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A política externa Brasileira e a busca pela autonomia

Ao decorrer da construção de sua política externa, o Brasil vem pautando sua política
em busca da autonomia. Em 2003, quando Lula assume a presidência da Republica, na sua
plataforma de governo para política externa, visa buscar a autonomia pela diversificação,
procurando aproximar de novos polos de poder mundial, buscando uma maior participação
como diversificação em instituições internacionais, visando alcançar o poder no qual
permitisse uma maior independência no sistema internacional, muitas vezes sendo necessário
o alinhamento com uma super potência. Diferentemente do governo de Fernando Henrique,
no qual a autonomia era pela participação. Antes de iniciarmos o nosso trabalho mostrando
quais foram as vantagens e desvantagens dessa política adotado por Lula, vamos entender o
que é autonomia e como ela é alcançada pelos países e como ele é importante para o
desenvolvimento do país.

O significado de autonomia

A autonomia tem três significados, o primeiro significado é Westfaliano, segundo o


autores Roberto Russel e Juan Gabriel nenhum ator externo goza de autoridade dentro dos
limites do Estados.” ( De La Autonomia Antagónica a la Autonomia Relacional: Uma Mirada
Teórica desde El Cono Sur, pagina 72).Isso significa que o governo é independente da
autoridades externas.

O principio de não intervenção nos assuntos internos dos Estados é baseado nessa
explicação. Segundo o entendimento de um Estado nação, que é possuidor do direito de
articular e atingir metas políticas de forma autônoma, mediante a isso, a autonomia é um
direito do Estado. Este tipo de pensamento é aplicado em casos domésticos e internacionais,
numa visão geral, o Estado é autônomo quando as metas no qual quer atingir não estão ligadas
diretamente a interesse de determinados grupos sociais. Como os interesses dos Estados
nacionais são os objetivos dos Estados, a sobrevivência e o bem estar econômico seria os
outros interesses, essas três características podem ser associada a segundo os autores Roberto
Russel e Juan Gabriel podem ser associadas a “vida, propriedade e liberdade”, Segundo o
autor Hans Morguenthau, são as categorias de validade universal.

A autonomia é a reprodução de atividades no qual todos os Estados querem


reproduzir. Esta característica depende de fatores nacionais e da lógica de uma estrutura
anárquica do sistema internacional,com isso as mudanças internas podem levar os estados a
estabelecer de formas diferente quais os tipos de autonomia.Mediante a explicação sobre os
principais tipos de autonomia, vamos entender como um país atinge essa autonomia.Nos anos
1970, houve um grande problema de autonomia, sendo destaque aos países do Cone Sul,
mostrando a quebra do sistema de dependência. Em países da America Central e Caribe, onde
ocorreu varias invasões militares se discutiam mais o conceito de soberania.

A busca pela autonomia no cono sul

No Brasil e na Argentina, regiões de grande estabilidade, permitindo uma diplomacia


no qual fluíam as negociações culturais e comerciais em relação a Washington, foi o local
onde ocorreu um maior fluxo de informações sobre autonomia nacional. Nos anos 1970, os
países do cono sul, estavam em um período no qual a agenda interna principal era o
desenvolvimento nacional, cujo objetivo era adota o sistema de substituição de importação,
para o fortalecimento e crescimento industrial nacional.

A autonomia foi um ponto chave para os dois países, cujo objetivo era a redução da
dependência desses países mediante aos Estados Unidos, isso não significa que estava
iniciando uma política de enfrentamento. Segundo o autor Helio Jaguaribe, um dos
principais pesquisadores sobre esse tema, quando o Brasil era Império, havia quatros níveis
decrescente, “A supremacia geral, a supremacia regional, a autonomia e a dependência” (A
Autonomia e Interdependia nas relações internacionais na America Latina, 3).A supremacia
geral é uma ligação entre a dificuldade de um território próprio com a execução de
superioridade generalizada.

A superioridade regional também é a dificuldade de um território, porém desempenha


a hegemonia sobre algumas áreas com presença moderada em outras.O que é importante de
ressaltar e diferenciar é que o Estado que possui autonomia é o poder de coerção tanto
material como morar a um ato de beligerância.O Brasil se encontrava em destaque pois estava
em transição da dependência para a autonomia regional. Para um país possa conseguir atingir
essa autonomia é necessário que o Estado tenha certas aptidões como recurso humanos,
naturais e vocação para efetuar trocas internacionais.

