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Apontamentos de Direito dos Registos e Notariado - 1ª

Direito Dos Registos E Notariado (Instituto Politécnico de Leiria)

A Studocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


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Direito dos Registos e Notariado

19 de Setembro de 2019

A compilação da Porto Editora é a melhor para se comprar. Ir ao moodle ver as leis.

Registos

 Registo Predial
 Registo Comercial
 Registo Civil
 Registo automóvel

Objetivo do registo:

O registo faz uma presunção legal de veracidade

Faz prova de um direito que eu tenho

Introdução

1 - Razões de surgimento do registo:

O registo surgiu para atingir 3 objetivos:

1. Guardar:
O registo vai guardar todos os factos jurídicos as quais a lei atribui relevância jurídica

2. Provar:
Além de o registo guardar a informação, ele também prova determinadas situações jurídicas.

3. Publicitar:
Que esses factos pudessem ser invocados perante terceiros. Qualquer pessoa para além do
titular do direito tenha acesso à informação.

2 – noção de registo:
Existem 2 tipos de registo:
1. Registos meramente admnistrativos
2. Registos de segurança jurídica

Registos meramente admnistrativos:

Registo que decorrem do normal funcionamento de uma instituição

Ex: registo da entrada de um requerimento nos serviços académicos

Estes registos não interessam nesta UC

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Registos de segurança jurídica:

São os registos que vão conter factos que a lei determina que tenham relevância jurídica. São registos
que é a própria lei vai definir quais são e são registos que contém em sim situações relevantes. Este tipo
de registo que vai dizer quais são as situações especiais. É neste tipo de registo que engloba os 4
registos, a saber, predial, comercial, civil e automóvel.

Vamos ter registo em 3 tipos de acessões:

1. Registo enquanto local:


Conservatória de Registo

2. Registo enquanto ato


É o ato de dar entrada de um registo. Ex: eu vou à conservatória de Registo predial dar a entrada
de um registo

3. Registo enquanto suporte documental


É o objetivo final, ou seja, ter uma certidão de registo

3 – objeto do registo (que atos temos de registar?):


Interessam para o registo todos os factos que têm relevância jurídica. A questão é que factos são esses?
Vigora aqui o princípio da tipicidade. Os factos sujeitos a registo, independemente do tipo de registo,
têm de estar definidos na lei. Cada um dos tipos de registo diz quais são os factos sujeitos a registo.

Vamos ter dois tipos de registo:


1. Registos constitutivos
2. Registos declarativos

Registo constitutivo:

São a exceção. Para um registo ser constitutivo é necessário que a lei diga que assim seja. Este registo vai
criar a situação jurídica. Sem o registo essa situação jurídica não existe.

Ex: hipoteca – a hipoteca para existir tem de ser registada (art 4º nº2 Cód. Reg. Pred)

Ex: as sociedades adquirem personalidades jurídica a partir do momento do se registo, por isso, também
um registo de uma sociedade é um registo constitutivo.

Registo declarativo:

É a regra geral do sistema. Ele não cria uma situação jurídica limita-se a enunciar um determinado facto
jurídico. Ele vai dizer que existe um determinado facto jurídico. Mas esse facto jurídico não nasceu com o
registo. O registo apenas vai dar publicidade.

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Ex: Eu se vou à conservatória registar um prédio que comprei. Eu tenho de levar um título que prove que
efetivamente comprei (uma escritura, por exemplo). A conservatória não vai alterar nada, ela apenas vai
dar publicidade de que a casa mudou de titular (do ex-proprietário para mim).

1. Registo pessoais
2. Registos reais

Registos pessoais:

São registos que contém em si situações jurídicas que digam respeito a pessoais. O registo civil e o
registo comercial são os registos pessoais.

 O registo civil diz respeito a situações jurídicas relevantes que digam respeito às pessoas
sigulares (registo de casamento, nascimento, dissolução de casamento, óbito, ...)
 O registo comercial diz respeito a situações jurídicas relevantes que digam respeito às pessoas
coletivas (o objeto social, sócios, transmissão de quotas, aumento/diminuição de capital,
mudanças de sede, ...)

Registos reais:

São registos que contém em si situações jurídicas que digam respeito a imóveis. O registo predial e o
registo de veículos são os registos reais.

O registo de veículos comporta os registo automóvel, o registo de aeronaves e o registo de navios.

4 – valor probatório dos registos:

O registo faz uma presunção legal de veracidade. Quem tem o registo a seu favor não precisa de provar
que é titular de um direito porque o registo já faz essa prova. O próprio registo tem fé pública. Nós
vamos acreditar que o registo está correto. Se o registo estiver incorreto temos de fazer as alterações
necessárias para ficar correto.

A fé pública tem uma dupla presunção:

1. Registo é exato
2. Registo é integral

Registo exato: não há dúvidas que o registo está conforme a realidade

Registo integral: não precisamos de presumir que existe mais além do que o registo diz.

23 de Setembro de 2019

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Direito dos Registos e Notariado

Antes de entrarmos no registo predial, tenho de saber umas distinções:

Conservatória Notário/Cartório Solicitador/Advogado


Públicos Privados Privados
Registos Escrituras Públicas Documentos Particulares
Autenticados (DPA’s)
Quer as escrituras públicas do Outros atos: reconhecimentos Outros atos: reconhecimentos
Notário como os DPA’s dos de assintaura, termos de de assinatura, termos de
Solicitadores/Advogados têm de autenticação, certificações, ... autenticação, certificações, ...
ser registados na Conservatória

Título: qualquer tipo de suporte documental que uma pessoa tem de ter. Ex: Escritura Pública, DPA,
certidões judiciais, ...

Conservatória Finanças
Nº da descrição Artigo matricial
Certidão de Registo Caderneta Predial/IMI (enquanto não há
caderneta predial)
Os prédios estão descritos na conservatória Os prédios estão inscritos nas finanças
A Certidão de Registo identifica o prédio + A Caderneta Predial serve para identificar o
Direitos + encargos + ónus prédio para efeitos fiscais
Para dar entrada de um registo na conservatória é
necessária a caderneta predial das finanças

Registo Predial:

1- Função e objeto do Registo Predial (art 1º Cód. Reg. Pred.):


Função:
 Dar publicidade à situação jurídica dos prédios
 Para darmos publicidade a alguma determinada coisa temos de criar o registo público
(remeter o art 1º “publicidade” para o art 104º Cód. Reg. Pred.)

Objeto:

 O registo predial vai debruçar-se sobre a situação jurídica dos prédios


 Registo Real (direitos, encargos, ónus, ... dos prédios)

1.1- Noção de prédio:


Para o registo predial, quando se fala de prédios é equivalente a estar a falar em imóveis.

1.2-Natureza dos prédios:


a) Prédios Rústicos (art 3º código IMI)

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b) Prédios Urbanos
c) Prédios Mistos:
i) Artigo rústico
ii) Artigo urbano 2 cadernetas e 1 descrição

2- Factos sujeitos a Registo Predial:


 Todos os factos que vigoram no art 2º e 3º do cód. Reg. Pred estão sujeitos a registo.
Vigora, portanto, o princípio da tipicidade.
 Art 2º cód. Reg. Pred.:
a) Restrições ao direito de propriedade (alínea v)):
i) Ónus de não fracionamento
ii) Ónus de inabilidade

2000m2 1600m2 400m2

Minha casa (novo nº


descrição e novo
artigo matricial)

Casa dos meus pais


Destaque

Terreno dos meus pais

Eu quero construir uma casa no terreno dos meus pais. A casa que eu lá construir seria dos meus pais
pois estou a construir no terreno deles. Então, eu vou à Câmara Municipal e peço um destaque. O
destaque vai autonomizar a parte do terreno que me interessa e consequentemente a minha casa.
Porém, se eu fizer um destaque num prédio urbano/rústico eu não posso fazer um próximo destaque no
prazo de 10 anos (ónus do fracionamento).

