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NO
RIO AM-AZON AS
1.0 VOLUME
Série 5.ª· * BRASILIANA *
DIIJLIOTECA P&DACÚGICA BRASILEIRA
Vol. 237
O NATURALISTA
NO
1.0 VOLUME
"' :,,
\ v. "
1944
COMPANHIA EDITORA NACIONAL
Sã o Paulo - Rio do Janeiro - Bahia - Recife - Porto-Ale1;-re
Do or igí nal ínglês:
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COMENTÁRIO DE CARLOS DARWIN
PARA
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30 PARÁ
PARA
( continuação )
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7
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s
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do" Clcnnifformes. a nne perten rPm as .,-:,_r ,,,..s e s:oc/\" (nn ,snh-or-
dPm Arr1Pfl.P. ). No t e mno ae Bate!==!. nnr~m . eRt::tV!lm a m h n~ na
m tlo~Jll!l ()rtlom, P,, t-11 ...,,...7, pnr issn. n.inrl!t n,e 11:\ O a11tor a, deq'"'"na-'
c i'l o nrfmlth,,,_ d<> Pa ll"" 'º''" (, a º"" ,se lê no tP,,-tn). Hoie o
nome CÍPntffÍCO !lO n'l.V~ ORlnhn f. Ji/Ur?J'YJ• •rta 7,.elfa8 11,elfaS, encontra•
do em toda a provfncfa Ama.11ônfca. · (Fig. 9 ) . ·
FAUNA oo Inrrmí 117
PARA
(Conclusão)
• • •
Agora acrescentarei all!uma~ notas mais que acumu-
lei sôbre assuntos de História Natural, f eitas no Pará
e arredores.
Já referi que os macacos são raros na vizinhança
imediata do Pará. S6 encontrei três espécies na mata
perto da cidade; são animat;;; tími dos, que evitam a vizi-
nhança das cidades, onde são objeto de muita persegui-
ção por parte dos hab;tantes, que os matam para comer.
A única espécie oue via freouenterriP.nte era o nequ rno
Midas 11trs1tlus (127), um saguí, família peculiar à Amé-
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142 PARÁ
O TOCANTINS E CAMETÁ
Preparativos para a viagem - A baia de Guajará - Bosque
de palmeiras em leque - O baixo Tocantins - Esboço do
rio - Vista Alegre - Baião - Rápidos - Viagem de bote
às cachoeiras de Guariba - Vida dos indígenas no Tocan-
tins - Segunda viagem a Cametá.
meia milha, ligando o rio Mojú. com outro, que d esagua no Tocan-
tins quas i em frente de Camet á . Quand o !amos cm meio d êsse
ca nal, fom os surpr eendidos pela m aré contrária, de modo que fo-
m os obrigados a esp erar o r efluxo, e amarrámos a e mba rcação
e m uma das árvores da mar~cm. Mas dentro em pouco r o mpeu-se
o cabo e fomos arrastados, com sério r isco de sermos violenta-
m ente atirados contra um baixio. Felizmente con seguimos safã-la
e levá-la para uma p e qu en a enseada de águas t r a nqu11as... As
cinco h oras da manhã alcançámos Sant'Ana, povoa çi'io onde há
bonita Ig reja do p itoresco estilo It a lia no, usuai no Pará n.
