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O teatro de Revista

Os meios de comunicação e a música

Teatro de revista (1874) (depois de um fracasso de 1859)


Gravações (1902) (Figner e a Odeon)
Cinema (1907) (inauguração de salões na Av. Central)
Rádio (1932) (liberação da publicidade)
Alguns pontos sobre as revistas
1870s 1900s 1920s 1930-50s
Primeiras revistas Já está associado Aparecem os Cassinos tornam-se
na Pça Tiradentes ao Carnaval e à Espetáculos mistos importantes e
(Artur Azevedo, popularização de de palco e Tela aparece a
Joaquim Serra et al) músicas como: modalidade ‘show’
Aparece a BOEMIA Fado Liró, Vem cá, Tinhorão diz que em
1890 Æ As laranjas Mulata, Bico da 1934 a ‘revista’ vira
da Sabina (aparece Chaleira, Caraboo ‘show’. Eu não vejo
a Baiana) muita diferença
além do local onde
São importantes: eles são feitos
São importantes: São importantes: (Cassinos)
Eduardo Souto,
Pepa Ruiz, Xisto Baiano, Vicente Hekel Tavares, São importantes:
Bahia, Vasques, Celestino, Edu das Henrique Vogeler, Lalá, Ari Barroso,
Leonardo, Pepa Neves, Francisco Alves, Augusto Vasseur,
Delgado, Araci Cortes, Sinhô, Carmen Miranda
Pixinguinha
Conclusões

Música popular comenta o cotidiano da história do Brasil

Mais do que divertir-se, compositores aproveitam-se de um mercado de


partituras, discos e teatros para ganhar dinheiro (a diversão deveria ser do
público)
Há quem pense que esse uso do mercado ‘corrompe’ as intenções mais
elevadas ou corrompe a inspiração musical
O primeiro samba gravado
SAMBA → RURAL → URBANO → AUTORAL → NEGRO e MALANDRO
ªTia Ciata, ªSinhô ª Donga ªEstácio
Baiano etc
Fica calmo que aparece / grupo do Pixinguinha (Donga, 1919)
Pé de Anjo / Francisco Alves (Sinhô) (1911-1921)

Eu tenho uma tesourinha


que corta ouro e marfim
Guardo também pra cortar
línguas que falam de mim

Ó pé de anjo, ó pé de anjo
És rezador, és rezador
Tens o pé tão grande
que és capaz de pisar
Nosso Senhor, Nosso Senhor

A mulher e a galinha
Um e outro e interesseiro
A galinha pelo milho
E a mulher pelo dinheiro
Olha ele, cuidado! / Alfredo Albuquerque (Hilário JF) (1929)

Olha ele, cuidado!


ele com aquela conversa é danado
Olha ele, cuidado!
Que aquele homem é danado

eu fui perto dele


pedir o que era meu
ele com cinismo comigo
chorava mais do que eu

Vive de tratantagens
Com todos os seus amigos
de tanto truque que ele tem
chega a andar pensativo
Pelo Telefone / Baiano, 1917
O chefe da folia Ai, se a rolinha – Sinhô! Sinhô!
Pelo Telefone Se embaraçou – Sinhô! Sinhô!
Mandou me avisar É que a avezinha – Sinhô! Sinhô!
Que com alegria Nunca sambou – Sinhô! Sinhô!
Não se questione
Para se Brincar Porque este samba – Sinhô! Sinhô!
De arrepiar – Sinhô! Sinhô!
Ai, ai, ai Põe perna bamba– Sinhô! Sinhô!
É deixar mágoas prá trás Mas faz gozar – Sinhô! Sinhô!
Ó rapaz
Ai, ai, ai, O peru me disse
Fica trise se és capaz, Se o Morcego visse
E verás (bis) Não fazer tolice
Tomara que tu apanhes Que eu então saísse
Pra não tornar fazer isso Dessa esquisitice
Tirar amores dos outros De disse-não-disse
Depois fazer seu feitiço
Pelo Telefone (cont)
Ai, ai, ai Porque este samba – Sinhô! Sinhô!
Aí está o canto ideal De arrepiar – Sinhô! Sinhô!
Triunfal Põe perna bamba– Sinhô! Sinhô!
Ai, ai, ai Mas faz gozar – Sinhô! Sinhô!
Viva o nosso carnaval
Sem rival Quem for bom de gosto
Mostre-se disposto
Se quem tira amor dos outros Não procure encosto
Por Deus fosse castigado Tenha o riso posto
O mundo estava vazio Faça alegre o rosto
E o inferno, habitado Nada de desgosto

