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A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou nesta semana proposta que altera o Código

Penal para tipificar o crime de exposição pública da intimidade sexual.

O objetivo é punir, com detenção de 3 meses a um ano, quem ofender a dignidade ou o


decoro de pessoas com quem mantém ou manteve relacionamento ao divulgar imagens,
vídeos ou outro material com cenas de nudez ou de atos sexuais.

Para se ter uma noção, a pena é a mesma para o crime de difamação (artigo 139), que tem como
objetivo proteger a honra objetiva das pessoas, que é justamente o conceito que um indivíduo
tem no meio social em que vive, é a sua reputação.

Para o relator do projeto, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), o novo crime deve ser inserido no
próprio Código Penal, em vez de constar da Lei Maria da Penha, como previsto em alguns dos
apensados, ou ainda ser definido em lei específica.

“Apesar de se tratar de crime cometido usualmente contra mulheres e adolescentes do sexo


feminino, nada há que impeça sua perpetração contra homens e adolescentes do sexo masculino,
e mesmo contra crianças”, justificou Rosinha. O texto aprovado assegura a proteção legal a
pessoas de todos os gêneros e faixas etárias.

A definição do tamanho da pena levou em conta a similaridade com o crime de invasão de


dispositivo informático, incluído no Código Penal pela Lei de Cibercrimes.

Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores,
mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou
destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou
instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita. 

“A principal distinção entre o crime previsto na Lei de Cibercrimes, conhecida como ‘Lei
Carolina Dieckmann’, e o crime que se pretende punir agora é que na invasão de dispositivo
informático alheio, a informação (ou imagem) é furtada da vítima, enquanto que no caso
presente a imagem é tomada com ou sem o consentimento da vítima”, explicou o relator.

Pelo substitutivo, a mesma pena será aplicada ao infrator que divulgar cenas de nudez ou
de atos sexuais de terceiros mesmo sabendo que são que de caráter privado. Se cometido
por motivo torpe ou contra pessoa com deficiência, a pena para o crime será aumentada em
1/3.

Dr. Rosinha entendeu ainda não ser necessário incluir como medida cautelar a remoção do
conteúdo impróprio de sites, blogs e redes sociais, uma vez que a questão já está prevista no
Marco Civil da Internet.

Carolina Dieckmann

Agora, a garota vai mover uma ação na esfera cível. "Vamos entrar com uma ação por danos
morais e materiais para tentar reparar o estrago que ele fez. Minha vida nunca mais será a
mesma", disse a jovem ao G1. Ela informou que a abertura do novo processo deve ocorrer ainda
neste mês, mas ainda não soube falar em valores, pois o caso tem de ser analisado pelo juiz
responsável.

Fran também defende a criação de uma lei para proteger outras mulheres e punir pessoas que
divulguem fotos ou vídeos íntimos sem autorização. "Assim como a [Lei] Maria da Penha, a
criação de uma nova lei seria um ponto positivo nessa situação. Tudo tem um lado bom e eu
creio que não passei por tudo isso à toa. Ainda quero e vou tentar que a Lei Fran Santos saia do
papel para que não prejudique outras mulheres. Já ouvi que mulheres na minha situação
morreram ou cometeram suicídio. É bastante complicado", lamenta.

O estupro ainda vitima milhares de mulheres de todas as idades cotidianamente no Brasil e no


mundo. Suas consequências para as vítimas são severas e desvastadoras: a violência sexual tem
sérios efeitos nas esferas física e mental, no curto e longo prazos, conforme aponta a pesquisa
Violência sexual: estudo descritivo sobre as vítimas e o atendimento em um serviço universitário
de referência no Estado de São Paulo (Caderno de Saúde Pública, maio/2013).

Segundo o estudo, entre as consequências físicas imediatas estão a gravidez, infecções do


aparelho reprodutivo e doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Em longo prazo, as
mulheres podem desenvolver distúrbios na esfera da sexualidade, apresentando ainda maior
vulnerabilidade para sintomas psiquiátricos, principalmente depressão, pânico, somatização,
tentativa de suicídio, abuso e dependência de substancias psicoativas.

Além de afetar a saúde física e psíquica das vítimas, atinge toda a sociedade ao colocar o medo
do estupro como um elemento da existência das mulheres que pode limitar suas decisões e,
consequentemente, afetar seu pleno potencial de desenvolvimento e sua liberdade. Um
levantamento realizado pela campanha Chega de Fiu Fiu com 7.762 mulheres internautas
revelou, por exemplo, que 81% das participantes já deixaram de fazer alguma coisa de que
gostaria, como sair a pé ou ir a algum lugar, por medo de sofrer assédio nas ruas

Depois de feita a exposição do material com conteú do íntimo das mulheres, a


tranquilidade e retorno às atividades c
otidianas são alguns
exemplos do que dificilmente serão como antes. Cheg
ando ao ponto da
distribuição viral das imagens, provavelmente elas
ficarão marcadas para
sempre – ou, se não ficarão de fato, certamente ter
ão a sensação de que
estão, sobretudo pela vergonha sentida.

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