(15 5) E' o miritf, muri tf ou bu ritf, p a lmeira da qual e~eve
Ma r tiu s: "En tre todas as palm eiras da América do Sul, nenhum a
tem sido tão gabada pelos escr itores como a miritf. Par ticular-
m ente discorreu Gumilla corri eloqu ência sôbre as mú.ltlpl as uti-
lidades que e la ofe r ece entre os guaraú.nos. T a mbém os fn dios
brasileiros transformam os colossais t roncos dessa árvor e em ca-
noas, pranch as, caibr os e vá rios utensílios ; mas o pr epar o de um
tino amilo da medu la, igual ao sagú. da s I n dias Orientais. é-lhes
desconhecido, provavelmente por não ter ein os fncolas, como acolá ,
moradia fix a n os ter renos ü midos, onde cresce a pa lme ira , e por
c ultivar em a mandioca nas matas enxutas. Com as fôlhas e t a los
fabricam Igualmen te cestos; também bebem a se iva doce que se
ajunta em depressões fe it as nos troncos derribados. :Ma is rara-
m ente preparam uma bebida com o coziment o dos frutos, por
pref erirem a das bagas das palmeiras pa tauá e assa! ; poré m t ã o
p ouco n oj entos como seus irmãos mais setentr ionais, conh ecem e
apreciam as la r va!J do gorgulho das palmeiras, que se desenvol-
vem !nú.meras nos t roncos caldos. H u mboldt encontrou-a no sopé
d o monte Duida; seg undo a afirmação de n ossos ln dios, n o J apu-
r á essa palmeira se encontra nos .an uentes ocidentais do rio Ne-
gro, e devem os supor que se espalha desde essas terr as interiores
atê ao sist ema do O renoco. à s ua foz, à Ilha Trlnidad e aos llanos
ile éumaná. Em Essequibo. Sur!nam e Caiena viceja ainda m ais
par a o interior". Segu ndo Alberto Sampaio o miritl de Manaus
é Mauritia sphaerocarpa. N as plantas novas há espinhos na pá-
gin a s uperior das nervuras , o que fez a l guns a u tçres criare m uma
ou t r a especie M auritia setigera.
BuruTi E Unussú 151
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158 Ü TOCANTINS
• • •
SETEMBRO,17. - Muito cedinho começámos nossa
viagem de volta. Arroios está situado a cerca de 4. 0 e
10' de latitude S. e fica, portanto·, a 130 milhas da
foz do Tocantins. Quinze milhas acima de Guaribas há
out ra cachoeira semelhante, chamada Tabocas. Disse-
l'am-nos que há, ao todo, quinze cachoeiras entre Ar-
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206 CARIPÍ
é exp!icavel. Os verd a deiros vampiros <mo rcegos ,au gad ores ·ae
sangu!' ) formam familia esnecfal. nesmo<lontfdac, morcE>go~ robus-
tos. de orelhas curtas. apêndice nasal rPCluzi<lo a uma Rlmnles ca-
rüncula e sem membrana interfomural. Sabe-se hoje que tais
morcegos não sugam o sangue, mas que o lambem das feridas
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nas árvores, até que Owen mostrou como ele podia co-
mer no chão.
Em janeiro as laranjeiras ficaram cobertas de flô-
res (pelo menos em maior profusão, pois florescem mais
ou menos durante o ano inteiro) e as flôres atraíram
multidão de beija-flôres. Todos os dias, nas horas mais
frescas da manhã, e à tarde, das quatro às seis, apare-
ciam aos bandos, esvoaçando entre as árvores. Seus mo-
vimentos são diferentes de todas as outras aves. Lan-
çam-se de um lado para outro com tal velocidade, que
a custo os podemos acompanhar com a vista, e quando
param diante de uma flor é apenas por alguns momen-
1tos. Libram-se no espaço, batendo as asas com incrível
rapidez, sondam a flôr e partem logo para outro ponto
da árvore. Não procedem com aquela maneira metó-
dica das abelhas, visitando flor por flor, mas saltam de
uma parte da árvore para outra, do modo o mais capri-
choso. Às vezes encontram-se dois machos e lutam, num
vôo ascendente, como é comum observar-se nos insetos,
e depois bruscamente se separam e voltam ao seu lidar.
De vez em quando pa ram para descan.sar, pousando em
ramos sem fôlhas, onde os vemos sondando as flores
ao seu alcance. Quando esvoaçam, não se podem ver as
brilhantes .côres que os adornam, nem se podem distin-
guir as especies, a não ser que tenham um pouco de
branco em sua plumagem, como por exemplo, Heliothrix
auritus, que tem toda face ventral branca, e Floris1iga
meUivora, de cauda branca (218). Não há grande va-
riedade de beija-flores na região amazônica, sendo mui-
• • e
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• • •
Um de meus vizinhos em l\furucupí era caçador
afamado naquelas redondezas. Era um indio civiliza-
do, casado e ,com familia constituida, chamado Raimun-
do, que costumava, de vez em ,quando, ausentar-se para
alguns ponto,; de caça produtiva, cuja situação conser-
vava em segr edo, para buscar provisões frescas para a.
família. Eu já tinha observado que, nesse clima exaus-
tivo, o alimento animal era tão necessário como no Nor-
te da Europã. A tentativa de viver de alimentos vege-
tais, tinha sido para mim um desastre, e eu não podia
comer o execravel peixe salgado, consumido pelos br asi-
leiros. E1-;tive muitos dias sém carne de qualquer espé-
cie, e nada mais se encontrava perto de Ca ripi. Pedi,
por isso, ao senhor Raimundo, que me permitisse, como
obséquio, acompanhá-lo em suas caçadas para matar al-
guma coisa para. meu uso. Consentiu e marcou o dia
para eu ir dormir em sua casa, pois devíamos estar pron-
tos para partir, com a vasante da maré, pouco depois
da meia noite.