 Art 2º z) cód. Reg. Pred. – extinção de hipoteca, por exemplo.


 Art 3º cód. Reg. Pred – ações judiciais sujeitas a registo:
 Art 92º nº1 a) Cód. Reg. Pred.
 Art 53º Cód. Reg. Pred – art 31º Cód. Reg. pred – art 44º nº2 Cód. Reg. pred.

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Art 3º nº1 alínea a) ≠ Artigo 3º alínea b)


Põe em causa o conteúdo do registo Elas estão a pôr em causa a existência daquele
registo. Depois da sentença transitar em julgado
também registamos a sentença (alínea c)).

26 de Setembro de 2019

3- Organização e competência do Registo Predial:


Organização:
Conservatórias de registo predial (há pelo menos 1 conservatória por concelho).

Competência:
Não há competência territorial nas conservatórias.
Os arts 19º, 20º e 21º Cód. Reg. Pred Estão revogados por isso não há competência territorial.

3.1- suportes físicos do registo:


Art 22º Cód. Reg. Pred
 Diário:
O diário tem todos os pedidos de registo por ordem cronológica que entraram na
conservatória num determinado dia.
É documento interno da conservatória

 Fichas de registo (art 22º):


Ex: certidão permanente

As fichas de registo vão estar organizadas de que forma? Art 23º


Os prédios vão ser identificados pela descrição (ver prédio 1)
É necessário constar a freguesia + nº de descrição + letra da fração (se for uma PH)

3.2- Verbetes:
Imagina que não tens o nº da descrição e queremos saber se ele já está registado na
conservatória. Se isso acontecer como é que o vou procurar? (existem 2 formas):
Os verbetes servem para se fazer buscas/pesquisas. Só utilizo os verbetes se não souber o nº da
descrição predial:
a) Verbetes pessoais
b) Verbetes reais

Verbete pessoal (24º nº3):


A conservatória tem um índicie com o nome das pessoas com a respetiva descrição que cada
pessoa tem. No entanto, só o próprio é que tem acesso a este verbete pessoal. Os terceiros
não podem ir à conservatória perguntar que bens tem outra pessoa. Nem o solicitador pode
lançar mão a este verbete.

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Verbete real (24º nº2):


Consegue-se fazer a busca com o artigo matricial das finanças.
Os verbetes também são internos da conservatória

4- Atos de registo (art 76º):

O registo é composto pela:

 Descrição predial
 Inscrições
 Averbamentos
 Anotações

Descrição predial:

Toda a caracterização do prédio

Inscrições:

Situação jurídica do prédio

Averbamentos:

Se eu vou averbar alguma coisa eu vou adicionar/atualizar/completar ou a descrição ou a


inscrição.

Anotações:

Podemos ter anotações quer à descrição quer à inscrição. As anotações são determinadas
circunstâncias que o legislador entende que devem ficar mencionadas no registo.

4.1- descrição predial:

Noção (art 79º)

Menções gerais da descrição (art 82º):

O nº de ordem de cada freguesia é o nº de descrição

Do lado esquerdo da certidão está mencionada a conservatória que o imóvel pretence

O nº da polícia é o nº da porta. Se houver confrontações é porque não há nº da polícia. Se houver nº da


polícia é porque não há confrontações.

Além da descrição genérica vou ter a descrição subordinada (que é a letra) – art 81º

Menção das descrições subordinadas – art 83º

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4.2- averbamento à descrição (art 88º)

Art 38º: averbamentos às descrições (legitimidade e representação do processo de registo)

Art 90º : atualização oficiosa da descrição – é o próprio conservador que tem o impulso para a atualizar

4.2.1- casos específicos de anexação e desanexação à descrição:

 anexação e desanexação:

No caso de uma anexação o objetivo é juntar 2 imóveis e dar origem a uma única área total. Esta junção
fica sempre registada na descrição.

Nos casos de desanexação, temos como exemplo os destaques, e com esta ação há a criação de uma
descrição autónoma.

Arts 82º nº3 – tanto a anexação como a desanexação deve ficar mencionada na descrição

 Alterações toponímicas (33º):


Havendo uma alteração de nº de rua, nº de polícia, ..., as câmaras municipais devem comunicar
aos serviços de registos (conservatória da sua zona).

 Harmonização entre o registo e a matriz (art 28º):


Na conservatória do registo predial temos o nº de descrição. Nas finanças temos o artigo
matricial. Para darmos entrada de um registo de um imóvel numa conservatória é preciso levar
a caderneta das finanças.
O art 28º nº1 e 2 vem identificar 2 tipo de prédios
Nº1 – Cadastro geométrico
Nº2 – prédios sem cadastro geométrico
Dependendo do concelho que o prédio se insira haja mais ou menos necessidade de elementos
a harmonizar.
Nos prédios sujeitos a cadastro é necessário estar igual a área, o artigo e localização.
Nos prédios não sujeitos a cadastros apenas tem de estar igual a área e o artigo

Art 28º-A:
Se for o prédio rústico sujeito a cadastro a margem é de 5%
Se for um prédio rústico não seja sujeito a cadastro a margem é de 20%
Se for um prédio urbano a margem é de 20%

Ex: descrição rústica sem cadastro com uma área 1.500m2. E temos a matriz rústica sem
cadastro com 1.400m2. É exigida a harmonização?
R: 1500*20%= 300m2 (margem máxima de diferença permitida)
1500-1400=100 (a diferença)
Como a diferença é só de 100m2 eu posso fazer o registo e a escritura deste imóvel.

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Ex: descrição rústica com cadastro de 1500m2 e a matriz rústica com cadastro de 1400m2. Está
obrigada a harmonização?
R: 1500*5%=75 m2 (margem máxima de diferença permitida)
1500-1400=100m2 (a diferença)
Como a diferença é superior à margem máxima é necessário harmonizar

Ex: descrição urbana com 1500m2 e a matriz urbana é de 1400m2. É exigida harmonização?
R: 1500*10%=150m2 (a margem máxima de diferença permitida)
1500-1400= 100 (a diferença)
Como a margem máxima de diferença permitida é superior à diferença é permitido fazer o
registo e escritura (harmonizar).

28º-B: caso haja a diferença dentro das margens permitidas por lei, podem ou não colocar a
área igual (harmonizar).

28º - B nº3: só podemos definir a área uma única vez.


28º - B nº4: o recurso a esta faculdade fica mencionada na descrição da certidão.
28º- C: está escrito no artigo, ler.
Art 28º- C nº2 – quando se excede as percentagens
Art 28º-C nº2 a): É necessário que o comprovativo da reclamação cadastral que é entregue nas
finanças + a declaração no proprietário em como não houve alterações na configuração do
prédio
Art 28º nº2 b): primeiro faz-se um levantamento topográfico + declaração do titular de que não
ocorreu alteração na configuração do prédio. Ou, o próprio proprietário dá a planta do prédio +
os vizinhos dizem que o proprietário não alterou qualquer na configuração do prédio.
Na prática, o conservador quer um levantamento e uma declaração dos vizinhos a dizer que o
proprietário não alterou qualquer configuração do prédio (ou seja, as duas opções do art 28º-C
nº2 b)).