Queres ou não – Sinhô! Sinhô! Ai, ai, ai


Ir pro cordão – Sinhô! Sinhô! Dança o samba com valor,
É ser folião – Sinhô! Sinhô! Meu amor!
De coração – Sinhô! Sinhô! Ai, ai, ai,
Pois quem dança não tem dor,
Nem calor (bis)
Pela Internet / Gilberto Gil, 1999
Criar meu web site Eu quero entrar na rede
Fazer minha home-page Promover um debate
Com quantos gigabytes Juntar via Internet
Se faz uma jangada Um grupo de tietes de Connecticut
Um barco que veleje
De Connecticut acessar
Que veleje nesse infomar O chefe da Macmilícia de Milão
Que aproveite a vazante da infomaré Um hacker mafioso acaba de soltar
Que leve um oriki do meu velho orixá Um vírus pra atacar programas no
Ao porto de um disquete de um micro Japão
em Taipé
Eu quero entrar na rede pra contactar
Um barco que veleje nesse infomar Os lares do Nepal, os bares do Gabão
Que aproveite a vazante da infomaré
Que leve meu e-mail até Calcutá Que o chefe da polícia carioca avisa
Depois de um hot-link pelo celular
Num site de Helsinque Que lá na praça Onze tem um
Para abastecer videopôquer para se jogar
Modernismo e a cultura urbana
Na Europa, voltado para o que é
urbano, tecnológico, inovador

Modernismo
no Brasil é
‘especial’

No Brasil, voltado para o que é rural


e para parte da tradição
O debate do modernismo (em Mário de Andrade)

Pensamento evolucionista da história

ª música menos desenvolvida (como a nossa) caminha para a mais desenvolvida


(como a européia)

ª como estamos ‘atrasados’, seria necessário a atuação do ‘artista-operário’, que


tem uma concepção útil e moralizante da arte

ª este artista irá criar a música interessada


Música interessada

Música comprometida com a construção de um projeto nacional,

ª isso não é simplesmente transpor pro meio erudito traços da música popular

ª Quem pretende escrever música ‘universal’ deve ser rejeitado (assim como a
Rússia faz com Strawinsky e Kandinsky (EMB)

ª (MA) nossa arte é social, tribal, religiosa, comemorativa

ª Poderiam haver ‘gênios’ no BR? Sim, mas, se não o for e pretender fazer
música universal, é uma reverendíssima besta (EMB)

ª Onde encontrar os elementos da raça brasileira? Na música popular.


O Erudito e o Popular no BR

POPULAR (≠ popularesco) ERUDITO

A ver com o ritual A ver com o deleite


Participação do ouvinte Edificação do ouvinte
Coletiva Individualista
Sensorial Intelectual
Busca a autenticidade Busca a originalidade
Exige-se naturalidade, Exige-se devoção, disciplina,
espontaneidade, instantaneidade preparação

Música popular urbana (= popularesca)


É submúsica (têm pouco de folclórico)
MA não rejeita tudo: ‘Os impressos de Sinhô são banalidades melódicas.
Executados, são peças soberbas, a melodia se transfigurando ao ritmo
novo’ (EMB)
Música européia

É mais desenvolvida, especialmente em relação à harmonia

ª a não ser que a gente crie um sistema novo de harmonizar

Se fosse feito isso, não teria base acústica... Nossa harmonização tem de se
sujeitar às leis acústicas gerais e às normas de harmonização da escala
temperada

ª Talvez MA não gostasse, mas isso foi feito na Europa (escalas de quarto de
tom, uso de buzinas, motores etc...)

