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• Enf. Me.

Grassele Diefenbach
A história da ventilação mecânica acompanha a
história da reanimação cardiorespiratória, intubação
traqueal, anestesia, cirurgia torácica e o tratamento
de algumas doenças como a SDRA e a poliomielite.

HISTÓRIA (a.C.)
As primeiras citações sobre a teoria da respiração aparecem nos escrito antigos Egipcios, Chineses e Gregos. O ato
de ventilar artificialmente seres humanos data de 800 a.C. e está documentado no Velho testamento Bíblico, citação
ao Profeta Elisha que induziu uma pressão respiratória da sua boca à boca de uma criança que estava morrendo (II
Kings, 4:34-35).

460 - 370 a.C. - Hipócrates descreveu a função da respiração no " Tratado do ar" e o tratamento
para as situações iminentes de sufocamento por meio da canulação da traquéia ao longo do osso
da mandíbula. Esta foi provavelmente a primeira citação sobre intubação orotraqueal.

384 - 322 a.C. - Aristóteles notou que animais colocados dentro de caixas hermeticamente
fechadas morriam. Primeiramente, pensou que a morte ocorria pelo fato dos animais não
conseguirem se resfriar. Outros estudos levaram-no a conclusão de que o ar fresco era essencial
para a vida.
HISTÓRIA (d.C.)

Século II d.C. - Galeno, físico grego, realizou diversos estudos sobre anatomia em várias espécies
de animais. Ele afirmava que a anatomia dos seres humanos era similar. Seus ensinamentos
foram seguidos por muitos séculos. Desde a sua morte até 13oo anos após, religiosos e políticos
proibiram a dissecção e os estudos científicos em humanos.

1530 - Paracelsus (1493-1541) usou um fole conectado a um tubo inserido na boca de um


paciente para assistir a ventilação. Foi-lhe creditado a primeira forma de ventilação artificial.

1541 - 1564 - Vesalius introduziu um cano na traquéia de um animal que estava morrendo e
somente através da ventilação restabeleceu o batimento cardíaco. Versalius, foi o primeiro a
desbravar as leis vigentes e dissecou cadáveres humanos. Os seus registros compreendem 7
volumes de anatomia ilustrada, foi a primeira obra com descrição acurada do corpo humano.
HISTÓRIA (d.C.)
1635 - 1703 - Robert Hooke se interessou em estabelecer a causa da morte quando o tórax era
aberto durante cirurgias. Realizou estudos em animais e percebeu que era possível sustentar a vida
bombeando ar nos pulmões. Ventilou os animais por meio de um fole conectado a um tubo inserido
na traquéia através de um orifício no pescoço abaixo da epiglote. Primeiramente, achou que os
movimentos do tórax e pulmões é que mantinham a vida. Em outros estudos, inseriu um cano nas
vias aéreas e liberou um fluxo constante de ar através dele, conseguiu manter os pulmões
expandidos e sustentou a vida mesmo na auxência dos movimentos respiratórios. Por fim, concluiu
que o ar fresco e não o movimento respiratório é essencial à vida.

1763 - Smelie usou um tubo de metal flexível e bombeou ar para dentro dos pulmões.
1775 - John Hunter desenvolveu um sistema com duplos balões para ressucitação de animais, um
balão para entrada de ar fresco e outro para retirada do ar ruim. Ele também recomendou a
compressão com o dedo sobre a laringe para previnir a entrada de ar no estômago. Esta técnica foi
adaptada para humanos e é utilizada atualmente.

1786 - Kite criou um mecanismo limitado a volume que usou com foles. Foi importante por ser o
primeiro dispositivo volumétrico.

1790 - Courtois usou um pistão e um cilindro junto com um balão para ventilação.

1796 - Forthergill usou um tubo nasal e um fole para ventilação artificial.


HISTÓRIA (d.C.)

1864 - Jones patenteou um dos primeiros ventiladores de pressão negativa

1876 - Primeiro "iron lung" do Dr. Woillez de Paris.

1876 - Dr. Woillez de Paris desenvolveu o "espirophore" similar ao pulmão de aço - "iron lung".
HISTÓRIA (d.C.)
1860 - Diversos respiradores com pressão negativa foram inventa.
1880 - Macewen desenvolveu o tubo endotraqueal.

