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GRAMÁTICA

Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e


Funções do SE

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Sumário
Pronomes Oblíquos, Vozes Verbais e Funções do SE. ..................................................................................3
1. Pronomes Oblíquos e Colocação Pronominal..............................................................................................3
1.1. Pronomes Pessoais.. ................................................................................................................................................4
1.2. Como Funcionam os Pronomes Oblíquos Átonos?................................................................................5
1.3. Colocação Pronominal...........................................................................................................................................8
2. Vozes Verbais e Funções do SE. . ........................................................................................................................15
2.1. As Vozes Verbais.. ...................................................................................................................................................15
2.2. Outras Funções do SE.. .......................................................................................................................................25
Questões de Concurso................................................................................................................................................ 28
Gabarito...............................................................................................................................................................................70
Gabarito Comentado.....................................................................................................................................................71

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PRONOMES OBLÍQUOS, VOZES VERBAIS E FUNÇÕES DO SE


Olá, querido(a) amigo(a)! Como andam os seus estudos de língua portuguesa? Estamos,
a cada dia, avançando mais em nosso idioma, de uma forma lógica e objetiva. Agora, quero
abordar com você alguns assuntos que possuem íntima conexão com o que já vimos nos PDFs
anteriores. Falaremos sobre pronomes oblíquos, vozes verbais e funções do SE.
Vamos fazer a nossa engenharia reversa:
• pronomes oblíquos: substituição de complementos verbais por pronomes e colocação
pronominal (os casos mais fáceis);
• vozes e SE: 5 questões – transposição de vozes e prioridade para a concordância com
a partícula apassivadora.

Vamos juntos?

1. Pronomes Oblíquos e Colocação Pronominal


Analise comigo o seguinte exemplo:

EXEMPLO
(1) O professor está feliz! O professor tem alunos dedicados!

A sentença acima é perfeitamente compreensível para qualquer pessoa (até demais)! Note
que o professor que está feliz é o mesmo que tem alunos dedicados. Todavia, você há de con-
vir comigo que é uma construção linguisticamente pobre, uma vez que apresenta um mesmo
vocábulo duas vezes. Esse é um mecanismo chamado de coesão por repetição. Consiste em
repetir uma mesma palavra para formar a malha textual. Vale aqui um aviso importante: repetir
palavras não é um erro gramatical, mas é um recurso que, quando adotado desnecessária ou
abusivamente, torna o texto paupérrimo.
Sei que você já está pensando em inúmeras formas de escrever o texto acima. Quero te
apresentar uma possibilidade:

EXEMPLO
(2) O professor está feliz! Ele tem alunos dedicados!

Em vez de repetir uma mesma palavra, optei por usar um pronome substantivo. A coesão
foi estabelecida, mas com vocábulos diferentes. Preciso que você relembre o que é um prono-
me, assunto visto no PDF 1.
Agora, veja comigo essa outra construção:

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EXEMPLO
(3) O professor estava em reunião. A diretora chamou o professor.

Mais uma vez, fiz uso da repetição de palavras na construção do texto. Como você já sabe,
o pronome é uma possibilidade que pode resolver essa questão. Mas o que você acha desta?

EXEMPLO
(4) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou ele.*

Sei que essa é uma forma comumente falada em nosso cotidiano. Ela não é, entretanto,
aceita pela norma culta. Meu objetivo não é (e nunca será) mudar o jeito como você fala, mas
te ensinar os padrões previstos para a língua escrita, a fim de que você seja mais assertivo em
provas e redija melhor. Conforme a tradição gramatical, o correto seria:

EXEMPLO
(5) O professor estava em uma reunião. A diretora chamou-o.

Agora, você me questiona: “professor, mas como saberei qual pronome usar? E esse prono-
me pode ficar antes do verbo também?” Fique tranquilo(a)! É isso que estudaremos neste PDF!

1.1. Pronomes Pessoais


Você se lembra que, no PDF 2, eu apresentei as pessoas do discurso? Existem, na nossa
gramática, pronomes responsáveis por designar cada uma delas. Esses são os chamados
pronomes pessoais. Eles são assim divididos:

Pronomes pessoais

Pessoas do Do caso oblíquo


Do caso reto
discurso Átonos (P.O.A.) Tônicos (P.O.T.)

1ª p. do singular Eu me a mim, comigo

2ª p. do singular Tu te a ti, contigo

3ª p. do singular Ele o, a, lhe, se a ele, a ela, a si, consigo

1ª p. do plural Nós nos a nós, conosco

2ª p. do plural Vós vos a vós, convosco

3ª p. do plural Eles os, as, lhes, se a eles, a elas, a sim, consigo

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Para você entender bem o que esses pronomes fazem, precisamos voltar um pouco no
tempo e falar sobre o latim. Nessa língua, as funções sintáticas eram chamadas de casos.
Como o português é uma língua derivada do latim, alguns resquícios ficaram na gramática. Em
outras palavras, os pronomes que são classificados em casos já possuem funções sintáticas
predefinidas! Os pronomes pessoais do caso reto, por exemplo, são usados em posição de
sujeito. Já os pronomes pessoais do caso oblíquo, em geral, ocupam a posição de comple-
mentos! Isso explica o que ocorre nos exemplos que já foram aqui apresentados. Em (2), o
pronome “ele” ficou adequado porque desempenhava a função de sujeito, mas não ficou bom
em (4) porque estava em função de objeto direto. Por isso, em (5), fiz uso de um pronome oblí-
quo átono de 3ª pessoa do singular (“o”) para corrigir o texto. Aqui, algumas perguntas surgem:
ALUNO(A): Professor, mas pronomes como ele, ela, nós, vós, eles e elas aparecem tanto
nos pessoais do caso reto como nos pessoais do caso oblíquo tônico. Como vou diferenciá-los?
ELIAS: Não sei se você percebeu, mas os pronomes oblíquos tônicos são sempre dotados
de preposição! Essa é a diferença! Nem sempre será a preposição “a”, mas sempre haverá uma
preposição!
ALUNO(A): Professor, os pronomes oblíquos só desempenham a função de comple-
mento verbal?
ELIAS: Não. Eles podem também desempenhar outras funções sintáticas, mas isso é pou-
co cobrado em provas.
ALUNO(A): Elias, então o que cai muito em provas?
ELIAS: Os pronomes oblíquos átonos, principalmente os de 3ª pessoa, desempenhando a
função de complementos verbais (OD ou OI). Eu vou te apresentar outras funções dos prono-
mes, mas só ao final do PDF – e de maneira breve! Lembre-se: o seu objetivo aqui é aprender
a resolver questões de gramática! Logo, atacaremos aquilo que é mais frequente em provas!

1.2. Como Funcionam os Pronomes Oblíquos Átonos?


Amigo(a), vou, em um quadro simples, apresentar a você como se distribuem os P.O.A. nas
funções de complemento verbal:

Funções sintáticas dos P.O.A.

me, te, nos, vos (1ª e 2ª p.v.) OD ou OI

o, a, os, as (3ª p.v.) OD

lhe, lhes (3ª p.v.) OI

se (3ª p.v.) estudaremos neste PDF

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Os pronomes de primeira e segunda pessoas verbais desempenham tanto a função de


objeto direto quanto a de objeto indireto. Isso, claro, vai depender do verbo a que se ligam. Veja
os exemplos:

EXEMPLO
(6) Ela te encontrou na reunião.
(7) Ela te disse a verdade.

Em (6), o pronome “te” desempenha a função de OD porque quem encontra, encontra al-
guém. Em (7), o mesmo pronome é OI, uma vez que quem diz, diz algo (a verdade = OD) a al-
guém (te = OI). Vamos garantir o entendimento por meio de mais um par de orações:

EXEMPLO
(8) Ela nos viu durante o evento.
(9) Ela nos deu aquele lindo presente.

A situação é semelhante, mas agora com um pronome de primeira pessoa do plural. Em


(8), quem vê, vê alguém (por isso o pronome é OD). Já em (9), quem dá, dá algo a alguém (por
isso o pronome é OI).
Agora, eu vou ser muito sincero com você: são raras as questões de prova que abordam
pronomes oblíquos átonos de primeira ou de segunda pessoas. O grande foco dos examina-
dores são os pronomes de terceira pessoa. Isso ocorre por dois motivos: a) são mais trabalho-
sos; e b) aparecem mais nos textos adotados nas provas.
Vamos ver então como funcionam os pronomes de terceira pessoa:

EXEMPLO
(10) Ela comunicou o ocorrido aos familiares.

Com a classificação sintática dos termos da oração, podemos determinar quais pronomes
usaremos. “O ocorrido” e “aos familiares” são pessoas de que se fala – por isso, terceira pes-
soa verbal. Como “o ocorrido” é um OD, devemos substituí-lo por “o” (“ocorrido” é masculino e
singular). Por sua vez, “aos familiares” é um OI e pode ser substituído por “lhes” (“familiares”
é plural). Claro que não empregaremos os dois pronomes ao mesmo tempo (essa era uma
possibilidade comum no português arcaico). No português contemporâneo, as construções
possíveis seriam:

EXEMPLO
(11) Ela comunicou-o aos familiares. (“o” = o ocorrido)
(12) Ela comunicou-lhes o ocorrido. (“lhes” = aos familiares)

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001. (IADES/2014) Em “deu-lhe uma bronca” (linha 6), no lugar do pronome destacado, pode-
ria ser empregado o pronome o.

Note que, na construção, quem dá, dá algo (“uma bronca” = OD) a alguém (lhe = OI). A substi-
tuição sugerida é entre pronomes de funções sintáticas distintas.
Errado.

002. (CESPE/2013) Em busca de mais recursos, Marconi escreveu ao governo italiano, mas
um funcionário descartou a ideia, dizendo que era melhor apresentá-la em um manicômio.
No fragmento II, estaria mantida a correção gramatical do texto caso fosse inserido, logo após
a forma verbal “dizendo”, o pronome lhe ― dizendo-lhe ―, elemento que exerceria a função de
complemento indireto do verbo, retomando, por coesão, “Marconi”.

Pela semântica textual, é possível entender que o funcionário disse algo a Marconi. Colocar o
pronome lhe diante de “dizendo” significa tornar explícito o objeto indireto do verbo.
Certo.

Agora, veja uma outra questão:

003. (IBFC/2011) Assinale a alternativa que indica corretamente a substituição do nome des-
tacado pelo pronome.
Não contei a Paulo a verdade.
a) Não contei-lhe a verdade.
b) Não lhe contei a verdade.
c) Não o contei a verdade.
d) Não contei-o a verdade.

Primeiramente, preciso que você tenha certeza de algo: “a Paulo” é o OI do verbo “contei”. Por
isso, o pronome adequado é lhe. Isso nos permite dispensar as alternativas C e D. Mas surge
uma nova dúvida: qual é a posição correta do pronome? Antes ou depois do verbo “contei”?
Por enquanto, eu vou te deixar nessa expectativa!
Letra b.

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1.3. Colocação Pronominal


Em linhas gerais, existem três posições para se colocar um P.O.A.: depois do verbo (ên-
clise), antes do verbo (próclise) ou no meio do verbo (mesóclise). Existem princípios e regras
para o uso de cada uma delas. Vamos conhecê-los.
Princípios (estão acima das regras):
1) Não se usa um pronome oblíquo átono em início de frase ou após pontuação.1
2) Casos facultativos de colocação pronominal (os pronomes podem ser colocados em
duas das três posições previstas):
• verbos no infinitivo;
• sujeito explícito anteposto ao verbo;2

004. (IADES/2014)
Mande notícias do mundo de lá.
Diz quem fica.
Me dê um abraço, venha me apertar.
Tô chegando.
A colocação do pronome em “Me dê um abraço” (linha 3) está correta.

Conforme reza o princípio 1, não se inicia uma frase com um P. O. A.


Errado.

005. (CESPE/2013) O filósofo francês Jacques Rancière critica a ideia de democracia que tem
estruturado nossa vida social – regida por uma ordem policial, segundo ele –, devido ao fato
de ela se distanciar do que seria sua razão de ser.
A correção do texto seria mantida caso o pronome “se”, em vez de anteceder, passasse a ocu-
par a posição imediatamente posterior ao verbo: devido ao fato de ela distanciar-se.

Questão simples: você notou que o verbo “distanciar” está no infinitivo? Conforme o princípio
2.1, trata-se de um caso facultativo de colocação pronominal. Logo, o pronome pode ser colo-
cado em próclise ou em ênclise.
Certo.

1
É possível ver P.O.A. após pontuação quando esta representa uma intercalação na oração. Ex.: O professor chegou atra-
sado; ele, todavia, nos dará aula.
2
Quando há um caso de sujeito explícito anteposto ao verbo interno a uma oração subordinada, só se pode usar a pró-
clise, deixando, portanto, de ser um caso facultativo. Falaremos sobre isso quando chegarmos ao período composto (em
outro PDF).

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006. (CESPE/2013) O cenário se repete neste início de 2013, com a redução no nível de água
dos reservatórios.
Em “se repete”, o deslocamento do elemento “se” para depois da forma verbal – repete-se –
preservaria a correção gramatical do trecho.

Esta questão enquadra-se no princípio 2.2. Pergunte ao verbo: quem se repete? “O cenário”,
que é o sujeito da oração. Novamente, estamos diante de mais um caso facultativo!
Certo.

Regras

1) A ênclise é a regra geral! É a colocação em que primeiro devemos pensar! Só que exis-
tem casos em que ela não é aplicável. São eles:
• quando há fator de atração antes do verbo;
• quando o verbo estiver no futuro;
• quando o verbo estiver no particípio.

Para resolver o primeiro caso, usamos a próclise. Para o segundo, a mesóclise. O último
veremos melhor quando estudarmos a colocação pronominal em locuções verbais.
2) A próclise é usada prioritariamente quando há um fator de atração antes do verbo (tam-
bém conhecido como fator de próclise). São algumas palavras que atraem o pronome para
perto delas, o que faz com que este fique antes do verbo. Eis a lista de fatores de atração:
• palavras negativas (Ex.: Ele não se perdoa pelo ocorrido);
• advérbios (Ex.: Ontem me falaram a verdade);
• pronomes:
− indefinidos (Ex.: Alguém te dará atenção);
− interrogativos (Ex.: Quem lhe doou os cobertores?);
− relativos (Ex.: O homem que nos abordou era policial);
• conjunções subordinativas (Ex.: Ele disse que a ouviu atentamente);
• orações exclamativas ou optativas3 (Ex.: Que Jesus te acompanhe!);
• em + gerúndio (Ex.: Em se tratando de gramática, não tenho dificuldades).

Anote, a seguir, algumas dicas importantes sobre os fatores de atração!


• Nenhum fator de atração é tão cobrado quando o NÃO. Sabemos que ele é um advérbio
de negação, mas prefiro separá-lo dos advérbios, uma vez que é muito mais fácil reco-
nhecê-lo como palavra negativa.

3
Orações optativas são as que exprimem desejo (quando se deseja algo a alguém).

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• Todo QUE é um fator de atração. Mais tarde, você aprenderá comigo a diferenciar as
classificações dessa palavra. Por enquanto, quero que você saiba apenas que o QUE
atrai os P.O.A.
• Os advérbios também são muito cobrados em provas, mas tome um certo cuidado! Se o
advérbio estiver isolado por pontuação, ele perde o valor atrativo!

007. (CESPE/2013) Mas a opção entre o certo e o errado não se coloca apenas na esfera de
temas polêmicos que atraem os holofotes da mídia.
Devido à presença do advérbio “apenas” (R.18), o pronome “se” poderia ser deslocado para
imediatamente após a forma verbal “coloca”, da seguinte forma: coloca-se.

Uma palavra só é fator de atração se estiver anteposta ao verbo. Logo, “apenas” não influencia
na colocação pronominal. Além disso, veja que, antes do verbo, há uma palavra negativa.
Errado.

008. (CESPE/2013) Diversidade é a semente inesgotável da autenticidade e da individualida-


de humana, que se expressam na subjetividade da liberdade pessoal.
No trecho “que se expressam na subjetividade da liberdade pessoal”, o emprego do pronome
átono “se” após a forma verbal – expressam-se – prejudicaria a correção gramatical do texto,
dada a presença de fator de próclise na estrutura apresentada.

Conforme eu disse, o QUE é sempre fator de atração. Não quero, agora, que você se preocupe
em identificar a função dele. Agora, preocupe-se apenas com a colocação do pronome.
Certo.

3) Há casos em que nem próclise e nem ênclise são aplicáveis. É aí que entra a mesó-
clise. Veja:

EXEMPLO
(13) Contarei uma história aos meus alunos.

Vou fazer uso do OI – que será substituído por lhes nas minhas construções seguintes.
Veja o resultado:
• Contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro – não admite ênclise).
• Lhes contarei uma história. (Errado, pois fere o primeiro princípio).
• Contar-lhes-ei uma história. (Certo).

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A mesóclise só é aplicável a verbos no futuro! Vamos testar outras duas possibilidades:

EXEMPLO
(14) Eu contarei uma história aos meus alunos.
• Eu contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro –não admite ênclise).
• Eu lhes contarei uma história. (Certo, conforme o segundo princípio – sujeito explícito).
• Eu contar-lhes-ei uma história. (Certo, conforme o segundo princípio – sujeito explícito).

EXEMPLO
(15) Eu não contarei uma história aos meus alunos.
• Eu não contarei-lhes uma história. (Errado, pois o verbo está no futuro –não admite ên-
clise).
• Eu não lhes contarei uma história. (Certo, pois há respeito ao fator de atração).
• Eu não contar-lhes-ei uma história. (Errado, pois desrespeita a presença do fator de atra-
ção).

009. (CESPE/2013) O Ministério Público Federal impetrou mandado de segurança contra a


decisão do juízo singular que, em sessão plenária do tribunal do júri, indeferiu pedido do im-
petrante para que às testemunhas indígenas fosse feita a pergunta sobre em qual idioma elas
se expressariam melhor, restando incólume a decisão do mesmo juízo de perguntar a cada
testemunha se ela se expressaria em português e, caso positiva a resposta, colher-se-ia o de-
poimento nesse idioma, sem prejuízo do auxílio do intérprete.
A posposição do pronome “se” ao verbo em “colher-se-ia” – colheria-se – comprometeria a
correção gramatical do trecho.

Primeiramente, note que o verbo colheria está no futuro do pretérito, o que já inviabiliza a ên-
clise. No trecho apresentado, a próclise também não é possível, na medida em que há um sinal
de pontuação anteposto ao verbo. A mesóclise é a única opção válida.
Certo.

Viu como é simples? Não há mistério na colocação dos P.O.A.!


Adaptação fonética dos pronomes o, a, os, as
Por uma questão de eufonia – garantir a composição de uma sonoridade harmoniosa –, os
pronomes o, a, os, as podem sofrer alterações. Veja o quadro abaixo:

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Adaptação fonética (o, a, os, as)

Diante de verbos terminados em Usa-se

R, S ou Z lo, la, los, las

Sons nasais (M ou algo com ~) no, na, nos, nas

Demais verbos o, a, os, as


Vejamos alguns exemplos:
• É hora de deixar o apartamento = É hora de deixá-lo.
• Fiz as tarefas = Fi-las.
• Ele quis alguns conselhos = Ele qui-lo.
• Fecharei minha casa com cadeado = Fechá-la-ei com cadeado.
• Declamaram minha poesia favorita = Declamaram-na.
• Ele propõe novas regras = Ele propõe-nas.
• Encontrei meu filho aos prantos = Encontrei-o aos prantos.

Colocação Pronominal em Locuções Verbais

A colocação pronominal em locuções verbais é ainda mais simples do que em um único


verbo! Preciso, primeiramente, que você se lembre de que uma locução verbal é formada por
verbo auxiliar + verbo principal. Vejamos as possibilidades no esquema abaixo:

1. Sem fator de atração antes da locução verbal:


Neste caso, pode-se usar o pronome antes do auxiliar, entre o auxiliar e o principal e após o
principal (exceto quando este estiver no particípio). Atenção: cuidado para não ferir o princípio
1. Veja exemplos:

EXEMPLO
(16) Eu vou encontrar novos caminhos.
• Eu os vou encontrar.
• Eu vou(-)os encontrar.

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• Eu vou encontrá-los.

EXEMPLO
(17) Estou construindo uma nova casa.
• A estou construindo. (Errado – princípio 1).
• Estou(-)a construindo.
• Estou construindo-a.

EXEMPLO
(18) Ele tinha imprimido o documento.
• Ele o tinha imprimido.
• Ele tinha(-)o imprimido.
• Ele tinha imprimido-o. (Errado – verbos nos particípio não aceitam ênclise).

 Obs.: Segundo muitos gramáticos, o emprego do hífen quando o pronome está entre o auxi-
liar e o principal é facultativo.

2. Com fator de atração antes da locução verbal:

Neste caso, o pronome deve ser empregado antes do auxiliar ou depois do principal. Aten-
ção: cuidado para não ferir o princípio 1. Veja exemplos:

EXEMPLO
(19) Eu não vou encontrar novos caminhos.
• Eu não os vou encontrar.
• Eu não vou encontrá-los.

EXEMPLO
(20) Já estou construindo uma nova casa.
• Já a estou construindo.
• Já estou construindo-a.

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EXEMPLO
(21) Ele nunca tinha imprimido o documento.
• Ele nunca o imprimiu.

Apossínclise
Sempre há um(a) aluno(a) para me perguntar sobre essa quarta forma de colocação pro-
nominal. Ela é encontrada em registros literários antigos – e, ainda assim, raramente. Ocorre
quando há dois fatores de atração antepostos a um verbo.
• O homem que se não respeita pode padecer.

Também seria gramaticalmente correto escrever


• O homem que não se respeita pode padecer.

De coração: acrescentei isso por curiosidade de alguns! Não é uma preocupação para provas.

Outras Funções Sintáticas dos Pronomes Oblíquos Átonos

Conforme prometi, ao fim da unidade, apresento a você outras funções sintáticas que os
pronomes oblíquos átonos podem desempenhar. São elas: adjunto adnominal, complemento
nominal e sujeito.
Adjunto adnominal (sempre haverá a semântica de posse)
• Levaram-me a mala. (= Levaram a minha mala).
• Cheirei-te os cabelos. (= Cheirei os seus cabelos).
• A fila do banco nos tirou a paciência. (= A fila do banco tirou a nossa paciência).
• Aquela garota lhe veio ao pensamento. (= Aquela garota veio ao seu pensamento).

Complemento nominal
• Suas ideias sempre me foram agradáveis. (= Suas ideias sempre foram agradáveis a
mim).
• Eu sempre te serei fiel. (= Eu sempre serei fiel a ti).
• Eles sempre nos foram próximos. (= Eles sempre foram próximos a nós).
• A falta de fé não lhe é favorável. (= A falta de fé não é favorável a ele).

Sujeito (quando há um verbo causativo ou sensitivo + infinitivo ou gerúndio)


Os P.O.A. só se tornam sujeitos na configuração que acima apresentei. Os verbos causa-
tivos são mandar, deixar, fazer e os sensitivos são ver, ouvir, sentir, olhar (verbos sinônimos
desses também recebem a mesma classificação). Veja, agora, os exemplos:
• Deixe-me falar de amor! (me é o sujeito do verbo “falar”)
• Mandaram-te comprar um novo par de tênis. (te é o sujeito de “comprar”)

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• Ele se deixou levar pela opinião alheia. (se é sujeito de “levar”)


• Sinto-nos levitando pela sala. (nos é sujeito de “levitando”)
• Fizeram-lhes falar a verdade. (lhes é sujeito de “falar”)
• Eu os vi namorando na praça. (os é sujeito de “namorando”)

 Obs.: Esse tipo de sujeito também é conhecido como sujeito acusativo.

Repito: isso pouco aparece em provas.

2. Vozes Verbais e Funções do SE


Nesta seção, quero tratar de um assunto muito importante mesmo em provas de concur-
sos públicos! Primeiramente, falaremos acerca das vozes verbais. Ao falar desse assunto, ine-
vitavelmente, passaremos pelas funções do pronome oblíquo “SE”. Você se lembra de que, na
seção anterior, eu destaquei que, mais a diante, discutiríamos só o “SE”? Chegou o momento!
Prepare seu material! É hora de aprender!