Para MA, a solução para a ‘nacionalização’ está no retrabalhar a polifonia dentro


da própria harmonia: os contracantos e variações temáticas superpostas, os
baixos melódicos do violão nas modinhas etc
Início do filme ‘Ballet Méchanique’

O Ballet Méchanique foi composto pelo pintor


Fernand Léger em 1928. É o primeiro filme sem
cenário. Foi apresentado em todas as capitais
da Europa e várias vezes em Nova Yorque. Em
Paris somente foi visto em reuniões privadas.
Nos interessou no momento em que os alto-
falantes afastam da tela toda a possibilidade
de sonho, de apresentar este filme que
Eisenstein disse ser uma das raras obras
mestras do cinema

(note as experimentações com o manuseio da


câmera e as edições, algo ainda novo para a
época)

Obs.: MA conhecia
A trilha musical foi gravada em 2000por Paul
Lehrman Antheil e Theremin
Theremin:

Toca-se sem encostar as mãos

Deslumbramento vinha do que não era visto


mais cria-se estar presente: o éter

Obs.: MA conhecia
Antheil e Theremin
Música sertaneja ‘raiz’ pode ser vista
como algo ‘modernista’ (fama de ser
não-comercial, autêntica, pura,
ligada ao meio rural etc

ª Modernista ≠ Moderno (Zezé di


Camargo)
Modernismo

Negritude é lembrada pelo seu


‘primitivismo’ e não pelos seus
pequenos-burgueses (o pessoal do
asfalto) Æ samba ‘africanizado’

Bossa Nova volta-se contra o


‘excesso’. TJ vai ser comparado com
Debussy
Carnaval e as escolas de samba
Povo Elite

Entrudo (como já acontecia


A partir de 1850 antes) Grandes Sociedades

Grandes Sociedades
Fim do século XIX Cordões e Ranchos (decadentes)

Início do século XX Cordões Elite "simpatiza" com Ranchos

Década de 1930 Prefeitura do RJ estatiza o Carnaval, formam-se as Escolas de Samba


Cordões Ranchos

Desfilavam A pé Usavando carroças


Cantavam Apenas uma cantiga enredos fixos
unificada
Tocavam Percussão e Canto com percussão leve
acompanhamento de voz, mais cordas e sopros
que muito lembravam os Zé (Anacleto de Medeiros
Pereiras pertenceu a um rancho, por
exemplo)

Regiam Mestre de Pancadaria. Mestre de canto ou de


Pancadaria é um sinônimo harmonia, que
de batuque mas, mesmo na coordenavam as seções
época, havia um segundo instrumental e vocal do
sentido no uso da palavra desfile.

Integravam Em sua maioria, homens Homens e mulheres,


chamadas pastoras
Carnaval Æ europeu, ‘civilizado’,
prestigiado

Festa
carnavalesca

Entrudo Æ bárbaro, desprestigiado


(mas muito praticado por todos)
bloco

Deixa Falar Idéia era ensinar samba


(1928)

Formou a Estácio de Sá
Jornal Mundo Sportivo

1932 – concurso-desfile das escolas


Mário Filho (falta do que escrever...)

Mangueira ganhou a 1ª vez

Jornal O Globo assume


no ano seguinte (1933)
Espaço é disputado
com ranchos
Av. Rio Branco (classe média)

Desfiles

Praça Onze (pobres)

Pergunta: onde as Grandes Sociedades desfilavam?


