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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA DE MEDICINA
DISCIPLINA DE ÉTICA
ALUNos: Kelly K. Sales Zem, Luana da Rocha Celli, Ana Beatriz
Valverde, Vinicius Frank

Avaliação IV – Sobre a obra de Hans Jonas

A filosofia de Hans Jonas é reflexiva, sobretudo preocupada! Está


fortemente relacionada à sua história de vida. Isso lhe deu o status de ser um
dos principais pensadores sobre as problemáticas surgidas no contexto do
século vinte, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, começaram a ser
discutidas questões de ameaça ao futuro da humanidade devido ao
esgotamento progressivo de recursos ambientais. Desse modo a obra de
Jonas tem o objetivo de voltar o olhar para a importância do conceito de
responsabilidade no mundo contemporâneo. Sob o princípio da
responsabilidade coletiva, em que visa não só a vida do homem hoje, mas das
gerações futuras, o autor acredita que devemos, com urgência, reformular o
modo como pensamos. Além disso, apresenta uma fala de temor e imbute o
medo, mas não de forma pessimista como meio de refletir acerca das ameaças
a que estamos sujeitos.
A manipulação genética, por exemplo, consiste na alteração de genes
em um organismo fora de seu processo natural reprodutivo. Hans trata a
modificação da natureza a partir do agir humano como detenção de posse de
poder, sendo essa manipulação o último objeto de tecnologia aplicada,
atribuindo um papel de criador ao individuo. Segundo ele, o "homem quer
tomar em suas mãos a sua própria evolução" e tudo isso, sem uma finalidade
de conservação e sim de melhoramento da espécie. Entretanto, devemos
avaliar essa revolução com critérios éticos, já que a execução de experimentos
em gerações futuras vai de encontro com direitos morais. Discute-se, também,
quais são os parâmetros utilizados para a criação desses modelos ideais.
Quanto ao controle do comportamento, Hans questiona até que ponto é
ético criar substâncias ou procedimentos para intervenções. Por um lado, um
dos objetivos da medicina é aumentar a qualidade de vida do doente, por outro,
isso diminui a necessidade de adaptação humana e busca por melhora, por
modular as interações sociais, para geração de um conforto. Com isso, surgiria
outro conflito, qual seria o ponto que a intervenção seria necessária? Quais os
critérios e quem iria definir isso? Ademais, pode-se questionar se esse conforto
alcançado não seria ilusório, uma vez que seria mediado por fatores não
intrínsecos ao ser.
A ética que Hans Jonas propõe não está pautada na felicidade, como
sugeriu Aristóteles, ou em uma moral provisória, segundo a tese de Descartes,
nem na liberdade, argumento de Kant, mas numa resposta prática para a
resolução de problemas que se tornaram reais, como a existência da vida em
todos os aspectos. Jonas não se preocupou em apresentar uma proposta
política concreta para colocar em prática o seu princípio, mas, em resumo, sua
tese consiste no cuidado, na preservação e na conservação daquilo que deverá
garantir a continuidade da vida.
Outro conceito importante trabalhado pelo autor em relação à influência
da tecnologia na vida humana é no que diz respeito ao prolongamento da vida.
Com o avanço da ciência médica, farmacológica e de outras áreas de suporte à
vida, muitas questões éticas e filosóficas surgem também. A principal delas é o
questionamento de até que ponto apenas o fato de estar vivo compensa a piora
na qualidade de vida que se tem com o passar da idade. Com o avanço da
medicina houve consequentemente um aumento na expectativa de vida geral
da população, mas isso não necessariamente significou que as pessoas viviam
com saúde e qualidade de vida até seus últimos momentos. A vida com altas
doses de medicação, tratamentos intensivos e vidas mantidas por aparelhos
viraram realidades que, mesmo prolongando a vida, podem ser questionadas
pela sua efetividade em manter um ser humano vivo. E com esse dilema surge
o questionamento: o que significa estar vivo para cada pessoa?
Em todos os processos, ao falarmos de progresso, sempre procuramos
estabelecer um avanço, procuramos algo que consideramos ser melhor.
Contudo o caminho que o progresso tecnológico está tomando está marcado
mais pela arrogância e pelo interesse do que pela real necessidade, gerando,
assim, a impressão de que os ganhos são menores do que as perdas. Os
poderes e os efeitos sobre a natureza, por exemplo, fazem com que ela não
consiga mais atingir a demanda mundial. Mesmo se houvesse uma
redistribuição dos recursos naturais e da riqueza global, provavelmente isso
não seria de forma pacífica e muito menos suficiente para elevar o nível de vida
das regiões mais pobres.
O parecer de Jonas está voltado para uma mudança de cultura que se
instaurou na era da tecnicidade. Estamos intimamente ligados à técnica e não
nos imaginamos mais sem ela, e isso acontece no simples levantar, pelo
alarme do relógio, até o prolongamento da vida, por meio de aparelhos de
última geração de um hospital. Os recursos da técnica são meios criados pelo
homem a partir de determinadas necessidades que foram surgindo ao longo da
história. Então, já que não podemos (queremos) viver sem esses recursos, o
filósofo nos chama, por seu senso crítico e ético, que seu uso seja de modo
responsável.

Referência para consulta - “Ética, técnica e progresso científico: uma análise do


princípio da responsabilidade em Hans Jonas” – Disponível em:
https://www.redalyc.org/jatsRepo/5766/576664563007/html/index.html

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