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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS COMUNICAÇÃO E ARTE

CURSO DE LICENCIATURA EM DANÇA

ELIZABETE DO NASCIMENTO COSTA

Fichamento Disabled Dance e Levantamento Histórico da Cia Gira Dança

MACEIÓ/AL

2019
ELIZABETE DO NASCIMENTO COSTA

Fichamento Disabled Dance e Levantamento Histórico da Cia Gira Dança

Resumo e fichamento apresentado a


disciplina Dança para Portadores de
Necessidades Especiais, ministrado
pela profª Isabelle Rocha, do curso de
Licenciatura em Dança, da
Universidade Federal de Alagoas.

MACEIÓ/AL

2019
Giradança é uma companhia de dança contemporânea com sede em Natal e
tem como proposta artística ampliar o universo da dança através de uma
linguagem própria, utilizando o conceito do corpo diferenciado como ferramenta
de experiências. A companhia, criada em Natal (RN) em 2005 pelos bailarinos
Anderson Leão e Roberto Morais, teve sua estreia nacional na Mostra Arte,
Diversidade e Inclusão Sociocultural, realizada no Rio de Janeiro, em maio de
2005 e, desde então, tem apresentado em palcos de todo o Brasil um trabalho
que rompe preconceitos, limites pré-estabelecidos e cria novas possibilidades
dentro da dança contemporânea. Tem como proposta o corpo diferenciado
enquanto uma ferramenta de experiências. Os espetáculos são feitos em cima
da ideia de que mensagens sejam passadas como um todo e não
individualmente relacionado ao que o cadeirante está fazendo, o que a menina
com nanismo está fazendo, o que um Down tá fazendou ou ao que a negra
está fazendo.
Fichamento MATOS, Lúcia. Dança e Diferença: cartografia de múltiplos corpos.

Cartografia do espaços fronteiriços: A produção da dança inclusiva (Disabled


Dance)

Pg. 63 o termo inclusão ganhando bastante espaço nos discursos oficiais e nas políticas
públicas devido a grupos à margem da sociedade que tem ganhado cada vez mais
voz. Dados do IBGE apontam que 14,5% da população brasileira tem alguma
deficiência e 500 milhões a população mundial.

Pg.64 Mesmo com a maior visibilidade das pessoas com deficiência hoje ainda se
enfrentam muita discriminação pela maioria que impõe padrões de normalidade e
representações de gênero, cultura, classe, sexualidade e habilidade física. Quando
não atingem esses padrões, como no caso das pessoas com deficiências, são
rejeitadas, então uma das formas encontradas por eles para "compensar” é a
instalação das políticas públicas que garantem a segurança de direitos básicos como
acessibilidade e, igualdade de direitos e, mercado de trabalho inclusão social e
cultural. embora criadas tais políticas muitas vezes não são implantadas, como no
Brasil há uma desigualdade nessa distribuição de bens simbólicos e materiais,
dificultando as pessoas com deficiência realizar uma simples locomoção no
cotidiano em decorrência as barreiras arquitetônicas das cidades e escassez de
transportes públicos adaptados.

Pg. 65 No âmbito educacional a dificuldade quanto a equidade da educação nas escolas. as


políticas inclusivas são vistas apenas como ocupação espacial, como se todas as
crianças com deficiência estão inseridas nas escolas estão supostamente incluídos,
quando na verdade aonde se prepara dos professores, ausência de recursos, baixa
expectativa em relação a esses alunos criam uma nova perspectiva de exclusão
dentro da suposta inclusão.quantas questões culturais quais são nulas as políticas
governamentais que favorecem a produção artística de pessoas com deficiência. Por
outro lado, percebe-se na sociedade civil movimento de pessoas com deficiência na
tentativa de validar suas vozes, diminuir relações hierárquicas de poder de pessoas
com e sem deficiência e transformar a realidade atual.

i
Pg.68 A Inglaterra possui políticas nos campos educacional e cultural, as quais
promovem a inserção da pessoa com deficiência e reconhecem a disabled
dance como um tipo de produção artística específica com alguns índices
financeiros de apoio. Um trabalho do CandoCo Dance Company pode ser
considerado um exemplo positivo de ações pessoais nesse país que
conseguiu uma amplitude internacional. Uma das obras mais conhecidas
desse grupo é o vídeo de dança outside in que representar uma dupla
visibilidade: a coreografia e a deficiência, o está dentro está fora. Dentre
outras ações na Inglaterra foi desenvolvidoum congresso chamado dance
differently? onde no fórum os artistas com deficiência encontraram
Barreiras na dança como Barreiras culturais, acesso à educaç ão formal e
não formal, o que é Dança e Arte.

Pg. 69 David Toole, ex-dançarino da CandoCo Dance e participante de alguns


projetos da companhia de dança contemporânea dv8 conta as opç ões
para as pessoas com deficiência são muito limitadas. Quando estudou no
Laban Center praticamente não aprendeu nada de técnica porque nem ele
nem se os professores sabem lidar com sua fisicalidade.

