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Apontamentos de Direito Dos Registos e Notariado 1a
Apontamentos de Direito Dos Registos e Notariado 1a
19 de Setembro de 2019
Registos
Registo Predial
Registo Comercial
Registo Civil
Registo automóvel
Objetivo do registo:
Introdução
1. Guardar:
O registo vai guardar todos os factos jurídicos as quais a lei atribui relevância jurídica
2. Provar:
Além de o registo guardar a informação, ele também prova determinadas situações jurídicas.
3. Publicitar:
Que esses factos pudessem ser invocados perante terceiros. Qualquer pessoa para além do
titular do direito tenha acesso à informação.
2 – noção de registo:
Existem 2 tipos de registo:
1. Registos meramente admnistrativos
2. Registos de segurança jurídica
São os registos que vão conter factos que a lei determina que tenham relevância jurídica. São registos
que é a própria lei vai definir quais são e são registos que contém em sim situações relevantes. Este tipo
de registo que vai dizer quais são as situações especiais. É neste tipo de registo que engloba os 4
registos, a saber, predial, comercial, civil e automóvel.
Registo constitutivo:
São a exceção. Para um registo ser constitutivo é necessário que a lei diga que assim seja. Este registo vai
criar a situação jurídica. Sem o registo essa situação jurídica não existe.
Ex: hipoteca – a hipoteca para existir tem de ser registada (art 4º nº2 Cód. Reg. Pred)
Ex: as sociedades adquirem personalidades jurídica a partir do momento do se registo, por isso, também
um registo de uma sociedade é um registo constitutivo.
Registo declarativo:
É a regra geral do sistema. Ele não cria uma situação jurídica limita-se a enunciar um determinado facto
jurídico. Ele vai dizer que existe um determinado facto jurídico. Mas esse facto jurídico não nasceu com o
registo. O registo apenas vai dar publicidade.
Ex: Eu se vou à conservatória registar um prédio que comprei. Eu tenho de levar um título que prove que
efetivamente comprei (uma escritura, por exemplo). A conservatória não vai alterar nada, ela apenas vai
dar publicidade de que a casa mudou de titular (do ex-proprietário para mim).
1. Registo pessoais
2. Registos reais
Registos pessoais:
São registos que contém em si situações jurídicas que digam respeito a pessoais. O registo civil e o
registo comercial são os registos pessoais.
O registo civil diz respeito a situações jurídicas relevantes que digam respeito às pessoas
sigulares (registo de casamento, nascimento, dissolução de casamento, óbito, ...)
O registo comercial diz respeito a situações jurídicas relevantes que digam respeito às pessoas
coletivas (o objeto social, sócios, transmissão de quotas, aumento/diminuição de capital,
mudanças de sede, ...)
Registos reais:
São registos que contém em si situações jurídicas que digam respeito a imóveis. O registo predial e o
registo de veículos são os registos reais.
O registo faz uma presunção legal de veracidade. Quem tem o registo a seu favor não precisa de provar
que é titular de um direito porque o registo já faz essa prova. O próprio registo tem fé pública. Nós
vamos acreditar que o registo está correto. Se o registo estiver incorreto temos de fazer as alterações
necessárias para ficar correto.
1. Registo é exato
2. Registo é integral
Registo integral: não precisamos de presumir que existe mais além do que o registo diz.
23 de Setembro de 2019
Título: qualquer tipo de suporte documental que uma pessoa tem de ter. Ex: Escritura Pública, DPA,
certidões judiciais, ...
Conservatória Finanças
Nº da descrição Artigo matricial
Certidão de Registo Caderneta Predial/IMI (enquanto não há
caderneta predial)
Os prédios estão descritos na conservatória Os prédios estão inscritos nas finanças
A Certidão de Registo identifica o prédio + A Caderneta Predial serve para identificar o
Direitos + encargos + ónus prédio para efeitos fiscais
Para dar entrada de um registo na conservatória é
necessária a caderneta predial das finanças
Registo Predial:
Objeto:
b) Prédios Urbanos
c) Prédios Mistos:
i) Artigo rústico
ii) Artigo urbano 2 cadernetas e 1 descrição
Eu quero construir uma casa no terreno dos meus pais. A casa que eu lá construir seria dos meus pais
pois estou a construir no terreno deles. Então, eu vou à Câmara Municipal e peço um destaque. O
destaque vai autonomizar a parte do terreno que me interessa e consequentemente a minha casa.
