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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana
Sumário
Pronomes Oblíquos, Vozes Verbais e Funções do SE. ..................................................................................3
1. Pronomes Oblíquos e Colocação Pronominal..............................................................................................3
1.1. Pronomes Pessoais.. ................................................................................................................................................4
1.2. Como Funcionam os Pronomes Oblíquos Átonos?................................................................................5
1.3. Colocação Pronominal...........................................................................................................................................8
2. Vozes Verbais e Funções do SE. . ........................................................................................................................15
2.1. As Vozes Verbais.. ...................................................................................................................................................15
2.2. Outras Funções do SE.. .......................................................................................................................................25
Questões de Concurso................................................................................................................................................ 28
Gabarito...............................................................................................................................................................................70
Gabarito Comentado.....................................................................................................................................................71
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Elias Santana
Vamos juntos?
EXEMPLO
(1) O professor está feliz! O professor tem alunos dedicados!
A sentença acima é perfeitamente compreensível para qualquer pessoa (até demais)! Note
que o professor que está feliz é o mesmo que tem alunos dedicados. Todavia, você há de con-
vir comigo que é uma construção linguisticamente pobre, uma vez que apresenta um mesmo
vocábulo duas vezes. Esse é um mecanismo chamado de coesão por repetição. Consiste em
repetir uma mesma palavra para formar a malha textual. Vale aqui um aviso importante: repetir
palavras não é um erro gramatical, mas é um recurso que, quando adotado desnecessária ou
abusivamente, torna o texto paupérrimo.
Sei que você já está pensando em inúmeras formas de escrever o texto acima. Quero te
apresentar uma possibilidade:
EXEMPLO
(2) O professor está feliz! Ele tem alunos dedicados!
Em vez de repetir uma mesma palavra, optei por usar um pronome substantivo. A coesão
foi estabelecida, mas com vocábulos diferentes. Preciso que você relembre o que é um prono-
me, assunto visto no PDF 1.
Agora, veja comigo essa outra construção:
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EXEMPLO
(3) O professor estava em reunião. A diretora chamou o professor.
Mais uma vez, fiz uso da repetição de palavras na construção do texto. Como você já sabe,
o pronome é uma possibilidade que pode resolver essa questão. Mas o que você acha desta?
EXEMPLO
(4) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou ele.*
Sei que essa é uma forma comumente falada em nosso cotidiano. Ela não é, entretanto,
aceita pela norma culta. Meu objetivo não é (e nunca será) mudar o jeito como você fala, mas
te ensinar os padrões previstos para a língua escrita, a fim de que você seja mais assertivo em
provas e redija melhor. Conforme a tradição gramatical, o correto seria:
EXEMPLO
(5) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou-o.
Agora, você me questiona: “professor, mas como saberei qual pronome usar? E esse prono-
me pode ficar antes do verbo também?” Fique tranquilo(a)! É isso que estudaremos neste PDF!
Pronomes pessoais
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Para você entender bem o que esses pronomes fazem, precisamos voltar um pouco no
tempo e falar sobre o latim. Nessa língua, as funções sintáticas eram chamadas de casos.
Como o português é uma língua derivada do latim, alguns resquícios ficaram na gramática. Em
outras palavras, os pronomes que são classificados em casos já possuem funções sintáticas
predefinidas! Os pronomes pessoais do caso reto, por exemplo, são usados em posição de
sujeito. Já os pronomes pessoais do caso oblíquo, em geral, ocupam a posição de comple-
mentos! Isso explica o que ocorre nos exemplos que já foram aqui apresentados. Em (2), o
pronome “ele” ficou adequado porque desempenhava a função de sujeito, mas não ficou bom
em (4) porque estava em função de objeto direto. Por isso, em (5), fiz uso de um pronome oblí-
quo átono de 3ª pessoa do singular (“o”) para corrigir o texto. Aqui, algumas perguntas surgem:
ALUNO(A): Professor, mas pronomes como ele, ela, nós, vós, eles e elas aparecem tanto
nos pessoais do caso reto como nos pessoais do caso oblíquo tônico. Como vou diferenciá-los?
ELIAS: Não sei se você percebeu, mas os pronomes oblíquos tônicos são sempre dotados
de preposição! Essa é a diferença! Nem sempre será a preposição “a”, mas sempre haverá uma
preposição!
ALUNO(A): Professor, os pronomes oblíquos só desempenham a função de comple-
mento verbal?
ELIAS: Não. Eles podem também desempenhar outras funções sintáticas, mas isso é pou-
co cobrado em provas.
ALUNO(A): Elias, então o que cai muito em provas?
ELIAS: Os pronomes oblíquos átonos, principalmente os de 3ª pessoa, desempenhando a
função de complementos verbais (OD ou OI). Eu vou te apresentar outras funções dos prono-
mes, mas só ao final do PDF – e de maneira breve! Lembre-se: o seu objetivo aqui é aprender
a resolver questões de gramática! Logo, atacaremos aquilo que é mais frequente em provas!
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EXEMPLO
(6) Ela te encontrou na reunião.
(7) Ela te disse a verdade.
Em (6), o pronome “te” desempenha a função de OD porque quem encontra, encontra al-
guém. Em (7), o mesmo pronome é OI, uma vez que quem diz, diz algo (a verdade = OD) a al-
guém (te = OI). Vamos garantir o entendimento por meio de mais um par de orações:
EXEMPLO
(8) Ela nos viu durante o evento.
(9) Ela nos deu aquele lindo presente.
EXEMPLO
(10) Ela comunicou o ocorrido aos familiares.
Com a classificação sintática dos termos da oração, podemos determinar quais pronomes
usaremos. “O ocorrido” e “aos familiares” são pessoas de que se fala – por isso, terceira pes-
soa verbal. Como “o ocorrido” é um OD, devemos substituí-lo por “o” (“ocorrido” é masculino e
singular). Por sua vez, “aos familiares” é um OI e pode ser substituído por “lhes” (“familiares”
é plural). Claro que não empregaremos os dois pronomes ao mesmo tempo (essa era uma
possibilidade comum no português arcaico). No português contemporâneo, as construções
possíveis seriam:
EXEMPLO
(11) Ela comunicou-o aos familiares. (“o” = o ocorrido)
(12) Ela comunicou-lhes o ocorrido. (“lhes” = aos familiares)
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001. (IADES/2014) Em “deu-lhe uma bronca” (linha 6), no lugar do pronome destacado, pode-
ria ser empregado o pronome o.
Note que, na construção, quem dá, dá algo (“uma bronca” = OD) a alguém (lhe = OI). A substi-
tuição sugerida é entre pronomes de funções sintáticas distintas.
Errado.
002. (CESPE/2013) Em busca de mais recursos, Marconi escreveu ao governo italiano, mas
um funcionário descartou a ideia, dizendo que era melhor apresentá-la em um manicômio.
No fragmento II, estaria mantida a correção gramatical do texto caso fosse inserido, logo após
a forma verbal “dizendo”, o pronome lhe ― dizendo-lhe ―, elemento que exerceria a função de
complemento indireto do verbo, retomando, por coesão, “Marconi”.
Pela semântica textual, é possível entender que o funcionário disse algo a Marconi. Colocar o
pronome lhe diante de “dizendo” significa tornar explícito o objeto indireto do verbo.
Certo.
003. (IBFC/2011) Assinale a alternativa que indica corretamente a substituição do nome des-
tacado pelo pronome.
Não contei a Paulo a verdade.
a) Não contei-lhe a verdade.
b) Não lhe contei a verdade.
c) Não o contei a verdade.
d) Não contei-o a verdade.
Primeiramente, preciso que você tenha certeza de algo: “a Paulo” é o OI do verbo “contei”. Por
isso, o pronome adequado é lhe. Isso nos permite dispensar as alternativas C e D. Mas surge
uma nova dúvida: qual é a posição correta do pronome? Antes ou depois do verbo “contei”?
Por enquanto, eu vou te deixar nessa expectativa!
Letra b.
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004. (IADES/2014)
Mande notícias do mundo de lá.
Diz quem fica.
Me dê um abraço, venha me apertar.
Tô chegando.
A colocação do pronome em “Me dê um abraço” (linha 3) está correta.
005. (CESPE/2013) O filósofo francês Jacques Rancière critica a ideia de democracia que tem
estruturado nossa vida social – regida por uma ordem policial, segundo ele –, devido ao fato
de ela se distanciar do que seria sua razão de ser.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em vez de anteceder, passasse a ocu-
par a posição imediatamente posterior ao verbo: devido ao fato de ela distanciar-se.
Questão simples: você notou que o verbo “distanciar” está no infinitivo? Conforme o princípio
2.1, trata-se de um caso facultativo de colocação pronominal. Logo, o pronome pode ser colo-
cado em próclise ou em ênclise.
Certo.
1
É possível ver P.O.A. após pontuação quando esta representa uma intercalação na oração. Ex.: O professor chegou atra-
sado; ele, todavia, nos dará aula.
2
Quando há um caso de sujeito explícito anteposto ao verbo interno a uma oração subordinada, só se pode usar a pró-
clise, deixando, portanto, de ser um caso facultativo. Falaremos sobre isso quando chegarmos ao período composto (em
outro PDF).
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006. (CESPE/2013) O cenário se repete neste início de 2013, com a redução no nível de água
dos reservatórios.
Em “se repete”, o deslocamento do elemento “se” para depois da forma verbal – repete-se –
preservaria a correção gramatical do trecho.
Esta questão enquadra-se no princípio 2.2. Pergunte ao verbo: quem se repete? “O cenário”,
que é o sujeito da oração. Novamente, estamos diante de mais um caso facultativo!
Certo.
Regras
1) A ênclise é a regra geral! É a colocação em que primeiro devemos pensar! Só que exis-
tem casos em que ela não é aplicável. São eles:
• quando há fator de atração antes do verbo;
• quando o verbo estiver no futuro;
• quando o verbo estiver no particípio.
Para resolver o primeiro caso, usamos a próclise. Para o segundo, a mesóclise. O último
veremos melhor quando estudarmos a colocação pronominal em locuções verbais.
