Você está na página 1de 21

CURSO

ERGOTACOS

O MÉTODO TACOS PARA AS POSTURAS

Timing Assessment Computerized Strategy

Daniela Colombini, Marco Tasso,


Edoardo Santino e Ruddy FaccI
MÉTODO TACOS

MÉTODO TACOS: Análise da sobrecarga mecânica dos membros


superiores e das posturas inadequadas da coluna vertebral e dos membros
inferiores na atividade laboral.
DEFINIÇÃO: postura é a posição do corpo no espaço e as relações
mecânicas entre suas partes.

AVALIAÇÃO DA TOLERABILIDADE DA POSTURA:


Em primeiro lugar é preciso entender que o que se avalia não é a postura
em si, mas sua tolerabilidade em relação à:
✓ Suas condições espaciais especificas
✓ Suas condições de exposição
✓ A relação com os demais fatores de risco presentes
As posturas podem ser definidas como toleráveis quando:
✓ - Não apresentam sensações de incomodo a curto prazo;
✓ - Não causam patologias morfofuncionais a longo prazo.
Incômodo a curto prazo é quando aparece uma sensação de fadiga e/ou
dor em qualquer parte do aparelho musculoesquelético, de duração
contínua, repetida durante minutos, horas, dias.

TÉCNICAS DE MEDIÇÃO DA TOLERABILIDADE:


✓ E.M.G. Ocupacional Superficial
✓ Método Biomecânico
✓ Métodos Psicofísicos e Subjetivos

2
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO E CRITÉRIOS DE INTERPRETAÇÃO

➢ EMG – Eletromiografia Ocupacional Superficial


Permite investigar a participação de diversos grupos musculares em
atitudes posturais específicas. O nível de trabalho muscular é
padronizado através da comparação percentual que se registrou na
correspondente Máxima Contração Voluntária (MCV).
Quando se utiliza os resultados da EMG Ocupacional um dos critérios
de referência é que o trabalho muscular deve ser inferior a 30% da MCV.
“Apesar deste método cumprir a primeira condição não se pode utilizar este
resultado para determinar de maneira automática o cumprimento da
segunda condição.”
(Chaffin, 1973; Hagberg, 1975; Kadefors et al., 1968; Petroski et al.,1978; Petroski et al., 1982;
Andersson et al., 1984)

➢ Método Biomecânico utilizando modelos matemáticos mais ou


menos complexos, este método permite calcular a carga sobre as
diversas articulações.
O método biomecânico está baseado na análise biomecânica das
posturas, das cargas e das forças externas que atuam sobre o corpo,
com alta eficácia no estudo da tolerabilidade das posturas.
Os estudos sobre esse tema se concentraram principalmente na região
lombossacra.
“Este método pode levantar hipóteses sobre o equilíbrio geral e a fadiga
muscular a curto e longo prazo. Permite também uma aproximação das
forças musculares que se aplicam a cada uma das estruturas articulares e
periarticulares.”
(Davis, 1985, 1981; Nakemson, 1981; Nakemson e Morris, 1964; Ortengren et al., 1975,1981;
Andersson et al., 1981; Berkson et al., 1979; Boccardi et all, 1977,1981; Schultz et al., 1981;
1982; Seireg e Ardikar, 1973)

➢ Métodos Psicofísicos e subjetivos os que aparecem na literatura


científica são extremamente diferentes.
Em geral, estão baseados em opiniões subjetivas sobre a sensação de
incomodo ou fadiga causada por movimentos específicos e posturas de
trabalho.
Estas opiniões são dadas por sujeitos que participaram de situações
experimentais controladas.
“O cumprimento da primeira condição subjetiva sobre a carga de trabalho
não permite determinar automaticamente o cumprimento da segunda.”
(Aioub et al., 1979; Garg 1980; Legg e Myles, 1981)

3
RESUMO DE ESTUDOS BIOMECÂNICOS DAS CARGAS SOBRE OS
DISCOS INTERVERTEBRADOS LOMBARES

Cargas discais lombares em diferentes posições

ESTUDO BIOMECÂNICO DAS CARGAS SOBRE OS DISCOS


INTERVERTEBRAES LOMBARES: Posição sentado

CLASSIFICAÇÃO DAS SEIS DIFERENTES POSIÇÕES SENTADAS EM


RELAÇÃO À:
✓ Carga lombar
✓ Atividade muscular
✓ Modificações das lordoses lombares estudo da tolerabilidade

4
PARA ANÁLISE DO RISCO É NECESSÁRIO:
✓ Analisar todos os fatores de risco presentes, inclusive os
organizacionais;
✓ Consultar resultados de estudos epidemiológicos (análise do dano e
a sua distribuição % em relação aos não expostos) para poder
interpretar o resultado dos índices calculados:
• verde (ausência de risco, ou seja, de probabilidade de ficar
doente);
• vermelho (risco presente com probabilidade crescente de ficar
doente em função dos valores do índice)

QUANDO UTILIZAR O ERGOTACOS?


