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Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à Distância

Analise dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de


Montepuez

Bai Issa (708207556)

Curso: Geografia
Disciplina: Geografia Agrária e Industria
Ano de Frequência: 3º Ano

Mocimboa da Praia, Abril de 2022

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 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
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domínio do discurso
académico
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cuidada, coerência /
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Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
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 Exploração dos
2.5
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
2.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Índice
Introdução........................................................................................................................................4

1. Analise dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez.........5

1.1. Conceitos basilares...................................................................................................................5

1.1.1. Meio ambiente.......................................................................................................................5

1.1.2. Problemas ambientais............................................................................................................5

1.1.3. Agricultura.............................................................................................................................6

1.1.4. Cidade de Montepuez............................................................................................................6

2. Caracterização do Sector Agrário no distrito de Montepuez.......................................................7

3. Analise dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez.........9

3.1. Erosão do Solo........................................................................................................................11

3.2. Diminuição da biodiversidade................................................................................................12

3.3. Poluição dos solos e da água..................................................................................................12

3.4. Poluição atmosférica...............................................................................................................12

3.5. Escassez de água potável........................................................................................................13

Conclusão......................................................................................................................................14

Referências bibliográficas.............................................................................................................15

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Introdução

Na história da humanidade, o modo de produção dominante passou por profundas


transformações. O planeta terra vem sofrendo com as transformações ambientais, causadas pela
industrialização e pela actividade agrícola não conservacionista. A contaminação das águas e do
solo, o desmatamento, a piora do efeito estufa e a destruição da camada de ozónio são problemas
que prejudicam não apenas uma nação, mas todo o mundo. As causas dos impactos da
agricultura sobre o ambiente têm origem na demanda de mercado, e suas consequências
implicam em custos ambientais e ecológicos de difícil mensuração. Para que se promova o
desenvolvimento de uma agricultura sustentável é necessário consciencializar o agricultor sobre
a conservação do ambiente, além de oferecer os meios e métodos para alcançar esse
desenvolvimento sustentável. É com base nos desígnios esmiuçados que instruiu-se o presente
trabalho de campo em apreso da Cadeira de Geografia Agrária e Industria cognominado: Analise
dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez. Pretendendo
alvejar os consequentes objectivos supracitados:

Objectivo geral

 Analisar os problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez

Objectivos específicos

 Contextualizar os problemas ambientais provocados pela agricultura;


 Conceituar meio ambiente, problemas ambientais e actividade agrícola;
 Caracterizar o sector agrário no distrito de Montepuez;
 Descrever os problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de
Montepuez.

A metodologia utilizada na elaboração do presente trabalho foi a consulta bibliográfica,


que consiste na recolha, análise crítica e interpretação de dados. No que concerne as normas de
publicação de trabalhos científicos, usou-se as normas American Psycologcal Association (APA)
6ª Edição. Cuja citações estão inseridas no desenvolvimento do trabalho e na referencia
bibliográfica. Estruturalmente o trabalho obedece a seguinte organização: introdução,
desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.

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1. Analise dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez

1.1. Conceitos basilares

1.1.1. Meio ambiente

Parafraseando Milaré (2009), na linguagem técnica, meio ambiente é “a combinação de


todas as coisas e factores externos ao indivíduo ou a população de indivíduos em questão, ou
seja, é constituído por seres bióticos e abióticos e suas relações e interacções entre si e com o
meio”.

Outro conceito de meio ambiente, considerado de grande importância, constituído na


Conferência de Tbilisi (Geórgia), em 1977, considera o meio ambiente como “o conjunto de
sistemas naturais e sociais em que vivem o homem e os demais organismos e de onde obtêm sua
subsistência” (Ibama, 1994).

Contudo, o meio ambiente é um lugar determinado ou percebido onde estão em relações


dinâmicas e em constante interacção os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam
processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformações
da natureza e da sociedade. Ou seja, é o habitat, o meio em que se habita e que com a
globalização vem sofrendo diversas transformações que muitas das vezes são quase irreversíveis.
Com os avanços tecnológicos, as grandes invenções criaram coisas que demoram muito além da
própria existência humana para se decompor.

1.1.2. Problemas ambientais

Segundo Cavararo (2004), o problema ambiental é definido como “qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das actividades humanas que, directa ou indirectamente, afectam a
saúde, a segurança e o bem-estar da população; as actividades sociais e económicas; a biota; as
condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais”.

Analisando essa resolução, percebemos que qualquer actividade que o homem exerça no
meio ambiente provocará um impacto ambiental. Esse impacto, no entanto, pode ser positivo ou

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não. Infelizmente, na grande maioria das vezes, os impactos são negativos, acarretando
degradação e poluição do ambiente.