Descrição predial vs artigo matricial:


Art 28º: necessidade de harmonização entre descrição e matriz de finanças
 Prédios com cadastro:
 Localização
 Área
 Artigo matricial
 Prédios sem cadastro:
 Área
 Artigo matricial

Dispensa de harmonização – se a diferença de áreas estiver dentro dos limites do art 28º-A (se a
diferença estiver dentro dos limites não impede nem registos, nem escrituras).

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 Pode o proprietário fazer a atualização da área quando há diferença entre descrição e


matriz desde que a diferença esteja DENTRO das percentagens: art 28º-B – área de
descrição é atualizado – se o proprietário declarar que a área correta é a da matriz – esta
obrigação só pode ser usada 1 vez
 Pode o proprietário atualizar a área quando há diferença de áreas entre a descrição e o
título (ex: escrituras), desde que a diferença esteja dentro da percentagem: art 28º-C nº1
– a área da descrição é atualizada – se proprietário declarar que a divergência provém se
simples erro de medição.
 Atualização de área quando há divergência fora das margens permitidos
Art 28º-C nº2 – prédios com cadastro – reclamação cadastral + declaração do
proprietário em como a configuração do prédio não sofreu alterações
- prédios sem cadastro: levantamento topográfico assinado por técnico + declaração do
proprietário em como não houve alteração na configuração do prédio
Ou
- planta do prédio (feita pelo proprietário) + declaração dos confinantes em como náo
houve alteração da configuração do prédio

4.3- inscrições:
Situação jurídica do prédio – direitos, ónus e encargos.
A sua noção está no art 91º

A inscrição pode ficar:


 Inscrição definitiva
 Inscrição recusada (69º)
 Inscrição provisória por natureza (92º)
 Inscrição provisória por dúvidas (70º)

4.3.1- inscrições provisórias por natureza:

Quando acontece?

As inscrições provisórias por naturezas estão tipificadas na lei, nomeadamente no art 92º, logo são
taxativas.

Porque é que as inscrições têm de ficar provisórias por natureza?

O próprio ato jurídico em si tem caraterísticas que não permitem realizar logo o registo definitivo.

Prazos de validade das inscrições provisórias por natureza:

Art 11º: os registos caducam por força da lei ou por decurso do prazo de negócio.

Os registos provisórios caducam se não forem convertidos em registos definitivos ou se não forem
renovados no prazo de negócio (nº2 do art 11º).

Regra geral: 6 meses

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Exceção: art 92º nº3 e ss

30 de setembro de 2019

4.3.2- inscrições provisórias por dúvidas:

O conservador vai dar a possibilidade de tentar sanar a deficiência, manda o registo para suprimentos
(70º e 73º)

Primeiro o conservador vai mandar o registo para suprimentos (70º e 73º).

O art 70º diz que primeiro temos de fazer os suprimentos do 73º.

1º forma de suprimento: suprimento oficioso – iniciativa do serviço (73º nº1).

Se o nº1 não acontecer passamos para o nº2 do 73º.

2º forma de suprimento: o serviço de registo comunica ao interessado e vai dar o prazo de 5 dias para o
interessado suprir as deficiências. O que pode acontecer ao fim dos 5 dias? OU é ultrapassada a
deficiência e desse modo o registo fica definitivo. OU então não ultrapassada a deficiência o registo
ficará provisório por dúvidas.

Quando o registo fica provisório por dúvidas e então ele vai ficar um período de tempo a aguardar que o
interessado regule a situação.
O prazo de caducidade é de 6 meses (art 11º nº1 e 3). Nos termos do 71º o prazo é contado a partir da
notificação da provisoriedade.
Nos termos do 71º nº3 a data da notificação fica anotada no registo.
Ex: prédio 17. Não há exceções ao prazo de caducidade.
Os registo provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos (11º nº2).
Portanto, não há outros prazos nem há renovações, são 6 meses. Se ao fim de 6 meses se não forem
removidas as dúvidas o registo caduca.
Art 6º nº3 – removidas as dúvidas é como se o registo tivesse sido bem feito desde o início (ver prédio
17).

4.3.3- conteúdo das inscrições:


Todas as inscrições comecem com a palavra “A.P.”, ou seja, número da apresentação do registo seguido
da data (art 77º nº1).
No art 93º diz o que deve constar da inscrição.
No art 95º diz os requisitos especiais
No art 96º consta os requisitos especiais da inscrição de hipoteca

4.4- averbamentos à inscrição


Vão servir para atualizar/completar a descrição (art 100º)
Aqui os averbamentos vão se iniciar sempre por “AVERB”

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O nº2 do art 100º diz a grande restrição do averbamento


O averbamento vai sempre alterar/completar um facto passado.
7 de Outubro de 2019

4.5- anotações

 À descrição (art 90º-A Cód. Reg. Pred.)


 À inscrição (ex: art 71º nº3 Cód. Reg. Pred.)

5- Efeitos do registo:
 Presunções derivadas do registo (art 7º Cód. Reg. Pred.)
 O direito existe, e,
 Pertence ao titular inscrito

 Eficácia entre as partes (art 4º Cód. Reg. Pred.):


 Nº1: regra geral
 Nº2: exceção – hipoteca (aqui o registo é constitutivo).

 Oponibilidade perante terceiros (art 5º Cód. Reg. Pred.)

5.1- cessação dos efeitos do registo:

 Transferência dos efeitos do registo:


Ex: compra e venda – todos os efeitos do antigo titular transferem-se para o novo titular.

 Os efeitos podem extinguir-se de duas formas:


 Caducidade (art 11º Cód. Reg. Pred.):
 Por força da lei:
Registos provisórios:
 Caducam se não forem convertidos em definitivo, ou,
 Caducam se não forem renovados dentro do prazo de vigência –
aqui apenas é renovado o prazo dos registos provisório que a lei
considere possível a renovação (ex: alguns registos provisórios por
natureza) e não tem renovação de prazo do registo provisório por
dúvidas

 Decurso do prazo do negócio

 Cancelamento (art 13º Cód. Reg. Pred.)

6- Príncipios do Registo Predial:


6.1.Príncipio da tipicidade (art 2º e 3º):
As ações/factos sujeitos a registos são aqueles que estão previstos na lei (art 2º e 3º)

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6.2.Príncipio da publicidade (art 1º e 104º):


A finalidade do registo é a publicidade de ações/factos sujeitos a registo

6.3.Príncipio da prioridade (art 6º):


Prevalece o registo que for registado em primeiro em lugar. No caso dos registos provisórios que são
convertidos a definitivo, os efeitos retroagem à data do registo provisório.

6.4.Príncipio da presunção da verdade registral (art 7º):


Há uma presunção de que o direito existe e que pretence ao titular do inscrito.

6.5.Príncipio da especialidade:
O registo está estruturado de forma clara e específica por forma a garantir a segurança jurídica e não
deixar dúvidas.