2.1. As Vozes Verbais


As vozes verbais dizem respeito a forma como o verbo estabelece sua relação com o su-
jeito. A tradição gramatical diz que ocorre voz ativa quando o sujeito pratica a ação verbal
(sujeito agente); a voz passiva, quando o sujeito sofre a ação verbal (sujeito paciente); a voz
reflexiva, quando o sujeito pratica e sofre a ação verbal.
Todavia, grande parte dos estudantes de língua portuguesa dão um tratamento errado a
esse conteúdo, por pensar que é uma descrição meramente semântica. Na verdade, o sentido

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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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é fruto de uma estrutura morfossintática. Entenda: para dominar as vozes verbais, você deve
conhecer as estruturas gramaticais que as caracterizam. O sentido é uma mera consequência
dessa estrutura.
Para facilitar a nossa vida, criei um quadro-resumo, que será detalhado ao longo deste PDF:

Voz verbal Estrutura gramatical Semântica

Locução verbal SER+PARTICÍPIO


(analítica1) OU
Passiva Paciente
Verbo-SE (pronome apassivador)
(sintética)

Reflexiva Pronome reflexivo Agente+paciente

Ativa O resto Agente2


A partir dessas informações, vamos analisar as orações abaixo:

EXEMPLO
(1) O carro foi levado pelos ladrões durante a madrugada.
(2) Encontrou-se uma nova evidência no local do crime.
(3) Aquele rapaz se olhava no espelho.
(4) O professor chegou atrasado.
(5) As crianças sofreram com a perda do avô.

Em (1), note a presença da locução “foi levado”. Ela indica que a frase está na voz passiva
(analítica). Em (2), além do pronome “se”, veja também que, na oração, ninguém praticou a
ação de encontrar – por isso, voz passiva (sintética). Em (3), também há o pronome “se”, toda-
via podemos identificar que alguém pratica a ação verbal de olhar: “aquele rapaz”. O pronome,
aliás, tem a função de revelar que a ação verbal foi praticada e sofrida pelo sujeito, uma vez
que “aquele rapaz” olhava a si mesmo – portanto, voz reflexiva. Agora, olhe com carinho para
as frases (4) e (5). Você está vendo alguma locução verbal? Você está vendo algum pronome
para ser classificado como apassivador ou reflexivo? NÃO, para as duas perguntas. Isso é o
suficiente para afirmar que 4 e 5 são orações na voz ativa.
Tenho certeza de que você não tem dúvidas acerca da classificação da oração (4), mas
deve estar se remoendo com a (5). “Elias, mas as crianças sofreram! Ninguém pratica a ação
de sofrer!”. Eu concordo com você, mas preciso que você tenha objetividade: as orações (4) e
(5) não possuem estrutura gramatical de voz passiva ou reflexiva, e isso deve bastar a você.
O que ocorre em (5) foi explicado na Moderna Gramática da Língua Portuguesa, de Evanildo Be-
chara. A oração (5) possui semântica de passividade, mas estrutura de voz ativa! Isso porque
a voz passiva, depende, primeiramente, de uma estrutura morfossintática.

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Detalhe: não vá pensando que, com essa explicação, você já sabe tudo sobre o assunto! Eu
te garanto que, na frase (2), o “se” é um pronome apassivador, assim como, na frase (3), o “se”
é reflexivo. Mas esse pronome não seria tão famoso se possuísse apenas duas funções, não é
mesmo? Depois das vozes verbais, falaremos das funções do SE!
A Transposição da Voz Ativa para a Passiva
Agora que você já sabe superficialmente reconhecer as vozes verbais, podemos falar acer-
ca de um assunto MUITO cobrado em qualquer prova de concurso público: a transposição da
voz ativa para a passiva. Primeiramente, preciso que você saiba que nem toda oração da nossa
língua admite isso! Veja as construções abaixo:

EXEMPLO
(6) As mulheres dominaram a sociedade.
(7) O delegado comunicou as medidas à população.
(8) As crianças gostam de palhaços.
(9) Renato Russo vivia em Brasília.
(10) Os palestrantes permaneceram calados.

Tente, em sua mente, colocar essas cinco construções na voz passiva. Acredito que você
só tenha obtido êxito nos exemplos (6) e (7). Sabe por quê? Colocar uma oração na voz passi-
va (ou apassivar uma oração) significa transformar o objeto direto em sujeito paciente.
Querido(a), a condição para que uma frase possa ir à voz passiva é que ela apresente, ini-
cialmente, um objeto direto, e só funciona com esse tipo de complemento, uma vez que ele, via
de regra, não é preposicionado. Em (6) e (7), existem objetos diretos (“a sociedade” e “a situa-
ção”). Em (8), o verbo é transitivo indireto; em (9), intransitivo; em (10), de ligação.
Agora, analise comigo como é a transposição da voz ativa (VA) para a voz passiva analí-
tica (VPA):

Note que a única parte que se preservou foi “a sociedade”. “Dominaram” passou a ser “foi
dominada”, e “as mulheres” passou a ser “pelas mulheres” (agente da passiva, que é quem
pratica a ação verbal na voz passiva). O verbo que, na voz ativa, concordava com “as mulheres”
passou a ser uma locução verbal que concorda com “a sociedade”.

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Primeiramente, perceba que “as medidas” deixou de ser objeto direto e passou a ser sujeito
paciente. “Comunicou” passou a ser “foram comunicadas”, e “o delegado” passou a ser “pelo
delegado”. Nada ocorreu com “à população”, uma vez que o objeto indireto não participa da
formação da voz passiva.
E se colocarmos os trechos acima na voz passiva sintética (VPS)? Qual será o resultado?

Inicialmente, note o aparecimento da partícula “se”. Ela é responsável por transformar o


objeto direto em sujeito paciente. Por esse motivo, é conhecida como pronome apassivador ou
partícula apassivadora (PA). Na VPS, não é permitida a presença do agente da passiva.
Vou listar aqui alguns cuidados que você deve ter acerca desse assunto:
• em qualquer voz passiva, o que seria o objeto direto é transformado em sujeito paciente,
sempre;
• em qualquer transposição de vozes, esteja atento ao tempo e ao modo verbal. Eles preci-
sam ser preservados. Se, na voz ativa, o verbo estiver no presente do indicativo, ele deve
permanecer no presente do indicativo, tanto na VPA quanto na VPS;
• na voz passiva analítica, tome muito cuidado com a concordância verbal. O verbo auxi-
liar (verbo “ser”) concorda em número com o sujeito; o verbo principal (verbo no particí-
pio) concorda em gênero e número com o sujeito. Na VPA, pode aparecer o agente da
passiva;

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• na voz passiva sintética, é preciso ter muito cuidado com a concordância (apenas em
número) entre o sujeito paciente e o verbo. Na VPS, não há agente da passiva.

Como diferenciar o pronome apassivador do índice de indeterminação do sujeito?


Vamos fazer um retorno aos exemplos de 6 a 10:

Orações na voz ativa Orações com a partícula SE

As mulheres dominaram a sociedade. Dominou-se a sociedade.

O delegado comunicou as medidas à Comunicaram-se as medidas à


população. população.

As crianças gostam de palhaços. Gosta-se de palhaços.

Renato Russo vivia em Brasília. Vive-se em Brasília.

Os palestrantes permaneceram calados. Permanece-se calado.


O que quero que você entenda: nem todas as cinco orações admitem a voz passiva, mas
todas admitem uma reescrita com o pronome “se”! As duas primeiras, por aceitarem a voz
passiva, possuem pronome apassivador. As três últimas, que não podem ser apassivadas,
apresentam índice de indeterminação do sujeito (IIS).
Vamos sistematizar a análise das cinco construções com o pronome “se”:
• As cinco orações possuem algo em comum: em nenhuma delas é possível identificar
quem pratica a ação verbal4.
• A partícula apassivadora serve para transformar objetos diretos (não preposicionados5)
em sujeitos pacientes (que também não são preposicionados). Nesses casos, como há
sujeito, o verbo deve concordar com ele. A PA só ocorre com VTD ou VTDI.

4
Existe uma diferença entre identificar quem pratica a ação verbal e identificar o sujeito da oração. Identificar
quem pratica a ação verbal é completamente semântico (e nem sempre será o sujeito); identificar o sujeito da oração é
sintático (e nem sempre será quem pratica a ação verbal), pois sujeito é o termo com quem o verbo estabelece concordân-
cia.
5
Na língua portuguesa, existem os chamados “objetos diretos preposicionados”. Nesses casos, o verbo não é responsável
pela presença da preposição. Ela aparece para garantir algum efeito semântico ou para conferir ênfase. Veja:
Ex.: O aniversariante comeu do bolo (a preposição só aparece para dar a ideia de que o aniversariante comeu apenas uma
parte do bolo).
Ex.: Eu não vejo a ele desde o Natal (os pronomes oblíquos tônicos são sempre preposicionados).
Ex.: O pai ama ao filho (a preposição aparece para conferir ênfase, para garantir o entendimento de quem pratica e quem
recebe a ação de amar).
Aí vem um detalhe: essas construções não podem ser apassivadas. Portanto, uma oração como “comeu-se do bolo” possui
um índice de indeterminação do sujeito, e não uma partícula apassivadora. Veja, novamente, como a voz passiva está com-
pletamente ligada à estrutura morfossintática. A ausência de um objeto direto sem preposição impede a possibilidade de
formação da voz passiva.
Observação importante: esse assunto praticamente não aparece em provas!

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− O índice de indeterminação só aparece quando não é possível apassivar. Isso ocorre


com o VTI, VI e VL. Nesses casos, como não há sujeito, o verbo deve ficar sempre no
singular.

010. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/2003) Na Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita a


el-rei D. Manuel, observam-se melhor as obsessões dos portugueses.
No texto, a estrutura da voz passiva em “observam-se” equivale a foram observados.

Primeiramente, note que, no texto, não há quem pratica a ação de observar. Como o verbo está
no plural, sabemos que o pronome “se” é uma partícula apassivadora. O sujeito paciente é a
expressão “as obsessões dos portugueses”. Como o núcleo do sujeito é feminino e plural, e o
verbo está no presente do indicativo, a correta transposição para a voz passiva analítica seria
são observadas as obsessões dos portugueses. “Foram observados” está no pretérito perfeito
do indicativo, e o verbo no particípio está no masculino.
Errado

011. (CESPE/ANS/2013) A avaliação das operadoras de planos de saúde em relação às ga-


rantias de atendimento, previstas na RN 259, é realizada de acordo com dois critérios.
Prejudica-se a correção gramatical do período ao se substituir “é realizada” por realiza-se.

No texto, a forma “é realizada” está na voz passiva analítica, e o sujeito paciente tem como
núcleo o vocábulo “avaliação”. Para transpor para a voz passiva sintética, além da presença do
pronome apassivador, é necessário observar a concordância, o tempo e o modo verbal. Ambas
as construções estão no singular e no presente do indicativo. Portanto, não haveria prejuízo à
correção gramatical.
Errado.

012. (CESPE/PCDF/2013) Em agosto deste ano, foram registrados 39 casos de sequestro-


-relâmpago em todo o DF, o que representa redução de 32% do número de ocorrências dessa
natureza criminal em relação ao mesmo mês de 2012.
A correção gramatical e o sentido da oração “Em agosto deste ano, foram registrados 39 casos
de sequestro-relâmpago em todo o DF” seriam preservados caso se substituísse a locução
verbal “foram registrados” por registrou-se.

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A locução verbal “foram registrados” está no plural para concordar com o núcleo do sujeito “ca-
sos”. Coloque uma ideia em sua cabeça: o que é sujeito para a voz passiva analítica também
é sujeito para a voz passiva sintética! Portanto, não há motivos para que o verbo “registrou-se”
seja empregado, uma vez que está no singular. O correto seria registraram-se
Errado.

013. (CESPE/MI/2013) Os efeitos da seca espalham-se no campo e são visíveis nos incontá-
veis animais mortos por onde passam as rodovias sertanejas.
Em “espalham-se”, o termo “se” indica que o sujeito da oração é indeterminado.

Primeiramente, lembre-se de que o “se” só será índice de indeterminação do sujeito com ver-
bos no singular (o que já é suficiente para julgar o item). O verbo possui um sujeito paciente,
que é “os efeitos da seca”. O pronome é PA.
Errado.

014. (IBFC/EBSERH/2013) Considere as orações abaixo.


I – Prescreveu-se vários medicamentos.
II – Trata-se de doenças graves.

A concordância está correta em


a) somente I.
b) somente II.
c) I e II.
d) nenhuma.

Em I, a expressão “vários medicamentos” é sujeito paciente (uma vez que o “se” é PA). Por-
tanto, o correto seria prescreveram-se. Em contrapartida, a II está correta, pois “de doenças
graves” é um objeto indireto. O pronome é um IIS, e o verbo deve permanecer no singular.
Letra b.

015. (IBFC/IDECI/2013) Considere a oração e as afirmativas a seguir.


Precisa-se de funcionário com experiência.
I – A oração encontra-se na voz passiva.
II – O sujeito é indeterminado.

Está correto o que se afirma em

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a) I.
b) II.
c) I e II.
d) nenhuma.

A forma verbal “precisa” é transitiva indireta, a expressão “de funcionário com experiência” é
o OI, e o pronome é IIS. Nesse caso, a frase está na voz ativa (só seria voz passiva se o “se”
fosse PA).
Letra b.

016. (IBFC/PGE-SP/2013) Assinale a alternativa em que a oração não está na voz passiva.
a) Necessita-se de funcionários capacitados.
b) Comentou-se o caso do sequestro.
c) O aluno foi reprovado no exame.
d) As ruas foram cercadas pela polícia.
e) Alugam-se salas.

Na letra “a”, a forma verbal “necessita” é transitiva indireta, e a expressão “de funcionários ca-
pacitados” é o objeto indireto. O pronome funciona como um índice de indeterminação do su-
jeito. Detalhe importantíssimo: quando o “se” é IIS, a oração está na voz ativa! Nas alternativas
“b” e “e”, há a voz passiva sintética. Nas alternativas “c” e “d”, voz passiva analítica.
Letra a.

017. (IBFC/ILSL/2013) Considere as orações abaixo.


I – Devem-se pensar em todos os aspectos do problema.
II – Devem-se analisar todos os aspectos do problema.

A concordância está correta em


a) somente I.
b) somente II.
c) I e II.
d) nenhuma.

Agora, estamos falando de casos em que o pronome “se” está associado a locuções verbais.
O procedimento será:
• buscar a transitividade no verbo principal;
• verificar a concordância no verbo auxiliar.

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Em I, o verbo “pensar” é transitivo indireto, a expressão “em todos os aspectos do problema” é


o OI. Portanto, o “se” é IIS, e o verbo auxiliar deveria estar no singular. Em II, o verbo “analisar” é
transitivo direto, e a expressão “todos os aspectos do problema” é o sujeito paciente, uma vez
que o “se” é PA (e o verbo auxiliar está em concordância com o sujeito). Detalhe: as locuções
verbais apresentadas na questão são formadas pelo verbo auxiliar DEVER e pelo verbo princi-
pal no INFINITIVO. Nada de pensar em voz passiva analítica, ok?
Letra d.

A Voz Reflexiva

Antes de iniciarmos a terceira seção, quero fazer um comentário importante: até aqui, vi-
mos a parte da matéria que cai em 90% das questões sobre funções do SE (e esse percentual
ainda pode ser maior)! A verdade é que PA e IIS dominam as provas de concursos!
Compare comigo as seguintes orações:

EXEMPLO
(11) Vendem-se casas de praia.
(12) Não se depende de novas políticas públicas.
(13) Maria olhou-se no espelho.
(14) João se deu um carro novo.

Há algo em comum entre (11) e (12): não é possível identificar quem pratica a ação verbal.
Há algo em comum entre (13) e (14): é possível identificar quem pratica a ação verbal. Esse
é o primeiro passo que você deve dar sempre que for analisar as funções do “se”! Veja este
quadro e grave-o na sua memória:

Situação Resultado

Quando não é possível identificar


O pronome “se” ou é PA ou é IIS.
quem pratica a ação verbal.

Quando é possível identificar quem O pronome “se” possui qualquer


pratica a ação verbal. outra função diferente de PA ou IIS.
Isso vai mudar a sua vida para sempre! Você precisa ter essa consciência antes de tentar
identificar a função do pronome! Sabemos agora que (11) e (12) possuem ou PA ou IIS, assim
como sabemos que (13) e (14) não podem apresentar PA ou IIS.
Em (11), temos PA, pois “casas de praia” é sujeito paciente. Em (12), temos IIS, pois “de
novas políticas públicas” é objeto indireto.
Já em (13) e (14), note que a ação verbal que é praticada pelo sujeito recai sobre o próprio
sujeito! Maria poderia olhar outra pessoa, mas olhou a si mesma. João poderia dar algo a outra

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pessoa, mas deu a si mesmo. Estamos diante da chamada voz reflexiva , também conhecida 6

como voz medial. Nesses casos, o “se” é classificado como pronome reflexivo e pode assumir
a função de objeto direto (como ocorre em 13) ou de objeto indireto (como ocorre em 14).

018. (CESPE/CFO-BM/2011) Acorriam todos os aguadeiros com suas pipas, e também os po-
pulares, que faziam longas filas até o chafariz mais próximo, transportando de mão em mão os
baldes de água, ao mesmo tempo em que se improvisavam escadas de madeira para efetuar
salvamentos, retirando-se os moradores, antes que eles se atirassem das janelas dos sobrados.
As partículas “se” destacadas exercem a mesma função sintática em ambas as ocorrências.

Note: pela estrutura textual, não é possível identificar quem praticou a ação de retirar, mas é
possível identificar quem praticou a ação de atirar (eles = os moradores). O primeiro “se” é uma
partícula apassivadora, ao passo que o segundo é um pronome reflexivo.
Errado.

019. (CESPE/CORREIOS/2011) Nos primeiros anos como seminarista, em Bois le Due, na


Holanda, Erasmo dedicou-se mais à pintura e à música do que à filosofia e à religião.
Na Universidade de Oxford, terminou os estudos da língua grega — idioma dominado apenas
por eruditos. A partir de então, conheceu o filósofo Juan Colet, que lhe apresentou a primeira
versão da Bíblia. O acesso ao livro foi decisivo para Erasmo se afastar da filosofia escolástica.
As formas verbais “dedicou-se” e “se afastar” estão na voz reflexiva.

Primeiramente, é possível identificar quem pratica a ação verbal, nos dois casos. Erasmo dedi-
cou a si mesmo. Erasmo afastou a si mesmo.
Certo.

020. (CESPE/MPU/2013) Há um dispositivo no Código Civil que condiciona a edição de bio-


grafias à autorização do biografado ou descendentes. As consequências da norma são ne-
gativas. Uma delas é a impossibilidade de se registrar e deixar para a posteridade a vida de
personagens importantes na formação do país, em qualquer ramo de atividade.
O termo se, em “se registrar”, é utilizado para indicar reflexividade.

6
A voz reflexiva também pode ser praticada com outros pronomes oblíquos, tudo depende da pessoa verbal.
Ex.: Nós nos olhamos no espelho.
Ex.: Eu me dei um carro novo.
Todavia, em provas, esse assunto sempre aparece vinculado ao pronome “se”.

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É fácil dizer que o “se” não é reflexivo, pois, no texto, não é possível identificar quem pratica a
ação de registrar. O pronome é PA.
Errado.

Pronome recíproco?
Compare as seguintes construções:
• O garoto se machucou na cozinha.
• As amigas se abraçaram com carinho.
Há uma pequena diferença de sentido entre as duas construções. Na primeira, o garoto abra-
çou a si mesmo, ao passo que, na segunda, as amigas abraçaram umas às outras. A pronome
“se” pode ser chamado de reflexivo nos dois casos, mas, no segundo, é possível também atri-
buir uma outra nomenclatura: pronome recíproco ou pronome reflexivo recíproco!

2.2. Outras Funções do SE


Agora que você já conhece a partícula apassivadora, o índice de indeterminação do sujeito
e o pronome reflexivo, posso afirmar que você já sabe 99% da matéria! O pronome “se” possui,
na língua portuguesa, outras funções, mas são pouco exploradas em provas. Mas não pode-
mos deixar de falar sobre elas, não é mesmo?

Parte Integrante do Verbo

Compare comigo as seguintes construções:

EXEMPLO
(15) Kurt se matou.
(16) Kurt se suicidou.

Semanticamente, as duas construções são semelhantes, pois ambas indicam que alguém
tirou a própria vida. Todavia, gramaticalmente, as duas construções são diferentes, pois os
verbos apresentam entendimentos diferentes. O verbo “matar” significa “tirar a vida”, que pode
ser a vida de alguém ou a do próprio sujeito que pratica ação. Portanto, podemos afirmar que
a reflexividade da oração (15) é de inteira responsabilidade do pronome, pois é ele quem faz
com que a ação recaia sobre o sujeito.
Já o verbo “suicidar-se” significa “tirar a própria vida”. É inconcebível a ideia de que “alguém
suicida outra pessoa”. Isso mostra que a reflexividade não está no pronome, mas no próprio
verbo. Vou ser ainda mais explícito: na língua portuguesa, não existe o verbo “suicidar”, mas

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apenas “suicidar-se”. Ele só existe com o pronome! Por isso, o “se” é conhecido como parte
integrante do verbo, e o verbo que possui esse tipo de estrutura é conhecido como verbo
pronominal.
A parte integrante do verbo acompanha apenas verbos intransitivos ou transitivos indire-
tos. Eles podem indicar sentimentos (arrepender-se, queixar-se, lembrar-se, esquecer-se, or-
gulhar-se, alegrar-se, admirar-se) ou ações do ser que são praticadas em relação a si próprio
(suicidar-se, concentrar-se, precaver-se).

EXEMPLO
A samaritana se arrependeu dos pecados cometidos.
A aluna se concentrou antes da prova.

Detalhe: os verbos pronominais se conjugam sempre com o pronome.

Pronome Expletivo

Também conhecido como partícula expletiva ou partícula de realce. É um elemento com-


pletamente dispensável na estrutura oracional. Sua presença (ou ausência) não altera o senti-
do ou a morfossintaxe da sentença. Ocorre, geralmente, com verbos intransitivos.

EXEMPLO
Ela se riu da situação. è Ela riu da situação.
Ele se tremeu durante o assalto. è Ele tremeu durante o assalto.
O show se acabou. è O show acabou.
Ele se foi sem dizer nada. è Ele foi sem dizer nada.

Lembrar X lembrar-se/Esquecer X esquecer-se


Inicialmente, ao ver que as formas verbais acima apresentadas podem existir com ou sem
o pronome, pensamos que o pronome “se” é classificado como partícula expletiva. No entanto,
esse pensamento é incorreto. Veja o porquê:
• Ela lembrou o seu nome. (lembrar = VTD)
• Ela se lembrou do seu nome. (lembrar-se = VTI)
• Ele esqueceu o seu aniversário. (esquecer = VTD)
• Ele se esqueceu do seu aniversário. (esquecer-se = VTI)

Em resumo: as formas verbais lembrar esquecer (sem o pronome) são transitivas diretas,
ao passo que lembrar-se e esquecer-se (com o pronome) são transitivas indiretas. Uma par-
tícula expletiva pode ser colocada ou retirada sem causar qualquer alteração na sentença. E,
para a nossa gramática, construções como:
• Ela lembrou do seu nome.

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• Ela se lembrou o seu nome.


• Ele esqueceu do seu aniversário.
• Ele se esqueceu o seu aniversário.

São consideradas agramaticais.

Verbos como lembrar-se e esquecer-se são classificados como acidentalmente pronominais,


e a função do “se”, nesses casos, é parte integrante do verbo.
Fiz questão de fazer este adendo porque esses verbos são muito cobrados em prova. Os exa-
minadores não costumam perguntar sobre a função do “se” nesses casos, mas sobre a regên-
cia desses verbos!

O que cai, Elias?

Aprenda o seguinte:
• qual pronome oblíquo de terceira pessoa serve para cada tipo de complemento verbal;
• as adaptações fonéticas;
• as regras básicas de colocação pronominal (principalmente próclise);
• como mudar a voz de um verbo;
• como identificar uma partícula apassivadora.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/AGENTE ADMINISTRATI-
VO/2021) Há normas que orientam para o correto uso dos pronomes pessoais em frases e
textos. Eles podem ser usados antes, no meio ou após o verbo da oração. A este respeito, as-
sinale a alternativa correta.
a) Segue-se a norma da Ênclise quando a oração estiver na negativa. Exemplo: “Não se inco-
mode demais”.
b) Segue-se a norma da Próclise quando a oração for iniciada por verbo. Exemplo: “Cortou-se
sem querer”.
c) Segue-se a norma da Próclise quando o verbo estiver no gerúndio. Exemplo: “Correu ao seu
encontro, abraçando-o fortemente”.
d) Segue-se a norma da Mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente e não houver
palavras que exijam o uso da Próclise. Exemplo: “Encontrar-te-ei mais tarde”.

002. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/ADMINISTRADOR/2021)


Em relação às regras de colocação pronominal, segundo a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) Elas tinham avisado-me sobre as faltas excessivas.
b) Se apresentaram muito bem no recital as suas filhas.
c) Hoje nos preocupamos muito mais com as expressões que usamos.
d) Os alunos que mantiveram-se em silêncio durante a aula aprenderam.

003. (IBFC/IBGE/SUPERVISOR DE PESQUISA-GESTÃO/2021) Para responder à questão, leia


o fragmento do texto abaixo do romance A Metamorfose, de Franz Kafka.
Aqueles foram bons tempos, mas que não se repetiram – ao menos, não com a mesma intensi-
dade –, embora, de toda forma, Gregor ganhasse o suficiente para arcar sozinho com as neces-
sidades domésticas. À medida que tudo isso foi se tornando costumeiro, a surpresa e a alegria
inicial arrefeceram e, assim, Gregor entregava o dinheiro com prazer espontâneo e a família, de
bom grado, recebia. Apenas a irmã permanecia mais próxima e afetuosa e, como ela, ao contrá-
rio de Gregor, era amante da música e sabia tocar violino com muita graça, ele tinha planos de
enviá-la para o Conservatório no ano seguinte, sem importar-se com os gastos extras que isso
acarretaria. Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre
mencionava o projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto
os pais demonstravam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seria-
mente nisso e pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal.
Todos esses pensamentos, agora inúteis, fervilhavam em sua cabeça, enquanto ele escutava
as conversas, colado à porta. De vez em quando o cansaço obrigava-o a desligar-se, apoiando
pesadamente a cabeça na porta, mas logo recuperava a prontidão, pois sabia que qualquer ruído
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era ouvido na sala e fazia com que todos se calassem. “Novamente aprontando alguma coisa”,
dizia o pai instantes depois, certamente olhando para a porta. Passado algum tempo, eles conti-
nuavam a trocar palavras entre si.
Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações – seja porque há
tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender –, e Gregor,
com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, res-
tava-lhes algum capital, que, se não era muito, ao menos tinha crescido nos últimos anos por
conta dos rendimentos de juros acumulados. Além disso, o dinheiro que Gregor entregava (reti-
nha apenas uma pequeníssima parte) não era gasto integralmente, e pouco a pouco ampliava o
montante economizado. De onde estava, ele aprovou, com a cabeça, o procedimento, contente
com a inesperada provisão feita pelo pai. Era verdade que aquele dinheiro poderia ter paulatina-
mente saldado a dívida que o pai tinha com seu patrão, livrando-o daquele constrangimento. Não
obstante, ele julgou que pai havia procedido corretamente.
(KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Lourival Holt Albuquerque. São Paulo: Abril, 2010, p.40-41)

Na frase “Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemen-
te na noite de Natal” (1º§), ocorrem dois pronomes. Sobre eles, é correto afirmar que:
a) possuem a mesma classificação morfológica.
b) o primeiro antecipa uma ideia inédita e o segundo a resgata.
c) ambos faz em referência a algo já dito no texto.
d) fazem referência à segunda pessoa do discurso.
e) o segundo está em posição proclítica em relação ao verbo.

004. (IBFC/TRE-PA/OPERAÇÃO DE COMPUTADORES/2020) A respeito das normas de Colo-


cação Pronominal, assinale a alternativa incorreta.
a) A mesóclise é o uso do pronome no interior do verbo em frases no presente do indicativo
b) A próclise é o uso do pronome antes do verbo, quando houver conjunções subordinativas.
c) A ênclise é o uso do pronome depois do verbo em frases iniciadas por verbo.
d) A próclise é o uso do pronome antes do verbo em frases que possuam advérbios ou outras
palavras atrativas.

005. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO-ADMINISTRATIVA/2020) Leia atentamente o


texto abaixo para responder à questão.
Sem direito e Poesia
Eis me aqui, iniludível. Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as
palavras que lhes atribuem significado. Às vezes dá vontade ser assim, hermético. Talvez, porque
eu sinta que o mundo não me entende ou porque, talvez, eu não me encaixe harmonicamente no
mundo, é que sinto esta liberdade em não me fazer entender. É que, talvez, a vida seja mesmo
um mal entendido.

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Portanto, despiciendo as opiniões e me faço prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e,
nele me tranco e jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as palavras devem ser um
instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo nada en-
tendo, por que razão deveria me fazer entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se do fluido vital, e, sem tempo para o recreio dese-
jado, com os ombros arcados pelos compromissos assumidos, tenho no plenilúnio um desejo
imarcescível de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o decesso, eu possa lá estabelecer
morada e, vivendo em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito. Na realidade. Na inilu-
dível realidade, meu recreio é uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com farta literatura
e filosofia. Nenhuma porta ou janela aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona ave-
ludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco, Malbec.
O amor? O entregar-se? Não!
Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
de rosa, matéria orgânica falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)

Observe a construção verbal do enunciado a seguir: “Tratar-se-ia apenas de amor próprio.´


Quanto à norma de colocação pronominal utilizada, assinale a alternativa correta.
a) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro do pretérito.
b) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro mais-que-perfeito.
c) Próclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro do presente.
d) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no pretérito imperfeito.

006. (IBFC/CBM-BA/2019) Leia o texto abaixo para responder a seguinte questão.


Inspeções de segurança geram benefícios para empresas e trabalhadores — Por Paulo Ri-
beiro Neres
Uma das atividades mais comuns entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho são
as inspeções de segurança. Estas podem ser específicas, como por exemplo, em equipamentos
de combate a incêndio ou gerais como: ordem, arrumação e limpeza. Normalmente, alguns de
seus objetivos são: reconhecer e antecipar as condições ou procedimentos que se encontram
abaixo dos padrões de segurança estabelecidos, ou ainda detectar situações perigosas que pos-
sam acarretar perdas materiais ou pessoais no ambiente ocupacional.
Seja qual for o propósito ou tipo das inspeções, de rotina ou periódica, é de extrema relevância
que o próprio trabalhador, “aquele que põe a mão na massa”, participe dessas atividades e que
sua opinião seja considerada e avaliada no momento da conclusão. Desta forma, espera-se au-
mentar o interesse e motivação dos trabalhadores com as questões de saúde e segurança no

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ambiente de trabalho e, paralelo a isso, desenvolver uma cultura que promova a ideia de que a
prevenção de perdas seja de interesse de todos e não apenas uma responsabilidade do Departa-
mento de Segurança, como é comum em diversas organizações. [...]
O melhor e mais vantajoso de tudo isso é que podemos usar o conhecimento e experiência prá-
tica de quem realmente sabe onde estão as condições perigosas e desvios que mais ocorrem
naquele ambiente de trabalho. Geralmente, as inspeções de segurança são realizadas sem a
participação dos trabalhadores do chão de fábrica. Precisamos quebrar esse paradigma. [...]
Não será demérito para os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança
e Medicina do Trabalho (SESMT) adicionar os trabalhadores nas suas inspeções de segurança.
Para isso, será necessário capacitá-los, treiná- los e orientá-los para que sejam capazes de auxi-
liar na identificação e avaliação dos perigos. [...]
Se realizarmos inspeções com o auxílio dos próprios trabalhadores, é bem provável que as me-
didas de controle, que serão sugeridas para mitigar os riscos detectados, sejam mais coerentes
e próximas da realidade do dia a dia. Assim, o bom resultado prático virá pela união do conhe-
cimento técnico do profissional da segurança com a opinião e visão de quem realmente fica
exposto, que são os trabalhadores.
http://revistacipa.com.br/inspecoes-de-seguranca-geram-beneficios-para-empresas-e-trabalhadores/acessoem
14/11/2019 (adaptado)

Assinale a alternativa correta quanto à regra utilizada para a colocação pronominal destacada
no enunciado a seguir: “Para isso, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los”.
a) Ênclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
b) Mesóclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
c) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases afirmativas.
d) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases no futuro do presente.
e) Mesóclise- uso do pronome oblíquo após uma sílaba tônica.

007. (IBFC/PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE/TÉCNICO EM SANEAMEN-


TO/2019) Observe o enunciado abaixo.
Vou-me embora pra Pasárgada,
lá sou amigo do Rei”.
(M.Bandeira)

Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a alternativa correta.


a) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
b) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
c) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.

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d) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo afirmativo, o pronome oblíquo


deve ser usado posposto ao verbo.

008. (IBFC/PREFEITURA DE CUIABÁ-MT/ANALISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO-ANA-


LISTA DE SISTEMAS/2019)
Texto 1
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”
Carlos Drummond de Andrade
Texto 2

Observe: “Nunca me esquecerei desse acontecimento”. Assinale a alternativa que apresenta a


correta regra de colocação pronominal utilizada no enunciado.
a) Próclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
b) Ênclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
c) Mesóclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
d) Ênclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com advérbios de negação.

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009. (IBFC/PREFEIRUA DE CUIABÁ-MT/PROFISSIONAL NÍVEL MÉDIO/OFICIAL ADMINIS-


TRATIVO/2019) Leia o texto para responder à questão.
Coisas Antigas
[...] “Depois de cumprir meus afazeres voltei para casa, pendurei o guarda-chuva a um canto e
me pus a contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele; meu velho rancor contra os guar-
da-chuvas cedeu lugar a um estranho carinho, e eu mesmo fiquei curioso de saber qual a origem
desse carinho.
Pensando bem, ele talvez derive do fato, creio que já notado por outras pessoas, de ser o guar-
da-chuva o objeto do mundo moderno mais infenso a mudanças. Sou apenas um quarentão, e
praticamente nenhum objeto de minha infância existe mais em sua forma primitiva. De máqui-
nas como telefone, automóvel etc., nem é bom falar. Mil pequenos objetos de uso mudaram de
forma, de cor, de material; em alguns casos, é verdade, para melhor; mas mudaram. [...]
O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas, já se entregaram aos piores desregra-
mentos futuristas e tanto abusaram que até caíram de moda. Ele permaneceu austero, negro,
com seu cabo e suas invariáveis varetas. De junco fino ou pinho vulgar, de algodão ou de seda
animal, pobre ou rico, ele se tem mantido digno. [...]” Rubem Braga
Leia o trecho: “pendurei o guarda-chuva a um canto e me pus a contemplá-lo”. Assinale a alter-
nativa que apresenta a regra correta que justifica o uso da expressão pronominal em destaque.
a) Próclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no pretérito imperfeito.
b) Ênclise – uso do pronome após o verbo no infinitivo impessoal regido por preposição.
c) Mesóclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no presente do
indicativo.
d) Próclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no pretérito perfeito.

010. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2019)
João Cruz e Sousa (1861 - 1898), lançador do Simbolismo no Brasil, é situado, por alguns estu-
diosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três maiores simbolistas do mundo, forman-
do a “grande tríade harmoniosa”.
Além de ter uma boa apresentação física, era um homem extremamente culto e elogiado por
seus mestres. Mas nada disso, para as pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que
lhe causou sérios problemas.
Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa Catarina (seu estado na-
tal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou a ser arquivista da Central do Brasil,
cargo que lhe garantia subsistência e não valorizava sequer um décimo de sua capacidade in-
telectual. Terminou atacado pela “doença dos poetas”, a tuberculose, que matou, junto com ele,
toda sua família.
É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde transparecem a melancolia e a re-
volta, porém com versos magicamente ricos e sonoros. Arte é a palavra-chave. Arte libertária,

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ansiosa, criativa, que foge dos padrões métricos sem perder a classe e a musicalidade. Cruz e
Sousa é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da poesia brasileira. Entre suas obras estão
Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos, todos livros de poesia.
(brasilescola.uol.com.br/biografa/joao-cruz-sousa)

A expressão sublinhada do texto apresenta um pronome enclítico. De acordo com a norma


gramatical de seu uso, a ênclise ocorre:
a) nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), isto porque na
linguagem padrão da língua não é apropriado iniciar frase com pronome oblíquo.
b) nas orações iniciadas por verbos acompanhados de pronome refexivo seguido de preposição.
c) somente em frases afirmativas no pretérito perfeito.
d) quando há a partícula apassivadora “se” porque na linguagem culta essa formação é grama-
ticalmente correta.

011. (IBFC/SEDUC-MT/TÉCNICO ADMINSITRATIVO EDUCACIONAL/2017)


Quando era novo, em Pringles, havia donos de automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-
-los desmontado “até o último parafuso” e depois montá-los novamente. Era uma proeza bem
comum, e tal como eram os carros, então, bastante necessária para manter uma relação boa e
confiável com o veículo. Numa viagem longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre
que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, na era heroica do automobilismo, ao
lado do piloto ia mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...]
Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam aos carros, trabalhavam com
qualquer tipo de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. [...] Desnecessário dizer,
assim, que desde que os carros vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último parafuso”
perdeu vigência.
Houve um momento, neste último meio século, em que a humanidade deixou de saber como
funcionavam as máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, sabem apenas alguns
engenheiros dos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes empresas,
mas o cidadão comum, por mais hábil e entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia
usamos os artefatos tal como as damas de antigamente usavam os automóveis: como “caixas-
-pretas”, com um Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o motor), na mais completa
ignorância do que acontece entre esses dois polos.
O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido a máquina de maior complexidade até
onde chegou o saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes do grande salto, quando
ainda se desmontavam carros e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia com ten-
tativas patéticas de seguir o rastro do progresso. [...]
Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se assusta por não saber o que acontece
dentro do mais simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. [...]

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O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A
sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos popula-
cionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas con-
traditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém
sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade.
Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu
com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível.
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuri-
tiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)

* bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho


Dentre as ocorrências do emprego do pronome oblíquo átono abaixo, destacadas do texto,
assinale a alternativa incorreta de colocação considerando a Norma Culta.
a) “havia donos de automóveis que se gabavam” (1º§).
b) “até o último parafuso’ e depois montá-los” (1º§).
c) “os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam” (2º§).
d) “Ninguém se assusta por não saber o que acontece” (5º§).
e) “dando toda a volta, se tornou imprevisível.” (6º§).

012. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA/ASSISTENTE TÉCNICO LEGIS-


LATIVO/2017)

A oração “Vou me aposentar amanhã” tem seu sentido preservado sem transgressão à norma
padrão no que diz respeito à colocação pronominal com a seguinte reescritura:
a) Vou me aposentando amanhã.
b) Me aposentaria amanhã.
c) Me aposentava amanhã.
d) Aposentar-me-ei amanhã.

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013. (IBFC/EBSERH/ASSISTENTE SOCIAL/2016)


Texto
A mentirosa liberdade
Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em prate-
leiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como se fosse
algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo de não estar
bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser suficientemente
ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, de um clube mais chique, de não
ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular. Medo de não ser livres.
Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade,
e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo
a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propagan-
da como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com
calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e
a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...]
Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai
estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda não ficou? [...] Já pre-
cisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto?
E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?
Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais,
curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa correnteza. Ter opiniões próprias, ama-
durecer ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desin-
teressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e
podemos é um aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem
ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem de-
pois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações
fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorienta-
da, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir
a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não
temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões
e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo
de ter feito.
(LUFT, Lya. Veja, 25/03/09, adaptado)

Em “Nunca se falou tanto em liberdade” (2º§), ao observar a posição do pronome oblíquo em


destaque, percebe-se que ela, em função da norma padrão,
a) poderia ser alterada para mesóclise.
b) relaciona-se com o vocábulo “tanto”.
c) obedece à flexão do verbo.

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d) deveria ser alterada para ênclise.


e) se deve ao advérbio “nunca”.

014. (IBFC/EBSERH/ADVOAGO/HU-FURG/2016) Observando o padrão culto da língua, assi-


nale a alternativa cujo fragmento transcrito do texto represente um emprego INCORRETO de
colocação pronominal:
a) “Me conquistou.” (1º§)
b) “E já estão me confundindo com Artur da Távola?” (2 °§)
c) “Disse que me lia sempre (...) (3º§)
d) “(...)sempre fui confundido com o Zuenir, o Veríssimo, o Arnaldo... só não me lembro
(...)” (4 °§)
e) “(...)nunca escrevi às sextas, mas ela me interrompeu (...)” (4 °§)

015. (IBFC/COMLURB/TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO/2016) Das opções abai-


xo, assinale a única que apresenta corretamente a colocação do pronome.
a) Esqueci de te contar que vi ele na rua.
b) Nunca pode-se falar mal de quem não conhece-se.
c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais.
d) Precisa-se de bons funcionários.

016. (IBFC/IBGE/SUPERVISOR DE PESQUISAS-GESTÃO/2021) Para responder à questão,


considere o texto abaixo.
A roda dos não ausentes
O nada e o não,
ausência alguma,
borda em mim o empecilho.
Há tempos treino
o equilíbrio sobre
esse alquebrado corpo,
e, se inteira fui,
cada pedaço que guardo de mim
tem na memória o anelar
de outros pedaços.
E da história que me resta
estilhaçados sons esculpem
partes de uma música inteira.
Traço então a nossa roda gira-gira
em que os de ontem, os de hoje,
e os de amanhã se reconhecem

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nos pedaços uns dos outros.


Inteiros.
(EVARISTO, Conceição. Poemas da Recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 12)

Considere o verso “e os de amanhã se reconhecem” (v.16) e o contexto em que está inserido.


A construção em destaque ilustra:
a) um verbo pronominal.
b) a noção de reciprocidade.
c) a voz passiva sintética.
d) a indeterminação do sujeito.
e) uma construção passiva analítica.

017. (IBFC/PC-RJ/PAPILOSCOPISTA POLICIAL DE 3ª CLASSE/2014)


Texto III
Corrida contra o ebola
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comu-
nidade internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear o avanço
da doença tenham sido eficazes.
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram
nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A escala-
da levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a
afirmar que a epidemia está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as condições sanitárias e
econômicas dos países afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização Mundial da
Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para
atuar nessas localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20%
dos recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o restante
é formado por doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área,e a organização perdeu quase US$
1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos
EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6 bilhões.
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar mais ênfase à luta
contra enfermidades globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes.O departamento de
respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais ex-
perimentados deixaram seus cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação.
Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados.

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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
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O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade
suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com
representantes dos países afetados.
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos,
Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessi-
dade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a favor
da doença.
(Disponívelem:http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml:
Acesso em: 08/09/2014)

Na frase “Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financei-
ros. “(4º§), a construção em destaque ilustra:
a) a voz passiva analítica.
b) um caso de sujeito indeterminado.
c) a voz reflexiva.
d) uma oração sem sujeito.
e) a voz passiva sintética.

018. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA/2020) Leia atentamente o


texto abaixo para responder à questão.
Eis me aqui, iniludível. Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as
palavras que lhes atribuem significado. Às vezes dá vontade ser assim, hermético. Talvez, porque
eu sinta que o mundo não me entende ou porque, talvez, eu não me encaixe harmonicamente no
mundo, é que sinto esta liberdade em não me fazer entender. É que, talvez, a vida seja mesmo
um mal entendido.
Portanto, despiciendo as opiniões e me faço prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e,
nele me tranco e jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as palavras devem ser um
instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo nada en-
tendo, por que razão deveria me fazer entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se do fluido vital, e, sem tempo para o recreio dese-
jado, com os ombros arcados pelos compromissos assumidos, tenho no plenilúnio um desejo
imarcescível de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o decesso, eu possa lá estabelecer
morada e, vivendo em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito. Na realidade. Na inilu-
dível realidade, meu recreio é uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com farta literatura
e filosofia. Nenhuma porta ou janela aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona ave-
ludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco, Malbec.
O amor? O entregar-se? Não!

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Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
de rosa, matéria orgânica falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)

Com relação ao emprego de elementos de referência, substituição, funcionalidade e repetição


de conectores e de outros elementos da sequência textual, analise as afirmativas abaixo.
I – “Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as palavras que
lhes atribuem significado”. O pronome em destaque faz referência ao vocábulo “senti-
mentos”.
II – “Suasório para o intento de escrever em uma língua indecifrável ao homem comum”. O
vocábulo em destaque é uma conjunção subordinativa com função explicativa.
III – “Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e, nele me tranco e jogo fora a
chave do entendimento”. O vocábulo em destaque faz referência à palavra “vocabulá-
rio”.
IV – “Dizem-me que as palavras devem ser um instrumento para comunicar-se e que isto é
fazer-se entender”. A partícula “se” transforma os vocábulos em destaque em verbos
pronominais.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.


a) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

019. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE ADMINISTRATIVO/2017)


Texto II

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O pronome “se” presente em “O homem que se cuida” deve ser classificado, em função do pa-
pel que exerce como:
a) pronome apassivador.
b) parte integrante do verbo.
c) pronome reflexivo.
d) índice de indeterminação do sujeito.

020. (IBFC/PREFEITURA DE VINHEDO-SP/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA II-CIÊN-


CIAS/2019) Para responder à questão, leia atentamente o fragmento do poema “Ismália” do
poeta parnasiano Alphonsus de Guimaraens.
Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
[...]
As asas que Deus lhe deu
Rufaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
De acordo com a leitura atenta do poema “Ismália” e com a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa, assinale a alternativa incorreta.
a) O verbo “ver” na primeira estrofe está conjugado no pretérito perfeito indicando uma certeza,
enquanto o verbo “querer” na segunda estrofe está conjugado no pretérito imperfeito e expres-
sa um desejo da personagem.
b) As vírgulas presentes nos primeiros versos da primeira e da segunda estrofes são utilizadas
de acordo com a mesma regra gramatical.
c) Na expressão “Na torre pôs-se a cantar…”, a palavra “se” é classificada como partícula
apassivadora.
d) No verso “As asas que Deus lhe deu” a expressão destacada é uma Oração Subordinada
Adjetiva Restritiva.
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021. (IBFC/COMLURB/PROFISSIONAL DE OPERAÇÕES DE LIMPEZA E SERVIÇOS URBA-


NOS-GARI/2014) Assinale a alternativa que apresenta o pronome pessoal oblíquo empregado
de forma correta.
a) Eu o não vi pela manhã.
b) Eu não vi o pela manhã.
c) Eu não vi ele pela manhã.
d) Eu não o vi pela manhã

022. (IBFC/SUCEN/OFICIAL ADMINISTRATIVO/2013) Assinale abaixo a alternativa que não


apresenta correta colocação dos pronomes oblíquos átonos, de acordo com a norma culta da
língua portuguesa:
a) Não te afastes de mim.
b) Agora se negam a falar.
c) Eu vi a menina que apaixonou-se por mim na juventude.
d) Muitos se recusaram a trabalhar.

023. (IBFC/HEMOMINAS/ASSISTENTE SOCIAL/2013) Considere o período e as afirma-


ções abaixo:
Meu amigo, nunca encontrei-o tão preocupado!
I – A colocação pronominal está incorreta.
II – A pontuação está correta.

Está correto o que se afirma em:


a) somente I.
b) somente II.
c) I e II.
d) nenhuma

024. (IBFC/SEDUC-MT/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA-CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓ-


GICAS/2017)
Texto I
Conceitos da vida cotidiana
A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação poética e um ornamento
retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do que de linguagem ordinária. Mais
do que isso, a metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à linguagem, uma
questão mais de palavras do que de pensamento ou ação. Por essa razão, a maioria das pessoas
acha que pode viver perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao contrário, que a
metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no pensa-
mento e na ação. Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos,

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mas também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza. Os conceitos que gover-
nam nosso pensamento não são meras questões do intelecto. Eles governam também a nossa
atividade cotidiana até nos detalhes mais triviais. Eles estruturam o que percebemos, a maneira
como nos comportamos no mundo e o modo como nos relacionamos com outras pessoas. Tal
sistema conceptual desempenha, portanto, um papel central na definição de nossa realidade
cotidiana.
Para dar uma ideia de como um conceito pode ser metafórico e estruturar uma atividade co-
tidiana, comecemos pelo conceito de DISCUSSÃO e pela metáfora conceitual DISCUSSÃO É
GUERRA. Essa metáfora está presente em nossa linguagem cotidiana numa grande variedade
de expressões:
Seus argumentos são indefensáveis.
Ele atacou todos os pontos da minha argumentação.
É importante perceber que não somente falamos sobre discussão em termos de guerra. Po-
demos realmente ganhar ou perder uma discussão. Vemos as pessoas com quem discutimos
como um adversário. Atacamos suas posições e defendemos as nossas. Planejamos e usamos
estratégias. Se achamos uma posição indefensável, podemos abandoná-la e colocar-nos numa
linha de ataque. Muitas das coisas que fazemos numa discussão são parcialmente estruturadas
pelo conceito de guerra.
Esse é um exemplo do que queremos dizer quando afirmamos que um conceito metafórico es-
trutura (pelo menos parcialmente) o que fazemos quando discutimos, assim como a maneira
pela qual compreendemos o que fazemos.
(LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Texto adaptado de Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado de Letras; São
Paulo: Educ, 2002, p. 45-47.)

