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correlacionado com o carnaval ganha um significado renovado. Ele nos lembra que mesmo diante de
sistemas opressivos, ainda existem espaços onde podemos afirmar nossa resistência e expressar nossa
dissidência. À medida que avançamos, é fundamental que olhemos para o carnaval e outras formas de cultura
popular como lugares onde a resistência e a libertação podem florescer.
Minha pouca experiência direta com o carnaval está ligada diretamente ao fato do interior ser meu lar desde
que me entendo por gente e não ter tido oportunidade de acompanhar de perto essa festividade,
normalmente mais popular na capital. No entanto, sempre fui fascinado pela atmosfera colorida e animada
que envolve este evento. Sempre que a temporada de carnaval se aproxima, é possível sentir uma emoção
no ar à medida que as pessoas começam a preparar suas fantasias e a fazer planos para participar de um dos
muitos desfiles realizados em diferentes cidades. As ruas tornam-se repletas de pessoas de todas as idades
e lugares, vestidas com fantasias vibrantes e diferentes, dançando ao ritmo de músicas contagiantes e
diversificadas. O que torna a energia do movimento algo sem dúvidas palpável.
Recuperando as ruas, as fantasias e a música, os participantes do carnaval criam um espaço para a libertação
temporária das restrições do mundo cotidiano, e abrem novas possibilidades de transformação política e
social. Esta perspectiva é particularmente relevante no mundo de hoje, onde as pessoas estão cada vez mais
lidando com questões como desigualdade e injustiça. Ao aproveitar o poder das práticas festivas e da cultura
popular, indivíduos e comunidades podem ser capazes de desafiar as estruturas de poder dominantes e
imaginar novas formas de vida.
A capacidade de usar a tecnologia tanto para fins estéticos quanto revolucionários destaca a importância da
distinção de Benjamin. Ela nos incentiva a considerar como usamos a tecnologia em nossas próprias vidas e
como podemos usá-la para desafiar as estruturas de poder dominantes e provocar uma revolta semelhante
a um carnaval. Benjamin argumentou que a reprodução técnica tem o potencial de democratizar a arte
tornando-a acessível às massas, mas também representa um perigo de reduzir a arte a um mero espetáculo.
Acredito que o carnaval tem fugido cada vez mais do modelo que subverteria este perigo potencial, afinal
criou-se um espaço para a celebração coletiva e participativa em que o próprio coletivo não tem a voz que
deveria ter. O que torna o movimento algo somente comercial, assemelhando-se ao ventriloquismo, onde as
vozes que ecoam são as de quem está no poder e não na base. O carnaval deveria ser o que se chamaria de
uma suspensão temporária do status quo, onde as pessoas poderiam se reunir para se divertir, entre risos,
festas, brincadeiras, porém, ao mesmo tempo não deixando de lado as suas lutas e subjetividades. Neste
espaço, as estruturas tradicionais de poder em teoria deveriam ser invertidas, e os oprimidos poderiam
expressar suas queixas abertamente. Algo que acontece cada vez menos, com a classe dominante utilizando
desse movimento para fortalecer ainda mais seu poder e reforçar as ideologias dominantes. Como exemplo
citado por alguns colegas em aula “declarar apoio político ou não tocar no carnaval” dilema que atinge sem
dúvidas vários artistas, pessoas e empresas que se relacionam com as festas e organização das mesmas.