Unidos da Tijuca foi a primeira a
cantar
‘conforme o enredo’, em 1933

Samba Enredo
Comum só no Tiradentes, 1º enredo gravado
fim dos 1940s (1955) - Império Serrano

Brasil, fonte das artes


(1957) – Ac. Salgueiro
Tiradentes / Roberto Silva (Décio Carlos, Estanislau
Silva, Penteado) - 1955

Joaquim José da Silva Xavier


Morreu a 21 de abril
Pela Independência do Brasil
Foi traído e não traiu jamais
A Inconfidência de Minas Gerais

Joaquim José da Silva Xavier


Era o nome de Tiradentes
Foi sacrificado pela nossa
liberdade
Este grande herói
Pra sempre há de ser lembrado

Repare o
andamento!
Brasil, fonte das artes / Acadêmicos do Salgueiro
(Djalma Sabiá, Éden Silva, Nilo Moreira) - 1957

És Brasil, fonte das artes, Brasil, Brasil, Brasil,


cheio de riquezas mil, fonte das musas, és tu, Brasil,
e os nossos selvagens o sonho, a glória e a vida,
tesouro das artes reunidas.
já se faziam notar, Exaltamos nossos mestres
depois veio a civilização, brasileiros,
as academias dando nova que até por outros mestres
formação estrangeiros
à filosofia rudimentar. foram invejados, com apoteoses
Hoje temos obras de talento laureados,
tiveram exaltado seu valor
que vêm de longínquas eras, imitado no produto do seu labor.
temos artes antigas e modernas. Brasil, Brasil, Brasil,
fonte das musas, és tu, Brasil,
o sonho, a glória, a vida,
tesouro das artes reunidas.

Repare o
andamento!
Mudanças no samba e nas gravações
Pelo Telefone Æ Ismael Silva diz que
é maxixe

Entrevista em
Fins dos
1960s de
Sérgio Cabral

Se você jurar Æ Donga diz que é


marcha
Tradição: O outro samba é
“comercial”, diz Vagalume. Bacana é
o Bamba
Instrumentos: flauta, piano, clarinete
Tem a ver com festas como a da Tia
Ciata (espaço privado)
Ex.: Quem vem atrás fecha a porta
(1921)
‘Verdadeiro’
samba

Modernidade: O outro “não é


civilizado”, diz Orestes Barbosa
Bacana é o Malandro
Instrumentos: percussão
Tem a ver com o botequim e os
blocos (espaço público)
Ex.: A Malandragem (1928)
Samba ‘Antigo’

Samba “antigo”: tem orquestra com frases- padrão,


introdução

Ex.: Jura (1928), Quem vem atrás fecha a porta (1921)

Motivos são poucos e repetitivos. Partes parecem


independentes.

Ex.: Confessa, meu bem (Sinhô) (1915-1921)

Ex.: Quem são eles (sinhô) (1915-1921)

Ex.: Essa nega qué me dá (veja a versão instrumental


(antiga) e depois a do Almirante (nova))
Samba ‘Novo’

Samba “novo”: tem ritmistas e o ritmo é mais livre, mas


organizada (e não aleatória)

Rítmica é inspirada no tamborim e síncopa ultrapassa barra


de compasso (na melodia)

Ex.: A malandragem (1928)

Orquestra mantém-se “dura”

Ex.: Não é isto que eu procuro (1928)

Ex.: És ingrata, mulher (1930)

Ex.: Nem assim (1931)

Ex.: Onde está a honestidade (1933) (percussão bem evidente)


A progressiva adoção do novo paradigma rítmico do samba nos 30s reflete uma
nova capacidade, por parte da cultura oficial brasileira (músicos de orquestra,
diretores das gravadoras, público consumidor de discos) de aceitar ritmos muito
mais contramétricos do que os previstos pelo veho paradigma do tresillo. E
começaram a chamar isto de “O verdadeiro samba”.
Samba até 1928 Samba depois de 1928

Havia pouca percussão Havia muita percussão

Frases-clichê Essas frases desaparecem

Síncopa interna ao compasso Síncopa externa ao compasso


(imparidade rítmica)

Introdução serve de intermezzo e de fim Menor importância da ‘orquestra’

Cantores começam a fazer notar o novo padrão na época da mudança


Rádio, Cinema e Humorismo
(Indústria Cultural)
•Qual será o motivo para os cantores sertanejos teoricamente venderem mais do
que Djavan, Nação Zumbi ou Titãs?

