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CPAN - Campus do Pantanal [0525] Letras -

Licenciatura - Habilitação em Português/Inglês

Disciplina: Literatura Infantil e Juvenil


Docente: Prof. Dr. Wellington Furtado Ramos
Acadêmica Elen Maciel Sales

Critérios de Avaliação:
1. A literatura como a colocação em primeiro plano da linguagem:
- Níveis a serem considerados: a) fonológico; b) morfológico; c) sintático; d)
semântico.
2. A literatura como integração da linguagem.
3. A literatura como ficção.
4. A literatura como objeto estético.
5. A literatura como construção intertextual ou autorreflexiva.

PÁSSARO EM VERTICAL
Cantava o pássaro e voava
cantava para lá
voava para cá
voava o pássaro e cantava
de
repente
um
tiro
seco
penas fofas
leves plumas
mole espuma
e um risco
surdo
n
o
r
t
e
-
s
u
l
(Libério Neves)
Ao tomar visualizar o poema, percebemos que a forma como ele foi construído
evidencia todos os deslocamentos do pássaro, conforme ocorrem as situações no
decorrer do poema. O arranjo visual e sonoro do poema é reforçado por cada estrutura
linguística, a começar pela repetição dos sons ‘cantava’ e ‘voava’ que traz a sensação de
um voo em liberdade. A organização das palavras do 5° ao 9° verso traz a representação
da direção e do momento em que ele é atingido por um tiro. Quando o autor expressa as
frases ‘penas fofas/leves plumas/mole espuma’ nos orienta a imaginar o que pássaro foi
atingido, sendo este o fim de sua vida. Por fim, ele nos induz a assemelhar cada letra
com uma provável queda, figurada pela representação dos sentidos norte-sul.

Enquanto peixe-martelo
bate: toque, toque, toque
peixe-serra vai serrando:
roque, roque, roque, roque.
(Milton Camargo)
O poema tem uma linguagem simples que segue uma musicalidade organizada a partir
da combinação das palavras ‘toque’ e ‘roque’. Sendo assim, o autor se utiliza dos
recursos que a língua dispõe para reproduzir esses fonemas, de maneira a associá-los ao
som natural do objeto, construindo uma experiência sinestésica ao leitor. Esse jogo de
sons e assimilação ao convencional é perigoso, uma vez que ao ter essa experiência o
autor reduz o que de fato está sendo informado, ou seja, não prioriza a ação sujeito do
poema nas frases: “enquanto peixe-martelo bate” e “peixe-serra vai serrando”, o foco se
concentra na valor de interação entre palavra-imagem.
A palmeira estremece
palmas pra ela
que ela merece
(Paulo Leminski)
Aparentemente podemos perceber a simplicidade do poema. Seus breves versos trazem
a natureza como tema principal. Pela repetição de sons verbais entre as palavras
‘estremece’ e ‘merece’ é possível notar uma certa musicalidade, com rimas que indicam
a exaltação da natureza. O poema se torna ainda mais expressivo ao apresentar uma
combinação entre palavras de origem comum mas com sentidos diferentes, como
acontece nas expressões ‘palmeiras’ e ‘palmas’. O uso de poucas palavras, mostra a
objetividade em demonstrar a admiração bela beleza natural das palmeiras, utilizando
desse modo o poema para representar a relação do homem com a natureza.

Ao ver uma velha coroca


fritando um filé de minhoca
o Zé Minhocão
falou pro irmão:
“Não achas melhor ir pra toca?”
(Tatiana Belinky)
Ao fazer a leitura do poema, nota-se a riqueza das rimas e um tom aparentemente
engraçado.Ao contar as sílabas poéticas de cada versos temos: (AABBA), seguindo uma
métrica das rimas em (88558) sílabas. Os três grifos nos versos de oito sílabas (na
segunda, quinta e oitava sílabas) acompanham o desenvolvimento do verso, indicando
os acentos que intensificam seu ritmo. Já nos versos de cinco sílabas, contam-se
somente duas tônicas, na segunda e na quinta sílaba. O poema se utiliza de uma
linguagem coloquial com uma história que foge da mecânica do cotidiano, por isso
soam estranho, e até mesmo sem sentido. Ao falar na estrutura sintática, temos
claramente: sujeito, adjetivo e ação. Apesar de ser bem estruturada, o poema parece dar
mais ênfase ao ritmo do que a própria história.

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