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PLANILHA ELETRÔNICA DINÂMICA APLICÁVEL NO

DIMENSIONAMENTO DE COLUNA DE ÁGUA FRIA


Stuart C. Bueno Da Silva 1; Welitom Ttatom Pereira da Silva 2; Tadeu José Figueiredo Latorraca 3

Resumo – A utilização de ferramentas computacionais, como as Planilhas eletrônicas, proporciona


ao acadêmico (a) o desenvolvimento da capacidade de compreender definições, delinear dados,
verificar e analisar cenários, otimizar processos e obter senso crítico dos resultados. A presente
pesquisa teve como propósito apresentar uma Planilha eletrônica elaborada aplicável no
dimensionamento de coluna de água fria, tendo como auxílio o software MS-Excel. Visto os
resultados e aferições da pesquisa, constatou-se que a Planilha eletrônica desenvolvida esta apta a
dimensionar coluna predial de água fria, de forma simples e rápida. Sugere-se, também, o
aperfeiçoamento da ferramenta para um possível software de baixo custo.

Palavras-Chave – instalação hidráulica, ensino, tecnologia.

DYNAMIC SPREADSHEET APPLICABLE IN COLD WATER COLUMN


DESIGN
Abstract – The use of computational tools, such as strategic plans, provides the academic
development of the ability to define, delineate data, verify and analyze scenarios, optimize
processes and obtain a critical sense of the results. The present research had the purpose of
presenting an elaborated spreadsheet applicable to the cold water column design, with MS-Excel
software as an aid. Considering the results and gauges of the research, it was verified that the
spreadsheet developed is able to scale the water column in a simple and fast way. It is also
suggested to improve the tool for possible low-cost software.

Keywords – hydraulic installation, teaching, technology.

1
Graduando do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso – DESA/UFMT, Av. Fernando Corrêa da
Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900, e-mail: stuartbueno@gmail.com
2
Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso – DESA/UFMT, Av. Fernando Corrêa da
Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900, e-mail: welitom@cpd.ufmt.b
3
Professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, Universidade Federal de Mato Grosso – DESA/UFMT, Av. Fernando Corrêa da
Costa, nº 2367 – Bairro Boa Esperança. Cuiabá – MT – 78060-900, e-mail: tjfilator@yahoo.com.br

XX Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1


INTRODUÇÃO

A concepção de projetos hidráulicos sanitários requer entendimento de cálculo, geometria,


fenômenos de transporte, hidráulica, normativas pertinentes entre outras exigências básicas. Para
abarcar estes conhecimentos são necessárias, além da orientação indispensável do docente
(STIELER, 2007), ferramentas capazes de auxiliar, de forma eficiente e eficaz, o processo de
elucidação dos assuntos trabalhados no processo de ensino aprendizagem do discente. A utilização
de ferramentas computacionais, como as Planilhas eletrônicas, proporciona ao acadêmico (a) o
desenvolvimento da capacidade de compreender definições, delinear dados, verificar e analisar
cenários, otimizar processos e obter senso crítico dos resultados. Segundo Bianchini & Bisognin
(2015), este método tecnológico privilegia o raciocínio. Para Stieler (2007), a tecnologia da
informática, apesar de não ter sido oriunda de fins educacionais, conFigura como uma ferramenta
promissora no contexto educativo.

OBJETIVO

A presente pesquisa teve como propósito elaborar uma Planilha eletrônica aplicável no
dimensionamento de coluna de água fria, tendo como auxílio o software MS-Excel.

MÉTODO

Primeiramente, realizou-se a revisão em literatura por meio de livros, artigos científicos,