✓ Para a análise da sobrecarga biomecânica de membros superiores é
necessário: aplicar o MÉTODO OCRA.
✓ Para a análise da sobrecarga biomecânica da coluna lombar na
movimentação manual de cargas: aplicar o MÉTODO NIOSH by
OCRA.
✓ Analisar somente as posturas do membro superior e/ou somente a
movimentação manual de cargas significaria não considerar uma
estimativa completa do risco.
✓ Para completar as análises acima citadas, é necessário fazer a
avaliação das posturas das áreas não avaliadas.

NORMAS INTERNACIONAIS
➢ ISO 11226 - Avaliação das Posturas Estáticas no Trabalho (2000)

➢ UNI EN 1005-4 – Segurança de Máquinas – Performance Física


Humana.
• PARTE 4: Avaliação de Posturas no Trabalho e Movimentos em
Relação à Máquinas (2005)

➢ UNI EN 1005-5 – Segurança de Máquinas – Performance Física


Humana
• PARTE 5: Avaliação de Riscos para por Movimentos
Repetitivos de Alta Frequência (2007)

5
➢ ISO 11226:2000
• Mensuração de Posturas Estáticas de Trabalho
• Este documento apresenta algumas recomendações ergonômicas
aplicadas a vários trabalhos
• Recomendações baseadas em estudos experimentais sobre a
relação entre sobrecarga biomecânica, dor, e resistência ao
cansaço causado por posturas estáticas de trabalho
• Postura estática de trabalho
• Postura de trabalho mantida durante mais de 4 segundos
seguidos, caracterizada por um nível de força estável gerada pelos
músculos e outras estruturas corporais
• Define as normas de aceitabilidade de posturas estáticas para
cada segmento corporal

NÃO ACEITÁVEL

ACEITÁVEL / NÃO ACEITÁVEL, DE ACORDO COM


ALGUMAS CONDIÇÕES (EX: DURAÇÃO DA POSTURA)

ACEITÁVEL

POSTURAS ANALISADAS EM 5 SEGMENTOS CORPORAIS


✓ Tronco
✓ Cabeça e Pescoço
✓ Ombro e Braço
✓ Antebraço e Mão
✓ Membros Inferiores

6
POSTURA DO TRONCO

7
FLEXÃO DO TRONCO COM APOIO COMPLETO
ACEITÁVEL = Entre 20° e 60° graus com apoio completo do tronco.
Apoio completo do tronco: presença de um apoio para o peso do tronco:
✓ Maneira direta (encosto alto de uma cadeira, quando o sujeito se
senta inclinando-se para trás)
✓ Maneira indireta (apoio para os braços quando o tronco está
flexionado para a frente).

POSTURA DA CABEÇA
Situações aceitáveis
Análise de 3 características posturais:
✓ Postura simétrica do pescoço (ausência de rotações da cabeça),
✓ Inclinação anterior de cabeça e tronco,
✓ Flexo-extensão do pescoço

POSTURA DO OMBRO E DO BRAÇO


Análise de 3 características posturais:
✓ Elevação do braço
✓ Levantamento do ombro
✓ Postura forçada do braço

8
POSTURAS FORÇADAS DO BRAÇO
SIM – SE PRESENTES – POSTURA NÃO ACEITÁVEL
NÃO – SE AUSENTES – POSTURA ACEITÁVEL

POSTURAS INCÔMODAS DO BRAÇO:


✓ Rotação Interna
✓ Adução
✓ Rotação Externa

LEVANTAMENTO DO OMBRO
SE PRESENTE – POSTURA NÃO ACEITÁVEL
SE AUSENTE – POSTURA ACEITÁVEL
NÃO CONSIDERAR FLEXÃO / EXTENSÃO DO BRAÇO COMO
LEVANTAMENTO DE OMBRO

POSTURA DO ANTEBRAÇO E DA MÃO


ANÁLISE DE 3 CARACTERÍSTICAS POSTURAIS
✓ FLEXÕES OU EXTENSÕES EXTREMAS DO COTOVELO;
✓ PRONAÇÕES / SUPINAÇÕES EXTREMAS DO ANTEBRAÇO;
✓ FLEXO-EXTENSÕES E/OU DEVIOS EXTREMOS DO PUNHO.