O Estado também deve ter habilidades para responder o estado de beligerância de


outros Estados, tendo capacidade suficiente para exercer o poder de coerção. Uma segunda
característica que o Estado deve ter para atingir a autonomia desejada é ter a independência
técnico empresarial ou “usufruir de uma relação intra-imperial suficientemente universal
superando tal dependência”. (Suzana). Para Puig, a autonomia se caracterizava como “A
Capacidade da nação para optar, decidir trabalhar por si mesma” ou “a máxima capacidade de
decisão própria que se pode obter, tendo em conta os condicionamentos objetivos do mundo
real. (Suzana,). Segundo esse autor, essa autonomia iria passando por fases, em relação a
autodeterminação que os Estados iriam atingindo.Dependendo do nível, poderia ser
classificado como dependência paracolonial, dependência nacional, autonomia heterodoxa ou
autonomia secessionista.

No da dependência do paracolonial, o Estado é o poder soberano, contudo depende das


ações de outros Estados. Em relação a dependência nacional, os governantes aproveitam o
máximo da subordinação estabelecendo metas cujo objetivo no futuro e atingir sua
autonomia.No terceiro caso, a autonomia heterodoxo, segundo o autor os grupos internos de
poder buscariam capitalizar ao máximo os espaços que por debilidades ou erros, deixam o
país ou o conjunto de países dominante( Suzana, ). Finalmente a autonomia secessionista, no
qual o grupo dominante desse pais rompe as negociações com países centrais, potencializando
os interesses nacionais.

Para alcançar tal autonomia, não é uma tarefa simples de ser conquistada, requer muito
esforço para ser alcançada. Para Puig “é obvio que o transcurso da dependência a autonomia
somente pode produzir na medida em que os países avançam e sua própria viabilidade, o que
supõe não somente recursos suficientes mínimos ( Helio Jaguaribe) mas também, e
principalmente, elites funcionais, ou seja, decididos a empreender o caminho da
autonomização” (PUIG, 1980). Para que um país possa superar sua dependência de forma
independente seria difícil tal feito.

O único jeito de alcançar tal autonomia é por meio da integração de países


dependentes cujo objetivo seja a autonomia em relação a países mais industrializados. De
acordo como o ponto de vista dos autores interdependista, o conceito de autonomia não é de
grande relevância, segundo o pensamento deles, a interdependência diminui a autonomia.
Segundo o autor Tokatlian, “a autonomia política é restringida pela vertiginosa
interdependência econômica”. De acordo com autores como Roberto Russel, Juan Gabriel,
Leonardo Carvajal e Arlene Ticner, com o aumento da autonomia, não pode focar apenas em
políticas nacionais ou sub-regionais de isolamento de auto-suficiência ou de oposição. Essa
autonomia deve ter uma relação de forma interdependente e para comandar processos que
formam alem de suas fronteiras.
O Brasil ao decorrer do tempo vinha buscando o seu desenvolvimento, passando
substituir de forma gradual o seu modelo agrário-exportador para uma política de
desenvolvimento industrial marcado por um Estado totalmente protetor. O Brasil possui uma
visão realista do sistema internacional, no qual o sistema é anárquico, sendo o Estados só
principais atores internacionais, visando buscar os ganhos relativos, segundo a visão
Hobbesiana e os ganhos absolutos na visão grotiana.Com a proclamação da Republica(1989),
não houve grandes mudanças na estrutura da que a política externa brasileira deveria
percorrer.

A política adotada pelos monarquistas de balancear o poder na Bacia da Prata e a


formação das fronteiras, era defendida pelos republicanos, sendo discutida a dependência
brasileira referente a Inglaterra, colocando os EUA como o potencial parceiro na esfera
comercial. No período da República, o principal produto agrário-exportador era o café, sendo
o principal eixo da economia, isso permitiu que política externa brasileira fosse transferida
para Washington, que tinha um grande interesse nessa mercadoria, deixando de lado Londres.

Transferir o pólo para os EUA foi uma movimentação que iria gerar significantes
benefícios para o Brasil, pois era uma potência que iria se destacar na America, incluindo a
formação da Carta Constitucional, ajudando o Brasil na construção e consolidação da
República. Mesmo com proximidade com os EUA pode ter sido transformado em próprio fim,
foi importante na hora de negociar, aumentando o poder de barganha.