catálogos de produtos hidráulicos (canalizações) e a norma NBR 5626/1998, a qual dispõem sobre
instalação predial de água fria. Em seguida, fez-se a escolha das linhas, classes e diâmetros de
tubulações comerciais comumente utilizadas em instalações prediais de água fria para compor a
base de dados das Planilhas. Adiante, elaborou-se as Planilhas eletrônicas de dimensionamento
através do software MS-Excel 2007. Por fim, realizaram-se simulações aferindo os resultados com a
literatura consultada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Antes de discutir os resultados, é imperativo citar que, nas respectivas Planilhas apresentadas
neste artigo: os números e indicações em cor preta simbolizam dados obtidos nas literaturas/normas
consultadas ou observações automáticas aos resultados dos cálculos; os números em cor azul
caracterizam os dados de entradas manuais (devem ser digitadas) e os em cor vermelho e branco em
fundo vermelho conFiguram-se os resultados processados (valores calculados pela programação da
Planilha). O dimensionamento inicia-se na Planilha 1 (Figura 1). Nela, indicam-se os valores dos
pesos relativos das respectivas peças de utilização (coluna 5), e prontamente tem-se a somatória de
seus referentes pesos. Posteriormente, este valor (somatória dos pesos) será utilizado nos cálculos
das vazões (coluna (3), Figura 2).
Em sequência, na Planilha 2 (Figura 2), empregam-se os dados inerentes às especificidades do
sistema de canalizações (comprimento, quantidade e tipos das peças e conexões) e pressão estática
disponível. Estes são considerados como os dados “fixos” de um cenário de projeto. Contudo, com
a manipulação de valores de velocidades máximas, admitida na coluna 1, linha 6, permite calcular,
julgar e modificar, rapidamente, todos os valores na Planilha 3, da colunas 6 a 18 (Figura 3).
Portanto, permite verificar: a velocidade máxima permissível em cada trecho da coluna; perda de
carga unitária; perda de carga total; pressão disponível a montante e a jusante dos respectivos

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trechos da canalização; os comprimentos equivalentes, reais e totais. Na Planilha 2, coluna 1,
linha 1 (Figura 2), vê-se que o último pavimento (12º) é considerado parte do desnível entre a cota
geométrica crítica de lâmina d’água do reservatório superior e a primeira derivação na coluna
(pressão estática disponível). Por este motivo, no dimensionamento de coluna para um condomínio
vertical de 12 pavimentos, descrito nesta pesquisa, a Planilha 2 considera 11 pavimentos.

Figura 1 – Planilha de dimensionamento 1 (pesos relativos referentes a pontos de utilização).

Figura 2 – Planilha de dimensionamento 2 (especificidades das canalizações, altura estática e velocidade máxima).

Ainda, na Planilha 2 tem-se o emprego das possíveis peças e conexões e sua quantidades
compreendidas entre o barrilete e a primeira derivação da coluna (colunas 2 e 3). Os tipos de peças
e conexões fixadas nesta parte da Planilha (coluna 2) basearam-se nas observações feitas em
projetos reais e livros consultados. Os valores de comprimentos equivalentes (coluna 4) modificam-
se automaticamente quando alterados os valores de velocidade (Figura 2, coluna 1, linha 6). Na
Figura 3, verifica-se o resultado final do dimensionamento da coluna. Nela, exibem-se uma
simulação oriunda dos dados anteriormente expostos (Planilhas 1 e 2).

Figura 3 (a) - Planilha eletrônica 3 resultado do dimensionamento de coluna de água fria para material em aço
galvanizado.

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Figura 3 (b) - Planilha eletrônica 3 resultado do dimensionamento de coluna de água fria para material em aço
galvanizado (continuação).

Na Planilha 3 menciona-se: [1] número de pavimentos; [2] denominação dos trechos; [3] peso
relativo à peça de utilização; [4] o peso relativo acumulado; [5] vazão em cada trecho, oriunda da
equação 1; [6] o diâmetro estimado pela equação 3; [7] diâmetro nominal comercial, o qual é
calculado a partir do diâmetro interno comercial mais próximo do diâmetro estimado; [8] diâmetro
interno; [9] cálculo da velocidade a partir do diâmetro interno (equação 2); [10] verificação da
velocidade, que de acordo com a NBR 5626 (1998), não deve exceder 3 m.s -1; [11] comprimento
real dos respectivos trechos; [12] comprimento equivalente; [13] somatória dos comprimentos real e
equivalente (virtual); [14] perda de carga unitária, calculada pela equação de Fair Whipple Hsiao,
para aço galvanizado; [15] perda de carga total; [16] pressão disponível a montante do trecho; [17]
pressão disponível a jusante; [18] verificação das pressões. Para pressões entre 0,5 e 40 (m),
indicam “Pressão admissível”. Para pressões abaixo de 0,5 (m), acusa-se “Pressão insuficiente”, e
maiores que 40 (m), menciona-se “Pressão excedida”.
As equações constada na Planilha 3 (Figura 3) elencam-se logo abaixo:

Q (1)

(2)

(3)

(4)

Onde:
Q = vazão (m3.s-1)
V = velocidade (m.s-1)
D = diâmetro (m)
L = comprimento total (m)
J = perda de carga unitária (m.m-1)

Na Planilha 3 (Figura 3), cada diâmetro nominal esta elencado ao seu diâmetro interno,
portanto, quando estima-se um diâmetro qualquer a partir da equação 3, a Planilha afere o referido

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valor com o diâmetro interno comercial mais próximo, adotando-o. Por seguinte, tem-se a escolha,
espontânea, do seu diâmetro comercial (DN) correspondente (Figura 3, coluna 7). Esta concepção
de cálculo é auxiliada pela função condicional (SE) do MS-Excel. As Planilhas 2 e 4 também
utilizam esta função.
Verificando o método de dimensionamento oferecido pelas Planilhas eletrônicas, nota-se que
elas concedem ao usuário a flexibilidade de: (1) escolher os diâmetros econômicos considerando as
perdas de cargas admissíveis para o sistema; (2) verificar e modificar as velocidades máximas
admissíveis; (3) recalcular, automaticamente, os comprimentos equivalentes, para cada alteração de
bitolas, sem haver a necessidade de consultar as usuais Tabelas; (4) recalcular a perda de carga
unitária, podendo observar se seus respectivos valores não ultrapassam 8%, e, se ultrapassarem, se
influenciam na pressão disponível dos próximos trechos. Principalmente nos últimos pavimentos;
(5) Verificar o comportamento das perdas de carga unitárias e totais, em relação as alternâncias de
diâmetros. Além disso, a Planilha de possibilita o calculista/projetista a verificar se para atingir a
pressão disponível solicitada (demanda), apetecendo aos requisitos técnicos e econômicos, é
conveniente alterar a altura estática do reservatório ou aumentar a bitola da canalização.
Na Figura 4, verificam-se os cálculos de escoamento (Reynolds) e do fator de atrito os quais
subsidiarão a Planilha 5. Através desta Planilha calcula-se o numero de Reynolds e o fator de atrito
para cada trecho da coluna. Com estes dados, juntamente com o valor da rugosidade calcula-se as
perdas de cargas com a equação de Darcy Weisbach (como indicado na NBR 56265/98). Desta
forma, na Planilha 5 pode-se aferir os valores de perdas de carga calculadas pelas equações usuais
da hidráulica (Figura 5) e relacioná-las com as bitolas. Pois sabe-se que estas equações são
indicadas para determinadas faixas de diâmetros. Na Planilha 5, constam-se, também, a verificação
da pressão residual e a pressão estática total do sistema.

Figura 4 - Planilha 4 de dimensionamento (determinação do tipo de escoamento e fator de atrito)

Figura 5 - Planilha 5 de dimensionamento (calculo de perdas de carga total e pressão disponível no último pavimento)

Aferindo os resultados de dimensionamento entre o verificado na literatura (Figura 6) e o


obtido pela Planilha eletrônica (Figuras 3 (a) e 3 (b)), nota-se que a ferramenta elaborada é capaz de
realizar os mesmos cálculos. A Planilha elaborada trabalha com diâmetros reais (oferecidos no
mercado), e, portanto, as magnitudes dos fenômenos cinemáticos e dinâmicos aproxima mais da

