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EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO: AS ESCOLAS DE ADMINISTRAÇÃO


(Adaptado, MAXIMIANO, 2004 e 2008).

ESCOLA CLÁSSICA – TEORIA ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA (TAYLOR) – (1903)

“Frederick Winslow Taylor foi o criador e participante mais destacado do movimento da


administração científica”. (Maximiano, 2008, p. 52).
“Taylor nasceu em 1856, na Pensilvânia, filho de uma família abastada. Apesar disso e
de ter sido aprovado no exame de admissão da Escola de Direito de Harvard, Taylor tornou-se
trabalhador manual”. (Maximiano, 2008, p. 52).
Inicialmente os trabalhos de Taylor realizados em conjunto com outros pesquisadores da
época tinham como objetivo “desenvolver princípios e técnicas de eficiência, que
possibilitassem resolver os grandes problemas enfrentados pelas empresas industriais”.
(Maximiano, 2008, p. 52). Esses participantes pesquisadores mesmo não trabalhando todo
tempo junto na resolução desses problemas ao que se conhece como sendo o “movimento da
administração científica”.
Taylor trabalhou entre 1874 e 1878 em uma empresa fabricante de bombas hidráulicas,
aprendendo o ofício de torneiro. Nessa empresa começou a observar a má administração, falta
de vontade dos funcionários e uma relação com uma qualidade inferior à necessária entre
trabalhadores e gerentes. (Maximiano, 2004).
Em 1878 Taylor começou a trabalhar em uma indústria siderúrgica, inicialmente como
trabalhador e com o passar dos anos tornou-se o engenheiro chefe, o que contribuiu para que
Taylor retoma-se seus estudos agora em engenharia, tornando-se mestre em engenharia
(1883). Nessa época Taylor “começou a desenvolver os primeiros de uma série de muitos
aprimoramentos técnicos patenteando muitas invenções”. (Maximiano, 2004, p. 53).
Na indústria siderúrgica, Taylor observou alguns erros nas operações fabris, dentre estes,
citam-se:
 A administração não tinha noção clara da divisão de suas responsabilidades com
o trabalhador.
 Não havia incentivos para melhorar o desempenho do trabalhador.
 Muitos trabalhadores não cumpriam suas responsabilidades.
 As decisões dos administradores baseavam-se na intuição e no palpite.
 Não havia integração entre os departamentos da empresa.
 Os trabalhadores eram colocados em tarefas para as quais não tinham aptidão.
 Os gerentes pareciam ignorar que a excelência no desempenho significaria
recompensas tanto para eles próprios quanto para a mão-de-obra.
 Havia conflitos entre capatazes e operários a respeito da quantidade da produção.
(Maximiano, 2008, p. 53).

Das observações de Taylor, pode-se dizer que muitos destes problemas ainda podem ser
encontrados nas indústrias na atualidade.
Das suas observações e experiências, começou então a “desenvolver seu sistema de
administração de tarefas”, o que com o passar dos anos começou a ser reconhecido como
“Sistema Taylor -Taylorismo e finalmente Administração Científica”.(Maximiano, 2004).

Taylor desenvolveu um sistema de administração:


“Em 1895, Taylor apresentou à sociedade o que é considerado o primeiro trabalho da
administração científica. A piece-ratesystem (um sistema de pagamento por peça)”.
(Maximiano, 2008, p. 55). Nesse sistema:
Taylor propõe um método para eliminar a diminuição do valor pago por peça. É nesse
método que residem as raízes da administração científica. Taylor argumentou que a
administração deveria primeiro procurar descobrir quanto tempo levaria para um homem,
dando o melhor de si, completasse uma tarefa. A administração poderia então
estabelecer um pagamento por peça de forma que o trabalhador se visse compelido
(empenhado) a trabalhar o suficiente para assegurar uma remuneração razoável.
(Maximiano, 2008, p. 55).
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Conforme os estudos de Taylor, o ponto de partida para resolver o problema dos salários
era descobrir cientificamente e com exatidão, qual a velocidade máxima que os mais diversos
tipos de trabalho poderiam ser realizados. Nesses trabalhos deveriam ser analisados e
testados a divisão das tarefas e seus elementos básicos com o apoio dos trabalhadores, a
cronometragem de cada tarefa e seu registro para análise, o estudo dos tempos e movimentos
das tarefas. Taylor considerava que era necessário que a administração controlasse tudo o
que estava relacionado à produção buscando ter um trabalho padronizado para chegar à
eficiência. E o estudo dos tempos que surgiu na administração científica foi pela busca da
precisão e definição do valor dos salários.Estudo sistemático e científico do tempo.
(Maximiano, 2008).