O local que íamos visitar estava situado perto da
ponta extrema da terra de Carnapijó onde se projeta
para o Norte, no meio do -estuário do Pará, dividin do-se
em numerosa s ilhas. Na noite de 11 de janeiro de 1849
eu me encaminhei para a casa de Raimundo, levando
comigo uma espingarda de dois canos, munição e a cai-
xa para espetar os insetos que apanh asse. Raimundo
era carpinteiro e pareci a homem muito trabalhador.
Tinha com ele doi.s aprendizes índios: um meninote e um
rapaz de seus vinte anos. A esposa era de sua raça.
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recia que para êle era coisa sem importância ter uma
carga, um navio e uma tripulação que exigiam poupar
o tempo. Prim eiro o prazer e depois os negócios, pare-
cia ser a sua max1ma. Ficámos em Cametá 12 dias. O
principal motivo para ess a demorada estada era um
f estival em Aldeia, duas milhas abaixo de Cametá, que
devia começar no dia 21, e no qual o meu amigo queria
tomar parte. No dia da festa a escuna ancorou f>m
frente da Aldeia, e amo e guarnição caíram n a pândega.
A tarde soprou um vento forte e foram dadas ordens
de embarcar. Descemos no escuro, entre as pl antações
de cacau, laranja e café. que cobriam a margem elevada,
e depois de correr grande ris co de sermos engulidos pelo
mar grosso, quando fazíamos a travessia na monta ria,
-ch eg-ámos todos a bordo por volta das nove horas. Fi-
zemo-n os à vela, entre os adeuses que nos gritava m da
marg-em as namoradas índi as e mulatas, e com vento e
maré favoraveis , dentr o em pouco estávamos muitas mi-
lhas distante.
Consistia a tripulação, como já disse, de 12 pessoas.
Um dos tripulantes era um moço português de Trás- os-
.:Montes, bela amostra da qual idade de emigrantes que
Portugal manda ao Brasil. Teri a seus 22 ou 23 anos
de idade e estava alí há dois anos, vestindo e vivendo
como os índios, aos quais era certamente inferior. Não
sabia ler nem escrever, enquanto pelo menos um de nossos
t'apúios o fazia. Tinha em seu tosco baú de pau pequena
imagem de Nossa Senhora, a quem r ecorria quando caía
alguma r ajada ou roçávamos em qualquer banco de areia.
Outro marinheiro era um branco trigueiro de Carnetá;
o resto da tripulação era constituída de índios, exceto o
cozinheiro, um cafuso. É frequente dizer-se gue
esta cla. se de mestiços é a pior de todos os numerosos
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270 BAIXO .AMAZONAS
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286 BAIXO AMAZONAS
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302 BAIXO AMAZONAS
Prefácio 5
Prefácio da primeira edição . . . . . . . . . . 11
Comentário de Carlos Darwin . . . . . . . . . . 18
Prefácio da seg unda edição . . . . . . . . . . . 25
I - Pará .......... .. .. .... ...... 27
II - Pará (continuação) . . . . . . . . . . . . 74
III - Pará (conclusão) . . . . . . . . . . . . . . 121
IV - O Tocantins e Cametá . . . . . . . . 146
V - Caripí e Baía de Marajó . . . . . . 202
VI - O Baixo Amazonas - Pará e
Obi<los 245
VII - BaLxo Amazonas - Obidos e
Manaus ou Barra do Rio Negro . 294
* ~ste livro foi composto e impresso
nas offoinas da ' Emprésa. Gráfica da
"Revista dos Tribunais" Ltda., à
rua Conde de Sarz edas, 98, S. Paulo,
Brasil, para a Com panhia Editora
Nacional, em junho de 1944,
Geoi,-a phu,,1 MJ.s 60 ,;, l Degree
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