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Resumo Direito Dos Registos
Resumo Direito Dos Registos
1. Registo Civil
Estado das pessoas/estado pessoal: qualidade que condiciona a atribuição a uma pessoa de
uma massa pré-determinada de direitos e vinculações, cuja titularidade ou não titularidade é
aspeto fundamental da situação jurídica da pessoa.
Apesar de ser o direito positivo, que nos dá um critério legal de determinar as qualidades
jurídicas que merecem a qualificação de fundamentais, ou seja, são aquelas que se encontram
inscritas no registo civil; existem algumas qualidades que a lei não sujeita a registo civil, como
por exemplo, a situação de objetos de consciência ou de contumaz. Sendo assim, estas últimas
integram o estado pessoal e não o estado civil.
OBJETO: dar publicidade à situação jurídica de pessoas singulares através do registo dos
fatos que integram o seu estado civil. Isto significa, permitir a qualquer interessado obter
informação sobre os fatos registados, e consequentemente sobre a situação jurídica das
pessoas a quem dizem respeito.
Fatos que a lei permite que sejam levados ao registo, ou seja, que sejam lavrados nos
suportes próprios, legalmente admitidos para o efeito.
Não podem ser registados quaisquer fatos que a lei não declare como sujeitos a registo.
Quase todos os fatos sujeitos a registo civil devem ser obrigatoriamente registados,
podendo dizer que o registo civil é tendencialmente obrigatório, sabendo que é a lei que
define quais são ou não objeto de registo obrigatório.
Segundo o art. 6, os atos lavrados no estrangeiro podem ingressar no registo civil, ou seja,
não são obrigados a isso.
- Fatos sujeitos a registo obrigatório (art. 1 CRCivil)
Nascimento;
Filiação;
Adoção;
Casamento
Convenções antenupciais e alterações ao regime de bens convencionado ou legalmente
fixado;
Regulação do exercício do poder paternal;
Inibição ou suspensão do exercício do poder paternal;
Acompanhamento de maiores e tutela e administração de bens;
Apadrinhamento civil;
Curadoria provisória;
Declaração de insolvência;
Nomeação e cessação de funções do administrador judicial;
Inabilitação e inibição do insolvente;
Exoneração do passivo restante;
Óbito;
Fatos que determinem a modificação ou extinção de qualquer dos fatos indiciados.
- Os atos relativos ao estado civil lavrados no estrangeiro, perante as autoridades locais, que
devam ser averbados aos assentos das conservatórias são previamente registados, por meio
de assento, numa conservatória do registo civil ou na Conservatória dos Registos Centrais (art.
6º/2 com remissão para os arts. 10º e 11º). Isto significa que se houver de ser atualizado um
assento de nascimento por virtude de um casamento realizado nos termos do art. 6º/2, o
correspondente averbamento deve ser precedido de realização do assento de casamento na
conservatória competente para tal. O nº 3 do mesmo art. diz-nos que o registo das convenções
antenupciais e o registo de óbito de estrangeiro que dissolva casamento registado em Portugal
não pode ser efetuado através deste procedimento.
O tribunal terá de verificar esta decisão, e verificar se ela está de acordo com os
nossos princípios; só após este processo, a decisão terá eficácia no nosso país -
PRODUÇÃO DE EFEITOS JURIDICOS. Exemplo: um casal divorcia-se e faz as
partilhas do seu património comum; o imóvel que representa a casa fica a
pertencer a um dos cônjuges, e sendo assim, esse cônjuge fica responsável por
pagar o empréstimo. Se o cônjuge incumprir com o pagamento do banco, este
último pode ir requerer o dinheiro ao outro? Sim, porque este acordo é ineficaz e
não produz efeitos em relação ao banco – por isto, antes de se fazer um acordo,
os mandatários devem ir ao banco ver se este aceita o acordo.
- É obrigatório o registo dos casamentos celebrados em Portugal por qualquer das formas
previstas na lei portuguesa, dos casamentos de português ou portugueses celebrados no
estrangeiro e dos casamentos dos estrangeiros que, depois de o celebrarem, adquiram a
nacionalidade portuguesa (art. 1651º nº1 CC).
Efeitos do registo
Prova dos fatos sujeitos a registo: esta prova só pode ser feita pelos meios previstos no
CRCivil (art. 4º). O art. 211º diz-nos que os fatos sujeitos a registo e o estado civil das
pessoas se provam pelo acesso à base de dados do registo civil ou por meio de certidão.
Esta prova não pode ser ilidida por qualquer outra, a não ser nas ações de estado e nas
ações de registo (art. 3º).
Art. 2ª: apenas depois do registo definitivo do casamento, é que os nubentes podem
dizer “estamos casados”.
Uma criança cujo pai não a regista, não deixa de ser cidadã portuguesa, apenas
significa que ela precisa ir registar-se.
Art. 3º: os fatos sujeitos a registo civil obrigatório constituem prova vinculada, ou seja,
o juiz não tem liberdade de apreciação sobre esta prova. Isto significa que o juiz é
obrigado a considerar a prova verdadeira; constituindo por isso uma presunção iuris
etdeuri.
Ações de Estado: pretende-se alterar o estado tal como consta do registo civil, o
que quer dizer que é o próprio fato registado que se contesta [ex: ações de
investigação}.
Ações de Registo: têm por objeto o registo em si mesmo – a sua inexistência,
omissão ou nulidade.
VALOR PROBATÓRIO: o registo civil não presume, afirma. Se o registo civil não afirma, é
porque não existe; tendo por isso valor declarativo.
Art. 4ª: a prova dos fatos sujeitos a registo só pode ser feita nos termos previstos no
CRCivil, nomeadamente através da certidão da conservatória do assento do registo civil
daquele fato. ATENÇÃO: o cartão de cidadão não tem valor probatório, nem é considerado
como meio de prova previsto no CRCivil.
Impugnação em juízo dos fatos sujeitos a registo: os fatos registados não podem ser
impugnados em juízo sem que seja pedido o cancelamento ou a retificação dos registos
correspondentes (art. 3º). Isto pretende evitar a incongruência que de outro modo poderia
resultar da circunstância de uma decisão judicial declarar inexistente ou nulo determinado
fato, e manter-se inalterado o correspondente registo.
Vícios do registo
1
O fato dele constante nunca se verificou ou que tal fato não é nenhum daqueles que a lei admite a registo.
O registo lavrado por averbamento só é considerado inexistente por falta de aposição
do nome do funcionário se a falta não for sanável (art. 74º).
A inexistência do registo pode ser invocada a todo o tempo, por quem tenha interesse nela,
sendo que o conservador deve promover, desde o momento que tenha conhecimento dela, o
competente processo de declaração ou o suprimento da assinatura em falta (art. 86º). Aplica-
se aqui, o processo de justificação administrativa (art. 241º e ss.) e cuja decisão compete ao
conservador. Contudo, a invocação da inexistência não está dependente de uma declaração
administrativa ou judicial, uma vez que a inexistência pode ser invocada por qualquer pessoa,
a todo o tempo, independentemente de declaração judicial (art. 1630º nº2)
2) Nulidade (art. 87º com remissão para os arts. 88º e 89º): lista fechada de casos em que o
registo ou o título são falsos.
