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Teoria da

Restauração
Cesare Brandi
Cesare Brandi (1906-1988)
Formado em Direito e Ciências Humanas
Administração de Antiguidades e Belas Artes de Siena
Em 1939, com Giulio Carlo Argan, funda o Instituto Centrale di
Restauro (ICR)
Diretor do ICR de 1939 a 1961
Teoria do Restauro

Busca de uma unidade de método e de princípios


Filiar o restauro ao pensamento crítico e das ciências
Vai contra o empirismo
Resulta de séculos de experimentação
objetividade

método

princípios gerais
Teoria do Restauro (1963)

Restauro Crítico
Sistemática reflexão sobre os problemas da restauração
Influências no campo da filosofia
Princípios operativos
“a restauração constitui o
momento metodológico do
reconhecimento da obra de arte,
na sua consciência física e na sua
dúplice polaridade estética e
histórica, com vistas à sua
t r a n s m i s s ã o p a r a o f u t u ro . ”
(BRANDI, 2004, p.30)
Ponto de Partida: reconhecimento da obra de arte
Produto especial da atividade humana
Reconhecimento pela consciência
Dupla instância: estética e histórica
A obra de arte condiciona a restauração
“Restaura-se somente a
matéria da obra de arte”
Matéria

conhecimento científico
matéria como epifania da imagem - estrutura e aspecto
a imagem não se limita apenas a matéria transformada
“A restauração deve visar ao restabelecimento da
unidade potencial da obra de arte, desde que isso seja
possível sem cometer um falso artístico ou um falso
histórico, e sem cancelar nenhum prazo da passagem
da obra de arte no tempo” (BRANDI, 2004, p.33)
Unidade Potencial da Obra de Arte

as partes e o inteiro: obra de arte não deve ser considerada como


composta de partes
a obra de arte é indivisível
PRINCÍPIO
“A integração deverá ser sempre e facilmente reconhecível; mas
sem que por isso se venha a infringir a própria unidade que se
visa a reconstruir. Desse modo, a integração deverá ser invisível à
distância de que a obra de arte deve ser observada, mas
reconhecível de imediato, e sem necessidade de instrumentos
especiais, quando se chega a uma visão mais aproximada”
(BRANDI, 2004, p.47)
PRINCÍPIO

“O segundo princípio é relativo à matéria de que resulta a


imagem, que é insubstituível só quando colaborar diretamente
para a figuratividade da imagem como aspecto e não para aquilo
que é estrutura. Disso deriva, mas sempre em harmonia com a
instância histórica, a maior liberdade de ação no que se refere
aos suportes, às estruturas e assim por diante” (BRANDI, 2004,
p.48)
PRINCÍPIO
“O terceiro princípio se refere ao futuro: ou seja, prescreve que
qualquer intervenção de restauro não torne impossível mas,
antes, facilite as eventuais intervenções futuras” (BRANDI, 2004,
p.33)
Restauração na instância da
historicidade

“Por isso, a restauração, quando voltada


para a ruína, só pode ser a consolidação e
conservação do status quo, ou a ruína não
era uma ruína, mas uma obra que ainda
continha uma vitalidade implícita para
promover uma reintegração da unidade
potencial originaria.”(BRANDI, 2004, p.67)
“A legitimidade da conservação da ruína
está, pois, no juízo histórico que dela se
faz, como testemunho mutilado, porém
ainda reconhecível, de uma obra e de um
evento humano.”(BRANDI, 2004, p.30)
Restauração na instância estética

“A cópia é um falso histórico e um falso


estético e por isso pode ter uma
j u s t i fi c a ç ã o p u r a m e n t e d i d á t i c a e
rememorativa, mas não se pode substituir
sem dano histórico e estético ao original.”
(BRANDI, 2004, p.67)
Restauração na instância estética

“O adágio nostálgico “Como era, onde


estava” é a negação do próprio princípio
da restauração, é uma ofensa à história e
um ultraje à Estética, colocando o tempo
como reversível e a obra de arte como
reproduzível à vontade.”(BRANDI, 2004,
p.67)
Lacuna
Anunciação. (1474)
Antonello da Messina
Tratteggio

Restauração na instância estética

“Por isso, qualquer eventual integração,


mesmo se mínima, deverá ser identificável
de modo fácil: e foi assim que
elaboramos, no Instituto Central de
Restauração, pra as pinturas e técnica do
tratteggio.”(BRANDI, 2004, p.126)
Capela Mazzatosta (sec.XV)
Restauro pelo ICR
Tratteggio
Processo de reintegração, 2006 (Giuseppe Basile)
Processo de reintegração, 2006
(Giuseppe Basile)
Princípios para a restauração de
monumentos

“Coloca-se, por isso, em primeiro lugar,


inalienabilidade do monumento como exterior do
sítio histórico em que foi realizado. Em segundo
lugar, deve-se examinar a problemática que nasce
da alteração de um sítio histórico no que concerne
às modificações ou ao desaparecimento, parcial
ou total, de um monumento que dele fazia parte”
(BRANDI, 2004, p.133)
Princípios para
a restauração
de monumentos
“O ambiente deverá ser reconstituído com base
nos dados espaciais e não naqueles formais do
monumento que desapareceu. Assim, deveria ter
sido reconstruído um campanário em São Marcos
em Veneza, mas não o campanário caído; assim,
deveria ter sido reconstruída uma ponte, em Santa
Trindade de Florença, mas não a ponte de
Ammannati”(BRANDI, 2004, p.137)
Tratteggio
Catedral de Coventry
Basil Spence 1907-1976)
Torre de Salomão
Torre de Salomão - Visegrad - Hungria
Oratorio San Filippo Neri

Pier Luigi
Cervelatti
Bombardeio em 1944
Teatro de Eraclea Minoa

Franco
Minissi
Vila Romana del Casale

Franco
Minissi
Santa Maria di Siponto

Edoardo
Tresoldi
https://youtu.be/aSdFUqPtwQ8

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