Texto II

Em “É preciso respeitá-la”, nota-se uma referência enclítica do pronome oblíquo. Assinale a


alternativa em que está incorreta a colocação pronominal.

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a) Ninguém me disse que você viria.


b) Me calaram com todas essas ofensas.
c) Que Deus o conduza!
d) Quando me deitei, sonhei com a prova.
e) Agarraram-na em um pedido de socorro.

025. (IBFC/CÂMARA MUNCIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE ADMINISTRATIVO/2017)


Texto I
O vencedor: uma visão alternativa
Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar: estava inteira-
mente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham produzido seus efeitos.
O combativo boxeador de outrora, o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo mundial,
estava reduzido a um verdadeiro trapo. O público não tinha a menor complacência com ele: su-
cediam-se as vaias e os palavrões.
De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruzado devastador, Raul
ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A
menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma pu-
nhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do
ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o
público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma
verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de
golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regula-
mentar e proclamou Raul o vencedor.
Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta
a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a
história era o derrotado. Ai, Deus.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)

Assinale a alternativa na qual o pronome oblíquo átono esteja empregado em desacordo com
as normas gramaticais.
a) “sucediam-se as vaias e os palavrões.” (1º§).
b) “A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.” (2º§).
c) “Algo rompeu-se dentro dele” (2º§).
d) “passaram a incentivá-lo.” (2º§).

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026. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO EM ENFERMAGEM/HUAP/UFF)


Texto
Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a
gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barrigui-
nha, então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista,
a vida passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem
fica animado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona
junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais fes-
tivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando
(pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,
indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando
de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso
sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte,
ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o
tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos.
Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se
curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

No último parágrafo do texto, a repetição da conjunção “Se”, no início de algumas orações,


representa uma ênfase ao valor semântico de:
a) concessão
b) causa
c) condição
d) conformidade
e) consequência

027. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA/ASSISTENTE DE TRADUÇÃO E INTER-


PRETAÇÃO/2016) Assinale a alternativa que apresenta a correta colocação do pronome.
a) O aluno tinha-o deixado na escola.
b) Nunca esqueça-se de mim.

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c) Naquela escola em que formei passei-me bons momentos.


d) Você nos emocionou com suas palavras

028. (IBFC/HMDCC/TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO/2015)


Texto I
Nem anjo nem demônio
Desde que a TV surgiu, nos anos 40, fala-se do seu poder de causar dependência. Os edu-
cadores dos anos 60 bradaram palavras acusando-a de “chupeta eletrônica”. Os militantes
políticos creditavam a ela a alienação dos povos. Era um demônio que precisava ser destru-
ído. Continuou a existir, e quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos
e novelas globais não foi mais imbecilizado – ao menos não por esse motivo. Ponto para a
televisão, que provou também ser informativa, educativa e (por que não?) um ótimo entre-
tenimento. Com exceção da qualidade da programação dos canais abertos, tudo melhorou.
Mas começaram as preocupações em relação aos telespectadores que não conseguem dor-
mir sem o barulho eletrônico ao fundo. Ou aos que deixam de ler, sair com amigos e até de
namorar para dedicar todo o tempo livre a ela, ainda que seja pulando de um programa para
o outro. “Nada nem ninguém me faz sair da frente da TV quando volto do trabalho”, afirma a
administradora de empresa Vânia Sganzerla.
Muitos telespectadores assumem esse comportamento. Tanto que um grupo de estudio-
sos da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, por meio de experimentos e pesquisas,
concluiu que a velha história do vício na TV não é só uma metáfora. “Todo comportamento
compulsivo ao qual a pessoa se apega para buscar alívio, se fugir do controle, pode ser ca-
racterizado como dependência”, explica Robert Kubey, diretor do Centro de Estudos da Mídia
da Universidade de Rutgers.
Os efeitos da televisão sobre o sono variam muito. “Quando tenho um dia estressante, agita-
do, não durmo sem ela”, comenta Maurício Valim, diretor de programas especiais da TV Cul-
tura e criador do site Tudo sobre TV. Outros, como Martin Jaccard, sonorizador de ambientes,
reconhecem que demoram a pegar no sono após uma overdose televisiva. “Sinto uma certa
irritação, até raiva, por não ter lido um bom livro, namorado ou ouvido uma música, mas ain-
da assim não me arrependo de ver tanta TV, não. Gosto demais.” É uma das mais prosaicas
facetas desse tipo de dependência, segundo a pesquisa do Centro de estudos da Mídia. As
pessoas admitem que deveriam maneirar, mas não se incomodam a ponto de querer mudar o
hábito. Sinal de que tanto mal assim também não faz.
(SCAVONE, Míriam. Revista Claudia. São Paulo: Abril, abr. 2002. P.16-7)

No trecho “fala-se do seu poder de causar dependência.” (1º §), a construção em destaque cria
o seguinte efeito sintático:
a) a indeterminação do sujeito
b) a voz passiva sintética
c) a noção de reflexividade
d) o sentido de reciprocidade

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029. (IBFC/HEMOMINAS/ASSISTENTE SOCIAL/2013)


A pipoca
Rubem Alves
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou
mais competente com as palavras do que com as panelas
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o
nome de “culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha:
cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas,
churrascos.
Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético- filosófico a uma meditação sobre o filme
A Festa de Babette, que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das mi-
nhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psica-
nalista e teólogo
- porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca.
imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisa-
mente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brinca-
deira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversan-
do com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu.
Minhas ideias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a
pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma
inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao
pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das
pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido
religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o
sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida...). Pão
e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano:
que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos
meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me
livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem
competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém
que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá- las numa panela sobre o fogo, esperando que
assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.

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Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém
jamais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulhei-
ra. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transfor-
mavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se
transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem,
para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipo-
ca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles
venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa - vol-
tar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo
fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mes-
mice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor
jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca ima-
ginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimen-
tos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente,
pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo prepa-
rada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a
grande transformação acontece: PUF!!
- e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonha-
do. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.
Na simbologia cristã, o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição
de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para
ser de outro.
“Morre e transforma-te!” - dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri
que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhe-
cimento da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em


milhos e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem
uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas
não valem.
Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar.
Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder metafórico
dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham
que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo
são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida intei-
ra. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado
o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu
destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a
vida é uma grande brincadeira...
“Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamen-
te isso que aconteceu”.
Assinale a alternativa que indica outra forma correta de se reescrever o período abaixo:
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.
a) Me lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella
b) Lembrei, então, a lição que aprendi com a Mãe Stella
c) Lembrei-me, então, lição que aprendi com a Mãe Stella.
d) Lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.

030. (IBFC/MPE-SP/AUXILAIR DE PROMOTORIA-MOTORISTA/2011) Considere o período


abaixo e as afirmações que seguem.
Me disseram que ele está muito doente.
I – O pronome “me”, de acordo com a norma culta, não deveria iniciar a oração.
II – O advérbio “muito” intensifica o adjetivo “doente”.

Está correto o que se afirma em:


a) somente I
b) somente II
c) I e II
d) nenhuma

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031. (IBFC/SAEB-BA/SOLDADO/2020) Leia o texto abaixo para responder à questão.


Segurança
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as mais belas casas,
os jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança.Toda a área era
cercada por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam
tudo por um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes
devidamente identificados e crachados. Mas os assaltos começaram assim mesmo. Os la-
drões pulavam os muros. Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do
muro alto. Nos quatro lados. [...] Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os
proprietários e seus familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar
para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês. Mas os assaltos continuaram. Decidiram ele-
trificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a
segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se
não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar.
Mas os assaltos continuaram.
Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os
altos muros, [...] não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas. Mas
os assaltos continuaram. Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo
possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um
proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca.Assaltaram acasa, depois saíram no
carro roubado, com crachás roubados. [...]
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E
foi tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só
num local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos. E
ninguém pode sair. Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém
precisa temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar
através do grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades
da sua casa, olhando melancolicamente para a rua. [...]
Luis Fernando Veríssimo

(  ) Analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).


(  ) O texto possui narrador onisciente em 1ª pessoa.
 (  ) “Toda a área era cercada por um muro alto.” O enunciado anterior está escrito na voz
passiva.
(  ) O título do texto sugere proteção e isto é refutado ao longo da obra.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.


a) F, F, V.
b) V, F, F.

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c) F, V, F.
d) V, V, F.
e) F, V, V.

032. (IBFC/IDAM/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ANALISTA DE REDES/2019) Leia com


atenção a história mítica “La Loba” escrita por Clarissa Pinkola Estés, com tradução de Waldéa
Barcellos, para responder a questão.
La Loba (Adaptado)
Existe uma velha que vive num lugar oculto de que todos sabem, mas que poucos já viram. Como
nos contos de fadas da Europa oriental, ela parece esperar que cheguem até ali pessoas que se
perderam, que estão vagueando ou à procura de algo.
Ela é circunspecta, quase sempre cabeluda e invariavelmente gorda, e demonstra especialmen-
te querer evitar a maioria das pessoas. Ela sabe crocitar e cacarejar, apresentando geralmente
mais sons animais do que humanos. (...)
O único trabalho de La Loba é o de recolher ossos. Sabe-se que ela recolhe e conserva especial-
mente o que corre o risco de se perder para o mundo. Sua caverna é cheia dos ossos de todos os
tipos de criaturas do deserto: o veado, a cascavel, o corvo. Dizem, porém, que sua especialidade
reside nos lobos.
Ela se arrasta sorrateira e esquadrinha as montanhas (...), leitos secos de rios, à procura de os-
sos de lobos e, quando consegue reunir um esqueleto inteiro, quando o último osso está no lugar
e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente, ela senta junto ao fogo e pensa
na canção que irá cantar.
Quando se decide, ela se levanta e aproxima-se da criatura, ergue seus braços sobre o esqueleto
e começa a cantar. É aí que os ossos das costelas e das pernas do lobo começam a se forrar de
carne, e que a criatura começa a se cobrir de pelos. La Loba canta um pouco mais, e uma pro-
porção maior da criatura ganha vida. Seu rabo forma uma curva para cima, forte e desgrenhado.
La Loba canta mais, e a criatura-lobo começa a respirar. E La Loba ainda canta, com tanta inten-
sidade que o chão do deserto estremece, e enquanto canta, o lobo abre os olhos, dá um salto e
sai correndo pelo desfiladeiro.
Em algum ponto da corrida, quer pela velocidade, por atravessar um rio respingando água, quer
pela incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é transformado
numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.
Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto, por volta do pôr-do-sol, e quem
sabe esteja um pouco perdido, cansado, sem dúvida você tem sorte, porque La Loba pode sim-
patizar com você e lhe ensinar algo — algo da alma.
(Fonte: ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Mitos e histórias do arquétipo da mulher
selvagem. Tradução Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994, pg. 43-44.)

De acordo com o texto e a Norma Culta da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta:

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a) No trecho “e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente”, o acento grave
é facultativo no termo destacado.
b) No trecho “Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto”, as palavras
destacadas desempenham mesma função sintática”.
c) Nos trechos “quando o último osso”, “quer pela incidência” e “um rio respingando água”, as
palavras destacadas recebem acento gráfico devido à mesma regra gramatical.
d) No trecho “Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente o que corre o risco de se per-
der para o mundo”, as palavras destacadas têm a mesma classificação morfológica.

033. (IBFC/PREFEITURA DE JANDIRA - SP/ENFERMEIRO DO TRABALHO/2016)


Texto I
Encontro
Com atenção não seria difícil descobrir pequenas mudanças: os cabelos mais claros, e entre-
tanto com menos luz e vida; a boca pintada com um desenho diferente, e o batom mais escuro.
Impossível negar uma tênue, fina ruga – quase estimável. Mas naquele instante, diante da amiga
amada que não via há muito tempo, não eram essas pequenas coisas que intrigavam o seu olhar
afetuoso e melancólico. Havia certa mudança imponderável, e difícil de localizar – a voz ou o
jeito de falar, o tom ao mesmo tempo mais desembaraçado e mais sereno?
E mesmo no talhe do corpo (o pequeno cinto vermelho era, pensou ele, uma inabilidade: aumen-
tava-lhe a cintura), na relação entre o corpo e os membros, havia uma sutil mudança.
Sim, ela estava mais elegante, mais precisa em seu desenho, mas perdera alguma indizível graça
elástica do tempo em que não precisava fazer regime para emagrecer e era menos consciente
de seu próprio corpo, como que o abandonava com certa moleza, distraída das próprias linhas e
dos gestos cuja beleza imprevista ele fora descobrindo devagar, com uma longa delícia.
Por um instante, enquanto conversava com outras pessoas presentes assuntos sem importân-
cia, ele tentou imaginar que impressão teria agora se a visse pela primeira vez, se aquela imagem
não estivesse, dentro de seus olhos e de sua alma, fundida a tantas outras imagens dela mesma
perdidas no espaço e no tempo. Não tinha dúvida de que a acharia muito bonita, pois ela conti-
nuava bela, talvez mais bem vestida; não tinha dúvida mesmo de que, como da primeira vez que
a vira, receberia sua beleza como um choque, uma bênção e um leve pânico, tanto a sua radiosa
formosura dá uma vida e um sentido novo a qualquer ambiente, traz essa vibração especial que
só certas mulheres realmente belas produzem. Mas de algum modo esse deslumbramento seria
diferente do antigo – como se ela estivesse mais pessoa, com mais graça e finura de mulher,
menos graça e abandono de animal jovem.
O grupo moveu-se para tomar lugar em uma mesa no fundo do bar. Ele andou a seu lado um ins-
tante (como tinham andado lado a lado!) mas não quis sentar, recusou o convite gentil, sentia-se
quase um estranho naquela roda. Despediuse. E quando estendeu a mão àquela que tanto ama-
ra, e recebeu, como antigamente, seu olhar claro e amigo, quase carinhoso, sentiu uma coisa boa

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dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e que uma vaga mas
imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar.
(BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008)

Considere as ocorrências de pronomes oblíquos átonos nos seguintes fragmentos retirados


do 5º parágrafo do texto. Em seguida, assinale a alternativa que faz um comentário correto
quanto à adequação da colocação desses pronomes em relação à Norma Padrão.
I – “O grupo moveu-se para tomar lugar”
II – “recusou o convite gentil, sentia-se quase um estranho”
III – “Despediu-se.”
IV – “uma certeza de que nem tudo se perde”

a) Apenas I e III estão corretas.


b) Todas estão corretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas a III está correta.

034. (IBFC/PREFEITURA DE JANDIRA-SP/TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO/2016)


Texto I
O relacionamento aberto
(Por Gregorio Duvivier)

“Todos os relacionamentos fechados se parecem”, diria Tolstói em “Anna Kariênina”. “Cada rela-
cionamento aberto é infeliz à sua maneira.”
Abrir um relacionamento pode se revelar uma tarefa mais difícil do que abrir uma embalagem de
CD. Há grandes chances de você perder um dente. E, depois de aberto, há grandes chances de
você se perguntar: “Valia a pena tudo isso? Nem gostava desse CD. Aliás, ninguém mais ouve CD”.
Há, no entanto, quem defenda que os relacionamentos, assim como as ostras, merecem que
a gente perca tempo abrindo-os — mesmo que, em ambos os casos, exista um forte risco de
intoxicação.
Uma porta pode estar aberta, encostada, entreaberta, escancarada. Na relação escancarada,
tudo é possível e nada é passível de ciúme (parece que esse fenômeno só aconteceu uma vez, e
foi nos anos 1970). Há muitas relações escancaradas que, quando você vai ver de perto, são de
fato escancaradas, mas não são relações: não se pode dizer que existe uma porta aberta porque
não há sequer porta, já que tampouco há parede.
O relacionamento entreaberto, no entanto, pode se entreabrir de mil maneiras: pode poder tudo
desde que conte tudo pro outro ou desde que o outro não fique sabendo ou desde que não seja
com amigos ou desde que seja com amigos ou desde que não se apaixone ou desde que seja
por paixão.

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Elias Santana

Há relacionamentos cuja abertura é sazonal: o namoro à distância internacional costuma ser


como as cantinas de escola, que abrem nove meses por ano e fecham nas férias, enquanto o
relacionamento intermunicipal costuma funcionar como os correios: abre em dia útil, fecha
no final de semana.
O relacionamento encostado parece que está trancado. Mas para amigos e vizinhos, é só empur-
rar o portão. E tem os namoros que, apesar de trancados, ninguém trocou a fechadura: o ex ainda
tem a chave e entra quando quiser.
Há, é claro, o relacionamento trancado a sete chaves e blindado. Aquele que se uma paixão de
adolescência batesse na porta, e se por acaso vocês transassem, ninguém ficaria sabendo, mas
mesmo assim você diz: “Não, não. Estou num relacionamento”. Parece que esse aí morreu. Tal-
vez fique pra história como as ombreiras ou a pochete. Talvez volte com tudo em 2017, assim
como as ombreiras e a pochete.
Preparem-se. Não sei se estamos prontos pra essa loucura. A próxima coisa a voltar pode
ser o Crocs.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ gregorioduvivier/2016/07/1792729-o-relacionamento-
-aberto.shtml. Acesso em: 18/07/2016)

Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que existe uma porta aberta” (4º§), o
emprego, em próclise, do pronome oblíquo deve-se:
a) a um uso facultativo desse registro.
b) à presença de uma palavra atrativa.
c) a uma exigência do tempo verbal.
d) a uma reprodução do discurso oral.

035. (IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR-LÍNGUA PORTUGUESA/2013) Leia abaixo:


I – Não faça-lhe mal algum!
II – Este livro? Lê-lo-ei em três dias.
III – Darei-te um prolongado beijo.

As sentenças que apresentam erro quanto à regência verbal são:


a) I e II, apenas
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.

036. (IBFC/INEP/PESQUISADOR-TECNOLOGISTA EM INFORMAÇÕES E AVALIAÇÕES EDUCA-


CIONAIS-ÁREA III/2012) considere o período e as afirmações abaixo.
Não obedeceu-se todos os itens do regulamento.

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I – Deveria ter sido usada a próclise.


II – Há um erro de concordância, pois o verbo deveria estar no plural.
III – Há um erro de regência verbal.

Está correto o que se afirma somente em


a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III

037. (IBFC/PREFEITURA DE CAMPINA-SP/ENFEREIRO/2010)


Mulher que come mais fibras pode ovular menos vezes
RACHEL BOTELHO
da Folha de S.Paulo

Mulheres que ingerem as doses recomendadas de fibras podem ter níveis mais baixos de estro-
gênio e ovular com menos frequência do que aquelas que consomem menos fibras. É o que su-
gere uma pesquisa realizada com 250 mulheres com idade entre 18 e 44 anos, todas saudáveis
e com períodos menstruais regulares. O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical
Nutrition”.
O alto consumo de fibras, particularmente de frutas, também foi associado a um risco mais ele-
vado de ter ciclos menstruais anovulatórios --em que os ovários não liberam o óvulo. Aquelas
que relataram a taxa mais alta de consumo de fibras --22 g por dia ou mais -- tinham maior proba-
bilidade de um ciclo anovulatório em dois meses. Ataxa foi de 22%, contra 7% entre as mulheres
com consumo mais baixo de fibras.
Após terem sido feitos ajustes nos resultados para fatores que podem afetar a ovulação -- como
IMC (índice de massa corporal), níveis de atividade física e ingestão calórica -- o consumo de
fibras foi associado a um risco dez vezes mais alto de anovulação.
De acordo com o ginecologista Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e pro-
fessor da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), dieta e peso adequados na verdade têm um
efeito positivo na ovulação, e a ingestão de fibras contribui para isso.
“A mulher que come mais fibras consegue controlar melhor o peso e o colesterol, além de reduzir
o tecido adiposo, melhorando a ovulação”, afirma o médico. “Vemos que, entre mulheres que não
ovulam, melhorar a dieta aumenta a chance de isso ocorrer.”
Para ele, não é possível, com base em um único estudo, orientar as mulheres com problemas de
ovulação a não comer fibras, visto que a carência desse nutriente é um problema sério de saúde.
A oração abaixo se encontra na:
O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”.

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a) voz ativa
b) voz passiva sintética
c) voz passiva analítica
d) voz reflexiva

038. (IBFC/ABDI/ESPECIALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO/2008) Assinale a alter-


nativa em que a oração encontra-se na voz passiva sintética:
a) A medida foi aprovada pelo Congresso.
b) Precisa-se de secretária.
c) Divulgou-se o gabarito da prova.
d) Mataram o jovem friamente.

039. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018)


Leia o trecho inicial do conto “Muribeca” de Marcelino Freire e observe as duas imagens abaixo
para responder a questão a seguir:
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajei-
tar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o
lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças?
Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as
caixas? Vai perambular pelas ruas, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou
procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar
farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida?
Não pense que é fácil.
Fonte: Armazém de Texto – Blogspot

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Em relação ao texto e à gramática normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmativas


abaixo e assinale a alternativa correta.
I – O sujeito da oração “É a vida da gente o lixão.” é simples e posposto.
II – Nesse trecho “E por que é que agora querem tirar ele da gente?” há um erro de coloca-
ção pronominal.
III – A oração destacada em negrito “Não pense que é fácil.” é classificada como Oração
Subordinada Substantiva Objetiva Direta.
IV – “(...) vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?” as orações desse período
são classificadas como Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas.

a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


b) Apenas a afirmativa III está correta.
c) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
e) Apenas a afirmativa IV está correta.

040. (IBFC/PREFEITURA DE PETRÓPOLIS-RJ/INSTRUTOR DE LIBRAS/2015)


A linguagem da juventude
[...]Os pais jogam a culpa nos meios de comunicação e os professores também, sem perceber
que os jovens estão expressando a emergência de outras culturas, de outra sensibilidade. Sa-
bem o que significa a música? A música é o idioma em que se expressa a juventude hoje. Isto é
novo, é uma coisa estranha, o fato de que toda a juventude deseje expressar-se através da músi-
ca. [...] A juventude aparece como um ator social, que tem rosto próprio e aqui vem o problema:
os jovens estão construindo um novo modelo de identidade. [...] As identidades dos jovens, hoje,
são, para o bem e para o mal, fluidas, maleáveis. Acho que uma das coisas mais importantes da
juventude [...] é que ela pode combinar, amalgamar elementos de culturas diversas, que para nós
seriam incompatíveis. [...]
(Jesús Martín-Barbero. “Sujeito, comunicação e cultura”. Revista Comunicação e Educação. n. 15,1999.)

Observe a colocação do pronome oblíquo no trecho “A música é o idioma em que se expressa


a juventude hoje.”. Considerando o padrão culto da língua, sobre esse emprego, é correto afir-
mar que está:
a) Errada, uma vez que, não havendo palavra atrativa, o correto deveria ser “expressa-se”.
b) Certa, já que se trata de um emprego facultativo do pronome antes do verbo.
c) Certa, uma vez que o pronome relativo representa um fator proclítico.
d) Errada, já que, em função da flexão verbal, o pronome deveria estar em mesóclise.

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041. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO/HUAP-UFF/2016)


Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a
gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha,
então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida
passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica ani-
mado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona
junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais fes-
tivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando
(pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,
indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando
de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso
sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte,
ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o
tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos.
Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se
curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

Considerando o emprego do pronome “se” em:


“A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos.” (3º§),
Nota-se uma ambiguidade oriunda do emprego incomum da forma passiva sintética. Desse
modo, NÃO entendendo a construção como passiva, o leitor compreenderia a passagem da
seguinte forma:
a) A alma tem suas dores, e para que cure a si mesma necessita de projetos e afetos
b) A alma tem suas dores, e para que seja curada necessita de projetos e afetos.
c) A alma tem suas dores, e para que se sinta curada necessita de projetos e afetos
d) A alma tem suas dores, e para que a curem necessita de projetos e afetos.
e) A alma tem suas dores, e para que busque a cura necessita de projetos e afetos.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

042. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE DE DEPARTAMENTO


PESSOAL/2016) Assinale a alternativa que indica a colocação correta do pronome.
a) Estas atividades são para mim fazer.
b) Estes trabalhos chegaram para eu.
c) Para eu, a prova estava muito difícil.
d) Para mim, a lição deverá demorar um pouco mais.