Vale ressaltar que, com o fim da monarquia no Brasil, possibilitou com que o Brasil
pudesse aproximar com seus países vizinhos, acabando com o afastamento no qual o país se
encontrava. Com o início da Primeira Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil a
Alemanha, enviando tropas a Europa, o Brasil visa exportar suas influencias para fora do
continente americano.

O Brasil visava com o fim da guerra, ter muitas conquistas, como ter um assento
permanente na liga das nações. Com a retirada do Brasil da Liga, por não ter sido incluso com
um membro permanente, como o fim da primeira guerra mundial, houve a necessidade de o
Brasil começar o seu processo de industrialização com o intuito de suprir as demandas do
mercado interno, oriundo de outros países, contudo com a guerra, a circulação de produtos foi
paralisada.
Com a crise dos anos de 1920, o Brasil passou por uma grande dificuldade de ampliar
seus parques industriais devido a falta de equipamentos. Com a crise de 29 e a quebra do
sistema capitalista, o Brasil sofreu um grande impacto nas suas exportações, na época o
principal produto brasileiro que correspondia a 70% do PIB era o café, sendo necessária
adoção de medida protecionista. Como os EUA e a Alemanha não possuíam colônias,
passaram a dar destaques nos mercados latino-americanos. Os Estados Unidos visava manter
a liderança na região buscando um viés liberal defendendo o livre comércio diferente da
Alemanha, que buscava um comercio compensado (troca de mercadorias sem uso de moeda
forte).Com a aproximação do Brasil com as duas potencias ao mesmo tempo,adota o sistema
de equidistancia-pragmática- que o Brasil continua na busca pela sua autonomia, com o
intuito de tirar vantagens dos dois países.

No governo de Vargas, foi altamente pragmático em relação ao americanismo, tendo


obtido de Washington créditos para financiar para a construção da siderúrgica nacional em
Volta Redonda, sendo o marco no processo pro substituição de importação.

Na prática, cada ganho do Brasil, significava menos poder de negociação dos EUA, ou
seja, maior autonomia para o Brasil, é importante lembrar que mesmo o Brasil adotando esses
decisões com o intuito de ter uma maior participação nos arranjos do pós-guerra, O Brasil já
vinha sendo implementado no tempo em que negociava e preparava sua atuação direta na
guerra.Os créditos de participação da guerra fazia com que o Brasil pudesse usufruir de um
aliado especial dos Estado Unidos, tendo as elites brasileiras no passado, um pensamento no
qual o Brasil merecia se destacar no cenário internacional.

Com as eleição de Eurico Dutra(1956-1950), não houve uma perda de autonomia por
parte do Itamaraty em relação as negociações internacionais. Com o retorno de Vargas a
presidência da República, o novo presidente adotou uma nova forma de política externa,
adaptando o paradigma do americanismo ao um novo contexto de da política do
desenvolvimento nacional, adotando uma postura pragmática, no qual buscava o apoio
político estratégico de Washington para auxiliar no desenvolvimento do país.

As elites da época perceberam que o alinhamento com os EUA não significava ganhos
econômicos para o Brasil, com um grande aliado na America Latina.No governo de Juscelino
Kubitschek(1956-60), a grande proposta para a política externa foi a Operação Pan-
Americano(OPA), tendo como objetivo uma proposta multilateral latino-americana, tendo
intuito de colocar o Brasil como uma liderança, com o objetivo de conseguir atrair mais
investimentos norte americanos para auxiliar no projeto de desenvolvimento, adotando a
estratégia no qual os problemas sociais poderia desencadear a ascensão do comunismo no
Brasil no qual o contexto era de guerra fria.

Mediante a isso, A relação com os EUA deixa de ter o caráter para aumentar o poder
de barganha, passando a ter o objetivo de aumentar o poder de negociação.Com o avanço da
política externa internacional, um novo paradigma de destaca, a globalização, defendendo que
uma maior aproximação com Washington iria aumentar o poder de recursos.

Com o desenvolvimento da economia brasileira, era de grande importância que o


Brasil diversificasse suas parcerias. O Modelo político adotado por Jânio Quadros e João
Goulart tem como base a independência, podendo ser divido em duas fases: a primeira
marcada pela preservação da paz e a segunda na qual tinha o objetivo de desagregar a Guerra
Fria como ponto central para o desenvolvimento, ou seja, a disputa leste-oeste ira conceder
lugar ao conflito Norte-Sul.Com o Golpe-cívico militar, a política externa foi impactada,
voltado ao alinhamento com os EUA, encerrando qualquer negociação com a URSS devido a
política adotada , Doutrina de Segurança Nacional,por medo do comunismo entrasse no
Brasil.Um ponto a ser destaque é a segurança, no qual o Brasil passa a se preocupar com um
tema de interesse nacional.