O modelo de produção introduzido pela Revolução Industrial, baseado no uso


intensivo de energia fóssil, na superexploração dos recursos naturais e no uso do ar, água
e solo como depósito de dejectos, é apontado como a principal causa da degradação
ambiental actual. Os problemas ambientais não passaram a existir somente após a
Revolução Industrial. É inegável, porém, que os impactos da acção dos seres humanos se
ampliaram violentamente com o desenvolvimento tecnológico e com o aumento da
população mundial provocados por essa Revolução (Espinosa, 1993).

Dentre os principais problemas ambientais causados pelo homem, podemos citar a


diminuição dos mananciais, extinção de espécies, inundações, erosões, poluição, mudanças
climáticas, destruição da camada de ozónio, chuva ácida, agravamento do efeito estufa e
destruição de habitats. Isso acarreta, consequentemente, o aumento do número de doenças na
população e em outros seres vivos e afecta a qualidade de vida (Nalini, 2001).

1.1.3. Agricultura

De acordo com Matos et al., (1990), “agricultura é um conjunto de processos através dos
quais o homem conseguiu obter da terra, pelo plantio, determinados produtos vegetais que
interessam particularmente a sua vida (p.32) ”.

Contudo, a partir dos autores supracitados acima, importa referir que entende-se que
agricultura é a ciência, a arte e a indústria de controlar o crescimento das plantas e dos animais
ao ser utilizado por seres humanos, ou seja, a agricultura é uma actividade económica complexa,
orientada no sentido da produção de bens primários destinados a alimentação e as industrias,
obtidos a partir de plantas e de animais por intermédio de transformação e tecnológicas (p.78) ”.

1.1.4. Cidade de Montepuez

“A Cidade de Montepuez, sede do distrito com o mesmo nome, situa-se no eixo Marrupa
- Pemba, região Sul da Província de Cabo Delgado. Confina a Norte e Oeste com o Rio

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Montepuez do qual provém o nome da Cidade, a Sul com as Aldeias Napalave e Muatanha e a
Este com o Monte Nicuapa até ao Rio Palavala“ (Perfil Municipal1, 2013, p.5).

Mapa 01: Mapa de localização do distrito e cidade de Montepuez

Fonte: (Herculano2, 2022).

Entretanto, vale aludir que Montepuez é uma cidade da província de Cabo Delgado, em
Moçambique, com sede na cidade de Montepuez. Com uma área de 15 871 km², Montepuez é o
maior distrito de Cabo Delgado em termos de extensão.

2. Caracterização do Sector Agrário no distrito de Montepuez

A Constituição da República de Moçambique, no seu artigo 103, postula que (1) “Na
República de Moçambique a agricultura é a base do desenvolvimento nacional e (2) o Estado
garante e promove o desenvolvimento rural para a satisfação crescente e multiforme das
necessidades do povo e o progresso económico e social do país”. A Visão do PEDSA3 é a de um
1
Conselho Municipal da Cidade de Montepuez, 2014
2
Mapa extraído da monografia cientifica da autoria de: Herculano Paunde. Compostagem: Uma ferramenta para
Reutilização dos Resíduos Orgânicos, Caso de Estudo Bairro de Niuhula -Montepuez (2017-2020).Universidade
Rovuma – Extensão de Cabo Delgado. Autor para correspondência: herculanopaude@gmail.com
3
Plano Estratégico de Desenvolvimento do Sector Agrário.

8
sector agrário próspero, competitivo equitativo e sustentável nas respostas aos desafios de
segurança alimentar e nutricional e de mercados agrários ao nível nacional e mundial (Ministério
da Agricultura - MINAG4, 2010).

De acordo com MAE5 (2014), “o distrito de Montepuez apresenta um imenso potencial


de produção agrícola, possui uma rede hidrográfica rica, terras férteis, áreas de exploração
faunística, florestal e um clima do tipo húmido. A agricultura é a actividade dominante e envolve
quase todos os agregados familiares. De um modo geral, a agricultura é praticada manualmente
em pequenas explorações familiares em regime de consociação de culturas, cuja finalidade é a
comercialização e autoconsumo” (p.4).

Por conseguinte, a agricultura é a principal actividade económica, observando cerca de


80% da população economicamente activa do distrito, e é a base de subsistência da população,
pois garante produtos de consumo e de rendimentos para os agregados familiares. Estima-se que
o distrito possua cerca de 400.00 há (10%) estejam a ser exploradas pelo sector familiar. Estas
são bastantes férteis e são cultivadas culturas alimentares.