043. (IBFC/EMDEC/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO-JR/2016)


Sonhos
Sonhar é como ir ao cinema. Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,
e seu sonho é como um filme projetado na tela. Só que... Só que, mesmo que você não saiba exa-
tamente o que vai ver no cinema, tem uma ideia. Leu uma sinopse do filme no jornal, viu o cartaz.
Sabe se vai ser um drama ou uma comédia. Sabe quem são os atores. Sabe que, se for filme de
horror, vai se assustar, se for um filme com o Silvester Stallone, vai ter soco etc. Quer dizer: você
entra no cinema preparado. Mas você nunca dorme sabendo o que vai sonhar.
(Luís Fernando Veríssimo, fragmento)

No fragmento “Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,”, o empre-
go dos pronomes oblíquos em destaque:
a) retrata a variante coloquial
b) ilustra o padrão culto da língua.
c) aponta para uma preferência regional.
d) representa uma exigência da linguagem escrita.

044. (IBFC/EBSERH/ADVOGADO/2013)
As raízes do racismo
Drauzio Varella

Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o “nosso” e o “deles”. Esse é o início
de um artigo sobre racismo publicado na revista “Science”, como parte de uma seção sobre
conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hin-
dus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homos-
sexuais, corintianos e palmeirenses.
Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampa-
mento adolescentes que não se conheciam.
Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou
vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes,
dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadei-
ras e práticas esportivas.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na dis-
puta de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhe-
cidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso
grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os “outros”.
Parte desse prejulgamento que fazemos “deles” é inconsciente. Você se assusta quando um
adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é
jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão
tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coli-
gações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religio-
sa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no
reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse foi
a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos
seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às so-
licitações da vida comunitária.
Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quan-
do grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar
coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevi-
vência aos descendentes dos vencedores.
A contrapartida do altruísmo em relação aos “nossos” é a crueldade dirigida contra os “outros”.
Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atu-
ais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos
preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso
e limitado.
Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas
foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranha-
mento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente
diferentes dos colonizadores brancos.
Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais
abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em
apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar
à Presidência do país.
O preconceito contra “eles” cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculi-
no os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o
nome de hipótese do guerreiro masculino.

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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
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A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defen-
dermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a crité-
rios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
Demarcada a linha divisória entre “nós” e “eles”, discriminamos os que estão do lado de lá. Às
vezes com violência.
Considere o período e as afirmações abaixo.
Os estudantes que praticam atividades físicas sempre sentem- se mais dispostos.
I – Se a oração subordinada fosse colocada entre vírgulas, não haveria qualquer alteração
de sentido.
II – Deveria ter sido usada a próclise.

Está correto o que se afirma em


a) somente I
b) somente II
c) I e II
d) nenhuma

045. (IBFC/SEPLAG/PEDAGO/2013) Quanto à colocação pronominal, assinale abaixo a alter-


nativa que apresenta erro, de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
a) Matá-lo-ei ou não terei paz novamente.
b) Matá-lo eu irei ou não terei paz novamente.
c) Eu o matarei ou não terei paz novamente.
d) Matarei-o ou não terei paz novamente

046. (IBFC/SAEB-BA/ANALISTA DE REGISTRO DE COMÉRCIO/2015)


Náufragos da modernidade líquida
(Frei Beto)

Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer
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Elias Santana

Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ousar
exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração, ao es-
tudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)

No 6º parágrafo, tem-se a forma verbal “Multiplicar-se- ão”, na qual o pronome oblíquo encon-
tra-se em posição mesoclítica. Assinale a opção em que se ERRA, de acordo com a norma
padrão, na colocação pronominal.
a) “A agricultura se industrializa”(4º§)
b) “Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo” (5º§)
c) “Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes” (6º§)
d) “de outro, produzem-se tecnologias “ (7º§)
e) “Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como sujeito” (9º§)

047. (IBFC/TRE-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO-ENGENHARIA CIVIL/2014)


Prazeres mútuos
(Danuza Leão)

É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas
no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança
ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia

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Elias Santana

conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admi-
ração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral.
Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno)
e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso,
toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que
nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres,
quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que,
por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo nin-
guém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo
quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais
tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lin-
do”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade,
“que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for
alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que
a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve
de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obri-
gação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás,
ninguém elogia ninguém.
E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de
uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio es-
pontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma
delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique.
Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou sim-
pática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mun-
do têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo
de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas
que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e,
com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde
passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi
na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)

Observe o seguinte fragmento do texto:

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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
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“não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa,”
Para construir sua crítica, a autora utilizou, na primeira oração desse trecho, um tipo específico
de voz verbal. Sobre essa voz é correto afirmar que:
a) se trata da passiva.
b) se trata da ativa.
c) tem caráter reflexivo.
d) tem caráter recíproco.

048. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)
Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu
o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na cal-
çada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer
de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz
de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó, o co-
larinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma
surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua con-
versam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete
que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na
parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da es-
quina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Concordam
chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem
o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é no
fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de
moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e beben-
do, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o reló-
gio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e
alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço
na carteira é de outra cidade.

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Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calça-
das: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario,
pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá- lo — os bolsos vazios. Resta na mão es-
querda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A
polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas
horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o
ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito.
Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a mul-
tidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas
para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto
há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça
agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas
da chuva, que volta a cair.
Em “O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.” (14º§), considerando
as vozes do verbo, pode-se reescrever, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma:
a) O toco de vela é apagado.
b) O toco de vela apaga a si mesmo.
c) Apagam o toco de vela.
d) O toco de vela pode ser apagado.

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049. (IBFC/SEPLAG/GESTOR DE TRANSPORTES E OBRAS/DIREITO/2014) Por mais que


explore o registro informal da Língua, em várias partes do texto, percebe-se a adequação em
relação à Norma Padrão.

Considerando a colocação pronominal, assinale a opção que não caracteriza um desvio no


emprego do pronome átono.
a) “Viagem aéreas não me incham as pernas”
b) “me incham o cérebro”
c) “pela janela do carro me faz perder toda a fé”
d) “acessos de estupidez me embrulha o estômago”

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050. (IBFC/SESACRE/CONTADOR/2019) Leia com atenção a tira de “Hagar, o Horrível”, cria-


da pelo cartunista Dik Browne, para responder à questão a seguir.

De acordo com a tira e com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmati-
vas abaixo e assinale a alternativa correta.
I – A partícula “se” no primeiro quadrinho é um pronome reflexivo.
II – A expressão “o horrível” no primeiro quadrinho tem função sintática de aposto.
III – Os verbos, no terceiro quadrinho, estão conjugados, predominantemente, no presente
do indicativo.
IV – A expressão “rapazes”, no terceiro quadrinho, desempenha a função de sujeito do verbo
“Ir”, conjugado na primeira pessoa do plural.

a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


b) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.

051. (IBFC/SAEB-BA/ANALISTA DE REGISTRO COMÉRCIO/2015)


Náufragos da modernidade líquida
(Frei Beto)

Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer.
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Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ousar
exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração, ao es-
tudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)

Nele, o autor faz um jogo de palavras para reforçar os efeitos da modernidade. Assinale a op-
ção que traz um comentário INCORRETO sobre a estrutura gramatical do trecho em análise.
a) Na primeira oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o verbo.
b) A segunda oração está na voz ativa, diferentemente da primeira.
c) O pronome “se” cumpre papel reflexivo na primeira oração.
d) Na segunda oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o objeto.
e) Os dois verbos estão flexionados no mesmo tempo verbal.

052. Assinale a frase que não está na voz passiva sintética.


a) Abraçaram-se após a difícil vitória
b) Mariana cortou-se ao afiar a faca
c) Colhe-se o néctar na primavera
d) Precisa-se de médicos naquele hospital

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053. (IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR-SOCIOLOGIA/2013) Quanto à colocação pronominal, assi-


nale abaixo a alternativa que apresenta erro de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
a) Darei-te um beijo.
b) Der-te-ei um beijo.
c) Dar-te eu irei um beijo.
d) Eu te darei um beijo.

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GABARITO
1. d 37. c
2. c 38. c
3. c 39. c
4. a 40. c
5. a 41. a
6. a 42. d
7. a 43. a
8. a 44. b
9. b 45. d
10. a 46. a
11. e 47. a
12. d 48. a
13. e 49. a
14. a 50. a
15. d 51. c
16. b 52. Anulada
17. e 53. Anulada
18. b
19. c
20. c
21. d
22. c
23. c
24. b
25. c
26. c
27. d
28. a
29. b
30. c
31. e
32. a
33. b
34. b
35. c
36. e

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

GABARITO COMENTADO
001. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/AGENTE ADMINISTRATI-
VO/2021) Há normas que orientam para o correto uso dos pronomes pessoais em frases e
textos. Eles podem ser usados antes, no meio ou após o verbo da oração. A este respeito, as-
sinale a alternativa correta.
a) Segue-se a norma da Ênclise quando a oração estiver na negativa. Exemplo: “Não se inco-
mode demais”.
b) Segue-se a norma da Próclise quando a oração for iniciada por verbo. Exemplo: “Cortou-se
sem querer”.
c) Segue-se a norma da Próclise quando o verbo estiver no gerúndio. Exemplo: “Correu ao seu
encontro, abraçando-o fortemente”.
d) Segue-se a norma da Mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente e não houver
palavras que exijam o uso da Próclise. Exemplo: “Encontrar-te-ei mais tarde”.

Próclise é quando o pronome aparece antes do verbo.


Ênclise é quando o pronome aparece depois do verbo.
Mesóclise é quando o pronome aparece no meio do verbo.
a) Errada. Na frase, o pronome está antes do verbo e segue a regra da próclise. No caso, a pa-
lavra negativa funciona como fator de atração.
b) Errada. Na frase, o pronome está depois do verbo e segue a regra da ênclise. No caso, não
se deve iniciar frases com pronomes oblíquo átono.
c) Errada. Na frase, o pronome está depois do verbo e segue a regra da ênclise.
d) Certa. O pronome está no meio do verbo e segue a regra da mesóclise. A mesóclise aconte-
ce com verbos no futuro do presente ou no futuro do pretérito do modo indicativo
Letra d.

002. (IBFC/PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN/ADMINISTRADOR/2021)


Em relação às regras de colocação pronominal, segundo a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa, assinale a alternativa correta.
a) Elas tinham avisado-me sobre as faltas excessivas.
b) Se apresentaram muito bem no recital as suas filhas.
c) Hoje nos preocupamos muito mais com as expressões que usamos.
d) Os alunos que mantiveram-se em silêncio durante a aula aprenderam.

a) Errada. Não se usa ênclise em construções com o verbo no particípio. Lembre-se: após o
particípio, não se usa pronome oblíquo.

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b) Errada. Não se deve iniciar frases com pronomes oblíquos átonos.


c) Certa. Hoje é um advérbio de tempo e funciona como fator de atração na colocação
pronominal.
d) Errada. O que é um pronome relativo e funciona como fator de atração na colocação
pronominal.
Letra c.

003. (IBFC/IBGE/SUPERVISOR DE PESQUISA-GESTÃO/2021) Para responder à questão, leia


o fragmento do texto abaixo do romance A Metamorfose, de Franz Kafka.
Aqueles foram bons tempos, mas que não se repetiram – ao menos, não com a mesma intensi-
dade –, embora, de toda forma, Gregor ganhasse o suficiente para arcar sozinho com as neces-
sidades domésticas. À medida que tudo isso foi se tornando costumeiro, a surpresa e a alegria
inicial arrefeceram e, assim, Gregor entregava o dinheiro com prazer espontâneo e a família, de
bom grado, recebia. Apenas a irmã permanecia mais próxima e afetuosa e, como ela, ao contrá-
rio de Gregor, era amante da música e sabia tocar violino com muita graça, ele tinha planos de
enviá-la para o Conservatório no ano seguinte, sem importar-se com os gastos extras que isso
acarretaria. Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre
mencionava o projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto
os pais demonstravam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seria-
mente nisso e pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal.
Todos esses pensamentos, agora inúteis, fervilhavam em sua cabeça, enquanto ele escutava
as conversas, colado à porta. De vez em quando o cansaço obrigava-o a desligar-se, apoiando
pesadamente a cabeça na porta, mas logo recuperava a prontidão, pois sabia que qualquer ruído
era ouvido na sala e fazia com que todos se calassem. “Novamente aprontando alguma coisa”,
dizia o pai instantes depois, certamente olhando para a porta. Passado algum tempo, eles conti-
nuavam a trocar palavras entre si.
Na conversa sobre as finanças da família, o pai redundava nas explicações – seja porque há
tempos não se ocupava disso, seja porque a mãe tinha dificuldades para entender –, e Gregor,
com satisfação, tomou conhecimento de que, a despeito da desgraça que haviam sofrido, res-
tava-lhes algum capital, que, se não era muito, ao menos tinha crescido nos últimos anos por
conta dos rendimentos de juros acumulados. Além disso, o dinheiro que Gregor entregava (reti-
nha apenas uma pequeníssima parte) não era gasto integralmente, e pouco a pouco ampliava o
montante economizado. De onde estava, ele aprovou, com a cabeça, o procedimento, contente
com a inesperada provisão feita pelo pai. Era verdade que aquele dinheiro poderia ter paulatina-
mente saldado a dívida que o pai tinha com seu patrão, livrando-o daquele constrangimento. Não
obstante, ele julgou que pai havia procedido corretamente.
(KAFKA, Franz. A Metamorfose. Trad. Lourival Holt Albuquerque. São Paulo: Abril, 2010, p.40-41)

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Na frase “Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e pretendia anunciá-lo solenemen-
te na noite de Natal” (1º§), ocorrem dois pronomes. Sobre eles, é correto afirmar que:
a) possuem a mesma classificação morfológica.
b) o primeiro antecipa uma ideia inédita e o segundo a resgata.
c) ambos faz em referência a algo já dito no texto.
d) fazem referência à segunda pessoa do discurso.
e) o segundo está em posição proclítica em relação ao verbo.

a) Errada. Os dois pronomes são: nisso e lo. Nisso é um pronome demonstrativo formado pela
contração da preposição em + o pronome isso; lo é um pronome oblíquo.
b) Errada. Os dois pronomes fazem referência ao mesmo elemento do texto: projeto.
Em conversas com a irmã, nos curtos períodos em que ficava sem viajar, sempre mencionava o
projeto (que ela considerava lindo, mas impossível de se concretizar), enquanto os pais demons-
travam não aprovar nem um pouco a ideia. Contudo, Gregor pensava muito seriamente nisso e
pretendia anunciá-lo solenemente na noite de Natal.
c) Certa. Os dois pronomes fazem referência a projeto.
d) Errada. Os dois elementos fazem uso da terceira pessoa do discurso (ele, o projeto).
e) Errada. O segundo pronome (lo) está em posição enclítica, ou seja, após o verbo.
Letra c.

004. (IBFC/TRE-PA/OPERAÇÃO DE COMPUTADORES/2020) A respeito das normas de Colo-


cação Pronominal, assinale a alternativa incorreta.
a) A mesóclise é o uso do pronome no interior do verbo em frases no presente do indicativo
b) A próclise é o uso do pronome antes do verbo, quando houver conjunções subordinativas.
c) A ênclise é o uso do pronome depois do verbo em frases iniciadas por verbo.
d) A próclise é o uso do pronome antes do verbo em frases que possuam advérbios ou outras
palavras atrativas.

a) Errada. A mesóclise é o uso do pronome no meio do verbo quando este está no futuro do
presente ou no futuro do pretérito.
b) Certa. A próclise é o uso do pronome antes do verbo. Uma das regras obrigatórias para a
próclise é quando há conjunções subordinativas.
c) Certa. Quando a frase começar com verbo, deve-se usar a ênclise, ou seja, o pronome
após o verbo.
d) Certa. A próclise é o uso do pronome antes do verbo em frases que possuam advérbios ou
outras palavras atrativas.

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Relembrando quais são os fatores de atração na próclise: palavras negativas; advérbios; pro-
nomes relativos; pronomes indefinidos; conjunções subordinativas.
Letra a.

005. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO-ADMINISTRATIVA/2020) Leia atentamente o


texto abaixo para responder à questão.
Sem direito e Poesia
Eis me aqui, iniludível. Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as
palavras que lhes atribuem significado. Às vezes dá vontade ser assim, hermético. Talvez, porque
eu sinta que o mundo não me entende ou porque, talvez, eu não me encaixe harmonicamente no
mundo, é que sinto esta liberdade em não me fazer entender. É que, talvez, a vida seja mesmo
um mal entendido.
Portanto, despiciendo as opiniões e me faço prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e,
nele me tranco e jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as palavras devem ser um
instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo nada en-
tendo, por que razão deveria me fazer entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se do fluido vital, e, sem tempo para o recreio dese-
jado, com os ombros arcados pelos compromissos assumidos, tenho no plenilúnio um desejo
imarcescível de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o decesso, eu possa lá estabelecer
morada e, vivendo em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito. Na realidade. Na inilu-
dível realidade, meu recreio é uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com farta literatura
e filosofia. Nenhuma porta ou janela aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona ave-
ludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco, Malbec.
O amor? O entregar-se? Não!
Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
de rosa, matéria orgânica falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)

Observe a construção verbal do enunciado a seguir: “Tratar-se-ia apenas de amor próprio.´


Quanto à norma de colocação pronominal utilizada, assinale a alternativa correta.
a) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro do pretérito.
b) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro mais-que-perfeito.
c) Próclise - uso do pronome no interior do verbo no futuro do presente.
d) Mesóclise - uso do pronome no interior do verbo no pretérito imperfeito.

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A mesóclise é uma construção pouco usual e ocorre quando o pronome está no meio do verbo.
A mesóclise é obrigatória quando dois fatores são combinados:
• verbo no futuro do presente ou no futuro do pretérito e
• ausência de fator atrativo da próclise.
Quando há alguns dos fatores atrativos da próclise, esta prevalece sobre a mesóclise.
Letra a.

006. (IBFC/CBM-BA/2019) Leia o texto abaixo para responder a seguinte questão.


Inspeções de segurança geram benefícios para empresas e trabalhadores — Por Paulo Ri-
beiro Neres
Uma das atividades mais comuns entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho
são as inspeções de segurança. Estas podem ser específicas, como por exemplo, em equipa-
mentos de combate a incêndio ou gerais como: ordem, arrumação e limpeza. Normalmente,
alguns de seus objetivos são: reconhecer e antecipar as condições ou procedimentos que se
encontram abaixo dos padrões de segurança estabelecidos, ou ainda detectar situações peri-
gosas que possam acarretar perdas materiais ou pessoais no ambiente ocupacional.
Seja qual for o propósito ou tipo das inspeções, de rotina ou periódica, é de extrema relevância
que o próprio trabalhador, “aquele que põe a mão na massa”, participe dessas atividades e que
sua opinião seja considerada e avaliada no momento da conclusão. Desta forma, espera-se
aumentar o interesse e motivação dos trabalhadores com as questões de saúde e segurança
no ambiente de trabalho e, paralelo a isso, desenvolver uma cultura que promova a ideia de
que a prevenção de perdas seja de interesse de todos e não apenas uma responsabilidade do
Departamento de Segurança, como é comum em diversas organizações. [...]
O melhor e mais vantajoso de tudo isso é que podemos usar o conhecimento e experiência
prática de quem realmente sabe onde estão as condições perigosas e desvios que mais ocor-
rem naquele ambiente de trabalho. Geralmente, as inspeções de segurança são realizadas
sem a participação dos trabalhadores do chão de fábrica. Precisamos quebrar esse paradig-
ma. [...] Não será demérito para os profissionais do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) adicionar os trabalhadores nas suas inspeções
de segurança. Para isso, será necessário capacitá-los, treiná- los e orientá-los para que se-
jam capazes de auxiliar na identificação e avaliação dos perigos. [...]
Se realizarmos inspeções com o auxílio dos próprios trabalhadores, é bem provável que as
medidas de controle, que serão sugeridas para mitigar os riscos detectados, sejam mais coe-
rentes e próximas da realidade do dia a dia. Assim, o bom resultado prático virá pela união do
conhecimento técnico do profissional da segurança com a opinião e visão de quem realmente
fica exposto, que são os trabalhadores.
http://revistacipa.com.br/inspecoes-de-seguranca-geram-beneficios- para-empresas-e-trabalhadores/
acesso em 14/11/2019 (adaptado)

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Assinale a alternativa correta quanto à regra utilizada para a colocação pronominal destacada
no enunciado a seguir: “Para isso, será necessário capacitá-los, treiná-los e orientá-los”.
a) Ênclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
b) Mesóclise - uso do pronome oblíquo após o verbo.
c) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases afirmativas.
d) Próclise - uso do pronome oblíquo após o verbo em frases no futuro do presente.
e) Mesóclise- uso do pronome oblíquo após uma sílaba tônica.

A ênclise ocorre quando o pronome aparece após o verbo.


Letra a.

007. (IBFC/PREFEITURA DE CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE/TÉCNICO EM SANEAMEN-


TO/2019) Observe o enunciado abaixo.
Vou-me embora pra Pasárgada,
lá sou amigo do Rei”.
(M.Bandeira)

Quanto à regra de colocação pronominal utilizada, assinale a alternativa correta.


a) Ênclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
b) Próclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
c) Mesóclise: em orações iniciadas com verbos no presente ou pretérito afirmativo, o pronome
oblíquo deve ser usado posposto ao verbo.
d) Próclise: em orações iniciadas com verbos no imperativo afirmativo, o pronome oblíquo
deve ser usado posposto ao verbo.

Lembre-se que não se deve iniciar frases com pronome oblíquo. Por isso, o pronome deve ser
posposto ao verbo, caracterizando uma ênclise.

 Obs.: Se o verbo do início da oração estiver no futuro (do presente ou do pretérito), prevale-
cerá a mesóclise.
Letra a.

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008. (IBFC/PREFEITURA DE CUIABÁ-MT/ANALISTA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO-ANA-


LISTA DE SISTEMAS/2019)
Texto 1
“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”
Carlos Drummond de Andrade
Texto 2

Observe: “Nunca me esquecerei desse acontecimento”. Assinale a alternativa que apresenta a


correta regra de colocação pronominal utilizada no enunciado.
a) Próclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
b) Ênclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
c) Mesóclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com sentido negativo.
d) Ênclise - uso de pronome antes do verbo em enunciados com advérbios de negação.

A próclise é o uso do pronome a antes do verbo. Em alguns casos, temos os chamados “fa-
tores de atração”, que tornam o uso da próclise obrigatória. Palavras negativas, como nunca,
nada, não, são exemplos de fatores que atraem o pronome para antes do verbo.

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Relembrando quais são os fatores de atração da próclise:


• palavras negativas
• advérbios
• pronomes relativos
• pronomes indefinidos
• conjunções subordinativas
Letra a.

009. (IBFC/PREFEIRUA DE CUIABÁ-MT/PROFISSIONAL NÍVEL MÉDIO/OFICIAL ADMINIS-


TRATIVO/2019) Leia o texto para responder à questão.
Coisas Antigas
[...] “Depois de cumprir meus afazeres voltei para casa, pendurei o guarda-chuva a um canto e
me pus a contemplá-lo. Senti então uma certa simpatia por ele; meu velho rancor contra os guar-
da-chuvas cedeu lugar a um estranho carinho, e eu mesmo fiquei curioso de saber qual a origem
desse carinho.
Pensando bem, ele talvez derive do fato, creio que já notado por outras pessoas, de ser o guar-
da-chuva o objeto do mundo moderno mais infenso a mudanças. Sou apenas um quarentão, e
praticamente nenhum objeto de minha infância existe mais em sua forma primitiva. De máqui-
nas como telefone, automóvel etc., nem é bom falar. Mil pequenos objetos de uso mudaram de
forma, de cor, de material; em alguns casos, é verdade, para melhor; mas mudaram. [...]
O guarda-chuva tem resistido. Suas irmãs, as sombrinhas, já se entregaram aos piores desregra-
mentos futuristas e tanto abusaram que até caíram de moda. Ele permaneceu austero, negro,
com seu cabo e suas invariáveis varetas. De junco fino ou pinho vulgar, de algodão ou de seda
animal, pobre ou rico, ele se tem mantido digno. [...]” Rubem Braga
Leia o trecho: “pendurei o guarda-chuva a um canto e me pus a contemplá-lo”. Assinale a alter-
nativa que apresenta a regra correta que justifica o uso da expressão pronominal em destaque.
a) Próclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no pretérito imperfeito.
b) Ênclise – uso do pronome após o verbo no infinitivo impessoal regido por preposição.
c) Mesóclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no presente do
indicativo.
d) Próclise – uso do pronome após o verbo em enunciados afirmativos no pretérito perfeito.

Lembre-se:
• próclise: ocorre antes do verbo
• mesóclise: ocorre no meio do verbo
• ênclise: ocorre após o verbo
Letra b.

