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mais complexas deduções matemáticas. A semântica baseada em Tarski dum, demonstrando a conseqüência relativista à qual essas tentativas de
procura, entre outras coisas, apresentar de uma maneira nova o con veriam necessariamente levar. Por outro lado, a ética própria de Kant,
ceito aristotélico de verdade, de modo que caiam por terra as objeções por causa do seu caráter formal e construtivo, apresentava consideráveis
contra as definições anteriores desse conceito. Esse conceito é extraor dúvidas. Era preciso tentar uma estrutura da ética livre dessas deficiên
dinariamente útil principalmente na pesquisa fundamental matemática. cias, sem recair nas concepções já superadas por Kant.
Carnap procurou, igualmente com subsídios semânticos, delimitar com Scheler procurou demonstrar que a alternativa de Kant: ética de
precisão a área do lógico puro ( com os dois conceitos básicos de ver bens e de fins - ética formal, não representa uma disjuntiva completa.
dade lógica e conclusão lógica). O que se fez foi precisar uma antiga Além destas, existe ainda a possibilidade de uma ética de valores ma
idéia de Leibniz, segundo a qual as verdades lógicas constituem precisa teriais e, contudo, absolutos que, por um lado, se separa de toda ética
mente aquelas afirmações verdadeiras, que valem "em todo mundo pos relativista de fins e, por outro lado, deve superar o caráter de vazio
sível". de conteúdo da ética kantista, em virtude do seu reconhecimento de
A maioria dos representantes do empirismo moderno e da filosofia determinados valores de conteúdo e das suas relações hierárquicas obje
analítica nega conhecimentos sintético-apriorísticos da realidade. A classe tivas. Hartmann aproveitou esta idéia e ampliou o pensamento de Scheler
das afirmações científicas significativas divide-se, por um lado, em ver com uma análise de valores concretos individuais.
dades analíticas e, por outro lado, em juízos sintético-empíricos da rea Brentano, ao contrário, procedeu de maneira totalmente diferente.
lidade. Por isso, além da delimitação da área do pensamento lógico, Também segundo ele a ética de Kant era falha. Julgou encontrar o fun
cabe ao teórico do conhecimento tratar dos problemas ligados ao conhe damento da ética em uma experiência, que é análoga à experiência da
cimento empírico da realidade. Neste contexto temos especialmente o evidência teórica, mas de origem emocional. Chamou-a de "o amar e o
problema da indução, que Carnap tenta solucionar com o seu sistema odiar caracterizados como corretos". Desta maneira se evitaria o recur
da lógica indutiva. Aqui entra também o problema conceitual, cuja ur so a "valores que existem por si", em que Brentano via apenas ficções
gência aumentou nos últimos tempos, pois verificou-se ser impossível Iingüísticas.
reduzir, através de definições, os conceitos mais complexos das ciências Mas, pode uma ética filosófica fundamentar uma doutrina de va
experimentais teóricas (por exemplo, da física teórica) a conceitos mais lores? Reininger contesta-o: também a ética e a ciência dos valores de
simples, que se referem somente ao observável. vem ser ciências livres de valores, se não quiserem perder a característica
Queremos mencionar ainda um fato curioso. O empirismo moderno de objetividade. Elas podem descrever somente a consciência de valor
e .a filosofia analítica foram, às vezes, designados também como "posi realmente existente e descobrir o erro de determinadas tentativas, por
tivismo lógico". O termo "positivismo" procede do tempo do antigo po exemplo, procurar um sentido da vida no transcendente ou em uma
sitivismo imanente ( E. Mach e os seus seguidores), segundo o qual a i ordem cósmica, etc. Se, por outro lado, chegou a uma resposta à ques
função científica consiste na descrição mais exata possível do que é dado '.~ tão do "sentido da vida", também aqui, conforme o seu ponto de vista
imediatamente. A maioria dos empiristas atuais considera tão inclaro J! da "proximidade da realidade", não é abandonada a imanência da cons
este conceito do dado ou algo eivado de tantas aporias até agora não 1 J ciência imediata do avaliador.
solucionadas, que o rejeitam como inútil. Conseqüentemente, o termo l Para a filosofia existencialista, ao contrário, todo o problema da
"positivismo" já não pode mais ser aplicado para esta corrente. A única j ética, como tal, deslocou-se. Não se trata mais do bem objetivo, daquilo
corrente filosófica, na qual o conceito do dado aipdà constitui um con- · que tem valor absoluto, de uma hierarquia de escalas de valores. No
ceito central, é a filosofia fenomenológica. Assim,jos
1êste
fenomenólogos se lugar de uma graduação contínua do bem, numa de cujas extremidades
riam os únicos "positivistas" atuais. Mas, como uso._ do termo "po está o mal puro e simples e, na outra, o bem perfeito, entra uma alter
sitivismo" seria muito equívoco, é melhor não empregá-ló-mais. nativa sem possibilidade de graduação: o homem só pode existir como
não autêntico ou como autêntico. E o problema consiste em como fazer
c) Ética com que o homem que, na maioria dos casos, existe de maneira não
autêntica e se dilui meramente no mundo, sinta a possibilidade da auten
Também no campo da ética a influência de Kant é evidente. A ética ticidade da sua existência, que o arranca da perdição no mundo e o
pré-kantiana era sempre marcada ou por traços eudemonísticos, ou era eleva à verdadeira existência própria. O radicalismo religioso sem com
uma ética de bens ou de fins. Segundo Scheler, é mérito de Kant ter promisso de Kierkegaard após a sua secularização conservou, assim, na
reduzido todas aquelas tentativas de fundamentação da ética ad absur- filosofia existencialista, todo o seu rigor original.