•Por que as bandas atuais evitam gravar sons que não podem reproduzir ao vivo?

•O que faz uma caneta Mont Blanc custar mais de U$400? Por que alguém
compraria uma caneta assim?

•Se alguém cantar músicas como Sozinho, de Peninha, ou Tapinha, de Naldinho,


será falado da mesma maneira com que Caetano foi? Ou não?

•Faça uma crítica (diga algo de bom e de ruim, por exemplo) do programa 'Show
do Milhão' ou 'Dia de princesa'

•O que pensar dos jingles publicitários que povoam nosso cotidiano?


• Conteúdo de um produto cultural vai sendo distorcido!
– Fragmentação
• Presta-se atenção às partes e não ao todo (Ex.: noivos pedem a ‘Nona de Beethoven’
pensando em 16 compassos)

„ Classificação
„ Valorização de algo não pelo que custou, mas a quem se destina. Ex.: canetas

„ Uniformização
„Achando-se o ‘molde’, duplica-se ad infinitum. Ex: Tchan no Japão (e depois
no Havaí etc)

„ Fetichização
„Valoriza-se a obra mais pelo seu prestígio que pelo seu conteúdo. Ex.: nunca
se deve dizer que algo de Glauber Rocha ou Brahms são chatos
• Indivíduo tem suas reações modificadas.
– Individualidade
• Quando menos os indivíduos forem diferentes entre si, mais fácil será vender algo a eles,
pois terão gostos muito parecidos ou até iguais.

–Raciocínio
•Pensar ‘atrapalha’: é melhor vencer na vida com o “Show do milhão” , o “Big
Brother” etc

–Poder
•Vence o produto da corporação mais poderosa, não aquele que tem o conteúdo
mais interessante.

–Moralismo e censura
•Antigamente, ‘o mocinho sempre ganha no final’.
•Atualmente, ‘a tecnologia mostra o quanto a humanidade avançou’
•Não se promove situações ou conteúdos contrários aos consensos da sociedade.
• Mas há críticas a essa posição pessimista
– Moda não é imbecilização
• Num mundo com tantas ofertas, ter marcas ou tendências alivia o esforço na procura por
determinado produto

–Padronização pode ser democrática


•Livros e música mais barato são, de fato, mais acessíveis a um maior número de
pessoas e diminui as diferenças de ‘casta’

–Passividade é aparente
•Mesmo um bombardeamento de determinado produto pela Indústria Cultural não
significa que as pessoas não reajam contra ele.

–O Circo sempre existiu


•Diversões baratas e programas apelativos fazem parte da história da humanidade.
Grande parte da população sempre consumiu esse tipo de conteúdo e negá-lo é,
dizendo de forma simples, não reconhecer o direito dessa população a coisas que
lhe interessam.
Pequeno panorama do rádio

