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O METEORO É INOCENTE?

Anne Carolline Souza Santos, UNEB

RESUMO
Este artigo apresenta uma discussão teórica que parte das novas perspectivas sobre a
culpabilidade do asteroide Chicxulub como causador integral do massacre que extinguiu
a espécie dos dinossauros da face da terra. Explorando então, algumas teorias atuais
acerca da colisão, adentrando em um contínuo debate científico.

Palavras-chave: dinossauros, asteroide, extinção, debate científico.

O METEORO FOI UM GOLPE DE MISERICÓRDIA

Entre 208 e 144 milhões de anos atrás, os dinossauros habitaram a superfície


terrestre e se tornaram um grupo dominante nos ambientes de terra firme. Eram animais
muito diversificados, havendo desde pequenos carnívoros, como os campsonagnathus,
de apenas 1,0 m de comprimento, até os seismosaurus, que mediam 50 m.

Eles e outros répteis surgiram no Triássico, primeiro período da era Mesozóica,


há aproximadamente 245 milhões de anos. Dominaram o planeta nos períodos Jurássico
e Cretáceo e foram extintos em massa de forma trágica, ato que marca o fim da era
Mesozóica e o início da era Cenozóica.

Entretanto, a extinção dos dinossauros, e principalmente as causas que


circundam esse fim, motivam e aguçam a curiosidade de centenas de cientistas no
mundo, que elaboram diversas teorias com o objetivo de explicar o destino abrupto dos
grandes répteis.

Dito isso, a teoria mais aceita para designar a extinção dos dinossauros está
relacionada à queda de Chicxulub, um meteorito de 6 a 14 km que atingiu o planeta
Terra, mais precisamente na Península de Yucatán, México. O impacto abriu uma
cratera de 180 km, além de mais duas secundárias que a envolvia com 240 e 300 km de
diâmetro. O impacto provocado pela queda foi capaz de movimentar o eixo do planeta,
além de provocar uma imensa nuvem de poeira que impediu a entrada de luz na
atmosfera e automaticamente na superfície terrestre durante um grande período de
tempo.
Uma vez que os dinossauros compunham uma fauna múltipla formada tanto por
animais herbívoros quanto carnívoros. Como não havia luz solar para realizar o
processo de fotossíntese nos vegetais, esses foram gradualmente desaparecendo
juntamente com os herbívoros que sofreram com a escassez de alimentos,
consequentemente resultando no fim dos carnívoros que se alimentavam dos
herbívoros.

No entanto, segundo debates de longa data entre os paleontólogos, essa teoria foi
novamente contestada devido a novos questionamentos acerca do aniquilamento dos
dinossauros, discutiu-se a possibilidade da extinção ter sido um fator inevitável até
mesmo antes da chegada do asteroide à Terra, considerando que estivessem envolvidos
diversos fatores ambientais.

Um estudo publicado na revista científica Nature Communications no ano de


2021, fornece mais subsídios para esse debate. Liderada pela Universidade de
Montpellier, na França, a pesquisa defende que os dinossauros já estavam em declínio
há 10 milhões de anos quando houve o impacto do asteroide no planeta. A fim de buscar
respostas, a equipe utilizou técnicas estatísticas que tinham como base de pesquisa levar
em consideração diversas questões ainda incertas, como o registro de fósseis
incompletos, a imprecisão quanto à data desses materiais e dúvidas relacionadas a
modelos evolucionários. Além disso, eles analisaram o funcionamento dos ecossistemas
e perceberam que os dinossauros herbívoros tendiam a desaparecer primeiro, afirmando
que o resfriamento global do clima foi um dos maiores causadores da extinção das
espécies, que provavelmente contavam com temperaturas mais altas. Suas conclusões
são baseadas em uma coleção de fósseis de ovos preservados em camadas de rocha de
150 metros de espessura.

Paralelamente, um dos paleontólogos e pesquisadores da Universidade da


Califórnia. China Geosciences, Fei Han, que se dedicou a pesquisar sobre o caso afirma:
“Nossos resultados suportam um declínio de longo prazo na biodiversidade global de
dinossauros antes de 66 milhões de anos atrás, o que provavelmente preparou o cenário
para a extinção em massa de dinossauros não asiáticos”.

Em seu trabalho, Han e seus colegas usaram um conjunto de técnicas para


estratificar milhares de amostras de rochas encapsuladas em cascas de ovos fossilizadas,
estimar a idade dessas amostras e construir uma linha do tempo com esses dados com
resolução de 100.000 anos. Comprovando a baixa diversidade de natalidade em espécies
terrestres de dinossauros, visto que dois dos três ovos de dinossauro em uma categoria
de espécie coletada eram de um grupo de dinossauros desdentados, parecidos com
papagaios chamados oviraptors, com o terceiro grupo de dinossauros de postura sendo
identificado como hadrossaurídeos com bico de pato. Coincidindo com restos de
esqueletos de dinossauros antigos também descobertos na Bacia de Shanyang, e são
comparáveis à outros depósitos fósseis no sul e leste da China, bem como alguns leitos
ósseos na América do Norte que também sugerem o declínio na diversidade de
dinossauros durante o mesmo período.

Decerto essa nova teoria, assim como todas as outras, não é capaz de sanar
completamente as dúvidas que são geradas no meio científico, e que por isso, configura-
se como hipótese. Possui ainda algumas questões fundamentais por responder, que
ainda de acordo com estudiosos é preciso encontrar, amostrar e analisar mais fósseis e
integrar dados existentes de sítios fósseis em todo o mundo para entender melhor os
padrões de extinção.

No entanto, isso não anula a importância fundamental na ciência atual que essas
novas pesquisas portam, em razão de que, segundo Jonathan Bloch, curador associado
de paleontologia de vertebrados no Museu Florida de História Natural da Universidade
da Flórida: "É importante para nós compreender como os ecossistemas respondem a
grandes perturbações, [...] seja uma mudança climática gradual ou um evento
catastrófico. Estas são todas as coisas que nós temos que pensar como atuais seres
humanos no planeta.”.

REFERÊNCIAS

CONDAIME, F.L., GUINOT, G., BENTON, M.J. et al. Dinosaur biodiversity


declined well before the asteroid impact, influenced by ecological and
environmental pressures. Nat Commun, Califórnia, 2021. Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2021/06/dinossauros-ja-estavam-em-
declinio-antes-de-extincao-por-asteroide.html. Acesso em: 08 nov. 2022

OLIVEIRA, M.C., SILVA, M.C. et al. PERTURBAÇÕES E INVASÕES


BIOLÓGICAS: AMEAÇAS PARA A BIODIVERSIDADE NATIVA?. CEPPG,
Santa Cruz, Nº 25, 2011. Disponível em:
http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/
fcecc9a0747dc8d43e7776b8b0f44185.pdf. Acesso em: 08 nov. 2022

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