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Engenharia Agronômica 1

Topografia

ALTIMETRIA

NIVELAMENTO

1. INTRODUÇÃO

A determinação da cota/altitude de um ponto é uma atividade fundamental em


engenharia. Projetos de redes de esgoto, de estradas, planejamento urbano, entre outros,
são exemplos de aplicações que utilizam estas informações. A determinação do valor da
cota/altitude está baseada em métodos que permitem obter o desnível entre pontos.
Conhecendo-se um valor de referência inicial é possível calcular as demais cotas ou
altitudes. Estes métodos são denominados de nivelamento. Existem diferentes métodos que
permitem determinar os desníveis, com precisões que variam de alguns centímetros até
sub-milímetro. A aplicação de cada um deles dependerá da finalidade do trabalho.

Os conceitos de cota e altitude podem ser assim definidos:

Cota: é a distância medida ao longo da vertical de um ponto até um plano de


referência qualquer (figura1).

Altitude ortométrica: é a distância medida na vertical entre um ponto da


superfície física da Terra e a superfície de referência altimétrica (nível médio dos mares). A
figura 1 ilustra este conceito.

Figura.1 – Cota e Altitude

2. LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO ALTIMÉTRICO

De acordo com a ABNT 13133 (1994, p3), o levantamento topográfico


altimétrico ou nivelamento é definido por:
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“levantamento que objetiva, exclusivamente, a determinação das alturas


relativas a uma superfície de referência dos pontos de apoio e/ou dos
pontos de detalhe, pressupondo-se o conhecimento de suas posições
planimétricas, visando a representação altimétrica da superfície levantada.”

Independente do método a ser empregado em campo, durante um


levantamento altimétrico destinado a obtenção de altitudes/cotas para representação do
terreno, a escolha dos pontos é fundamental para a melhor representação do mesmo. A
figura 2 apresenta uma sequência de amostragem de pontos para uma mesma área,
iniciando com a amostragem mais completa e finalizando em um caso onde somente os
cantos da área foram levantados. Os pontos levantados são representados pelas balizas.
Apresenta-se também as respectivas curvas de nível obtidas a partir de cada conjunto de
amostras.
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Figura 2 – Amostragem de pontos altimétricos e representação do relevo.

2.1. NIVELAMENTO GEOMÉTRICO

O nivelamento geométrico é a operação que visa a determinação do desnível


entre dois pontos a partir da leitura em miras (estádias ou em código de barras) efetuadas
com níveis ópticos ou digitais. Este pode ser executado para fins geodésicos ou
topográficos. A diferença entre ambos está na precisão (maior no caso do nivelamento para
fins geodésicos) e no instrumental utilizado.
2.1.1 NÍVEIS
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Os níveis são equipamentos que permitem definir com precisão um plano


horizontal ortogonal à vertical definida pelo eixo principal do equipamento. As principais
partes de um nível são:

 luneta;
 nível de bolha;
 sistemas de compensação (para equipamentos automáticos);
 dispositivos de calagem.

Quanto ao funcionamento, os equipamentos podem ser classificados em


ópticos e digitais, sendo que para este último a leitura na mira é efetuada automaticamente
empregando miras em código de barra. Os níveis ópticos podem ser classificados em
mecânicos e automáticos. No primeiro caso, o nivelamento "fino ou calagem" do
equipamento é realizado com o auxílio de níveis de bolha bi-partida. Nos modelos
automáticos a linha de visada é nivelada automaticamente, dentro de um certo limite,
utilizando-se um sistema compensador (pendular). Os níveis digitais podem ser
enquadrados nesta última categoria.

São três os eixos principais de um nível:

 ZZ’= eixo principal ou de rotação do nível


 OO’= eixo óptico/ linha de visada/ eixo de colimação
 HH’= eixo do nível tubular ou tangente central

A figura 3 representa estes eixos.

As condições que os eixos devem satisfazer são as seguintes: o eixo ZZ’ deve
estar na vertical, HH’ deve estar na horizontal e ortogonal ao eixo principal e o eixo OO’
deve ser paralelo ao eixo HH’. Caso isso não ocorra os níveis devem ser retificados.
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Figura 3 – Eixos do nível

A NBR 13133 classifica os níveis segundo o desvio-padrão de 1 km de duplo


nivelamento, conforme a tabela abaixo.

Tabela 1 – Classificação dos níveis

2.1.2 MIRAS

Existem no mercado diversos modelos de miras, as mais comuns são


fabricadas em madeira, alumínio ou fiberglass. Estas podem ser dobráveis ou retráteis. A
figura a seguir apresenta um exemplo.
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Figura 4. Mira, tipo de graduação


Fonte: Topografia aplicada a engenharia, 2013

Durante a leitura em uma mira convencional devem ser lidos quatro


algarismos, que corresponderão aos valores do metro, decímetro, centímetro e milímetro,
sendo que este último é obtido por uma estimativa e os demais por leitura direta dos
valores indicados na mira.

A seguir é apresentado um exemplo de leitura para um modelo de mira


bastante empregado nos trabalhos de Topografia. A mira apresentada na figura 6 está
graduada em centímetros (traços claros e escuros).

A leitura do valor do metro é obtida através dos algarismos em romano (I, II,
III) e/ou da observação do símbolo acima dos números que indicam o decímetro. A
convenção utilizada para estes símbolos, no caso do exemplo, é apresentada na figura 5.

Figura 5. Convenção para a indicação do metro para a mira utilizada

Sempre se lê 4 dígitos : metro (m), decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).

Se o número que indica o decímetro não apresentar um destes símbolos


acima da indicação do valor, significa que a leitura esta sendo efetuada abaixo de 1m.
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A leitura do decímetro é realizada através dos


algarismos arábicos (1, 2, 3, etc.). A leitura do
centímetro é obtida através da graduação
existente na mira. Traços escuros
correspondem a centímetros ímpares e claros a
valores pares. Finalmente a leitura do milímetro
é estimada visualmente. Na figura 6 são
apresentados diversos exemplos de leitura na
mira.

Figura 6 – Mira e leituras


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Portanto, lê-se:

 Para o Fio Médio (FM) = três, seis, seis, sete, que representa três mil, seiscentos e
sessenta e sete milímetros = 3,667 m;
 Para o Fio Superior (FS) = três, seis, nove, dois, que representa três mil, seiscentos e
noventa e dois milímetros = 3,692 m;
 Para o Fio Inferior (FI) = três, seis, quatro, um, que representa três mil, seiscentos e
quarenta e um milímetros = 3,642m

Compara-se o resultado:

FM × 2 = 3,667 × 2 = 7,334m FS + FI = 3,692 + 3,642 = 7,334m

(FS + FI) ÷ 2 = FM ± 1mm

IMPORTANTE:
Devido à existência de vários modelos de Mira, é importante a sua interpretação prévia para
fazer a leitura corretamente. Para um nivelamento geométrico com boa precisão, a
tolerância é dada pela seguinte fórmula:

Exercício 1 – Indicar nas miras abaixo, as seguintes leituras:


1,615m 1,705m 1,658m 1,600m 1,725m

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