2) A próclise é usada prioritariamente quando há um fator de atração antes do verbo (tam-
bém conhecido como fator de próclise). São algumas palavras que atraem o pronome para
perto delas, o que faz com que este fique antes do verbo. Eis a lista de fatores de atração:
• palavras negativas (Ex.: Ele não se perdoa pelo ocorrido);
• advérbios (Ex.: Ontem me falaram a verdade);
• pronomes:
− indefinidos (Ex.: Alguém te dará atenção);
− interrogativos (Ex.: Quem lhe doou os cobertores?);
− relativos (Ex.: O homem que nos abordou era policial);
• conjunções subordinativas (Ex.: Ele disse que a ouviu atentamente);
• orações exclamativas ou optativas3 (Ex.: Que Jesus te acompanhe!);
• em + gerúndio (Ex.: Em se tratando de gramática, não tenho dificuldades).
3
Orações optativas são as que exprimem desejo (quando se deseja algo a alguém).
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• Todo QUE é um fator de atração. Mais tarde, você aprenderá comigo a diferenciar as
classificações dessa palavra. Por enquanto, quero que você saiba apenas que o QUE
atrai os P.O.A.
• Os advérbios também são muito cobrados em provas, mas tome um certo cuidado! Se o
advérbio estiver isolado por pontuação, ele perde o valor atrativo!
007. (CESPE/2013) Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na esfera de
temas polêmicos que atraem os holofotes da mídia.
Devido à presença do advérbio “apenas” (R.18), o pronome “se” poderia ser deslocado para
imediatamente após a forma verbal “coloca”, da seguinte forma: coloca-se.
Uma palavra só é fator de atração se estiver anteposta ao verbo. Logo, “apenas” não influencia
na colocação pronominal. Além disso, veja que, antes do verbo, há uma palavra negativa.
Errado.
Conforme eu disse, o QUE é sempre fator de atração. Não quero, agora, que você se preocupe
em identificar a função dele. Agora, preocupe-se apenas com a colocação do pronome.
Certo.
3) Há casos em que nem próclise e nem ênclise são aplicáveis. É aí que entra a mesó-
clise. Veja:
EXEMPLO
(13) Contarei uma história aos meus alunos.
Vou fazer uso do OI – que será substituído por lhes nas minhas construções seguintes.
Veja o resultado:
• Contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro – não admite ênclise).
• Lhes contarei uma história. (Errado, pois fere o primeiro princípio).
• Contar-lhes-ei uma história. (Certo).
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EXEMPLO
(14) Eu contarei uma história aos meus alunos.
• Eu contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro –não admite ênclise).
• Eu lhes contarei uma história. (Certo, conforme o segundo princípio – sujeito explícito).
• Eu contar-lhes-ei uma história. (Certo, conforme o segundo princípio – sujeito explícito).
EXEMPLO
(15) Eu não contarei uma história aos meus alunos.
• Eu não contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro –não admite ên-
clise).
• Eu não lhes contarei uma história. (Certo, pois há respeito ao fator de atração).
• Eu não contar-lhes-ei uma história. (Errado, pois desrespeita a presença do fator de atra-
ção).
Primeiramente, note que o verbo colheria está no futuro do pretérito, o que já inviabiliza a ên-
clise. No trecho apresentado, a próclise também não é possível, na medida em que há um sinal
de pontuação anteposto ao verbo. A mesóclise é a única opção válida.
Certo.
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EXEMPLO
(16) Eu vou encontrar novos caminhos.
• Eu os vou encontrar.
• Eu vou(-)os encontrar.
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• Eu vou encontrá-los.
EXEMPLO
(17) Estou construindo uma nova casa.
• A estou construindo. (Errado – princípio 1).
• Estou(-)a construindo.
• Estou construindo-a.
EXEMPLO
(18) Ele tinha imprimido o documento.
• Ele o tinha imprimido.
• Ele tinha(-)o imprimido.
• Ele tinha imprimido-o. (Errado – verbos nos particípio não aceitam ênclise).
Obs.: Segundo muitos gramáticos, o emprego do hífen quando o pronome está entre o auxi-
liar e o principal é facultativo.
Neste caso, o pronome deve ser empregado antes do auxiliar ou depois do principal. Aten-
ção: cuidado para não ferir o princípio 1. Veja exemplos:
EXEMPLO
(19) Eu não vou encontrar novos caminhos.
• Eu não os vou encontrar.
• Eu não vou encontrá-los.
EXEMPLO
(20) Já estou construindo uma nova casa.
• Já a estou construindo.
• Já estou construindo-a.
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EXEMPLO
(21) Ele nunca tinha imprimido o documento.
• Ele nunca o imprimiu.
Apossínclise
Sempre há um(a) aluno(a) para me perguntar sobre essa quarta forma de colocação pro-
nominal. Ela é encontrada em registros literários antigos – e, ainda assim, raramente. Ocorre
quando há dois fatores de atração antepostos a um verbo.
• O homem que se não respeita pode padecer.
De coração: acrescentei isso por curiosidade de alguns! Não é uma preocupação para provas.
Conforme prometi, ao fim da unidade, apresento a você outras funções sintáticas que os
pronomes oblíquos átonos podem desempenhar. São elas: adjunto adnominal, complemento
nominal e sujeito.
Adjunto adnominal (sempre haverá a semântica de posse)
• Levaram-me a mala. (= Levaram a minha mala).
• Cheirei-te os cabelos. (= Cheirei os seus cabelos).
• A fila do banco nos tirou a paciência. (= A fila do banco tirou a nossa paciência).
• Aquela garota lhe veio ao pensamento. (= Aquela garota veio ao seu pensamento).
Complemento nominal
• Suas ideias sempre me foram agradáveis. (= Suas ideias sempre foram agradáveis a
mim).
• Eu sempre te serei fiel. (= Eu sempre serei fiel a ti).
• Eles sempre nos foram próximos. (= Eles sempre foram próximos a nós).
• A falta de fé não lhe é favorável. (= A falta de fé não é favorável a ele).
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é fruto de uma estrutura morfossintática. Entenda: para dominar as vozes verbais, você deve
conhecer as estruturas gramaticais que as caracterizam. O sentido é uma mera consequência
dessa estrutura.
Para facilitar a nossa vida, criei um quadro-resumo, que será detalhado ao longo deste PDF:
EXEMPLO
(1) O carro foi levado pelos ladrões durante a madrugada.
(2) Encontrou-se uma nova evidência no local do crime.
(3) Aquele rapaz se olhava no espelho.
(4) O professor chegou atrasado.
(5) As crianças sofreram com a perda do avô.
Em (1), note a presença da locução “foi levado”. Ela indica que a frase está na voz passiva
(analítica). Em (2), além do pronome “se”, veja também que, na oração, ninguém praticou a
ação de encontrar – por isso, voz passiva (sintética). Em (3), também há o pronome “se”, toda-
via podemos identificar que alguém pratica a ação verbal de olhar: “aquele rapaz”. O pronome,
aliás, tem a função de revelar que a ação verbal foi praticada e sofrida pelo sujeito, uma vez
que “aquele rapaz” olhava a si mesmo – portanto, voz reflexiva. Agora, olhe com carinho para
as frases (4) e (5). Você está vendo alguma locução verbal? Você está vendo algum pronome
para ser classificado como apassivador ou reflexivo? NÃO, para as duas perguntas. Isso é o
suficiente para afirmar que 4 e 5 são orações na voz ativa.
Tenho certeza de que você não tem dúvidas acerca da classificação da oração (4), mas
deve estar se remoendo com a (5). “Elias, mas as crianças sofreram! Ninguém pratica a ação
de sofrer!”. Eu concordo com você, mas preciso que você tenha objetividade: as orações (4) e
(5) não possuem estrutura gramatical de voz passiva ou reflexiva, e isso deve bastar a você.
O que ocorre em (5) foi explicado na Moderna Gramática da Língua Portuguesa, de Evanildo Be-
chara. A oração (5) possui semântica de passividade, mas estrutura de voz ativa! Isso porque
a voz passiva, depende, primeiramente, de uma estrutura morfossintática.
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Detalhe: não vá pensando que, com essa explicação, você já sabe tudo sobre o assunto! Eu
te garanto que, na frase (2), o “se” é um pronome apassivador, assim como, na frase (3), o “se”
é reflexivo. Mas esse pronome não seria tão famoso se possuísse apenas duas funções, não é
mesmo? Depois das vozes verbais, falaremos das funções do SE!
A Transposição da Voz Ativa para a Passiva
Agora que você já sabe superficialmente reconhecer as vozes verbais, podemos falar acer-
ca de um assunto MUITO cobrado em qualquer prova de concurso público: a transposição da
voz ativa para a passiva. Primeiramente, preciso que você saiba que nem toda oração da nossa
língua admite isso! Veja as construções abaixo:
EXEMPLO
(6) As mulheres dominaram a sociedade.
(7) O delegado comunicou as medidas à população.
(8) As crianças gostam de palhaços.
(9) Renato Russo vivia em Brasília.
(10) Os palestrantes permaneceram calados.
Tente, em sua mente, colocar essas cinco construções na voz passiva. Acredito que você
só tenha obtido êxito nos exemplos (6) e (7). Sabe por quê? Colocar uma oração na voz passi-
va (ou apassivar uma oração) significa transformar o objeto direto em sujeito paciente.
Querido(a), a condição para que uma frase possa ir à voz passiva é que ela apresente, ini-
cialmente, um objeto direto, e só funciona com esse tipo de complemento, uma vez que ele, via
de regra, não é preposicionado. Em (6) e (7), existem objetos diretos (“a sociedade” e “a situa-
ção”). Em (8), o verbo é transitivo indireto; em (9), intransitivo; em (10), de ligação.
Agora, analise comigo como é a transposição da voz ativa (VA) para a voz passiva analí-
tica (VPA):
Note que a única parte que se preservou foi “a sociedade”. “Dominaram” passou a ser “foi
dominada”, e “as mulheres” passou a ser “pelas mulheres” (agente da passiva, que é quem
pratica a ação verbal na voz passiva). O verbo que, na voz ativa, concordava com “as mulheres”
passou a ser uma locução verbal que concorda com “a sociedade”.
