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Universidade Maurício de Nassau- Polo Palmeira- Campina Grande -PB

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Disciplina: Técnicas Retrospectivas II - Turma 2023.1

Professora: Lizia Agra

Aluna: Linalda maria da Silva de Souto Matrícula - 04056444.

RESENHA CAPÍTULO 5 - A RESTAURAÇÃO SEGUNDO A


INSTÂNCIA DA HISTORICIDADE – TEORIA DA RESTAURAÇÃO – CESARE
BRANDI

O capítulo 5 do livro "Teoria da Restauração", de Cesare Brandi, aborda


a restauração segundo a instância da historicidade. O autor começa falando que
a teoria fundamental da restauração já foi delineada nos capítulos anteriores,
mas é necessário colmatar um intervalo que corresponde ao regulamento
jurídico para a intervenção efetiva de restauro. Em outras palavras, é preciso
definir alguns agrupamentos de obras de arte com base no sistema de referência
pelo qual uma obra de arte é considerada um monumento histórico e uma forma
singular.

Brandi afirma que é importante dar prioridade à consideração histórica


em relação à estética, já que a obra de arte é uma resultante do fazer humano e
não deve depender das alternativas de gosto ou moda. Nesse sentido, ele diz
que é necessário iniciar a consideração a partir do limite extremo, ou seja,
daquelas obras que estão prestes a desaparecer e se tornarem uma ruína. É
importante examinar as modalidades da conservação da ruína, mas não se pode
extrair as leis da sua conservação a partir da realidade empírica, pois a ruína
deve ser pensada simultaneamente sob o ângulo da história e da conservação.

O autor afirma que só se pode chamar de ruína algo que testemunhe um


tempo humano e que seja um ponto de partida do ato de conservação. Por isso,
a obra de arte reduzida ao estado de ruína depende do juízo histórico que a
envolve para sua conservação, e a restauração nesse caso só pode ser a
consolidação e conservação do status quo, ou seja, a preservação da ruína.

Brandi diz que é importante lembrar que a obra de arte é única e não
deve ser considerada como um elemento de uma série paritária. Cada obra de
arte é um caso à parte, e é necessário delimitar alguns agrupamentos de obras
com base em referências históricas e estéticas para servirem como ponto de
referência na aplicação da norma jurídica. Esses pontos de referência
reagruparão um número indefinido de casos singulares baseados em
características o mais generalizadas possível, e servirão como subsídio
hermenêutico à aplicação da verdadeira norma.

O autor finaliza o capítulo dizendo que a restauração, quando voltada


para a ruína, não pode ser uma tentativa de recriar a forma original da obra de
arte, mas sim a conservação do testemunho histórico que ela representa. A ruína
é um ponto de partida para o ato de conservação, e sua preservação depende
do juízo histórico que a envolve. Por isso, a restauração deve ser sempre feita
com base em referências históricas e estéticas, respeitando a singularidade de
cada obra de arte.

O autor discute ainda sobre a relação entre a conservação de obras de


arte e a historicidade e esteticidade destas. Brandi argumenta que a conservação
de obras de arte deve ser feita levando em consideração a instância histórica,
ou seja, a fase histórica de gosto em que a obra foi produzida. O autor defende
que o que se quer conservar não é um pedaço de natureza em si, mas sim o
pedaço de natureza que sofreu ou não modificações humanas, como é visto,
isolado do contexto, e intencionado como aspiração à forma da consciência
humana.

Brandi também aborda o problema da conservação ou remoção das


adições e dos refazimentos em obras de arte. Ele argumenta que, sob a instância
histórica, deve-se propor o problema da legitimidade da conservação ou da
remoção das adições, e que a conservação da adição deve ser considerada
regular, enquanto a remoção deve ser excepcional. Isso se deve ao fato de que
a adição sofrida por uma obra de arte é um novo testemunho do fazer humano
e, portanto, da história, enquanto a remoção destrói um documento e não
documenta a si própria, levando à negação e destruição de uma passagem
histórica e à falsificação do dado.

Por fim, Brandi defende que a obra de arte se apresenta com a


bipolaridade da historicidade e da esteticidade, e que a conservação e a remoção
não podem ser feitas nem a despeito de uma, nem no desconhecimento da outra.
A conservação e a remoção devem ser feitas levando em consideração tanto a
instância histórica quanto a instância estética, e buscando uma linha sobre a qual
conciliar a eventual discrepância.

Em resumo, o texto de Cesare Brandi apresenta uma visão crítica e


reflexiva sobre a conservação de obras de arte, levando em consideração a
relação entre a historicidade e esteticidade destas. O autor defende que a
conservação deve ser feita considerando a instância histórica e que a remoção
de adições deve ser excepcional, uma vez que a adição representa um novo
testemunho do fazer humano e, portanto, da história. O texto é importante para
a reflexão sobre a preservação do patrimônio artístico e cultural, mostrando que
a conservação de obras de arte não deve ser feita apenas considerando a
estética da obra, mas também a sua historicidade e contexto cultural.

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