O registo é falso ou resulta da transcrição de título falso;
Os serviços de registo foram incompetentes para o lavrar;
Contiver a aposição do nome de quem não tenha competência funcional para nele
apor o seu nome (art. 369º nº2);
Se a transcrição de casamento católico tiver sido lavrada não respeitando o disposto
no art. 174º nº1-d) e e).
O art. 90º estabelece que a nulidade do registo só pode ser invocada por decisão de
nulidade do conservador, contudo pode ser invocada a todo o momento e pode ser
declarada oficiosamente (art. 286 CC e art. 241º nº3 CRCivil).
A retificação é feita por averbamento, e sendo o vício resultante dos próprios serviços, é
obrigatório a promoção oficiosa do processo de retificação (arts. 93º e 94º).
O registo cancelado não produz nenhum efeito como título do fato registado, sem prejuízo da
possibilidade de ser invocado para prova desse fato no processo destinado a suprir a omissão
do registo. O art. 83º diz-nos que quando tiver sido declarada a inexistência ou nulidade de um
registo pelo conservador, mas esse fato registado é juridicamente existente, deve-se suprir a
omissão do registo.
A omissão de averbamento deve ser suprida por iniciativa dos interessados em face do
documento que comprove o fato a averbar; sendo que para isso se deve apresentar certidão
do assento consular do casamento ou do óbito ocorrido no estrangeiro, mesmo que não
integrado nos termos do art. 5º
- Retificação do registo
A retificação é feita por averbamento, exceto se se tratar de registo lavrado por inscrição e se
mostrar necessária logo após a aposição do nome do funcionário. Aqui, a retificação deve ser
feita de imediato, por meio de declaração lavrada pelo conservador ou oficial no seguimento
do registo, com aposição do respetivo nome.
. Formas de retificação
a) Retificação administrativa
1. Simples despacho do conservador (art. 93º nº1):
− Erro de grafia ou erro quanto à indicação do lugar ou da data em que o registo foi
lavrado;
− Desconformidade do assento lavrado por transcrição, ou do averbamento
− Erro do assento lavrado por transcrição
− Omissão ou inexatidão
b) Retificação judicial (art. 233º e ss.): resulta de decisão tomada em processo de justificação
judicial. Este processo apenas ocorre quando existe dúvidas acerca da identidade das
pessoas a quem o registo respeita (art. 94º).
- Assentos lavrados por transcrição (art. 53º): reprodução de um fato constante num
documento. EXEMPLO: os casamentos católicos – como o Vaticano é considerado um estado
soberano, existe um acordo entre os dois estados de que os casamentos celebrados por via
católica, existe um privilégio/legitimidade de que esses casamentos são válidos no nosso país.
O divórcio não é permitido aos olhos da lei eclesiástica;
O casamento católico só é extinto se declarado nulo ou anulado, ou pela morte de um
dos cônjuges;
Aos olhos da lei civil, os divorciados são considerados divorciados. Mas aos olhos da lei
católica não o são, ou seja, se pretenderem voltar a casar, só o poderão fazer pela via
civil.
Art. 56º: como este tipo de assento é retirado de um documento, é necessário
mencionar a proveniência do título, ou seja, descrever de onde tirei a informação.
- Art. 78º: as decisões judiciais que sejam comunicadas aos registos civis, são comunicadas
oficiosamente pelos tribunais e são lavrados por averbamento no assento que disserem
respeito. EXEMPLO: divórcio, regulação de responsabilidades parentais, maior acompanhado,
morte presumida.
1. Assentos
Inscrição: fatos declarados diretamente ou ocorridos no serviço competente para o
seu registo (art. 52º)
Transcrição: fatos comprovados por título lavrado por serviço intermediário ou por
outra entidade legalmente competente (art. 53º com remissão para o art. 56º).
Os assentos são lavrados nas conservatórias, ou mediante pedido verbal dos interessados, nas
unidades de saúde ou em outro lugar a que o público tenha acesso (art. 57º).
Os assentos devem ser escritos por extenso, em face das declarações das partes ou das
próprias observações do funcionário, na presença daquelas e dos demais intervenientes, ou
com base nos documentos apresentados. Admite-se, contudo, o uso de abreviaturas de
significo inequívoco, bem como a escrita por algarismos das datas e dos números (art. 59º).
Os assentos podem ser lavrados pelo conservador ou por um oficial de registos (art. 61º).
Depois de lavrados, são lidos na presença de todos os intervenientes, e o conservador apõe
neles o seu nome. As menções constantes dos registos, além das previstas na lei, é havidas
como não escritas (art. 62º).
2. Averbamentos
A sua função é adicionar aos assentos, alterações verificadas no estado civil dos seus titulares,
ou seja, sujeitas a registo. São também o meio próprio de proceder à retificação de registos.
São lavrados na sequência do texto do assento (art. 68º) e obedecem a modelos aprovados,
devendo ser lançados imediatamente após a realização do ato (art. 73º).
Se o documento for omisso quanto a elementos que não interessem à substância do fato, mas
sejam indispensáveis à sua feitura, podem ser complementados com outros documentos.
Se após o averbamento se concluir, não for possível a aposição do nome do funcionário, deve-
se mencionar, de forma sucinta, a razão do averbamento ficar incompleto (art. 74º).
Art. 78º: os tribunais devem comunicar a qualquer conservatória do registo civil, sempre que
possível por via eletrónica, as decisões proferidas em ações respeitantes a fatos sujeitos a
registo que devam ser averbados, exceto o disposto no art. 274º.
Relativamente ao processo de insolvência, os averbamentos são eliminados mediante a
elaboração de um novo assento de nascimento nas situações previstas no art. 81º-A, sendo
cancelado o primitivo assento.
1) Partes
As partes podem fazer-se representar por procurador com poderes especiais para o ato (art.
43º). Esta procuração pode ser outorgada por documento assinado pelo representado com
reconhecimento presencial da assinatura por documento autenticado ou por instrumento
público. A procuração passada a um solicitador/advogado, é suficiente o documento assinado
pelo representado. No ato da celebração do casamento, apenas um dos nubentes pode fazer-
se representar por procurador (art. 44º).
Dos atos lavrados com intervenção de intérprete deve constar a menção de que o mesmo
prestou juramente legal (art. 41º nº3).
Os mudos e surdos-mudos que saibam ler e escrever devem exprimir a sua vontade por escrito
em resposta a perguntas formuladas pelo funcionário do registo civil (art. 41º nº2).
Aqui, o funcionário do registo civil, se também não dominar o idioma em que a parte se
exprime, deve nomear-se um intérprete nos termos previstos no art. 41º (com remissão para o
42º).
4) Testemunhas
Nos assentos de nascimento, podem intervir (até) duas testemunhas. Nos de casamento
podem intervir entre duas a quatro testemunhas (art. 45º nº1). Só se tiver dúvidas fundadas
acerca da veracidade das declarações ou da identidade das partes, é que o conservador pode
exigir a intervenção de duas testemunhas em qualquer espécie de assento (art. 45º nº2).
Apenas podem ser testemunhas, pessoas idóneas e maiores ou emancipadas, podendo ser
parentes ou afins das partes, ou ainda funcionários (art. 46º).