O berço da Administração Científica foi a Sociedade Americana de Engenheiros


Mecânicos (ASME) na qual desenvolveu-se um movimento. Esse Movimento foi dividido
em 3 momentos, descritos por 3 fases. Descreva sobre cada uma dessas três fases:
Primeira fase:
 Ataque ao “problema dos salários”.
 Estudo sistemático do tempo.
 Definição de tempos padrão.
 Sistema de administração de tarefas.
Segunda fase:
 Ampliação de escopo, da tarefa para a administração.
 Definição de princípios de administração do trabalho.
Terceira fase
 Consolidação dos princípios.
 Proposição de divisão de autoridade e responsabilidades dentro da empresa.
 Distinção entre técnicas e princípios. (Maximiano, 2008, p. 54),

1ª fase da Administração Científica: ataque ao “problema dos salários” e o método


apresentado por Taylor para resolver o problema.
Os sistemas de pagamento da época:“pagamento por dia trabalhado e pagamento por
peça produzida, tinham o efeito de fazer o trabalhador acreditar que seu esforço beneficiava
apenas o patrão”.(Maximiano, 2008, p. 54).
Nesse sistema:
de pagamento por dia trabalhado, o salário era fixo, e os trabalhadores não viam
nenhuma vantagem em produzir além do que eles próprios achavam adequado. No
sistema de pagamento por peça produzida, quando a produção aumentava muito, os
administradores diminuíam o valor pago por peça. E, assim, os trabalhadores sabendo o
que esperar mantinham a produção num nível propositadamente baixo.(Maximiano,
2008, p. 54).

Nessa época os sindicatos estabeleciam limites para os salários buscando evitar


prejuízos para os trabalhadores.
Para resolver o problema desses dois sistemas de pagamento, surgiu a
possibilidade, dos empregados começarem a ter participação nos lucros, ganhar bônus da
empresa e aumento de salário, porém poderiam também haver alta e baixa nos lucros. Taylor
achava que se cronometrasse o tempo máximo de trabalho e medisse espaço que o homem
precisa para executar uma tarefa com eficiência, pouparia mais tempo e assim subiria a
produção e o lucro da empresa.(Maximiano, 2008, p. 54).
Mas, problemas que hoje começamos a entender que foram originados nessa época, de
alguma forma ainda continuam acontecendo na atualidade.

2ª fase da administração científica e seus princípios:


Nessa 2ª fase, a ênfase mudou da ”produtividade do trabalhador” para o
“aprimoramento dos métodos de trabalho” onde Taylor começa a observar cronometrar,
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tempos e movimentos do trabalhador na execução das tarefas. O que na sua concepção é


possível perceber características diferentes entre os diversos tipos de trabalhadores: mesmo
trabalhadores motivados podem em outros momentos do desempenho de suas tarefas
executá-las com maior ou menor motivação dependendo decomo são incentivados
financeiramente.
Taylor então, com base neste estudo apresenta “princípios da administração
científica: Seleção e treinamento de pessoal. Salários altos e custos baixos de
produção.Identificação da melhor maneira de executar as tarefas.Cooperação entre
administração e trabalhadores”. (Maximiano, 2008, p. 56).
Para Maximiano (2004, p. 57), ‘’A segunda fase de Taylor consiste no aprimoramento
dos métodos de trabalho (operação) “padronizando ferramentas e equipamentos,
sequenciamento e programação de operação e estudo de movimentos’’.