1886 - Tuffier e Hallion realizaram com sucesso uma ressecção de parte do pulmão utilizando
um tubo endotraqueal com "cuff"e uma válvula de não-reinalação.

1889 - Dr. Egon Braun desenvolveu uma caixa de ressucitação para crianças.

1893 - Fell e O'Dwyer usaram uma cânula laríngea conectada a um balão acionado com os pés para
ventilação durante cirurgias.

1895 - Kirstein desenvolveu um autoscópio para a visão direta.


1895 - Jackson inventou o laringoscópio.
HISTÓRIA (d.C.)

1902 - Matas usou o ar comprimido para acionar o aparato de Fell-O'Dwyer durante cirurgia.
1904 - Sauerbruch usou ventilação negativa contínua ao redor do corpo para atender a
necessidade ventilatória durante cirurgia.

1905 - Brauer usou pressão positiva contínua nas vias aéreas superiores durante cirurgia.

1909 - Janeway e Green desenvolveram um ventilador com pressão positiva intermitente (IPPV) para uso em
cirurgias.

1907 - Heinrich Drager recebeu a patente do "pulmotor" para ressucitação, acionado pelo ar
comprimido ou oxigênio.
HISTÓRIA (d.C.)

1916 - Severy e 1926 - Schwake construiram ventiladores de pressão negativa que


requeriam posição de pé do paciente.

1928 - Drinker e Shaw desenvolveram um ventilador de pressão negativa conhecido como


"iron lung". Foi muito utilizado para suporte de vida prolongado.

1931 - Emerson desenvolveu um "iron lung"similar ao de Driker e Shaw que tornou-se


largamente comercializado.
1967 - A PEEP (positive end expiratory pressure) foi introduzida nos respiradores por pressão positiva.
Ashbaugh, Petty, Bigelow e Levine reviveram a ideia do CPPB e aplicaram-na durante a ventilação mecânica,
denominando de PEEP, para o tratamento da SDRA (Síndrome do desconforto respiratório agudo) .

1970 - Robert Kirb e colaboradores desenvolveram uma técnica denominada de "intermitent mandatory
ventilation - IMV" para ventilar crianças com " Síndrome do desconforto respiratório infantil ( IRDS ) ".

1971 - Gregory e colaboradores reportaram o uso do CPAP para tratar IRDS em recém-nascidos.

1971 - Oberg e Sjonstrand introduziram a ventilação com pressão positiva de alta frequência (HFPPV).

1973 - John Downs e colaboradores adaptaram o sistema de Ventilação Mandatória Intermitente (VMI) para
adultos e também propuseram-no como método de desmame do suporte ventilatório.

1980 - Ventilação por pressão positiva de alta frequência ganhou destaque na literatura como uma abordagem
experimental de VM.
Correção da hipoxemia e acidose respiratória

Aliviar o trabalho respiratório

Reverter ou evitar a fadiga respiratória

Diminuir o consumo de oxigênio


Ventilação Mecânica
Princípios
■ Na VM aparelhos insuflam os pulmões com determinada quantidade de ar (Volume
Corrente – VC)
■ VC é o ar inspirado e expirado durante a VM
■ O ar entra nos pulmões devido um gradiente de Pressão ( P) entre as vias aéreas
superiores e as vias aéreas inferiores
■ A diferença de pressão pode ser conseguida por dois mecanismos:
➢ Um equipamento que diminua a pressão alveolar: ventilação por pressão negativa
➢ Um equipamento que aumente a via aérea proximal: ventilação por pressão positiva
Ventilação Mecânica
✓ O suporte ventilatório consiste em um dos métodos indicado para o tratamento de pacientes
com insuficiência respiratória, incapazes de manter valores normais de O2 e CO2 sanguíneos.
Nas emergências muitas vezes não há critérios definidos para indicar a intubação e VM,
provavelmente pela enorme lista de causas da insuficiência respiratória e variações na resposta ao
tratamento.
✓ Porém, algumas situações clínicas em que a intubação e a VM são a maneira mais segura de
garantir a oferta de oxigênio aos tecidos, como na parada respiratória instalada ou iminente, na
diminuição do nível de consciência que ameace as vias aéreas, na instabilidade hemodinâmica
Ventilação Não Invasiva utiliza uma pressão inspiratória para ventilar o paciente através de
interface naso-facial (IPAP - Pressão positiva inspiratória e ou PSV - Ventilação com pressão
de suporte) e uma pressão positiva expiratória para manter as vias aéreas e os alvéolos
abertos para melhorar a oxigenação (EPAP - Pressão positiva expiratória e ou PEEP - Pressão
Expiratória Final Positiva).