ISO 11226:2000 - ANEXO A.4 – EXTREME JOINT POSITIONS


INDICAÇÕES DOS LIMITES DE AMPLITUDE DOS MOVIMENTOS
ARTICULARES

9
POSTURAS EXTREMAS DOS MEMBROS INFERIORES:
JOELHOS E TORNOZELOS

10
UNI EN 1005-4
Modelo em «U» dos riscos relacionados com a Postura e o Movimento

RISCO PARA A
SAUDE

TRONCO: FLEXÃO / EXTENSÃO


DINÂMICAS DE DINÂMICAS DE
ESTÁTICAS
BAIXA ALTA
FREQUENCIA FREQUENCIA

11
TRONCO EM FLEXÃO OU EXTENSÃO: entre 20° e 60°

TRONCO: INCLINAÇÕES E ROTAÇÕES (APROXIMADAMENTE 10°)

PESCOÇO: FLEXÃO / EXTENSÃO (0- 40°) - INCLINAÇÕES (10°) E


ROTAÇÕES (45°)

MEMBROS SUPERIORES: FLEXÃO, EXTENSÃO E ABDUÇÃO

12
RULA

ORIGINALMENTE UTILIZADOS PARA O ESTUDO


REBA EXCLUSIVO DAS POSTURAS. AGORA LEVAM EM
CONSIDERAÇÃO TAMBÉM OUTROS FATORES,
MAS DE MODO SUPERFICIAL
OWAS

OCRA

OREGE

SÃO MÉTODOS MULTIFATORIAIS, ONDE A


SUVA POSTURA INADEQUADA É SÓ UM DOS
FATORES DE RISCO QUE INFLUENCIA NA
PONTUAÇÃO DE RISCO FINAL
QEC

OUTROS

13
QUE POSTURAS, POR SETOR, CADA MÉTODO AVALIA?

OWAS REBA RULA OREGE SUVA QEC

TRONCO X X X X X

CABEÇA /
X X X X
PESCOÇO

BRAÇO X X

OMBRO X X X

ANTEBRAÇO X X

PUNHO/MÃO X X X X

MEMBROS
X X X
INFERIORES

COTOVELO X

TIPO DE PEGA X

EM PÉ/SENTADO X X

DURAÇÃO DA
X X X X
TAREFA

FORÇA X X X X X X

QUAIS POSTURAS PESAM MAIS NA PONTUAÇÃO?


PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO PONTUAÇÃO
MÉTODO TOTAL OU MÁXIMA MÁXIMA MÁXIMA
PARCIAL Primeiro lugar Segundo lugar Terceiro lugar

OWAS T MEMBROS TRONCO BRAÇOS


INFERIORES
REBA T BRAÇOS TRONCO MEMBROS
INFERIORES
RULA T PESCOÇO BRAÇOS TRONCO

OREGE P OMBROS PESCOÇO PUNHO


PESO
SUVA T DURAÇÃO POSTURA
SUPORTADO
OMBROS/BRAÇOS – TRONCO -PUNHO/MÃO
QEC P
(TODOS COM A MESMA PONTUAÇÃO)

14
RULA

O método RULA (Rapid Upper-Limb Assessment) é uma ferramenta ágil e


rápida que permite obter uma estimativa da sobrecarga biomecânica dos
membros superiores e do pescoço e tronco numa tarefa ocupacional.
Como os próprios autores (Mc Atamney and Corlet, 1993) destacam, este método
deve ser utilizado num contexto de avaliação ergonômica geral: é, portanto,
uma ferramenta de primeiro screening.

REBA
Rapid Entire Body Assessment

É decorrência do RULA; parte da análise dos mesmos 2 grupos de


segmentos corporais, acrescentando, porém, também os membros
inferiores:
✓ Grupo A: análise do pescoço, tronco e pernas
✓ Grupo B: análise dos braços e do punho

15
MÉTODOS RULA E REBA: QUESTIONAMENTOS
✓ Quando se examina uma tarefa, a escolha da postura mais
comprometida ou mais frequente (a que é mantida durante mais
tempo) é o elemento crucial e é subjetivo. Se houver uma postura de
alto risco, mantida por um tempo muito curto, como é possível afirmar
que esta postura tem maior relevância que outra de menor risco, mas
de maior duração?

✓ Não está claro qual membro (esquerdo ou direito) se leva em


consideração. Teria que somar a pontuação de um só membro com a
do pescoço e coluna? Teria que escolher o pior?

✓ Não informa como avaliar Multitarefas

✓ O nível de carga/força sustentada é sumariamente subestimado,


assim como a pontuação que determina o fator de frequência: por
este motivo a norma ISO sobre movimentos repetitivos não aceita
esses métodos como métodos adequados para estimativa da
sobrecarga biomecânica dos membros superiores

✓ No REBA não estão claras as regras para a atribuição da pontuação


da soma, que no rula não existe

✓ Como interpretar o nível global de risco em relação com a


organização do trabalho e os tempos de execução das tarefas?
Faltam os níveis de exposição

✓ Nenhum destes dois métodos oferece estudos clínicos de correlação


entre os índices de risco e a probabilidade de adoecer.