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realidade do cenário dimensionado. Nota-se, também, que a Planilha elaborada baseia-se na NBR
5626 de 1998, portanto, o peso relativo para bacia sanitária com válvula de descarga é igual a 32.
Por isto diferencia-se do valor verificado no Quadro de dimensionamento na Figura 6 (baseada na
NBR 5626/1992).
Trabalhando com a velocidade máxima de 1,8 m.s-1 (coluna 1, linha 6, Figura 2), obteve-se
valores de perdas de cargas unitária inferiores a 8% nos últimos pavimentos, variando entre 0,065 e
0,034 m.m-1. Para estes mesmos pavimentos, no Quadro 1 (Figura 6) estes valores são superiores.
Viu-se, também, que as perdas de cargas totais (coluna 15, Figura 3 (b)), em grande parte dos
trechos, foram menores que as do dimensionamento apresentados na Figura 6. As velocidades
máximas calculadas pela Planilha eletrônica (coluna 10, Figura 3 (a)) apresentam-se inferiores a 2,5
m.s-1. A NBR 5626/98 orienta valores máximos admissíveis de 3 m.s-1, Mello & Netto (1988) e
Mancityre (1996), recomendam 2,5 m.s-1. Verificam-se em literaturas, o método de
dimensionamento, através da equação da continuidade (equação 2) utilizando a velocidade máxima
(3 m.s-1), no intuito de obter o diâmetro econômico. Todavia, este método nem sempre é adequado.
Pois, podem-se atingir magnitudes de pressão disponível negativo (Figura 7).
Outra relevância observada, é que o tempo investido no dimensionamento utilizando a
Planilha eletrônica é significativamente menor, comparando-o com os métodos tradicionais dos
ábacos. É cabível citar, que a ferramenta proposta não oferece custos significativos ao usuário, em
vista de softwares sofisticados de dimensionamento. E, apresenta-se como uma ferramenta didática
relevante. Pois, as análises vistas e discutidas através do uso desta Planilha elucidam e aplicam os
conceitos de hidráulica em condutos forçados e instalações prediais hidráulico-sanitárias, além de,
auxiliarem no processo de ensino aprendizagem do acadêmico. Podendo usufruir da ferramenta,
aplicando-a em seus respectivos projetos de coluna de água fria.

Figura 6 - Quadro de dimensionamento Q.1 (MANCITYRE, 1996, pg. 88)

Figura 7 - Quadro de dimensionamento Q.1 (MANCITYRE, 1996, pg. 88)

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O desenvolvimento da Planilha eletrônica de dimensionamento de coluna de água fria,
abrangeu, também, canalizações em material PVC. Dotada dos mesmos princípios de
dimensionamento e manipulação da Planilha eletrônica para material de aço galvanizado,
apresentada anteriormente. Apesar da NBR5626/98 (página 32, Figura A.1) apresentar alguns
detalhes em sua Planilha, não contradiz as Planilhas eletrônicas propostas nesta pesquisa.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇOES
Visto os resultados e aferições da pesquisa, constatou-se que a Planilha eletrônica
desenvolvida esta apta a dimensionar coluna predial de água fria, de forma simples e rápida. É
possível, também, através dela, obter o entendimento de conceitos de hidráulica aplicados de forma
prática e consistente na vida profissional. Do ponto de vista didático, a execução dos cálculos nas
Planilhas permitem visualizar mais facilmente problemas que devem ser corrigidos.
Recomenda-se, para fins de aperfeiçoamento da ferramenta, utilizar a função “PROC” em
substituição da função condicional “SE”, pois esta última é limitada quanto à quantidade de
condições. Sugere-se, também, o aperfeiçoamento da ferramenta para um possível software de
baixo custo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626:1998. Instalação predial de


água fria

BIANCHINI, D. F.; BISOGNIN, C. (2015). Uma proposta didática para o ensino estatística: o uso
de Planilha dinâmica para representação gráfica. Matemática, Mídias Digitais e Didáticas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, pp. 1 – 27.

MANCITYRE, A. J. (1996). Instalações Hidráulicas: prediais e industriais. Ed. livros técnicos,


p.80-91.

MELO, V. O; NETTO, J.M.A (1988). Instalações Prediais Hidráulico-Sanitárias. São Paulo.


Blucher, p.15-35.

STIELER, E. C. (2007). Uso da tecnologia da informática no ensino superior um estudo da


aplicação da Planilha eletrônica Excel da disciplina de matemática financeira. Centro Universitário
Franciscano, UNIFRA, Santa Maria RS, pp. 9 – 90.

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