A autonomia e o regime militar

No regime militar, as elites acreditavam que o alinhamento com os Estados unidos,


tendo crença de aliado especial, acreditando-se que os benefícios seriam instantâneos para o
país. No governo seguinte, de Costa Silva, a política interna é focada no modelo nacionalista
com ênfase no desenvolvimento, fazendo com que a agenda desse uma ênfase mais
autonomista.

Nesse governo é importante ressalta que o Itamaraty voltou a ter uma maior autonomia
no desenvolvimento da política externa brasileira, no qual os diplomatas que estavam
iniciando sua carreira visavam um pró-Terceiro mundo. Esse retorno da autonomia foi
possível graça a confiança dos militares. No governo Médici (1969-74), a globalização volta
ao centro da política externa brasileira, mantendo os EUA com um grande aliado.

A política externa na segunda metade do regime militar de fato foi uma política
pragmática, contudo era fundamental que houvesse mudanças para continuar a ampliar a
autonomia. Em meados da década de 1970, o modelo de substituição de importação começava
a decair, tendo que ocorrer mudanças para manter o desenvolvimento. Alguns acontecimentos
históricos foram marcantes para economia brasileira como a crise do petróleo no qual a OPEP
aumentou de forma considerável o preço do barri de petróleo, no qual o Brasil era dependente
de 80% do petróleo importado, além desse grande impacto, para agravar mais ainda, o sistema
financeiro Bretton Woods chega ao seu fim. Como foi possível manter em alta a liquidez do
mercado, o país conseguiu manter a economia crescendo.Um ponto importante que deve ser
destacado foi o aumento da divida externa, de 12,5 bilhões passou para 45 bilhões.

Devido ao aumento da divida, foi a implantado uma política para auxiliar na expansão
das exportações, para arcar com as dívidas. Para que esse projeto desse certo houve a
verticalização das indústrias brasileiras, ganhando capacidade de exportar produtos
manufaturados. Com isso foi possível para o Brasil diversificar seus parceiros, devido a
intensificação da tensão entre as superpotências e a multipolar idade. Com isso, o Brasil
começa a se aproximar de países africanos, reconhecendo a independência da Angola,
estabelecendo relações diplomáticas, com a República Popular da China, com a União
Soviética, superando a barreira ideológica, como no governo do Castelo Branco. Com Geisel,
a política externa ganha uma grande autonomia, no qual a ideologia não interrompia as
relações com outros países.

Mediante a essa abertura, a política externa brasileira volta com a pauta a autonomia
com o afastamento do centro hegemônico e com a aproximação da Europa Ocidental e dos
países subdesenvolvidos da Ásia, África e América Latina.Em certas ocasiões referentes a
assuntos polêmicos, visava a autonomia pela distancia, com o objetivo de proteger o país de
alianças indesejáveis.

O pragmatismo da política externa brasileira, fez com que o Brasil se reaproximasse


com países da América do Sul. Mediante a esse fato apareceram três fatores: “a percepção de
um forte isolamento do país em virtude de uma paulatina revisão das políticas externas de
diversas repúblicas latino americana com relação aos Estados Unidos; a necessidade de
diversificar os mercados para os produtos industrializados brasileiros e a premência em se
buscar novos fornecedores de energia.” (Pinheiro,2004)

Com condições razoáveis para colocar em prática uma política externa com grande
autonomia, não significa que não teriam empecilhos. O governo estava bastante otimista com
a mudança na forma no qual estava sendo conduzidas as mudanças no modelo de substituição
por importação, contudo havia certo receio ate onde essas mudanças seriam benéficas. Se
discutiam quais seriam os prejuízos com a diversificação de mercados, deixando de lado os
EUA como principal parceiro, encerrado o alinhamento automático.

Com esse novo caminho adotado pelo Brasil na Política externa, ocorre a crise de
paradigma no qual as relações diplomáticas com os Estados Unidos deixariam de exercer a
função de aumentar o poder de negociação, passando a exercer o poder de barganha. A linha
de pensamento da política externa manteve seu padrão, tendo alguns ajustes no governo do
João Batista Figueiredo. Com isso, o Brasil continua com a política de estímulo de
diversificação de parcerias, decorrentes dos problemas do protecionismo das economias dos
países desenvolvidos e do aumento da divida externa, priorizando os países do Sul, sendo a
Argentina o principal parceiro.