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Primeiramente, perceba que “as medidas” deixou de ser objeto direto e passou a ser sujeito
paciente. “Comunicou” passou a ser “foram comunicadas”, e “o delegado” passou a ser “pelo
delegado”. Nada ocorreu com “à população”, uma vez que o objeto indireto não participa da
formação da voz passiva.
E se colocarmos os trechos acima na voz passiva sintética (VPS)? Qual será o resultado?
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• na voz passiva sintética, é preciso ter muito cuidado com a concordância (apenas em
número) entre o sujeito paciente e o verbo. Na VPS, não há agente da passiva.
4
Existe uma diferença entre identificar quem pratica a ação verbal e identificar o sujeito da oração. Identificar
quem pratica a ação verbal é completamente semântico (e nem sempre será o sujeito); identificar o sujeito da oração é
sintático (e nem sempre será quem pratica a ação verbal), pois sujeito é o termo com quem o verbo estabelece concordân-
cia.
5
Na língua portuguesa, existem os chamados “objetos diretos preposicionados”. Nesses casos, o verbo não é responsável
pela presença da preposição. Ela aparece para garantir algum efeito semântico ou para conferir ênfase. Veja:
Ex.: O aniversariante comeu do bolo (a preposição só aparece para dar a ideia de que o aniversariante comeu apenas uma
parte do bolo).
Ex.: Eu não vejo a ele desde o Natal (os pronomes oblíquos tônicos são sempre preposicionados).
Ex.: O pai ama ao filho (a preposição aparece para conferir ênfase, para garantir o entendimento de quem pratica e quem
recebe a ação de amar).
Aí vem um detalhe: essas construções não podem ser apassivadas. Portanto, uma oração como “comeu-se do bolo” possui
um índice de indeterminação do sujeito, e não uma partícula apassivadora. Veja, novamente, como a voz passiva está com-
pletamente ligada à estrutura morfossintática. A ausência de um objeto direto sem preposição impede a possibilidade de
formação da voz passiva.
Observação importante: esse assunto praticamente não aparece em provas!
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Primeiramente, note que, no texto, não há quem pratica a ação de observar. Como o verbo está
no plural, sabemos que o pronome “se” é uma partícula apassivadora. O sujeito paciente é a
expressão “as obsessões dos portugueses”. Como o núcleo do sujeito é feminino e plural, e o
verbo está no presente do indicativo, a correta transposição para a voz passiva analítica seria
são observadas as obsessões dos portugueses. “Foram observados” está no pretérito perfeito
do indicativo, e o verbo no particípio está no masculino.
Errado
No texto, a forma “é realizada” está na voz passiva analítica, e o sujeito paciente tem como
núcleo o vocábulo “avaliação”. Para transpor para a voz passiva sintética, além da presença do
pronome apassivador, é necessário observar a concordância, o tempo e o modo verbal. Ambas
as construções estão no singular e no presente do indicativo. Portanto, não haveria prejuízo à
correção gramatical.
Errado.
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A locução verbal “foram registrados” está no plural para concordar com o núcleo do sujeito “ca-
sos”. Coloque uma ideia em sua cabeça: o que é sujeito para a voz passiva analítica também
é sujeito para a voz passiva sintética! Portanto, não há motivos para que o verbo “registrou-se”
seja empregado, uma vez que está no singular. O correto seria registraram-se
Errado.
013. (CESPE/MI/2013) Os efeitos da seca espalham-se no campo e são visíveis nos incontá-
veis animais mortos por onde passam as rodovias sertanejas.
Em “espalham-se”, o termo “se” indica que o sujeito da oração é indeterminado.
Primeiramente, lembre-se de que o “se” só será índice de indeterminação do sujeito com ver-
bos no singular (o que já é suficiente para julgar o item). O verbo possui um sujeito paciente,
que é “os efeitos da seca”. O pronome é PA.
Errado.
Em I, a expressão “vários medicamentos” é sujeito paciente (uma vez que o “se” é PA). Por-
tanto, o correto seria prescreveram-se. Em contrapartida, a II está correta, pois “de doenças
graves” é um objeto indireto. O pronome é um IIS, e o verbo deve permanecer no singular.
Letra b.
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a) I.
b) II.
c) I e II.
d) nenhuma.
A forma verbal “precisa” é transitiva indireta, a expressão “de funcionário com experiência” é
o OI, e o pronome é IIS. Nesse caso, a frase está na voz ativa (só seria voz passiva se o “se”
fosse PA).
Letra b.
016. (IBFC/PGE-SP/2013) Assinale a alternativa em que a oração não está na voz passiva.
a) Necessita-se de funcionários capacitados.
b) Comentou-se o caso do sequestro.
c) O aluno foi reprovado no exame.
d) As ruas foram cercadas pela polícia.
e) Alugam-se salas.
Na letra “a”, a forma verbal “necessita” é transitiva indireta, e a expressão “de funcionários ca-
pacitados” é o objeto indireto. O pronome funciona como um índice de indeterminação do su-
jeito. Detalhe importantíssimo: quando o “se” é IIS, a oração está na voz ativa! Nas alternativas
“b” e “e”, há a voz passiva sintética. Nas alternativas “c” e “d”, voz passiva analítica.
Letra a.
Agora, estamos falando de casos em que o pronome “se” está associado a locuções verbais.
O procedimento será:
• buscar a transitividade no verbo principal;
• verificar a concordância no verbo auxiliar.
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A Voz Reflexiva
Antes de iniciarmos a terceira seção, quero fazer um comentário importante: até aqui, vi-
mos a parte da matéria que cai em 90% das questões sobre funções do SE (e esse percentual
ainda pode ser maior)! A verdade é que PA e IIS dominam as provas de concursos!
Compare comigo as seguintes orações:
EXEMPLO
(11) Vendem-se casas de praia.
(12) Não se depende de novas políticas públicas.
(13) Maria olhou-se no espelho.
(14) João se deu um carro novo.
Há algo em comum entre (11) e (12): não é possível identificar quem pratica a ação verbal.
Há algo em comum entre (13) e (14): é possível identificar quem pratica a ação verbal. Esse
é o primeiro passo que você deve dar sempre que for analisar as funções do “se”! Veja este
quadro e grave-o na sua memória:
Situação Resultado
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pessoa, mas deu a si mesmo. Estamos diante da chamada voz reflexiva , também conhecida 6
como voz medial. Nesses casos, o “se” é classificado como pronome reflexivo e pode assumir
a função de objeto direto (como ocorre em 13) ou de objeto indireto (como ocorre em 14).
018. (CESPE/CFO-BM/2011) Acorriam todos os aguadeiros com suas pipas, e também os po-
pulares, que faziam longas filas até o chafariz mais próximo, transportando de mão em mão os
baldes de água, ao mesmo tempo em que se improvisavam escadas de madeira para efetuar
salvamentos, retirando-se os moradores, antes que eles se atirassem das janelas dos sobrados.
As partículas “se” destacadas exercem a mesma função sintática em ambas as ocorrências.
Note: pela estrutura textual, não é possível identificar quem praticou a ação de retirar, mas é
possível identificar quem praticou a ação de atirar (eles = os moradores). O primeiro “se” é uma
partícula apassivadora, ao passo que o segundo é um pronome reflexivo.
Errado.
Primeiramente, é possível identificar quem pratica a ação verbal, nos dois casos. Erasmo dedi-
cou a si mesmo. Erasmo afastou a si mesmo.
Certo.
6
A voz reflexiva também pode ser praticada com outros pronomes oblíquos, tudo depende da pessoa verbal.
Ex.: Nós nos olhamos no espelho.
Ex.: Eu me dei um carro novo.
Todavia, em provas, esse assunto sempre aparece vinculado ao pronome “se”.
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É fácil dizer que o “se” não é reflexivo, pois, no texto, não é possível identificar quem pratica a
ação de registrar. O pronome é PA.
Errado.
Pronome recíproco?
Compare as seguintes construções:
• O garoto se machucou na cozinha.
• As amigas se abraçaram com carinho.
Há uma pequena diferença de sentido entre as duas construções. Na primeira, o garoto abra-
çou a si mesmo, ao passo que, na segunda, as amigas abraçaram umas às outras. A pronome
“se” pode ser chamado de reflexivo nos dois casos, mas, no segundo, é possível também atri-
buir uma outra nomenclatura: pronome recíproco ou pronome reflexivo recíproco!
EXEMPLO
(15) Kurt se matou.
(16) Kurt se suicidou.
Semanticamente, as duas construções são semelhantes, pois ambas indicam que alguém
tirou a própria vida. Todavia, gramaticalmente, as duas construções são diferentes, pois os
verbos apresentam entendimentos diferentes. O verbo “matar” significa “tirar a vida”, que pode
ser a vida de alguém ou a do próprio sujeito que pratica ação. Portanto, podemos afirmar que
a reflexividade da oração (15) é de inteira responsabilidade do pronome, pois é ele quem faz
com que a ação recaia sobre o sujeito.
Já o verbo “suicidar-se” significa “tirar a própria vida”. É inconcebível a ideia de que “alguém
suicida outra pessoa”. Isso mostra que a reflexividade não está no pronome, mas no próprio
verbo. Vou ser ainda mais explícito: na língua portuguesa, não existe o verbo “suicidar”, mas
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apenas “suicidar-se”. Ele só existe com o pronome! Por isso, o “se” é conhecido como parte
integrante do verbo, e o verbo que possui esse tipo de estrutura é conhecido como verbo
pronominal.
A parte integrante do verbo acompanha apenas verbos intransitivos ou transitivos indire-
tos. Eles podem indicar sentimentos (arrepender-se, queixar-se, lembrar-se, esquecer-se, or-
gulhar-se, alegrar-se, admirar-se) ou ações do ser que são praticadas em relação a si próprio
(suicidar-se, concentrar-se, precaver-se).
EXEMPLO
A samaritana se arrependeu dos pecados cometidos.
A aluna se concentrou antes da prova.
Pronome Expletivo
EXEMPLO
Ela se riu da situação. è Ela riu da situação.