Porém, se eu fizer um destaque num prédio urbano/rústico eu não posso fazer um próximo destaque no
prazo de 10 anos (ónus do fracionamento).
26 de Setembro de 2019
Competência:
Não há competência territorial nas conservatórias.
Os arts 19º, 20º e 21º Cód. Reg. Pred Estão revogados por isso não há competência territorial.
3.2- Verbetes:
Imagina que não tens o nº da descrição e queremos saber se ele já está registado na
conservatória. Se isso acontecer como é que o vou procurar? (existem 2 formas):
Os verbetes servem para se fazer buscas/pesquisas. Só utilizo os verbetes se não souber o nº da
descrição predial:
a) Verbetes pessoais
b) Verbetes reais
Descrição predial
Inscrições
Averbamentos
Anotações
Descrição predial:
Inscrições:
Averbamentos:
Anotações:
Podemos ter anotações quer à descrição quer à inscrição. As anotações são determinadas
circunstâncias que o legislador entende que devem ficar mencionadas no registo.
Além da descrição genérica vou ter a descrição subordinada (que é a letra) – art 81º
Art 90º : atualização oficiosa da descrição – é o próprio conservador que tem o impulso para a atualizar
anexação e desanexação:
No caso de uma anexação o objetivo é juntar 2 imóveis e dar origem a uma única área total. Esta junção
fica sempre registada na descrição.
Nos casos de desanexação, temos como exemplo os destaques, e com esta ação há a criação de uma
descrição autónoma.
Arts 82º nº3 – tanto a anexação como a desanexação deve ficar mencionada na descrição
Art 28º-A:
Se for o prédio rústico sujeito a cadastro a margem é de 5%
Se for um prédio rústico não seja sujeito a cadastro a margem é de 20%
Se for um prédio urbano a margem é de 20%
Ex: descrição rústica sem cadastro com uma área 1.500m2. E temos a matriz rústica sem
cadastro com 1.400m2. É exigida a harmonização?
R: 1500*20%= 300m2 (margem máxima de diferença permitida)
1500-1400=100 (a diferença)
Como a diferença é só de 100m2 eu posso fazer o registo e a escritura deste imóvel.
Ex: descrição rústica com cadastro de 1500m2 e a matriz rústica com cadastro de 1400m2. Está
obrigada a harmonização?
R: 1500*5%=75 m2 (margem máxima de diferença permitida)
1500-1400=100m2 (a diferença)
Como a diferença é superior à margem máxima é necessário harmonizar
Ex: descrição urbana com 1500m2 e a matriz urbana é de 1400m2. É exigida harmonização?
R: 1500*10%=150m2 (a margem máxima de diferença permitida)
1500-1400= 100 (a diferença)
Como a margem máxima de diferença permitida é superior à diferença é permitido fazer o
registo e escritura (harmonizar).
28º-B: caso haja a diferença dentro das margens permitidas por lei, podem ou não colocar a
área igual (harmonizar).
Dispensa de harmonização – se a diferença de áreas estiver dentro dos limites do art 28º-A (se a
diferença estiver dentro dos limites não impede nem registos, nem escrituras).
4.3- inscrições:
Situação jurídica do prédio – direitos, ónus e encargos.
A sua noção está no art 91º
Quando acontece?
As inscrições provisórias por naturezas estão tipificadas na lei, nomeadamente no art 92º, logo são
taxativas.
O próprio ato jurídico em si tem caraterísticas que não permitem realizar logo o registo definitivo.
Art 11º: os registos caducam por força da lei ou por decurso do prazo de negócio.
Os registos provisórios caducam se não forem convertidos em registos definitivos ou se não forem
renovados no prazo de negócio (nº2 do art 11º).