As dificuldades da política externa brasileira pós ditadura militar

Com o fim da ditadura militar, a política externa brasileira passa por uma reforma em
sua estrutura, não sendo difícil de detectar essas mudanças. Os responsáveis em desenvolver a
política externa tinham como objetivo de incentivar o desenvolvimento econômico, colocando
em cheque a eficácia do americanismo e globalismo.

Nos anos de 1980, o Brasil passava por grandes dificuldades financeiras, com índices
de inflação alta, decretando moratória da divida externa, além dos planos econômicos para
estabilização da economia.Essa medidas fez com que a política externa brasileira passasse por
problemas como, de que forma iria se inserir no sistema internacional.O processo inicia no
governo Sarney, no qual o Brasil sofre grandes pressões do governo dos EUA devido a lei de
informática e as patentes de remédios.

Nas negociações da rodada do Uruguai, o Brasil embarca na carona das negociações


multilaterais, gerando uma maior flexibilização. Na prática, o Brasil deixava de pegar carona
nas negociações, ou seja, o Brasil começa a “arcar com os ônus da ação coletiva.Com isso,
começou a deixar de lado as obstruções sobre negociações de propriedades intelectuais e
colocando em pauta os novos temas, respondendo a altura sobre as demandas.Se analisarmos
a política externa após a redemocratização do país, percebe-se que não houve uma grandes
mudanças no conteúdo, na questão da formulação da política externa, houve uma continua
autonomia do Itamaraty.

Uma modalidade diplomática que veio a expandir a diplomacia brasileira na execução


e na formulação foi a diplomacia presidencial, dando uma maior agilidade e eficácia nas
negociações. Um dos exemplos mais marcante nessa prática foi a aproximação entre a
Argentina e o Brasil. Com isso iniciou-se vários acordos de cooperação, com a criação da
Comissão de Alto Nível, com a declaração de Iguaçu entre outros.Com a assinatura da carta
pelo então presidente Collor de Mello , Brasil, e o presidente da Argentina Carlos Menem, foi
possível de fato de haver novos acordos de integração.

A política externa do governo Collor é marcado por uma nova fase, no qual é chamado
de autonomia pela participação, visando expandir sua credibilidade no sistema internacional,
visando renegociar a dívida externa, ao mesmo tempo um visto para participar do primeiro
mundo, sendo possível via a adesão aos regimes internacionais de comércio , controle sobre
tecnologia, proteção ao meio ambiente e direitos humanos.Houve tentativa de voltar com o
americanismo, porem esse sistema mostrou-se fracassado.

Com o Impeachment de Collor de Mello, Itamar assumiu colocando Fernando


Henrique como seu ministro das relações exteriores. A diplomacia brasileira tinha que buscar
novas formar para se adaptar ao novo sistema internacional sem deixar de lado as prioridades
nacionais, o desenvolvimento e a busca por uma maior autonomia. Junto as na Nações
Unidas, buscava-se uma agenda para o desenvolvimento. Em relação a autonomia, procurou-
se em aumentar a participação em debates internacionais, com o intuito de ter mais voz nos
foros de decisão internacional, buscando uma vaga no conselho de segurança da ONU,
defendendo uma reforma no conselho. Face disso, o Brasil para ganhar uma maior
notoriedade entre os países mais desenvolvidos, começa a participar de missões de paz,
mostrando capacidade de autonomia para resolver problemas internacionais.

Concomitantemente, o Brasil mostra interesse em cumprir os compromissos


internacionais, apoiando os valores ocidentais, como a Letícia pinheiro fala ”Na atuação da
delegação brasileira na Conferência Mundial de Diretos Humanos em Viena (1993) e na
Conferência do Cairo sobre População e Desenvolvimento (1994)”. Na política externa de
Collor, buscou-se integração regional, apresentando o projeto de Área de Livre Comércio Sul-
Americana, sendo uma resposta ao projeto dos Estados Unidos a integração do continente
americano com a criação da Área de livre Comércio das Américas(ALCA), pois o governo
brasileiro tinha duvidas perante ao projeto dos EUA, pois os países possuíam uma grande
disparidade de desenvolvimento.

