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UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS

Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais – FCBA


Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade

Discente: Amanda Buzanari Barbosa


Docente: Dr. Eduardo Neves Costa

Relatório – Tolerância de plantas a pragas

As plantas são capazes de apresentar vários graus de tolerância a pragas e doenças,


dependendo de fatores como características genéticas, condições ambientais e práticas de manejo que
estão sendo aplicadas. Algumas plantas apresentam essa tolerância a pragas e doenças devido aos
traços genéticos que as tornam menos suscetíveis ou até “superprodutivas” em relação aos danos
causados por artrópodes e infecções causadas por doenças. Isso ocorre a partir de barreiras físicas e
químicas, como espinhos, produção de ceras, ou também, de compostos químicos.
Em adição à resistência natural das plantas, como antibiose e antixenose, a planta também é
capaz de desenvolver tolerância a pragas através de mudanças de fatores como temperatura, umidade
relativa e disponibilidade de recursos alimentares. O manejo realizado de maneira correta, como rega
automática, fertilização e poda, podem auxiliar na saúde da planta e aumentar sua tolerância a pragas e
doenças. Contudo, é importante lembrar que as plantas não são 100% tolerantes as pragas e doenças.
Até mesmo o cultivar mais tolerante é suscetível ao dano e infecção quando em certas condições. O
monitoramento eficaz e preciso, junto com a detecção precoce são chave para a diminuição de
ameaças à saúde vegetal e produtividade.
A tolerância natural apresentada por algumas plantas é referente à habilidade que estas
possuem de perseverar mesmo com estresses ambientais, como a seca, temperaturas extremas, ataque
de pragas e doenças, sem que demonstrem redução significante na produção e crescimento. Esse tipo
de tolerância é geralmente determinado geneticamente e pode ser herdado ou adquirido através de
seleção natural.
As plantas com tolerância natural aos estresses ambientais têm morfologia, fisiologia e
adaptações bioquímicas únicas, que as auxilia a sobreviver em condições adversas. Por exemplo,
algumas plantas desenvolvem raízes mais profundas para permitir acesso a água e nutrientes de
camadas mais profundas do solo, enquanto outras possuem mecanismos que regulam a perda de água
e mantém a pressão de turgor celular durante a seca. Algumas plantas produzem metabólitos
secundários, como flavonoides, fenólicos e terpenoides, que apresentam propriedades antimicrobianas
e antioxidantes.
O grau de tolerância pode variar dependendo do causador do estresse específico e da seriedade
e duração da exposição. Em alguns casos, a tolerância pode prover somente efeito temporário,
enquanto em outros casos, pode fazer com que a planta sobreviva e reproduza em condições extremas.
Produtores geralmente selecionam traços de tolerância para o desenvolvimento de novos cultivares
que são mais adaptados às condições ambientais ou às pragas e doenças no local. Isso pode envolver a
pesquisa por populações com traços necessários, como a tolerância à seca ou às pragas, e depois,
através da reprodução seletiva ou engenharia genética, realizar a transferência desses traços às
variedades economicamente importantes.
A tolerância que as plantas podem apresentar é um fator de importância econômica porque
pode afetar diretamente a produtividade e a lucratividade da produção agrícola. Essa exposição a
condições ambientais extremas pode levar à diminuição da qualidade e quantidade da produção,
culminando no lucro reduzido para fazendeiros e produtores. A tolerância pode aumentar a resiliência
dos sistemas agrícolas às mudanças climáticas e outros desafios globais. Haja visto o aumento na
frequência e intensidade desses eventos climáticos, as culturas que são mais tolerantes são mais
confiáveis em sua produção e no futuro lucro trazido aos produtores, além de ajudarem na manutenção
da segurança alimentar e estabilidade econômica em regiões mais afetadas. Programas de reprodução
de plantas tolerantes focam em cultivares de milho, trigo, arroz e soja, atuando diretamente no
aumento da produção e sustentabilidade dessas produções mais modernas.

Plantas tolerantes no Brasil


Em anos recentes, as iniciativas para o desenvolvimento e uso de variedades tolerantes no país
têm aumentado. As iniciativas incluem:
- Desenvolvimento de cultivares resistentes: programas de produção de variedades tolerantes a
pragas e doenças específicas. Por exemplo, na produção de soja, já existem variedades resistentes à
ferrugem asiática, uma doença fúngica que acarreta em perdas de até 90% da produção.
- Biotecnologia: a engenharia genética tem sido usada no Brasil para desenvolver variedades
tolerantes, como algumas variedades de soja tolerantes às larvas de Lepidoptera.
Existem diversos cultivares tolerantes no Brasil, alguns desenvolvidos a partir da reprodução
convencional, enquanto outros, utilizando técnicas de biotecnologia. Alguns exemplos:
- Soja: uma das culturas mais importantes no país, a soja é muito atacada por lagartas e
percevejos. Alguns cultivares tolerantes desenvolvidos no Brasil  BRS 245 RR e BRS 242 RR.
- Algodão: é atacado por várias pragas agrícolas, como a Helicoverpa armigera e alguns
ácaros. Cultivares desenvolvidos no Brasil  BRS 372 e BRS 433.
- Milho: cultura muito prejudicada por Spodoptera frugiperda e Helicoverpa armigera.
Cultivares tolerantes  BRS 1010 e BRS 4104
- Tomate: sofre ataques da mosca-branca e Helicoverpa zea principalmente. BRS Sena é um
cultivar tolerante à H. zea.

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