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010. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2019)
João Cruz e Sousa (1861 - 1898), lançador do Simbolismo no Brasil, é situado, por alguns estu-
diosos, junto de Mallarmé e Stefan George, entre os três maiores simbolistas do mundo, forman-
do a “grande tríade harmoniosa”.
Além de ter uma boa apresentação física, era um homem extremamente culto e elogiado por
seus mestres. Mas nada disso, para as pessoas da época, superava o fato de ser negro, o que
lhe causou sérios problemas.
Em vida, sofreu muito e não conheceu o sucesso. Mudou-se de Santa Catarina (seu estado na-
tal) para o Rio de Janeiro e, com muito empenho, chegou a ser arquivista da Central do Brasil,
cargo que lhe garantia subsistência e não valorizava sequer um décimo de sua capacidade in-
telectual. Terminou atacado pela “doença dos poetas”, a tuberculose, que matou, junto com ele,
toda sua família.
É nesse ambiente de dor que nasce sua incrível obra, onde transparecem a melancolia e a re-
volta, porém com versos magicamente ricos e sonoros. Arte é a palavra-chave. Arte libertária,
ansiosa, criativa, que foge dos padrões métricos sem perder a classe e a musicalidade. Cruz e
Sousa é, sem dúvida, um dos maiores expoentes da poesia brasileira. Entre suas obras estão
Missal, Broquéis, Os Faróis e Últimos Sonetos, todos livros de poesia.
(brasilescola.uol.com.br/biografa/joao-cruz-sousa)

A expressão sublinhada do texto apresenta um pronome enclítico. De acordo com a norma


gramatical de seu uso, a ênclise ocorre:
a) nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), isto porque na
linguagem padrão da língua não é apropriado iniciar frase com pronome oblíquo.
b) nas orações iniciadas por verbos acompanhados de pronome refexivo seguido de preposição.
c) somente em frases afirmativas no pretérito perfeito.
d) quando há a partícula apassivadora “se” porque na linguagem culta essa formação é grama-
ticalmente correta.

Não é permitido iniciar frases com pronomes; por isso, deve-se usar a ênclise.
Lembre-se: se o verbo estiver no futuro do presente ou do pretérito, a mesóclise prevalece so-
bre a ênclise.
Letra a.

011. (IBFC/SEDUC-MT/TÉCNICO ADMINSITRATIVO EDUCACIONAL/2017)


Quando era novo, em Pringles, havia donos de automóveis que se gabavam, sem mentir, de tê-
-los desmontado “até o último parafuso” e depois montá-los novamente. Era uma proeza bem
comum, e tal como eram os carros, então, bastante necessária para manter uma relação boa e
confiável com o veículo. Numa viagem longa era preciso levantar o capô várias vezes, sempre

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que o carro falhava, para ver o que estava errado. Antes, na era heroica do automobilismo, ao
lado do piloto ia mecânico, depois rebaixado a copiloto. [...]
Na realidade, os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam aos carros, trabalhavam com
qualquer tipo de máquinas: relógios, rádios, bombas d´água, cofres. [...] Desnecessário dizer,
assim, que desde que os carros vêm com circuitos eletrônicos, o famoso “até o último parafuso”
perdeu vigência.
Houve um momento, neste último meio século, em que a humanidade deixou de saber como
funcionavam as máquinas que utiliza. De forma parcial e fragmentária, sabem apenas alguns
engenheiros dos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento de algumas grandes empresas,
mas o cidadão comum, por mais hábil e entendido que seja, perdeu a pista há muito. Hoje em dia
usamos os artefatos tal como as damas de antigamente usavam os automóveis: como “caixas-
-pretas”, com um Input (apertar um botão) e um Output (desliga-se o motor), na mais completa
ignorância do que acontece entre esses dois polos.
O exemplo do carro não é por acaso, acredito ter sido a máquina de maior complexidade até
onde chegou o saber do cidadão comum. Até a década de 1950, antes do grande salto, quando
ainda se desmontavam carros e geladeiras no pátio, circulava uma profusa bibliografia com ten-
tativas patéticas de seguir o rastro do progresso. [...]
Hoje vivemos num mundo de caixas-pretas. Ninguém se assusta por não saber o que acontece
dentro do mais simples dos aparelhos de que nos servimos para viver. [...]
O que aconteceu com as máquinas é apenas um indício concreto do que aconteceu com tudo. A
sociedade inteira virou uma caixa-preta. A complicação da economia, os deslocamentos popula-
cionais, os fluxos de informação traçando caprichosas espirais num mundo de estatísticas con-
traditórias, acabaram por produzir uma cegueira resignada cuja única moral é a de que ninguém
sabe “o que pode acontecer”; ninguém acerta os prognósticos, ou acerta só por casualidade.
Antes isso acontecia apenas com o clima, mas à imprevisibilidade do clima o homem respondeu
com civilização. Agora a própria civilização, dando toda a volta, se tornou imprevisível.
(César Aira. In: Marco M. Chaga, org. Pequeno manual de procedimentos. Tradução: Eduardo Marquardt. Cuuri-
tiba: Arte & Letra, 2007, p.49-51)

* bricoleur: aquele que faz qualquer espécie de trabalho


Dentre as ocorrências do emprego do pronome oblíquo átono abaixo, destacadas do texto,
assinale a alternativa incorreta de colocação considerando a Norma Culta.
a) “havia donos de automóveis que se gabavam” (1º§).
b) “até o último parafuso’ e depois montá-los” (1º§).
c) “os bricoleurs* de vila ou de bairro não se limitavam” (2º§).
d) “Ninguém se assusta por não saber o que acontece” (5º§).
e) “dando toda a volta, se tornou imprevisível.” (6º§).

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a) Certa. O pronome relativo que funciona como fator de atração na próclise.


b) Certa. Pode-se usar próclise ou ênclise.
c) Certa. O não é um fator de atração na próclise.
d) Certa. Ninguém é fator de atração na próclise.
e) Errada. A ênclise é obrigatória quando for precedida por um sinal de pontuação. O correto
seria: “dando toda a volta, tornou-se imprevisível.
Letra e.

012. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA/ASSISTENTE TÉCNICO LEGIS-


LATIVO/2017)

A oração “Vou me aposentar amanhã” tem seu sentido preservado sem transgressão à norma
padrão no que diz respeito à colocação pronominal com a seguinte reescritura:
a) Vou me aposentando amanhã.
b) Me aposentaria amanhã.
c) Me aposentava amanhã.
d) Aposentar-me-ei amanhã.

A mesóclise é pouco usual no dia a dia. Ela só é obrigatória quando há a combinação de dois
requisitos:
1º) o verbo precisa estar no futuro do presente ou do pretérito e iniciar a oração
e
2º) não pode haver fator de atração da próclise.
Letra d.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

013. (IBFC/EBSERH/ASSISTENTE SOCIAL/2016)


Texto
A mentirosa liberdade
Comecei a escrever um novo livro, sobre os mitos e mentiras que nossa cultura expõe em
prateleiras enfeitadas, para que a gente enfie esse material na cabeça e, pior, na alma - como
se fosse algodão-doce colorido. Com ele chegam os medos que tudo isso nos inspira: medo
de não estar bem enquadrados, medo de não ser valorizados pela turma, medo de não ser
suficientemente ricos, magros, musculosos, de não participar da melhor balada, de um clube
mais chique, de não ter feito a viagem certa nem possuir a tecnologia de ponta no celular.
Medo de não ser livres.
Na verdade, estamos presos numa rede de falsas liberdades. Nunca se falou tanto em liberdade,
e poucas vezes fomos tão pressionados por exigências absurdas, que constituem o que chamo
a síndrome do “ter de”. Fala-se em liberdade de escolha, mas somos conduzidos pela propagan-
da como gado para o matadouro, e as opções são tantas que não conseguimos escolher com
calma. Medicados como somos (a pressão, a gordura, a fadiga, a insônia, o sono, a depressão e
a euforia, a solidão e o medo tratados a remédio), [...] a alegria, de tanta tensão, nos escapa. [...]
Parece que do começo ao fim passamos a vida sendo cobrados: O que você vai ser? O que vai
estudar? Como? Fracassou em mais um vestibular? [...] Treze anos e ainda não ficou? [...] Já pre-
cisa trabalhar? Que chatice! E depois: Quarenta anos ganhando tão pouco e trabalhando tanto?
E não tem aquele carro? Nunca esteve naquele resort?
Talvez a gente possa escapar dessas cobranças sendo mais natural, cumprindo deveres reais,
curtindo a vida sem se atordoar. Nadar contra toda essa correnteza. Ter opiniões próprias, ama-
durecer ajuda. Combater a ânsia por coisas que nem queremos, ignorar ofertas no fundo desin-
teressantes, como roupas ridículas e viagens sem graça, isso ajuda. Descobrir o que queremos e
podemos é um aprendizado, mas leva algum tempo: não é preciso escalar o Himalaia social nem
ser uma linda mulher nem um homem poderoso. É possível estar contente e ter projetos bem de-
pois dos 40 anos, sem um iate, físico perfeito e grande fortuna. Sem cumprir tantas obrigações
fúteis e inúteis, como nos ordenam os mitos e mentiras de uma sociedade insegura, desorienta-
da, em crise. Liberdade não vem de correr atrás de “deveres” impostos de fora, mas de construir
a nossa existência, para a qual, com todo esse esforço e desgaste, sobra tão pouco tempo. Não
temos de correr angustiados atrás de modelos que nada têm a ver conosco, máscaras, ilusões
e melancolia para aguentar a vida, sem liberdade para descobrir o que a gente gostaria mesmo
de ter feito.
(LUFT, Lya. Veja, 25/03/09, adaptado)

Em “Nunca se falou tanto em liberdade” (2º§), ao observar a posição do pronome oblíquo em


destaque, percebe-se que ela, em função da norma padrão,
a) poderia ser alterada para mesóclise.
b) relaciona-se com o vocábulo “tanto”.

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Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
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c) obedece à flexão do verbo.


d) deveria ser alterada para ênclise.
e) se deve ao advérbio “nunca”.

A próclise ocorre quando o pronome vem antes do verbo. Na maioria dos casos, é possível
usar a próclise. Ela é proibida em dois casos:
• não é permitido iniciar frases com pronomes oblíquos;
• não se deve usar a próclise quando o verbo aparecer no início da oração ou quando hou-
ver uma pausa antes dele (marcada por um sinal de pontuação, por exemplo).
Em alguns casos, a próclise é obrigatória. Relembrando quais são os casos:
• palavras negativas;
• advérbios;
• pronome relativos;
• pronomes indefinidos;
• conjunções subordinativas.
Letra e.

014. (IBFC/EBSERH/ADVOAGO/HU-FURG/2016) Observando o padrão culto da língua, assi-


nale a alternativa cujo fragmento transcrito do texto represente um emprego INCORRETO de
colocação pronominal:
a) “Me conquistou.” (1º§)
b) “E já estão me confundindo com Artur da Távola?” (2 °§)
c) “Disse que me lia sempre (...) (3º§)
d) “(...)sempre fui confundido com o Zuenir, o Veríssimo, o Arnaldo... só não me lembro
(...)” (4 °§)
e) “(...)nunca escrevi às sextas, mas ela me interrompeu (...)” (4 °§)

Na Língua Portuguesa, não se admite iniciar frases com pronomes átonos.


Letra a.

015. (IBFC/COMLURB/TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO/2016) Das opções abai-


xo, assinale a única que apresenta corretamente a colocação do pronome.
a) Esqueci de te contar que vi ele na rua.
b) Nunca pode-se falar mal de quem não conhece-se.
c) Esta situação se-refere a assuntos empresariais.
d) Precisa-se de bons funcionários.

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a) Errada. O correto seria: “Esqueci-me de te contar que o vi na rua”. O pronome relativo que
funciona como fator de atração na colocação pronominal.
b) Errada. Nunca e não sãos palavras negativas e funcionam como fatores de atração da pró-
clise. O correto seria: “Nunca se pode falar mal de quem não se conhece.”.
c) Errada. Não existe a construção se-refere. Não existe hífen na próclise.
d) Certa. O pronome está na posição correta, já que ele não poderia iniciar a oração.
Letra d.

016. (IBFC/IBGE/SUPERVISOR DE PESQUISAS-GESTÃO/2021) Para responder à questão,


considere o texto abaixo.
A roda dos não ausentes
O nada e o não,
ausência alguma,
borda em mim o empecilho.
Há tempos treino
o equilíbrio sobre
esse alquebrado corpo,
e, se inteira fui,
cada pedaço que guardo de mim
tem na memória o anelar
de outros pedaços.
E da história que me resta
estilhaçados sons esculpem
partes de uma música inteira.
Traço então a nossa roda gira-gira
em que os de ontem, os de hoje,
e os de amanhã se reconhecem
nos pedaços uns dos outros.
Inteiros.
(EVARISTO, Conceição. Poemas da Recordação e outros movimentos. Rio de Janeiro: Malê, 2017, p. 12)

Considere o verso “e os de amanhã se reconhecem” (v.16) e o contexto em que está inserido.


A construção em destaque ilustra:
a) um verbo pronominal.
b) a noção de reciprocidade.
c) a voz passiva sintética.
d) a indeterminação do sujeito.
e) uma construção passiva analítica.

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A reciprocidade está presente na voz reflexiva, que ocorre quando o sujeito é agente e paciente
da ação praticada.
Letra b.

017. (IBFC/PC-RJ/PAPILOSCOPISTA POLICIAL DE 3ª CLASSE/2014)


Texto III
Corrida contra o ebola
Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comu-
nidade internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear o avanço
da doença tenham sido eficazes.
Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram
nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A escala-
da levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a
afirmar que a epidemia está fora de controle.
O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as condições sanitárias e
econômicas dos países afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização Mundial da
Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para
atuar nessas localidades afetadas.
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20%
dos recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-membros – o restante
é formado por doações voluntárias.
A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área,e a organização perdeu quase US$
1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos
EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca de US$ 6 bilhões.
Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar mais ênfase à luta
contra enfermidades globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes.O departamento de
respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais ex-
perimentados deixaram seus cargos.
Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação.
Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados.
O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade
suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com
representantes dos países afetados.
Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos,
Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.

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A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a neces-
sidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a
favor da doença.
(Disponívelem:http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104-editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml:
Acesso em: 08/09/2014)

Na frase “Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financei-
ros. “(4º§), a construção em destaque ilustra:
a) a voz passiva analítica.
b) um caso de sujeito indeterminado.
c) a voz reflexiva.
d) uma oração sem sujeito.
e) a voz passiva sintética.

“Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros.”
No caso, o verbo explicar não pede preposição, sendo, portanto, verbo transitivo direto. Quan-
do temos VTD + se, este é considerado partícula apassivadora, caracterizando a voz passiva
sintética.
Letra e.

018. (IBFC/TRE-PA/ANALISTA JUDICIÁRIO/ADMINISTRATIVA/2020) Leia atentamente o


texto abaixo para responder à questão.
Eis me aqui, iniludível. Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as
palavras que lhes atribuem significado. Às vezes dá vontade ser assim, hermético. Talvez, porque
eu sinta que o mundo não me entende ou porque, talvez, eu não me encaixe harmonicamente no
mundo, é que sinto esta liberdade em não me fazer entender. É que, talvez, a vida seja mesmo
um mal entendido.
Portanto, despiciendo as opiniões e me faço prolixo. Suasório para o intento de escrever em uma
língua indecifrável ao homem comum. Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e,
nele me tranco e jogo fora a chave do entendimento. Dizem-me que as palavras devem ser um
instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-se entender. Mas eu, que do mundo nada en-
tendo, por que razão deveria me fazer entender?
Sinto o decesso aproximar-se, pelo esvair-se do fluido vital, e, sem tempo para o recreio dese-
jado, com os ombros arcados pelos compromissos assumidos, tenho no plenilúnio um desejo
imarcescível de que haja vida no satélite natural. Talvez, após o decesso, eu possa lá estabelecer
morada e, vivendo em uma sociedade singular, haja o recreio em espírito. Na realidade. Na inilu-
dível realidade, meu recreio é uma sala ampla. Teto alto. Prateleiras rústicas com farta literatura
e filosofia. Nenhuma porta ou janela aberta a permitir à passagem do tempo. Uma poltrona ave-
ludada. Frio. Lareira acesa. Vinho tinto seco, Malbec.

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O amor? O entregar-se? Não!


Tratar-se-ia apenas de amor próprio. Sem entrega. Apenas eu. Apenas eu e o tempo. Cerrado na
sala cerrada. Divagando sobre o nada e refletindo sobre tudo. Imarcescível seria tal momento.
Mas a vida. A vida é singular ao tempo, pois que o tempo é eterno, e a criatura humana é botão
de rosa, matéria orgânica falível na passagem do eterno. Sigo... Soerguendo-me... Sobrevivo...
(Fonte: Nelson Olivo Capeleti Junior/ Artigos13/04/2018 - JUS Brasil)

Com relação ao emprego de elementos de referência, substituição, funcionalidade e repetição


de conectores e de outros elementos da sequência textual, analise as afirmativas abaixo.
I – “Incipiente na arte da escrita, desfraldo sentimentos vestindo-os com as palavras que lhes
atribuem significado”. O pronome em destaque faz referência ao vocábulo “sentimentos”.
II – “Suasório para o intento de escrever em uma língua indecifrável ao homem comum”. O vo-
cábulo em destaque é uma conjunção subordinativa com função explicativa.
III – “Meu vocabulário, quando quero, é um quarto cerrado e, nele me tranco e jogo fora a chave
do entendimento”. O vocábulo em destaque faz referência à palavra “vocabulário”.
IV – “Dizem-me que as palavras devem ser um instrumento para comunicar-se e que isto é fazer-
-se entender”. A partícula “se” transforma os vocábulos em destaque em verbos pronominais.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
a) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
b) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas.
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

I – O pronome oblíquo os faz referência a sentimentos a fim de evitar a repetição de uma mes-
ma palavra na frase.
II – O para indica finalidade.
III – O nele faz referência a quarto.
IV – Verbos pronominais são aqueles acompanhados por pronome oblíquo.
Letra b.

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019. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE ADMINISTRATIVO/2017)


Texto II

O pronome “se” presente em “O homem que se cuida” deve ser classificado, em função do pa-
pel que exerce como:
a) pronome apassivador.
b) parte integrante do verbo.
c) pronome reflexivo.
d) índice de indeterminação do sujeito.

Na voz reflexiva, o sujeito é agente e paciente da ação praticada.


Letra c.

020. (IBFC/PREFEITURA DE VINHEDO-SP/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA II-CIÊN-


CIAS/2019) Para responder à questão, leia atentamente o fragmento do poema “Ismália” do
poeta parnasiano Alphonsus de Guimaraens.
Ismália
Alphonsus de Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,

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Na torre pôs-se a cantar…


Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
[...]
As asas que Deus lhe deu
Rufaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
De acordo com a leitura atenta do poema “Ismália” e com a Gramática Normativa da Língua
Portuguesa, assinale a alternativa incorreta.
a) O verbo “ver” na primeira estrofe está conjugado no pretérito perfeito indicando uma certeza,
enquanto o verbo “querer” na segunda estrofe está conjugado no pretérito imperfeito e expres-
sa um desejo da personagem.
b) As vírgulas presentes nos primeiros versos da primeira e da segunda estrofes são utilizadas
de acordo com a mesma regra gramatical.
c) Na expressão “Na torre pôs-se a cantar…”, a palavra “se” é classificada como partícula
apassivadora.
d) No verso “As asas que Deus lhe deu” a expressão destacada é uma Oração Subordinada
Adjetiva Restritiva.

Na letra c, o correto é dizer que o se é classificado como partícula reflexiva.


Letra c.

021. (IBFC/COMLURB/PROFISSIONAL DE OPERAÇÕES DE LIMPEZA E SERVIÇOS URBA-


NOS-GARI/2014) Assinale a alternativa que apresenta o pronome pessoal oblíquo empregado
de forma correta.
a) Eu o não vi pela manhã.
b) Eu não vi o pela manhã.
c) Eu não vi ele pela manhã.
d) Eu não o vi pela manhã

Lembre-se: palavras que indicam negação funcionam como fator de atração da próclise.
Letra d.

022. (IBFC/SUCEN/OFICIAL ADMINISTRATIVO/2013) Assinale abaixo a alternativa que não


apresenta correta colocação dos pronomes oblíquos átonos, de acordo com a norma culta da
língua portuguesa:

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a) Não te afastes de mim.


b) Agora se negam a falar.
c) Eu vi a menina que apaixonou-se por mim na juventude.
d) Muitos se recusaram a trabalhar.

a) Certa. O não funciona como fator de atração na colocação pronominal, puxando para perto
de si o pronome te.
b) Certa. Agora, por ser advérbio, também é fator de atração da próclise.
c) Errada. O pronome relativo que funciona como fator de atração. O correto seria: “Eu vi a me-
nina que se apaixonou por mim na juventude.”
d) Certa. Muitos é um pronome indefinido, funcionando também como fator de atração
da próclise.
Letra c.

023. (IBFC/HEMOMINAS/ASSISTENTE SOCIAL/2013) Considere o período e as afirma-


ções abaixo:
Meu amigo, nunca encontrei-o tão preocupado!
I – A colocação pronominal está incorreta.
II – A pontuação está correta.

Está correto o que se afirma em:


a) somente I.
b) somente II.
c) I e II.
d) nenhuma

I – Errado. O certo seria: “(...) nunca o encontrei tão preocupado!”. A palavra nunca é fator de
atração da próclise.
II – Certo. A vírgula separa um vocativo; o ponto de exclamação marca a frase exclamativa e
indica uma surpresa de quem fala.
Letra c.

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024. (IBFC/SEDUC-MT/PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA-CIÊNCIAS FÍSICAS E BIOLÓ-


GICAS/2017)
Texto I
Conceitos da vida cotidiana
A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação poética e um ornamento
retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do que de linguagem ordinária.
Mais do que isso, a metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à lingua-
gem, uma questão mais de palavras do que de pensamento ou ação. Por essa razão, a maioria
das pessoas acha que pode viver perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao
contrário, que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas
também no pensamento e na ação. Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual
não só pensamos, mas também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza. Os
conceitos que governam nosso pensamento não são meras questões do intelecto. Eles go-
vernam também a nossa atividade cotidiana até nos detalhes mais triviais. Eles estruturam o
que percebemos, a maneira como nos comportamos no mundo e o modo como nos relacio-
namos com outras pessoas. Tal sistema conceptual desempenha, portanto, um papel central
na definição de nossa realidade cotidiana.
Para dar uma ideia de como um conceito pode ser metafórico e estruturar uma atividade co-
tidiana, comecemos pelo conceito de DISCUSSÃO e pela metáfora conceitual DISCUSSÃO É
GUERRA. Essa metáfora está presente em nossa linguagem cotidiana numa grande variedade
de expressões:
Seus argumentos são indefensáveis.
Ele atacou todos os pontos da minha argumentação.
É importante perceber que não somente falamos sobre discussão em termos de guerra. Po-
demos realmente ganhar ou perder uma discussão. Vemos as pessoas com quem discutimos
como um adversário. Atacamos suas posições e defendemos as nossas. Planejamos e usamos
estratégias. Se achamos uma posição indefensável, podemos abandoná-la e colocar-nos numa
linha de ataque. Muitas das coisas que fazemos numa discussão são parcialmente estruturadas
pelo conceito de guerra.
Esse é um exemplo do que queremos dizer quando afirmamos que um conceito metafórico es-
trutura (pelo menos parcialmente) o que fazemos quando discutimos, assim como a maneira
pela qual compreendemos o que fazemos.
(LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Texto adaptado de Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado de Letras; São
Paulo: Educ, 2002, p. 45-47.)

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Texto II

Em “É preciso respeitá-la”, nota-se uma referência enclítica do pronome obliquo. Assinale a


alternativa em que está incorreta a colocação pronominal.
a) Ninguém me disse que você viria.
b) Me calaram com todas essas ofensas.
c) Que Deus o conduza!
d) Quando me deitei, sonhei com a prova.
e) Agarraram-na em um pedido de socorro.

a) Certa. Ninguém é um pronome indefinido e funciona como fator de atração da próclise.


b) Errada. Não se inicia frase com pronome oblíquo.
c) Certa. Em frases exclamativas, a colocação pronominal é proclítica.
d) Certa. O quando funciona como fator de atração.
e) Certa. A oração começa com verbo, não cabendo a próclise. Neste caso, deve-se usar
a ênclise.

 Obs.: Se o verbo do início da oração estiver no futuro (do presente ou do pretérito), prevale-
cerá a mesóclise.
Letra b.