Desde à década de 1990, vários fatores fizeram com que a política externa venha
sofrendo mudanças para a redefinição dos quadros conceituais. A grande pergunta é se o
governo FHC construiu um novo paradigma ou apenas mudou as prioridades, focando na
relação entre a autonomia e desenvolvimento. No primeiro governo de Fernando Henrique,
tem como objetivo de encerrar a chamada Era Vargas, referindo-se ao modelo de substituição
por importação e a intervenção do Estado. Seu governo foi caracterizado por medidas como
privatizações, estabilização macroeconômica, com a criação do Plano Real, trazendo um uma
maior credibilidade internacional em relação ao país.

A política externa de FHC é marcada pela vontade de influenciar os novos moldes da


nova ordem internacional, marcando presença constante em foros multilaterais como a ONU e
a OMC. Com essas participações, criou-se um novo paradigma na política externa brasileira,
paradigma pela integração. Essa nova forma de política, segundo a autora Letícia Pinheiro,
seria manter a busca por maior autonomia, contudo havendo uma articulação em âmbito
internacional. Na visão de Letícia Pinheiro, ela denomina Institucionalismo pragmático, pois
a política externa de FHC não nega o realismo do sistema internacional, como anárquico,
porém estimula a participação do Brasil em foros multilaterais, com o objetivo de reduzir os
custos de transação, maximizando os ganhos e a redução de incertezas.

Numa visão ampla, o governo buscou o fortalecimento das instituições internacionais


multilaterais, pois tinha o pensamento que aderindo às normas internacionais iria garantir uma
maior autonomia, ao mesmo tempo por ser um país forte na América do Sul, nesse sentido
deveria ser calcada no principio do poder, podendo garantir uma maior soberania e ao mesmo
tempo uma proteção do sistema global.
Capítulo 2

Na política externa do governo Lula, as negociações internacionais em torno do


comercio e na busca de alianças com países emergente com destaque na Índia, África do Sul ,
China e Rússia foram os pilares na construção da política externa.Contudo há uma grande
ênfase na America Latina, defendendo uma maior integração, com o intuito de construir um
comércio mais livre e menos burocrático.

Nos anos de 1980, o Brasil enfrentava um grave crise do modelo nacional-


desenvolvimentista no qual o país tinha adotado, no qual se defendia a presença de um Estado
forte que com um grande protecionismo .Nos anos de 1980 esse modelo já na tinha mais
credibilidade mostrando-se inviável naquele contexto devido a dívida externa alta, crise do
petróleo, entre outros, sendo necessário desenvolver um novo sistema para fazer com que o
país voltasse a crescer.

O programa de governo da política externa, sofreu algumas mudanças e ajustes


perante ao governo anterior, contudo vale ressaltar que essas mudanças não promoveram uma
mudança significante nos rumos da política externa, ou seja, mudanças das metas.Pode-se
dizer que Lula adotou o “Pragmatismo Responsável” do Governo Geisel, mostrar autonomia
em relação aos países desenvolvidos e aumentar as relações como os países do Sul.

Essa política externa do “Pragmatismo Responsável” não significa que o governo Lula
alinhasse de forma total com a agenda do Sul, pois o Brasil nunca foi membro do movimento
dos Não- Alinhados. O seu governo possui visões diferentes em relação as relações
internacionais, no plano domestico, era certo que o modelo de substituição fosse deixado de
lado, já os defensores do projeto nacional desenvolvimentista, de políticas para o
desenvolvimento e industrialização focados em uma nova formulação, deixando de lado o
modelos protecionista e de substituição de importação.

As mudanças mais significativas na política externa do governo Lula foram as


diretrizes, 1º,contribuir com a busca de um maior equilíbrio internacional, procurando
equilibrar o unilateralismo, 2º, fortalecimento das relações bilatérias e multilaterais de forma
para aumentar o poder de barganha nas negociações políticas e econômicas internacionais, 3º
potencializar o intercambio econômico, tecnológico, financeiro entre outros e 4º não fazer
acordos que possam prejudicar o desenvolvimento ao longo prazo.

No período de 2003 a 2006, há ênfase na intensificação da comunidade Sul-americana,


intensificação das relações com a Rússia, China, Índia e África do Sul. Atuação em destaque
na rodada de Doha e nas organizações mundial de comércio.Manutenção da amizade com os
países mais ricos, Volta das negociações com os países africanos, pressão pela reforma do
conselho de segurança.