Nos outros casos, a conservatória onde foi requerido o ato ou processo, deve-se solicitar
oficiosamente às entidades ou serviços da AP, o envio de certidões de atos lavrados ou de
documentos arquivados naquelas entidades ou serviços.
A. Nascimento
Compete:
Aos pais ou a outros representantes legais do menor ou a quem por eles seja, para o
efeito, mandatado por escrito particular;
Ao parente capaz mais próximo que tenha conhecimento do nascimento;
Ao diretor ou administrador ou outro funcionário por eles designado da unidade de saúde
onde ocorreu o parto ou na qual foi participado o nascimento.
- Execução do Registo
Deve constar do assento de nascimento, alguns requisitos especiais previstos no art. 102º:
Estes dados são fornecidos pelo declarante, devendo ser exibidos sempre que possível, os
documentos de identificação dos pais (art. 102º). E o funcionário que receber essas
declarações, deve averiguar a exatidão das declarações prestadas, em face dos documentos
exibidos dos registos em seu poder.
Depois de lavrar o assento pelas unidades de saúde, procede-se de imediato e por via
eletrónico, à inserção desse fato no respetivo registo informático e à comunicação dos dados
relevantes para efeitos de inscrição da criança nos serviços de SS e de saúde (art. 101º-B e
102º-A).
- Conceito de naturalidade
A indicação do nome deve ser feita pelo declarante, mas se este não o fizer, cabe tal
encargo ao funcionário que receber a declaração (art. 103º nº1). A escolha do nome
próprio e apelidos do filho menor pertence aos pais (art. 1875º nº2 CC), e na falta de
acordo entre os pais quanto à escolha do nome, prevê que seja o juiz a decidir, sempre em
harmonia com o interesse do filho. Esta indicação compete sempre ao conservador no
caso de registando abandonado (art. 108º).
As partículas de ligação (de, da, dos, e) não constam como unidades vocabulares e podem
ser aceites mesmo quando se não encontrem nos nomes dos pais.
O nome que consta do assento pode ser modificado, mediante autorização do conservador
dos Registos Centrais, concedida no processo especial privativo do registo civil designado por
processo de alteração do nome (art. 278º-282º)
Art. 1677º CC: os cônjuges têm o direito a conservarem os seus próprios apelidos, e a
acrescentar-lhes apelidos dos outros, até ao máximo de dois, faculdade esta última que não
pode ser exercida por quem conservar apelidos do cônjuge de anterior casamento.
Art. 104º: alteração de nome. Estas alterações são efetuadas por averbamento, a
requerimento do interessado que quando for apresentado verbalmente, deve ser reduzido a
auto. No entanto, o averbamento da alteração resultante da renúncia aos apelidos adotados
por virtude do casamento, e da perda do direito ao nome por parte do registado, é realizado
oficiosamente. Após isto devem ser comunicadas ao serviço de identificação.
Adoção plena (art. 1988º CC): o adotado perde os seus apelidos de origem, sendo o seu novo
nome constituído com as necessárias adaptações com apelidos do pai e mãe adotivos ou só de
um deles. A pedido do adotante, o tribunal pode excecionalmente modificar o nome próprio
do menor, se a modificação salvaguardar o seu interesse, nomeadamente o direito à
identidade pessoal, e favorecer a integração na família. Contudo, o adotado pode ser filho do
cônjuge do adotante, e aqui, conserva-se os apelidos do progenitor.
Art. 1º CRPredial: o seu objetivo é dar publicidade à situação jurídica dos prédios, tendo em
vista a segurança do comércio jurídico imobiliário. Esta publicidade visa garantir a verdade e a
legalidade da situação jurídica que dá a conhecer. Para o comércio jurídico imobiliário releva
muito mais a natureza do direito fiscal e das obrigações, do que a natureza do direito civil. Por
isso o conceito de prédio não equivale ao conceito de coisa imóvel, nem a distinção de prédio
rústico e urbano, ambos do CC [embora o CRPredial não tem nenhuma definição de prédio].
Prédio
Art. 204º CC: distingue prédios de águas, plantações e as próprias partes integrantes dos
prédios – coisa imóvel e um elenco de realidades que incluem outras coisas como os rios.
Art. 2º nº1 CIMI: “toda a fração de território, abrangendo as águas, plantações, edifícios e
construções de qualquer natureza nela incorporados ou assentes com carácter de
permanência, desde que faça parte do património de uma pessoa singular ou coletiva.”
DL nº 172/95, de 18/07 [Regulamento do Cadastro Predial}: “uma parte delimitada do
solo juridicamente autónoma, abrangendo as águas, plantações, edifícios e construções de
qualquer natureza nela existentes ou assentes com carácter de permanência e, bem assim,
cada fração autónoma no regime de propriedade horizontal (art. 1º nº1-b)).
Com o excerto destas três diferentes definições de prédio, entendemos que o conceito de
prédio não é sinónimo do conceito de coisa imóvel no CC [realidades distintas].
Para além disso, o art. 204º CC, faz ainda outra distinção, entre prédio rústico e prédio urbano.
Se não houver construção, ou se elas forem adstritas ao fim, o CC assume que são prédios
rústicos, uma vez que a construção não define o fim; se houver construção, já se considera
prédio urbano.
Art. 204º CC: “por prédio rústica uma parte delimitada do solo e as construções nela
existentes que não tenham autonomia económica, e por prédio urbano qualquer edifício
incorporado no solo, com os terrenos que lhe sirvam de logradouro.”
Art. 84º CRPredial: distinção entre prédio rústico, urbano e misto; contudo não apresenta
os critérios de diferenciação.
CIMI:
Art. 3º: prédios rústicos são os terrenos situados fora de um aglomerado urbano
que não sejam de classificar como terrenos para construção nos termos do art. 6º
nº3.
Art. 4º: “Prédios urbanos são todos aqueles que não devam ser classificados como
rústicos, sem prejuízo do disposto no artigo seguinte”.
Art. 5º (prédios mistos): “Sempre que um prédio tenha partes rústicas e urbana
será classificado, na integra, de acordo com a parte principal. Se nenhuma das
partes puder ser classificada como principal, o prédio será havido como misto”.
Art. 6º: este código distingue os prédios urbanos em 4 categorias – habitacionais,
comerciais, industriais ou para serviços, e terrenos para construção.
Os monumentos privados, conglomerados desportivos e outros tipos de prédios não dedicados
à exploração agrícola incluem-se certamente no âmbito dos prédios urbanos – isto demonstra
o defeito da classificação dos prédios em razão da sua natureza (que é o que o CIMI faz).
O conceito mais abrangente de prédios, adotados pela lei fiscal e predial, ou seja, a
classificação em rústicos, urbanos e mistos, também tem se demonstrado insuficiente. As
águas com autonomia económica, os monumentos ou os caminhos, sempre que inseridas no
âmbito do domínio privado, e consequentemente do comércio imobiliário, têm de ser
considerados prédios para efeitos da lei, contudo não se conseguem inserir na classificação de
rústicos, urbanos ou mistos, mesmo nos casos de prédios urbanos específicos do CIMI.
Com isto, e com a crescente dificuldade em se definir o que é prédio urbano, o CRPredial
demite-se de tentar, e o próprio CIMI não vai além da confissão implícita da ausência de
critério, e apenas diz que prédios urbanos “são todos aqueles que não devam ser classificados
como rústicos”, o que, honestamente, não esclarece nada.