Ele se tremeu durante o assalto. è Ele tremeu durante o assalto.
O show se acabou. è O show acabou.
Ele se foi sem dizer nada. è Ele foi sem dizer nada.
Em resumo: as formas verbais lembrar esquecer (sem o pronome) são transitivas diretas,
ao passo que lembrar-se e esquecer-se (com o pronome) são transitivas indiretas. Uma par-
tícula expletiva pode ser colocada ou retirada sem causar qualquer alteração na sentença. E,
para a nossa gramática, construções como:
• Ela lembrou do seu nome.
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Aprenda o seguinte:
• qual pronome oblíquo de terceira pessoa serve para cada tipo de complemento verbal;
• as adaptações fonéticas;
• as regras básicas de colocação pronominal (principalmente próclise);
• como mudar a voz de um verbo;
• como identificar uma partícula apassivadora.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/AGENTE ADMINISTRATI-
VO/2021) Há normas que orientam para o correto uso dos pronomes pessoais em frases e
textos. Eles podem ser usados antes, no meio ou após o verbo da oração. A este respeito, as-
sinale a alternativa correta.
a) Segue-se a norma da Ênclise quando a oração estiver na negativa. Exemplo: “Não se inco-
mode demais”.
b) Segue-se a norma da Próclise quando a oração for iniciada por verbo. Exemplo: “Cortou-se
sem querer”.
c) Segue-se a norma da Próclise quando o verbo estiver no gerúndio. Exemplo: “Correu ao seu
encontro, abraçando-o fortemente”.
d) Segue-se a norma da Mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente e não houver
palavras que exijam o uso da Próclise. Exemplo: “Encontrar-te-ei mais tarde”.
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era ouvido na sala e fazia com que todos se calassem. “Novamente aprontando alguma coisa”,
dizia o pai instantes depois, certamente olhando para a porta. Passado algum tempo, eles conti-
nuavam a trocar palavras entre si.
Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações – seja porque há
tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender –, e Gregor,
com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, res-
tava-lhes algum capital, que, se não era muito, ao menos tinha crescido nos últimos anos por
conta dos rendimentos de juros acumulados. Além disso, o dinheiro que Gregor entregava (reti-
nha apenas uma pequeníssima parte) não era gasto integralmente, e pouco a pouco ampliava o
montante economizado. De onde estava, ele aprovou, com a cabeça, o procedimento, contente
com a inesperada provisão feita pelo pai. Era verdade que aquele dinheiro poderia ter paulatina-
mente saldado a dívida que o pai tinha com seu patrão, livrando-o daquele constrangimento. Não
obstante, ele julgou que pai havia procedido corretamente.
(KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Lourival Holt Albuquerque. São Paulo: Abril, 2010, p.40-41)
Na frase “Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemen-
te na noite de Natal” (1º§), ocorrem dois pronomes. Sobre eles, é correto afirmar que:
a) possuem a mesma classificação morfológica.
b) o primeiro antecipa uma ideia inédita e o segundo a resgata.
c) ambos faz em referência a algo já dito no texto.
d) fazem referência à segunda pessoa do discurso.
e) o segundo está em posição proclítica em relação ao verbo.
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Portanto, despiciendo as opiniões e me faço prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e,
nele me tranco e jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as palavras devem ser um
instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo nada en-
tendo, por que razão deveria me fazer entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se do fluido vital, e, sem tempo para o recreio dese-
jado, com os ombros arcados pelos compromissos assumidos, tenho no plenilúnio um desejo
imarcescível de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o decesso, eu possa lá estabelecer
morada e, vivendo em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito. Na realidade. Na inilu-
dível realidade, meu recreio é uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com farta literatura
e filosofia. Nenhuma porta ou janela aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona ave-
ludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco, Malbec.
O amor? O entregar-se? Não!
Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
de rosa, matéria orgânica falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)
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ambiente de trabalho e, paralelo a isso, desenvolver uma cultura que promova a ideia de que a
prevenção de perdas seja de interesse de todos e não apenas uma responsabilidade do Departa-
mento de Segurança, como é comum em diversas organizações. [...]
O melhor e mais vantajoso de tudo isso é que podemos usar o conhecimento e experiência prá-
tica de quem realmente sabe onde estão as condições perigosas e desvios que mais ocorrem
naquele ambiente de trabalho. Geralmente, as inspeções de segurança são realizadas sem a
participação dos trabalhadores do chão de fábrica. Precisamos quebrar esse paradigma. [...]
Não será demérito para os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho (SESMT) adicionar os trabalhadores nas suas inspeções de segurança.
Para isso, será necessário capacitá-los, treiná- los e orientá-los para que sejam capazes de auxi-
liar na identificação e avaliação dos perigos. [...]
Se realizarmos inspeções com o auxílio dos próprios trabalhadores, é bem provável que as me-
didas de controle, que serão sugeridas para mitigar os riscos detectados, sejam mais coerentes
e próximas da realidade do dia a dia. Assim, o bom resultado prático virá pela união do conhe-
cimento técnico do profissional da segurança com a opinião e visão de quem realmente fica
exposto, que são os trabalhadores.
http://revistacipa.com.br/inspecoes-de-seguranca-geram-beneficios-para-empresas-e-trabalhadores/acessoem
14/11/2019 (adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à regra utilizada para a colocação pronominal destacada
no enunciado a seguir: “Para isso, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los”.
a) Ênclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
b) Mesóclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
c) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases afirmativas.
d) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases no futuro do presente.
e) Mesóclise- uso do pronome oblíquo após uma sílaba tônica.
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010. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2019)
João Cruz e Sousa (1861 - 1898), lançador do Simbolismo no Brasil, é situado, por alguns estu-
diosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três maiores simbolistas do mundo, forman-
do a “grande tríade harmoniosa”.
Além de ter uma boa apresentação física, era um homem extremamente culto e elogiado por
seus mestres. Mas nada disso, para as pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que
lhe causou sérios problemas.
Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa Catarina (seu estado na-
tal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou a ser arquivista da Central do Brasil,
cargo que lhe garantia subsistência e não valorizava sequer um décimo de sua capacidade in-
telectual. Terminou atacado pela “doença dos poetas”, a tuberculose, que matou, junto com ele,
toda sua família.
É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde transparecem a melancolia e a re-
volta, porém com versos magicamente ricos e sonoros. Arte é a palavra-chave. Arte libertária,
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ansiosa, criativa, que foge dos padrões métricos sem perder a classe e a musicalidade. Cruz e
Sousa é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da poesia brasileira. Entre suas obras estão
Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos, todos livros de poesia.
(brasilescola.uol.com.br/biografa/joao-cruz-sousa)
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O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A
sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos popula-
cionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas con-
traditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém
sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade.
Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu
com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível.
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuri-
tiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)
A oração “Vou me aposentar amanhã” tem seu sentido preservado sem transgressão à norma
padrão no que diz respeito à colocação pronominal com a seguinte reescritura:
a) Vou me aposentando amanhã.
b) Me aposentaria amanhã.
c) Me aposentava amanhã.
d) Aposentar-me-ei amanhã.
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O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade
suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com
representantes dos países afetados.
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos,
Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessi-
dade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a favor
da doença.
(Disponívelem:http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml:
Acesso em: 08/09/2014)
Na frase “Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financei-
ros. “(4º§), a construção em destaque ilustra:
a) a voz passiva analítica.
b) um caso de sujeito indeterminado.
c) a voz reflexiva.
d) uma oração sem sujeito.
e) a voz passiva sintética.
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Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
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(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)
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O pronome “se” presente em “O homem que se cuida” deve ser classificado, em função do pa-
pel que exerce como:
a) pronome apassivador.
b) parte integrante do verbo.
c) pronome reflexivo.
d) índice de indeterminação do sujeito.
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mas também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza. Os conceitos que gover-
nam nosso pensamento não são meras questões do intelecto. Eles governam também a nossa
atividade cotidiana até nos detalhes mais triviais. Eles estruturam o que percebemos, a maneira
como nos comportamos no mundo e o modo como nos relacionamos com outras pessoas. Tal
sistema conceptual desempenha, portanto, um papel central na definição de nossa realidade
cotidiana.
Para dar uma ideia de como um conceito pode ser metafórico e estruturar uma atividade co-
tidiana, comecemos pelo conceito de DISCUSSÃO e pela metáfora conceitual DISCUSSÃO É
GUERRA. Essa metáfora está presente em nossa linguagem cotidiana numa grande variedade
de expressões:
Seus argumentos são indefensáveis.
Ele atacou todos os pontos da minha argumentação.
É importante perceber que não somente falamos sobre discussão em termos de guerra. Po-
demos realmente ganhar ou perder uma discussão. Vemos as pessoas com quem discutimos
como um adversário. Atacamos suas posições e defendemos as nossas. Planejamos e usamos
estratégias. Se achamos uma posição indefensável, podemos abandoná-la e colocar-nos numa
linha de ataque. Muitas das coisas que fazemos numa discussão são parcialmente estruturadas
pelo conceito de guerra.
Esse é um exemplo do que queremos dizer quando afirmamos que um conceito metafórico es-
trutura (pelo menos parcialmente) o que fazemos quando discutimos, assim como a maneira
pela qual compreendemos o que fazemos.
(LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Texto adaptado de Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado de Letras; São
Paulo: Educ, 2002, p. 45-47.)
Texto II
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Assinale a alternativa na qual o pronome oblíquo átono esteja empregado em desacordo com
as normas gramaticais.
a) “sucediam-se as vaias e os palavrões.” (1º§).
b) “A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.” (2º§).
c) “Algo rompeu-se dentro dele” (2º§).
d) “passaram a incentivá-lo.” (2º§).
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No trecho “fala-se do seu poder de causar dependência.” (1º §), a construção em destaque cria
o seguinte efeito sintático:
a) a indeterminação do sujeito
b) a voz passiva sintética
c) a noção de reflexividade
d) o sentido de reciprocidade
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Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém
jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulhei-
ra. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transfor-
mavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se
transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem,
para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipo-
ca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles
venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa - vol-
tar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo
fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mes-
mice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor
jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca ima-
ginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimen-
tos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente,
pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo prepa-
rada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a
grande transformação acontece: PUF!!