Inicialmente, o programa do Partido dos Trabalhadores, aconselha-se que o Brasil


mantivesse uma distancia dos países capitalistas mais desenvolvidos, contudo essa autonomia
pela distancia não é muito interessante, pois é preciso aprender a conviver com certas
realidades. Com isso a idéia da Autonomia pela diversificação tem como objetivo mudar o
programa baseado na idéia da “autonomia pela distancia”, no qual o cenário internacional a
autonomia pela diversificação ganha maior visibilidade.

A quantidade de mudanças ocorridas, não visa mudar de forma radical, dando


continuidade na defesa da soberania e dos interesse nacionais, dando uma maior ênfase nas
alianças do Sul.Vale ressaltar que o governo anterior já havia um ensaio sobre coalizão Sul-
Sul, como pode ser visto no contencioso das patentes de medicamentos contra HIV/AIDS,
quando o Brasil junta-se com a África do Sul e Índia, com o intuito de tentar reduzir o preço
desse remédios, tendo apoio da sociedade civl e de outros países.

Essa coalizão foi possível e institucionalizada durante o governo Lula, com a


Declaração de Brasília, no qual esse acordo abordava vários temas, desde do comércio ate
questões de segurança nacional, com isso houve a criação do IBAS ou G3. Em relação a
OMC, o governo Lula deu atenção participando das negociações comerciais Multilaterais.
O governo FHC mostrou dialogo porem não houve uma coordenação
institucionalizada com os países do Sul, diferentemente de Lula, que costurou grandes
alianças, podendo ser destacado a formação do G-20 e do IBAS, sendo que essas alianças não
possuem um previsão para o futuro, quais serão os benefícios, porém são de grande
importância, como em Doha, em Cancun e em outras rodadas.

A administração de Lula tinha o foco em fortalecer a posição do Brasil em um pais


negociador pelo meio das alianças Sul-Sul, como pode ser visto nas reunião de Cancun no
qual os países do G-20 tem interesse em acabar com os subsídios domésticos às exportações
de produtos agrícolas com o intuito de ter um acesso maior mercados norte-americanos e
europeu.Essa coalizão parece acreditar que não possui apenas interesse econômicos e que
seus membros compartilham uma identidade em comum, visa buscar um ordem social
econômica mais justa e igualitária.Como pode ser analisado, o G-20 tem conseguido alcançar
suas metas, formando um fórum de negociações, não podendo esquecer que segue uma lógica
de interesse e as relações de poder.

Segundo Rouquié (2006), a persistência brasileira e brigar pela abertura dos mercados
agrícolas, sendo impossível conseguir tal feio a curto prazo no qual se reivindicava, mostra a
capacidade de misturar dos países do sul. Caso fossem extinguido o protecionismo e os
subsídios, iria garantir ganhos altos em curto prazo, contudo colocaria em risco o futuro das
industrias e o setor de serviços ligados a high tech 1. Para Rouquié, o Brasil “ ao adotar um
ponto de vista tão estrito, mostra-se perfeitamente fiel ao ensinamento de Rio Branco, jamais
fazer acordo com Estados mais poderosos.”

Mediante a isso, os outros do G-20 países que importavam produtos de gênero


agrícola, conseguiam manter a proteção de suas indústrias, mesmo não sendo tão competitiva
ou para políticas industriais e tecnológicas nacionais, que são de grande importância para a
construção de parques tecnológicos competitivos no sistema internacional.

O governo Lula mantêm a postura multilateralista, focando a defesa nacional com


maior ênfase do que a administração anterior. Esse atributo, combinado com a “autonomia
pela diversificação”, ganhou maior importância e de vez quando mostrando um papel de
liderança regional.Mesmo que essas idéias fossem apenas discursos sem resultado pratico
instantâneo, ele tem um grande influência no relacionamento com os outros países.

1
De alta tecnologia; cuja tecnologia é muito avançada
Os governos de outros países não visam reagem visando somente os potenciais
recursos dos outros Estados, mas como esses recursos podem ser potencialmente utilizados.
Segundo Wendt (1992, p.394), as relações internacionais devem absorver “uma forma
sociopsicológica de teoria sistêmica na qual as identidades e os interesses são a variável
dependente.” Portanto, as idéias políticas e as percepções dos atores são fundamentais no
entendimento e desenvolvimento da política externa.

