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Ao decorrer da construção de sua política externa, o Brasil vem pautando sua política
em busca da autonomia. Em 2003, quando Lula assume a presidência da Republica, na sua
plataforma de governo para política externa, visa buscar a autonomia pela diversificação,
procurando aproximar de novos polos de poder mundial, buscando uma maior participação
como diversificação em instituições internacionais, visando alcançar o poder no qual
permitisse uma maior independência no sistema internacional, muitas vezes sendo necessário
o alinhamento com uma super potência. Diferentemente do governo de Fernando Henrique,
no qual a autonomia era pela participação. Antes de iniciarmos o nosso trabalho mostrando
quais foram as vantagens e desvantagens dessa política adotado por Lula, vamos entender o
que é autonomia e como ela é alcançada pelos países e como ele é importante para o
desenvolvimento do país.
O significado de autonomia
O principio de não intervenção nos assuntos internos dos Estados é baseado nessa
explicação. Segundo o entendimento de um Estado nação, que é possuidor do direito de
articular e atingir metas políticas de forma autônoma, mediante a isso, a autonomia é um
direito do Estado. Este tipo de pensamento é aplicado em casos domésticos e internacionais,
numa visão geral, o Estado é autônomo quando as metas no qual quer atingir não estão ligadas
diretamente a interesse de determinados grupos sociais. Como os interesses dos Estados
nacionais são os objetivos dos Estados, a sobrevivência e o bem estar econômico seria os
outros interesses, essas três características podem ser associada a segundo os autores Roberto
Russel e Juan Gabriel podem ser associadas a “vida, propriedade e liberdade”, Segundo o
autor Hans Morguenthau, são as categorias de validade universal.
A autonomia foi um ponto chave para os dois países, cujo objetivo era a redução da
dependência desses países mediante aos Estados Unidos, isso não significa que estava
iniciando uma política de enfrentamento. Segundo o autor Helio Jaguaribe, um dos
principais pesquisadores sobre esse tema, quando o Brasil era Império, havia quatros níveis
decrescente, “A supremacia geral, a supremacia regional, a autonomia e a dependência” (A
Autonomia e Interdependia nas relações internacionais na America Latina, 3).A supremacia
geral é uma ligação entre a dificuldade de um território próprio com a execução de
superioridade generalizada.
Para alcançar tal autonomia, não é uma tarefa simples de ser conquistada, requer muito
esforço para ser alcançada. Para Puig “é obvio que o transcurso da dependência a autonomia
somente pode produzir na medida em que os países avançam e sua própria viabilidade, o que
supõe não somente recursos suficientes mínimos ( Helio Jaguaribe) mas também, e
principalmente, elites funcionais, ou seja, decididos a empreender o caminho da
autonomização” (PUIG, 1980). Para que um país possa superar sua dependência de forma
independente seria difícil tal feito.
Transferir o pólo para os EUA foi uma movimentação que iria gerar significantes
benefícios para o Brasil, pois era uma potência que iria se destacar na America, incluindo a
formação da Carta Constitucional, ajudando o Brasil na construção e consolidação da
República. Mesmo com proximidade com os EUA pode ter sido transformado em próprio fim,
foi importante na hora de negociar, aumentando o poder de barganha.
Vale ressaltar que, com o fim da monarquia no Brasil, possibilitou com que o Brasil
pudesse aproximar com seus países vizinhos, acabando com o afastamento no qual o país se
encontrava. Com o início da Primeira Guerra Mundial e a declaração de guerra do Brasil a
Alemanha, enviando tropas a Europa, o Brasil visa exportar suas influencias para fora do
continente americano.
O Brasil visava com o fim da guerra, ter muitas conquistas, como ter um assento
permanente na liga das nações. Com a retirada do Brasil da Liga, por não ter sido incluso com
um membro permanente, como o fim da primeira guerra mundial, houve a necessidade de o
Brasil começar o seu processo de industrialização com o intuito de suprir as demandas do
mercado interno, oriundo de outros países, contudo com a guerra, a circulação de produtos foi
paralisada.