Os principais rios são caracterizados por possuírem regime periódico, não


obstante estarem sujeitos a caudais diferenciados: bastante caudalosos e, por vezes, com
ocorrências de inundações, no período chuvoso, apresentando caudais reduzidos, no
período secam. Apesar do seu regime periódico, as bacias hidrográficas apresentam um
grande potencial para a prática da piscicultura e para a actividade agro-pecuária, dadas as
terras férteis, para além de propiciarem a exploração faunística e florestal (Idem).

De um modo geral, a agricultura no distrito é praticada em regime de consociação de


culturas com base em variedades locais e, em algumas regiões, com o recurso à tracção animal e
tractores. A produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro, nem sempre
bem-sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas é alto, dada a baixa capacidade de
armazenamento de humidade no solo durante o período de crescimento das culturas.

Dominam neste ambiente sistemas de produção que compreendem consociações


de mandioca, milho e feijões nhemba e bóer e/ou consociação de mapira, milho e feijão
nhemba, e em menor escala a cultura de amendoim. Nos solos onde se observa a presença
4
Ministério da Agricultura.
5
Ministério da Administração Estatal.

9
de humidade residual por período prolongados de tempo é frequente a cultura de arroz ou
batata-doce (MAE, 2014, p.4).

Diante dessa reflexão, importa salientar que em Montepuez vários sãos os produtos
agrícolas produzidos, que servem de autoconsumo para os produtores, mas também para fins
comerciais. Não obstante, apesar dessa diversidade, os produtos bandeira no distrito incluem
produtos como feijão bóer, banana, cebola, tomate, verduras, alho, ananás, algodão, gergelim,
tabaco, milho, mapira, mandioca, batata-reno e doce.

3. Analise dos problemas ambientais provocados pela agricultura na cidade de Montepuez

De acordo com Almeida (1998), “geralmente, pensamos nos impactos ambientais


causados pelas actividades urbanas (especialmente pelas indústrias), porém a actividade agrícola
também é forte causador de impactos ambientais sobre o planeta” (p.45).

No entanto, desde a criação da agricultura, muita coisa mudou na arte de cultivar a terra,
e não foram apenas mudanças positivas. Depreende-se que embora a pecuária seja a mais nociva
das actividades no distrito e de forma peculiar na cidade de Montepuez, aferiu-se que a
agricultura também possui o seu nível de impacto ambiental, desde o desmatamento para o
plantio, uso da água, contaminação das águas e solos com fertilizantes e agrotóxicos são alguns
dos impactos negativos da agricultura sobre o meio ambiente.

Parafraseando Espinosa (1993), em congruência classificam os impactos ambientais da


actividade agrícola como “intrínsecos, caso os efeitos da actividade agrícola recaiam sobre ela
mesma, ou extrínsecos, caso seus efeitos se expandam além de seus limites, em escala local,
regional e/ou global”.

Adoptando essa classificação, pode-se dizer que os impactos evidentes na cidade


Montepuez, como são o caso do emprego de técnicas mecanizadas e ao uso de agrotóxicos, etc.
são extrínsecos, pois eles se estendem para lugares além daquele onde é praticada a actividade
agrícola.

Todavia, importa referir que em fins do século XIX desencadeou-se uma crise do
complexo rural. A partir daí começou uma transformação na forma de lidar com a natureza:

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houve mudanças nas formas de produção e nas relações de trabalho, e o capital entrou de forma
decisiva para dar uma nova face ao campo.

Na perspectiva de Rodrigues (2011), na verdade, a natureza subordinou-se ao capital


porque a produção deixou de ser uma esperança ao sabor das forças da natureza para se converter
numa certeza sob o comando do capital, uma vez que:

 Se faltar chuva, irriga-se;


 Se não houver solos suficientemente férteis, aduba-se;
 Se ocorrerem pragas e doenças, responde-se com defensivos químicos;
 Se houver falta de mão-de-obra, responde-se com maquinarias;
 E se houver ameaças de inundações, estarão previstas formas de drenagem.

Não obstante, a modernização das técnicas produtivas, a mecanização das etapas da


produção, além do uso de insumos para aumentar a produtividade e minimizar as perdas por
causas naturais, causaram significativos efeitos no meio ambiente e nos recursos naturais.

Mergulhado na mesma área de investigação Lewandowski (2011), afirma que:

As causas dos impactos da agricultura sobre o ambiente têm origem na demanda


de mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e ecológicos de difícil
mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma agricultura sustentável é
necessário conscientizar o agricultor sobre a conservação do ambiente, além de a ele
oferecer os meios e métodos para alcançar esse desenvolvimento sustentável (p. 71).