Relativamente ao lote de terreno para construção, aos olhos da lei civil estamos perante um
prédio rústico (204º CC); contudo aos olhos da lei fiscal estamos perante um prédio urbano
(art. 2º CIMI); e ainda aos olhos da lei predial estamos mais uma vez perante um prédio
urbano. É de referir que foi o DL nº 46/673 que veio reconhecer a novidade do loteamento, e
que obrigou os terrenos para construção ao cumprimento de um certo número de requisitos
que lhes conferissem autonomia económica.
O conceito de logradouro não é objeto de definição nem na lei civil nem na legislação registal,
contudo a jurisprudência define o logradouro – jardins, piscinas, courts de ténis e outros
espaços de lazer anexos a prédios urbanos – como prédio urbano.
5) Princípio da especialidade
Tanto o prédio como os direitos que sobre ele possam existir, devem ser definidos no
registo de forma clara e específica, de maneira a afastar quaisquer dúvidas, quer sobre
a sua identificação precisa, quer sobre a extensão dos direitos e vinculações que sobre
ele incidam.
Os prédios devem ser descritos com o número suficiente de elementos
individualizadores, de forma que se possa identificá-lo sem dúvidas, e que os direitos
que recaem sobre ele, sejam caracterizados de maneira que também não haja dúvidas
sobre a sua verdadeira natureza e alcance.
Isto ocorre através da inclusão do ato de registo, da descrição daquela realidade. Ex:
assento de nascimento – coloca-se todas as indicações do art. 102º CRC, mesmo nos
casos de crianças abandonadas.
A sua indeterminação ofenderia o objetivo fundamental prosseguido pelo registo
(certeza jurídica).
Arts. 82º e ss: elementos que devem constar das descrições dos prédios.
Arts. 93º e ss: menções que devem constar das inscrições dos fatos sujeitos a registo.
CONSEQUÊNCIA: não é possível registar universalidades como cafés ou massa de bens
autónoma, pois não têm individualidade suficiente.
-------------------------------------------------EXEMPLO----------------------------------------------------------------
1. Abel regista em 1998 um prédio. Posteriormente, em 2006, Abel vende o prédio a Bernardo
esse mesmo prédio. E em 2018, Bernardo, por sua vez, constitui uma hipoteca, registando-a no
registo predial.
Hoje 2022, aparece outra pessoa, Daniel, que pretende registar a propriedade do prédio a seu
favor, apresentando um documento registado em 1990.
No dia 21 de setembro, foi feito um segundo registo incompatível com o primeiro, e como a
conservatória foi mais rápido, este registo foi convertido a definitivo no dia 25 de setembro.
RESPOSTA: É com base nestas situações, de registos incompatíveis entre si, que no princípio da
prioridade, o legislador estabelece como regra que o registo apresentado em primeiro lugar
prevalece sobre os seguintes (art. 6º). Assim, o registo feito no dia 19 de setembro, mesmo
apenas sendo convertido a definitivo no dia 29 de setembro, tem como data de registo, o da
apresentação do registo, ocorrida no dia 19/09.
2
Código do Notariado
imediatamente antes inscrito no registo e que o próximo titular só o poderá adquirir
do atualmente inscrito.
Art. 34º nº1: o registo de um encargo depende da prévia inscrição do prédio em nome
do sujeito que o onera.
Art. 34º nº2: o prédio deve estar previamente registo a favor de quem transmite –
aquisição de direitos.
EXCENÇÕES:
Art. 34º nº3: dispensa a inscrição no registo de aquisição com base em partilhas.
Este número permite que no caso das partilhas seja dispensado o registo aos
outros filhos que não ficarão com o prédio, e faz-se diretamente o registo para o
filho que ficará com prédio dizendo no processo que houve partilha.
Art. 35º: também é dispensada a inscrição nos casos de herança indivisa
EXEMPLO: Afonso, titular inscrito, vende a Bela, que regista, um prédio que se
encontra hipotecado. Afonso não paga e o credor instaura o correspondente
processo de execução: não obstante a inscrição de propriedade em nome de Bela,
pode ser registada definitivamente a penhora e a posterior aquisição no processo
de execução em nome do comprador porquanto se trata de fatos – penhora e
posterior venda – consequentes de outro inscrito anteriormente à aquisição de B –
a hipoteca.
Art. 34º nº4: no caso de existir sobre os bens, registo de aquisição ou reconhecimento
de direito suscetível de ser transmitido ou de mera posse, é necessária a intervenção
do respetivo titular para poder ser lavrada nova inscrição definitiva, salvo se o fato for
consequência de outro anteriormente inscrito.
O registo pedido com violação no trato sucessivo só pode ser efetuado como
provisório por dúvidas, e conforme reafirma a deliberação do Conselho Técnico da
Direção-Geral dos Registos e do Notariado.
- Efeitos do registo
A. Presunções derivadas do registo (art. 7º)
O registo definitivo constitui presunção de que o direito existe e pertence ao titular inscrito,
nos precisos termos em que o registo o define. Assim, quem tem o registo a seu favor, não
precisa provar que o direito lhe pertence, porquanto o ónus da prova cabe a quem pretende
sindicar o que consta do registo.
Estes fatos podem ser invocados entre as próprias partes ou seus herdeiros (art. 4º nº1). O nº2
apresenta-nos a exceção dos fatos constitutivos de hipoteca voluntária cuja eficácia, mesmo
entre as próprias partes, depende da realização do registo.
C. Oponibilidade a terceiros
Os fatos sujeitos a registo só produzem efeitos contra terceiros depois da data do respetivo
registo (art. 5º nº1), significa isto que são inoponíveis a terceiros enquanto não registados,
com exceção da aquisição fundada na usucapião, dos direitos referidos no art. 2º nº1-a) e das
servidões aparentes.
A falta de registo não pode ser oposta aos interessados por quem esteja obrigado a promovê-
la, nem pelos seus herdeiros (art. 5º nº3) – estes estão obrigados à promoção do registo e seus
herdeiros não podem ser considerados terceiros.
Seriamos tentados a dizer, que terceiros para efeito de registo predial seriam os titulares de
direitos incompatíveis provindos do mesmo autor ou transmitente, ou seja, seriamos adeptos
do conceito em sentido restrito.
---------------------------------------------------EXEMPLOS------------------------------------------------------------
1. Ana vende a Bruno a fração de um prédio em regime de propriedade horizontal e mais tarde
Ana vende a Carlos a mesma fração, sendo que Bruno não registou ao contrário de Carlos que
registou.
Após muita discussão, chegou-se a um entendimento, que está previso no art. 5º nº4 que
dispõe que terceiros para efeitos de registo predial, são aqueles que tenham adquirido de um
autor comum direitos incompatíveis entre si. Contudo este artigo não é aceite completamente,
uma vez que importa não confundir a noção de terceiro para efeitos de oponibilidade do
registo ou da falta dele com a noção mais ampla e usual de terceiro. Assim, este número devia
limitar-se a restringir o sue comando aos efeitos previstos no art. 3º nº1.