Intelectualidade via o povo como


algo ‘puro’ só no meio rural
devia ser ‘civilizado’ por meio da educação
rádio deveria colaborar para isso e não para a ‘mera’ distração
Até 1922 – nos EUA só se usava uma única frequência, 833kHz. No Brasil, Roquette
Pinto cria a Rádio Sociedade, com aparelhos receptores com licença dada pelo governo
1924 – começam a ser plugados na parede (antes, eram apenas fios presos a metais)
1926 – estipulou-se o espectro entre 500 e 1500 kHz (hoje 535-1604 kHz) para uso
comercial. Aparece a Mayrink Veiga no BR.
1927 – gravação passa a ser elétrica
1928 – primeira escola de samba
1932 – no Brasil, GV autoriza a publicidade (isto é, depois de várias acomodações
técnicas, pouco lembradas na história do rádio). Oficialização das Escolas de Samba
(samba de negro e marginal passa a não ter cor e ser brasileiro)
1932 em diante: produção vai se sofisticando e custos vão subindo
1937 – decreto de GV facilitando a abertura de rádios e sistemas de alto-falantes
São Paulo e a memória (ou a falta dela...)
- cidade se industrializa de repente ao longo dos rios e estradas de ferro ->
bairros pobres.
Sé S. Francisco
- S. Bento
Bairros vão se formando em meio a vazios (cidade “tentacular”)
- multidões acorrem à cidade, que não tem condições de recebê-los
- no final do século, mais de 80% dos operários eram estrangeiros. Mas a
maioria das pessoas não tinha emprego fixo.
- Solução desses “desenraizados” foi a criação de empresas artesanais ou o
sub-emprego.
- Grupos viviam em comunidade
- Imigrantes (maiores grupos eram italianos, portugueses e espanhóis)
- Caipiras
- Negros (espaço: rua, com seus cantos e pregões)
- Jornais, festas, Igrejas específicas
Sé S. Francisco
- REVOLUÇÃO DE 1932 -> Contra Getúlio
-
S. Bento
Rádio foi importante: César Ladeira (rádio Record)
- Getúlio usou o rádio depois por ter visto seu poder em SP
- Projeto de uma nação: unidade pela música: SAMBA CARIOCA, desde que
com uma temática mais apropriada
- NA MÚSICA: nostálgica, sertaneja, perpassada por “desgraças”
- Cornélio Pires, Capitão Furtado, Alvarenga e Ranchinho, Paraguassu, Antonio
Rago
- FORAM PARA O RIO:
- Vadico, Garoto, Canhoto, César Ladeira e outros.
Rádio – especificidades da escuta
Pequeno panorama do rádio

Até 1922 – nos EUA só se usava uma única frequência, 833kHz. No Brasil,
Roquette Pinto cria a Rádio Sociedade, com aparelhos receptores com licença
dada pelo governo
1924 – começam a ser plugados na parede (antes, eram apenas fios presos a
metais)
1926 – estipulou-se o espectro entre 500 e 1500 kHz (hoje 535-1604 kHz) para uso
comercial. Aparece a Mayrink Veiga no BR.
1927 – gravação passa a ser elétrica
1928 – primeira escola de samba
1932 – no Brasil, GV autoriza a publicidade (isto é, depois de várias acomodações
técnicas, pouco lembradas na história do rádio). Oficialização das Escolas de
Samba (samba de negro e marginal passa a não ter cor e ser brasileiro)
1932 em diante: produção vai se sofisticando e custos vão subindo
1937 – decreto de GV facilitando a abertura de rádios e sistemas de alto-falantes
Sobre a especificidade da música no rádio

Gravação:
- esbarrão é amplificado
- escuta pode ser solitária
- criou a oposição ‘ao vivo’ x ‘gravado’
- no início, visto como ‘recriação’ e não como ‘reprodução’
- traz a atenção para o intérprete (e menos para o compositor)
- trouxe portabilidade para determinado repertório
Sobre a especificidade da música no rádio

Música no Rádio – tecnicamente


- cone de papel
- resposta de frequência aumenta por um fator de 4 (120-2200Hz vai para 30-
5000Hz aprox)
- ‘ao vivo’ com qualidade torna-se popular
- arranjos e execuções eram efêmeras e por isso, vistas como ‘menores’
- registros são em menor número
- rádio traz a oralidade de volta à escuta
Sobre a especificidade da música no rádio

Rádio é diferente do disco em:


-Simultaneidade
-Direitos autorais
-Alcance geográfico (ondas curtas)
Alguns números

emissoras x Receptores:
· 19 (anos 20) 30.000 (1926)
· 78 (1940)
· 106 (1944) 660.000 (1942) Æ IBOPE é criado
· 111 (1945)
· 136 (1946)
· 178 (1947)
· 253 (1949)
· 300 (1950)
· 447 (1955) 1.000.000 (1955)

Fonte: BAUM, A. (Ed.). (2004). Vargas, agosto de 54 - A história contada pelas


ondas do rádio. Rio de Janeiro: Garamond.

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