6.6.Príncipio da legalidade (art 68º):


Tudo o que está escrito neste art nos prazos do art 75º nº1.
Art 69º: recusa do registo
Art 66º: recusa da apresentação: quando estou para dar entrada do meu pedido de registo (nem sequer
aceitem que o registo entre na conservatória).
Art 71º: Sempre que haja despacho de recusa, o interessado deve ser notificado
Art 72º: obrigações fiscais

10 de outubro de 2019
6.7 Princípio da Instância (art 41º)
O pedido de registo tem de ser efetuado por quem tem competência. Não é a conservatória que os faz
só porque sim. A conservatória só faz os registos que lhe pedirem salvo os casos que o próprio código
prevê que haja oficiosidade.
Regra: o registo tem que acontecer por iniciativa do interessado
Exceção: registos oficiosos

6.7.1. Formas do pedido de registo (art 41º - B)

6.7.2. elementos da requisição do registo (art 42º)

6.7.3 legitimidade do pedido de registo (art 36º):


Regra geral:
 Sujeitos ativos
 Sujeitos passivos
 Todas a pessoas que tenha interesse no registo
 Todas as pessoas que estejam obrigadas à sua promoção (art 8º - B)
 Mandatário com procuração para o ato – art 39º

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 Solicitadores, notário, advogado (nestes casos não precisamos de uma procuração


escrita, temos uma procuração implícita) – art 39º

Exceção: art 38º -- averbamento à descrição

Caso especial: art 37º

6.7.4. entidades obrigadas a promover o registo (art 8º- B + 36º in fine):

Que entidades ou pessoas são estas que o legislador vai obrigar a promover o registo?

1º Entidades mencionadas no nº3 estão obrigadas a promover o registo dos factos do nº3

2º Entidades que celebrem EP (notários), entidades que autentiquem documentos particular


(solicitadores/advogados), entidades que reconhecem as assinaturas (advogados/solicitadores/notários)
e o sujeito ativo

6.7.5. factos e ações de registo obrigatório:

Existem registos obrigatórios (8º-A) e registos facultativos (nº1 a) do art 8º-A)

Art 8º-A nº1 a) ii): ex: o A morre e deixa 3 herdeiros. Da herança consta um imóvel porém ele ainda não
foi partilhado (herança indivisa). O imóvel irá ficar registado em nome dos herdeiros com a denominação
“em comum e sem determinação de parte ao direito”.

Art 8º-A nº1 a) iv): A hipoteca é de registo facultativo (art 8º-A nº1 a) iv)) mas se eu não registar a
hipoteca não produz efeitos (4º nº2), portanto, face a esta contradição, o registo de constituição de
hipoteca é de obrigatoridade indireta, pois sem o registo a hipoteca não produz efeitos!

Art 8º-A nº2: Por norma as providências cautelares são registadas no início do processo. Nos termos do
nº2 deste art, a partir do momento que a ação principal já esteja registada não é precisa de registar a
providência cautelar

6.7.6. prazo para a promoção do registo:

Regra geral: art 8º-C nº1 – 2 meses a contar da data da titulação do facto. Se eu tiver de registar uma
compra tenho de contar o prazo desde da data da escritura

Exceção: art 8º-C nº2, 3 e 4 – são exceções de prazos específicos/especiais relacionados com as ações
judiciais

6.7.7. consequências para a falta de cumprimento do prazo (8º-D):

Pagamento do emolumento em dobro

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6.8. Príncipio da legitimação dos direitos (art 9º)

Regra: art 9º nº1: para se poder transmitir (ex: vender) ou onerar (ex: hipoteca) um imóvel é necessário
que o titular do direito tenho o registo definitivamente a seu favor. Vale como prova desse registo uma
certidão de registo predial.

Exceções:

 Art 9º nº2 – aplicadas a todo o território nacional


 Art 9º nº3 – aplicadas apenas em concelhos onde não vigorou o Registo Predial Obrigatório (há
uma folha no moodle com esta informação). Para aplicar este nº3 é necessário:
 Prédios situados em concelhos onde NÃO vigorou o Registo Predial Obrigatório +
 Primeiro ato de transmissão ocorrido após 1 de Outubro de 1984
Pode haver a realização da transmissão sem que o titular ter a inscrição no
registo predial, se preencher 1 de 2 condições:
Quem se arroga o direito exibir documento comprovativo do seu direito,
ou,
Se não tiver documento fez, em simultâneo escritura de justificação (se
eu vou fazer uma escritura de justificação significa que eu não tenho
nada que prove que eu sou titular de determinado bem)

EX: o A quer hoje vender ao B. O A não tem registo. O A adquiriu este imóvel, sito em Leiria, em
inventário em 1970. Hoje, o A quer vender ao B. O A precisava de ter o bem em seu nome (regra geral,
nº1 do 9º). Por isso temos de ir para a exceção do art 9º nº3, pois o bem é sito em Leiria e Leiria não
consta na lista onde vigorou Registo Predial Obrigatório e também porque o último acto foi feito em
1970 (antes de 1 de Outubro de 1984). O A vai ter de levar a certidão do processo de inventário.

6.9. Príncipio do trato sucessivo (art 34º):

No príncipio da legitimidade dos direitos pergunta se o ato pode ser praticado. O notário na EP é que
tem de ter a preocupação de ver se a pessoa que está a assinar pode fazê-lo.

O príncipio do trato sucessivo pergunta se o ato pode ser registado, e quem se deve preocupar com isto
deve ser o conservador

O príncipio do trato sucessivo diz-nos que o registo definitivo de aquisição de direitos ou constituição de
encargos só pode ter lugar se os prédios em causa estiverem inscritos definitivamente em nome de
quem os transmitiu ou onerou.

Ex: O A vendeu ao B hoje. O B vendeu ao C hoje. O C constitui uma hipoteca hoje.

O A pode vender ao B. O B também pode vender a C sem registo porque se enquadra na exceção do art
9º n2 b) ... falta o resto do exemplo

Perguntas (pedir inicio)

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1.2. pode C registar a hipoteca sem previamente estar registada a aquisição de B a A?

2- A vende a B. Pode B registar a sua aquisição?

3- A, em perigo de vida, vende um prédio a B sem ter o registo prévio do imóvel a seu favor. No mesmo
dia B vende o referido prédio a C.

6.7.Podia A ter vendido a B o referido prédio?


6.8.Podia B vender a C?
6.9.C pretende registar definitivamente a seu favor o imóvel. Pode fazê-lo?
7. A faleceu. Deixou 3 herdeiros. A tinha um prédio registado em seu nome.
7.1.Podem os herdeiros realizar a partilha sem ter o prédio inscrito em seu favor em comum e sem
determinação de parte ou direito?
7.2.Podem os herdeiros realizar o registo da partilha sem ter o prédio registado a seu favor?

14 de outubro de 2019

Respostas:

PEDIR INICIO

3-

3.1- é permitida segunda a exceção do art 9º nº2 c).

3.2- podia porque é no mesmo dia (uma das exceções ao princípio da legitimação dos direitos)

3.3- para o C poder regustar definitivamente a seu favor era necessário que fosse feito os registos
anteriores, ou seja, que fosse realizado o trato sucessivo, nos termos do 34º nº2.

4-

4.1- sim, nos termos do art 9º nº2 a)

4.2- nos termos do art 34º nº3 + 8º-A nº1 (trato sucessivo) – é um registo facultativo, logo, não podia ser
obrigado a sua existência para posteriormente ser passado para os herdeiros

7- Processo do Registo Predial:

Síntese (esquema) sobre o processo de registo

Art 58º Cód. Reg. Civil – corre a ação: agente de execução

Já não corre a ação: tribunal

O cancelamento de uma hipoteca chama-se de distrate

8- Impugnação das decisões do Conservador

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8.1- Processo de Impugnação:


Síntese (esquema) sobre a impugnação das decisões do Conservador
Art 141º nº3: Quem optar desde logo pela impugnação judicial no fim não pode ir para o recurso
hierárquico. Porém o contrário pode acontecer.
Porque vamos apresentar na mesma conservatória onde foi anteriormente recusado o meu pedido? Art
142º-A – o conservador tem 10 dias para ler os fundamentos e depois ou mantém ou altera a sua
posição.