- Vícios do registo
1) Inexistência (art. 14º)
Art. 14º: o registo é juridicamente inexistente quando for insuprível a falta de assinatura do
registo. Este registo não produz quaisquer efeitos e a inexistência pode ser invocada por
qualquer pessoa, a todo o tempo, independentemente da declaração judicial (art.15º).
Art. 78º - SUPRIMENTO DA FALTA DE ASSINATURA:
Os registos que não foram assinados, devem ser conferidos pelos respetivos
documentos para se verificar se podiam ou não ser efetuados;
Se os documentos apresentados para o registo não estiverem arquivados e a prova
não poder ser obtida mediante acesso direto à informação constante das
competentes bases de dados, são pedidas certidões gratuitas aos respetivos serviços;
Se a prova não for suficiente, deve-se solicitar ao interessado a junção dos
documentos necessários no prazo de 30 dias.
Se se concluir que o registo podia ter sido efetuado, ele é assinado e é feta a anotação
do suprimento da irregularidade com menção da data, ou ao contrário, é consignado
que a falta é nuli e notificado do fato o respetivo titular para efeitos de impugnação.
Por sua vez, o art. 81º apresenta-nos as descrições subordinadas, que são o caso de prédios
constituídos em regime de propriedade horizontal ou de direito de habitação periódica. Neste
tipo de prédios, para além da descrição genérica, faz-se uma descrição distinta para cada
fração autónoma ou unidade de apartamento. Esta necessidade surge da existência de direitos
de propriedade sobre parcelas identificáveis de um prédio ou de direitos de habitação
periódica.
Art. 82º: menções gerais das descrições.
Art. 83º: menções das descrições subordinadas.
Art. 84º - concessões em bens do domínio público: as parcelas delimitadas de terreno devem
estar descritas com as necessárias adaptações e respeitando o disposto no art. 82º. Aqui deve-
se fazer apenas uma descrição na conservatória competente com os elementos de
individualização constantes do respetivo título.
Art. 87º: as descrições não são suscetíveis de cancelamento, mas devem ser inutilizadas
quando se verificarem as condições referidas nesta disposição e que no fim das contas têm a
ver com o fato de o prédio descrito ter deixado de existir em si mesmo ou ter deixado de
existir na forma descrita.
Art. 28º-A: a determinação de áreas não é exata, então o legislador estabeleceu tolerâncias
entre a área que consta das Finanças, e a área que consta do registo predial. Se existir
diferença, quanto à área entre a discrição e a inscrição matricial, ou tratando-se de prédio não
descrito entre o título e a inscrição matricial seja dispensada a harmonização se a diferença
não exceder em relação à área maior: a) 20% nos prédios rústicos não submetidos a cadastro
geométrico; b) 5% nos prédios rústicos com cadastro geométrico; c) 10% nos prédios urbanos
ou terrenos para construção.
Prédios omissos: tem-se em conta a inscrição matricial e o título, porque é o título que vai
servir de base ao registo. Contudo isto apenas serve para os prédios omissos, pois se o prédio
estiver descrito, o título não conta para nada, sendo irrelevante.
Art. 28º-C nº1: nos casos de divergência de área entre a descrição e o título, e se essa mesma
divergência estiver dentro dos limites expressos no 28º-A, e não utilizou a faculdade do 28º-B,
a atualização da descrição pode ser efetuada se o proprietário inscrito esclarecer que a
divergência provém de simples erro de mediação.
Nos casos em que a divergência ultrapassa os limites expressos no 28º-A, usa-se a faculdade
do nº2 do 28º-C, em que os prédios dentro do cadastro geométrico, o erro de medição é
comprovada com base na informação da inscrição matricial donde conste a retificação da área
e em declaração que confirme que a configuração geométrica do prédio não sofreu alteração;
por outro lado, os prédios sem cadastro geométrico, o erro é comprovado pela apresentação
dos seguintes documentos, podendo o proprietário escolher o procedimento de um alínea ou
de outra – alíneas alternativas.
Art. 28º-C-b) nº i): planta do prédio e prova de que o técnico está habilitado – termo
de responsabilidade do topografo e cópia da sua cédula profissional;
Art. 28º-C-b) nº ii): planta do prédio e declaração dos confinantes de que não ocorreu
alteração na configuração do prédio. Se algum dos confinantes se recusar a assinar, o
art. 28º-C nº3, estabelece que a falta de assinatura pode ser suprida pela notificação
judicial do confinante sem oposição no prazo de 15 dias. Se houver oposição isso fica
anotada na descrição predial e a área não se pode alterar.
Se estivermos perante um prédio que confina com cursos de água ou vias públicas, deverá ser
sempre a entidade gestora dessa via ou curso de água assinar.
Art. 59º-A: as alterações da situação dos prédios devem ser comprovadas por comunicação,
preferencialmente eletrónica e automática, da CM competente, oficiosamente ou a pedido do
serviço de registo.
IV. Inscrições
As inscrições visam definir a situação jurídica dos prédios mediante extrato dos fatos a eles
referentes, e só podem ser lavradas com referência a descrições genéricas ou subordinas (art.
91º). A inscrição de qualquer fato respeitante a várias descrições é lavrada na fica de cada uma
destas. O art. 99º apresenta o leque de casos em que é feita uma única inscrição.
Quando o título constitutivo do empreendimento turístico substitua o título constitutivo
da propriedade horizontal, é feita uma única inscrição que abranja os dois fatos.
REGISTOS PROVISÓRIOS
Art. 70 – REGISTO PROVISÓRIO POR DÚVIDA
Recebida uma apresentação de um pedido de registo, é constatada a existência de um
qualquer vício nesse pedido; o conservador vai tomar uma primeira constatação – ou se
considera o vício insanável e recusa de imediato (art. 69º), ou considera que o vício é suprível.
Nesta última opção, o conservador dá um prazo ao interessado/apresentante, para poder
suprir a deficiência encontrada de 5 dias, por força do art. 73º, se a deficiência não puder ser
suprida oficiosamente. Se, contudo, o conservador puder suprir a deficiência, o art. 70º
permite-lhe essa possibilidade – espécie de princípio do inquisitório.
Apenas se não for possível sanar as deficiências nos termos do art. 73º, é que o
conservador vai lavrar o registo provisório por dúvida. Isto significa que enquanto não for
sanado o vício, o registo não produz efeitos, com exceção de um deles – publicidade do registo
provisório. Ao extrairmos uma certidão de um prédio, irá surgir que a informação daquele
registo é provisório por dúvidas.
Art. 11º nº2 e 3: aquele registo irá perdurar durante o prazo de 6 meses. Findo esse prazo
se não forem supridas as deficiências, o registo caduca, ou seja, com a provisoriedade por
dúvidas, é concedido ao interessado um prazo maior para suprir aquelas deficiências.
Mesmo neste regime provisório, aplica-se o princípio da prioridade (Art. 6º nº3):
apresenta-se o pedido de registo a 10 de junho de 2022, e fica provisório por dúvidas, tendo o
prazo de 6 meses a contar daquela data. Nesses 6 meses existem imensos atos intercalados
que podem ocorrer e ser sujeitos a registo. Se o registo for convertido em definitivo, até 09 de
dezembro de 2022, o registo terá a data da apresentação (10/06/2022), e todos os registos
posteriores a este que forem incompatíveis com o mesmo serão excluídos.