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30 de setembro de 2019
O conservador vai dar a possibilidade de tentar sanar a deficiência, manda o registo para suprimentos
(70º e 73º)
2º forma de suprimento: o serviço de registo comunica ao interessado e vai dar o prazo de 5 dias para o
interessado suprir as deficiências. O que pode acontecer ao fim dos 5 dias? OU é ultrapassada a
deficiência e desse modo o registo fica definitivo. OU então não ultrapassada a deficiência o registo
ficará provisório por dúvidas.
Quando o registo fica provisório por dúvidas e então ele vai ficar um período de tempo a aguardar que o
interessado regule a situação.
O prazo de caducidade é de 6 meses (art 11º nº1 e 3). Nos termos do 71º o prazo é contado a partir da
notificação da provisoriedade.
Nos termos do 71º nº3 a data da notificação fica anotada no registo.
Ex: prédio 17. Não há exceções ao prazo de caducidade.
Os registo provisórios caducam se não forem convertidos em definitivos (11º nº2).
Portanto, não há outros prazos nem há renovações, são 6 meses. Se ao fim de 6 meses se não forem
removidas as dúvidas o registo caduca.
Art 6º nº3 – removidas as dúvidas é como se o registo tivesse sido bem feito desde o início (ver prédio
17).
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4.5- anotações
5- Efeitos do registo:
Presunções derivadas do registo (art 7º Cód. Reg. Pred.)
O direito existe, e,
Pertence ao titular inscrito
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6.5.Príncipio da especialidade:
O registo está estruturado de forma clara e específica por forma a garantir a segurança jurídica e não
deixar dúvidas.
10 de outubro de 2019
6.7 Princípio da Instância (art 41º)
O pedido de registo tem de ser efetuado por quem tem competência. Não é a conservatória que os faz
só porque sim. A conservatória só faz os registos que lhe pedirem salvo os casos que o próprio código
prevê que haja oficiosidade.
Regra: o registo tem que acontecer por iniciativa do interessado
Exceção: registos oficiosos
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Que entidades ou pessoas são estas que o legislador vai obrigar a promover o registo?
1º Entidades mencionadas no nº3 estão obrigadas a promover o registo dos factos do nº3
Art 8º-A nº1 a) ii): ex: o A morre e deixa 3 herdeiros. Da herança consta um imóvel porém ele ainda não
foi partilhado (herança indivisa). O imóvel irá ficar registado em nome dos herdeiros com a denominação
“em comum e sem determinação de parte ao direito”.
Art 8º-A nº1 a) iv): A hipoteca é de registo facultativo (art 8º-A nº1 a) iv)) mas se eu não registar a
hipoteca não produz efeitos (4º nº2), portanto, face a esta contradição, o registo de constituição de
hipoteca é de obrigatoridade indireta, pois sem o registo a hipoteca não produz efeitos!
Art 8º-A nº2: Por norma as providências cautelares são registadas no início do processo. Nos termos do
nº2 deste art, a partir do momento que a ação principal já esteja registada não é precisa de registar a
providência cautelar
Regra geral: art 8º-C nº1 – 2 meses a contar da data da titulação do facto. Se eu tiver de registar uma
compra tenho de contar o prazo desde da data da escritura
Exceção: art 8º-C nº2, 3 e 4 – são exceções de prazos específicos/especiais relacionados com as ações
judiciais
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Regra: art 9º nº1: para se poder transmitir (ex: vender) ou onerar (ex: hipoteca) um imóvel é necessário
que o titular do direito tenho o registo definitivamente a seu favor. Vale como prova desse registo uma
certidão de registo predial.
Exceções:
EX: o A quer hoje vender ao B. O A não tem registo. O A adquiriu este imóvel, sito em Leiria, em
inventário em 1970. Hoje, o A quer vender ao B. O A precisava de ter o bem em seu nome (regra geral,
nº1 do 9º). Por isso temos de ir para a exceção do art 9º nº3, pois o bem é sito em Leiria e Leiria não
consta na lista onde vigorou Registo Predial Obrigatório e também porque o último acto foi feito em
1970 (antes de 1 de Outubro de 1984). O A vai ter de levar a certidão do processo de inventário.