8.2- Efeitos da Impugnação:


 Anotação da impugnação na ficha do prédio (148º nº1)
 A impugnação suspende o prazo de caducidade do registo provisório, que é de 6 meses (148º
nº3)
 Impugnação com decisão favorável ao requerente, o conservador vai lavrar/realizar o registo que
recusou ou converter o registo provisório

9- Meios de prova do registo:


Podemos ter meios de prova:
 Prédio descrito:

Temos nº de descrição e a prova é feita por certidão do registo (110º).


O prazo da certidão é de 6 meses.
A certidão pode ser disponibilizada em suporte eletrónico ou em papel (110º nº3 e nº4).
As certidões podem ser pedidas verbalmente ou por escrito (111º nº1).
Podem ser pedidos em qualquer Conservatória de Registo Predial (110º-A nº1).
O pedido de certidão tem de ter os elementos do art 111º nº4.
As certidões são emitidas imediatamente após o pagamento (113º nº1).
Regra geral: a certidão contém os registos em vigor (art 112º nº1 a) 1ª parte)
Excecionalmente: posso pedir todo o histórico do prédio (112º nº1 a) in fine)

 Prédio não descrito:


Este prédio está omisso na Conservatória.
Não tem nº da descrição porque para todos os efeitos ele não existe na Conservatória

17 de Outubro de 2019
9 Meios de prova (continuação):
 Prédios não descritos – está omisso na Conservatória (não tem nº de descrição). Isto acontece
porque o prédio não está registado. Isto é comum com os prédios mais antigos.

Como é que sabemos se o prédio está ou não está registado? Através de uma certidão negativa,
logo os prédios omissos têm uma certidão negativa (44º nº3). A certidão negativa tem o prazo
de 3 meses. O pedido da certidão negativa pode fazer-se em suporte eletrónico ou suporte em
papel.

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Nós vamos pedir à conservatória, dando os dados do prédio (artigo matricial, confrontação, etc)
e a conservatória vai fazer buscas para ver se encontra este imóvel com estas características. O
pedido de registo pode ser entregue em qualquer serviço de registo mas tem de ser enviado
para o serviço da área do prédio (art 110º-A).
São emitidas no prazo de 1 dia útil.
Os elementos do pedido da certidão negativa constam no art 111º nº5
A certidão negativa não confere titular para registar nada. Ela apenas contesta que esse prédio
não está registado. Com esta certidão podemos fazer outras coisas mas não é suficiente para
registar.

10-Vícios do registo (ordenados por grau de gravidade):


a) Inexistência:
A causa está no art 14º
O regime da inexistência está previsto no art 15º

b) Nulidade:
O registo é nulo se se enquadrar em alguma das causas do art 16º
O regime da nulidade encontra-se no art 17º (só depois da sentença judicial é que o registo
vai ser considerado nulo)

c) Registo inexato:
É um registo que não está feito como deve ser.
As causas deste registo estão no art 18º:
 Lavrado em desconformidade com o título que lhe serviu de base:
Quando a conservadora fez o registo ela não o faz com os dados lavrados em
escritura. Ex: na EP diz que duas pessoas estavam casadas em regime geral de bens e
no registo a conservadora escreveu que estavam casados em regime de comunhão
de adquiridos.

 Quando tiver deficiências provenientes do título:


O título estava mal e o registo foi feito com os elementos que estavam na EP e por
isso o registo fica mal feito. Ex: uma Sra chama-se Maria Marcelino e na EP estava
escrito Maria Marcelina e portanto no registo também ficou escrito Maria
Marcelina. O registo assim como a EP estão mal feitas

O regime do registo inexato consta no art 18º nº2

11-Retificação do registo:
11.1- Retificação do registo (120º e ss):
O objetivo é corrigir os erros de registo que provenha, nos termos do art 121º nº1, de registos
inexatos e de registos indevidamente lavrados.
Os registos devem ser retificados através:

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 Iniciativa do Conservador, ou
 Iniciativa do interessado

11.2- Suprimentos:

Eu vou pretender suprimir, ou seja, ultrapassar alguma coisa.

Os meios de suprimentos destinam-se a ultrapassar a falta de algo/completar o que estiver em falta.

Existem 3 situações em que se utiliza os meios de suprimento, que são elas:

A. Justificação relativa ao trato sucessivo (116º):


 Justificação para estabelecimento do trato sucessivo (art 116º nº1)
 Justificação para reatamento de trato sucessivo (art 116º nº2)
 Justificação para estabelecimento de novo trato sucessivo (art 116º nº3)

B. Justificação para cancelamento de ónus ou encargos (118º)


C. Suprimento de em caso de registo provisório por natureza de penhora (119º)

A. Justificação relativa do trato sucessivo (116º):


Vai ter como objetivo obter o título em falta para a seguir registar. O obtenção desse título faz-se
através de:
 Escritura de justificação notarial
 Processo de justificação na própria Conservatória de Registo Predial

 Justificação para estabelecimento do trato sucessivo (art 116º nº1) :


Temos de estar perante um prédio omisso, através de certidão negativa, e vamos
dizer que aquele imóvel veio à nossa posse mas não temos documento para
comprovar por isso justificamos por usucapião. Portanto, a nossa aquisição vai ser
considerada como uma aquisição originária.

 Justificação para reatamento de trato sucessivo (art 116º nº2) :


Se vamos reatar significa que vamos voltar a cumprir o trato sucessivo. Estamos
perante um prédio descrito. Portanto, a nossa aquisição será considerada como
aquisição derivada. Pretende-se reconstituir todo o registo desde o titular inscrito
até ao justificante.

 Justificação para estabelecimento de novo trato sucessivo (art 116º nº3):


Temos um prédio descrito, o registante vai justificar com base de usucapião. E como
vamos justificar através de usucapião esta aquisição vai ser considerada como
aquisição originária.

B. Justificação para cancelamento de ónus ou encargos (art 118º):

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Ex de cancelamento de ónus ou encargos: Vai se tentar obter uma a falta de autorização para
cancelar uma hipoteca.

C. Suprimento de em caso de registo provisório por natureza de penhora (119º):


Nesta situação temos em caso de penhora, arresto ou declaração de insolvência que incide
sobre bens registados a favor de pessoa diferente do executado ou insolvente, este registo vai
ficar provisório por natureza (92º nº2 a)). A seguir, tem de haver a citação do titular inscrito para
em 10 dias dizer uma de duas coisas:
 Vai dizer que o prédio lhe pertence, ou,:
Os interessados são remetidos para os meios processuais (art 119º nº4)

 Que o prédio não lhe pertence ou nada diz:


Neste caso, o registo provisório converte a registo definitivo (art 119º nº3).

11.3- Reconstituição do Registo (133º e ss):


Quando é que vai haver a reconstituição do registo (2 hipóteses):
 Extravio
 Inutilização dos suportes documentais

Se estamos a reconstuir significa que vamos fazer de novo. Portanto, vamos reconstituir um registo
através:

 Reprodução:
Consiste na feitura do registo através dos artigos existentes

 Reelaboração (se não for possível ir ao artigos existentes) – art 135º:


Consiste na feitura do registo com base nos respetivos documentos existentes

 Reforma (caso não consiga aceder ao registo nem aos documentos anteriores) – 137º:
Consiste na feitura do registo após o processo judicial. O processo de reforma é um processo
judicial da competência do conservador.