ART. 92º - REGISTOS PROVISÓRIOS POR NATUREZA
Estes registos não tem qualquer vício, o que acontece é que a situação ou fato jurídico em
causa é uma situação transitório, situação que por ela própria não goza da tendencial
perpetuidade dos direitos reais.
Com base neste artigo, são nos apresentados um conjunto de situações que não estão
feitas para perdurar no tempo, como por exemplo, as ações judiciais ou o registo do arresto ou
do penhor. O legislador sabe que a situação há de ganhar definitividade, seja por conversão do
registo em definitivo, ou pela eliminação do registo. Este procedimento evita que as pessoas
andem a cancelar registos, ou seja, os direitos iriam ficar registados enquanto não se
lembrassem de cancelar
As alíneas b), c), d), g), i) e j) referem-se a registos que reportam situações de urgência
para publicidade do registo.
EXEMPLO: Andreia instaura uma ação a 02/10/2022 e regista essa mesma ação referente
ao prédio do réu. O réu a 10/10/2022 vende o prédio mesmo sabendo que existe uma ação a
circular. Contudo, sabendo que este registo era provisório, torna-se definitivo a 05/04/2025, e
o autor (Andreia) ganha a ação. O registo definitivo fica com a data inicial de 02/10/2022 por
força do art. 6º CRPredial e todos os atos posteriores incompatíveis com o mesmo são
anulados, ou seja, a vendo do prédio do réu a Cecília a 10/10/2022, também fica nulo. Assim, o
réu responde pela ação e a venda é anulada.
Art. 11 com remissão para o art. 92º nº3: prazos especiais (ex: registo de aquisição – 6
meses sendo renovável até 1 ano).
V. Averbamentos à inscrição
Art. 100º nº1: as inscrições podem ser completadas, atualizadas ou restringidas por
averbamento, tendo atenção que salvo disposição em contrário, o fato que amplie o objeto ou
os direitos e os ónus ou encargos, definidos na inscrição, apenas poderá ser registado
mediante nova inscrição (art. 100º nº2). Aqui os averbamentos às inscrições de fatos
respeitante a várias descrições são lavrados em cada uma das fichas respetivas (art. 100º nº4).
Art. 101º nº1 e 2: fatos registos por averbamento às respetivas inscrições;
Art. 100º nº3: os averbamentos referidos no nº1 podem ser feitos provisoriamente por
dúvidas ou por natureza.
Art. 101º nº4: a conversão em definitiva determina o correspondente averbamento oficioso de
alteração ou de cancelamento.
Art. 101º nº5: a inscrição de aquisição, em processo de execução ou de insolvência, de bens
penhorados ou apreendidos, determina o averbamento oficioso de cancelamento dos registos
dos direitos reais que caducam nos termos do art. 824º nº2 CC.
Art. 102: requisitos gerais dos averbamentos
Art. 103º nº 2 e 3: o averbamento de conversão em definitivo, deve conter apenas essa
menção, salvo se envolver alteração da inscrição, tal como acontece com o averbamento de
cancelamento.
- Procedimento de registo
Princípio da legalidade: competência do conservador para apreciar a viabilidade do
pedido de registo, em face das disposições legais aplicáveis, dos documentos apresentados e
dos registos anteriores, verificando especialmente a identidade do prédio, a legitimidade dos
interessados, a regularidade formal dos títulos e a validade dos atos neles contidos (art. 68º).
Assim, só podem ser registados os fatos constantes dos documentos que legalmente os
comprovem.
Art. 69º: leque de casos em que o registo deve ser recusado. O registo só pode ser
recusado se, por falta de elementos ou pela natureza do ato, não puder ser feito como
provisório por dúvidas. A falta de elementos terá de ser entendida como a falta de algum dos
requisitos julgados necessários e suficientes para que terceiros possam tomar conhecimento
das relações jurídicas nele contidas e que lhe podem ser opostas, como seria designadamente
a indeterminação dos sujeitos ou do objeto da relação jurídica. Relativamente à recusa com
fundamento na natureza do ato, acontece, normalmente, nos casos de averbamento que, a
menos que sejam subinscrições, não podem ser registados como provisórios por dúvidas. A
falta de legitimidade do requisitante não seria fundamento de recusa, mas apenas de
provisoriedade por dúvidas.
Arts. 294º e 295º CC: são nulos os atos e os negócios jurídicos celebrados contra
disposição legal de carácter imperativo; assim o pedido de registo de fato violador de
disposição de tal natureza teria também de ser objeto de recusa. Contudo, não será assim se
estivermos perante um ato ou negócio jurídico que apenas é anulável, caso em que dado que a
anulabilidade pode ser sanada por confirmação, deveria ser efetuado um registo provisório
por dúvidas. À luz do art. 92º, o registo deve ser pedido como provisório por natureza.
O despacho de recusa ou de provisoriedade por dúvidas, deve especificar os
fundamentos de fato e de direito que justificam a decisão, sob pena de nulidade.
O conservador não pode exigir prova ou entrar em linha de conta com fatos que
ultrapassam o dispositivo previsto no art. 68º.
A recusa de registo não impugnada, nunca transita em julgado.
Art. 69º nº3: no caso de recusa, anota-se na ficha o ato recusado, a seguir ao número,
data e hora da respetiva apresentação. Assim respeita-se o princípio da prioridade, garantindo
que o ato recusado conserve a prioridade correspondente à data da apresentação se, em sede
de recurso, for considerado que ele deve ser efetuado.
Art. 71º nº 2 e 3: a qualificação dos registos como provisórios por natureza é
notificada aos interessados nos dois dias seguintes, sendo a data da notificação anotada na
ficha.
Art. 72º: impede que qualquer ato sujeito a encargos de natureza fiscal seja
definitivamente registado sem que se mostrem pagos ou assegurados os direitos do fisco, mas
não está sujeita à apreciação do conservador ou do oficial do registo, a correção da liquidação
de encargos fiscais feita nos serviços de finanças. É assegurado o imposto de selo nas
transmissões gratuitas, como também é assegurado o pagamento dos direitos
correspondentes às transmissões operadas em inventário judicial.
Art. 73º: permite a correção de deficiência;
Art. 74º: é permitida a desistência depois de feita a apresentação e antes de efetuado
o registo. Se se tratar de fatos sujeitos a registo obrigatório, é apenas possível a desistência
quando existe deficiência que motive recusa ou for apresentado documento comprovativo da
extinção do fato. A desistência pode ser requerida verbalmente, sendo necessário assinar o
comprovativo do pedido, ou por escrito. A desistência do registo acarreta a perda de
prioridade correspondente à data da respetiva apresentação – um novo pedido de registo
relativamente ao mesmo fato terá prioridade.
Art. 75º: os registos são efetuados no prazo de 10 dias e pela ordem de anotação no
diário, salvo exceções previstas na lei. Relativamente, a cada ficha, os registos são efetuados
pela ordem temporal daas apresentações no diário e fica excluída a subordinação à ordem de
anotação no diário, a feitura dos registos a que deve ser aplicado a faculdade de suprimento
de deficiência nos termos do art. 73º. Se estivermos perante um caso de urgência, o registo
deve ser efetuado no prazo máximo de um dia útil, sem subordinação à ordem de anotação no
diário, mas sem prejuízo da ordem a respeitar em cada ficha. Nestes casos, é competente o
conservador, sem prejuízo da competência atribuída pelo art. 75º-A aos oficiais de registo para
atos de registo aí previstos, bem como para aqueles em relação aos quais o conservador lhes
possa delegar essa competência.