025. (IBFC/CÂMARA MUNCIPAL DE ARARAQUARA-SP/AGENTE ADMINISTRATIVO/2017)


Texto I
O vencedor: uma visão alternativa
Nos sete primeiros assaltos, Raul foi duramente castigado. Não era de espantar: estava intei-
ramente fora de forma. Meses de indolência e até de devassidão tinham produzido seus efei-
tos. O combativo boxeador de outrora, o homem que, para muitos, fora estrela do pugilismo
mundial, estava reduzido a um verdadeiro trapo. O público não tinha a menor complacência
com ele: sucediam-se as vaias e os palavrões.
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De repente, algo aconteceu. Caído na lona, depois de ter recebido um cruzado devastador, Raul
ergueu a cabeça e viu, sentada na primeira fila, sua sobrinha Dóris, filha do falecido Alberto. A
menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas. Um olhar que trespassou Raul como uma pu-
nhalada. Algo rompeu-se dentro dele. Sentiu renascer em si a energia que fizera dele a fera do
ringue. De um salto, pôs-se de pé e partiu como um touro para cima do adversário. A princípio o
público não se deu conta do que estava acontecendo. Mas quando os fãs perceberam que uma
verdadeira ressurreição se tinha operado, passaram a incentivá-lo. Depois de uma saraivada de
golpes certeiros e violentíssimos, o adversário foi ao chão. O juiz procedeu à contagem regula-
mentar e proclamou Raul o vencedor.
Todos aplaudiram. Todos deliraram de alegria. Menos este que conta a história. Este que conta
a história era o adversário. Este que conta a história era o que estava caído. Este que conta a
história era o derrotado. Ai, Deus.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.58-59)

Assinale a alternativa na qual o pronome oblíquo átono esteja empregado em desacordo com
as normas gramaticais.
a) “sucediam-se as vaias e os palavrões.” (1º§).
b) “A menina fitava-o com o olhos cheios de lágrimas.” (2º§).
c) “Algo rompeu-se dentro dele” (2º§).
d) “passaram a incentivá-lo.” (2º§).

Na letra c, algo é pronome indefinido e funciona como fator de atração da próclise.


Letra c.

026. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO EM ENFERMAGEM/HUAP/UFF)


Texto
Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a
gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha,
então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida
passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica ani-
mado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona
junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais fes-
tivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando
(pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,
indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando

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de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso
sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte,
ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o
tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos.
Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se
curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

No último parágrafo do texto, a repetição da conjunção “Se”, no início de algumas orações,


representa uma ênfase ao valor semântico de:
a) concessão
b) causa
c) condição
d) conformidade
e) consequência

As conjunções condicionais introduzem orações que indicam hipótese, condição, possibilidade.


Letra c.

027. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA/ASSISTENTE DE TRADUÇÃO E INTER-


PRETAÇÃO/2016) Assinale a alternativa que apresenta a correta colocação do pronome.
a) O aluno tinha-o deixado na escola.
b) Nunca esqueça-se de mim.
c) Naquela escola em que formei passei-me bons momentos.
d) Você nos emocionou com suas palavras

a) O gabarito da banca foi a letra d, mas vale uma observação sobre a letra a. Temos, aqui, um
caso de objeto direto pleonástico, ou seja, é uma repetição do objeto direto a fim de intensificá-
-lo. Geralmente, em casos assim, o objeto direto aparece no início da frase (o aluno) e é repetido
após o verbo por meio de um pronome oblíquo átono (o). O objeto pleonástico funciona como
um recurso estilístico. No entanto, entre as opções a e d, a banca colocou como gabarito a d.
b) O nunca funciona como fator de atração. O correto seria: “Nunca se esqueça de mim”.

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c) O pronome relativo que funciona como fator de atração. O correto seria: “Naquela escola em
que me formei passei bons momentos”.
d) Não há erro no uso da próclise. No entanto, vale destacar que não é um caso de próclise
obrigatória.
Letra d.

028. (IBFC/HMDCC/TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO/2015)


Texto I
Nem anjo nem demônio
Desde que a TV surgiu, nos anos 40, fala-se do seu poder de causar dependência. Os educado-
res dos anos 60 bradaram palavras acusando-a de “chupeta eletrônica”. Os militantes políticos
creditavam a ela a alienação dos povos. Era um demônio que precisava ser destruído. Continuou
a existir, e quem cresceu vendo desenhos animados, enlatados americanos e novelas globais
não foi mais imbecilizado – ao menos não por esse motivo. Ponto para a televisão, que provou
também ser informativa, educativa e (por que não?) um ótimo entretenimento. Com exceção da
qualidade da programação dos canais abertos, tudo melhorou. Mas começaram as preocupa-
ções em relação aos telespectadores que não conseguem dormir sem o barulho eletrônico ao
fundo. Ou aos que deixam de ler, sair com amigos e até de namorar para dedicar todo o tempo
livre a ela, ainda que seja pulando de um programa para o outro. “Nada nem ninguém me faz sair
da frente da TV quando volto do trabalho”, afirma a administradora de empresa Vânia Sganzerla.
Muitos telespectadores assumem esse comportamento. Tanto que um grupo de estudiosos da
Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, por meio de experimentos e pesquisas, concluiu
que a velha história do vício na TV não é só uma metáfora. “Todo comportamento compulsi-
vo ao qual a pessoa se apega para buscar alívio, se fugir do controle, pode ser caracterizado
como dependência”, explica Robert Kubey, diretor do Centro de Estudos da Mídia da Universida-
de de Rutgers.
Os efeitos da televisão sobre o sono variam muito. “Quando tenho um dia estressante, agitado,
não durmo sem ela”, comenta Maurício Valim, diretor de programas especiais da TV Cultura e
criador do site Tudo sobre TV. Outros, como Martin Jaccard, sonorizador de ambientes, reconhe-
cem que demoram a pegar no sono após uma overdose televisiva. “Sinto uma certa irritação,
até raiva, por não ter lido um bom livro, namorado ou ouvido uma música, mas ainda assim não
me arrependo de ver tanta TV, não. Gosto demais.” É uma das mais prosaicas facetas desse tipo
de dependência, segundo a pesquisa do Centro de estudos da Mídia. As pessoas admitem que
deveriam maneirar, mas não se incomodam a ponto de querer mudar o hábito. Sinal de que tanto
mal assim também não faz.
(SCAVONE, Míriam. Revista Claudia. São Paulo: Abril, abr. 2002. P.16-7)

No trecho “fala-se do seu poder de causar dependência.” (1º §), a construção em destaque cria
o seguinte efeito sintático:
a) a indeterminação do sujeito
b) a voz passiva sintética
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c) a noção de reflexividade
d) o sentido de reciprocidade

O índice de indeterminação do sujeito serve para indeterminar o sujeito. Ocorre nas seguintes
situações: VTI, VI,VL,VTD + objeto direto preposicionado. Além disso, o verbo dever ser empre-
gado na terceira pessoa do singular.
Letra a.

029. (IBFC/HEMOMINAS/ASSISTENTE SOCIAL/2013)


A pipoca
Rubem Alves
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou
mais competente com as palavras do que com as panelas
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o
nome de “culinária literária”. Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha:
cebolas, ora-pro-nobis, picadinho de carne com tomate feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas,
churrascos.
Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético- filosófico a uma meditação sobre o filme
A Festa de Babette, que é uma celebração da comida como ritual de feitiçaria. Sabedor das mi-
nhas limitações e competências, nunca escrevi como chef. Escrevi como filósofo, poeta, psica-
nalista e teólogo
- porque a culinária estimula todas essas funções do pensamento.
As comidas, para mim, são entidades oníricas.
Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca.
imaginei, entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisa-
mente isso que aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brinca-
deira deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversan-
do com uma paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu.
Minhas ideias começaram a estourar como pipoca. Percebi, então, a relação metafórica entre a
pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de forma
inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque,
ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles
das pipocas dentro de uma panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem
sentido religioso? Pois tem. Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o
corpo e o sangue de Cristo, a mistura de vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não
é vida...). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida e alegria devem existir juntas.

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Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano:
que a pipoca é a comida sagrada do Candomblé...
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos
meus milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me
livrar delas. Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem
competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém
que teve a ideia de debulhar as espigas e colocá- las numa panela sobre o fogo, esperando que
assim os grãos amolecessem e pudessem ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém ja-
mais poderia ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulhei-
ra. Mas o extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transfor-
mavam em flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se
transformou, então, de uma simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem,
para os risos de todos, especialmente as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
E o que é que isso tem a ver com o Candomblé? É que a transformação do milho duro em pipo-
ca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens para que eles
venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que
acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios
para comer, pelo poder do fogo podemos, repentinamente, nos transformar em outra coisa - vol-
tar a ser crianças! Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo.
Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre.
Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo
fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mes-
mice e dureza assombrosa. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor
jeito de ser.
Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca ima-
ginamos. Dor. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, depressão - sofrimen-
tos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o
sofrimento diminui. E com isso a possibilidade da grande transformação.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente,
pense que sua hora chegou: vai morrer. De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela
não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo prepa-
rada. A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a
grande transformação acontece: PUF!!
- e ela aparece como outra coisa, completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonha-
do. É a lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante.

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Na simbologia cristã, o milagre do milho de pipoca está representado pela morte e ressurreição
de Cristo: a ressurreição é o estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para
ser de outro.
“Morre e transforma-te!” - dizia Goethe.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri
que eles ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é pala-
vra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento
da língua. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar.
Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos
e desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma expli-
cação científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar.
Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas acho que o poder metafórico
dos piruás é maior.
Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham
que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo
são a dura casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida intei-
ra. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado
o estouro alegre da pipoca, no fundo a panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu
destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a
vida é uma grande brincadeira...
“Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamen-
te isso que aconteceu”.
Assinale a alternativa que indica outra forma correta de se reescrever o período abaixo:
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.
a) Me lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella
b) Lembrei, então, a lição que aprendi com a Mãe Stella
c) Lembrei-me, então, lição que aprendi com a Mãe Stella.
d) Lembrei, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.

Aqui, vale uma observação sobre o verbo lembrar.


Quando lembrar não está acompanhado do pronome, ele é verbo transitivo direto. É o que ocor-
re na letra b: Lembrei, então, a lição que aprendi com a Mãe Stella.
Quando lembrar está acompanhado do pronome, ele é verbo transitivo indireto. É o que ocorre
na frase do enunciado: Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella.
Letra b.
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030. (IBFC/MPE-SP/AUXILAIR DE PROMOTORIA-MOTORISTA/2011) Considere o período


abaixo e as afirmações que seguem.
Me disseram que ele está muito doente.
I – O pronome “me”, de acordo com a norma culta, não deveria iniciar a oração.
II – O advérbio “muito” intensifica o adjetivo “doente”.

Está correto o que se afirma em:


a) somente I
b) somente II
c) I e II
d) nenhuma

I – Não se inicia oração com pronome oblíquo átono.


Letra c.

031. (IBFC/SAEB-BA/SOLDADO/2020) Leia o texto abaixo para responder à questão.


Segurança
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as mais belas casas, os
jardins, os playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, segurança.Toda a área era cerca-
da por um muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por
um circuito fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamen-
te identificados e crachados. Mas os assaltos começaram assim mesmo. Os ladrões pulavam os
muros. Os condôminos decidiram colocar torres com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro
lados. [...] Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus
familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem
as babás. Nem os bebês. Mas os assaltos continuaram. Decidiram eletrificar os muros. Houve
protestos, mas no fim todos concordaram. O mais importante era a segurança. Quem tocasse no
fio de alta tensão em cima do muro morreria eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local
um batalhão de guardas com ordens de atirar para matar. Mas os assaltos continuaram.
Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os
altos muros, [...] não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram engradadas. Mas
os assaltos continuaram. Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo
possível. Dois assaltantes tinham entrado no condomínio no banco de trás do carro de um
proprietário, com um revólver apontado para a sua nuca.Assaltaram acasa, depois saíram no
carro roubado, com crachás roubados. [...]
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi
tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num

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local predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos. E ninguém
pode sair. Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa te-
mer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do
grande portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades da sua casa,
olhando melancolicamente para a rua. [...]
Luis Fernando Veríssimo

Analise as afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).

(  ) O texto possui narrador onisciente em 1ª pessoa.


(  ) “Toda a área era cercada por um muro alto.” O enunciado anterior está escrito na voz
passiva.
(  ) O título do texto sugere proteção e isto é refutado ao longo da obra.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo.


a) F, F, V.
b) V, F, F.
c) F, V, F.
d) V, V, F.
e) F, V, V.

I – Narrador onisciente é aquele narrador que possuir uma visão completa sobre as informa-
ções de uma narrativa. Geralmente, é usado na terceira pessoa.
II – Voz passiva + cercada (verbo no particípio)
III – de fato, o título do texto, por ser “segurança”, está associado à proteção, mas, ao ler o tex-
to, é notória a refutação do título.
Letra e.

032. (IBFC/IDAM/TÉCNICO DE NÍVEL SUPERIOR/ANALISTA DE REDES/2019) Leia com


atenção a história mítica “La Loba” escrita por Clarissa Pinkola Estés, com tradução de Waldéa
Barcellos, para responder a questão.
La Loba (Adaptado)
Existe uma velha que vive num lugar oculto de que todos sabem, mas que poucos já viram.
Como nos contos de fadas da Europa oriental, ela parece esperar que cheguem até ali pesso-
as que se perderam, que estão vagueando ou à procura de algo.
Ela é circunspecta, quase sempre cabeluda e invariavelmente gorda, e demonstra especialmen-
te querer evitar a maioria das pessoas. Ela sabe crocitar e cacarejar, apresentando geralmente
mais sons animais do que humanos. (...)

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O único trabalho de La Loba é o de recolher ossos. Sabe-se que ela recolhe e conserva espe-
cialmente o que corre o risco de se perder para o mundo. Sua caverna é cheia dos ossos de
todos os tipos de criaturas do deserto: o veado, a cascavel, o corvo. Dizem, porém, que sua
especialidade reside nos lobos.
Ela se arrasta sorrateira e esquadrinha as montanhas (...), leitos secos de rios, à procura de os-
sos de lobos e, quando consegue reunir um esqueleto inteiro, quando o último osso está no lugar
e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente, ela senta junto ao fogo e pensa
na canção que irá cantar.
Quando se decide, ela se levanta e aproxima-se da criatura, ergue seus braços sobre o esqueleto
e começa a cantar. É aí que os ossos das costelas e das pernas do lobo começam a se forrar de
carne, e que a criatura começa a se cobrir de pelos. La Loba canta um pouco mais, e uma pro-
porção maior da criatura ganha vida. Seu rabo forma uma curva para cima, forte e desgrenhado.
La Loba canta mais, e a criatura-lobo começa a respirar. E La Loba ainda canta, com tanta inten-
sidade que o chão do deserto estremece, e enquanto canta, o lobo abre os olhos, dá um salto e
sai correndo pelo desfiladeiro.
Em algum ponto da corrida, quer pela velocidade, por atravessar um rio respingando água, quer
pela incidência de um raio de sol ou de luar sobre seu flanco, o lobo de repente é transformado
numa mulher que ri e corre livre na direção do horizonte.
Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto, por volta do pôr-do-sol, e quem
sabe esteja um pouco perdido, cansado, sem dúvida você tem sorte, porque La Loba pode sim-
patizar com você e lhe ensinar algo — algo da alma.
(Fonte: ESTÉS, Clarissa Pinkola. Mulheres que correm com os lobos. Mitos e histórias do arquétipo da mulher
selvagem. Tradução Waldéa Barcellos. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1994, pg. 43-44.)

De acordo com o texto e a Norma Culta da Língua Portuguesa, assinale a alternativa correta:
a) No trecho “e a bela escultura branca da criatura está disposta à sua frente”, o acento grave
é facultativo no termo destacado.
b) No trecho “Por isso, diz-se que, se você estiver perambulando pelo deserto”, as palavras
destacadas desempenham mesma função sintática”.
c) Nos trechos “quando o último osso”, “quer pela incidência” e “um rio respingando água”, as
palavras destacadas recebem acento gráfico devido à mesma regra gramatical.
d) No trecho “Sabe-se que ela recolhe e conserva especialmente o que corre o risco de se per-
der para o mundo”, as palavras destacadas têm a mesma classificação morfológica.

a) Certa. Antes de pronome possessivo, a crase é facultativa.


b) Errada. O primeiro se é uma partícula apassivadora; o segundo é uma conjunção condicional.
c) Errada. Último: todas as proparoxítonas são acentuadas.
Incidência e água: paroxítonas terminadas em ditongo.

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d) Errada. O primeiro que é uma conjunção integrante; o segundo é um pronome relativo.


Letra a.

033. (IBFC/PREFEITURA DE JANDIRA - SP/ENFERMEIRO DO TRABALHO/2016)


Texto I
Encontro
Com atenção não seria difícil descobrir pequenas mudanças: os cabelos mais claros, e entre-
tanto com menos luz e vida; a boca pintada com um desenho diferente, e o batom mais escuro.
Impossível negar uma tênue, fina ruga – quase estimável. Mas naquele instante, diante da amiga
amada que não via há muito tempo, não eram essas pequenas coisas que intrigavam o seu olhar
afetuoso e melancólico. Havia certa mudança imponderável, e difícil de localizar – a voz ou o
jeito de falar, o tom ao mesmo tempo mais desembaraçado e mais sereno?
E mesmo no talhe do corpo (o pequeno cinto vermelho era, pensou ele, uma inabilidade: aumen-
tava-lhe a cintura), na relação entre o corpo e os membros, havia uma sutil mudança.
Sim, ela estava mais elegante, mais precisa em seu desenho, mas perdera alguma indizível graça
elástica do tempo em que não precisava fazer regime para emagrecer e era menos consciente
de seu próprio corpo, como que o abandonava com certa moleza, distraída das próprias linhas e
dos gestos cuja beleza imprevista ele fora descobrindo devagar, com uma longa delícia.
Por um instante, enquanto conversava com outras pessoas presentes assuntos sem importân-
cia, ele tentou imaginar que impressão teria agora se a visse pela primeira vez, se aquela imagem
não estivesse, dentro de seus olhos e de sua alma, fundida a tantas outras imagens dela mesma
perdidas no espaço e no tempo. Não tinha dúvida de que a acharia muito bonita, pois ela conti-
nuava bela, talvez mais bem vestida; não tinha dúvida mesmo de que, como da primeira vez que
a vira, receberia sua beleza como um choque, uma bênção e um leve pânico, tanto a sua radiosa
formosura dá uma vida e um sentido novo a qualquer ambiente, traz essa vibração especial que
só certas mulheres realmente belas produzem. Mas de algum modo esse deslumbramento seria
diferente do antigo – como se ela estivesse mais pessoa, com mais graça e finura de mulher,
menos graça e abandono de animal jovem.
O grupo moveu-se para tomar lugar em uma mesa no fundo do bar. Ele andou a seu lado um ins-
tante (como tinham andado lado a lado!) mas não quis sentar, recusou o convite gentil, sentia-se
quase um estranho naquela roda. Despediuse. E quando estendeu a mão àquela que tanto ama-
ra, e recebeu, como antigamente, seu olhar claro e amigo, quase carinhoso, sentiu uma coisa boa
dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e que uma vaga mas
imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar.
(BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008)

Considere as ocorrências de pronomes oblíquos átonos nos seguintes fragmentos retirados


do 5º parágrafo do texto. Em seguida, assinale a alternativa que faz um comentário correto
quanto à adequação da colocação desses pronomes em relação à Norma Padrão.

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I – “O grupo moveu-se para tomar lugar”


II – “recusou o convite gentil, sentia-se quase um estranho”
III – “Despediu-se.”
IV – “uma certeza de que nem tudo se perde”

a) Apenas I e III estão corretas.


b) Todas estão corretas.
c) Apenas I e II estão corretas.
d) Apenas a III está correta.

I – Não há fator de atração obrigando a ocorrência próclise. Por isso, é possível a construção
ser feita com ênclise ou próclise.
II – Há uma vírgula indicando uma pause no meio da frase, obrigado que seja usada a ênclise.
III – Não se inicia orações com pronomes oblíquos átonos.
IV – Tudo é fator de atração da próclise.
Letra b.

034. (IBFC/PREFEITURA DE JANDIRA-SP/TÉCNICO DE SEGURANÇA DO TRABALHO/2016)


Texto I
O relacionamento aberto
(Por Gregorio Duvivier)

“Todos os relacionamentos fechados se parecem”, diria Tolstói em “Anna Kariênina”. “Cada rela-
cionamento aberto é infeliz à sua maneira.”
Abrir um relacionamento pode se revelar uma tarefa mais difícil do que abrir uma embalagem de
CD. Há grandes chances de você perder um dente. E, depois de aberto, há grandes chances de
você se perguntar: “Valia a pena tudo isso? Nem gostava desse CD. Aliás, ninguém mais ouve CD”.
Há, no entanto, quem defenda que os relacionamentos, assim como as ostras, merecem que
a gente perca tempo abrindo-os — mesmo que, em ambos os casos, exista um forte risco de
intoxicação.
Uma porta pode estar aberta, encostada, entreaberta, escancarada. Na relação escancarada,
tudo é possível e nada é passível de ciúme (parece que esse fenômeno só aconteceu uma vez, e
foi nos anos 1970). Há muitas relações escancaradas que, quando você vai ver de perto, são de
fato escancaradas, mas não são relações: não se pode dizer que existe uma porta aberta porque
não há sequer porta, já que tampouco há parede.
O relacionamento entreaberto, no entanto, pode se entreabrir de mil maneiras: pode poder tudo
desde que conte tudo pro outro ou desde que o outro não fique sabendo ou desde que não seja
com amigos ou desde que seja com amigos ou desde que não se apaixone ou desde que seja
por paixão.
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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Há relacionamentos cuja abertura é sazonal: o namoro à distância internacional costuma ser


como as cantinas de escola, que abrem nove meses por ano e fecham nas férias, enquanto o
relacionamento intermunicipal costuma funcionar como os correios: abre em dia útil, fecha no
final de semana.
O relacionamento encostado parece que está trancado. Mas para amigos e vizinhos, é só empur-
rar o portão. E tem os namoros que, apesar de trancados, ninguém trocou a fechadura: o ex ainda
tem a chave e entra quando quiser.
Há, é claro, o relacionamento trancado a sete chaves e blindado. Aquele que se uma paixão de
adolescência batesse na porta, e se por acaso vocês transassem, ninguém ficaria sabendo, mas
mesmo assim você diz: “Não, não. Estou num relacionamento”. Parece que esse aí morreu. Tal-
vez fique pra história como as ombreiras ou a pochete. Talvez volte com tudo em 2017, assim
como as ombreiras e a pochete.
Preparem-se. Não sei se estamos prontos pra essa loucura. A próxima coisa a voltar pode
ser o Crocs.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ gregorioduvivier/2016/07/1792729-o-relacionamento-
-aberto.shtml. Acesso em: 18/07/2016)

Considerando a Norma Padrão, em “não se pode dizer que existe uma porta aberta” (4º§), o
emprego, em próclise, do pronome oblíquo deve-se:
a) a um uso facultativo desse registro.
b) à presença de uma palavra atrativa.
c) a uma exigência do tempo verbal.
d) a uma reprodução do discurso oral.

A palavra que funciona como fator de atração é o não.


Letra b.

035. (IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR-LÍNGUA PORTUGUESA/2013) Leia abaixo:


I – Não faça-lhe mal algum!
II – Este livro? Lê-lo-ei em três dias.
III – Darei-te um prolongado beijo.

As sentenças que apresentam erro quanto à regência verbal são:


a) I e II, apenas
b) II e III, apenas.
c) I e III, apenas.
d) I, II e III, apenas.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

I – Errado. O não é fator de atração. O correto seria: Não lhe faça mal algum.
II – Certo. É um caso de mesóclise. A mesóclise ocorre quando verbos no futuro do presente
ou do pretérito estão no início da oração.
III – Errado. Como há um verbo no futuro do presente iniciando a oração, a mesóclise é obriga-
tória. O correto seria: Dar-te-ei um beijo prolongado.
Letra c.

036. (IBFC/INEP/PESQUISADOR-TECNOLOGISTA EM INFORMAÇÕES E AVALIAÇÕES EDUCA-


CIONAIS-ÁREA III/2012) considere o período e as afirmações abaixo.
Não obedeceu-se todos os itens do regulamento.
I – Deveria ter sido usada a próclise.
II – Há um erro de concordância, pois o verbo deveria estar no plural.
III – Há um erro de regência verbal.