Pg.70 apesar de se ter a crença de estarmos iniciando uma mudança de


paradigma, ressalta-se que muitas vezes espetáculos de dança que
incluem dançarinos com deficiência podem também servir para a vis ão
estereotipada do sujeito com deficiência como herói desse mesmo, alvo
da compaixão de alguém, ou alguém que busca incessantemente a
proximidade com o paradigma da normalidade. para discutir a presença
dessas perspectivas no cenário brasileiro se apresentado o primeiro festival
internacional artes em Barreiras que aconteceu em 2002 no teatro Sesi
Minas, ele é um dos maiores eventosbrasileiros na areade arte inclusiva.
Tem como origem o programa americano Very Special Arts(VSA), o Brasil
se tornou o filiado doVSA em 1988.

Pg.71 em 2003 esse programa passou a ser gerenciado pela Funarte


coordenado pela musicoterapeuta Rita Maria Aguiar, mas permaneceu
pouco tempo atuando nas dependências da Funarte. a linha mais efetiva
de atuação relacionou-se as ações no campo educativo, visando a inserç ão
social da pessoa com deficiência e ao desenvolvimento de atividades
artísticos educativas. Teve como objeto maior a inclusão social e n ão
cultural.

Pg.72 Após 2 anos da incorporação desse programa pela Funarte, em 15 de


dezembro de 2005, o ministério da cultura anunciou em uma carta uma
parceria entre o projeto arte sem barreiras e as loterias da Caixa que
pretende utilizar um milhão de reais em benefício do programa,
entretanto até 2006 não anunciou quais serão quais serão os mecanismos
para o Cleiton desses recursos. Apesar de o programa ter como uma das
vertentes de sua atuação "o incentivo e difusão profissional de trabalhos
em condições de circular em espaços culturais n ão segmentados", o
ministério da cultura não promoveu ações efetivas para a
profissionalização na dança e raramente promove apresentaç ões de
artistas com deficiência nos circuitos não segmentados.

Pg.73 Mesmo que a missão do "Artes em Barreiras" tenha aspectos educativos


está sobre a Funarte e o ministério da cultura que contribuiu para
questionar as fronteiras entre a arte como processo artístico e educativo e
suas estruturas e recursos financeiros. Ao analisar as diretrizes do
programa Arte sem Barreiras, pode-se perceber que o projeto sustentam a
visão da arte como processo, valorizando a produção amadora de dança.

Pg.74 No 1° Festival Inernacional Artes sem Barreiras em 2002 durante cinco


dias, apresentaram 30 grupos nacionais, 15 deles participaram da mostra
vespertina, que tinha um caráter amador, ficando o restante dos grupos
na amostra da noite. Muitos desses grupos amadores são mantidos por
instituições de reabilitação, escolas regulares e irregulares ou especiais,
sendo alguns deles dirigidos por terapeutas, educadores ou profissionais
de educação física, com Insulfilm conhecimento de dança. esse é um dos
aspectos que favorecem o surgimento de conceitos equivocados sobre a
dança.Além dos 15 grupos identificados como semi-profissionais e
profissionais, foram convidados os grupos "dançando com a diferença",
da ilha da madeira Portugal, dirigido pelo brasileiro Henrique Amoedo e
mantido pelo serviço de arte e criatividade da secretaria regional de
educação daquela ilha, e acompanha profissional inglesa CandoCo,
dirigida por Celeste dandeker.

Pg.75 Desse cenário, apenas quatro de cinco grupos aqui configurados como
dança contemporânea apresentaram um trabalho diferenciado, em que se
percebe nas obras coreográficas uma busca pela de alergia com os
diferentes corpos. Esses grupos ficaram diluídos na programaç ão geral da
noite misturado com os amadores, sendo que vários destes amadores se
intitulam os profissionais e apresentam modelos das esperado pela plateia:
virtuose e e comoção.Um dos primeiros indicativos da forma como o
corpo com deficiência é abordado na obra fica estampado na escolha de
alguns nomes adotados pelos grupos: "vencendo limites, conquistando
horizontes ... "," arte de viver "e" portadores da alegria ", cujas
adjetivações colocam os sujeitos com deficiência como seres encantados
e/ou enfatiza-se a sua capacidade de superação.

Pg.76 esse aspecto da superação e levada ao extremo e uma declaraç ão da


coreógrafa e fisioterapeuta Fernanda Bianchini, do grupo de Dança do
Instituto de Cegos Padre Chico, ao colocar no programa do evento os
seguintes dizeres dos pontos tudo se torna possível quando se tem força
de vontade: uma bailarina deve sempre olhar para as estrelas ainda que
não enxerga ". além de solicitar uma superação impossível para uma
pessoa cega essa fisioterapeuta sustenta uma normalização do corpo do
deficiente no que se refere ao modo de percepção, final, provavelmente, a
pessoa com cegueira tem uma forma diferente de representaç ão mental
da estrela do daquela pessoa que enxerga.outras representaç ões foram
identificadas em algumas coreografias, em algumas delas, foi encontrada
uma perspectiva terapêutica da dança para pessoa com deficiência,
visando a expressão do indivíduo ou mesmo a reabilitação.nesse contexto,
a dança faz parte de um processo que n ão custa chegar um produto
artístico. A coreografia “ extensão ", apresentada pelo grupo crepúsculo,
mostra, e aperta o seu final, entrada de um rapaz que é carregado e
colocado no centro do palco sobre uma boia e seus movimentos s ão
claramente percebidos como involuntárias conta enquanto os demais
membros do grupo dança, ele permanece tempo todo nessa posiç ão, com
espasmos. Esse jovem a portadores paralisia cerebral quadriplágica
espásticacom atetose.