- e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonha-
do. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã, o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição
de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para
ser de outro.
“Morre e transforma-te!” - dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri
que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhe-
cimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
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c) F, V, F.
d) V, V, F.
e) F, V, V.
De acordo com o texto e a Norma Culta da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta:
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a) No trecho “e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente”, o acento grave
é facultativo no termo destacado.
b) No trecho “Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto”, as palavras
destacadas desempenham mesma função sintática”.
c) Nos trechos “quando o último osso”, “quer pela incidência” e “um rio respingando água”, as
palavras destacadas recebem acento gráfico devido à mesma regra gramatical.
d) No trecho “Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente o que corre o risco de se per-
der para o mundo”, as palavras destacadas têm a mesma classificação morfológica.
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dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e que uma vaga mas
imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar.
(BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008)
“Todos os relacionamentos fechados se parecem”, diria Tolstói em “Anna Kariênina”. “Cada rela-
cionamento aberto é infeliz à sua maneira.”
Abrir um relacionamento pode se revelar uma tarefa mais difícil do que abrir uma embalagem de
CD. Há grandes chances de você perder um dente. E, depois de aberto, há grandes chances de
você se perguntar: “Valia a pena tudo isso? Nem gostava desse CD. Aliás, ninguém mais ouve CD”.
Há, no entanto, quem defenda que os relacionamentos, assim como as ostras, merecem que
a gente perca tempo abrindo-os — mesmo que, em ambos os casos, exista um forte risco de
intoxicação.
Uma porta pode estar aberta, encostada, entreaberta, escancarada. Na relação escancarada,
tudo é possível e nada é passível de ciúme (parece que esse fenômeno só aconteceu uma vez, e
foi nos anos 1970). Há muitas relações escancaradas que, quando você vai ver de perto, são de
fato escancaradas, mas não são relações: não se pode dizer que existe uma porta aberta porque
não há sequer porta, já que tampouco há parede.
O relacionamento entreaberto, no entanto, pode se entreabrir de mil maneiras: pode poder tudo
desde que conte tudo pro outro ou desde que o outro não fique sabendo ou desde que não seja
com amigos ou desde que seja com amigos ou desde que não se apaixone ou desde que seja
por paixão.
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Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que existe uma porta aberta” (4º§), o
emprego, em próclise, do pronome oblíquo deve-se:
a) a um uso facultativo desse registro.
b) à presença de uma palavra atrativa.
c) a uma exigência do tempo verbal.
d) a uma reprodução do discurso oral.
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Mulheres que ingerem as doses recomendadas de fibras podem ter níveis mais baixos de estro-
gênio e ovular com menos frequência do que aquelas que consomem menos fibras. É o que su-
gere uma pesquisa realizada com 250 mulheres com idade entre 18 e 44 anos, todas saudáveis
e com períodos menstruais regulares. O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical
Nutrition”.
O alto consumo de fibras, particularmente de frutas, também foi associado a um risco mais ele-
vado de ter ciclos menstruais anovulatórios --em que os ovários não liberam o óvulo. Aquelas
que relataram a taxa mais alta de consumo de fibras --22 g por dia ou mais -- tinham maior proba-
bilidade de um ciclo anovulatório em dois meses. Ataxa foi de 22%, contra 7% entre as mulheres
com consumo mais baixo de fibras.
Após terem sido feitos ajustes nos resultados para fatores que podem afetar a ovulação -- como
IMC (índice de massa corporal), níveis de atividade física e ingestão calórica -- o consumo de
fibras foi associado a um risco dez vezes mais alto de anovulação.
De acordo com o ginecologista Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e pro-
fessor da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), dieta e peso adequados na verdade têm um
efeito positivo na ovulação, e a ingestão de fibras contribui para isso.
“A mulher que come mais fibras consegue controlar melhor o peso e o colesterol, além de reduzir
o tecido adiposo, melhorando a ovulação”, afirma o médico. “Vemos que, entre mulheres que não
ovulam, melhorar a dieta aumenta a chance de isso ocorrer.”
Para ele, não é possível, com base em um único estudo, orientar as mulheres com problemas de
ovulação a não comer fibras, visto que a carência desse nutriente é um problema sério de saúde.
A oração abaixo se encontra na:
O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”.
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a) voz ativa
b) voz passiva sintética
c) voz passiva analítica
d) voz reflexiva
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No fragmento “Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,”, o empre-
go dos pronomes oblíquos em destaque:
a) retrata a variante coloquial
b) ilustra o padrão culto da língua.
c) aponta para uma preferência regional.
d) representa uma exigência da linguagem escrita.
044. (IBFC/EBSERH/ADVOGADO/2013)
As raízes do racismo
Drauzio Varella
Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o “nosso” e o “deles”. Esse é o início
de um artigo sobre racismo publicado na revista “Science”, como parte de uma seção sobre
conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hin-
dus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homos-
sexuais, corintianos e palmeirenses.
Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampa-
mento adolescentes que não se conheciam.
Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou
vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes,
dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadei-
ras e práticas esportivas.
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A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na dis-
puta de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhe-
cidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso
grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os “outros”.
Parte desse prejulgamento que fazemos “deles” é inconsciente. Você se assusta quando um
adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é
jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão
tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coli-
gações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religio-
sa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no
reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse foi
a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos
seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às so-
licitações da vida comunitária.
Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quan-
do grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar
coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevi-
vência aos descendentes dos vencedores.
A contrapartida do altruísmo em relação aos “nossos” é a crueldade dirigida contra os “outros”.
Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atu-
ais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos
preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso
e limitado.
Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas
foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranha-
mento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente
diferentes dos colonizadores brancos.
Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais
abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em
apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar
à Presidência do país.
O preconceito contra “eles” cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculi-
no os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o
nome de hipótese do guerreiro masculino.
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A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defen-
dermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a crité-
rios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
Demarcada a linha divisória entre “nós” e “eles”, discriminamos os que estão do lado de lá. Às
vezes com violência.
Considere o período e as afirmações abaixo.
Os estudantes que praticam atividades físicas sempre sentem- se mais dispostos.
I – Se a oração subordinada fosse colocada entre vírgulas, não haveria qualquer alteração
de sentido.
II – Deveria ter sido usada a próclise.
Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer
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Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ousar
exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração, ao es-
tudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)
No 6º parágrafo, tem-se a forma verbal “Multiplicar-se- ão”, na qual o pronome oblíquo encon-
tra-se em posição mesoclítica. Assinale a opção em que se ERRA, de acordo com a norma
padrão, na colocação pronominal.
a) “A agricultura se industrializa”(4º§)
b) “Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo” (5º§)
c) “Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes” (6º§)
d) “de outro, produzem-se tecnologias “ (7º§)
e) “Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como sujeito” (9º§)
É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas
no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança
ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia
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conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admi-
ração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral.
Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno)
e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso,
toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que
nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres,
quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que,
por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo nin-
guém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo
quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais
tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lin-
do”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade,
“que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for
alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que
a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve
de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obri-
gação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás,
ninguém elogia ninguém.
E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de
uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio es-
pontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma
delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique.
Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou sim-
pática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mun-
do têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo
de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas
que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e,
com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde
passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi
na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)
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“não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa,”
Para construir sua crítica, a autora utilizou, na primeira oração desse trecho, um tipo específico
de voz verbal. Sobre essa voz é correto afirmar que:
a) se trata da passiva.
b) se trata da ativa.
c) tem caráter reflexivo.
d) tem caráter recíproco.
048. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)
Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu
o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na cal-
çada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer
de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz
de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó, o co-
larinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma
surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua con-
versam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete
que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na
parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da es-
quina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Concordam
chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem
o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é no
fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de
moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e beben-
do, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o reló-
gio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e
alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço
na carteira é de outra cidade.
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Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calça-
das: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario,
pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá- lo — os bolsos vazios. Resta na mão es-
querda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A
polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas
horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o
ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito.
Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a mul-
tidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas
para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto
há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça
agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas
da chuva, que volta a cair.
Em “O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.” (14º§), considerando
as vozes do verbo, pode-se reescrever, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma:
a) O toco de vela é apagado.
b) O toco de vela apaga a si mesmo.
c) Apagam o toco de vela.
d) O toco de vela pode ser apagado.
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De acordo com a tira e com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmati-
vas abaixo e assinale a alternativa correta.
I – A partícula “se” no primeiro quadrinho é um pronome reflexivo.
II – A expressão “o horrível” no primeiro quadrinho tem função sintática de aposto.
III – Os verbos, no terceiro quadrinho, estão conjugados, predominantemente, no presente
do indicativo.
IV – A expressão “rapazes”, no terceiro quadrinho, desempenha a função de sujeito do verbo
“Ir”, conjugado na primeira pessoa do plural.
Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer.
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Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ousar
exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração, ao es-
tudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)
Nele, o autor faz um jogo de palavras para reforçar os efeitos da modernidade. Assinale a op-
ção que traz um comentário INCORRETO sobre a estrutura gramatical do trecho em análise.
a) Na primeira oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o verbo.
b) A segunda oração está na voz ativa, diferentemente da primeira.
c) O pronome “se” cumpre papel reflexivo na primeira oração.
d) Na segunda oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o objeto.
e) Os dois verbos estão flexionados no mesmo tempo verbal.