Está correto o que se afirma somente em


a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) I e III

I – Certo. Deveria ter sido usada a próclise. O não é um fator de atração da próclise. O correto
seria: não se obedeceu (...).
II – Errado. O se é índice de indeterminação do sujeito. O verbo deve permanecer na terceira
pessoa do singular.
III – Certo. Há um erro de regência verbal. Obedecer é verbo transitivo indireto e pede preposi-
ção (obedecer a).
Letra e.

037. (IBFC/PREFEITURA DE CAMPINA-SP/ENFEREIRO/2010)


Mulher que come mais fibras pode ovular menos vezes
RACHEL BOTELHO
da Folha de S.Paulo

Mulheres que ingerem as doses recomendadas de fibras podem ter níveis mais baixos de
estrogênio e ovular com menos frequência do que aquelas que consomem menos fibras. É o
que sugere uma pesquisa realizada com 250 mulheres com idade entre 18 e 44 anos, todas
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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

saudáveis e com períodos menstruais regulares. O trabalho foi publicado no “American Jour-
nal of Clinical Nutrition”.
O alto consumo de fibras, particularmente de frutas, também foi associado a um risco mais
elevado de ter ciclos menstruais anovulatórios --em que os ovários não liberam o óvulo.
Aquelas que relataram a taxa mais alta de consumo de fibras --22 g por dia ou mais -- tinham
maior probabilidade de um ciclo anovulatório em dois meses. Ataxa foi de 22%, contra 7%
entre as mulheres com consumo mais baixo de fibras.
Após terem sido feitos ajustes nos resultados para fatores que podem afetar a ovulação --
como IMC (índice de massa corporal), níveis de atividade física e ingestão calórica -- o con-
sumo de fibras foi associado a um risco dez vezes mais alto de anovulação.
De acordo com o ginecologista Alfonso Massaguer, especialista em reprodução humana e
professor da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas), dieta e peso adequados na verdade
têm um efeito positivo na ovulação, e a ingestão de fibras contribui para isso.
“A mulher que come mais fibras consegue controlar melhor o peso e o colesterol, além de re-
duzir o tecido adiposo, melhorando a ovulação”, afirma o médico. “Vemos que, entre mulheres
que não ovulam, melhorar a dieta aumenta a chance de isso ocorrer.”
Para ele, não é possível, com base em um único estudo, orientar as mulheres com proble-
mas de ovulação a não comer fibras, visto que a carência desse nutriente é um problema
sério de saúde.
A oração abaixo se encontra na:
O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition”.
a) voz ativa
b) voz passiva sintética
c) voz passiva analítica
d) voz reflexiva

Na voz passiva, o sujeito é objeto da ação verbal. Há a voz passiva sintética e analítica. Na
sintética, temos um verbo transitivo direto se juntando a um se (partícula apassivadora); na
analítica, temos os verbos ser ou estar se juntando a um verbo no particípio.
“O trabalho foi publicado no “American Journal of Clinical Nutrition.”
Verbo auxiliar: foi
Verbo principal (no particípio): publicado
Letra c.

038. (IBFC/ABDI/ESPECIALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO/2008) Assinale a alter-


nativa em que a oração encontra-se na voz passiva sintética:
a) A medida foi aprovada pelo Congresso.
b) Precisa-se de secretária.
c) Divulgou-se o gabarito da prova.
d) Mataram o jovem friamente.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

a) Errada. Voz passiva analítica.


b) Errada. O se é índice de indeterminação do sujeito. O verbo precisar é transitivo indireto
c) Certa. Voz passiva sintética.
d) Errada. Voz ativa. O sujeito é indeterminado, mas é agente do verbo mataram.
Letra c.

039. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/CONSULTOR LEGISLATIVO/2018)


Leia o trecho inicial do conto “Muribeca” de Marcelino Freire e observe as duas imagens abaixo
para responder a questão a seguir:
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajei-
tar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão. É a vida da gente o
lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças?
Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as
caixas? Vai perambular pelas ruas, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou
procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar
farofa? Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida?
Não pense que é fácil.
Fonte: Armazém de Texto – Blogspot

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Em relação ao texto e à gramática normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmativas


abaixo e assinale a alternativa correta.
I – O sujeito da oração “É a vida da gente o lixão.” é simples e posposto.
II – Nesse trecho “E por que é que agora querem tirar ele da gente?” há um erro de coloca-
ção pronominal.
III – A oração destacada em negrito “Não pense que é fácil.” é classificada como Oração
Subordinada Substantiva Objetiva Direta.
IV – “(...) vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?” as orações desse período são
classificadas como Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas.

a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


b) Apenas a afirmativa III está correta.
c) Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
e) Apenas a afirmativa IV está correta.

I – O sujeito é o lixão.
II – O correto seria tirá-lo.
III – Correto. O que exerce papel de conjunção integrante.
IV – Não há conjunções; logo, as orações são coordenadas assindéticas (sem conectivo).
Letra c.

040. (IBFC/PREFEITURA DE PETRÓPOLIS-RJ/INSTRUTOR DE LIBRAS/2015)


A linguagem da juventude
[...]Os pais jogam a culpa nos meios de comunicação e os professores também, sem perceber
que os jovens estão expressando a emergência de outras culturas, de outra sensibilidade. Sa-
bem o que significa a música? A música é o idioma em que se expressa a juventude hoje. Isto é
novo, é uma coisa estranha, o fato de que toda a juventude deseje expressar-se através da músi-
ca. [...] A juventude aparece como um ator social, que tem rosto próprio e aqui vem o problema:
os jovens estão construindo um novo modelo de identidade. [...] As identidades dos jovens, hoje,
são, para o bem e para o mal, fluidas, maleáveis. Acho que uma das coisas mais importantes da
juventude [...] é que ela pode combinar, amalgamar elementos de culturas diversas, que para nós
seriam incompatíveis. [...]
(Jesús Martín-Barbero. “Sujeito, comunicação e cultura”. Revista Comunicação e Educação. n. 15,1999.)

Observe a colocação do pronome oblíquo no trecho “A música é o idioma em que se expressa


a juventude hoje.”. Considerando o padrão culto da língua, sobre esse emprego, é correto afir-
mar que está:

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

a) Errada, uma vez que, não havendo palavra atrativa, o correto deveria ser “expressa-se”.
b) Certa, já que se trata de um emprego facultativo do pronome antes do verbo.
c) Certa, uma vez que o pronome relativo representa um fator proclítico.
d) Errada, já que, em função da flexão verbal, o pronome deveria estar em mesóclise.

Relembrando quais são os fatores de atração da próclise: palavras negativas; advérbios; pro-
nomes relativos; pronomes indefinidos; conjunções subordinativas.
Letra c.

041. (IBFC/EBSERH/TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO/HUAP-UFF/2016)


Setenta anos, por que não?
Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a
gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha,
então viver é de certa forma uma desgraceira que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida
passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica ani-
mado? Quem não se amargura?
[...]
Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona
junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais fes-
tivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando
(pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema,
indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando
de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso
sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte,
ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga.
[...]
Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o
tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos.
Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de
nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como
dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos
remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se
curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa.
(LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16)

Considerando o emprego do pronome “se” em:


“A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos.” (3º§),

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Nota-se uma ambiguidade oriunda do emprego incomum da forma passiva sintética. Desse
modo, NÃO entendendo a construção como passiva, o leitor compreenderia a passagem da
seguinte forma:
a) A alma tem suas dores, e para que cure a si mesma necessita de projetos e afetos
b) A alma tem suas dores, e para que seja curada necessita de projetos e afetos.
c) A alma tem suas dores, e para que se sinta curada necessita de projetos e afetos
d) A alma tem suas dores, e para que a curem necessita de projetos e afetos.
e) A alma tem suas dores, e para que busque a cura necessita de projetos e afetos.

Primeiro, é preciso entender qual é a ambiguidade mencionada no enunciado. A primeira inter-


pretação é do se como pronome apassivador. O segundo entendimento é do se como pronome
reflexivo. No enunciado, o examinador pede para desconsiderar a interpretação da frase como
voz passiva; logo, resta o entendimento da frase como voz reflexiva.
Letra a.

042. (IBFC/CÂMARA MUNICIPAL DE ARARAQUARA-SP/ASSISTENTE DE DEPARTAMENTO


PESSOAL/2016) Assinale a alternativa que indica a colocação correta do pronome.
a) Estas atividades são para mim fazer.
b) Estes trabalhos chegaram para eu.
c) Para eu, a prova estava muito difícil.
d) Para mim, a lição deverá demorar um pouco mais.

a) Errada. O pronome pessoal do caso reto eu exercer função de sujeito. O correto seria: Estas
atividades são para eu fazer.
b) Errada. O pronome oblíquo tônico mim não exerce função de sujeito e vem acompanhado de
preposição. O correto seria: Estes trabalhos chegaram para mim.
c) Errada. O pronome oblíquo tônico mim vem acompanhado de preposição. O correto seria:
Para mim, a prova estava muito fácil.
d) Certa. Para mim, a lição deverá demorar um pouco mais.
Letra d.

043. (IBFC/EMDEC/ASSISTENTE ADMINISTRATIVO-JR/2016)


Sonhos
Sonhar é como ir ao cinema. Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,
e seu sonho é como um filme projetado na tela. Só que... Só que, mesmo que você não saiba exa-
tamente o que vai ver no cinema, tem uma ideia. Leu uma sinopse do filme no jornal, viu o cartaz.
Sabe se vai ser um drama ou uma comédia. Sabe quem são os atores. Sabe que, se for filme de

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

horror, vai se assustar, se for um filme com o Silvester Stallone, vai ter soco etc. Quer dizer: você
entra no cinema preparado. Mas você nunca dorme sabendo o que vai sonhar.
(Luís Fernando Veríssimo, fragmento)

No fragmento “Seus olhos se fechando são como as luzes do cinema se apagando,”, o empre-
go dos pronomes oblíquos em destaque:
a) retrata a variante coloquial
b) ilustra o padrão culto da língua.
c) aponta para uma preferência regional.
d) representa uma exigência da linguagem escrita.

É uma questão polêmica, mas que merece ser comentada: a banca IBFC entendia (e veja que
coloquei no passado, porque isso aconteceu de 2016 para trás) que, por não haver fator de
atração, a ênclise passa a ser preferencial. No português de Portugal, de fato, isso é verdade,
mas estamos falando de português do Brasil. Veremos raciocínio semelhante em duas ques-
tões posteriores.
Letra a.

044. (IBFC/EBSERH/ADVOGADO/2013)
As raízes do racismo
Drauzio Varella
Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o “nosso” e o “deles”. Esse é o início
de um artigo sobre racismo publicado na revista “Science”, como parte de uma seção sobre
conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hin-
dus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homos-
sexuais, corintianos e palmeirenses.
Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampa-
mento adolescentes que não se conheciam.
Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou
vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes,
dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadei-
ras e práticas esportivas.
A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na dis-
puta de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhe-
cidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso
grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os “outros”.

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Parte desse prejulgamento que fazemos “deles” é inconsciente. Você se assusta quando um
adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é
jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão
tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coli-
gações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religio-
sa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no
reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse foi
a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos
seguros para criar os filhos.
A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às so-
licitações da vida comunitária.
Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quan-
do grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar
coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevi-
vência aos descendentes dos vencedores.
A contrapartida do altruísmo em relação aos “nossos” é a crueldade dirigida contra os “outros”.
Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atu-
ais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos
preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso
e limitado.
Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas
foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranha-
mento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente
diferentes dos colonizadores brancos.
Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais
abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em
apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar
à Presidência do país.
O preconceito contra “eles” cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculi-
no os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o
nome de hipótese do guerreiro masculino.
A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defen-
dermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a crité-
rios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
Demarcada a linha divisória entre “nós” e “eles”, discriminamos os que estão do lado de lá. Às
vezes com violência.

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Elias Santana

Considere o período e as afirmações abaixo.


Os estudantes que praticam atividades físicas sempre sentem- se mais dispostos.
I – Se a oração subordinada fosse colocada entre vírgulas, não haveria qualquer alteração
de sentido.
II – Deveria ter sido usada a próclise.

Está correto o que se afirma em


a) somente I
b) somente II
c) I e II
d) nenhuma

I – Sem vírgulas, temos uma oração subordinada adjetiva restritiva, em que os estudantes
mencionados são apenas os que praticam atividades físicas. Ao colocar vírgulas, a oração se
torna adjetiva explicativa, em que se considera que todos os estudantes praticam atividade
física. Portanto, embora as duas formas, com ou sem vírgulas, estejam gramaticalmente cor-
retas, o sentido é diferente.
II – O advérbio sempre funciona como fator de atração da próclise.
Letra b.

045. (IBFC/SEPLAG/PEDAGO/2013) Quanto à colocação pronominal, assinale abaixo a alter-


nativa que apresenta erro, de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
a) Matá-lo-ei ou não terei paz novamente.
b) Matá-lo eu irei ou não terei paz novamente.
c) Eu o matarei ou não terei paz novamente.
d) Matarei-o ou não terei paz novamente

a) Certa. A mesóclise é usada quando o verbo no futuro do presente ou do pretérito está no


início da oração.
b) Certa. Neste caso, usa-se a ênclise porque o verbo que inicia a oração não está no futuro
do presente nem do pretérito. Lembre-se também que não se deve usar pronomes oblíquos no
início das frases
c) Certa. Neste caso, é possível usar as três formas:
• próclise: eu o matarei,
• ênclise: eu matárei-lo
• mesóclise: eu matá-lo-ei

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Elias Santana

d) Errada. O verbo está no futuro do presente e está iniciando a frase; portanto, é um caso de
mesóclise obrigatória. O correto seria: Matá-lo-ei.
Letra d.

046. (IBFC/SAEB-BA/ANALISTA DE REGISTRO DE COMÉRCIO/2015)


Náufragos da modernidade líquida
(Frei Beto)

Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mercanti-
lismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do Oriente;
no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer
Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana
comprime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominante-
mente em compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...

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GRAMÁTICA
Pronomes Pessoais, Vozes Verbais e Funções do SE
Elias Santana

Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:


deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ou-
sar exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração,
ao estudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)

No 6º parágrafo, tem-se a forma verbal “Multiplicar-se- ão”, na qual o pronome oblíquo encon-
tra-se em posição mesoclítica. Assinale a opção em que se ERRA, de acordo com a norma
padrão, na colocação pronominal.
a) “A agricultura se industrializa”(4º§)
b) “Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo” (5º§)
c) “Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes” (6º§)
d) “de outro, produzem-se tecnologias “ (7º§)
e) “Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como sujeito” (9º§)

Você se lembra do comentário da questão 43? A banca considerou o uso da próclise errado
neste possivelmente por não haver fator de atração. No entanto, o uso da próclise, quando não
há fator de atração, não é errado. Além disso, a banca se contradiz na letra E, ao entender que
a próclise foi usada corretamente, já que pronomes pessoais do caso reto não são fatores de
atração (nem aqui, nem em Portugal). IBFC, estamos de olho!
Letra a.

047. (IBFC/TRE-AM/ANALISTA JUDICIÁRIO-ENGENHARIA CIVIL/2014)


Prazeres mútuos
(Danuza Leão)

É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas
no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança
ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia
conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admi-
ração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral.
Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno)
e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso,
toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que
nunca mais nos vejamos.
Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres,
quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que,
por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo nin-

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guém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo
quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais
tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lin-
do”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade,
“que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for
alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que
a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve
de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obri-
gação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás,
ninguém elogia ninguém.
E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de
uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio es-
pontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma
delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique.
Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou sim-
pática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mun-
do têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo
de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas
que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e,
com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde
passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi
na infância, e isso me faz muito bem.
(disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)

Observe o seguinte fragmento do texto:


“não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa,”
Para construir sua crítica, a autora utilizou, na primeira oração desse trecho, um tipo específico
de voz verbal. Sobre essa voz é correto afirmar que:
a) se trata da passiva.
b) se trata da ativa.
c) tem caráter reflexivo.
d) tem caráter recíproco.

O se exerce papel de partícula apassivadora.

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Transposição das vozes: “que ele tem o nariz torto não é dito a ninguém.
Letra a.

048. (IBFC/MGS/ADVOGADO/2016)
Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)

Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, dimi-
nuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-
-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca,
moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer
de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O ra-
paz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó,
o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de
espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua con-
versam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete
que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva
na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da
esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Con-
cordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os
sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é
no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame
de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e be-
bendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o
relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos
e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O en-
dereço na carteira é de outra cidade.
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as cal-
çadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de
Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá- lo — os bolsos vazios. Resta na mão
esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabone-
te. A polícia decide chamar o rabecão.

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A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas
horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o
ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito.
Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a mul-
tidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas
para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto
há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça
agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas
da chuva, que volta a cair.
Em “O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.” (14º§), considerando
as vozes do verbo, pode-se reescrever, corretamente, o trecho em destaque da seguinte forma:
a) O toco de vela é apagado.
b) O toco de vela apaga a si mesmo.
c) Apagam o toco de vela.
d) O toco de vela pode ser apagado.

A frase ““O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva” está na voz passiva sintética.
A frase “O toco de vela é apagado” está na voz passiva analítica, formada pelo verbo é + apa-
gado (verbo no particípio).
Letra a.

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049. (IBFC/SEPLAG/GESTOR DE TRANSPORTES E OBRAS/DIREITO/2014) Por mais que


explore o registro informal da Língua, em várias partes do texto, percebe-se a adequação em
relação à Norma Padrão.

Considerando a colocação pronominal, assinale a opção que não caracteriza um desvio no


emprego do pronome átono.
a) “Viagem aéreas não me incham as pernas”
b) “me incham o cérebro”
c) “pela janela do carro me faz perder toda a fé”
d) “acessos de estupidez me embrulha o estômago”

Você se lembra da famigerada questão 43?


a) O não é fator de atração da próclise.
b) No texto, há uma vírgula (pausa) antes do pronome me. Em situações assim, usa-se ênclise.
c) Como não fator de atração da próclise, a banca considera errado seu uso, devendo-se optar
pela ênclise.

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d) Como não fator de atração da próclise, a banca considera errado seu uso, devendo-se optar
pela ênclise
Letra a.

050. (IBFC/SESACRE/CONTADOR/2019) Leia com atenção a tira de “Hagar, o Horrível”, cria-


da pelo cartunista Dik Browne, para responder à questão a seguir.

De acordo com a tira e com a Gramática Normativa da Língua Portuguesa, analise as afirmati-
vas abaixo e assinale a alternativa correta.
I – A partícula “se” no primeiro quadrinho é um pronome reflexivo.
II – A expressão “o horrível” no primeiro quadrinho tem função sintática de aposto.
III – Os verbos, no terceiro quadrinho, estão conjugados, predominantemente, no presente
do indicativo.
IV – A expressão “rapazes”, no terceiro quadrinho, desempenha a função de sujeito do verbo
“Ir”, conjugado na primeira pessoa do plural.

a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.


b) Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.

I – Certo. O sujeito pratica e sofre a ação de se render.


II – Certo. O aposto é usado para detalhar o nome ao qual ele faz referência. Na tirinha, temos
um aposto explicativo.
III – Errado. Vamos: imperativo
É: indicativo
Voltar e estiver: subjuntivo
IV – Errado. Rapazes é vocativo.
Letra a.

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051. (IBFC/SAEB-BA/ANALISTA DE REGISTRO COMÉRCIO/2015)


Náufragos da modernidade líquida
(Frei Beto)

Qual o próximo centro financeiro? Nos séculos XIII e XIV, foi Bruges, com o advento do mer-
cantilismo; nos séculos XIV a XVI, Veneza, com suas corporações marítimas e a conquista do
Oriente; no século XVI, Antuérpia, graças à revolução gráfica de Gutenberg.
Em fins do século XVI e início do XVII, foi Gênova, verdadeiro paraíso fiscal; nos séculos XVIII e
XIX, Londres, devido à máquina a vapor e a Revolução Industrial; na primeira metade do século
XX, Nova York, com o uso da energia elétrica; na segunda, Los Angeles, com o Vale do Silício.
Qual será o próximo?
Tudo indica que o poderio econômico dos EUA tende a encolher, suas empresas perdem merca-
dos para a China, a crise ecológica afeta sua qualidade de vida. Caminhamos para um mundo
policêntrico, com múltiplos centros regionais de poder.
A agricultura se industrializa, a urbanização invade a zona rural, o tempo é mercantilizado. Há o
risco de, no futuro, todos os serviços serem pagos: educação, saúde, segurança e lazer.
Torna-se difícil distinguir entre trabalho, consumo, transporte, lazer e estudo. A vida urbana com-
prime multidões e, paradoxalmente, induz à solidão. O salário se gasta predominantemente em
compra de serviços: educação, saúde, transporte e segurança.
Antes de 2030, todos se conectarão a todas as redes de informação por infraestruturas de alta
fluidez, móveis e fixas, do tipo Google. A nanotecnologia produzirá computadores cada vez me-
nores e portáteis. Multiplicar-se-ão os robôs domésticos.
O mundo envelhece. As cidades crescem. Se, de um lado, escasseiam bens insubstituíveis, de
outro, produzem-se tecnologias que facilitam a redução do consumo de energia, o tratamento do
lixo, o replanejamento das cidades e dos transportes.
O tempo se torna a única verdadeira raridade. Gasta-se menos tempo para produzir e mais para
consumir. Assim, o tempo que um computador requer para ser confeccionado não se compara
com aquele que o usuário dedicará para usá-lo.
Os produtos postos no mercado são “cronófagos”, isto é, devoram o tempo das pessoas. Basta
observar como se usa o telefone celular. Objeto de multiuso, cada vez mais ele se impõe como
sujeito com o poder de absorver o nosso tempo, a nossa atenção, até mesmo a nossa devoção.
Ainda que cercados de pessoas, ao desligar o celular nos sentimos exilados em uma ilha virtu-
al. Do outro lado da janelinha eletrônica, o capital investido nas operadoras agradece tão veloz
retorno...
Náufragos da modernidade líquida, há uma luta a se travar no que se refere à subjetividade:
deixar-se devorar pelas garras do polvo tecnológico, que nos cerca por todos os lados, ou ou-
sar exercer domínio sobre o tempo pessoal e reservar algumas horas à meditação, à oração,
ao estudo, às amizades e à ociosidade amorosa. Há que decidir!
(Disponível em: http://www.domtotal.com/colunas/detalhes.php?artld=5121. Acesso em: 02/07/2015)

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Nele, o autor faz um jogo de palavras para reforçar os efeitos da modernidade. Assinale a op-
ção que traz um comentário INCORRETO sobre a estrutura gramatical do trecho em análise.
a) Na primeira oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o verbo.
b) A segunda oração está na voz ativa, diferentemente da primeira.
c) O pronome “se” cumpre papel reflexivo na primeira oração.
d) Na segunda oração, a oposição semântica ocorre entre o sujeito e o objeto.
e) Os dois verbos estão flexionados no mesmo tempo verbal.

O se não faz papel reflexivo na oração, pois não há ideia de reciprocidade. A oração está na voz
passiva sintética (VTD + se).
Fazendo a transposição das vozes, temos: “a agricultura é industrializada” ( verbo é + industria-
lizada no particípio)
Letra c.

052. Assinale a frase que não está na voz passiva sintética.


a) Abraçaram-se após a difícil vitória
b) Mariana cortou-se ao afiar a faca
c) Colhe-se o néctar na primavera
d) Precisa-se de médicos naquele hospital

a) pronome reflexivo.
b) pronome reflexivo.
c) Voz passiva: VTD + partícula se
d) Índice de indeterminação do sujeito.
Provavelmente, a banca fez o enunciado errado e queria, na verdade, a opção que estava na
voz passiva sintética.
Anulada.

053. (IBFC/SEAP-DF/PROFESSOR-SOCIOLOGIA/2013) Quanto à colocação pronominal, assi-


nale abaixo a alternativa que apresenta erro de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
a) Darei-te um beijo.
b) Der-te-ei um beijo.
c) Dar-te eu irei um beijo.
d) Eu te darei um beijo.

A forma correta seria: dar-te-ei um beijo.


Anulada.

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Elias Santana
Licenciado em Letras – Língua Portuguesa e Respectiva Literatura – pela Universidade de Brasília. Possui
mestrado pela mesma instituição, na área de concentração “Gramática – Teoria e Análise”, com enfoque
em ensino de gramática. Foi servidor da Secretaria de Educação do DF, além de pro­fessor em vários
colégios e cursos preparatórios. Ministra aulas de gramá­tica, redação discursiva e interpretação de textos.
Ademais, é escritor, com uma obra literária já publicada. Por essa razão, recebeu Moção de Louvor da
Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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