- Retificação do registo
Arts. 120-132º-C: os registos inexatos e os indevidamente lavrados devem ser
retificados, por iniciativa do conservador logo que tome conhecimento da irregularidade ou a
pedido de qualquer interessado ainda que não inscrito. Os registos indevidamente lavrados
que enfermem de nulidade nos termos do art. 16º-b) e d), por terem sido lavrados com base
em títulos insuficientes para a prova legal do fato registado ou por terem sido efetuados por
serviço de registo incompetente ou assinados por pessoa sem competência podem ser
cancelados com o consentimento dos interessados ou em execução de decisão tomada no
processo de retificação (art. 121º nº2).
Art. 121º nº5: os registos que foram lançados em ficha distinta daquela em que
deveriam ter sido lavrados, são oficiosamente transcritos na ficha que lhes corresponda,
anotando-se ao registo errado a sua inutilização e a indicação da ficha em que foi transcrito.
Também os registos afetados por deficiências não expressamente enquadráveis nas
irregularidades típicas do registo, devem ser retificadas, aplicando-se o processo previsto nos
arts. 120º e ss.
A iniciativa do processo cabe ao conservador, logo que este tome conhecimento da
irregularidade, ou a pedido de qualquer interessado, ainda que não inscrito.
Art. 121º nº3 e 4: a retificação do registo é feito por averbamento, contudo os registos
nulos por violação do princípio do trato sucessivo são retificados pela feitura do registo em
falta se ainda não tiver sido registada ação de declaração de nulidade.
Art. 122: a retificação do registo não prejudica os direitos adquiridos a título oneroso
por terceiros de boa-fé, se o registo dos fatos correspondentes for anterior ao registo da
retificação ou da pendência do respetivo processo.
Art. 123º: o pedido de retificação deve especificar os fundamentos e a identidade dos
interessados, e deve ser acompanhada dos meios de prova necessários e do pagamento dos
emolumentos devidos. A falta de pagamento de preparo é considerada uma causa de rejeição
do pedido sem prejuízo do disposto no art. 121º nº9.
Se a retificação tiver sido requerida por todos os interessados, é retificado o registo
sem necessidade de outra qualquer formalidade quando se considere em face dos
documentos apresentados (art. 124º). O art. 125º refere que, mesmo quando isto não
acontece, existem casos de dispensa de consentimento dos restantes interessados não
requerentes; aqui a retificação que não seja suscetível de prejudicar direitos dos titulares
inscritos é efetuada, para além de estabelecer uma presunção de que da retificação não
resulta prejuízo para a herança, se tal for declarado pelo respetivo cabeça-de-casal.
Art. 126º nº1 e 2: fora estes casos, o processo de retificação prossegue com o
averbamento ao respetivo registo da pendência da retificação, com referência à anotação no
diário do pedido ou do auto de verificação da inexatidão, não prejudicando este averbamento
o decurso do prazo de caducidade a que o registo retificando esteja sujeito. O averbamento é
oficiosamente cancelado mediante decisão definitiva.
Art. 127º: quando o pedido se prefigurar como manifestamente improcedente, o
conservador deve indeferi-lo liminarmente, por despacho fundamentado de que notifica o
requerente. A decisão pode ser impugnada nos termos do art. 131º, contudo o conservador
face aos fundamentos alegados no recurso, pode reparar a sua decisão de indeferir
liminarmente o pedido, mediante despacho fundamentado que ordene o prosseguimento do
processo.
Art. 129º: os interessados são notificados no prazo de 10 dias para impugnarem os
fundamentos do recurso. Se os interessados forem incertos, deve-se notificar o MP, e são
feitas nos termos gerais da lei processual civil. As notificações editais são feitas pela simples
afixação de editais pelo prazo de 30 dias, no serviço de registo da situação do prédio, na sede
da junta de freguesia da situação do prédio.
Art. 130º: recebida a oposição ou decorrido o respetivo prazo, o conservador procede
às diligências necessárias de produção de prova. A prova testemunhal tem lugar mediante a
apresentação das testemunhas pela parte que as tiver indicado, em número não superior a
três. A perícia é requisitada pelo conservador ou realizada por perito a nomear (art. 467º CPC).
O conservador pode em qualquer caso, proceder às diligências e produção de prova que
considerar necessárias.
Art. 131º: a decisão sobre o pedido de retificação pode ser impugnada mediante
interposição de recurso hierárquico. A interposição faz precludir o seu direito à interposição de
recurso hierárquico e equivale à desistência deste quando por si já interposto. Determina
também a suspensão do processo de recurso hierárquico anteriormente interposto por
qualquer outro interessado até ao trânsito em julgado da decisão que ponha termo àquela
impugnação. Tem legitimidade para recorrer qualquer interessado e o MP, têm efeito
suspensivo e devem ser interposto no prazo de 10 dias, por meio de requerimento onde são
expostos os respetivos fundamentos.
Apresentada a impugnação, são notificados os interessados, no prazo de 10 dias, para
impugnarem os seus fundamentos. Se não houver lugar a qualquer notificação ou findo o
prazo referido, o processo é remetido à entidade competente (art. 131º-A).
Art. 131º-B: a decisão proferida é notificada aos recorrentes e demais interessados e
comunicada ao serviço de registo. Se o recurso tiver sido julgado improcedente, o interessado
pode ainda impugnar judicialmente a decisão sobre o pedido de retificação; qualquer outro
interessado na parte que lhe for desfavorável, pode impugnar judicialmente decisão nele
proferida.
Art. 131º-C: a impugnação judicial é proposta mediante apresentação do
requerimento no serviço de registo competente, no prazo de 10 dias a contar da data da
notificação da decisão, devendo o processo ser remetido ao tribunal no prazo de dois dias,
instruído com o processo de recurso hierárquico.
Art. 132º: o juiz que tenha intervindo no processo donde conste o ato cujo registo está
em causa, fica impedido de julgar a impugnação judicial.
Art. 132º-A: pode interpor recurso para o tribunal da Relação, os interessados, o
conservador e o MP. O recurso, que tem efeito suspensivo, deve ser interposto no prazo de 30
dias; podendo sempre que seja admissível recurso, recurso para o STJ.
Art. 132º-B: após trânsito em julgado da sentença ou do acórdão proferido, o tribunal
devolve à conservatória o processo de retificação.
Registo comercial
Objeto (art. 1º nº1 CRCom.) – dar publicidade à situação jurídica dos comerciantes
individuais, das sociedades comerciais, das sociedades civis sob forma comercial e dos
estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada, tendo em vista a segurança do
comércio jurídico. Por força do art. 1º nº2 CRCom, o registo comercial abrange também as
cooperativas, as empresas públicas [organizações empresariais constituídas sob a forma de
sociedade de responsabilidade limitada – art. 1º nº5 DL nº 133/2013, de 03/10], os
agrupamentos complementares de empresas e os agrupamentos europeus de interesse
económico bem como outras pessoas singulares e coletivas a ele legalmente sujeitas. Exclui-se
assim do registo comercial as instituições particulares de solidariedade social.