No príncipio da legitimidade dos direitos pergunta se o ato pode ser praticado. O notário na EP é que
tem de ter a preocupação de ver se a pessoa que está a assinar pode fazê-lo.
O príncipio do trato sucessivo pergunta se o ato pode ser registado, e quem se deve preocupar com isto
deve ser o conservador
O príncipio do trato sucessivo diz-nos que o registo definitivo de aquisição de direitos ou constituição de
encargos só pode ter lugar se os prédios em causa estiverem inscritos definitivamente em nome de
quem os transmitiu ou onerou.
O A pode vender ao B. O B também pode vender a C sem registo porque se enquadra na exceção do art
9º n2 b) ... falta o resto do exemplo
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3- A, em perigo de vida, vende um prédio a B sem ter o registo prévio do imóvel a seu favor. No mesmo
dia B vende o referido prédio a C.
14 de outubro de 2019
Respostas:
PEDIR INICIO
3-
3.2- podia porque é no mesmo dia (uma das exceções ao princípio da legitimação dos direitos)
3.3- para o C poder regustar definitivamente a seu favor era necessário que fosse feito os registos
anteriores, ou seja, que fosse realizado o trato sucessivo, nos termos do 34º nº2.
4-
4.2- nos termos do art 34º nº3 + 8º-A nº1 (trato sucessivo) – é um registo facultativo, logo, não podia ser
obrigado a sua existência para posteriormente ser passado para os herdeiros
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17 de Outubro de 2019
9 Meios de prova (continuação):
Prédios não descritos – está omisso na Conservatória (não tem nº de descrição). Isto acontece
porque o prédio não está registado. Isto é comum com os prédios mais antigos.
Como é que sabemos se o prédio está ou não está registado? Através de uma certidão negativa,
logo os prédios omissos têm uma certidão negativa (44º nº3). A certidão negativa tem o prazo
de 3 meses. O pedido da certidão negativa pode fazer-se em suporte eletrónico ou suporte em
papel.
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Nós vamos pedir à conservatória, dando os dados do prédio (artigo matricial, confrontação, etc)
e a conservatória vai fazer buscas para ver se encontra este imóvel com estas características. O
pedido de registo pode ser entregue em qualquer serviço de registo mas tem de ser enviado
para o serviço da área do prédio (art 110º-A).
São emitidas no prazo de 1 dia útil.
Os elementos do pedido da certidão negativa constam no art 111º nº5
A certidão negativa não confere titular para registar nada. Ela apenas contesta que esse prédio
não está registado. Com esta certidão podemos fazer outras coisas mas não é suficiente para
registar.
b) Nulidade:
O registo é nulo se se enquadrar em alguma das causas do art 16º
O regime da nulidade encontra-se no art 17º (só depois da sentença judicial é que o registo
vai ser considerado nulo)
c) Registo inexato:
É um registo que não está feito como deve ser.
As causas deste registo estão no art 18º:
Lavrado em desconformidade com o título que lhe serviu de base:
Quando a conservadora fez o registo ela não o faz com os dados lavrados em
escritura. Ex: na EP diz que duas pessoas estavam casadas em regime geral de bens e
no registo a conservadora escreveu que estavam casados em regime de comunhão
de adquiridos.
11-Retificação do registo:
11.1- Retificação do registo (120º e ss):
O objetivo é corrigir os erros de registo que provenha, nos termos do art 121º nº1, de registos
inexatos e de registos indevidamente lavrados.
Os registos devem ser retificados através:
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Iniciativa do Conservador, ou
Iniciativa do interessado
11.2- Suprimentos:
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Ex de cancelamento de ónus ou encargos: Vai se tentar obter uma a falta de autorização para
cancelar uma hipoteca.
Se estamos a reconstuir significa que vamos fazer de novo. Portanto, vamos reconstituir um registo
através:
Reprodução:
Consiste na feitura do registo através dos artigos existentes
Reforma (caso não consiga aceder ao registo nem aos documentos anteriores) – 137º:
Consiste na feitura do registo após o processo judicial. O processo de reforma é um processo
judicial da competência do conservador.