Os impactos da produção agrícola no meio ambiente são uma consequência da


necessidade de consumo das sociedades e do avanço das técnicas produtivas. É fato que a
agricultura Intensiva, por meio dos recursos por ela utilizados, promoveu uma verdadeira
revolução no aumento da produtividade e na redução de tempo para a obtenção de resultados na
agricultura. Entretanto, esse avanço não ocorreu sem custos aos recursos naturais. Há diversos
aspectos desse sistema que provocam críticas dos ambientalistas.

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Na óptica de Lewandowski (2011), “as actividades agrícolas provocam impactos sobre o
ambiente, tais como: Poluição atmosférica; Poluição dos solos e da água; Diminuição da
biodiversidade; Erosão do Solo; Desmatamento, etc. ” (p.184).

Entretanto, a agricultura na cidade de Montepuez não causa apenas impactos negativos


no meio ambiente, as plantações também ajudam a sequestrar o carbono responsável pelo
agravamento do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. Como a comunidade da
cidade Montepuez precisa se alimentar através da agricultura, não há como parar de produzir,
mas a população deve buscar alternativas ecológicas ou sustentáveis, de modo a produzir sem
criar impactos severos ao meio ambiente.

3.1. Erosão do Solo

Segundo Rodrigues (2011), “a erosão é o processo de perda de solo que pode ser causado
pela água (tanto pelo impacto da chuva quanto do manejo da água de irrigação) vento ou por
práticas agrícolas inadequadas associadas a mecanização (p.9)”.

No entanto, depreende-se que os agricultores da cidade de Montepuez numa primeira fase


procedem com a retirada da cobertura vegetal original para o plantio (desmatamento), o que
propicia o surgimento de erosões no solo, e mesmo no período em que o solo está coberto de
plantações, por vezes ocorrem erosões, mas quando a drenagem da água não é bem-feita, o que
acaba afectando ou comprometendo inclusive a produção.

O domínio das monoculturas, típico da moderna agricultura, também gera


condições favoráveis à erosão, a medida em que tende a desprezar as vegetações nativas,
que garantem a firmeza do solo, e a estimular o plantio de espécies únicas em todos os
espaços disponíveis de uma região (Ludwing, 2005).

Contudo, a actividade humana acelera esse processo como uso de técnicas de cultivos
incompatíveis com as características ambientais do local onde são empregadas, como por
exemplo a queima da vegetação. Quando se retira a vegetação que oferece protecção ao solo, a
probabilidade do surgimento de erosões aumenta exponencialmente. Além disso, a retirada da
mata ciliar para o plantio provoca o assoreamento dos rios.

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3.2. Diminuição da biodiversidade

Na óptica de Ludwing (2005), “os agrotóxicos (pesticidas) utilizados para o controle de


pragas nas lavouras, muitas vezes, são pulverizados por aviões e atingem as áreas vizinhas,
matando, assim, espécies de animais e plantas. Além disso, o desmatamento também contribui
para a diminuição da biodiversidade, uma vez que desloca animais de seu habitat natural”.

Todavia, o desmatamento para o plantio nas zonas de produção na cidade de Montepuez


provoca a migração e extinção de certos animais. Outrossim, o uso indiscriminado de
agrotóxicos colabora para a diminuição da biodiversidade, pois esses pesticidas, muitas vezes,
não atingem apenas as pragas, mas também organismos (animais e plantas) que estão no raio de
aplicação do agrotóxicos.

3.3. Poluição dos solos e da água

Segundo Rodrigues (2011), “o uso de insumos agrícolas, como adubos químicos,


corretores do solo e pesticidas (os chamados agrotóxicos), contaminama água e solo. Essa
contaminação é intensificada quando chove ou quando a lavoura é irrigada, pois os produtos
químicos escoam para os rios e infiltram no solo” (p.11).

Importa frisar que a contaminação ou poluição dos solos e da água na urbe de Montepuez
é ocasionada pelo uso de defensivos agrícolas, os chamados agrotóxicos, que são utilizados para
combater as pragas que atingem as lavouras. Entretanto, esses produtos químicos não atingem
apenas o campo cultivado. Muitas vezes, quando chove ou quando o terreno é irrigado, os
pesticidas são levados para as camadas mais profundas do solo e para os mananciais de água
doce. Por outro lado, o uso excessivo dos agrotóxicos pode prejudicar permanentemente o solo,
tornando-o inapto a receber qualquer tipo de cultivo.

3.4. Poluição atmosférica

De acordo com Rodrigues (2011), “a agricultura intensiva, por ser mecanizada, é uma
modalidade que utiliza muita energia e combustíveis fósseis, como o óleo diesel. A utilização de
implementos agrícolas e máquinas, como arados mecânicos, plantadeiras, pulverizadores e

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colheitadeiras, contribui para a queima desses combustíveis e a consequente poluição do ar”
(p.11).

