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UTILIZAÇÃO DA MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIO-

NAL (COPM) EM ENFERMARIA DE CLÍNICA MÉDICA: RELATO DE


EXPERIÊNCIA

Viviany Letícia Gurjão da Silva1; Lorena Costa Branco2; Luísa Sousa Monteiro
Oliveira3
1
Terapeuta Ocupacional, Graduando, Universidade Federal do Pará (UFPA);
2
Terapeuta Ocupacional, Graduando, UFPA;
3
Terapeuta Ocupacional, Mestrado, UFPA
vivianygurjao12@gmail.com

Introdução: O adoecimento é uma experiência difícil para o ser humano, e durante o


processo de hospitalização, ocorrem mudanças na vida do indivíduo, como as rupturas
no seu cotidiano, nos papéis sociais e nas diversas situações de estresse físico e
psicológico, como o afastamento da família e amigos, e alterações na rotina. Diante
disso, o terapeuta ocupacional é o profissional habilitado a avaliar e intervir sobre a
saúde ocupacional (1). Como instrumento de avaliação, pode-se utilizar a Medida
Canadense de Desempenho Ocupacional- COPM, uma medida individualizada criada
para ser usada por terapeutas ocupacionais baseando-se na prática centrada no cliente,
com a finalidade de detectar mudanças na autopercepção do cliente ao longo do tempo.
A mesma é usada para identificar áreas-problemas no desempenho ocupacional e
oferece uma quantificação das prioridades de desempenho ocupacional, avaliar o
desempenho e satisfação relacionados às áreas-problemas e medir as mudanças na
percepção do cliente sobre seu desempenho ocupacional ao longo da intervenção de
terapia ocupacional (2). A medida abrange três áreas de desempenho ocupacional:
atividades de autocuidado (cuidados pessoais, mobilidade funcional e funcionamento na
comunidade), atividades produtivas (trabalho remunerado ou não, manejo das tarefas
domésticas, escola e brincar) e atividades de lazer (ação tranquila, recreação ativa e
socialização). Não é necessário que o cliente identifique problemas em todas as áreas de
desempenho ocupacional. Na avaliação atribui-se um grau de importância a essas
atividades, que varia numa escala de 1 a 10, de forma crescente, em que 1 significa sem
nenhuma importância e 10 extremamente importante. O terapeuta pontua, em conjunto
com o cliente, os cinco principais problemas de desempenho ocupacional, listando as
atividades comprometidas conforme o grau de importância estabelecido. Em seguida, o
indivíduo autoavalia seu desempenho e satisfação por meio de duas escalas de variação
de 1 a 10 pontos para as respectivas tarefas funcionais. No desempenho solicita-se que o
cliente pontue a maneira como realiza a ocupação agora, onde 1 é incapaz de fazer e 10
se é capaz de fazer extremamente bem. Na satisfação o cliente deve pontuar o quanto
está satisfeito com a maneira que realiza agora, onde 1 se refere a nada satisfeito e 10
extremamente satisfeito (3). Objetivos: Identificar as principais demandas ocupacionais
após o processo de adoecimento e hospitalização através da Medida Canadense de
Desempenho Ocupacional. Descrição da Experiência: Trata-se de um estudo
descritivo, do tipo relato de experiência de atividades desenvolvidas durante prática
curricular por acadêmicas de terapia ocupacional em hospital público referência no
Estado do Pará, no período de Abril a Maio de 2018. Os atendimentos ocorreram na
enfermaria de Clínica Médica, com dois clientes, com diagnóstico de Síndrome de
Guillain Barré e Diabettes Insípidus. Primeiramente realizou-se anamnese do perfil
ocupacional e posteriormente aplicou-se a Medida Canadense de Desempenho
Ocupacional. A avaliação ocorreu no leito, foi priorizado o estabelecimento de vínculo
terapeuta-paciente. Durante a anamnese, perguntou-se aos clientes se gostariam de