Com a crise dos anos de 1920, o Brasil passou por uma grande dificuldade de ampliar
seus parques industriais devido a falta de equipamentos. Com a crise de 29 e a quebra do
sistema capitalista, o Brasil sofreu um grande impacto nas suas exportações, na época o
principal produto brasileiro que correspondia a 70% do PIB era o café, sendo necessária
adoção de medida protecionista. Como os EUA e a Alemanha não possuíam colônias,
passaram a dar destaques nos mercados latino-americanos. Os Estados Unidos visava manter
a liderança na região buscando um viés liberal defendendo o livre comércio diferente da
Alemanha, que buscava um comercio compensado (troca de mercadorias sem uso de moeda
forte).Com a aproximação do Brasil com as duas potencias ao mesmo tempo,adota o sistema
de equidistancia-pragmática- que o Brasil continua na busca pela sua autonomia, com o
intuito de tirar vantagens dos dois países.
Na prática, cada ganho do Brasil, significava menos poder de negociação dos EUA, ou
seja, maior autonomia para o Brasil, é importante lembrar que mesmo o Brasil adotando esses
decisões com o intuito de ter uma maior participação nos arranjos do pós-guerra, O Brasil já
vinha sendo implementado no tempo em que negociava e preparava sua atuação direta na
guerra.Os créditos de participação da guerra fazia com que o Brasil pudesse usufruir de um
aliado especial dos Estado Unidos, tendo as elites brasileiras no passado, um pensamento no
qual o Brasil merecia se destacar no cenário internacional.
Com as eleição de Eurico Dutra(1956-1950), não houve uma perda de autonomia por
parte do Itamaraty em relação as negociações internacionais. Com o retorno de Vargas a
presidência da República, o novo presidente adotou uma nova forma de política externa,
adaptando o paradigma do americanismo ao um novo contexto de da política do
desenvolvimento nacional, adotando uma postura pragmática, no qual buscava o apoio
político estratégico de Washington para auxiliar no desenvolvimento do país.
As elites da época perceberam que o alinhamento com os EUA não significava ganhos
econômicos para o Brasil, com um grande aliado na America Latina.No governo de Juscelino
Kubitschek(1956-60), a grande proposta para a política externa foi a Operação Pan-
Americano(OPA), tendo como objetivo uma proposta multilateral latino-americana, tendo
intuito de colocar o Brasil como uma liderança, com o objetivo de conseguir atrair mais
investimentos norte americanos para auxiliar no projeto de desenvolvimento, adotando a
estratégia no qual os problemas sociais poderia desencadear a ascensão do comunismo no
Brasil no qual o contexto era de guerra fria.
Mediante a isso, A relação com os EUA deixa de ter o caráter para aumentar o poder
de barganha, passando a ter o objetivo de aumentar o poder de negociação.Com o avanço da
política externa internacional, um novo paradigma de destaca, a globalização, defendendo que
uma maior aproximação com Washington iria aumentar o poder de recursos.
Nesse governo é importante ressalta que o Itamaraty voltou a ter uma maior autonomia
no desenvolvimento da política externa brasileira, no qual os diplomatas que estavam
iniciando sua carreira visavam um pró-Terceiro mundo. Esse retorno da autonomia foi
possível graça a confiança dos militares. No governo Médici (1969-74), a globalização volta
ao centro da política externa brasileira, mantendo os EUA com um grande aliado.
A política externa na segunda metade do regime militar de fato foi uma política
pragmática, contudo era fundamental que houvesse mudanças para continuar a ampliar a
autonomia. Em meados da década de 1970, o modelo de substituição de importação começava
a decair, tendo que ocorrer mudanças para manter o desenvolvimento. Alguns acontecimentos
históricos foram marcantes para economia brasileira como a crise do petróleo no qual a OPEP
aumentou de forma considerável o preço do barri de petróleo, no qual o Brasil era dependente
de 80% do petróleo importado, além desse grande impacto, para agravar mais ainda, o sistema
financeiro Bretton Woods chega ao seu fim. Como foi possível manter em alta a liquidez do
mercado, o país conseguiu manter a economia crescendo.Um ponto importante que deve ser
destacado foi o aumento da divida externa, de 12,5 bilhões passou para 45 bilhões.
Devido ao aumento da divida, foi a implantado uma política para auxiliar na expansão
das exportações, para arcar com as dívidas. Para que esse projeto desse certo houve a
verticalização das indústrias brasileiras, ganhando capacidade de exportar produtos
manufaturados. Com isso foi possível para o Brasil diversificar seus parceiros, devido a
intensificação da tensão entre as superpotências e a multipolar idade. Com isso, o Brasil
começa a se aproximar de países africanos, reconhecendo a independência da Angola,
estabelecendo relações diplomáticas, com a República Popular da China, com a União
Soviética, superando a barreira ideológica, como no governo do Castelo Branco. Com Geisel,
a política externa ganha uma grande autonomia, no qual a ideologia não interrompia as
relações com outros países.