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GABARITO
1. d 37. c
2. c 38. c
3. c 39. c
4. a 40. c
5. a 41. a
6. a 42. d
7. a 43. a
8. a 44. b
9. b 45. d
10. a 46. a
11. e 47. a
12. d 48. a
13. e 49. a
14. a 50. a
15. d 51. c
16. b 52. Anulada
17. e 53. Anulada
18. b
19. c
20. c
21. d
22. c
23. c
24. b
25. c
26. c
27. d
28. a
29. b
30. c
31. e
32. a
33. b
34. b
35. c
36. e
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GABARITO COMENTADO
001. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/AGENTE ADMINISTRATI-
VO/2021) Há normas que orientam para o correto uso dos pronomes pessoais em frases e
textos. Eles podem ser usados antes, no meio ou após o verbo da oração. A este respeito, as-
sinale a alternativa correta.
a) Segue-se a norma da Ênclise quando a oração estiver na negativa. Exemplo: “Não se inco-
mode demais”.
b) Segue-se a norma da Próclise quando a oração for iniciada por verbo. Exemplo: “Cortou-se
sem querer”.
c) Segue-se a norma da Próclise quando o verbo estiver no gerúndio. Exemplo: “Correu ao seu
encontro, abraçando-o fortemente”.
d) Segue-se a norma da Mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente e não houver
palavras que exijam o uso da Próclise. Exemplo: “Encontrar-te-ei mais tarde”.
a) Errada. Não se usa ênclise em construções com o verbo no particípio. Lembre-se: após o
particípio, não se usa pronome oblíquo.
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Na frase “Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemen-
te na noite de Natal” (1º§), ocorrem dois pronomes. Sobre eles, é correto afirmar que:
a) possuem a mesma classificação morfológica.
b) o primeiro antecipa uma ideia inédita e o segundo a resgata.
c) ambos faz em referência a algo já dito no texto.
d) fazem referência à segunda pessoa do discurso.
e) o segundo está em posição proclítica em relação ao verbo.
a) Errada. Os dois pronomes são: nisso e lo. Nisso é um pronome demonstrativo formado pela
contração da preposição em + o pronome isso; lo é um pronome oblíquo.
b) Errada. Os dois pronomes fazem referência ao mesmo elemento do texto: projeto.
Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre mencionava o
projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto os pais demons-
travam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e
pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal.
c) Certa. Os dois pronomes fazem referência a projeto.
d) Errada. Os dois elementos fazem uso da terceira pessoa do discurso (ele, o projeto).
e) Errada. O segundo pronome (lo) está em posição enclítica, ou seja, após o verbo.
Letra c.
a) Errada. A mesóclise é o uso do pronome no meio do verbo quando este está no futuro do
presente ou no futuro do pretérito.
b) Certa. A próclise é o uso do pronome antes do verbo. Uma das regras obrigatórias para a
próclise é quando há conjunções subordinativas.
c) Certa. Quando a frase começar com verbo, deve-se usar a ênclise, ou seja, o pronome
após o verbo.
d) Certa. A próclise é o uso do pronome antes do verbo em frases que possuam advérbios ou
outras palavras atrativas.
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Relembrando quais são os fatores de atração na próclise: palavras negativas; advérbios; pro-
nomes relativos; pronomes indefinidos; conjunções subordinativas.
Letra a.
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A mesóclise é uma construção pouco usual e ocorre quando o pronome está no meio do verbo.
A mesóclise é obrigatória quando dois fatores são combinados:
• verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito e
• ausência de fator atrativo da próclise.
Quando há alguns dos fatores atrativos da próclise, esta prevalece sobre a mesóclise.
Letra a.
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Assinale a alternativa correta quanto à regra utilizada para a colocação pronominal destacada
no enunciado a seguir: “Para isso, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los”.
a) Ênclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
b) Mesóclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
c) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases afirmativas.
d) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases no futuro do presente.
e) Mesóclise- uso do pronome oblíquo após uma sílaba tônica.
Lembre-se que não se deve iniciar frases com pronome oblíquo. Por isso, o pronome deve ser
posposto ao verbo, caracterizando uma ênclise.
Obs.: Se o verbo do início da oração estiver no futuro (do presente ou do pretérito), prevale-
cerá a mesóclise.
Letra a.
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A próclise é o uso do pronome a antes do verbo. Em alguns casos, temos os chamados “fa-
tores de atração”, que tornam o uso da próclise obrigatória. Palavras negativas, como nunca,
nada, não, são exemplos de fatores que atraem o pronome para antes do verbo.
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Lembre-se:
• próclise: ocorre antes do verbo
• mesóclise: ocorre no meio do verbo
• ênclise: ocorre após o verbo
Letra b.
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010. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2019)
João Cruz e Sousa (1861 - 1898), lançador do Simbolismo no Brasil, é situado, por alguns estu-
diosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três maiores simbolistas do mundo, forman-
do a “grande tríade harmoniosa”.
Além de ter uma boa apresentação física, era um homem extremamente culto e elogiado por
seus mestres. Mas nada disso, para as pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que
lhe causou sérios problemas.
Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa Catarina (seu estado na-
tal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou a ser arquivista da Central do Brasil,
cargo que lhe garantia subsistência e não valorizava sequer um décimo de sua capacidade in-
telectual. Terminou atacado pela “doença dos poetas”, a tuberculose, que matou, junto com ele,
toda sua família.
É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde transparecem a melancolia e a re-
volta, porém com versos magicamente ricos e sonoros. Arte é a palavra-chave. Arte libertária,
ansiosa, criativa, que foge dos padrões métricos sem perder a classe e a musicalidade. Cruz e
Sousa é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da poesia brasileira. Entre suas obras estão
Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos, todos livros de poesia.
(brasilescola.uol.com.br/biografa/joao-cruz-sousa)
Não é permitido iniciar frases com pronomes; por isso, deve-se usar a ênclise.
Lembre-se: se o verbo estiver no futuro do presente ou do pretérito, a mesóclise prevalece so-
bre a ênclise.
Letra a.
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que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, na era heroica do automobilismo, ao
lado do piloto ia mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...]
Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam aos carros, trabalhavam com
qualquer tipo de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. [...] Desnecessário dizer,
assim, que desde que os carros vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último parafuso”
perdeu vigência.
Houve um momento, neste último meio século, em que a humanidade deixou de saber como
funcionavam as máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, sabem apenas alguns
engenheiros dos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes empresas,
mas o cidadão comum, por mais hábil e entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia
usamos os artefatos tal como as damas de antigamente usavam os automóveis: como “caixas-
-pretas”, com um Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o motor), na mais completa
ignorância do que acontece entre esses dois polos.
O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido a máquina de maior complexidade até
onde chegou o saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes do grande salto, quando
ainda se desmontavam carros e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia com ten-
tativas patéticas de seguir o rastro do progresso. [...]
Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se assusta por não saber o que acontece
dentro do mais simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. [...]
O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A
sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos popula-
cionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas con-
traditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém
sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade.
Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu
com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível.
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuri-
tiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)
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A oração “Vou me aposentar amanhã” tem seu sentido preservado sem transgressão à norma
padrão no que diz respeito à colocação pronominal com a seguinte reescritura:
a) Vou me aposentando amanhã.
b) Me aposentaria amanhã.
c) Me aposentava amanhã.
d) Aposentar-me-ei amanhã.
A mesóclise é pouco usual no dia a dia. Ela só é obrigatória quando há a combinação de dois
requisitos:
1º) o verbo precisa estar no futuro do presente ou do pretérito e iniciar a oração
e
2º) não pode haver fator de atração da próclise.
Letra d.
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A próclise ocorre quando o pronome vem antes do verbo. Na maioria dos casos, é possível
usar a próclise. Ela é proibida em dois casos:
• não é permitido iniciar frases com pronomes oblíquos;
• não se deve usar a próclise quando o verbo aparecer no início da oração ou quando hou-
ver uma pausa antes dele (marcada por um sinal de pontuação, por exemplo).
Em alguns casos, a próclise é obrigatória. Relembrando quais são os casos:
• palavras negativas;
• advérbios;
• pronome relativos;
• pronomes indefinidos;
• conjunções subordinativas.
Letra e.
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a) Errada. O correto seria: “Esqueci-me de te contar que o vi na rua”. O pronome relativo que
funciona como fator de atração na colocação pronominal.
b) Errada. Nunca e não sãos palavras negativas e funcionam como fatores de atração da pró-
clise. O correto seria: “Nunca se pode falar mal de quem não se conhece.”.
c) Errada. Não existe a construção se-refere. Não existe hífen na próclise.
d) Certa. O pronome está na posição correta, já que ele não poderia iniciar a oração.
Letra d.
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A reciprocidade está presente na voz reflexiva, que ocorre quando o sujeito é agente e paciente
da ação praticada.
Letra b.
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A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a neces-
sidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a
favor da doença.
(Disponívelem:http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml:
Acesso em: 08/09/2014)
Na frase “Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financei-
ros. “(4º§), a construção em destaque ilustra:
a) a voz passiva analítica.
b) um caso de sujeito indeterminado.
c) a voz reflexiva.
d) uma oração sem sujeito.
e) a voz passiva sintética.
“Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros.”
No caso, o verbo explicar não pede preposição, sendo, portanto, verbo transitivo direto. Quan-
do temos VTD + se, este é considerado partícula apassivadora, caracterizando a voz passiva
sintética.
Letra e.
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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana
I – O pronome oblíquo os faz referência a sentimentos a fim de evitar a repetição de uma mes-
ma palavra na frase.
II – O para indica finalidade.
III – O nele faz referência a quarto.
IV – Verbos pronominais são aqueles acompanhados por pronome oblíquo.
Letra b.
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O pronome “se” presente em “O homem que se cuida” deve ser classificado, em função do pa-
pel que exerce como:
a) pronome apassivador.
b) parte integrante do verbo.
c) pronome reflexivo.
d) índice de indeterminação do sujeito.
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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
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Lembre-se: palavras que indicam negação funcionam como fator de atração da próclise.
Letra d.
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a) Certa. O não funciona como fator de atração na colocação pronominal, puxando para perto
de si o pronome te.
b) Certa. Agora, por ser advérbio, também é fator de atração da próclise.
c) Errada. O pronome relativo que funciona como fator de atração. O correto seria: “Eu vi a me-
nina que se apaixonou por mim na juventude.”
d) Certa. Muitos é um pronome indefinido, funcionando também como fator de atração
da próclise.
Letra c.
I – Errado. O certo seria: “(...) nunca o encontrei tão preocupado!”. A palavra nunca é fator de
atração da próclise.
II – Certo. A vírgula separa um vocativo; o ponto de exclamação marca a frase exclamativa e
indica uma surpresa de quem fala.