Para os formuladores do governo FHC, viam o Brasil como Líder, como conseqüência
de uma forma gradativa de crescimento econômica e deveria ser restringindo à região, pelo
fato de faltar recursos (financeiros, bélicos, políticos e de quadros profissionais) que seja livre
para a ação do Estado na política externa.Para os formuladores da política externa do governo
Lula, acreditavam que para o Brasil alcançar a liderança, poderia ser por meio de uma ação
diplomática mais ativa e dinâmica, bem como dar prosseguimento a defesa de temas
universais.

O tema relativo a liderança, é um quesito bem complicado, visto que é ligado


diretamente com o possível papel de paymaster 2
(mattli, 1999). Isto se traduz como a
manutenção da liderança, no qual produz expectativas e cobrança no qual a possibilidade de
ser atendida é baixa. Por outro lado, a liderança pode gerar ressentimento, é mesmo que isso
não aconteça, gera um preço.

Como exemplo, pode ser visto quando Evo Morales, nacionaliza a produção de
hidrocarbonetos, afetando diretamente as concessões da empresa estatal Petrobras,
demonstrando a dificuldade em liderar. Nesse caso, exigira do Brasil um papel um ajuste
entre recursos reais e simbólicos, buscando medidas permitindo que os interesses nacionais,
econômicos e segurança do Brasil, sem criar conflitos com os interesses nacionais dos
bolivianos, resultando em uma grande competência para negociar e a existência de recursos
que interessem e criem atenção dos países vizinhos.

Segundo Daudelin (2006), sugere que deveria haver um grande investimento por parte
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro na Bolívia,
para viabilizar um acordo entre os dois países e para que Lula consiga dar uma maior
“credibilidade à sua retórica Sul-Sul”. O papel desempenhado por uma liderança exige uma
maior capacidade do Estado em focar seus recursos para atingir seus objetivos.

2
pagador; tesoureiro; comissário
Para o Brasil, a “vontade nacional” de exercer uma política externa e de integrar um
eixo estruturante a partir de um projeto nacional é uma questão central a ser analisada, que
surge de forma instantânea na reunião sobre o MERCOSUL, não somente nesse caso mas
também como o envio de tropas para a manutenção da paz no Haiti, com isso buscando um
maior perfil regional e internacional.

Com essa atitude de enviar soldados para missão de paz, não apenas no Haiti, mas
também como no Sinai, angola, entre outros, mostra que o governo tem vontade e capacidade
de fazer esse tipo de operação, que demanda grandes quantidades de recursos, equipamentos,
fazendo parte de uma estratégia geral da política internacional, visando uma cadeira no
conselho de segurança e mostrando um exemplo de autonomia pela diversificação.do país.

O sentido de diversificação não visa apenas a procurar alternativas nas relações com
outros Estados, mas também quando ocorre a intervenção em questões que não levam ao
resultado de interesses imediatos ao país, isso quer dizer que as intervenções que sejam
necessárias a bens públicos são validas.

No contexto internacional, o mundo vivia uma estabilidade econômica, com a


ascensão de países emergentes como a China e a Índia, no qual o comércio internacional foi
de grande importância para a economia brasileira, atingindo altos níveis de troca comerciais,
de US$ 228,9 bilhões em 2006(SECEX,2007). Com esses números significativos, as questões
comerciais internacionais ganharam um grande um grande peso no debate interno, fazendo
com que despertasse o interesse na opinião publica, elites, empresários, entre outros.

Por outro lado, essa inovação passou a encontrar dificuldades para continuar, segundo
a oposição, ocorreu uma grande politização devido a falta de concentração de esforços nas
relações com interlocutores políticos e econômicos tradicionais, sendo os mais importantes
como EUA e a União européia. De fato, Lula intensificou as relações com países africanos,
principalmente de língua portuguesa, não levando em conta apenas as relações econômicas,
mas também o resgate da chamada divida humana, social e cultural.

Para Lula, a relação com os EUA era de grande importância, contudo não o considera
a única alternativa para atingir as metas diplomáticas e econômicas brasileiras. Uma critica
que fazem ao governo Lula é a falta de pragmatismo, estando descontado da época e sendo
demasiadamente ideológico, pois a ampliação do comércio passaria pela ALCA, desejada por
partes importantes do setor privado.
A partir de 2003, o critério adotado pelo governo brasileiro e da não exclusividade das
relações com os EUA, contudo as relações mantém estável, inclusive sendo economicamente
importante, reduzindo a relação de unilateralismo.

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