Anais do VII Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará – 10 a
13 de dezembro de 2018. ISSN 2359-084X.
realizar a avaliação, esclarecendo quais eram os objetivos da mesma. Após o
consentimento, iniciou-se a avaliação. Foram feitas as seguintes colocações “elenque as
ocupações que você quer fazer, precisa ou espera-se que realize”. A partir das atividades
elencadas determinou-se as cinco ocupações mais importantes, e explicou-se que o
próximo passo era atribuir uma pontuação de importância, desempenho e satisfação para
cada ocupação. Para realizar a avaliação, utilizou-se a ficha da medida e a escala
numérica impressa para melhor visualização pelo cliente. As atividades verbalizadas
eram anotadas assim como as pontuações. Resultados: Na avaliação o cliente com
Síndrome de Guillain Barré referiu como os principais problemas após seu adoecimento
nas seguintes atividades: esporte com importância 10, desempenho 1 e satisfação 1;
alimentação com importância 10, desempenho 5 e satisfação 1; mobilidade funcional
com importância 10, desempenho 1 e satisfação 1; banho/higiene pessoal com
importância 10, desempenho 5 e satisfação 1; e relacionamento interpessoal amoroso
com importância 10, desempenho 1 e satisfação 1. Verbalizou que não consegue se
alimentar, assim como as demais atividades de vida diária por conta do padrão flexor
que as mãos assumiram após a doença. A prática de esporte tem extrema importância,
pois é uma atividade que realiza constantemente, que o distrai e interage com os amigos,
e que estar hospitalizado influencia diretamente nesta ocupação, assim como no
relacionamento com a namorada. O cliente com Diabetes Insípidus referiu como os
principais problemas após seu adoecimento nas seguintes atividades: ir à igreja com
importância 10, desempenho 1 e satisfação 1; andar de bicicleta com importância 6,
desempenho 3 e satisfação 3; trabalhar com importância 9, desempenho 1 e satisfação 1;
e relação sexual com importância 10, desempenho 3 e satisfação 7. Para este cliente ir à
igreja tem extrema importância, pois sua família era envolvida com os compromissos da
igreja. Andar de bicicleta é uma atividade que realiza com frequência, porque não gosta
de deambular. O trabalho é classificado como importante, pois além de ser sua principal
ocupação, é a renda da família. E que a relação sexual do casal é comprometida em
decorrência da doença e do processo de hospitalização, porém estes encontram formas
de lidar com a situação. Conclusão/Considerações Finais: A aplicação inicial da
COPM pode servir como base para a especificação das principais demandas
ocupacionais ocasionadas pelo processo de adoecimento e hospitalização, e
consequentemente norteia o estabelecimento das prioridades de intervenção, que são
elencadas pelo próprio cliente a partir de suas percepções. Considera-se que a utilização
deste instrumento possui grande impacto na prática clínica, pode ser administrado em
clientes com diferentes patologias e demandas, constitui-se em uma medida validada e
que auxilia a díade terapeuta- cliente a elencar metas prioritárias de intervenção.

Descritores: Medida Canadense de Desempenho Ocupacional, Prática centrada no


cliente, Hospitalização.

Referências:

1. De Carlo MMRP, Luzo MCM. Terapia Ocupacional: reabilitação física e contextos


hospitalares. 1° ed. São Paulo: Roca; 2004.

2. Law M, Baptiste S, Carswell A, Mccoll MA, Polatajko HL, Pollock N. Medida


Canadense de Desempenho Ocupacional. 1° ed. Magalhães LC, Magalhães LV,
Cardoso AA , editores. Belo Horizonte: Editora Universidade Federal de Minas Gerais;
2009.

Anais do VII Congresso de Educação em Saúde da Amazônia (COESA), Universidade Federal do Pará – 10 a
13 de dezembro de 2018. ISSN 2359-084X.
3. Caldas ASC, Facundes VLD, Silva HJ. O uso da medida canadense de desempenho
ocupacional em estudos brasileiros: uma revisão sistemática. Rev. Ter. Ocup. Univ. São
Paulo. 2011; v. 22, n. 3, p. 238-244.

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13 de dezembro de 2018. ISSN 2359-084X.

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