12- Responsabilidade civil e criminal (153º):


Quem registar um ato falso ou inexato pode ser crime como também pode responder aos danos
que vier a causar.

AQUI TERMINA A MATÉRIA DO REGISTO PREDIAL

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21 de Outubro de 2019
Registo Automóvel
Título III – Registo de Bens Automóvel:
 Veículos
 Aeronaves
 Navios

1.1. Legislação aplicável:


Portaria 178-A/2005 – Certificado de matrícula
DL 54/75 – Código de Registo Automóvel (CRA)
DL 55/75 – Regulamento do Registo Automóvel (RRA)
Portaria 99/2008 – Automóvel on-line

2. Direito Subsidiário (art 29º CRA):


Registo Predial (também é real)

3. Função e Objeto do Registo Automóvel:


Função:
Dar publicidade à situação jurídica dos veículos e seus reboques (art 1º nº1 do CRA)
 Dos veículos a motor
 Tendo em vista à segurança do comércio jurídico

Objeto:
Os veículos a motor e seus reboques sujeitos a matrícula.
Art 2º CRA:
(automóveis, motociclos, ciclomotores) – art 2º nº1 CRA
 Ligeiros, pesados, passageiros, mercadorias – estamos perante um registo real

4. Factos e ações sujeitas a registo automóvel (5º e 6º CRA):


Art 5º CRA – factos sujeitos a registo
Art 6º CRA – ações sujeitas a registo

Princípio da tipicidade – só os que estão mencionados é que estão sujeitos a registo


Factos (5º):
 Direito de propriedade e de usufruto
 Reserva de propriedade
 Locação financeira
 Penhora

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 Extinção ou modificação do direito anteriormente registado


Art 5º CRA – Revogado
Nem todos os factos do art 5º e 6º são obrigatórios de registo

5. Factos sujeitos a registo obrigatório:


Art 5º nº2 CRA
Art 5º nº3 – dispensado

5.1. Prazo para apresentação do registo:


Regra geral – art 42º do RRA: 60 dias a contar da data do facto
Colocamos a data no requerimento do registo automóvel nomeadamente no ponto 7.

Situações especiais previstas no art 42º nº2 do mesmo regulamento:


60 dias a contar da data de atribuição de matrícula
Art 42º nº3 RRA – 60 dias a partir da data da partilha

5.2. Documentos necessários de registo:


a) Requerimento de registo automóvel – 11º RRA
Quadro – traz-se no certificado de matrícula (5º ponto)

b) Assinaturas (ponto 8 do requerimento): o requerente ou devedor têm que assinar este


documento na presença de notário, advogado ou solicitador – é uma formalidade legal e o
advogado, solicitador ou notário tem que referir que assistiu à assinatura (art 12º nº1 RRA) –
regra geral – reconhecimento das assinaturas não é necessário)
 Art 12º nº1 RRA – Regra geral – reconhecimento das assinaturas não é necessário
 Art 12º nº2 RRA – vai ser necessário reconhecimento das assinaturas – pessoa coletiva,
(associação, sociedade) a pessoa que está a assinar o documento está a assinar na qualidade
de ....

Campo 8º do requerimento:

Também no caso de pedido de 2ª via de DUA (documento único automóvel) é necessário o


reconhecimento de assinatura independentemente de ser pessoa singular ou coletiva

c) Necessidade de juntar documentos (arts 24º a 29º RRA):


Art 24º documentos necessários para o registo inicial de propriedade para o veículo
Art 28º RRA – documento para a extinção de algum registo

d) O próprio certificado de matrícula existente setor inicial não se pode apresentar uma coisa que
não existe
 Art 4º nº2 e 3 DL 178-A – certificado de matrícula

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6. Publicidade e meios e prova:


Quando o interessado pode dirigir-se à Conservatória do Registo Automóvel e pedir informações
(53º RRA). Art 57º Preparo, 550º
7. Atos de registo:
Art 7º CRA:
 Inscrição definitiva – quando o registo é efetuado de acordo com o requerimento
 Inscrição provisório por natureza – art 7º nº2
 Inscrição provisória por dúvidas – inexistente (CRA – RRA): art 30º nº5 – quando o IMTT
cancelar a matrícula deve comunicação – CRA – novo
Se houver uma matrícula cancelada todos os pedidos de registo posteriores são nulos

24 de Outubro de 2019
8. Certificado de matrícula:
A cada veículo corresponde um certificado de matrícula (9º nº1 CRA) e deve ter todos os registos em
vigor (10º), remissão para DL 170º-A/2005.
(apartir de agora todos os arts são do DL 170ºA/2005)
8.1. Quando há lugar à emissão do 1º certificado matrícula?
É quando se faz o registo inicial que vai dar origem ao primeiro certificado de matrícula (4º nº4).

8.2. Quando há lugar à emissão de um novo certificado de matrícula?


a) em caso de extravio ou destruição (5º)
b) quando há qualquer alteração ao certificado de matrícula existente (4º nº2)
c) quando o certificado de matrícula existente está em mau estado conservação (4º nº4)
d) sempre que o interessado requeira (4º nº7)

9. Organização do registo automóvel:


9.1. competência territorial (2º-A nº1, 2 e 3 CRA):
Não existe competência territorial no que respeita à Conservatória de Registo Automóvel.

9.2. Processo de Registo:


Síntese do moodle
No registo automóvel não existe provisoriedade por dúvidas

10. Impugnação das decisões do Conservador (52º RRA):


Duas hipóteses:
 Impugnação Hierárquica
 Impugnação Contenciosa

Estas impugnações não estão reguladas no Registo automóvel, portanto, nos termos do 29º do CRA,
recorremos aos arts 140º e ss Cód. Reg. Pred.

Aqui termina a matéria da 1ª frequência!

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Casos práticos Registo Predial e Automóvel 2019/2020:


1.
A) v (art 4º nº2 ex: hipoteca)
B) f (a noção que aqui está é a do princípio da legitimidade)
C) v (portaria 99/2008 art 7º)
D) f (é de 30 dias nos termos do art 29º CRA e 141º nº1 Cód. Reg. Pred.)
E) f (é um registo real)
F) v (art 68º)
G) f (cada prédio com uma descrição segundo o art 79º nº2)
H) f (esta é a noção do princípio da prioridade do registo – art 6º)
I) v (arts 116º e ss)
J) v
K) f (apenas estão sujeitos a registo obrigatório os que estão mencionados no nº2)
L) v (art 71º nº1)
M) f (só têm descrição subordinada os prédios em regime de PH, nos termos do art 81º nº1)
N) f (os solicitadores são obrigados a arquivar os respetivos originais no seu escritório – art 4º
Portaria 99/2008 – automóvel online)
O) f (porque nos prédios mistos há pelo menos 2 artigos matriciais, isto é, um artigo rústico e outro
urbano)
P) v (28º nº1 e 2)
Q) f (esta é a noção de inscrição, presente no art 91º)
R) f (pode haver provisoriedade por dúvidas e natureza nos termos dos arts 92º e 70º)
S) f (abrange situações de aquisição derivada com base nos proprietários anteriores – 116º nº2)
T) v (art 92º)
U) v (art 52º RRA)
V) v (art 53º RRA)
W) v (art 28º-A c))’
X) f (esta é a noção de descrição – art 79º)
Y) f (art 100º)
Z) f (60 dias – art 42º nº1 RRA)
AA) f (prazo de 1 dia útil – art 113º nº2)
BB) F (art 92º)
CC) F (a hipoteca ainda que não registada nem entre as partes tem eficácia – art 4º nº2)
DD)F (a hipoteca é de registo facultativo se bem que se não for registada não produz efeitos – art 5º
nº1 c) CRA)
EE)V (art 9º nº1 CRA)
FF) V (art 8º-A – exceções)
GG)V (art 7º nº2 CRA)
HH)F (são 60 dias a contar da data da atribuição de matrícula – art 42º nº2 RRA)
II) F (art 7º)
JJ) V (em Alcobaça não vigorou o registo predial obrigatório e a exceção do art 9º nº3 pode ser
aplicada)
KK) F (é a inexistência (14º), a nulidade (16º) e a inexatidão (18º)).

