, assusta, mas tem um efeito
que lançadas na arena. As pessoas fantástico. (Carlos, educador –
também devem parar de perguntar Fundhas).
perguntas com intenção de fazer Bom, no início fiquei interessada o
gracinhas toscas. (19 anos, Lavras que iria começar. Mas ficou meio
- MG). sem fim, perguntas interessantes
Senti que todos estavam outras não. Mais é pra vê que nos
desesperados por respostas, e cheios jovens temos o potencial de
de dúvidas e não viram que para interrogar, perguntar etc. Tipo
uma pergunta podem existir mais assim foi produtivo, porque nós só
de uma resposta e que nem todo vivemos com respostas, porque não
mundo pensa igual! Estão todos uma tarde só de perguntas. (19
tão acostumados a ter respostas anos, João Pessoa – PB).
prontas que a idéia de pensar em Aconteceu o seguinte que muitas
sua própria pergunta, os tiraram perguntas foram feitas. No meu
da mesmice que estão acostumados! consentimento fosse respondidas,
(18 anos, Rio Claro – SP). mas não foi isso que aconteceu
Adorei o debate, só não gostei que apenas estavam puxando um
as pessoas não entenderam. debate que discutiram e as
Pessoalmente tive muitas respostas, respostas que eram para ser
gostaria de participar de outro, respondidas. Isso não aconteceu,
mas que realmente debatesse sobre parecia que com a ironia estava
cultura, arte, educação, etc. Pessoas chateando os demais participantes e
que não participaram nunca de isso as minhas dúvidas ainda
nenhum encontro, realmente não ficaram, não todas, mas a grande
podem participar do ENA. maioria. (Cláudia Daniely, 15
Agoniou um pouco! Mas a anos, Nata – RN).
resistência à mudança foi superada.
Saí com muitas reflexões que com
certeza amadurecerão e virarão
busca por respostas e até possíveis
respostas. (Leonel, 19 anos, Rio
Claro-SP).
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Contato
Instituto PAPAI | www.papai.org.br | papai@papai.org.br
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