3ª fase da administração científica:


Sobre os estudos das idéias da ”operação” Taylor sintetiza os objetivos:
1. Desenvolver uma ciência para cada elemento do trabalho, para substituir o velho
método empírico.
2. Selecionar cientificamente e depois treinar, instruir e desenvolver o trabalhador que,
no passado, escolhia seu próprio trabalho e treinava-se o melhor que podia.
3. Cooperar sinceramente como os trabalhadores, de modo a garantir que o trabalho
seja feito de acordo com os princípios da ciência que foi desenvolvida.
4. Existe uma divisão quase igual de trabalho e de responsabilidade entre a
administração e os trabalhadores. A administração incumbe-se de todo o trabalho para o
qual esteja mais bem preparada que os trabalhadores, enquanto no passado quase todo
o trabalho e a maior parte da responsabilidade recaiam sobre a mão-de-
obra. (Maximiano, 2008, p. 57).

Nessa 3ª fase, considerada a última fase da administração científica, recomendações


importantes são propostas para as empresas sobre suas responsabilidades. Primeiramente a
recomendação era referente à criação de um departamento de “planejamento”, o qual seria
responsável pela parte “intelectual” estudando e pensando quais os aprimoramentos seriam
necessários para o chão de fábrica, centralizando nesse departamento essas atividades. E os
supervisores e trabalhadores deveriam ocupar-se somente da produção. Outro ponto
importante é o aumento do número de supervisores, onde cada um deveria cuidar de uma
parte do trabalho operacional.Porém, muitas destas proposições foram abandonadas na
medida em que as organizações foram sendo modernizadas. (Maximiano, 2008).

Em torno das idéias da administração científica, congregaram-se diversos outros seguidores de


Taylor e, entre estes Frank Bunker Gilbreth (esposa Lillian Moller Gilbreth) o qual publicou
estudo sobre a “fadiga”: 
Segundo Maximiano (2004), Frank Bunker Gilbreth nasceu em 1868. Estudou em
MassachusettsInstituteofTechnoly, decidindo abandonar seus estudos para aprender o ofício
de pedreiro. Trabalhando em uma indústria de construção e observando o movimento dos
trabalhadores inventou os “andaimes móveis” o que facilitava a colocação dos tijolos. Chegou a
criar uma empresa (1895) que produzia concreto, negócio este que estava iniciando na época.
Gilbreth também criou outros inventos como misturadores de concreto, correias
transportadoras e barras de reforçoo que proporcionou a ele crescimento. Maximiano (2004).
O “estudo da fadiga” de Frank Bunker Gilbreth e Lillian Moller Gilbrethfoi publicado em 1916.
Uma obra que combina uma “síntese de administração cientifica com a visão da psicologia
industrial”.
Nesse livro o estudo da fadiga foi dividido em duas categorias: necessária (resultante da
atividade que precisava ser feita para completar uma tarefa) e desnecessária (resultante de
atividade que não precisaria ter sido feita). (Maximiano, 2008, p. 60).
Segundo os Gilbreth, o caminho para minimizar a fadiga é o estudo cientifico dos
movimentos e a introdução de aprimoramentos nos métodos de trabalho. A fadiga
desnecessária seria sensivelmente reduzida, se o ambiente de trabalho fosse
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redesenhado, e a fadiga necessária seria minimizada por meio de técnicas mais


eficientes e de períodos de descanso.Os Gilbreth também propuseram a redução das
horas diárias de trabalho e a implantação ou o aumento dos dias de descanso
remunerado.(Maximiano, 2008, p. 60).

Principais receios apresentados como crítica a administração científica:


São duas as principais criticas feitas a administração científica:
“Aumentar a eficiência provocaria desemprego. A administração científica nada mais era
do que uma técnica para fazer o trabalhador trabalhar mais e ganhar menos”. (Maximiano,
2008, p. 62).
O desempenho analisado apenas pelas tarefas executadas na linha de produção, pois o
operário era tratado apenas como uma engrenagem do sistema produtivo passivo e
desencorajado de tomar iniciativas.