Letra c.
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Texto II
Obs.: Se o verbo do início da oração estiver no futuro (do presente ou do pretérito), prevale-
cerá a mesóclise.
Letra b.
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De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruzado devastador, Raul
ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A
menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma pu-
nhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do
ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o
público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma
verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de
golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regula-
mentar e proclamou Raul o vencedor.
Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta
a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a
história era o derrotado. Ai, Deus.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)
Assinale a alternativa na qual o pronome oblíquo átono esteja empregado em desacordo com
as normas gramaticais.
a) “sucediam-se as vaias e os palavrões.” (1º§).
b) “A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.” (2º§).
c) “Algo rompeu-se dentro dele” (2º§).
d) “passaram a incentivá-lo.” (2º§).
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de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso
sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte,
ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o
tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos.
Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se
curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)
a) O gabarito da banca foi a letra d, mas vale uma observação sobre a letra a. Temos, aqui, um
caso de objeto direto pleonástico, ou seja, é uma repetição do objeto direto a fim de intensificá-
-lo. Geralmente, em casos assim, o objeto direto aparece no início da frase (o aluno) e é repetido
após o verbo por meio de um pronome oblíquo átono (o). O objeto pleonástico funciona como
um recurso estilístico. No entanto, entre as opções a e d, a banca colocou como gabarito a d.
b) O nunca funciona como fator de atração. O correto seria: “Nunca se esqueça de mim”.
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c) O pronome relativo que funciona como fator de atração. O correto seria: “Naquela escola em
que me formei passei bons momentos”.
d) Não há erro no uso da próclise. No entanto, vale destacar que não é um caso de próclise
obrigatória.
Letra d.
No trecho “fala-se do seu poder de causar dependência.” (1º §), a construção em destaque cria
o seguinte efeito sintático:
a) a indeterminação do sujeito
b) a voz passiva sintética
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c) a noção de reflexividade
d) o sentido de reciprocidade
O índice de indeterminação do sujeito serve para indeterminar o sujeito. Ocorre nas seguintes
situações: VTI, VI,VL,VTD + objeto direto preposicionado. Além disso, o verbo dever ser empre-
gado na terceira pessoa do singular.
Letra a.
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Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano:
que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos
meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me
livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem
competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém
que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá- las numa panela sobre o fogo, esperando que
assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém ja-
mais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulhei-
ra. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transfor-
mavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se
transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem,
para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipo-
ca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles
venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa - vol-
tar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo
fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mes-
mice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor
jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca ima-
ginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimen-
tos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente,
pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo prepa-
rada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a
grande transformação acontece: PUF!!
- e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonha-
do. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
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Na simbologia cristã, o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição
de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para
ser de outro.
“Morre e transforma-te!” - dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri
que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é pala-
vra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento
da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos
e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma expli-
cação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar.
Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder metafórico
dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham
que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo
são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida intei-
ra. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado
o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu
destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a
vida é uma grande brincadeira...
“Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamen-
te isso que aconteceu”.
Assinale a alternativa que indica outra forma correta de se reescrever o período abaixo:
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.
a) Me lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella
b) Lembrei, então, a lição que aprendi com a Mãe Stella
c) Lembrei-me, então, lição que aprendi com a Mãe Stella.
d) Lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.
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local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos. E ninguém
pode sair. Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa te-
mer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do
grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa,
olhando melancolicamente para a rua. [...]
Luis Fernando Veríssimo
I – Narrador onisciente é aquele narrador que possuir uma visão completa sobre as informa-
ções de uma narrativa. Geralmente, é usado na terceira pessoa.
II – Voz passiva + cercada (verbo no particípio)
III – de fato, o título do texto, por ser “segurança”, está associado à proteção, mas, ao ler o tex-
to, é notória a refutação do título.
Letra e.
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O único trabalho de La Loba é o de recolher ossos. Sabe-se que ela recolhe e conserva espe-
cialmente o que corre o risco de se perder para o mundo. Sua caverna é cheia dos ossos de
todos os tipos de criaturas do deserto: o veado, a cascavel, o corvo. Dizem, porém, que sua
especialidade reside nos lobos.
Ela se arrasta sorrateira e esquadrinha as montanhas (...), leitos secos de rios, à procura de os-
sos de lobos e, quando consegue reunir um esqueleto inteiro, quando o último osso está no lugar
e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente, ela senta junto ao fogo e pensa
na canção que irá cantar.
Quando se decide, ela se levanta e aproxima-se da criatura, ergue seus braços sobre o esqueleto
e começa a cantar. É aí que os ossos das costelas e das pernas do lobo começam a se forrar de
carne, e que a criatura começa a se cobrir de pelos. La Loba canta um pouco mais, e uma pro-
porção maior da criatura ganha vida. Seu rabo forma uma curva para cima, forte e desgrenhado.
La Loba canta mais, e a criatura-lobo começa a respirar. E La Loba ainda canta, com tanta inten-
sidade que o chão do deserto estremece, e enquanto canta, o lobo abre os olhos, dá um salto e
sai correndo pelo desfiladeiro.
Em algum ponto da corrida, quer pela velocidade, por atravessar um rio respingando água, quer
pela incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é transformado
numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.
Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto, por volta do pôr-do-sol, e quem
sabe esteja um pouco perdido, cansado, sem dúvida você tem sorte, porque La Loba pode sim-
patizar com você e lhe ensinar algo — algo da alma.
(Fonte: ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Mitos e histórias do arquétipo da mulher
selvagem. Tradução Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994, pg. 43-44.)
De acordo com o texto e a Norma Culta da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta:
a) No trecho “e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente”, o acento grave
é facultativo no termo destacado.
b) No trecho “Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto”, as palavras
destacadas desempenham mesma função sintática”.
c) Nos trechos “quando o último osso”, “quer pela incidência” e “um rio respingando água”, as
palavras destacadas recebem acento gráfico devido à mesma regra gramatical.
d) No trecho “Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente o que corre o risco de se per-
der para o mundo”, as palavras destacadas têm a mesma classificação morfológica.
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I – Não há fator de atração obrigando a ocorrência próclise. Por isso, é possível a construção
ser feita com ênclise ou próclise.
II – Há uma vírgula indicando uma pause no meio da frase, obrigado que seja usada a ênclise.
III – Não se inicia orações com pronomes oblíquos átonos.
IV – Tudo é fator de atração da próclise.
Letra b.
“Todos os relacionamentos fechados se parecem”, diria Tolstói em “Anna Kariênina”. “Cada rela-
cionamento aberto é infeliz à sua maneira.”
Abrir um relacionamento pode se revelar uma tarefa mais difícil do que abrir uma embalagem de
CD. Há grandes chances de você perder um dente. E, depois de aberto, há grandes chances de
você se perguntar: “Valia a pena tudo isso? Nem gostava desse CD. Aliás, ninguém mais ouve CD”.
Há, no entanto, quem defenda que os relacionamentos, assim como as ostras, merecem que
a gente perca tempo abrindo-os — mesmo que, em ambos os casos, exista um forte risco de
intoxicação.
Uma porta pode estar aberta, encostada, entreaberta, escancarada. Na relação escancarada,
tudo é possível e nada é passível de ciúme (parece que esse fenômeno só aconteceu uma vez, e
foi nos anos 1970). Há muitas relações escancaradas que, quando você vai ver de perto, são de
fato escancaradas, mas não são relações: não se pode dizer que existe uma porta aberta porque
não há sequer porta, já que tampouco há parede.
O relacionamento entreaberto, no entanto, pode se entreabrir de mil maneiras: pode poder tudo
desde que conte tudo pro outro ou desde que o outro não fique sabendo ou desde que não seja
com amigos ou desde que seja com amigos ou desde que não se apaixone ou desde que seja
por paixão.
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Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que existe uma porta aberta” (4º§), o
emprego, em próclise, do pronome oblíquo deve-se:
a) a um uso facultativo desse registro.
b) à presença de uma palavra atrativa.
c) a uma exigência do tempo verbal.
d) a uma reprodução do discurso oral.
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I – Errado. O não é fator de atração. O correto seria: Não lhe faça mal algum.
II – Certo. É um caso de mesóclise. A mesóclise ocorre quando verbos no futuro do presente
ou do pretérito estão no início da oração.
III – Errado. Como há um verbo no futuro do presente iniciando a oração, a mesóclise é obriga-
tória. O correto seria: Dar-te-ei um beijo prolongado.
Letra c.
I – Certo. Deveria ter sido usada a próclise. O não é um fator de atração da próclise. O correto
seria: não se obedeceu (...).
II – Errado. O se é índice de indeterminação do sujeito. O verbo deve permanecer na terceira
pessoa do singular.
III – Certo. Há um erro de regência verbal. Obedecer é verbo transitivo indireto e pede preposi-
ção (obedecer a).
Letra e.
Mulheres que ingerem as doses recomendadas de fibras podem ter níveis mais baixos de
estrogênio e ovular com menos frequência do que aquelas que consomem menos fibras. É o
que sugere uma pesquisa realizada com 250 mulheres com idade entre 18 e 44 anos, todas
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saudáveis e com períodos menstruais regulares. O trabalho foi publicado no “American Jour-
nal of Clinical Nutrition”.
O alto consumo de fibras, particularmente de frutas, também foi associado a um risco mais
elevado de ter ciclos menstruais anovulatórios --em que os ovários não liberam o óvulo.
Aquelas que relataram a taxa mais alta de consumo de fibras --22 g por dia ou mais -- tinham
maior probabilidade de um ciclo anovulatório em dois meses. Ataxa foi de 22%, contra 7%
entre as mulheres com consumo mais baixo de fibras.
Após terem sido feitos ajustes nos resultados para fatores que podem afetar a ovulação --
como IMC (índice de massa corporal), níveis de atividade física e ingestão calórica -- o con-
sumo de fibras foi associado a um risco dez vezes mais alto de anovulação.
De acordo com o ginecologista Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e
professor da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), dieta e peso adequados na verdade
têm um efeito positivo na ovulação, e a ingestão de fibras contribui para isso.