✓ Trata-se de índices expositivos que somente ordenam


numericamente o nível expositivo e por eles não se pode considerar
índices de risco.

A ISO NÃO CONSIDERA ESTES MÉTODOS ADEQUADOS PARA


ESTIMAR A SOBRECARGA BIOMECÂNICA DOS MEMBOS
SUPERIORES, MAS SÓ PARA DESCREVER AS POSTURAS!!

16
OWAS
(Ovako Working Posture Analysing System,1977)
Estuda as possíveis posturas utilizadas por um trabalhador, agrupando-as
em diferentes categorias:
✓ POSIÇÃO DAS COSTAS
✓ POSIÇÃO DOS BRAÇOS
✓ POSIÇÃO DAS PERNAS
✓ QUANTIDADE DE PESO SUSTENTADO
PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
✓ Efetuar as observações em intervalos de tempo fixos e de curta
distância
✓ A duração total deve cobrir a sequência inteira de operações que
representa a atividade executada
✓ Tomar uma amostra significativa de observações
✓ Estabelecer para cada postura uma classe de risco
✓ Calcular a fração temporal para cada postura
✓ Calcular o índice de risco OWAS

CÁLCULO DO ÍNDICE DE RISCO OWAS

I = [(A x 1) + (B x 2) + (C x 3) + (D x 4)] x 100, ONDE:

A = Frequência Percentual de Observações na Classe 1 de Risco

B = Frequência Percentual de Observações na Classe 2 de Risco

C = Frequência Percentual de Observações na Classe 3 de Risco

D = Frequência Percentual de Observações na Classe 4 de Risco

1, 2, 3 e 4 = Valores de Ponderação para as respectivas Classes de Risco

17
REVISÃO DOS MÉTODOS PROPOSTOS PELA LITERATURA E
NORMAS INTERNACONAIS

CONCLUSÕES OU INÍCIO DOS PROBLEMAS?

Baseados nos Métodos de Avaliação apresentados, presentes nas Normas


além de alguns outros métodos de foi constatado que:
✓ muitas questões estão aguardando uma resposta!
Por exemplo:
✓ Tempo e técnicas de observação, o que é levantado,
✓ Como evidenciar as durações das posturas,
✓ Como avaliar as posturas de um trabalhador que faz turnos de
duração diferente
✓ E se executa muitas tarefas diferentes cada uma com um risco
diferente?

18
O PORQUE DO MÉTODO TACOS

O MÉTODO TACOS é um sistema informatizado (Timing Assessment) para


a introdução da correta temporalidade das tarefas e das posturas que as
caracterizam, para que as pontuações sejam mais objetivas e
representativas da exposição.
Na prática o MÉTODO TACOS é uma estratégia de análise e de avaliação,
que proporciona critério:
✓ Para identificar as posturas por analisar e definir as pontuações
inerentes de cada postura segundo sua duração.
✓ Para individualizar as tarefas.
✓ Para o estudo temporalizado das posturas em cada tarefa.
✓ Para o estudo organizacional do rodizio de pessoal (rotação entre
diferentes tarefas) para a definição dos tempos de exposição a cada
postura durante diferentes tarefas.
✓ De reagregação temporal e cálculo das pontuações totais de risco
através de ferramentas simples.

19
CONCLUSÕES

Para o estudo da sobrecarga biomecânica dos membros superiores é


necessário aplicar o MÉTODO OCRA.
Estudar só as posturas do membro superior significa limitar-se a uma mera
descrição de um só fator de risco, que não traz estimativas completas de
risco, ou seja, da sobrecarga biomecânica.
Para o estudo da sobrecarga biomecânica da coluna lombossacra na
movimentação manual de cargas, vale o mesmo conceito: deve ser
aplicado o MÉTODO NIOSH by OCRA.

ESTRATÉGIA PRECONIZADA

ESTUDAR AS POSTURAS DE:


✓ Membros inferiores
✓ Coluna dorso-lombar se não houver levantamentos manuais de
cargas em postura ereta
✓ Postura sentada
✓ Postura sentada com uso de pedal
✓ Postura sobre escadas
PARA ESTUDAR ESTAS POSTURAS:
✓ Iniciar com estudos organizacionais para identificar as diferentes
tarefas e a sua duração no ciclo de trabalho (diário, semanal, mensal,
anual);
✓ Separadamente dentro de cada tarefa identificada (por tipologia e
duração) presente em uma função, avaliar os valores de risco
intrínsecos posturais
✓ Reagrupamento dos dados obtidos dentro da função e cálculo do
índice de exposição final

20
21

Você também pode gostar