As associações na hora não estão sujeitas a registo comercial, mas a sua constituição é
tramitada nas conservatórias do registo comercial por força da Lei nº 40/2007, de 24/08, que
criou um regime especial de constituição imediata de associações com personalidade jurídica.
Este regime não é aplicável aos partidos políticos, às pessoas coletivas religiosas, às
associações socioprofissionais de militares e de agentes das forças de segurança (…)
Para se aplicar este regime, deve-se optar por uma denominação constituída por expressão de
fantasia previamente criada e reservada a favor do Estado; e optar por estatutos de modelo
aprovado por deliberação do conselho diretivo do IRN, desde que o mesmo se adeque ao fim
da associação que se pretende constituir.
Formalidade do registo
O art. 57º determina que a cada entidade sujeita a registo seja destinada uma pasta,
guardada na conservatória situada no conselho da respetiva sede, onde são arquivados todos
os documentos respeitantes aos atos submetidos a registo, podendo ser determinado por
despacho o arquivo dos documentos em suporte eletrónico em substituição do arquivo
previsto nas pastas.
Os documentos arquivados em suporte eletrónico, tem força probatória igual à dos originais
(art. 57º nº3).
Os documentos que servem de base ao registo lavrado por transcrição são obrigatoriamente
arquivados, agora em suporte eletrónico (art. 59º). No registo por depósito, os documentos
são arquivados na sede da sociedade (art. 242º-E nº3 CSC); e a empresa deve facultar o acesso
a esses documentos a qualquer pessoa que demonstre ter um interesse aceitável na sua
consulta, no prazo de 5 dias a contar da solicitação (nº4).
Os registos podem ser efetuados por transcrição ou por depósito (art. 53º-A).
O registo por transcrição consiste em o conservador extrair do título o fato sujeito a
registo, e inscreve-o. Já o registo por depósito consiste no mero arquivamento de documentos
que titulam fatos sujeitos a registo. Contudo, chamar “registo” ao mero arquivamento de
documentos, sem qualificação pelo conservador, representa um manifesto abuso da
linguagem jurídico registal.
A competência para realizar os registos por depósito é diferente da competência para
realizar registos por transcrição, como explica o art. 55º. Os funcionários têm competência
para os registos por depósito, ou seja, qualquer funcionário pode registar registos por
depósito; contudo só o conservador ou algum substituto pode realizar registos por transcrição.
Isto acontece porque nos registos por depósito não existem nenhuma apreciação crítica do
documento, apenas um “mero arquivamento” no ficheiro de uma empresa ou sociedade.
Os registos por depósito não estão sujeitos ao princípio da legalidade previsto no art.
47º. O conservador vai verificar se o registo é viável em face das disposições legais aplicadas,
dos documentos apresentados e dos registos anteriores, especialmente a legitimidade das
pessoas; assim este princípio só se aplica aos registos por transcrição, e é por causa disso que
só o conservador pode registar este tipo de registo.
A data do registo por transcrição é a da apresentação, ou se desta não depender, a
data em que tiver lugar, a data do registo por depósito é a do respetivo pedido, mas a data do
pedido do registo da prestação de contas é a do respetivo pagamento por via eletrónica. Os
atos de registo por transcrição são efetuados em suporte informático sendo as inscrições e
averbamentos lavrados por extrato, decorrendo deles a matrícula (art. 58º).
Só o registo por transcrição definitivo constitui presunção de que existe situação
jurídica, nos precisos termos em que é definida, estando sujeita a despacho de qualificação
(art. 47º), enquanto a promoção do registo por depósito é da responsabilidade da sociedade
ou outra entidade em causa e não beneficia de presunção de verdade legal (art. 11º CSC).
O prazo de feitura do registo por transcrição é de 10 dias pela ordem de anotação ou
da sua dependência, ou até apenas de um dia útil se for requerida urgência, a menção na ficha
do registo por depósito é efetuado no próprio dia em que foi pedido.
Ao registo por transcrição não se aplicam os princípios do trato sucessivo nem o
princípio da prioridade, pois o art. 12º (com remissão para o art. 242º-C) apenas prevê a sua
aplicação aos fatos relativos às mesmas quotas ou partes sociais, sujeitos apenas a registo por
depósito. O art. 31º CRCom. apresentava o princípio do trato sucessivo, revogado em 2008.
Esta revogação levou que nascesse uma controvérsia: há quem defenda que face à revogação
deste artigo, o princípio do trato sucessivo não se aplica aos fatos sujeitos a registo comercial.
No Código das Sociedades Comerciais, é o art. 242º-D que apresenta este princípio que
continua a ter aplicação plena nesse código, contudo só se aplica aos registos por transcrição,
não aos de depósito.
Existe uma exceção pela positiva. O registo de constituição da sociedade, presente no
art. 13º CRCom. com remissão para o art. 5º CSC, é um registo constitutivo, ou seja, só a partir
dele, do registo dele, é que a sociedade adquire a personalidade jurídica e o contrato é eficaz
entre as partes.
São provisórios por dúvidas as inscrições de fatos sujeitos a registo cujo pedido se não
mostre instruído com todos os documentos legalmente exigíveis, falta essa que todavia não
constitua fundamento para um despacho de recusa do registo por não ser subsumível a
qualquer dos casos para tanto legalmente previstos; ou seja, os registos podem ser lavrados
provisórios por dúvidas quando exista alguma deficiência no procedimento do registo que não
possa ser suprida nos termos do art. 52º (remissão para o art. 49º), não existindo registo
provisório por natureza no registo comercial. São provisórios por dúvidas as inscrições de fatos
sujeitos a registo.
O registo comercial é obrigatório para os fatos previstos no art. 15º, em que o prazo
normal é de 60 dias (2 meses).
Vícios do registo
A nulidade carece de ser declarada judicialmente, e alguns registos nulos, não todos,
podem ser retificados e é a lei que determina aqueles que podem ser retificados.
Por força do art. 294º e 295º CC, são nulos os atos jurídicos praticados contra
disposição legal de carácter imperativo, salvo nos casos em que outra solução resulte da lei.
A nulidade do título, embora não prevista, implica, a nulidade do registo. A nulidade do
registo só pode ser invocada depois de declarada por decisão judicial com trânsito em julgado
(art. 22º nº3), sem prejuízo de ser invocável a todo o tempo e de poder ser declarada
oficiosamente pelo tribunal (art. 286º CC).
Os registos nulos só podem retificados nos casos previstos na lei, como dito
anteriormente, e se ainda não tiver sido registada a ação de declaração de nulidade, o
processo especial de retificação é objeto dos arts. 81º e ss.
Os registos embora nulos produzem todos os seus efeitos, como se fossem válidos,
enquanto não transitar em julgado a decisão que os declare nulos, sem prejuízo do seu efeito
retroativo (art. 289º nº1 CC).
A declaração de nulidade não prejudica os direitos adquiridos a título onerosos por
terceiro de boa-fé, se o registo dos correspondentes fatos for anterior ao registo da ação de
nulidade (nº4).