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21 de Outubro de 2019
Registo Automóvel
Título III – Registo de Bens Automóvel:
Veículos
Aeronaves
Navios
Objeto:
Os veículos a motor e seus reboques sujeitos a matrícula.
Art 2º CRA:
(automóveis, motociclos, ciclomotores) – art 2º nº1 CRA
Ligeiros, pesados, passageiros, mercadorias – estamos perante um registo real
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Campo 8º do requerimento:
d) O próprio certificado de matrícula existente setor inicial não se pode apresentar uma coisa que
não existe
Art 4º nº2 e 3 DL 178-A – certificado de matrícula
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24 de Outubro de 2019
8. Certificado de matrícula:
A cada veículo corresponde um certificado de matrícula (9º nº1 CRA) e deve ter todos os registos em
vigor (10º), remissão para DL 170º-A/2005.
(apartir de agora todos os arts são do DL 170ºA/2005)
8.1. Quando há lugar à emissão do 1º certificado matrícula?
É quando se faz o registo inicial que vai dar origem ao primeiro certificado de matrícula (4º nº4).
Estas impugnações não estão reguladas no Registo automóvel, portanto, nos termos do 29º do CRA,
recorremos aos arts 140º e ss Cód. Reg. Pred.
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3.
3.1.Princípio da presunção da verdade registal – o direito existe e pertence ao titular inscrito. Logo quem
tem o registo a seu favor (Luís) não tem de fazer prova do seu direito. Trata-se de uma presunção
lidível mediante prova em contrário e por isso compete ao Bruno fazer essa prova.
3.2.A ação do art 3º está sujeita a registo, pois ele pretende a modificação do direito de propriedade. É
um facto sujeito a registo obrigatório (art 8º-A nº1 b)). A inscrição da ação vai ficar provisória por
natureza (art 92º nº1 a)).
4.
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4.1.Não, é um registo em comum sem determinação de parte ou direito (art 8º-A nº1 iii)) e por isso é de
registo facultativo.
4.2.Art 41º: princípio da instância. Segundo o art 37º nº1 diz que qualquer herdeiro pode fazer pedido
de registo
5.
5.1.Princípio da tipicidade (art 2º e 3º). No presente caso estamos perante uma doação e nos termos do
art 2º nº1 a) a doação está sujeita a registo. Segundo o art 8º-A nº1 a) é de registo obrigatório.
5.2.Princípio da instância (41º). Nos termos do 36º diz quem tem legitimidade. O art 36º por sua vez
remete para o art 8º-B. O art 8º-B nº5 diz que a obrigação do registo cessa quando o registo seja
feito independentemente de quem o faça.
5.3.O prazo é de 2 meses a contar de 10/05/2017 (art 8º-C nº1)
5.4.Está em causa o princípio da legitimação dos direitos previstos no art 9º. De acordo com a regra geral
prevista no art 9º nº1, para que Pedro possa vender, é necessário que tenha o prédio
definitavamente registado a seu favor. Esta prova de titularidade é feita com base numa certidão de
registo predial, do qual conste a propriedade de Pedro (110º nº1).
5.5.No nosso caso não sabemos, se Pedro à data de 01/09 teria ou não o prédio a seu favor. Assim caso
Pedro já tenha o referido registo cumpre o estipulado no art 9º nº1 e poderia vender à Mariana.
Caso Pedro não tenha o referido registo então não poderá efetuar a referida venda enquanto não
realizar o registo prévio, no entanto caso estejamos perante uma situação de perigo de vida pode
haver a referida transmissão para Mariana excecionalmente fundamentada pelo art 9º nº2 c).
5.6.Nesta situação a penhora vai ficar provisória por natureza nos termos do art 92º nº2 a). Sendo o
titular inscrito diferente do executado deve ser utilizado o suprimento previsto no art 119º, assim o
titular inscrito, no nosso caso Luís, vai ser citado para vir declarar no prazo de 10 dias se o imóvel é
ou não seu. No nosso caso Luís deverá declarar que o prédio não é seu uma vez que já foi realizada a
escritura de doação a favor de Pedro, assim sendo, o conservador vai converter em definitivo o
registo provisório da penhora nos termos do art 119º nº1 e 3. Caso Luís diga o contrário estará a
prestar falsas declarações podendo incorrer em responsabilidade civil e criminal nos termos do art
153º.