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2. Estas perguntas são de resposta direta, não precisamos de referir o art.


2.1. 2729, fração B, da Freguesia das Caldas da Rainha – Nossa Senhora do Pópulo
2.2. A matriz é o nº 3011 da freguesia Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregorio e a área total é de
660m2
2.3.Constituição de PH (AP 3 de 1976/02/23), aquisição (AP 422 de 2017/10/10) e hipoteca voluntária
(AP 423 de 2017/10/10)
2.4.Deverá ser efetuado um averbamento à descrição. A descrição contém a identificação física,
económica e fiscal do prédio (art 79º) e qualquer alteração a essa descrição deverá ocorrer por
averbamento nos termos 88º. Nos termos do 33º deveria ocorrer uma comunicação oficiosa entre as
Câmaras Municipais às Conservatórias. Se esta comunicação não ocorrer, o interessado deve juntar
uma certidão Camarária (art 43º) e ainda deve ser junto a Caderneta Predial (art 31º) com validade
máxima de 1 ano.
2.5.Temos de ver na inscrição da aquisição da fração autónoma. O sujeito ativo é do direito de
propriedade, ou seja, a Débora e o Vítor, princípio da legitimação dos direitos (art 9º nº1). Não é o
banco que dá o imóvel de hipoteca.
2.6.Qualquer conservatória uma vez que não existe competência territorial.
2.7.Esta hipoteca é um facto sujeito a registo (art 2º nº1 h)). Nos termos do art 8º-A nº1 a) iv verificamos
que a hipoteca é de registo facultativo, no entanto o registo de hipoteca é constitutivo, ou seja, sem
o registo a hipoteca não produz efeitos nem entre as partes, por isso existe uma obrigatoriedade
indireta no seu registo (art 4º nº2).
2.8.É necessário fazer uma nova inscrição, porque apesar de em termos gerais ser admissível
averbamentos à descrição por forma destes serem atualizadas no nosso caso tal não poderia
acontecer em virtude de ser uma ampliação do ónus e é proíbido nos termos do art 100º nº2
2.9.O cancelamento da hipoteca é feito pelo distrate. O distrate é uma declaração emitida pelo credor
na qual consta o seu consentimento para o referido cancelamento e cujo as assinaturas têm de estar
reconhecidas presencialmente (art 56º nº1 e 2).
2.10. O art 43º exige que eu apresente documento que prove o que eu pretendo registar. Como não
tenho esse documento, eu posso suprimir a falta do mesmo nos termos do art 118º. Através deste
meio de suprimir vamos tentar o documento em falta/o título necessário para se fazer o pedido de
registo de cancelamento. O art 118º remete-nos para o processo da justificação. O interessado, nos
termos do 117º-B tem de fazer um requerimento apresentado em qualquer conservatória de registo
predial. Nesse requerimento o interessado vai apresentar os fundamentos, apresentar as 3
testemunhas, apresentar os documentos e pagar os emolumentos. Posto isto o conservador vai
analisar este requerimento e aceita-lo ou não. O objetivo deste requerimento é obter o título em
falta.

3.
3.1.Princípio da presunção da verdade registal – o direito existe e pertence ao titular inscrito. Logo quem
tem o registo a seu favor (Luís) não tem de fazer prova do seu direito. Trata-se de uma presunção
lidível mediante prova em contrário e por isso compete ao Bruno fazer essa prova.
3.2.A ação do art 3º está sujeita a registo, pois ele pretende a modificação do direito de propriedade. É
um facto sujeito a registo obrigatório (art 8º-A nº1 b)). A inscrição da ação vai ficar provisória por
natureza (art 92º nº1 a)).

4.

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4.1.Não, é um registo em comum sem determinação de parte ou direito (art 8º-A nº1 iii)) e por isso é de
registo facultativo.
4.2.Art 41º: princípio da instância. Segundo o art 37º nº1 diz que qualquer herdeiro pode fazer pedido
de registo

5.
5.1.Princípio da tipicidade (art 2º e 3º). No presente caso estamos perante uma doação e nos termos do
art 2º nº1 a) a doação está sujeita a registo. Segundo o art 8º-A nº1 a) é de registo obrigatório.
5.2.Princípio da instância (41º). Nos termos do 36º diz quem tem legitimidade. O art 36º por sua vez
remete para o art 8º-B. O art 8º-B nº5 diz que a obrigação do registo cessa quando o registo seja
feito independentemente de quem o faça.
5.3.O prazo é de 2 meses a contar de 10/05/2017 (art 8º-C nº1)
5.4.Está em causa o princípio da legitimação dos direitos previstos no art 9º. De acordo com a regra geral
prevista no art 9º nº1, para que Pedro possa vender, é necessário que tenha o prédio
definitavamente registado a seu favor. Esta prova de titularidade é feita com base numa certidão de
registo predial, do qual conste a propriedade de Pedro (110º nº1).
5.5.No nosso caso não sabemos, se Pedro à data de 01/09 teria ou não o prédio a seu favor. Assim caso
Pedro já tenha o referido registo cumpre o estipulado no art 9º nº1 e poderia vender à Mariana.
Caso Pedro não tenha o referido registo então não poderá efetuar a referida venda enquanto não
realizar o registo prévio, no entanto caso estejamos perante uma situação de perigo de vida pode
haver a referida transmissão para Mariana excecionalmente fundamentada pelo art 9º nº2 c).
5.6.Nesta situação a penhora vai ficar provisória por natureza nos termos do art 92º nº2 a). Sendo o
titular inscrito diferente do executado deve ser utilizado o suprimento previsto no art 119º, assim o
titular inscrito, no nosso caso Luís, vai ser citado para vir declarar no prazo de 10 dias se o imóvel é
ou não seu. No nosso caso Luís deverá declarar que o prédio não é seu uma vez que já foi realizada a
escritura de doação a favor de Pedro, assim sendo, o conservador vai converter em definitivo o
registo provisório da penhora nos termos do art 119º nº1 e 3. Caso Luís diga o contrário estará a
prestar falsas declarações podendo incorrer em responsabilidade civil e criminal nos termos do art
153º.