É provável que o Taylorismo, como são conhecidas as técnicas da administração


científica, tivesse tido êxito em qualquer que fosse o estágio de desenvolvimento da
indústria na época e em qualquer contexto ideológico. Porém, o Taylorismo formou
parceria com a notável expansão da indústria e com a inovação revolucionária do início
do século: a linha de montagem de Henry Ford. Diante do exposto escreva sobre os
princípios da produção em massa, a linha de montagem de Ford, as inovações e a
expansão do modelo Ford.
“Foi Henry Ford quem elevou o mais alto grau os dois princípios da produção em
massa, que é a fabricação de produtos não diferenciados em grande quantidade: peças
padronizadas e trabalhador especializado”. (Maximiano, 2008, p. 64), conforme apresentado na
figura 1.

Figura 1: Princípios da produção em massa

Fonte: (Maximiano, 2008, p. 65)

Para Maximiano (2004, p.156):


1°Peças e componentes padronizado e intercambiáveis. Esse princípio deu origem ao controle
de qualidade. Além da padronização, Ford procurou simplicidade reduzindo o número de peças
de seus produtos
2°Especialização do trabalhador. Na produção massificada, o produto é dividido em partes e o
processo de fabricá-lo é dividido em etapas. Cada etapa do processo produtivo corresponde à
montagem de uma parte do produto.Na produção em massa, a qualificação do trabalhador
resume-se ao conhecimento necessário para a execução de um a tarefa.
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A Linha de montagem de Henry Ford:


Inicialmente o trabalhador ficava sempre na mesma área de montagem e fazia uma
parte importante do carro (rodas, mola, pneus, etc.) só depois podia começar a trabalhar no
carro seguinte. O trabalhador também devia ir até o estoque retirar as peças que precisava e
trazer para a linha de montagem. Como solução para isso Ford passou a entregar as peças no
posto de trabalho e decidiu que cada montador executaria apenas uma tarefa em cada carro.
Exemplo: colocar as rodas. Como resultado aumentou a eficiência do tempo médio de
montagem do trabalhador. Porém, problemas de movimentação surgiram (trabalhadores
tinham tempos diferentes). (Maximiano, 2008).
Posteriormente Ford implantou a linha de montagem móvel, onde o produto em
processo desloca-se ao longo de um percurso e os operadores ficam parados. Com esse
processo da linha de montagem móvel aumentou a quantidade de carros fabricados e eles
ficaram mais baratos, despertando também a imaginação dos concorrentes. (Maximiano,
2008).

As inovações de Ford
Ford foi inovador. Dentre suas inovações pode-se citar: dia trabalhado de 8 horas; duplicação
do valor do salário (5 dólares por dia); acreditava que os trabalhadores deviam poder comprar
os carros produzidos por eles; homem de mercado acreditava que os clientes (fazendeiros da
época) que compravam seus carros podiam ter uma caixa de ferramentas e sabiam manejá-
las, então junto com seus carros Ford modelo T enviava um manual com perguntas e respostas
sobre como resolver 140 prováveis problemas que o carro poderia ter. Na época, O modelo
Ford tornou-se o padrão de organização de empresas industriais nos Estado Unidos.
(Maximiano, 2008).

A expansão do modelo Ford


Com o trabalhador especializado, surgiram novas ocupações. O engenheiro industrial assumiu
o planejamento e o controle da montagem, o engenheiro de produção ficou com o
planejamento do processo de fabricação. E outras adequações de funções e tarefas foram
feitas. Nesta expansão a Ford passou a ser a primeira indústria automobilística mundial,
aumentando a produção do modelo Ford T. (Maximiano, 2008).
“A grande aceitação da administração científica e da linha de montagem é responsável pela
notável expansão da atividade industrial em todo mundo”. (Maximiano, 2008, p. 67).

Vídeo: Processo de fabricação do Ford ModelT: (4,58) https://www.youtube.com/watch?v=58xRsfJP4N8


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REFERÊNCIAS
MAXIMIANO, Antonio César Amaru. Teoria geral da administração: da revolução urbana à
revolução digital. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 521 p.

_______________________________. Teoria geral da administração: da revolução urbana


à revolução digital. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008. 491 p.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da revolução urbana à


revolução digital. 8. Ed. Rio de Janeiro: Atlas 2017. recurso online ISBN 9788597012460.
Biblioteca Unesc - (E-book ).

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