Entende-se que com a utilização de queimadas para se atingir os objectivos agrícolas são
geradas mudanças climáticas em todo o planeta. Os incêndios liberam o carbono sequestrado
pela floresta, além de emitir a atmosfera uma quantidade três vezes maior de CO2 em relação aos
combustíveis fósseis utilizados. Como consequência dos efeitos catastróficos sobre as áreas
exploradas, destacam-se, erosão, infertilidade e desgaste do solo, emissão maior de CO2que
provoca o aquecimento global.

3.5. Escassez de água potável

“A irrigação é responsável pela utilização de grande parte da água potável. Mais da


metade da água consumida é destinada a irrigar campos cultivados. Em uma época como a actual
em que já se tem falta de água para o consumo em diversos locais, essa informação por si só já se
configura como uma preocupação ambiental importante” (Espinosa (1993).

Todavia, a agricultura é responsável pela maior parte do consumo de água potável na


cidade de Montepuez entre todas as actividades desenvolvidas pela comunidade local, é nessa
actividade que também ocorre o maior desperdício. A água utilizada para a irrigação das
lavouras é em grande parte perdida, parte dela evapora ou escoa, indo parar em mananciais
poluídos, o que a torna imprópria para o consumo da população.

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Conclusão

Diante das reflexões empreendidas no trabalho aferiu-se que com as revoluções ocorridas
nos séculos passados, não somente a indústria, como a agricultura expandiu seus sistemas e
desenvolveram novas metodologias para alcançar mais lucros e crescimento, entretanto, ambos
contribuíram para uma grande degradação ambiental. Na agricultura a degradação ocorreu pelo
abuso das fontes naturais (água, solo e ar) e manejo inadequado das plantações com o uso de
agro-químicos, desmatamento, entre outros. Mas como exposto anteriormente observa-se que
pode haver alternativas sustentáveis para a agricultura, entretanto é necessário investir mais em
pesquisas que visem tais objectivos, além disso, devem-se ter incentivos políticos e fiscais para
que os agricultores contribuam para o desenvolvimento sustentável. Esse desenvolvimento
sustentável deve integrar o meio ambiente por completo, objectivando o ganho económico e
desenvolvimento da agricultura integrada com o desenvolvimento do meio ambiente, buscando
práticas alternativas que resultem na melhora da qualidade de vida, tanto da população quanto do
meio ambiente.

Através deste trabalho de revisão, propõe-se que haja mais estudos quanto aos impactos
que a agricultura tem causado no meio ambiente ao longo de todo seu desenvolvimento e as
melhorias necessárias, como produtos alternativos ou novas formas de manejo, que tenha em
vista o desenvolvimento sustentável.

Contudo, importa salientar que nenhum trabalho de cunho científico está isento de erros,
omissões e imprecisões, pelo que este não será uma excepção, sendo deste modo susceptível de
críticas e sugestões para o melhoramento do mesmo.

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Referências bibliográficas

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Cavararo, R. (2004). Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente, 2ª edição Rio de
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Espinosa, H. R. M. (1993). Desenvolvimento e meio ambiente sob nova ótica. Ambiente, v.7, n.
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Ibama. Directrizes para operacionalização do Programa Nacional de Educação Ambiental.


Brasília: Ibama. (1997). Tbilisi, CEI, de 14 a 26 de out. de 1977.

Lewandowski, I. (1999). Sustainable crop production: definition and methodological


approach for assessing and implementing sustainability. Crop Sciences, v. 39, p. 184.

Ludwing R. M. (200). A Química escondida na comida e no Solo. Mundo Jovem, V43.

MAE - Ministério da Administração Estatal. (2014). Perfil do Distrito de Alto Molócuè.


Província da Zambézia. Ministério da Administração Estatal, Direcção Nacional da
Administração Local. 1ª Edição, Maputo - Moçambique

Matos, M. L. et al. (1990). Contrastes Geográficos. Edições ASA. Portugal

Milaré, É. (2009). Direito do Ambiente: A gestão Ambiental em foco. 6º. ed. São Paulo: Revista
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MINAG - Ministério da Agricultura. (2010b). Proagri II. 2004 e Relatório da Inspecção de


Finanças 2010. Plano Director de Extensão Rural. Strategy Document. Maputo.

Nalini, J. R. (2001). Ética Ambiental. Campinas: Millennium.

Rodrigues, G. S. (2011). Conceitos ecológicos aplicados à agricultura. Revista Científica


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