6.
6.1.Quem pode vender o automóvel é o Daniel Marques de Oliveira pois ele é o proprietário.
6.2.Está feita no enunciado.
6.3.Desde logo é necessário o impresso do requerimento de registo automóvel (11º RRA), depois é
necessário o certificado de matrícula existente (art 4º nº2 DL 178-A/2005), mais, tratando-se de
pessoa singular a vender e/ou a comprar não é necessário reconhecimento das assinaturas ,as se o
comprador for uma pessoa coletiva já é exigido o respetivo reconhecimento, nos termos do art 12º
RRA e ainda é necessários emolumentos nos termos do art 57º RRA.
6.4.Em qualquer uma (art 2º-A CRA). Não há competência territorial.
6.5.Sim, nos termos do art 4º nº2 DL 178-A/2005, uma vez que se irão alterar os elementos constantes
no certificado existente.
6.6.Estamos perante o princípio da tipicidade, nos termos do qual que só estão sujeitos a registo os atos
que o código prevê nomeadamente no art 5º e 6º do CRA. No nosso caso, o facto de aquisição
enquadra-se no art 5º nº1 a) e é por isso um facto sujeito a registo. É de registo obrigatório (5º nº2
CRA)

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6.7.O prazo é de 60 dias a contar da data do facto (desde do dia 28/10 – dia de hoje) – art 42º nº1 RRA
6.8.A hipoteca está sujeita a registo (art 5º nº1 c)). A hipoteca é de registo facultativo porque não consta
no art 5º nº2 portanto não há prazo. Estes arts são todos do CRA.
6.9.Nos termos do art 52º RRA é possível recorrer hierarquicamente ou contenciosamente, no entanto,
não havendo especiais disposições sobre o procedimento de impugnação devemos recorrer ao
direito supletivo do registo predial, nos termos do art 29º CRA. Assim, ao processo de impugnação
vão aplicar-se as disposições previstas nos arts 140º e ss Cód. Reg. Pred. nos termos das quais
verificamos que o prazo para recorrer é de 30 dias a contar da notificação do despacho de recusa
nos termos do art 141º nº1 devendo o requerimento ser dirigido ao Conselho Diretivo do IRN nos
termos do art 140º nº1 Cód. Reg. Pred e apresentado na Conservatória que proferiu a decisão da
qual se recorre nos 8termos do 142º. Quanto ao prazo máximo previsível deverá rondar os 105 dias
contando com os 10 dias que o conservador tem para analisar o recurso previsto no art 142º-A nº1
acrescido dos 5 dias para o envio do recurso para o IRN nos termos do 142º-A nº3 e com o prazo de
90 dias mencionado no art 144º nº1 Cód. Reg. Pred.

7.
7.1.Nos termos do art 28º o legislador instituiu a necessidade de harmonização entre a descrição e a
matriz. Esta harmonização pode ser mais ou menos exigente dependente de estarmos perante um
prédio sujeito ou não a cadastro. No caso em apreço o imóvel situa-se na Batalha, concelho onde
não vigora o cadastro pelo que nos termos do art 28º nº2, a harmonização é exigida relativamente
ao artigo e à área. No entanto, o legislador prevê a existência de uma margem dentro da qual os atos
podem continuar a ser praticados. No nosso caso, sendo um prédio rústico não sujeito a cadastro a
margem permitida é de 20% em relação à área maior (28º-A a)). Assim, 800m2 x 20% = 160m2
(margem máxima permitida pelo legislador). 800m2-700m2= 100m2. Havendo uma diferença de
100m2 ela enquadra-se na margem máxima permitida e por isso o registo deverá ser qualificado
com definitivo.
7.2.Caso o interessado pretenda atualizar a área pode fazê-lo nos termos do art 28º-B nº1. Para isso
deve o proprietário inscrito simplesmente declarar que a área correta é a que consta na matriz, tal
situação só pode ser usada uma vez (nº3 do art 28º-B) e desde que estejamos dentro dos limites das
percentagens do art 28º-A e que é o caso. Caso não pretenda efetuar a harmonização e uma vez que
a diferença está dentro da margem do art 28º-A não é necessário haver a fixação de área igual, ou
seja, a harmonização é facultativa.
7.3.Está em causa o príncipio da legitimação de direitos nos termos do qual não podem ser transmitidos
direitos ou constituídos encargos sem que os bens estejam definitivamente inscritos a favor de quem
os transmitiu ou onerou (art 9º nº1). Ora, no nosso caso e analisando a venda de Aníbal a Carlos,
Aníbal para vender necessita de ter o registo do prédio definitivamente a seu favor, situação que
prova através de certidão de registo predial (art 110º nº1), uma vez que nos é dito que esse registo
já existe, Aníbal pode vender o imóvel a Carlos respeitando assim o referido art 9º nº1. No que diz
respeito à venda entre Carlos e Diana, para que Carlos pudesse vender era necessário que fizesse um
registo definitivo do prédio a seu favor, o que não acontece, no entanto nos termos do 9º nº2 b)
tendo adquirido no mesmo dia em que pretende vender pode haver esta transmissão sem que seja
necessário efetuar o registo a favor de Carlos, estamos assim perante uma exceção ao princípio da
legitimação dos direitos.
7.4.No nosso caso estamos perante o príncipio do trato sucessivo previstono art 34º. Nos termos deste
artigo, o registo definitivo só pode ser realizado se o prédio estiver inscrito previamente a favor de
quem o transmitiu ou onerou, assim Diana não poderia ter o seu registo definitivo visto que o prédio

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ainda se encontrava registado a favor de Aníbal, deve por isso ser reconstituído todo o trato
sucessivo a partir do titular inscrito, ou seja, a partir de Aníbal devendo registar-se em 1º lugar a
aquisição de Carlos e só depois a aquisição de Diana, cumprindo assim o príncipio do trato sucessivo,
tendo o seu registo ficado provisório por dúvidas tem o prazo de 6 meses para converter o seu
registo, nos termos do art 11º nº3, devendo para isso juntar a escritura do A para o C.
7.5.Diana pode recorrer hierarquicamente para o IRN ou pode impugnar judicialmente para o tribunal
da área à qual pertence a conservatória da qual se está a recorrer (140º nº1), tem para isso um prazo
de 30 dias independentemente na impugnação escolhida para apresentar o seu requerimento na
conservatária da qual se recorre, nos termos do art 142º nº1 e 2. De salientar que o prazo de 30 dias
conta-se a partir da notificação do despacho de provisoriedade (art 141º nº1)

8. Existem vários príncipios pelos quais o registo predial pauta o seu funcionamento, desde logo o
príncipio da tipicidade diz-nos que só estão sujeitos a registo os factos que a lei determinar nos arts
2º e 3º. No nosso caso a aquisição enquadra-se no art 2º nº1 a) sendo um facto sujeito a registo e
esse facto é de registo obrigatório nos termos do art 8º-A nº1 a). O prazo que Carla tinha para
promover o registo era de 2 meses nos termos do art 8º-C nº1, recorrendo à solicitadora Luísa para
cumprir essa obrigação. Luísa tem legitimidade para apresentar o registo, nos termos do 39º nº2 b)
cumprindo assim o príncipio da instância mencionado no art 41º. O referido registo foi efetuado pela
conservatória da Nazaré ainda que o prédio seja de Fátima uma vez que atualmente não existe
competência territorial das conservatórias de registo predial. No que diz respeito à posição de Carla
esta beneficia da presunção prevista no art 7º de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, e
além disto Berta ao ter adquirido o imóvel mas não o registando faz com que esse facto não seja
oponível a terceiro , nos termos do art 5º nº1 tendo apenas eficácia entre as partes que o
celebraram, ou seja, o negócio entre Ana e Berta é apenas eficaz entre as próprias, nos termos do art
4º nº1. Assim Carla é a proprietária do imóvel.

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