6.
6.1.Quem pode vender o automóvel é o Daniel Marques de Oliveira pois ele é o proprietário.
6.2.Está feita no enunciado.
6.3.Desde logo é necessário o impresso do requerimento de registo automóvel (11º RRA), depois é
necessário o certificado de matrícula existente (art 4º nº2 DL 178-A/2005), mais, tratando-se de
pessoa singular a vender e/ou a comprar não é necessário reconhecimento das assinaturas ,as se o
comprador for uma pessoa coletiva já é exigido o respetivo reconhecimento, nos termos do art 12º
RRA e ainda é necessários emolumentos nos termos do art 57º RRA.
6.4.Em qualquer uma (art 2º-A CRA). Não há competência territorial.
6.5.Sim, nos termos do art 4º nº2 DL 178-A/2005, uma vez que se irão alterar os elementos constantes
no certificado existente.
6.6.Estamos perante o princípio da tipicidade, nos termos do qual que só estão sujeitos a registo os atos
que o código prevê nomeadamente no art 5º e 6º do CRA. No nosso caso, o facto de aquisição
enquadra-se no art 5º nº1 a) e é por isso um facto sujeito a registo. É de registo obrigatório (5º nº2
CRA)
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6.7.O prazo é de 60 dias a contar da data do facto (desde do dia 28/10 – dia de hoje) – art 42º nº1 RRA
6.8.A hipoteca está sujeita a registo (art 5º nº1 c)). A hipoteca é de registo facultativo porque não consta
no art 5º nº2 portanto não há prazo. Estes arts são todos do CRA.
6.9.Nos termos do art 52º RRA é possível recorrer hierarquicamente ou contenciosamente, no entanto,
não havendo especiais disposições sobre o procedimento de impugnação devemos recorrer ao
direito supletivo do registo predial, nos termos do art 29º CRA. Assim, ao processo de impugnação
vão aplicar-se as disposições previstas nos arts 140º e ss Cód. Reg. Pred. nos termos das quais
verificamos que o prazo para recorrer é de 30 dias a contar da notificação do despacho de recusa
nos termos do art 141º nº1 devendo o requerimento ser dirigido ao Conselho Diretivo do IRN nos
termos do art 140º nº1 Cód. Reg. Pred e apresentado na Conservatória que proferiu a decisão da
qual se recorre nos 8termos do 142º. Quanto ao prazo máximo previsível deverá rondar os 105 dias
contando com os 10 dias que o conservador tem para analisar o recurso previsto no art 142º-A nº1
acrescido dos 5 dias para o envio do recurso para o IRN nos termos do 142º-A nº3 e com o prazo de
90 dias mencionado no art 144º nº1 Cód. Reg. Pred.
7.
7.1.Nos termos do art 28º o legislador instituiu a necessidade de harmonização entre a descrição e a
matriz. Esta harmonização pode ser mais ou menos exigente dependente de estarmos perante um
prédio sujeito ou não a cadastro. No caso em apreço o imóvel situa-se na Batalha, concelho onde
não vigora o cadastro pelo que nos termos do art 28º nº2, a harmonização é exigida relativamente
ao artigo e à área. No entanto, o legislador prevê a existência de uma margem dentro da qual os atos
podem continuar a ser praticados. No nosso caso, sendo um prédio rústico não sujeito a cadastro a
margem permitida é de 20% em relação à área maior (28º-A a)). Assim, 800m2 x 20% = 160m2
(margem máxima permitida pelo legislador). 800m2-700m2= 100m2. Havendo uma diferença de
100m2 ela enquadra-se na margem máxima permitida e por isso o registo deverá ser qualificado
com definitivo.