No modo CPAP - Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas é administrado ao paciente
através da interface naso-facial somente uma pressão expiratória final contínua nas vias
aéreas (CPAP) e a ventilação do paciente é feita de forma totalmente espontânea.

Em não havendo contraindicação os pacientes com incapacidade de manter ventilação


espontânea devem iniciar uso de VNI com dois níveis de pressão, com a pressão inspiratória
suficiente para manter um processo de ventilação adequada, visando impedir a progressão
para fadiga muscular e/ou parada respiratória
✓ Exacerbação da DPOC
✓ Asma
✓ EAP Cardiogênico
✓ Insuficiência respiratória
Ciclos da ventilação Mecânica

✓ Os ciclos ventilatórios mecânicos podem ser iniciados tanto pelo paciente quanto pelo ventilador.

✓ Pelo paciente, o início do ciclo se da a partir do estímulo respiratório (drive), gerado pelo centro
respiratório (SNC). Esse tipo de ciclo é conhecido como assistido, uma vez que o paciente controla a
FR. Para que o ciclo possa ocorrer, é necessário que o controle de sensibilidade do ventilador esteja
adequadamente ajustado.

✓ Quando os ciclos mecânicos são deflagrados pelo ventilador a partir de uma FR previamente
programada, os ciclos são denominados controlados, neste caso o paciente não tem nenhum
controle sobre os ciclos ventilatórios.

✓ Nos ciclos denominados espontâneos, o paciente continua conectado ao ventilador, porém tanto a
fase inspiratória quanto a expiratória são mantidas acima da pressão atmosférica. Assim, os valores
da FR, a duração do tempo inspiratório, o fluxo e o volume, são controlados pelo próprio paciente.
https://www.youtube.com/watch?v=08QAwjweyas&feature=share
CUIDADOS DE
ENFERMAGEM
A VM inadequada pode ocasionar lesões graves aos pulmões.

Embora inicialmente as preocupações fossem com a manutenção das trocas gasosas, estudos recentes mostram
que também deves ser consideradas aplicações de estratégias protetoras para conservar as microestruturas
pulmonares, que são fundamentais para a recuperação da função pulmonar.

1. Prevenção da pneumonia associada a ventilação mecânica (PAVM) – risco maior nos primeiros 5 dias
➢ Cabeceira elevada 30 a 45°
➢ Posição do filtro na altura do tubo
➢ Controle da Pressão do cuff do TOT
➢ Ausência de líquidos no circuito do ventilador
➢ Fisioterapia respiratória
➢ Higiene oral
➢ Lavagem das mãos
➢ Técnica adequada de intubação e aspiração traqueal
➢ Não instilação de SF 0,9% Ocorre por:
➢ Diminuição precoce da sedação • Aspiração do conteúdo orofaríngeo
➢ Mudança de decúbito • Através da contaminação do
➢ Manuseio com o respiratdor equipamento respiratório
• Transmissão de pessoa a pessoa
• Disseminação hematogênica
2. Lesão pulmonar associada a VM (LAPV) – resultante da interação complexa de distintas forças mecânicas que
agem sobre o pulmão

➢ Barotrauma e Volutrauma
✓ Barotrauma - caracterizado por todas as formas de lesão pulmonar. Sendo o indicador mais precoce de
barotrauma o enfisema pulmonar (cistos aéreos e bolhas de ar perivasculares)
✓ Volutrauma - caracterizado como lesões pulmonares relacionadas a repetidas distensões e pressurização do
tórax.

3. Cuidados com a via aérea artificial


➢ Traumatismos de orofaringe e traqueia no ato da intubação
➢ Lesões no ponto de atrito (entorno do balonete)
➢ Oclusão, perfuração do balonete
➢ Extubação acidental
➢ Edema de glote,
➢ Intubação seletiva no brônqui direito
➢ Hemorragia relacionada a traqueostomia (entre outros...)

4. Cuidados com a higiente oral


➢ Previne infecção do trato respiratório

5. Cuidados com a oximetria de pulso

6. Cuidados com o transporte do paciente

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