Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

1. Revisão: MAEKELT, Tatiana B. Relaciones entre el derecho internacional


privado y el derecho internacional público.

- Tatiana B. de Maekelt é uma professora venezuelana.

- Inicialmente, afirma que desde o período clássico do direito romano é conhecida a


distinção entre direito público e direito privado.

- Através de vários processos, as formas romanas de entender e distinguir entre o


público e o privado, e de relacioná-lo com o político, social, jurídico e econômico,
começaram a enfraquecer, prevalecendo as formas privadas que subsistiam no domínio
rural durante a Idade Média.

- Segundo Soriano (1996), há três aspectos cruciais que marcam a era moderna: o
desdobramento impetuoso do indivíduo e do individualismo, diante de um Estado que
surgia como sujeito da política. O público foi definido na esfera estatal, enquanto o
privado parecia restrito à sociedade, objeto da política. Em segundo lugar, a dimensão
social que o público adquire. E, em terceiro lugar, a emergência desde o século XVIII
da nova noção de sociedade civil.

- Aduz que a relação entre Direito Internacional Privado e Direito Internacional Público
depende do que se entende por este último. Em sua concepção clássica, DIP é a
disciplina que regula as relações entre os Estados e outros sujeitos da comunidade
internacional, especialmente organizações internacionais, etc, e o DIPRI pode ser
considerado como o conjunto de normas materiais de direito público, aplicáveis às
hipóteses com elementos de estrangeirismo.

- Ainda que os Estados sejam sujeitos por excelência do DIP, vemos como o surgimento
de organizações internacionais, bem como o de um determinado grupo de indivíduos
(grupos socialmente vulneráveis) e, principalmente, o próprio indivíduo, passam a fazer
parte os sujeitos desse direito e torna impreciso alegar, como distinção válida entre DIP
e DIPRI, que o primeiro regula apenas as relações entre Estados, enquanto o segundo
regula as relações entre particulares.

- A inclusão do DIPRI no DIP depende da abordagem que lhe for dada, ou seja, aqueles
que determinam, a quais casos deve ser aplicado o seu próprio ordenamento jurídico.
Diante de um mundo global, só há espaço para respostas jurídicas globais, com as quais
desaparece a separação crassa entre as duas disciplinas.

2. Revisão: KARASSIN, Orr; PEREZ, Oren. Shifting between public and


private: The reconfiguration of global environmental regulation.

- O artigo trata da regulação ambiental pública (em inglês, PER), que foi
progressivamente complementada pela regulação transnacional privada (em inglês,
PTR), criando um regime de governança ambiental híbrido.

- Apresenta uma tipologia de cinco categorias é desenvolvida para descrever as


maneiras pelas quais as PER internacionais e nacionais interagem com formas privadas
de regulação ambiental. Analisa as considerações políticas relevantes para o desenho de
tais regimes híbridos e várias formas de interação e descrevemos dois estudos de caso
que demonstram a diversidade de interações entre PER e PTR em um único regime.

- O campo da governança ambiental se transformou em um sistema híbrido que inclui


tanto instrumentos de tratados vinculantes, como a Convenção das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas (1992) ou a Convenção sobre Diversidade Biológica (1992),
quanto instrumentos privados, como códigos corporativos voluntários, sistemas de
gestão ambiental, rótulos verdes e índices e padrões de relatórios ambientais.

- A incorporação refere-se a situações em que o direito público adota requisitos que


apoiam ativamente o uso de padrões privados. Quando a incorporação envolve a adoção
de regras mais rígidas do que as anteriormente existentes, pode servir como catalisador
para a melhoria dos padrões públicos de proteção ambiental, saúde e segurança. Além
disso, se os padrões privados gozavam de alta legitimidade antes da incorporação, o
processo de incorporação pode fortalecer ainda mais a legitimidade da regulação
pública e seu fundamento epistêmico percebido. No entanto, a incorporação também
pode ter implicações negativas.
- A facilitação refere-se a situações em que o direito público fornece condições
favoráveis para que a regulamentação privada seja adotada por empresas privadas, mas
não exige sua implementação. As corporações são então deixadas para desenvolver um
sistema próprio ou adotar padrões privados existentes. Nesses casos, a opção de adotar
padrões privados pode ser mais atraente para as empresas porque seria rentável e
ofereceria outras vantagens do que a opção de autodesenvolvimento.

- A abstenção ocorre quando o direito público silencia sobre questões abrangidas pela
regulação privada. Pode-se ver esse silêncio como uma forma de facilitação fraca, já
que a adoção da regulação privada não é incentivada nem desencorajada. Na maioria
dos casos, a abstenção possibilita o crescimento e a inovação da regulação privada,
criando espaço para iniciativas de mercado onde o Estado é inativo ou acordos
internacionais não se aplicam.

- A substituição, também chamada de publicização, refere-se a situações em que o


direito público assume a regulação de questões que antes eram regidas pelo direito
privado. Isso pode ocorrer devido a mudanças nas prioridades das políticas
governamentais, que impulsionam novas intervenções públicas. A substituição também
pode ser impulsionada por preocupações públicas sobre a legitimidade, credibilidade,
integridade e eficácia dos arranjos privados.

- A supressão ocorre quando o direito público proíbe certas formas de regulação


privada e intervém diretamente na esfera privada para detê-las ou cerceá-las.

- Afirma-se que, no que concerne ao desenho de um regime regulatório híbrido, há


algumas vantagens genéricas dos instrumentos privados, que precisam ser enfatizadas.
Há melhor capacidade de desenvolver as informações necessárias do que os atores
públicos, maior flexibilidade e melhor capacidade de adaptação do que a regulação
pública devido à sua associação mais próxima com os atores empresariais, o que a torna
mais sintonizada com as necessidades e práticas e às mudanças de mercado.

- Contudo, transferir poderes regulatórios (tanto normativos quanto compliance) para


órgãos privados, seja de forma implícita, por não agir publicamente, ou explicitamente,
por meio de facilitação ou incorporação, também gera vários desafios regulatórios. O
primeiro problema diz respeito ao risco de captura regulatória. O risco é relevante tanto
para a fase de elaboração de normas quanto para as fases de implementação e
cumprimento.
- Há várias respostas potenciais para as limitações do uso da regulação privada. Uma
estratégia central é o "registro" regulatório. Outra resposta é o uso de técnicas de
metarregulação, que dão ao sistema regulatório público algum controle sobre o sistema
privado. Na metarregulação, os reguladores induzem entidades privadas a desenvolver
regimes regulatórios, transferindo alguns dos poderes para o domínio privado.

- O crescimento do PTR ambiental criou uma estrutura de governança híbrida na qual os


instrumentos públicos e privados interagem de forma muito mais extensa e complexa do
que há duas décadas. Essas interações vão da incorporação à supressão (com várias
interações intermediárias). Em algumas áreas, o direito público entrou em áreas
anteriormente regidas pela regulação privada. Em outras áreas, como energia renovável,
os esquemas regulatórios públicos nacionais e internacionais parecem interessados em
confiar em padrões e certificações privadas.

- É um erro ver as formas privadas de regulação como mera conversa fiada. No entanto,
devemos ser realistas sobre a capacidade da regulação privada de desencadear
mudanças radicais pró-sustentabilidade.

Você também pode gostar