Pg.77 A coreografia afirma que o rapaz tem "consciência de seus desejos e


aspirações" e, por esse motivo Ele foi integrado ao espetáculo. uma
segunda leitura pode ser feita por meio de uma coreografia de hip hop
representadas festival pelo grupo bombelêla dance Company (SP), na qual
a relação de poder entre eficiente/deficiente é claramente desvelada.
Inúmeras vezes, sobreposto ao fundo musical, é repetida, durante o
coreografia de hip hop em, a frase "apenas um corpo diferente".

Pg.78 Nas danças de salão a relação de poder masculino bar feminina é


transferida para a relação eficiente barra deficiente. Essa perspectiva revela
uma clara e hierarquia de poder, em que os corpos com deficiência
passam a ser corpos dóceis, no sentido foucaultiano, treinados para a
subordinação. Uma terceira via pode ser percebido pela apresentaç ão do
grupo integrarte parênteses São Bernardo SP que apresentou uma
coreografia de ballet clássico com uma precisão provavelmente decorada
pelos surdos do elenco. Essa é uma das maneiras pelas quais se
predomina o paradigma da superação e da normalizaç ão, implicando que
o corpo com deficiência seja o corpo simulacro que aparenta ser barra ter
o corpo do outro, o do não deficiente. grande quase todo festival nós
tamos uma plateia vir mais que eu vá funcionava a cada virtuose feita no
palco ou se comovia com as coreografias cravejados de apelos emocionais
de superação (afinal são deficientes); assim, não importava como a dança
era feita o mesmo papel do dançarino com deficiência. Único dia em que
aparece mais seu, empalideceu e friamente permanecer em seus assentos
foi durante a apresentação do CandoCo.ouvir estranhamento um padr ão
de dança desconhecido pela maioria; ensina estão os corpos esperados
pela plateia dois pontos dos dançarinos cadeirantes, dançarina com a
perna amputada, em uma mão e três dançarinos têm deficiência, os
pensamentos das e outro e complexo.

Pg.79 O CabdoCo apresentou três coreografias, com reconhecidas coreógrafos


contemporâneos, com o intuito de quebrar tabus e percepç ões esperados
pela plateia com a intenção, na dança, dançarino com deficiência nessa
coreografias respeitando a intencionalidade e especificidade de cada
criador, as diferenças corporais e as singularidades dos dançarinos se
interconectam que gera uma dança que o significado está na obra, no
corpo específico que dança, em suas conjunções e disjunç ões e n ão
conceito de ser deficiente.os dançarinos não possuem Arquias, seus
corpos transgridem as regras de normalidade e anormalidade e "n ão tenta
camuflar seus limites físicos mas trabalham no espaço do entre, isto é no
espaço de conjunção ao explorarem a fisicalidade de cada corpo que
interage a tua com e sobre o outro.” (Matos, 2002, p.182)

Pg.80 contraproposta essa perspectiva, vemos em missão de grupos de


dançarinos com e sem deficiência, que tem afirmado na dança a
qualidade artística de seus trabalhos. Muitos trabalhos contemporâneos
como os realizados pelas companhias CandoCo (Inglaterra), DV8
(Inglaterra), Vertigo (Israel), DIN A13 (Alemanha) e alguns brasileiros,
apresentam corpos que normalmente são considerados estigmatizados
pela dança, e por meio de sua obra coreográfica leva uma plateia refletir
sobre concepções estagnada c corpo, dança e
eficiência/deficiência.apresentação do dançarino com deficiência no palco,
distante da perspectiva de fome tal sentimento de compaix ão, pode levar
a plateia dialogar e confrontar história desse corpo com história, valores e
preconceitos do seu próprio corpo.

Pg.81 como toda relação entre o processo/produto, em sessão de corpos


diferenciais ambientais implicações para o ensino da dança. Infelizmente
ainda uma enorme distância entre as pesquisas realizadas no campo
artístico e seus reflexos no âmbito educacional pois são poucos os espaços
que, neste momento, se tornaram acessíveis além disso, os espaços
educativos de dança em sua maioria, poucos se interessam por
transformações nas propostas metodológicas e filosóficas do ensino da
dança.faz-se necessário que as habilidades técnicas expressivas na dança
se baseia também na individualidade e não na padronizaç ão técnica para
que surja assinaturas pessoais e uma pluralidade estética.

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