7.2.Caso o interessado pretenda atualizar a área pode fazê-lo nos termos do art 28º-B nº1. Para isso
deve o proprietário inscrito simplesmente declarar que a área correta é a que consta na matriz, tal
situação só pode ser usada uma vez (nº3 do art 28º-B) e desde que estejamos dentro dos limites das
percentagens do art 28º-A e que é o caso. Caso não pretenda efetuar a harmonização e uma vez que
a diferença está dentro da margem do art 28º-A não é necessário haver a fixação de área igual, ou
seja, a harmonização é facultativa.
7.3.Está em causa o príncipio da legitimação de direitos nos termos do qual não podem ser transmitidos
direitos ou constituídos encargos sem que os bens estejam definitivamente inscritos a favor de quem
os transmitiu ou onerou (art 9º nº1). Ora, no nosso caso e analisando a venda de Aníbal a Carlos,
Aníbal para vender necessita de ter o registo do prédio definitivamente a seu favor, situação que
prova através de certidão de registo predial (art 110º nº1), uma vez que nos é dito que esse registo
já existe, Aníbal pode vender o imóvel a Carlos respeitando assim o referido art 9º nº1. No que diz
respeito à venda entre Carlos e Diana, para que Carlos pudesse vender era necessário que fizesse um
registo definitivo do prédio a seu favor, o que não acontece, no entanto nos termos do 9º nº2 b)
tendo adquirido no mesmo dia em que pretende vender pode haver esta transmissão sem que seja
necessário efetuar o registo a favor de Carlos, estamos assim perante uma exceção ao princípio da
legitimação dos direitos.
7.4.No nosso caso estamos perante o príncipio do trato sucessivo previstono art 34º. Nos termos deste
artigo, o registo definitivo só pode ser realizado se o prédio estiver inscrito previamente a favor de
quem o transmitiu ou onerou, assim Diana não poderia ter o seu registo definitivo visto que o prédio
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ainda se encontrava registado a favor de Aníbal, deve por isso ser reconstituído todo o trato
sucessivo a partir do titular inscrito, ou seja, a partir de Aníbal devendo registar-se em 1º lugar a
aquisição de Carlos e só depois a aquisição de Diana, cumprindo assim o príncipio do trato sucessivo,
tendo o seu registo ficado provisório por dúvidas tem o prazo de 6 meses para converter o seu
registo, nos termos do art 11º nº3, devendo para isso juntar a escritura do A para o C.
7.5.Diana pode recorrer hierarquicamente para o IRN ou pode impugnar judicialmente para o tribunal
da área à qual pertence a conservatória da qual se está a recorrer (140º nº1), tem para isso um prazo
de 30 dias independentemente na impugnação escolhida para apresentar o seu requerimento na
conservatária da qual se recorre, nos termos do art 142º nº1 e 2. De salientar que o prazo de 30 dias
conta-se a partir da notificação do despacho de provisoriedade (art 141º nº1)
8. Existem vários príncipios pelos quais o registo predial pauta o seu funcionamento, desde logo o
príncipio da tipicidade diz-nos que só estão sujeitos a registo os factos que a lei determinar nos arts
2º e 3º. No nosso caso a aquisição enquadra-se no art 2º nº1 a) sendo um facto sujeito a registo e
esse facto é de registo obrigatório nos termos do art 8º-A nº1 a). O prazo que Carla tinha para
promover o registo era de 2 meses nos termos do art 8º-C nº1, recorrendo à solicitadora Luísa para
cumprir essa obrigação. Luísa tem legitimidade para apresentar o registo, nos termos do 39º nº2 b)
cumprindo assim o príncipio da instância mencionado no art 41º. O referido registo foi efetuado pela
conservatória da Nazaré ainda que o prédio seja de Fátima uma vez que atualmente não existe
competência territorial das conservatórias de registo predial. No que diz respeito à posição de Carla
esta beneficia da presunção prevista no art 7º de que o direito existe e pertence ao titular inscrito, e
além disto Berta ao ter adquirido o imóvel mas não o registando faz com que esse facto não seja
oponível a terceiro , nos termos do art 5º nº1 tendo apenas eficácia entre as partes que o
celebraram, ou seja, o negócio entre Ana e Berta é apenas eficaz entre as próprias, nos termos do art
4º nº1. Assim Carla é a proprietária do imóvel.
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