Mediante a essa abertura, a política externa brasileira volta com a pauta a autonomia
com o afastamento do centro hegemônico e com a aproximação da Europa Ocidental e dos
países subdesenvolvidos da Ásia, África e América Latina.Em certas ocasiões referentes a
assuntos polêmicos, visava a autonomia pela distancia, com o objetivo de proteger o país de
alianças indesejáveis.
Com condições razoáveis para colocar em prática uma política externa com grande
autonomia, não significa que não teriam empecilhos. O governo estava bastante otimista com
a mudança na forma no qual estava sendo conduzidas as mudanças no modelo de substituição
por importação, contudo havia certo receio ate onde essas mudanças seriam benéficas. Se
discutiam quais seriam os prejuízos com a diversificação de mercados, deixando de lado os
EUA como principal parceiro, encerrado o alinhamento automático.
Com esse novo caminho adotado pelo Brasil na Política externa, ocorre a crise de
paradigma no qual as relações diplomáticas com os Estados Unidos deixariam de exercer a
função de aumentar o poder de negociação, passando a exercer o poder de barganha. A linha
de pensamento da política externa manteve seu padrão, tendo alguns ajustes no governo do
João Batista Figueiredo. Com isso, o Brasil continua com a política de estímulo de
diversificação de parcerias, decorrentes dos problemas do protecionismo das economias dos
países desenvolvidos e do aumento da divida externa, priorizando os países do Sul, sendo a
Argentina o principal parceiro.
Com o fim da ditadura militar, a política externa brasileira passa por uma reforma em
sua estrutura, não sendo difícil de detectar essas mudanças. Os responsáveis em desenvolver a
política externa tinham como objetivo de incentivar o desenvolvimento econômico, colocando
em cheque a eficácia do americanismo e globalismo.
Nos anos de 1980, o Brasil passava por grandes dificuldades financeiras, com índices
de inflação alta, decretando moratória da divida externa, além dos planos econômicos para
estabilização da economia.Essa medidas fez com que a política externa brasileira passasse por
problemas como, de que forma iria se inserir no sistema internacional.O processo inicia no
governo Sarney, no qual o Brasil sofre grandes pressões do governo dos EUA devido a lei de
informática e as patentes de remédios.
A política externa do governo Collor é marcado por uma nova fase, no qual é chamado
de autonomia pela participação, visando expandir sua credibilidade no sistema internacional,
visando renegociar a dívida externa, ao mesmo tempo um visto para participar do primeiro
mundo, sendo possível via a adesão aos regimes internacionais de comércio , controle sobre
tecnologia, proteção ao meio ambiente e direitos humanos.Houve tentativa de voltar com o
americanismo, porem esse sistema mostrou-se fracassado.
Desde à década de 1990, vários fatores fizeram com que a política externa venha
sofrendo mudanças para a redefinição dos quadros conceituais. A grande pergunta é se o
governo FHC construiu um novo paradigma ou apenas mudou as prioridades, focando na
relação entre a autonomia e desenvolvimento. No primeiro governo de Fernando Henrique,
tem como objetivo de encerrar a chamada Era Vargas, referindo-se ao modelo de substituição
por importação e a intervenção do Estado. Seu governo foi caracterizado por medidas como
privatizações, estabilização macroeconômica, com a criação do Plano Real, trazendo um uma
maior credibilidade internacional em relação ao país.
Essa política externa do “Pragmatismo Responsável” não significa que o governo Lula
alinhasse de forma total com a agenda do Sul, pois o Brasil nunca foi membro do movimento
dos Não- Alinhados. O seu governo possui visões diferentes em relação as relações
internacionais, no plano domestico, era certo que o modelo de substituição fosse deixado de
lado, já os defensores do projeto nacional desenvolvimentista, de políticas para o
desenvolvimento e industrialização focados em uma nova formulação, deixando de lado o
modelos protecionista e de substituição de importação.
Segundo Rouquié (2006), a persistência brasileira e brigar pela abertura dos mercados
agrícolas, sendo impossível conseguir tal feio a curto prazo no qual se reivindicava, mostra a
capacidade de misturar dos países do sul. Caso fossem extinguido o protecionismo e os
subsídios, iria garantir ganhos altos em curto prazo, contudo colocaria em risco o futuro das
industrias e o setor de serviços ligados a high tech 1. Para Rouquié, o Brasil “ ao adotar um
ponto de vista tão estrito, mostra-se perfeitamente fiel ao ensinamento de Rio Branco, jamais
fazer acordo com Estados mais poderosos.”