“A mulher que come mais fibras consegue controlar melhor o peso e o colesterol, além de re-
duzir o tecido adiposo, melhorando a ovulação”, afirma o médico. “Vemos que, entre mulheres
que não ovulam, melhorar a dieta aumenta a chance de isso ocorrer.”
Para ele, não é possível, com base em um único estudo, orientar as mulheres com proble-
mas de ovulação a não comer fibras, visto que a carência desse nutriente é um problema
sério de saúde.
A oração abaixo se encontra na:
O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”.
a) voz ativa
b) voz passiva sintética
c) voz passiva analítica
d) voz reflexiva
Na voz passiva, o sujeito é objeto da ação verbal. Há a voz passiva sintética e analítica. Na
sintética, temos um verbo transitivo direto se juntando a um se (partícula apassivadora); na
analítica, temos os verbos ser ou estar se juntando a um verbo no particípio.
“O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition.”
Verbo auxiliar: foi
Verbo principal (no particípio): publicado
Letra c.
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I – O sujeito é o lixão.
II – O correto seria tirá-lo.
III – Correto. O que exerce papel de conjunção integrante.
IV – Não há conjunções; logo, as orações são coordenadas assindéticas (sem conectivo).
Letra c.
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a) Errada, uma vez que, não havendo palavra atrativa, o correto deveria ser “expressa-se”.
b) Certa, já que se trata de um emprego facultativo do pronome antes do verbo.
c) Certa, uma vez que o pronome relativo representa um fator proclítico.
d) Errada, já que, em função da flexão verbal, o pronome deveria estar em mesóclise.
Relembrando quais são os fatores de atração da próclise: palavras negativas; advérbios; pro-
nomes relativos; pronomes indefinidos; conjunções subordinativas.
Letra c.
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Nota-se uma ambiguidade oriunda do emprego incomum da forma passiva sintética. Desse
modo, NÃO entendendo a construção como passiva, o leitor compreenderia a passagem da
seguinte forma:
a) A alma tem suas dores, e para que cure a si mesma necessita de projetos e afetos
b) A alma tem suas dores, e para que seja curada necessita de projetos e afetos.
c) A alma tem suas dores, e para que se sinta curada necessita de projetos e afetos
d) A alma tem suas dores, e para que a curem necessita de projetos e afetos.
e) A alma tem suas dores, e para que busque a cura necessita de projetos e afetos.
a) Errada. O pronome pessoal do caso reto eu exercer função de sujeito. O correto seria: Estas
atividades são para eu fazer.
b) Errada. O pronome oblíquo tônico mim não exerce função de sujeito e vem acompanhado de
preposição. O correto seria: Estes trabalhos chegaram para mim.
c) Errada. O pronome oblíquo tônico mim vem acompanhado de preposição. O correto seria:
Para mim, a prova estava muito fácil.
d) Certa. Para mim, a lição deverá demorar um pouco mais.
Letra d.
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horror, vai se assustar, se for um filme com o Silvester Stallone, vai ter soco etc. Quer dizer: você
entra no cinema preparado. Mas você nunca dorme sabendo o que vai sonhar.
(Luís Fernando Veríssimo, fragmento)
No fragmento “Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,”, o empre-
go dos pronomes oblíquos em destaque:
a) retrata a variante coloquial
b) ilustra o padrão culto da língua.
c) aponta para uma preferência regional.
d) representa uma exigência da linguagem escrita.
É uma questão polêmica, mas que merece ser comentada: a banca IBFC entendia (e veja que
coloquei no passado, porque isso aconteceu de 2016 para trás) que, por não haver fator de
atração, a ênclise passa a ser preferencial. No português de Portugal, de fato, isso é verdade,
mas estamos falando de português do Brasil. Veremos raciocínio semelhante em duas ques-
tões posteriores.
Letra a.
044. (IBFC/EBSERH/ADVOGADO/2013)
As raízes do racismo
Drauzio Varella
Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o “nosso” e o “deles”. Esse é o início
de um artigo sobre racismo publicado na revista “Science”, como parte de uma seção sobre
conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hin-
dus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homos-
sexuais, corintianos e palmeirenses.
Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampa-
mento adolescentes que não se conheciam.
Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou
vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes,
dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadei-
ras e práticas esportivas.
A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na dis-
puta de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhe-
cidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso
grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os “outros”.
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Parte desse prejulgamento que fazemos “deles” é inconsciente. Você se assusta quando um
adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é
jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão
tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coli-
gações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religio-
sa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no
reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse foi
a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos
seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às so-
licitações da vida comunitária.
Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quan-
do grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar
coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevi-
vência aos descendentes dos vencedores.
A contrapartida do altruísmo em relação aos “nossos” é a crueldade dirigida contra os “outros”.
Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atu-
ais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos
preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso
e limitado.
Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas
foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranha-
mento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente
diferentes dos colonizadores brancos.
Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais
abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em
apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar
à Presidência do país.
O preconceito contra “eles” cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculi-
no os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o
nome de hipótese do guerreiro masculino.
A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defen-
dermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a crité-
rios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
Demarcada a linha divisória entre “nós” e “eles”, discriminamos os que estão do lado de lá. Às
vezes com violência.
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I – Sem vírgulas, temos uma oração subordinada adjetiva restritiva, em que os estudantes
mencionados são apenas os que praticam atividades físicas. Ao colocar vírgulas, a oração se
torna adjetiva explicativa, em que se considera que todos os estudantes praticam atividade
física. Portanto, embora as duas formas, com ou sem vírgulas, estejam gramaticalmente cor-
retas, o sentido é diferente.
II – O advérbio sempre funciona como fator de atração da próclise.
Letra b.
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d) Errada. O verbo está no futuro do presente e está iniciando a frase; portanto, é um caso de
mesóclise obrigatória. O correto seria: Matá-lo-ei.
Letra d.
Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer
Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana
comprime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominante-
mente em compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
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No 6º parágrafo, tem-se a forma verbal “Multiplicar-se- ão”, na qual o pronome oblíquo encon-
tra-se em posição mesoclítica. Assinale a opção em que se ERRA, de acordo com a norma
padrão, na colocação pronominal.
a) “A agricultura se industrializa”(4º§)
b) “Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo” (5º§)
c) “Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes” (6º§)
d) “de outro, produzem-se tecnologias “ (7º§)
e) “Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como sujeito” (9º§)
Você se lembra do comentário da questão 43? A banca considerou o uso da próclise errado
neste possivelmente por não haver fator de atração. No entanto, o uso da próclise, quando não
há fator de atração, não é errado. Além disso, a banca se contradiz na letra E, ao entender que
a próclise foi usada corretamente, já que pronomes pessoais do caso reto não são fatores de
atração (nem aqui, nem em Portugal). IBFC, estamos de olho!
Letra a.
É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas
no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança
ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia
conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admi-
ração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral.
Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno)
e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso,
toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que
nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres,
quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que,
por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo nin-
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guém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo
quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais
tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lin-
do”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade,
“que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for
alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que
a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve
de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obri-
gação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás,
ninguém elogia ninguém.
E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de
uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio es-
pontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma
delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique.
Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou sim-
pática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mun-
do têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo
de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas
que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e,
com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde
passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi
na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)
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Transposição das vozes: “que ele tem o nariz torto não é dito a ninguém.
Letra a.
048. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)
Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, dimi-
nuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer
de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O ra-
paz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó,
o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de
espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua con-
versam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete
que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva
na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da
esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Con-
cordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os
sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é
no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame
de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e be-
bendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o
relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos
e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O en-
dereço na carteira é de outra cidade.
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as cal-
çadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de
Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá- lo — os bolsos vazios. Resta na mão
esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabone-
te. A polícia decide chamar o rabecão.
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A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas
horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o
ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito.
Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a mul-
tidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas
para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto
há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça
agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas
da chuva, que volta a cair.
Em “O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.” (14º§), considerando
as vozes do verbo, pode-se reescrever, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma:
a) O toco de vela é apagado.
b) O toco de vela apaga a si mesmo.
c) Apagam o toco de vela.
d) O toco de vela pode ser apagado.
A frase ““O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva” está na voz passiva sintética.
A frase “O toco de vela é apagado” está na voz passiva analítica, formada pelo verbo é + apa-
gado (verbo no particípio).
Letra a.
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d) Como não fator de atração da próclise, a banca considera errado seu uso, devendo-se optar
pela ênclise
Letra a.
De acordo com a tira e com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmati-
vas abaixo e assinale a alternativa correta.
I – A partícula “se” no primeiro quadrinho é um pronome reflexivo.
II – A expressão “o horrível” no primeiro quadrinho tem função sintática de aposto.
III – Os verbos, no terceiro quadrinho, estão conjugados, predominantemente, no presente
do indicativo.
IV – A expressão “rapazes”, no terceiro quadrinho, desempenha a função de sujeito do verbo
“Ir”, conjugado na primeira pessoa do plural.
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Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mer-
cantilismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do
Oriente; no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer.
Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ou-
sar exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração,
ao estudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)
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Nele, o autor faz um jogo de palavras para reforçar os efeitos da modernidade. Assinale a op-
ção que traz um comentário INCORRETO sobre a estrutura gramatical do trecho em análise.
a) Na primeira oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o verbo.
b) A segunda oração está na voz ativa, diferentemente da primeira.
c) O pronome “se” cumpre papel reflexivo na primeira oração.
d) Na segunda oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o objeto.
e) Os dois verbos estão flexionados no mesmo tempo verbal.
O se não faz papel reflexivo na oração, pois não há ideia de reciprocidade. A oração está na voz
passiva sintética (VTD + se).
Fazendo a transposição das vozes, temos: “a agricultura é industrializada” ( verbo é + industria-
lizada no particípio)
Letra c.
a) pronome reflexivo.
b) pronome reflexivo.
c) Voz passiva: VTD + partícula se
d) Índice de indeterminação do sujeito.
Provavelmente, a banca fez o enunciado errado e queria, na verdade, a opção que estava na
voz passiva sintética.
Anulada.
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