1
De alta tecnologia; cuja tecnologia é muito avançada
Os governos de outros países não visam reagem visando somente os potenciais
recursos dos outros Estados, mas como esses recursos podem ser potencialmente utilizados.
Segundo Wendt (1992, p.394), as relações internacionais devem absorver “uma forma
sociopsicológica de teoria sistêmica na qual as identidades e os interesses são a variável
dependente.” Portanto, as idéias políticas e as percepções dos atores são fundamentais no
entendimento e desenvolvimento da política externa.
Para os formuladores do governo FHC, viam o Brasil como Líder, como conseqüência
de uma forma gradativa de crescimento econômica e deveria ser restringindo à região, pelo
fato de faltar recursos (financeiros, bélicos, políticos e de quadros profissionais) que seja livre
para a ação do Estado na política externa.Para os formuladores da política externa do governo
Lula, acreditavam que para o Brasil alcançar a liderança, poderia ser por meio de uma ação
diplomática mais ativa e dinâmica, bem como dar prosseguimento a defesa de temas
universais.
Como exemplo, pode ser visto quando Evo Morales, nacionaliza a produção de
hidrocarbonetos, afetando diretamente as concessões da empresa estatal Petrobras,
demonstrando a dificuldade em liderar. Nesse caso, exigira do Brasil um papel um ajuste
entre recursos reais e simbólicos, buscando medidas permitindo que os interesses nacionais,
econômicos e segurança do Brasil, sem criar conflitos com os interesses nacionais dos
bolivianos, resultando em uma grande competência para negociar e a existência de recursos
que interessem e criem atenção dos países vizinhos.
Segundo Daudelin (2006), sugere que deveria haver um grande investimento por parte
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) brasileiro na Bolívia,
para viabilizar um acordo entre os dois países e para que Lula consiga dar uma maior
“credibilidade à sua retórica Sul-Sul”. O papel desempenhado por uma liderança exige uma
maior capacidade do Estado em focar seus recursos para atingir seus objetivos.
2
pagador; tesoureiro; comissário
Para o Brasil, a “vontade nacional” de exercer uma política externa e de integrar um
eixo estruturante a partir de um projeto nacional é uma questão central a ser analisada, que
surge de forma instantânea na reunião sobre o MERCOSUL, não somente nesse caso mas
também como o envio de tropas para a manutenção da paz no Haiti, com isso buscando um
maior perfil regional e internacional.
Com essa atitude de enviar soldados para missão de paz, não apenas no Haiti, mas
também como no Sinai, angola, entre outros, mostra que o governo tem vontade e capacidade
de fazer esse tipo de operação, que demanda grandes quantidades de recursos, equipamentos,
fazendo parte de uma estratégia geral da política internacional, visando uma cadeira no
conselho de segurança e mostrando um exemplo de autonomia pela diversificação.do país.
O sentido de diversificação não visa apenas a procurar alternativas nas relações com
outros Estados, mas também quando ocorre a intervenção em questões que não levam ao
resultado de interesses imediatos ao país, isso quer dizer que as intervenções que sejam
necessárias a bens públicos são validas.
Por outro lado, essa inovação passou a encontrar dificuldades para continuar, segundo
a oposição, ocorreu uma grande politização devido a falta de concentração de esforços nas
relações com interlocutores políticos e econômicos tradicionais, sendo os mais importantes
como EUA e a União européia. De fato, Lula intensificou as relações com países africanos,
principalmente de língua portuguesa, não levando em conta apenas as relações econômicas,
mas também o resgate da chamada divida humana, social e cultural.
Para Lula, a relação com os EUA era de grande importância, contudo não o considera
a única alternativa para atingir as metas diplomáticas e econômicas brasileiras. Uma critica
que fazem ao governo Lula é a falta de pragmatismo, estando descontado da época e sendo
demasiadamente ideológico, pois a ampliação do comércio passaria pela ALCA, desejada por
partes importantes do setor privado.
A partir de 2003, o critério adotado pelo governo brasileiro e da não exclusividade das
relações com os EUA, contudo as relações mantém estável, inclusive sendo economicamente
importante, reduzindo a relação de unilateralismo.